quinta-feira, 6 de novembro de 2014

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano A - 9 de Novembro de 2014, Dedicação da Basílica de Latrão.

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano A - 9 de Novembro de 2014

SINOPSE: Tema: Dedicação da Basílica de Latrão. “dedicação” aconteceu no ano de 320.
Na primeira leitura: Ezequiel, na Babilônia, anuncia que Deus vai estabelecer a sua morada no meio dos homens; vida em abundância.
No Evangelho: Jesus apresenta-Se como o Novo Templo.
Na segunda leitura, Paulo: o cristão é o Templo de Deus.

LEITURA I – Ez 47,1-2.8-9.12

AMBIENTE - Ezequiel é “o profeta da esperança”. Os exilados duvidam da bondade e de Deus. Ezequiel Anuncia a chegada de uma nova era … em que Deus irá conduzir do seu Povo, como um “Bom Pastor; no Templo reconstruído, Deus residirá no meio do seu Povo.
MENSAGEM - Do Templo o profeta “vê” brotar um rio de águas; símbolo de vida, de fecundidade, de abundância, de felicidade.
ATUALIZAÇÃO • Deus no meio dos homens é a “boa nova”; é um convite à confiança e à esperança, pois Deus está presente.  • os males resultam das indiferenças às propostas de Deus …

LEITURA II – 1 Cor 3,9c-11.16-17
O alicerce é Jesus Cristo. Somos templo de Deus.

AMBIENTECorinto: todas as raças e as religiões. Era a cidade do desregramento para todos os marinheiros ávidos de prazer. A riqueza contrastava com a miséria da maioria. Formaram-se partidos: uns admiravam Paulo, outros Pedro, outros Apolo. Paulo questiona a sabedoria do mundo, em detrimento da sabedoria de Deus. Os
cristãos devem dar testemunho dos valores e da lógica de Deus.
MENSAGEM - As divisões na comunidade não revela Deus e os seus valores. Animados pelo Espírito, os cristãos são chamados a viver Jesus no caminho do amor, da partilha, do serviço, da obediência a Deus e da entrega aos irmãos: o Templo de Deus é a comunidade.
ATUALIZAÇÃO • Os cristãos são Templos de Deus, sinal vivo de Deus
• minha vida: a “sabedoria de Deus” que é amor e dom da vida, ou a “sabedoria do mundo”, que é poder,

EVANGELHO – Jo 2,13-22
... não façais da casa de meu Pai casa de comércio»... Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». ...Jesus, porém, falava do templo do seu Corpo. Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus.

AMBIENTE - O Templo foi construído por Herodes em 19 a.C. e ficou pronta no ano 9 d.C... Vendiam-se os animais e outros produtos destinados à liturgia do Templo. Havia, também, as tendas dos cambistas que trocavam as moedas romanas.
MENSAGEM - Quando Jesus pega no chicote; chegaram os novos tempos. Jesus aboliu o culto. Era sem sentido: a casa de Deus era um mercado;  exploração, miséria, injustiça e afastava o homem de Deus: “destruí este Templo e Eu o reconstruirei em três dias”. Jesus não Se referia ao Templo de pedra, mas a um outro “Templo” que é Ele próprio. Jesus o “novo Templo” é o lugar onde Deus reside, Se encontra com os homens e Se manifesta ao mundo. É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida.
ATUALIZAÇÃO - • Nas palavras e nos gestos de Jesus, Deus revela-Se aos homens e oferece a vida plena, e aponta-lhes caminhos de salvação.
• Os cristãos são Membros do Corpo de Cristo, são pedras vivas desse novo Templo e deve manifestar a vida de Deus.
• O culto que Deus aprecia é uma vida vivida em gestos concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos.

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32º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano  A 2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Tema da Festa da Dedicação da Basílica de Latrão; “Deus está no seu meio!”

A Basílica de S. João de Latrão, cuja “dedicação” aconteceu no ano de 320. Ela é a “mãe de todas as igrejas”, o símbolo das Igrejas de todo o mundo, unidas à volta do sucessor de Pedro.
Na primeira leitura, o profeta Ezequiel, na Babilônia, anuncia a chegada de um tempo de salvação e de graça, em que Deus vai estabelecer a sua morada no meio dos homens e vai derramar sobre a humanidade sofredora vida em abundância.
No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o Novo Templo, o “lugar” onde Deus reside no mundo e onde os homens podem fazer a experiência do encontro com Deus. É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida.
Na segunda leitura, Paulo recorda aos cristãos que são, no mundo, o Templo de Deus onde reside o Espírito. Animados pelo Espírito, os cristãos são chamados a viver no caminho do amor, da partilha, do serviço, e da entrega aos irmãos.

6. PRIMEIRA LEITURA (Ez 47,1-2.8-12)Leitura da Profecia de Ezequiel.
Naqueles dias, o homem fez-me voltar até a entrada do Templo, e eis que saía água da sua parte subterrânea na direção de leste, porque o Templo estava voltado para o oriente; a água corria do lado direito do Templo, a sul do altar. Ele fez-me sair pela porta que dá para o norte e fez-me dar uma volta por fora, até a porta que dá para o leste, onde eu vi a água jorrando do lado direito. Então ele me disse: “Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar e elas se tornam saudáveis. Aonde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida aonde chegar o rio. Nas margens junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas; suas folhas não murcharão e seus frutos jamais se acabarão; cada mês darão novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio.

AMBIENTE - Ezequiel é chamado “o profeta da esperança”. Ezequiel exerce a sua missão profética entre os exilados judeus na Babilônia. Ele procura destruir falsas esperanças e anuncia que, ao contrário do que pensam os exilados, o cativeiro está para durar…
Instalados numa terra estrangeira, sem Templo, sem sacerdócio, sem culto, os exilados estão desesperados e duvidam da bondade e do amor de Deus. Ezequiel procura alimentar a esperança dos exilados e transmitir ao Povo a certeza de que o Deus libertador e salvador não os abandonou. Ezequiel anuncia aos exilados a chegada de uma nova era, de felicidade e de paz sem fim… Será o tempo em que Deus irá, Ele próprio, assumir a condução do seu Povo, como um “Bom Pastor” que cuida das suas ovelhas (cf. Ez 34,11-16); será o tempo em que Deus vai operar uma mudança no interior dos homens, substituindo os “corações de pedra”, duros e insensíveis, por “corações de carne”, capazes de acolher os preceitos da Aliança e de viver no amor a Deus e aos irmãos (cf. Ez 36,25-28); o Templo de Jerusalém será reconstruído e Deus irá voltar a residir no meio do seu Povo (cf. Ez 40,1-47,12).

MENSAGEM - Desse Novo Templo que vai surgir e que será a habitação de Deus no meio do seu Povo, o profeta “vê” brotar um rio de águas profundas e impetuosas. A água é um símbolo universal de vida, de fecundidade, de abundância, de felicidade. Dado que esse “rio” brota da casa de Deus, a sua água simboliza o poder vivificante e fecundante de Deus que, de Jerusalém, se derrama sobre o seu Povo. A sua água tem um efeito vivificador, fecundando a aridez do deserto, tornando saudáveis as águas do Mar Morto e enchendo-as de vida. Este quadro de água abundante, que faz brotar árvores de fruto de toda a espécie, dotadas de frutos de toda a espécie e de folhas medicinais (vers. 12), retoma a imagem paradisíaca do Jardim do Éden, local de água e de árvores de fruto, onde o homem – vivendo em comunhão com Deus e obedecendo às suas propostas – tinha todas as condições para ser feliz (cf. Gn 2,9-14).
Aos exilados o profeta anuncia, portanto, a chegada de um tempo em que Deus vai voltar a residir no meio do seu Povo e vai derramar sobre os seus eleitos vida em abundância. A ação salvadora de Deus irá possibilitar que a desolação e a morte do presente se transformem, no futuro, em vida e felicidade sem fim. Para o autor do Quarto Evangelho, Jesus é esse Novo Templo de que o profeta falou (cf. Jo 2,21), o “lugar” da residência de Deus no meio dos homens; do coração desse Cristo que brota uma fonte de água (cf. Jo 19,34) que mata definitivamente a sede de vida que o homem tem (cf. Jo 4,14; 7,37-39). O Livro do Apocalipse apresenta o quadro do trono celeste do Cordeiro imolado, de onde sai um “rio de água viva” (cf. Ap 22,1-2).


ATUALIZAÇÃO • A presença de Deus no meio dos homens, trata-se de uma “boa nova” que devemos ter continuamente presente… As guerras, as injustiças, a depressão econômica, os escândalos que abalam a sociedade, a crise de valores, a falta de respeito pela vida humana, desenvolvem em nós sentimentos de angústia, de frustração, de insegurança, de instabilidade, de orfandade. Diante dos dramas que todos os dias nos atingem, sentimo-nos abandonados, perdidos … Contudo, a certeza de que Deus reside no meio dos homens e derrama continuamente sobre eles vida em abundância é um convite à serenidade, à confiança e à esperança. O mundo não caminha para um beco sem saída, pois Deus está presente em cada passo da caminhada histórica da humanidade. Nós temos de dar testemunho desta certeza que nos anima.
• Se Deus reside no meio dos homens e derrama vida em abundância, Convém ter presente que muito dos males da humanidade resulta do fato de os homens serem indiferentes às propostas de Deus … Não é Deus que falha; são os homens que, utilizando a sua liberdade, recusam a vida que Deus lhes oferece e preferem construir a história de acordo com esquemas de egoísmo e de pecado. Para que a presença de Deus se manifeste na nossa história, é necessário que a humanidade abandone os caminhos do orgulho e da autossuficiência e aprenda a escutar, com humildade, as propostas de Deus.

7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 45 (46)
Os braços de um rio vêm trazer alegria / à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo.
• O Senhor para nós é refúgio e vigor, / sempre pronto, mostrou-se em socorro na angústia; /
assim não tememos, se a terra estremece, / se os montes desabam, caindo nos mares.
• Os braços de um rio vêm trazer alegria / à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo. /
Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! / Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la.
• Conosco está o Senhor do universo! / O nosso refúgio é o Deus de Jacó! /
Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus / e a obra estupenda que fez no universo: /
reprime as guerras na face da terra.

10. EVANGELHO (Jo 2,13-22) Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. No templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: “O zelo por tua casa me consumirá”. Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?” Ele respondeu: “Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei”. Os judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?” Mas Jesus estava falando do templo do seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele.

AMBIENTE - A cena situa-nos no Templo de Jerusalém. O Templo foi construído por Herodes para conseguir a benevolência dos judeus. A construção do Templo iniciou-se em 19 a.C. e ficou pronta no ano 9 d.C.. João situa o episódio nos dias que antecedem a festa da Páscoa. Era a época em que as grandes multidões se concentravam em Jerusalém para celebrar a festa principal do calendário religioso judaico. Jerusalém, que normalmente teria à volta de 55.000 habitantes, chegava a albergar cerca de 125.000 peregrinos nesta altura. No Templo sacrificavam-se cerca de 18.000 cordeiros, destinados à celebração pascal.
Neste ambiente, o comércio relacionado com o Templo sofria um espantoso incremento. Três semanas antes da Páscoa, começava a emissão de licenças para a instalação dos postos comerciais à volta do Templo. O dinheiro arrecadado com a emissão dessas licenças revertia para o sumo sacerdote. Havia tendas de venda que pertenciam, diretamente, à família do sumo sacerdote. Vendiam-se os animais para os sacrifícios e vários outros produtos destinados à liturgia do Templo. Havia, também, as tendas dos cambistas que trocavam as moedas romanas correntes por moedas judaicas (os tributos dos fiéis para o Templo eram pagos em moeda judaica). Este comércio sustentava a nobreza sacerdotal, o clero e os empregados do Templo.

MENSAGEM - Os profetas tinham criticado o culto sacrificial que Israel oferecia a Deus, considerando-o vazios e sem significado, uma vez que não eram expressão verdadeira de amor a Jahwéh; tinham, inclusive, denunciado a relação do culto com a injustiça e a exploração dos pobres (cf. Am 4,4-5; 5,21-25; Os 5,6-7; 8,13; Is 1,11-17; Jer 7,21-26). Quando Jesus pega no chicote de cordas, expulsa do Templo os vendedores de ovelhas, de bois e de pombas, deita por terra os trocos dos banqueiros e derruba as mesas dos cambistas (vers. 14-16), está a anunciar que chegaram os novos tempos, os tempos messiânicos. No entanto, Jesus vai bem mais longe do que os profetas. Jesus mostra que não propõe apenas uma reforma, mas a abolição do próprio culto. O culto prestado a Deus no Templo de Jerusalém era algo sem sentido: ao transformar a casa de Deus num mercado, os líderes judaicos tinham suprimido a presença de Deus… esse culto criava exploração, miséria, injustiça e, por isso, em lugar de potenciar a relação do homem com Deus, afastava o homem de Deus. Jesus, o Filho, com a autoridade que Lhe vem do Pai, diz um claro “basta”: “não façais da casa de meu Pai casa de comércio” (vers. 16). Os líderes judaicos ficam indignados. Com que legitimidade é que Ele se arroga o direito de abolir o culto oficial prestado a Jahwéh?
A resposta de Jesus é, à primeira vista, estranha: “destruí este Templo e Eu o reconstruirei em três dias” (vers. 19). João deixa claro que Jesus não Se referia ao Templo de pedra onde Israel celebrava os seus ritos litúrgicos (vers. 20), mas a um outro “Templo” que é o próprio Jesus (“Jesus, porém, falava do Templo do seu corpo” – vers. 21). O que é que isto significa? Jesus desafia os líderes que O questionaram, a suprimir o Templo que é Ele próprio; mas deixa claro que, três dias depois, esse Templo estará outra vez erigido no meio dos homens. Jesus alude, evidentemente, à sua ressurreição. A prova de que Jesus tem autoridade para “proceder deste modo” é que os líderes não conseguirão suprimi-lo. A ressurreição garante que Jesus vem de Deus e que a sua atuação tem o selo de garantia de Deus. No entanto, o mais notável, aqui, é que Jesus Se apresenta como o “novo Templo”. O Templo representava, no universo religioso judaico, a residência de Deus, o lugar onde Deus Se revelava e onde Se tornava presente no meio do seu Povo. Jesus é, agora, o lugar onde Deus reside, onde Se encontra com os homens e onde Se manifesta ao mundo. É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida.

ATUALIZAÇÃO - • Como podemos perceber as propostas de Deus e descobrir os seus caminhos? O Evangelho responde: é olhando para Jesus. Nas palavras e nos gestos de Jesus, Deus revela-Se aos homens e manifesta-lhes o seu amor, oferece aos homens a vida plena, faz-Se companheiro de caminhada dos homens e aponta-lhes caminhos de salvação.
• Os cristãos são Membros do Corpo de Cristo, são pedras vivas desse novo Templo onde Deus Se manifesta ao mundo e vem ao encontro dos homens para lhes oferecer a vida e a salvação. Talvez o fato de Deus parecer tão ausente da vida, das preocupações e dos valores dos homens do nosso tempo tenha a ver com o fato de os discípulos de Jesus se demitirem da sua missão e da sua responsabilidade… O nosso testemunho pessoal é um sinal de Deus para os irmãos que caminham ao nosso lado? A vida das nossas comunidades dá testemunho da vida de Deus? A Igreja é essa “casa de Deus” onde qualquer homem ou qualquer mulher pode encontrar essa proposta de libertação e de salvação que Deus oferece a todos?
• Qual é o verdadeiro culto que Deus espera? O culto que Deus aprecia é uma vida vivida na escuta das suas propostas e traduzida em gestos concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos.

8. SEGUNDA LEITURA (1Cor 3,9c.16-17) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos: Vós sois lavoura de Deus, construção de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, eu coloquei – como
experiente mestre de obra – o alicerce, sobre o qual outros se põem a construir. Mas cada qual veja bem como está construindo. De fato, ninguém pode pôr outro alicerce diferente do que está aí, já posto: Jesus Cristo. Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo e vós sois este santuário.

AMBIENTE - No decurso da sua segunda viagem missionária, Paulo chegou a Corinto,  e ficou por lá cerca 18 meses (anos 50-52). No entanto, não tardou a entrar em conflito com os judeus e foi expulso da sinagoga. Corinto era uma cidade nova e muito próspera. Servida por dois portos de mar, possuía as características típicas das cidades marítimas: população de todas as raças e de todas as religiões. Era a cidade do desregramento para todos os marinheiros que cruzavam o Mediterrâneo, ávidos de prazer, após meses de navegação. Na época de Paulo, a cidade comportava cerca de 500.000 pessoas, das quais dois terços eram escravos. A riqueza escandalosa de alguns contrastava com a miséria da maioria. Como resultado da pregação de Paulo, nasceu a comunidade cristã de Corinto. A maior parte dos membros da comunidade eram de origem grega, embora, em geral, de condição humilde (cf. 1 Cor 11,26-29; 8,7; 10,14.20; 12,2); mas havia também elementos de origem hebraica (cf. Act 18,8; 1 Cor 1,22-24; 10,32; 12,13).
De uma forma geral, a comunidade era viva e fervorosa; no entanto, estava exposta aos perigos de um ambiente corrupto. Em Corinto estão bem representadas as dificuldades da fé cristã em inserir-se num ambiente hostil, marcado por uma cultura pagã e por um conjunto de valores em profunda contradição com a pureza da mensagem evangélica. Depois de Paulo ter deixado a cidade, apareceu por lá um cristão de origem judaica com o nome de Apolo. Era um brilhante pregador e foi de grande utilidade para a comunidade nas polêmicas doutrinais com os judeus de Corinto. Formaram-se partidos: uns admiravam Paulo, outros Pedro, outros Apolo (cf. 1 Cor 1,12). É de crer que os vários partidos manifestassem uma certa rivalidade. De qualquer forma, a comunidade estava dividida e, dia a dia, acentuavam-se os conflitos. Este estado alarmante da comunidade chegou ao conhecimento de Paulo quando o apóstolo se encontrava em Éfeso. Imediatamente, Paulo escreveu aos Coríntios questionando a opção pela sabedoria do mundo, em detrimento da sabedoria de Deus. Depois de apresentar a “sabedoria de Deus”, revelada em Jesus Cristo, Paulo constata que os coríntios ainda não acolheram essa sabedoria: mantêm-se na dimensão do homem carnal (isto é, do homem fraco, limitado, pecador, escravo das suas paixões e apetites), imaturos na fé; cultivam as divisões e os conflitos, em flagrante contradição com o que Jesus lhes ensinou; correm atrás de mestres humanos como se eles tivessem a chave da felicidade e da realização plena, esquecendo que, por detrás de Paulo ou de Apolo, está Deus. Os cristãos não devem lutar pelo partido de Paulo ou de Apolo; mas devem dar testemunho dos valores e da lógica de Deus.

MENSAGEM - A comunidade cristã deve ter consciência de que é um edifício de Deus (vers. 9c). No entanto, as divisões, as apostas em valores e em mestres humanos, são uma realidade diária na comunidade de Corinto… O testemunho que os membros da comunidade dão aos seus concidadãos não é um testemunho que revela Deus e os seus valores. Neste contexto, Paulo pergunta aos Coríntios: “não sabeis que sois Templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (vers. 16). O Templo (de Jerusalém) era, no Antigo Testamento, a residência de Deus, o lugar por excelência da presença de Deus no meio do seu Povo. É aí que Israel encontrava o seu Deus e estabelecia comunhão com Ele. Agora, contudo, é a comunidade cristã que é o verdadeiro Templo da nova aliança, isto é, o lugar onde Deus reside, onde Ele Se manifesta aos homens e onde Ele oferece ao mundo a salvação.
Animados pelo Espírito, os cristãos são chamados a viver numa dinâmica nova, seguindo Jesus no caminho do amor, da partilha, do serviço, da obediência a Deus e da entrega aos irmãos. Mais: o Templo de Deus que é a comunidade cristã é santo. Paulo declara que, se alguém destrói o Templo de Deus, Deus o destruirá (vers. 17). A expressão deve ser entendida como um aviso àqueles que, com o seu egoísmo e orgulho, impedem que a comunidade viva de forma coerente o seu compromisso cristão: Deus não pactua com esse “pecado” e não aceitará que essas pessoas integrem a família de Deus.

ATUALIZAÇÃO • Os cristãos são Templo de Deus, onde reside o Espírito. Isso quer dizer, em concreto, que, animados pelo Espírito, eles têm de ser o sinal vivo de Deus e as testemunhas da sua salvação diante dos homens do nosso tempo.
• O que é que preside à minha vida: a “sabedoria de Deus” que é amor e dom da vida, ou a “sabedoria do mundo”, que é luta sem regras pelo poder, pela influência, pelo reconhecimento social, pelo bem estar econômico, pelos bens perecíveis e secundários.


Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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Homilia de D. Henrique Soares

Jo 2,13-22 
            Quando uma festa litúrgica em honra do Cristo ocorre no Domingo, ela se torna solenidade. É o caso de hoje: a Dedicação da Basílica do Latrão, Catedral do Papa, Bispo de Roma. No século IV o Imperador Constantino deu este grande edifício ao Papa são Silvestre I, que o consagrou, dedicando-o a Deus como Catedral de Roma. A nova Catedral foi dedicada ao divino Salvador e, mais tarde, também aos santos João Batista e João Evangelista. Como se localiza numa antiga chácara da nobre família romana dos Laterani, foi chamada popularmente de São João do Latrão. Pois bem, a presente solenidade traz-nos à mente e ao coração três aspectos da nossa fé.
            Primeiro. Todo templo cristão dedicado a Deus é imagem do próprio Cristo: ele, no seu corpo ressuscitado, é o verdadeiro templo, do qual o Templo de Jerusalém era apenas uma imagem e profecia: “Destruí este Templo e em três dias eu o levantarei... Mas Jesus estava falando do templo do seu corpo”. É do corpo ressuscitado do Senhor, verdadeiro templo, que brota a água da vida, a água, que é símbolo do Espírito Santo. É a esta realidade tão bela e misteriosa que alude a leitura de Ezequiel: “A água corria do lado direito do Templo... Estas águas correm para a região oriental, desembocam nas águas salgadas do mar e elas se tornarão saudáveis. Haverá vida onde o rio chegar. Nas margens do rio crescerá toda espécie de árvores frutíferas... que servirão de alimento e suas folhas serão remédio”. A imagem é bela, rica, intensa: a água que brota do lado direito do Cristo transpassado é o Espírito Santo, dado pelo Senhor à Igreja e à humanidade, para que nele tenhamos a cura dos nossos pecados e a vida em abundância! Por tudo isso, veneramos e respeitamos nossos templos: eles são imagem do próprio corpo ressuscitado de Cristo, fonte do Espírito e lugar de encontro com o Pai. Por isso, toda igreja mais importante – as paroquiais e, sobretudo, as catedrais -, são dedicadas a Deus, como Cristo, que foi todo consagrado ao Pai. 
            Segundo. A Igreja é, primeiramente, a Comunidade: “Vós sois a construção de Deus. Acaso não sabeis que sois santuário de deus e que o Espírito de Deus mora em vós? O santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário!” Nossos templos são chamados de “igreja” porque são casas da Igreja, espaço sagrado no qual a Igreja-Comunidade se reúne num só Espírito Santo para, unida ao Filho Jesus, elevar o louvor de glória ao Pai, sobretudo na Eucaristia. Assim, celebrar a dedicação de uma igreja-templo é recordar que nós somos Igreja-Comunidade, Corpo de Cristo, templo verdadeiro de Deus, pleno do Espírito Santo. Santo Agostinho recordava: “A dedicação da casa de oração é festa da nossa comunidade. Mas, nós mesmos somos a Casa de Deus. Somos construídos neste mundo e seremos solenemente dedicados no fim dos tempos!” Nós – cada um de nós – somos pedras vivas, pedras vivificadas pelo Espírito, para formarmos um só edifício espiritual, isto é, um edifício no Espírito Santo. E este edifício é a Igreja, Corpo de Cristo e Templo do Espírito Santo. Irmãos, a Igreja somos nós, a Igreja é cada um de nós, chamados a assumir nossa parte na edificação do Reino de Deus. Na Igreja, não somos espectadores; somos atores, somos participantes! Não nos omitamos, portanto; não recebamos a graça de Deus em vão! Tornamo-nos Igreja pelo Batismo, que nos fez membros do Corpo de Cristo e, em cada Eucaristia, vamos nos tornando sempre mais corpo de Cristo, até sermos plenamente configurados com ele na glória. Então, não recebamos em vão tamanha graça!  
            Terceiro. A Basílica do Latrão é a Catedral da Igreja de Roma, a Catedral do Papa. Na sua entrada há uma inscrição: “Mãe de todas as igrejas da Cidade e do mundo”. Compreendamos! A Igreja de Roma (isto é, a Arquidiocese de Roma) é a Igreja de Pedro e de Paulo, é a Igreja que preside à todas as outras dioceses do mundo, é a mais venerável de todas as Igrejas da terra. Santo Inácio de Antioquia referia-se a ela, lá pelo ano 97, com indizível veneração. Numa carta que endereçou aos cristãos romanos, o santo Bispo de Antioquia escrevia: “À Igreja objeto de misericórdia na magnificência do Pai altíssimo e de Jesus Cristo seu único Filho, amada e iluminada na vontade daquele que conduz à realização todas as coisas que existem, segundo a fé e o amor de Jesus Cristo nosso Deus, à mesma que também preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna da máxima beatitude, digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza e colocada acima das demais na caridade, que possui a lei de Cristo e o nome do Pai”... O Papa, como Bispo de Roma, é cabeça do Colégio dos Bispos e sinal visível da unidade da Igreja na fé e na caridade. É por isso que hoje nos unimos à Igreja de Roma na festa da Dedicação, da consagração da sua Catedral, a basílica do Latrão. A Catedral de cada diocese é a Igreja do Bispo, sucessor dos Apóstolos. Quanto mais importante é a Catedral do Bispo de Roma, sucessor de Pedro. Por isso, ela é considerada a “Mãe de todas as Igrejas da Cidade e do mundo”. Assim sendo, a festa de hoje convida-nos também a rezar pela Igreja de Deus que está em Roma e pelo seu Bispo, Papa Francisco. Convida-nos a estreitar nossos laços com Roma e o Papa, retomando nossa consciência do papel que ele tem como Vigário de Pedro, a quem Cristo confiou sua Igreja. Num mundo tão complexo, com tantas idéias, opiniões e modas, num cristianismo que vê surgir tantas seitas sem nenhum fundamento teológico, sem nenhuma seriedade, sem nenhum enraizamento na Tradição Apostólica, difundindo-se pela força do dinheiro e a conivência dos meios de comunicação, ávidos de lucro, fazendo um terrível mal à fé dos simples e desavisados – num mundo assim, reafirmemos nossa comunhão firme, profunda e convicta com a Igreja de Roma e seu Bispo, a quem o Cristo entregou de modo particular as chaves do Reino e deu a missão de confirmar na fé os irmãos. A comunhão com Roma é garantia de estar naquela comunhão que Cristo sonhou para a sua Igreja; é garantia de permanecer na fé apostólica, transmitida uma vez por todas, é garantia de não cair num tipo de cristianismo alheio àquilo que o Senhor Jesus pensou e estabeleceu.
            Que a festa hodierna seja uma feliz ocasião para professar, na exultação e no louvor, a nossa fé católica, da qual nos ufanamos com humildade e na qual esperamos ser salvos. Amém.


D. Henrique Soares




PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:



LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
-COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
: Pai de amor, sois a fonte que nos sustenta e nos dá vida:
à Senhor, nosso Deus, sois a fonte de toda graça que nos transforma e nos dá vida. Tudo o que somos e temos é de vós que recebemos. Pai, transformai-nos em bons filhos e filhas para que possamos cumprir vossa vontade na construção do Reino.
: Pai de amor, sois a fonte que nos sustenta e nos dá vida:
à Senhor, nosso Deus, vos louvamos e agradecemos por nos dar vosso Filho Jesus Cristo como alicerce de nossa vida. Pelo nosso batismo nos transformastes em Igreja viva onde habitais. Pai, que vosso amor nos transforme em pessoas meigas, cheias de paz, para que possamos amar e respeitar a cada irmão ou irmã que vós criastes.
: Pai de amor, sois a fonte que nos sustenta e nos dá vida:
à Senhor, santificado seja a vossa presença em nosso meio. Seja bendito e louvado por todo o tempo e em todos os lugares. Vossa morada é santa! Que saibamos valorizar vossa presença no meio de nós, que saibamos ver no irmão a vossa imagem e semelhança. Que saibamos cumprir a vossa vontade, que saibamos amar e a perdoar a todos que nos ofenderam.
: Pai de amor, sois a fonte que nos sustenta e nos dá vida:
à PAI NOSSO.... A PAZ... EIS O CORDEIRO...

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