2º
DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA (Diácono Ismael)
SINOPSE:
“Guardai a vossa fé e andai na presença de Deus!”
É o caminho do verdadeiro discípulo para chegar à vida nova.
Primeira
leitura: Abraão é nosso modelo de fé,
que vive na escuta e na obediência, mesmo quando parece contrário a seus
interesses pessoais.
Evangelho: A transfiguração de Jesus, cheio de símbolos do A.T., nos
apresenta uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus e o Pai nos dá uma
ordem; “Este é meu Filho amado; ouvi-o”. obedecendo-o não caminhamos para o
fracasso, mas para a vida eterna e feliz.
Segunda
leitura: Deus é amor. A prova desse amor
é Jesus Cristo, que morreu para ensinar o caminho da vida verdadeira. O cristão
deve enfrentar as dificuldades com esperança.
5. PRIMEIRA LEITURA (Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18) Deus pôs Abraão à prova. ...E Deus disse: “Toma teu filho único
Isaac, a quem tanto amas, dirige-te à terra de Moriá, e oferece-o aí em
holocausto...”. ...Abraão ergueu um altar, ...amarrou o filho e o pôs sobre a
lenha em cima do altar. Depois, estendeu a mão, empunhando uma faca para
sacrificar o filho. E eis que o anjo do Senhor gritou do céu, dizendo: “Abraão!
Abraão!” ...“Não estendas a mão contra teu filho e não lhe faças nenhum
mal! Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu filho único”. Abraão...
viu um carneiro ...e ofereceu-o em holocausto no lugar do seu filho. O anjo do
Senhor ...lhe disse: “Juro por mim mesmo ... não me recusaste teu filho único,
eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do
céu e como as areias da praia do mar. ... Por tua descendência serão abençoadas
todas as nações da terra, porque me obedeceste.”
AMBIENTE
- O sacrifício de Isaac é uma “lenda
cultual”. A partir daí, as crianças foram substituídas por animais nos
sacrifícios. Esta história primitiva foi aplicada à Abraão. A tradição acabou
por englobar um clã ligado ao de Abraão, o clã de Isaac.
MENSAGEM - A idéia de “provas, testar” é frequente no Antigo Testamento. Deus
parece retomar o que havia dado. Por que? A verdadeira “prova” é esta…; é o
continuar a esperar num Deus que parece querer destruir os sonhos que Ele
próprio ajudou a criar; é o continuar a confiar num Deus que parece esquecer
tudo o que tinha prometido; é o impasse, a obscuridade, o sofrimento em que Abraão de repente
se acha; é o ser convidado a atirar-se às cegas. Abraão não discute, não argumenta.
Abraão apenas age. O silêncio de Abraão e a ação mostram a entrega, a confiança
em Deus. A “prova” é conclusiva:
Abraão testemunha que ele “teme o Senhor”. A obediência do “justo” Abraão
resultará em bênção para “todas as nações”. Abraão é o protótipo do crente
ideal, que sabe escutar Deus e acolher os seus projetos com
confiança … Mesmo que as propostas de Deus resultem incompreensíveis ou
interfiram com os projetos do homem. Foi para deixar esta lição que os teólogos
foram buscar esta velha lenda.
ATUALIZAÇÃO • Abraão revela o lugar que Deus ocupa na sua existência. Deus é
a prioridade fundamental; por isso, Abraão faz a Deus um dom total de si
próprio, da sua família, do seu futuro, dos seus sonhos, das suas aspirações,
dos seus projetos, dos seus interesses; O que conta são os planos de Deus…
• Abraão manifesta o respeito, a humildade,
a obediência, a confiança, o amor r a fé “ideal.
• Abraão ensina-nos a confiar
em Deus, mesmo quando tudo parece cair à nossa volta; Deus é a nossa esperança
e tem um projeto de vida plena para todos.
9. EVANGELHO (Mc 9,2-10) ... Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou a uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. Então Pedro ...disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. ... estavam todos com muito medo. Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu filho amado. Escutai o que ele diz!”.... Ao descerem da montanha Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles observaram essa ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.
AMBIENTE - Os discípulos já tinham percebido que Jesus era o Messias
libertador que Israel esperava; mas ainda acreditavam num triunfo militar sobre
os romanos. Marcos vai explicar que o projeto de Jesus passa pela cruz – isto
é, no amor e no dom da vida. O discípulo é convidado a renunciar a si mesmo, a
tomar a sua cruz e a seguir Jesus. Os
discípulos estão frustrados, pois parece encaminhar-se para um fracasso a morte
na cruz. É neste contexto que Marcos coloca a transfiguração. A cena constitui
uma palavra de ânimo para os discípulos, pois nela manifesta-se a glória de
Jesus e atesta-se que Ele é – apesar da cruz que se aproxima – o Filho amado de
Deus. Jesus apresenta um projeto que vem de Deus. A
narração da transfiguração é uma teofania – quer dizer, uma manifestação de
Deus. O autor vai colocar todos os ingredientes que acompanham as manifestações
de Deus: o monte, a voz do céu, as aparições, as vestes brilhantes, a nuvem e
mesmo o medo daqueles que presenciam o
encontro com o divino: É uma catequese ensinando que Jesus é o Filho amado de
Deus, que traz aos homens um projeto que vem de Deus.
MENSAGEM
- É uma Catequese com simbólicos tirados do
Antigo Testamento: O monte: é sempre num monte que Deus Se revela. A
mudança do rosto e as vestes brilhantes, recordam o resplendor de Moisés,
ao descer do Sinai. A nuvem
indica a presença de Deus: era na nuvem que Deus manifestava a sua
presença através do deserto. Moisés e Elias representam a Lei e os
Profetas (que anunciam Jesus e que permitem entender Jesus). O temor e a
perturbação dos discípulos são a reação lógica, diante da manifestação da
grandeza de Deus As tendas parecem
aludir à “festa das tendas”, em que se celebrava o tempo do êxodo, quando o
Povo de Deus habitou em “tendas”, no deserto. A mensagem deixa claro que Jesus
é o Filho amado de Deus, em quem se manifesta a glória do Pai. Ele é o Messias
libertador e salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos
Profetas (Elias). Mais ainda: Ele é um novo Moisés – nova lei e nova
Aliança. De Jesus, irá nascer um novo
Povo de Deus que leva da escravidão à liberdade. Esta apresentação aponta para
a ressurreição, aqui anunciada pela glória de Deus que se manifesta em Jesus,
pelas “vestes brilhantes, muitíssimo brancas” (que lembram a túnica branca do
“jovem” sentado junto do túmulo de Jesus e que anuncia às mulheres a
ressurreição) e pela recomendação final de Jesus (“que não contassem a ninguém
o que tinham visto, enquanto o Filho do Homem não ressuscitasse dos mortos”):
diz-lhes que a cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho de Jesus
(e dos discípulos que seguirem Jesus) está a ressurreição, a vida plena, a
vitória sobre a morte.
Uma palavra final para o desejo
– manifestado por Pedro – de construir três tendas no cimo do monte, como se
pretendesse “assentar arraiais” naquele quadro. O pormenor pode significar que
os discípulos queriam deter-se nesse momento de revelação gloriosa, ignorando o
destino de sofrimento de Jesus. Jesus nem responde à proposta: Ele sabe que o
projeto de Deus tem de passar pelo caminho do dom da vida, da entrega total, do
amor até às últimas consequências.
ATUALIZAÇÃO - • A questão fundamental da transfiguração está na revelação de Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projeto salvador e libertador do Pai em favor dos homens através do dom da vida, da entrega total de Si próprio por amor. Pela transfiguração de Jesus, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada – mesmo se termina na cruz. A vida plena e definitiva espera aqueles que, como Jesus, forem capazes de pôr a sua vida ao serviço dos irmãos.
ATUALIZAÇÃO - • A questão fundamental da transfiguração está na revelação de Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projeto salvador e libertador do Pai em favor dos homens através do dom da vida, da entrega total de Si próprio por amor. Pela transfiguração de Jesus, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada – mesmo se termina na cruz. A vida plena e definitiva espera aqueles que, como Jesus, forem capazes de pôr a sua vida ao serviço dos irmãos.
• Para muitos, a vida plena não
está no amor levado até às últimas consequências, mas sim na preocupação
egoísta com os seus interesses pessoais. Quem tem razão? Deus, ou os esquemas
humanos que hoje dominam o mundo e que nos impõem uma lógica diferente da
lógica do Evangelho?
• Por vezes somos tentados pelo desânimo, porque não percebemos o alcance dos esquemas de Deus; A transfiguração grita-nos, do alto daquele monte: não desanimeis, pois a lógica de Deus não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim.
• Os três discípulos não tem vontade de “descer à terra” e enfrentar o mundo. Ser seguidor de Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar aos homens que a realização está no dom da vida; a fim de dar a nossa contribuição para um mundo mais justo e mais feliz
• Por vezes somos tentados pelo desânimo, porque não percebemos o alcance dos esquemas de Deus; A transfiguração grita-nos, do alto daquele monte: não desanimeis, pois a lógica de Deus não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim.
• Os três discípulos não tem vontade de “descer à terra” e enfrentar o mundo. Ser seguidor de Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar aos homens que a realização está no dom da vida; a fim de dar a nossa contribuição para um mundo mais justo e mais feliz
7. 2ª LEITURA (Rm 8,31b-34) Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus, que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não daria tudo junto com ele? Quem acusará os escolhidos de Deus? ...
AMBIENTE - Estamos no ano 57 ou 58. Na primeira parte da Carta aos Romanos,
Paulo mostra que o Evangelho é a força que congrega e salva todo o crente, sem
distinção de judeu, grego ou romano. A “justiça de Deus” dá vida a todos, sem
distinção; e é em Jesus
Cristo que essa vida se comunica e transforma o homem. Os
crentes devem identificar-se com Jesus e percorrer com Ele o caminho do amor a
Deus e da entrega aos irmãos. Não é um caminho fácil e de êxitos; mas é um
caminho que é preciso percorrer na dor e na renúncia, enfrentando as forças da
morte, da opressão, do egoísmo e da injustiça. Apesar das barreiras, o cristão
pode e deve confiar no êxito final.
MENSAGEM - A razão da esperança: Deus ama todos os seus filhos com um amor
imenso. O envio ao mundo de Jesus Cristo é a “prova provada” do amor de Deus
por nós.
ATUALIZAÇÃO
- • Para Paulo, Deus ama-nos e em Jesus Cristo , atingiu a nossa existência e
transformou-a, capacitando-nos para a vida eterna. Esse
amor dá-nos a coragem para enfrentar a vida.
• Descobrir a vida como dom,
porque Deus ama e salva.
Isaac foi substituído por um cordeiro, Cristo é o
verdadeiro Cordeiro sacrificado para a salvação do mundo.+ Em nossa
caminhada para a Páscoa, somos também convidados a subir com
Jesus a montanha e, viver a alegria da comunhão com ele.
"Este é o
meu Filho amado, ESCUTAI-O".- coragem, eu venci o mundo!!...
LOUVOR
(QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR
ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS
GRAÇAS AO SENHOR, O NOSSO DEUS...
à POR
JESUS, COM JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Grande é o Senhor e
imensa é a sua misericórdia.
à Senhor Deus, Abraão foi nosso exemplo de fé; escutava e obedecia. Ajudai-nos a compreender os vossos caminhos
e fazei-nos menos egoístas e mais próximos de vosso Filho..
T: Grande é o Senhor e
imensa é a sua misericórdia.
à Senhor, através da transfiguração de vosso Filho, manifestastes
aos discípulos que Jesus é a nossa lei e a nossa esperança. Com Jesus a morte
não é o fim, mas passagem para a vossa glória eterna.
T: Grande é o Senhor e
imensa é a sua misericórdia.
à Senhor Deus, nosso Pai, sabemos que sois amor e misericórdia.
Prova desse amor é a morte de vosso Filho que se doou para nossa salvação.
Bendito sejais, ó deus de bondade.
T: Grande é o Senhor e
imensa é a sua misericórdia.
Pai
nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro ...
Escutai-o"
Aqui estamos reunidos em assembléia para ESCUTAR
a Palavra de Deus e celebrar a Eucaristia.
A Escuta dessa Palavra nos revela os Planos de Deus e nos
aponta o caminho a seguir para chegar à vida plena.
As leituras bíblicas de hoje nos apresentam dois exemplos na
CAMINHADA DA FÉ: a fé de Abraão e a fé dos Apóstolos.
A 1a Leitura fala da
fé
de Abraão. (Gn 22,1-2.9.10-13.15-18)
A narrativa faz
parte das "tradições patriarcais", sem caráter histórico. Destina-se
a apresentar Abraão como MODELO DE FÉ: Ele vive numa constante ESCUTA da
Palavra de Deus, aceita os apelos de Deus,
e lhe responde com obediência total, mesmo oferecendo o filho Isaac.
Abraão ensina a
confiar em Deus, mesmo quando tudo parece cair à nossa volta, e quando os caminhos do Senhor se revelam
estranhos e incompreensíveis.
Sua obediência
tornou-se uma fonte de vida para ele,
para a sua família e para todos os povos...
O sacrifício de
Isaac é símbolo do sacrifício de Jesus.
Isaac foi
substituído por um cordeiro, Cristo é o verdadeiro Cordeiro sacrificado para a
salvação do mundo.
Na 2a Leitura, Paulo
retoma a figura de Isaac, subindo o monte Moriá, com a lenha do
sacrifício às costas, como imagem de Cristo que também sobe o monte Calvário,
carregando às costas o lenho da Cruz. (Rm 8,31-34)
É um hino, em
que Paulo canta entusiasmado o Amor de Deus, manifestado na
morte e ressurreição de seu Filho Jesus Cristo.
O Evangelho fala da fé
dos Apóstolos: (Mc 9,2-10)
Na caminhada para Jerusalém, o 1º Anúncio da Paixão e Morte
de Jesus abalou profundamente a fé dos apóstolos. Desmoronaram seus planos de
glória e de poder.
Para fortalecer essa fé ainda tão frágil… Cristo tomou três
deles... subiu o Monte Tabor e "TRANSFIGUROU-SE…"
- Proposta de Pedro: "É
bom estar aqui! Vamos fazer três tendas..."
- Proposta de Deus: "Este
é o meu Filho amado, ESCUTAI-O!".
* A transfiguração de Jesus é uma Catequese que revela aos
discípulos e a nós Quem é Jesus: o FILHO AMADO DE DEUS:
Um novo MOISÉS que dá ao seu povo uma NOVA LEI e através de
quem Deus propõe aos homens uma NOVA ALIANÇA
As figuras de Elias e Moisés ressaltam que a Lei e as
Profecias são realizadas plenamente em Jesus.
O mundo se transforma quando acolhemos a voz do Pai...
+ Em nossa caminhada para a Páscoa, somos também
convidados a subir com Jesus a montanha e,
na companhia dos 3 discípulos, viver a alegria da comunhão
com ele.
As dificuldades da caminhada não podem nos desanimar.
No meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde já sinais da
ressurreição e do alto daquele monte ele continua a nos gritar: "Este é o meu Filho amado,
ESCUTAI-O".
- Não desanimemos, os Planos de Deus não conduzem ao
fracasso, mas à Ressurreição, à vida
definitiva, à felicidade sem fim.
O que é ter fé? O que é mesmo a fé?
A FÉ É:
- É a Adesão de nossa vida a Deus... É acolher Deus que quer fazer sua história
junto conosco...
É fazer a vontade de
Deus... (tanto no Tabor, como no Calvário)
- É um Dom gratuito de Deus (Não foi
Abraão que tomou a iniciativa)
A FÉ EXIGE:
- Uma Resposta da pessoa a uma
palavra, a uma Promessa...
- Um Serviço pronto e generoso na
Obra de Deus...
- Uma Ruptura:
Deixar a terra dos ídolos que nos prendem… e abraçar o desconhecido…
(experiência de Abraão)
- Escutar
atentamente tudo o que Jesus diz, seguindo seus passos com confiança total,
mesmo nos momentos difíceis e incompreensíveis…
- Reconhecer
esse Cristo desfigurado, presente na pessoa dos irmãos... sobretudo nos
excluídos e nos oprimidos...
É fácil reconhecer
o Cristo transfigurado no Tabor… mais difícil é reconhecê-lo desfigurado no
Monte Calvário... mais difícil é descer
o monte, ir ao encontro do Cristo
desfigurado na pessoa do irmão…
- Ação:
Não podemos ficar no Monte... de braços cruzados....
O seguidor de Cristo deve "descer o monte" para
enfrentar o mundo e os problemas dos homens, testemunhar aos homens o dom da
vida, para que a "saúde de difunda
sobre a terra".
Somos convidados a ser
Missionários da Transfiguração…
Um compromisso com Deus se faz compromisso de amor com o
mundo e com os homens.
Primeiramente,
a glória de Jesus no Tabor, antegozo da sua ressurreição, anima-nos neste
caminho quaresmal. Ao nos falar da oração, da penitência, da esmola, ao nos
exortar ao combate aos vícios e à leitura espiritual, a Igreja, fazendo-nos
contemplar o Transfigurado, revela-nos qual o objetivo da batalha da Quaresma:
encontrar o Cristo cheio de glória e, com ele, sermos glorificados. Olhai o
Tabor, irmãos, e vereis o que o Senhor preparou para nós! Pensai no Tabor, e a
penitência terá um sentido, as mortificações deste tempo serão feitas com
alegria! Que diz o Evangelho? Diz que, diante dos apóstolos, Jesus
transfigurou-se: “Suas
roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra
poderia alvejar”. Eis! A Transfiguração é uma profecia, uma
antecipação da glória da Páscoa; e a Páscoa de Cristo é a garantia da nossa
glorificação. Porque Cristo morreu e ressuscitou, nós também, mortos com ele,
seremos daquela multidão vestida de branco, de que fala o Apocalipse! (Ap 7,9)
Então, ânimo! As observâncias da santa Quaresma não são um peso, mas um belo
caminho, um belo instrumento para conduzir-nos à Páscoa do Senhor!
Mas, a leituras de hoje colocam-nos também diante de uma outra
realidade, bela e profunda. Comecemos pela primeira leitura, na qual Deus pede
a Abraão tudo quanto ele tinha: “teu
filho único, Isaac, a quem tanto amas”. Isaac era tudo para Abraão:
por ele, tinha deixado Ur na Caldéia, por ele, tinha esperado mais de trinta
anos, por ele, tinha suportado todas as provas... E, agora, já idoso, sem
nenhuma possibilidade de ter mais filhos, agora que o menino já esta
crescidinho e Abraão pensava poder descansar, Deus o pede a Abraão. Que prova,
caríssimos! A fé de Abraão, aqui, chega quase que ao absurdo! Mas, ele foi em
frente e “estendeu a mão,
empunhando a faca para sacrificar o filho”.
Caríssimos, Deus tinha o direito de pedir isso a Abraão? Deus tem
o direito de nos provar, de tantas vezes nos pedir coisas que não compreendemos
bem? Tem o direito de pedir fé e confiança diante dos percalços da vida?
Poderíamos responder dizendo simplesmente que “sim”, porque ele é Deus; deu-nos
tudo e pode pedir-nos o que desejar. Mas, não é essa a resposta que a Palavra
de Deus nos indica na liturgia de hoje. Ele nos pode pedir, certamente, e nós
devemos dar, com certeza, porque ele mesmo, o nosso Deus, nos deu tudo! Ele,
que pede que Abraão lhe sacrifique o filho único e amado, é o mesmo Deus que,
como diz São Paulo, na segunda leitura deste hoje, “não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos
nós!” Eis o grande mistério: Deus, no seu amor por nós – primeiro
pelo povo de Israel, descendência de Abraão, e, depois, por toda a humanidade,
com a qual ele deseja formar o novo povo, que é a Igreja – Deus, no seu amor
por nós, entregou à morte o seu Filho único, o Amado, o Justo e Santo, aquele
no qual ele coloca todo o seu bem-querer. Não é assim que ele no-lo apresenta
hoje no Monte Tabor? “Este
é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” É este Filho que será
entregue à morte. O Evangelho de São Lucas nos diz que, precisamente nesta
ocasião, Jesus transfigurado falava com Moisés e Elias “sobre a sua partida, isto é, a sua
morte, que iria se consumar em Jerusalém” (Lc 9,31). E no Evangelho
de São Marcos, que escutamos, o próprio Jesus, ao descer da montanha, “ordenou que não contassem a ninguém
o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos”.
Compreendei, caríssimos: sobre o Monte Tabor, com o Transfigurado envolto em
glória, paira a sombra da paixão, da morte do Filho amado e único, que o Deus
de Abraão entregará por nós até o fim. Ao filho de Abraão, a Isaac, Deus poupou
no último momento; não poupará, contudo, o seu próprio Filho!
Isso nos revela a dimensão do amor de Deus, da sua paixão pela
humanidade, do seu compromisso salvífico em nosso favor! Ele pode nos pedir
tudo, caríssimos, e nós deveríamos dar-lhe tudo, porque, ainda que não
compreendamos, ele deseja somente o nosso bem, a nossa vida, a nossa salvação.
Somos preciosos a seus olhos! Escutai o Apóstolo: "Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus que
não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria
tudo juntamente com ele? Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que os
declara justos? Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que
ressuscitou, e está à direita de Deus, intercedendo por nós?” Eis,
pois, amados em Cristo, a dimensão e a profundidade, a largura e a altura do
amor de Deus por nós! Deixemo-nos, portanto, tocar no nosso coração;
convertamo-nos! Abramo-nos para o Senhor! Arrependamo-nos de nossas
indiferenças, de nossa frieza, de nosso fechamento! Tenhamos vergonha de tanta
incredulidade e desconfiança de Deus, simplesmente porque não entendemos seu
modo de agir! Que Santo Abraão, nosso pai na fé, e a Santíssima Virgem Maria,
nossa Mãe na fé, intercedam por nós para uma verdadeira conversão quaresmal. E
que, realizando com generosidade a amor, as práticas quaresmais, cheguemos às
alegrias da Páscoa e contemplemos nos santos mistérios da Liturgia, a face do
Cristo glorificado. Amém.
Escutar e Anunciar!
O Evangelho (Mc 9, 2-10) relata-nos o que aconteceu no Tabor.Na Caminhada para Jerusalém, o primeiro anúncio da Paixão e Morte de Jesus abalou profundamente a fé dos apóstolos. Desmoronaram seus planos de glória e de poder.
Para fortalecer essa fé ainda tão frágil… Cristo tomou três deles… subiu ao Monte Tabor e “Transfigurou-se…”
A transfiguração de Jesus é uma catequese que revela aos discípulos e a nós Quem é Jesus: O Filho Amado de Deus!
Em nossa caminhada para a Páscoa somos também convidados a subir com Jesus a montanha e, na companhia dos três discípulos, viver a alegria da comunhão com Ele. As dificuldades da caminhada não podem nos desanimar. No meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde já sinais da Ressurreição e do alto daquele monte Ele continua a nos gritar: “Este é o Meu Filho Amado, escutai-O”.
Não desanimemos diante das dificuldades! Os Planos de Deus não conduzem ao fracasso, mas à Ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim!
São Leão Magno diz que “o fim principal da transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz”. Os Apóstolos jamais esquecerão esta “gota de mel” que Jesus lhes oferecia no meio da sua amargura. Jesus sempre atua assim com os que o seguem. No meio dos maiores padecimentos, dá-lhes o consolo necessário para continuarem a caminhar.
Esta centelha da glória divina inundou os Apóstolos de uma felicidade tão grande que fez Pedro exclamar: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas…” Pedro quer prolongar a situação! O que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali, mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-Lo por trás das circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos com Ele, tanto faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou prostrados na cama de um hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é somente isto: Vê-Lo e viver sempre com Ele! Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante na vida presente e na outra. Desejo ver-Te, Senhor, e procurarei o Teu rosto nas circunstâncias habituais da minha vida!
A vida dos homens é uma caminhada para o Céu, que é a nossa morada (2 Cor 5,2). Uma caminhada que, às vezes, se torna áspera e difícil, porque com freqüência devemos remar contra a corrente e lutar com muitos inimigos interiores ou de fora.Mas o Senhor quer confortar-nos com a esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros ou quando se torna mais patente a fraqueza da nossa condição: “À hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade” (São Josemaria Escrivá, Caminho, nº 139).
O pensamento da glória que nos espera deve animar-nos na nossa luta diária. Nada vale tanto como ganhar o Céu. Ensina Santa Teresa: “ E se fordes sempre avante com esta determinação de antes morrer do que desistir de chegar ao termo da jornada, o Senhor, mesmo que vos mantenha com alguma sede nesta vida, na outra, que durará para sempre, vos dará de beber com toda a abundância e sem perigo de que vos venha a faltar” (Caminho de Perfeição, 20,2).
“Este é o meu Filho amado. Escutai o que Ele diz” (Mc 9,7). E Deus Pai fala através de Jesus Cristo a todos os homens de todos os tempos. A sua voz faz-se ouvir em todas as épocas, sobretudo através dos ensinamentos da Igreja…
Nós devemos encontrar esse Jesus na nossa vida corrente, no meio do trabalho, na rua, nos que nos rodeiam, na oração, quando nos perdoa no Sacramento da Penitência (Confissão), e sobretudo na Sagrada Escritura, onde se encontra verdadeira, real e substancialmente presente. Devemos, aprender a descobri-Lo nas coisas ordinárias, correntes, fugindo da tentação de desejar o extraordinário.
Escutar e anunciar!…
Não podemos ficar no Monte… de braços cruzados… O seguidor de Cristo deve descer do monte para enfrentar o mundo e os problemas dos homens!
Somos convidados a ser Missionários da Transfiguração!
Mons. José Maria Pereira.
Tribulações e consolações
O conhecido poema “pegadas na areia” relata a observação que uma pessoa
fazia ao estar numa praia e perceber que nos momentos mais felizes da sua vida
existiam duas pegadas na areia: as do Senhor e as suas. Deus estava presente
nos momentos de felicidade. Mas… que decepção! Nos momentos de dificuldade, a
mesma pessoa notava que só existia uma pegada na areia. Ao perguntar ao Senhor
o porquê daquilo, Deus lhe respondeu que nos momentos mais difíceis Ele a
segurava nos braços sem que ela mesma percebesse isso. Surpresa maior ainda: as
pegadas eram do Senhor!O Evangelho deste domingo nos relata a transfiguração do Senhor. Ao olharmos um pouco o contexto, observamos que Jesus tinha anunciado aos seus que “é necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas. É necessário que seja levado à morte e ressuscite ao terceiro dia” (Lc 9,22); que ele tinha falado também que se alguém o quisesse seguir que tomasse a cruz (cf. Lc 9,23-24); por outro lado, alguns discípulos esperavam um messias político que vencesse pela força de um exército dominador o poder dos romanos, de cujo jugo desejavam ver-se livres.
Tendo em conta tudo isso, podemos dizer que os discípulos encontravam-se bastante desnorteados e até mesmo desanimados. A transfiguração do Senhor é um consolo. De fato, dizia São Leão Magno que “o fim principal da transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz”; trata-se de uma “gota de mel” no meio dos sofrimentos. A transfiguração ficou muito gravada na mente dos três apóstolos que estavam com Jesus, anos mais tarde São Pedro lembrar-se-ia deste fato na sua segunda epístola: “Este é o meu filho muito amado, em quem tenho posto todo o meu afeto”. Esta mesma voz que vinha do céu nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo” (2 Pd 1,17-18). Ele, Jesus, continua dando-nos o consolo – quando necessário – para podermos continuar caminhando e para que nunca desistamos.
Uma pergunta?Vale a pena seguir alguém que vai morrer na Cruz semelhante pôde ter passado pela mente dos discípulos do Senhor como também pôde ter passado alguma vez pela nossa, quiçá formulada de outra maneira. A primeira leitura nos apresentou o relato da grande prova ao qual Abraão – o pai de todos os crentes – foi submetido (cf. Gn 22). O relato faz parte das assim chamadas “tradições patriarcais” (Gn 12-36). A prova pela qual Abraão passou foi assaz dramática: sacrificar Isaac, seu filho amado e, além do mais, filho da promessa.
Muitas vezes, também nós passamos por provas espirituais difíceis: parece que Deus não me ouve, que ele está longe de mim, não liga para mim, muda de planos e que “não está nem aí” para os meus planos. Os discípulos de Jesus têm uma sensação semelhante diante do anúncio da Paixão e do seguimento exigido por Jesus: encontravam-se diante de um projeto que eles não tinham imaginado. E Você? Vale a pena, discípulos de Cristo? Vale a pena, Abraão?agora, vale a pena que lê esse texto: vale a pena? Hoje em dia, você e eu só estamos no serviço do Senhor porque aqueles primeiros viram que valia a pena e porque livremente vimos, nós também, que vale a pena.
Os discípulos da transfiguração são os mesmos do Monte das Oliveiras, os da alegria são também os da agonia. É preciso acompanhar o Senhor em suas alegrias e em suas dores. As alegrias preparam-nos para o sofrimento e o sofrimento por e com Jesus dá-nos alegria. Os discípulos, que estavam desanimados diante do Mistério da Cruz, são consolados por Jesus na transfiguração e preparados para os acontecimentos vindouros, como, por exemplo, ?o terrível sofrimento que Ele padecerá no Getsêmani. Vale a pena segui-lo Certamente.
Quais poderiam ser os nossos propósitos para este domingo? Trabalhar com desejos de eternidade, olhar as tribulações e contrariedades como uma benção santificadora do Senhor, fazer muitos atos de esperança (“Senhor, eu espero em ti”), pensar muitas vezes durante o dia na presença de Deus junto a nós em todos os momentos, viver na certeza de que nós podemos sempre falar com Deus. Ele é nosso Pai.
Pe. Françoá Costa