sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

2º DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA

2º DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA (Diácono Ismael)

SINOPSE:
“Guardai a vossa fé e andai na presença de Deus!”
É o caminho do verdadeiro discípulo para chegar à vida nova.

Primeira leitura: Abraão é nosso modelo de fé, que vive na escuta e na obediência, mesmo quando parece contrário a seus interesses pessoais.
Evangelho: A transfiguração de Jesus, cheio de símbolos do A.T., nos apresenta uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus e o Pai nos dá uma ordem; “Este é meu Filho amado; ouvi-o”. obedecendo-o não caminhamos para o fracasso, mas para a vida eterna e feliz.
Segunda leitura: Deus é amor. A prova desse amor é Jesus Cristo, que morreu para ensinar o caminho da vida verdadeira. O cristão deve enfrentar as dificuldades com esperança.

5. PRIMEIRA LEITURA (Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18) Deus pôs Abraão à prova. ...E Deus disse: “Toma teu filho único Isaac, a quem tanto amas, dirige-te à terra de Moriá, e oferece-o aí em holocausto...”. ...Abraão ergueu um altar, ...amarrou o filho e o pôs sobre a lenha em cima do altar. Depois, estendeu a mão, empunhando uma faca para sacrificar o filho. E eis que o anjo do Senhor gritou do céu, dizendo: “Abraão! Abraão!” ...“Não estendas a mão contra teu filho e não lhe faças nenhum mal! Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu filho único”. Abraão... viu um carneiro ...e ofereceu-o em holocausto no lugar do seu filho. O anjo do Senhor ...lhe disse: “Juro por mim mesmo ... não me recusaste teu filho único, eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar. ... Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me obedeceste.”
AMBIENTE - O sacrifício de Isaac é uma “lenda cultual”. A partir daí, as crianças foram substituídas por animais nos sacrifícios. Esta história primitiva foi aplicada à Abraão. A tradição acabou por englobar um clã ligado ao de Abraão, o clã de Isaac.
MENSAGEM - A idéia de “provas, testar” é frequente no Antigo Testamento. Deus parece retomar o que havia dado. Por que? A verdadeira “prova” é esta…; é o continuar a esperar num Deus que parece querer destruir os sonhos que Ele próprio ajudou a criar; é o continuar a confiar num Deus que parece esquecer tudo o que tinha prometido; é o impasse, a obscuridade, o sofrimento em que Abraão de repente se acha; é o ser convidado a atirar-se às cegas.  Abraão não discute, não argumenta. Abraão apenas age. O silêncio de Abraão e a ação mostram a entrega, a confiança em Deus.   A “prova” é conclusiva: Abraão testemunha que ele “teme o Senhor”. A obediência do “justo” Abraão resultará em bênção para “todas as nações”. Abraão é o protótipo do crente ideal, que sabe escutar Deus e acolher os seus projetos com confiança … Mesmo que as propostas de Deus resultem incompreensíveis ou interfiram com os projetos do homem. Foi para deixar esta lição que os teólogos foram buscar esta velha lenda.
ATUALIZAÇÃO • Abraão revela o lugar que Deus ocupa na sua existência. Deus é a prioridade fundamental; por isso, Abraão faz a Deus um dom total de si próprio, da sua família, do seu futuro, dos seus sonhos, das suas aspirações, dos seus projetos, dos seus interesses; O que conta são os planos de Deus…
• Abraão manifesta o respeito, a humildade, a obediência, a confiança, o amor r a fé “ideal.
• Abraão ensina-nos a confiar em Deus, mesmo quando tudo parece cair à nossa volta; Deus é a nossa esperança e tem um projeto de vida plena para todos.

9. EVANGELHO (Mc 9,2-10) ... Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou a uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. Então Pedro ...disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. ... estavam todos com muito medo. Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu filho amado. Escutai o que ele diz!”.... Ao descerem da montanha Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles observaram essa ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.

AMBIENTE - Os discípulos já tinham percebido que Jesus era o Messias libertador que Israel esperava; mas ainda acreditavam num triunfo militar sobre os romanos. Marcos vai explicar que o projeto de Jesus passa pela cruz – isto é, no amor e no dom da vida. O discípulo é convidado a renunciar a si mesmo, a tomar  a sua cruz e a seguir Jesus. Os discípulos estão frustrados, pois parece encaminhar-se para um fracasso a morte na cruz. É neste contexto que Marcos coloca a transfiguração. A cena constitui uma palavra de ânimo para os discípulos, pois nela manifesta-se a glória de Jesus e atesta-se que Ele é – apesar da cruz que se aproxima – o Filho amado de Deus. Jesus apresenta um projeto que vem de Deus. A narração da transfiguração é uma teofania – quer dizer, uma manifestação de Deus. O autor vai colocar todos os ingredientes que acompanham as manifestações de Deus: o monte, a voz do céu, as aparições, as vestes brilhantes, a nuvem e mesmo o medo daqueles que presenciam  o encontro com o divino: É uma catequese ensinando que Jesus é o Filho amado de Deus, que traz aos homens um projeto que vem de Deus.
MENSAGEM - É uma Catequese com simbólicos tirados do Antigo Testamento: O monte: é sempre num monte que Deus Se revela. A mudança do rosto e as vestes brilhantes, recordam o resplendor de Moisés, ao descer do Sinai. A nuvem  indica a presença de Deus: era na nuvem que Deus manifestava a sua presença através do deserto. Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas (que anunciam Jesus e que permitem entender Jesus). O temor e a perturbação dos discípulos são a reação lógica, diante da manifestação da grandeza de Deus  As tendas parecem aludir à “festa das tendas”, em que se celebrava o tempo do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em “tendas”, no deserto. A mensagem deixa claro que Jesus é o Filho amado de Deus, em quem se manifesta a glória do Pai. Ele é o Messias libertador e salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas (Elias). Mais ainda: Ele é um novo Moisés – nova lei e nova Aliança.  De Jesus, irá nascer um novo Povo de Deus que leva da escravidão à liberdade. Esta apresentação aponta para a ressurreição, aqui anunciada pela glória de Deus que se manifesta em Jesus, pelas “vestes brilhantes, muitíssimo brancas” (que lembram a túnica branca do “jovem” sentado junto do túmulo de Jesus e que anuncia às mulheres a ressurreição) e pela recomendação final de Jesus (“que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do Homem não ressuscitasse dos mortos”): diz-lhes que a cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho de Jesus (e dos discípulos que seguirem Jesus) está a ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte.
Uma palavra final para o desejo – manifestado por Pedro – de construir três tendas no cimo do monte, como se pretendesse “assentar arraiais” naquele quadro. O pormenor pode significar que os discípulos queriam deter-se nesse momento de revelação gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus. Jesus nem responde à proposta: Ele sabe que o projeto de Deus tem de passar pelo caminho do dom da vida, da entrega total, do amor até às últimas consequências.
ATUALIZAÇÃO - • A questão fundamental da transfiguração está na revelação de Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projeto salvador e libertador do Pai em favor dos homens através do dom da vida, da entrega total de Si próprio por amor. Pela transfiguração de Jesus, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada – mesmo se termina na cruz. A vida plena e definitiva espera aqueles que, como Jesus, forem capazes de pôr a sua vida ao serviço dos irmãos.
• Para muitos, a vida plena não está no amor levado até às últimas consequências, mas sim na preocupação egoísta com os seus interesses pessoais. Quem tem razão? Deus, ou os esquemas humanos que hoje dominam o mundo e que nos impõem uma lógica diferente da lógica do Evangelho?
• Por vezes somos tentados pelo desânimo, porque não percebemos o alcance dos esquemas de Deus; A transfiguração grita-nos, do alto daquele monte: não desanimeis, pois a lógica de Deus não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim.
• Os três discípulos não tem vontade de “descer à terra” e enfrentar o mundo. Ser seguidor de Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar aos homens que a realização está no dom da vida; a fim de dar a nossa contribuição para um mundo mais justo e mais feliz

7. 2ª LEITURA (Rm 8,31b-34) Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus, que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não daria tudo junto com ele? Quem acusará os escolhidos de Deus? ...
AMBIENTE - Estamos no ano 57 ou 58. Na primeira parte da Carta aos Romanos, Paulo mostra que o Evangelho é a força que congrega e salva todo o crente, sem distinção de judeu, grego ou romano. A “justiça de Deus” dá vida a todos, sem distinção; e é em Jesus Cristo que essa vida se comunica e transforma o homem. Os crentes devem identificar-se com Jesus e percorrer com Ele o caminho do amor a Deus e da entrega aos irmãos. Não é um caminho fácil e de êxitos; mas é um caminho que é preciso percorrer na dor e na renúncia, enfrentando as forças da morte, da opressão, do egoísmo e da injustiça. Apesar das barreiras, o cristão pode e deve confiar no êxito final.
MENSAGEM - A razão da esperança: Deus ama todos os seus filhos com um amor imenso. O envio ao mundo de Jesus Cristo é a “prova provada” do amor de Deus por nós.
ATUALIZAÇÃO - • Para Paulo, Deus ama-nos  e em Jesus Cristo, atingiu a nossa existência e transformou-a, capacitando-nos para a vida eterna. Esse amor dá-nos a coragem para enfrentar a vida.
• Descobrir a vida como dom, porque Deus ama e salva.
Isaac foi substituído por um cordeiro, Cristo é o verdadeiro Cordeiro sacrificado para a salvação do mundo.+ Em nossa caminhada para a Páscoa, somos também convidados a subir com Jesus a montanha e, viver a alegria da comunhão com ele.
"Este é o meu Filho amado, ESCUTAI-O".- coragem, eu venci o mundo!!...






LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O NOSSO DEUS...
à POR JESUS, COM JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Grande é o Senhor e imensa é a sua misericórdia.
à Senhor Deus, Abraão foi nosso exemplo de fé; escutava e obedecia. Ajudai-nos a compreender os vossos caminhos e fazei-nos menos egoístas e mais próximos de vosso Filho..
T: Grande é o Senhor e imensa é a sua misericórdia.
à Senhor, através da transfiguração de vosso Filho, manifestastes aos discípulos que Jesus é a nossa lei e a nossa esperança. Com Jesus a morte não é o fim, mas passagem para a vossa glória eterna.
T: Grande é o Senhor e imensa é a sua misericórdia.
à Senhor Deus, nosso Pai, sabemos que sois amor e misericórdia. Prova desse amor é a morte de vosso Filho que se doou para nossa salvação. Bendito sejais, ó deus de bondade.
T: Grande é o Senhor e imensa é a sua misericórdia.
Pai nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro ...







Escutai-o"

Aqui estamos reunidos em assembléia para ESCUTAR  a Palavra de Deus e celebrar a Eucaristia.
A Escuta dessa Palavra nos revela os Planos de Deus e nos aponta o caminho a seguir para chegar à vida plena. 
As leituras bíblicas de hoje nos apresentam dois exemplos na CAMINHADA DA FÉ: a fé de Abraão e a fé dos Apóstolos.

A 1a Leitura fala da fé de Abraão. (Gn 22,1-2.9.10-13.15-18)

A narrativa faz parte das "tradições patriarcais", sem caráter histórico. Destina-se a apresentar Abraão como MODELO DE FÉ: Ele vive numa constante ESCUTA da Palavra de Deus, aceita os apelos de Deus,  e lhe responde com obediência total, mesmo oferecendo o filho Isaac.
Abraão ensina a confiar em Deus, mesmo quando tudo parece cair à nossa volta,  e quando os caminhos do Senhor se revelam estranhos e incompreensíveis.
Sua obediência tornou-se uma fonte de vida  para ele, para a sua família e para todos os povos...

O sacrifício de Isaac é símbolo do sacrifício de Jesus.
Isaac foi substituído por um cordeiro, Cristo é o verdadeiro Cordeiro sacrificado para a salvação do mundo.

Na 2a Leitura, Paulo retoma a figura de Isaac, subindo o monte Moriá, com a lenha do sacrifício às costas, como imagem de Cristo que também sobe o monte Calvário, carregando às costas o lenho da Cruz. (Rm 8,31-34)

É um hino, em que Paulo canta entusiasmado o Amor de Deus, manifestado na morte e ressurreição de seu Filho Jesus Cristo.

O Evangelho fala da fé dos Apóstolos: (Mc 9,2-10)

Na caminhada para Jerusalém, o 1º Anúncio da Paixão e Morte de Jesus abalou profundamente a fé dos apóstolos. Desmoronaram seus planos de glória e de poder.
Para fortalecer essa fé ainda tão frágil… Cristo tomou três deles...  subiu o Monte Tabor e "TRANSFIGUROU-SE…"
- Proposta de Pedro: "É bom estar aqui! Vamos fazer três tendas..."
- Proposta de Deus: "Este é o meu Filho amado, ESCUTAI-O!".

* A transfiguração de Jesus é uma Catequese que revela aos discípulos e a nós Quem é Jesus: o FILHO AMADO DE DEUS:
Um novo MOISÉS que dá ao seu povo uma NOVA LEI e através de quem Deus propõe aos homens uma NOVA ALIANÇA
As figuras de Elias e Moisés ressaltam que a Lei e as Profecias são realizadas plenamente em Jesus.
O mundo se transforma quando acolhemos a voz do Pai...
+ Em nossa caminhada para a Páscoa, somos também convidados a subir com Jesus a montanha e,
na companhia dos 3 discípulos, viver a alegria da comunhão com ele.
As dificuldades da caminhada não podem nos desanimar.
No meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde já sinais da ressurreição e do alto daquele monte ele continua a nos gritar: "Este é o meu Filho amado, ESCUTAI-O".
- Não desanimemos, os Planos de Deus não conduzem ao fracasso,   mas à Ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim.

O que é ter fé? O que é mesmo a fé?

A FÉ É:

- É a Adesão de nossa vida a Deus...   É acolher Deus que quer fazer sua história junto conosco...
  É fazer a vontade de Deus... (tanto no Tabor, como no Calvário)
- É um Dom gratuito de Deus (Não foi Abraão que tomou a iniciativa)

A FÉ EXIGE:

- Uma Resposta da pessoa a uma palavra, a uma Promessa...

- Um Serviço pronto e generoso na Obra de Deus... 

- Uma Ruptura: Deixar a terra dos ídolos que nos prendem… e abraçar o desconhecido… (experiência de Abraão)

- Escutar atentamente tudo o que Jesus diz, seguindo seus passos com confiança total, mesmo nos momentos difíceis e incompreensíveis…

- Reconhecer esse Cristo desfigurado, presente na pessoa dos irmãos... sobretudo nos excluídos e nos oprimidos...
   É fácil reconhecer o Cristo transfigurado no Tabor… mais difícil é reconhecê-lo desfigurado no Monte Calvário...  mais difícil é descer o monte,  ir ao encontro do Cristo desfigurado na pessoa do irmão…

- Ação: Não podemos ficar no Monte... de braços cruzados....
O seguidor de Cristo deve "descer o monte" para enfrentar o mundo e os problemas dos homens, testemunhar aos homens o dom da vida, para que a "saúde de difunda sobre a terra".
Somos convidados a ser Missionários da Transfiguração…

Um compromisso com Deus se faz compromisso de amor com o mundo e com os homens.

                         

Primeiramente, a glória de Jesus no Tabor, antegozo da sua ressurreição, anima-nos neste caminho quaresmal. Ao nos falar da oração, da penitência, da esmola, ao nos exortar ao combate aos vícios e à leitura espiritual, a Igreja, fazendo-nos contemplar o Transfigurado, revela-nos qual o objetivo da batalha da Quaresma: encontrar o Cristo cheio de glória e, com ele, sermos glorificados. Olhai o Tabor, irmãos, e vereis o que o Senhor preparou para nós! Pensai no Tabor, e a penitência terá um sentido, as mortificações deste tempo serão feitas com alegria! Que diz o Evangelho? Diz que, diante dos apóstolos, Jesus transfigurou-se: “Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar”. Eis! A Transfiguração é uma profecia, uma antecipação da glória da Páscoa; e a Páscoa de Cristo é a garantia da nossa glorificação. Porque Cristo morreu e ressuscitou, nós também, mortos com ele, seremos daquela multidão vestida de branco, de que fala o Apocalipse! (Ap 7,9) Então, ânimo! As observâncias da santa Quaresma não são um peso, mas um belo caminho, um belo instrumento para conduzir-nos à Páscoa do Senhor!
                Mas, a leituras de hoje colocam-nos também diante de uma outra realidade, bela e profunda. Comecemos pela primeira leitura, na qual Deus pede a Abraão tudo quanto ele tinha: “teu filho único, Isaac, a quem tanto amas”. Isaac era tudo para Abraão: por ele, tinha deixado Ur na Caldéia, por ele, tinha esperado mais de trinta anos, por ele, tinha suportado todas as provas... E, agora, já idoso, sem nenhuma possibilidade de ter mais filhos, agora que o menino já esta crescidinho e Abraão pensava poder descansar, Deus o pede a Abraão. Que prova, caríssimos! A fé de Abraão, aqui, chega quase que ao absurdo! Mas, ele foi em frente e “estendeu a mão, empunhando a faca para sacrificar o filho”.
                Caríssimos, Deus tinha o direito de pedir isso a Abraão? Deus tem o direito de nos provar, de tantas vezes nos pedir coisas que não compreendemos bem? Tem o direito de pedir fé e confiança diante dos percalços da vida? Poderíamos responder dizendo simplesmente que “sim”, porque ele é Deus; deu-nos tudo e pode pedir-nos o que desejar. Mas, não é essa a resposta que a Palavra de Deus nos indica na liturgia de hoje. Ele nos pode pedir, certamente, e nós devemos dar, com certeza, porque ele mesmo, o nosso Deus, nos deu tudo! Ele, que pede que Abraão lhe sacrifique o filho único e amado, é o mesmo Deus que, como diz São Paulo, na segunda leitura deste hoje, “não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós!” Eis o grande mistério: Deus, no seu amor por nós – primeiro pelo povo de Israel, descendência de Abraão, e, depois, por toda a humanidade, com a qual ele deseja formar o novo povo, que é a Igreja – Deus, no seu amor por nós, entregou à morte o seu Filho único, o Amado, o Justo e Santo, aquele no qual ele coloca todo o seu bem-querer. Não é assim que ele no-lo apresenta hoje no Monte Tabor? “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” É este Filho que será entregue à morte. O Evangelho de São Lucas nos diz que, precisamente nesta ocasião, Jesus transfigurado falava com Moisés e Elias “sobre a sua partida, isto é, a sua morte, que iria se consumar em Jerusalém” (Lc 9,31). E no Evangelho de São Marcos, que escutamos, o próprio Jesus, ao descer da montanha, “ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos”. Compreendei, caríssimos: sobre o Monte Tabor, com o Transfigurado envolto em glória, paira a sombra da paixão, da morte do Filho amado e único, que o Deus de Abraão entregará por nós até o fim. Ao filho de Abraão, a Isaac, Deus poupou no último momento; não poupará, contudo, o seu próprio Filho!
                Isso nos revela a dimensão do amor de Deus, da sua paixão pela humanidade, do seu compromisso salvífico em nosso favor! Ele pode nos pedir tudo, caríssimos, e nós deveríamos dar-lhe tudo, porque, ainda que não compreendamos, ele deseja somente o nosso bem, a nossa vida, a nossa salvação. Somos preciosos a seus olhos! Escutai o Apóstolo: "Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo juntamente com ele? Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que os declara justos? Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou, e está à direita de Deus, intercedendo por nós?” Eis, pois, amados em Cristo, a dimensão e a profundidade, a largura e a altura do amor de Deus por nós! Deixemo-nos, portanto, tocar no nosso coração; convertamo-nos! Abramo-nos para o Senhor! Arrependamo-nos de nossas indiferenças, de nossa frieza, de nosso fechamento! Tenhamos vergonha de tanta incredulidade e desconfiança de Deus, simplesmente porque não entendemos seu modo de agir! Que Santo Abraão, nosso pai na fé, e a Santíssima Virgem Maria, nossa Mãe na fé, intercedam por nós para uma verdadeira conversão quaresmal. E que, realizando com generosidade a amor, as práticas quaresmais, cheguemos às alegrias da Páscoa e contemplemos nos santos mistérios da Liturgia, a face do Cristo glorificado. Amém.

Escutar e Anunciar!

O Evangelho (Mc 9, 2-10) relata-nos o que aconteceu no Tabor.
Na Caminhada para Jerusalém, o primeiro anúncio da Paixão e Morte de Jesus abalou profundamente a fé dos apóstolos. Desmoronaram seus planos de glória e de poder.
Para fortalecer essa fé ainda tão frágil… Cristo tomou três deles… subiu ao Monte Tabor e “Transfigurou-se…”
A transfiguração de Jesus é uma catequese que revela aos discípulos e a nós Quem é Jesus: O Filho Amado de Deus!
Em nossa caminhada para a Páscoa somos também convidados a subir com Jesus a montanha e, na companhia dos três discípulos, viver a alegria da comunhão com Ele. As dificuldades da caminhada não podem nos desanimar. No meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde já sinais da Ressurreição e do alto daquele monte Ele continua a nos gritar: “Este é o Meu Filho Amado, escutai-O”.
Não desanimemos diante das dificuldades! Os Planos de Deus não conduzem ao fracasso, mas à Ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim!
São Leão Magno diz que “o fim principal da transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz”. Os Apóstolos jamais esquecerão esta “gota de mel” que Jesus lhes oferecia no meio da sua amargura. Jesus sempre atua assim com os que o seguem. No meio dos maiores padecimentos, dá-lhes o consolo necessário para continuarem a caminhar.
Esta centelha da glória divina inundou os Apóstolos de uma felicidade tão grande que fez Pedro  exclamar: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas…” Pedro quer prolongar a situação! O que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali, mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-Lo por trás das circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos com Ele, tanto faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou prostrados na cama de um hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é somente isto: Vê-Lo e viver sempre com Ele! Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante na vida presente e na outra. Desejo ver-Te, Senhor, e procurarei o Teu rosto nas circunstâncias habituais da minha vida!
A vida dos homens é uma caminhada para o Céu, que é a nossa morada (2 Cor 5,2). Uma caminhada que, às vezes, se torna áspera e difícil, porque com freqüência devemos remar contra a corrente e lutar com muitos inimigos interiores ou de fora.Mas o Senhor quer confortar-nos com a esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros ou quando se torna mais patente a fraqueza da nossa condição: “À hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade” (São Josemaria Escrivá, Caminho, nº 139).
O pensamento da glória que nos espera deve animar-nos na nossa luta diária. Nada vale tanto como ganhar o Céu. Ensina Santa Teresa: “ E se fordes sempre avante com esta determinação de antes morrer do que desistir de chegar ao termo da jornada, o Senhor, mesmo que vos mantenha com alguma sede nesta vida, na outra, que durará para sempre, vos dará de beber com toda a abundância e sem perigo de que vos venha a faltar” (Caminho de Perfeição, 20,2).
“Este é o meu Filho amado. Escutai o que Ele diz” (Mc 9,7). E Deus Pai fala através de Jesus Cristo a todos os homens de todos os tempos. A sua voz faz-se ouvir em todas as épocas, sobretudo através dos ensinamentos da Igreja…
Nós devemos encontrar esse Jesus na nossa vida corrente, no meio do trabalho, na rua, nos que nos rodeiam, na oração, quando nos perdoa no Sacramento da Penitência (Confissão), e sobretudo na Sagrada Escritura, onde se encontra verdadeira, real e substancialmente presente. Devemos, aprender a descobri-Lo nas coisas ordinárias, correntes, fugindo da tentação de desejar o extraordinário.
Escutar e anunciar!…
Não podemos ficar no Monte… de braços cruzados… O seguidor de Cristo deve descer do monte para enfrentar o mundo e os problemas dos homens!
Somos convidados a ser Missionários da Transfiguração!
Mons. José Maria Pereira.

Tribulações e consolações

O conhecido poema “pegadas na areia” relata a observação que uma pessoa fazia ao estar numa praia e perceber que nos momentos mais felizes da sua vida existiam duas pegadas na areia: as do Senhor e as suas. Deus estava presente nos momentos de felicidade. Mas… que decepção! Nos momentos de dificuldade, a mesma pessoa notava que só existia uma pegada na areia. Ao perguntar ao Senhor o porquê daquilo, Deus lhe respondeu que nos momentos mais difíceis Ele a segurava nos braços sem que ela mesma percebesse isso. Surpresa maior ainda: as pegadas eram do Senhor!
O Evangelho deste domingo nos relata a transfiguração do Senhor. Ao olharmos um pouco o contexto, observamos que Jesus tinha anunciado aos seus que “é necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas. É necessário que seja levado à morte e ressuscite ao terceiro dia” (Lc 9,22); que ele tinha falado também que se alguém o quisesse seguir que tomasse a cruz (cf. Lc 9,23-24); por outro lado, alguns discípulos esperavam um messias político que vencesse pela força de um exército dominador o poder dos romanos, de cujo jugo desejavam ver-se livres.
Tendo em conta tudo isso, podemos dizer que os discípulos encontravam-se bastante desnorteados e até mesmo desanimados. A transfiguração do Senhor é um consolo. De fato, dizia São Leão Magno que “o fim principal da transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz”; trata-se de uma “gota de mel” no meio dos sofrimentos. A transfiguração ficou muito gravada na mente dos três apóstolos que estavam com Jesus, anos mais tarde São Pedro lembrar-se-ia deste fato na sua segunda epístola: “Este é o meu filho muito amado, em quem tenho posto todo o meu afeto”. Esta mesma voz que vinha do céu nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo” (2 Pd 1,17-18).  Ele, Jesus, continua dando-nos o consolo – quando necessário – para podermos continuar caminhando e para que nunca desistamos.
 Uma pergunta?Vale a pena seguir alguém que vai morrer na Cruz semelhante pôde ter passado pela mente dos discípulos do Senhor como também pôde ter passado alguma vez pela nossa, quiçá formulada de outra maneira. A primeira leitura nos apresentou o relato da grande prova ao qual Abraão – o pai de todos os crentes – foi submetido (cf. Gn 22). O relato faz parte das assim chamadas “tradições patriarcais” (Gn 12-36). A prova pela qual Abraão passou foi assaz dramática: sacrificar Isaac, seu filho amado e, além do mais, filho da promessa.
Muitas vezes, também nós passamos por provas espirituais difíceis: parece que Deus não me ouve, que ele está longe de mim, não liga para mim, muda de planos e que “não está nem aí” para os meus planos. Os discípulos de Jesus têm uma sensação semelhante diante do anúncio da Paixão e do seguimento exigido por Jesus: encontravam-se diante de um projeto que eles não tinham imaginado. E  Você? Vale a pena, discípulos de Cristo? Vale a pena, Abraão?agora, vale a pena que lê esse texto: vale a pena? Hoje em dia, você e eu só estamos no serviço do Senhor porque aqueles primeiros viram que valia a pena e porque livremente vimos, nós também, que vale a pena.
Os discípulos da transfiguração são os mesmos do Monte das Oliveiras, os da alegria são também os da agonia. É preciso acompanhar o Senhor em suas alegrias e em suas dores. As alegrias preparam-nos para o sofrimento e o sofrimento por e com Jesus dá-nos alegria. Os discípulos, que estavam desanimados diante do Mistério da Cruz, são consolados por Jesus na transfiguração e preparados para os acontecimentos vindouros, como, por exemplo, ?o terrível sofrimento que Ele padecerá no Getsêmani. Vale a pena segui-lo Certamente.
Quais poderiam ser os nossos propósitos para este domingo? Trabalhar com desejos de eternidade, olhar as tribulações e contrariedades como uma benção santificadora do Senhor, fazer muitos atos de esperança (“Senhor, eu espero em ti”), pensar muitas vezes durante o dia na presença de Deus junto a nós em todos os momentos, viver na certeza de que nós podemos sempre falar com Deus. Ele é nosso Pai.
Pe. Françoá Costa


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

1º DOMINGO DA QUARESMA 2015

1º DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA (Diácono Ismael)
Tema: “O tempo já se completou e o Reino está próximo. Convertei-vos!”
Deus oferece uma nova vida; Precisamos mudar o nosso rumo.
Primeira leitura: Através do dilúvio Deus faz nascer uma nova humanidade e faz com ela
                           uma Aliança.
Evangelho: Jesus mostra que na renúncia ao egoísmo e na aceitação dos projetos de Deus
               está a origem do mundo novo que Deus quer (o “Reino de Deus”).
Segunda leitura: Pedro nos lembra que pelo Batismo, os cristãos aderiram a Cristo e com Ele
     devemos seguir no caminho do amor, do serviço e do dom da vida; o Reino está entre nós. 

5. PRIMEIRA LEITURA (Gn 9,8-15) Leitura do livro do Gênesis.
Disse Deus a Noé e a seus filhos: “Eis que vou estabelecer minha aliança convosco e com vossa descendência, com todos os seres vivos que estão convosco... : nunca mais ...haverá mais dilúvio para devastar a terra”....: “Este é o sinal da aliança...: ponho meu arco nas nuvens...”.

AMBIENTE - São lendas e mitos de outros povos. Os catequistas de Israel tomaram esses mitos, adaptaram-nos, ao serviço da transmissão da sua própria fé. A arqueologia dá conta de várias inundações catastróficas entre 4000 e 2800 a.C.. Não se tratou de um dilúvio universal; mas, a fantasia popular teria feito dessas inundações um “castigo universal”. O autor bíblico vai usá-las como catequese e transmitir uma mensagem religiosa; Jahwéh não fica de braços cruzados quando os homens pecam, ou os justos lhe invocam. Mas, porque Deus não castiga às cegas bons e maus, os autores vão propor a história do justo Noé e da sua família, salvos por Deus da catástrofe, abençoou Noé e a sua família (cf. Gn 9,1-7) e fez uma Aliança com eles.

MENSAGEM - A Aliança com Noé é diferente da Aliança feita com Abraão, ou da Aliança no Sinai. Nas outras Alianças, um indivíduo ou um Povo aceitavam ou não esse desafio; se não aceitassem, não haveria Aliança… A Aliança com Noé não implica adesão, nem promessa, por parte do homem, de não voltar a pecar. A Aliança com Noé é puro dom de Deus, um fruto do seu amor e da sua misericórdia. O sinal desta Aliança será o arco-íris, o “arco de guerra”. Jogando com esta duplicidade, o teólogo sugere que Jahwéh pendurou o seu “arco de guerra”, a fim de demonstrar ao homem as suas intenções pacíficas.

ATUALIZAÇÃO
• Os catequistas pegaram na velha lenda para ensinar que o pecado é algo incompatível com os projetos de Deus; por isso, quando o ódio, a violência, o egoísmo, o orgulho, a prepotência trazem infelicidade aos homens, Deus tem de intervir para corrigir o rumo da humanidade. pecado destrói a vida a felicidade do homem.
• A Aliança com Noé é uma Aliança gratuita e não depende do arrependimento do homem. Esta Aliança revela um Deus que abençoa e abraça o homem, mesmo quando ele continua a pecar e ser infiel. Deus nos ama apesar das nossas infidelidades; e somos convidados a deixar que o amor de Deus nos transforme e nos faça renascer para a vida nova.

9. EVANGELHO (Mc 1,12-15). ... o Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam. Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galiléia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”

AMBIENTE - Marcos apresenta Jesus e nos diz que Jesus é Aquele que vem “batizar no Espírito”, o Filho amado, sobre quem o Pai derrama o Espírito e a quem envia em missão para o meio dos homens, o Messias que enfrenta e vence o mal que oprime os homens, a fim de fazer nascer um mundo novo.

MENSAGEM –
A tentação de Jesus trata-se de uma catequese. Está carregado de símbolos. O deserto é, o lugar do encontro com Deus; foi lugar de uma Aliança. Deserto é também o lugar da “prova”, da “tentação”; Israel sentiu, várias vezes, a tentação de escolher caminhos contrários aos propostos por Deus… O “deserto” para onde Jesus “vai” é, o “lugar” do encontro com Deus e do discernimento dos seus projetos; e é o “lugar” da prova, onde se é confrontado com a tentação de abandonar Deus e de seguir outros caminhos.
Nesse “deserto”, Jesus ficou “quarenta dias”. O número “quarenta” refere-se ao tempo da caminhada do Povo de Israel pelo deserto; mas também é usado para significar “toda a vida” ou o “tempo necessário”. Jesus foi “tentado por Satanás”. A palavra “satanás” designava, originalmente, o adversário que apresentava a acusação (Sal 109,6). Mais tarde, passa a designar uma personagem que integrava a corte celeste e que acusava o homem diante de Deus (Jó 1,6-12). Na época de Jesus, “satanás” já não era considerado uma personagem da corte celeste, mas um espírito mau, inimigo do homem, que procurava destruir o homem e frustrar os planos de Deus. É neste sentido que ele vai aparecer aqui… “Satanás” representa um personagem que vai tentar levar Jesus a esquecer os planos de Deus e a fazer escolhas pessoais, que estejam em contradição com os projetos do Pai.
É provável que Marcos estivesse pensando em tentações de poder e de messianismo político. A tentação pretende, portanto, induzir Jesus a enveredar por um caminho de poder, de autoridade, de violência, de messianismo político, frustrando os projetos de Deus que passavam por um messianismo marcado pelo amor incondicional, pelo serviço simples e humilde, pelo dom da vida.
A referência às “feras” que rodeavam Jesus e aos anjos: Alguns “mestres” de Israel ensinavam que Adão, o primeiro homem, vivia no paraíso em paz completa com todos os animais e que os anjos estavam à sua volta para o servir; mas, quando Adão escolheu o caminho da autossuficiência e se revoltou contra Deus, rompeu-se a harmonia original, os animais tornaram-se inimigos do homem e até os anjos deixaram de o servir. A catequese dos “rabis” adiantava que, quando o Messias chegasse, nasceria um mundo harmonioso, sem violência e sem conflito, onde até os animais ferozes viveriam em paz com o homem. Seria o regresso à harmonia original, ao plano original de Deus para os homens e para o mundo. É isso que Marcos está aqui sugerindo: com Jesus, chegou esse tempo messiânico de paz sem fim, chegou o tempo de regressar a essa harmonia que era o plano inicial de Deus. É também um paralelo entre Adão e Jesus: Adão cedeu à tentação de escolher caminhos contrários aos de Deus e criou inimizade, violência, conflito, escravidão, sofrimento; Jesus escolheu viver na mais completa fidelidade aos projetos de Deus e fez nascer um mundo novo, de harmonia, de paz, de amor, de felicidade sem fim.
Em síntese: Jesus confrontou-Se com duas propostas de vida: ou viver na fidelidade aos projetos do Pai, fazendo da sua vida uma entrega de amor, ou enveredando por um caminho messiânico de poder, de violência, de autoridade, ao jeito dos grandes deste mundo. Jesus escolheu viver na obediência às propostas do Pai; da sua opção, vai surgir um mundo de paz e de harmonia, um mundo novo que reproduz o plano original de Deus.
Na segunda parte, Marcos transporta-nos para a Galileia, onde Jesus aparece a concretizar esse plano salvador do Pai que, na cena anterior, Ele escolheu cumprir. Jesus anuncia que “chegou o tempo”, o “tempo” doReino de Deus”. A catequese referia-se a Jahwéh como a um rei que governa o seu Povo. Os reis terrenos eram homens escolhidos e ungidos por Jahwéh para governar o Povo, em lugar do verdadeiro rei que era Deus. O exemplo mais típico de um rei/servo de Jahwéh foi David. A saudade deste rei ideal e do tempo ideal de paz e de felicidade em que Jahwéh reinava (através de David) vai marcar toda a história futura de Israel. Nas épocas de crise, o Povo sonhava com o regresso aos tempos gloriosos de David. Os profetas vão alimentar a esperança anunciando a chegada de um tempo, no futuro, em que Jahwéh vai voltar a reinar sobre Israel e vai restabelecer a situação ideal da época de David. Essa missão será confiada a um “ungido” que Deus vai enviar ao seu Povo. Esse “ungido” estabelecerá, então, um tempo de paz, de justiça, de abundância, de felicidade sem fim – isto é, o tempo do “reinado de Deus”.
O “Reino de Deus” é, portanto, uma noção que resume a esperança de Israel num mundo novo, de paz e de abundância, preparado por Deus para o seu Povo. Esta esperança está bem viva no coração de Israel  e Jesus então diz: “cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus”. Jesus começa a construção desse “Reino” pedindo a conversão (“metanóia”) e o acolhimento da Boa Nova (“evangelho”).
“Converter-se” significa transformar a mentalidade e os comportamentos, assumir uma nova atitude de base, reformular os valores que orientam a própria vida, de modo a que Deus passe a estar no centro da existência do homem. Para Jesus, não é possível que esse mundo novo sem que o homem renuncie ao egoísmo, ao orgulho, à autossuficiência e passe a escutar, de novo, Deus e as suas propostas.
“Acreditar” é aderir à pessoa de Jesus, escutar a sua proposta, acolhê-la no coração, fazer dela o guia da própria vida. “Acreditar” é escutar essa “Boa Notícia” de salvação e de libertação (“evangelho”) que Jesus propõe e fazer dela o centro à volta do qual se constrói toda a existência. “Conversão” e “adesão ao projeto de Jesus” são duas faces de uma mesma moeda: a construção de um homem novo, com uma nova mentalidade, com novos valores. Então, teremos um mundo novo – o “Reino de Deus”.

ATUALIZAÇÃO • Jesus foi confrontado com opções. Ele teve de escolher entre viver na fidelidade aos projetos do Pai ou enveredar por um caminho de egoísmo, de poder, de autossuficiência. Jesus escolheu viver na obediência às propostas do Pai. Os discípulos de Jesus são confrontados com as mesmas opções. Seguir Jesus é perceber os projetos de Deus e cumpri-los fielmente, fazendo da própria vida uma entrega de amor e um serviço aos irmãos.
• Ao dispor-se a cumprir o projeto do Pai, Jesus começou a construir um mundo novo, de harmonia, de justiça, de reconciliação, de amor e de paz. A esse mundo novo, Jesus chamava “Reino de Deus”.
• O “Reino de Deus” exige a “conversão”. “Converter-se” é, antes de mais, renunciar a caminhos de egoísmo e de autossuficiência e centrar a própria vida em Deus, de forma a que Deus e os seus projetos sejam sempre a nossa prioridade máxima. Implica modificar a nossa mentalidade, os nossos valores, as nossas atitudes, a nossa forma de encarar Deus, o mundo e os outros. Exige que sejamos capazes de renunciar ao egoísmo, ao orgulho, à autossuficiência, ao comodismo e que voltemos a escutar Deus e as suas propostas.
• O “Reino de Deus” exige, também, o “acreditar” no Evangelho. “Acreditar” é aderir à pessoa de Jesus e ao seu projeto de vida. Jesus propôs aos homens uma vida de amor total, de doação, de serviço simples e humilde, de perdão sem limites. O “discípulo” é alguém que está disposto a escutar Jesus e segui-lo no caminho do amor e do dom da vida.
• Todos os batizados são chamados a “converter-se”, a “acreditar no Evangelho”, a seguir Jesus nesse caminho de amor e de dom da vida. Esse chamamento exige que o “Reino” se torne o valor fundamental.
• O “Reino” é uma realidade que Jesus começou e que já está na nossa história. Através dos gestos de bondade, de serviço, de doação, de amor gratuito que acontecem à nossa volta são um sinal visível do amor de Deus nas nossas vidas. Não é uma realidade que construímos de uma vez, mas é uma realidade sempre em construção. Em cada dia que passa, temos de renovar o compromisso com o “Reino” e empenharmo-nos na sua edificação.

7. SEGUNDA LEITURA (1Pd 3,18-22) Carta de São Pedro: Cristo morreu... por causa dos pecados... a fim de nos conduzir a Deus. Sofreu a morte, ...mas recebeu nova vida pelo Espírito. No Espírito, ele foi também pregar ...aos que foram desobedientes antigamente, ...nos dias em que Noé construía a arca. Nesta arca, umas poucas pessoas - oito - foram salvas por meio da água. À arca corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação. Pois o batismo não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo. Ele subiu ao céu e está à direita de Deus, submetendo-se a ele anjos, dominações e potestades.

AMBIENTE - O autor é um cristão que conhece a situação das comunidades da Ásia Menor. Ele escreve em finais do séc. I (nunca antes dos anos 80). Exorta a manterem-se fiéis à sua fé, apesar das dificuldades. Convida-os a olharem para Cristo, que passou pela paixão e cruz, antes de chegar à ressurreição; e exorta-os a manterem a esperança, o amor, a solidariedade, vivendo com alegria e fidelidade a sua opção cristã.

MENSAGEM - Cristo, partilhou as nossas dores e limitações, a fim de realizar o projeto de salvação que o Pai tinha para os homens. Ele que era justo e bom aceitou morrer para conduzir todos os homens ao encontro da vida verdadeira, da felicidade plena. A sua morte não foi um fracasso, pois foi vivificado pelo Espírito para a glória. A morte e a ressurreição de Cristo atingiu toda a humanidade, mesmo essa humanidade pecadora que conheceu o dilúvio, no tempo de Noé. No dilúvio, o pecado foi afogado e da água ressurgiu uma nova humanidade. A água do dilúvio é uma figura do Batismo. Pelo Batismo, os crentes aderiram a Cristo e à salvação que Ele veio oferecer, comprometeram-se a segui-lO nessa vida de amor, de dom, de entrega, , tornaram-se o princípio de uma nova humanidade. Na água do Batismo, os crentes nasceram para a vida do bem, da justiça e da verdade.
A conclusão: se Cristo propiciou, mesmo aos injustos, a salvação, também os cristãos devem dar a vida e fazer o bem, mesmo quando são perseguidos e sofrem. Comprometidos com Cristo pelo Batismo, eles nasceram para uma vida nova; e devem testemunhar essa vida nova diante de todos os homens, mesmo diante dos maus e dos perseguidores.

ATUALIZAÇÃO • Mais uma vez, o problema do sentido de uma vida feita dom e entrega aos outros, até à morte. Reparemos no exemplo de Cristo: Ele deu a vida pelos pecadores e pelos injustos e encontrou, no final do caminho, a ressurreição, a vida plena.
• Diante das dificuldades, das propostas contrárias aos valores cristãos, é em Cristo que colocamos a nossa confiança e a nossa esperança? Ou é noutros esquemas materiais, imediatos, mais lógicos?
• Diante dos ataques, como nos comportamos? Com a mesma agressividade com que nos tratam? Tratando-os com a lógica do “olho por olho, dente por dente”? Como é que Jesus tratou aqueles que O condenaram e mataram? 
Pe. Manuel Barbosa, Pe. Carvalho, Pe. Joaquim

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A descida de Cristo aos infernos é um dogma de fé que está no credo. Cristo desceu para liberar os justos que o tinham precedido.
Jesus, tendo poder não se ajudou, pois quis ser em tudo igual aos homens (Fl 2,7) e, como vemos hoje, com exceção do pecado (Hb 4, 15), que é sucumbir à tentação.
As tentações de Jesus eram para desviá-lo de sua missão messiânica..  O anjo serve Jesus, porque Ele é superior aos anjos.
O evangelho, além da fé, exige no homem um desejo de modificar sua conduta segundo a Boa Nova. O exemplo de Cristo como aquele que veio servir e não ser servido (Mt 20,28) nos transforma em escravos desse novo esquema de vida, o Reino (Mc 9,35). Assim de escravos do pecado (Jo 8,34) nos transformamos em escravos do Bem, através do serviço ao próximo.. Mas o Cristo os transforma de servos em filhos (Jo 1,12) e ele mesmo, Jesus, quis chamá-los de amigos (Jo 15,15).
Nessa conversão, ao admitir Deus como Pai e os homens como superiores, está a base ética do evangelho. É necessário que aceitemos também a base teológica que é a fé. Por isso Jesus  acrescenta: Crede no evangelho. Isto é, escravos não por temor ou por amor ao lucro, mas porque estamos convencidos de que o serviço é a melhor maneira de atender ao apelo de Deus e às necessidades do próximo.
Uma grande miséria dos cristãos destes tempos é terem perdido a consciência que somos um povo sagrado, vivendo entre os outros povos do mundo.
A Quaresma é um tempo de deserto, de provação, de combate espiritual contra Satanás, o Pai da mentira, o enganador da humanidade. Sem combate não há vitória e não há vida cristã de verdade! A Igreja, dá-nos as armas para o combate: a oração, a penitência e a esmola.
O importante é que ninguém fique indiferente a misericórdia que o Senhor nos concede!
Diz Santo Agostinho que, ninguém se conhece a si mesmo sem ser experimentado, e não pode ser coroado sem ter vencido, e não pode vencer, se não tiver combatido e não pode lutar se não encontrou o inimigo e as tentações.
O demônio promete sempre mais do que pode dar. A felicidade está muito longe das suas mãos. Toda a tentação é sempre um engano! O demônio conta com as nossas ambições.. Muitas vezes, o pior dos ídolos é o nosso próprio eu. Temos que vigiar, em luta constante, porque dentro de nós permanece a tendência de desejar a glória humana. Jesus também se dirige a nós quando diz: “Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás”. E é isto o que nós desejamos e pedimos: servir a Deus alicerçados na vocação a que Ele nos chamou.
O Senhor está sempre ao nosso lado, em cada tentação, e nos diz afetuosamente: “Confiai: Eu venci o mundo” (Jo16, 33). E com o salmista podemos dizer: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei?” (Sl 26, 1).
“Procuremos fugir das ocasiões de pecado, pois aquele que ama o perigo nele perecerá” (Eclo 3, 27). Jesus nos ensinou: “Não nos deixeis cair em tentação”. Na Quaresma somos todos chamados ao deserto, para um confronto conosco mesmos, com Deus e com o próximo e os bens materiais. Somos chamados a despojar-nos de nós mesmos para nos revestir de Deus.
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No Deserto

Estamos no início da QUARESMA.
Quaresma é o grande retiro espiritual dos cristãos em preparação da festa da Páscoa.
É o coração do ano litúrgico e o cume da fé cristã.
Na Igreja Primitiva, na Quaresma fazia-se a preparação próxima do Batismo.

As Leituras nos introduzem no caminho da renovação do Batismo e nos chamam à conversão.

A 1a Leitura  evoca o Dilúvio, o BATISMO pelo qual todo o Universo teve de passar para que surgisse uma nova
criação. (Gn 9,8-15)

Começamos a ler a Historia da salvação a partir do episódio do Dilúvio, quando Deus salvou o justo Noé e sua família e fez a primeira Aliança com a humanidade.

Através do dilúvio, Deus purificou a humanidade corrompida. 
O Dilúvio foi o grande batismo de todo o Universo, que renasceu das águas para estabelecer uma nova Aliança.
E o arco-íris deixado por Deus no céu foi o sinal dessa Aliança, desse abraço entre o céu e a terra, entre Deus e os homens.

A 2a Leitura, nos lembra que as águas purificadoras do Dilúvio são imagem das águas purificadoras do Batismo. (1Pd 3,18-22)

* Pedro interpreta a figura de Noé e do Dilúvio em chave batismal.
   É uma antiga catequese Batismal da Igreja primitiva.

O Evangelho resume as palavras inaugurais do ministério de Jesus, proclamando a graça do reino e chamando os homens à conversão. (Mc 1,12-15)

O episódio das TENTAÇÕES de Jesus no DESERTO, mais do que uma narrativa histórica, trata-se de uma Catequese. 
- "O deserto", para os judeus, é o lugar privilegiado do encontro com Deus.
Foi no deserto que o Povo experimentou o amor e a solicitude de Deus e foi no deserto que Deus propôs a Israel uma Aliança.
Foi também no deserto, que Israel tentou Deus: Valia a pena o êxodo: Não seria melhor permanecer no Egito ao redor das panelas de carne e cebolas.
- Para Jesus o "deserto" é o "lugar" do encontro com Deus e do discernimento dos seus projetos. E é o "lugar" da prova, da tentação de abandonar Deus e de seguir outros caminhos.
- "Quarenta dias" é um número simbólico, que lembra o tempo da caminhada do Povo no deserto e a experiência de Moisés e de Elias.
- "Satanás" representa os que se opõem ao estabelecimento do seu Reino.
- "As tentações": Marcos não especifica as tentações, mas elas simbolizam as provações que Jesus enfrentou ao longo de toda a sua vida para se manter fiel à missão confiada por Deus.
Elas resumem também as tentações de todos nós...

A vida de Jesus será uma luta constante de superação até a vitória definitiva na cruz, através da Ressurreição.
Da sua opção, vai surgir um mundo de paz e de harmonia.
Jesus aparece como o novo Adão, que vence o tentador.
Vencendo a tentação, Jesus inaugura a Aliança definitiva, mais importante que a de Noé.

Após ser Batizado e ter superado as Tentações no DESERTO, Jesus inicia o seu trabalho apostólico, proclamando:
 "O Reino já chegou... Convertei-vos e crede no evangelho".
As mesmas palavras, que ouvimos quarta feira passada ao receber as cinzas e que são um resumo do espírito da Quaresma, que estamos iniciando.

* QUARESMA é DILÚVIO e DESERTO.

- É Dilúvio que arranca o pecado e leva a construir a área de Salvação   e é Sinal de que Deus está em Paz conosco.
- É Deserto pela espiritualidade do despojamento, que nos propõe.

* QUARESMA é CONVERTER-SE e CRER:

- "Converter-se" é muito mais que fazer penitências ou realizar privações momentâneas.
   É fazer com Deus seja o centro de nossa existência e ocupe sempre o primeiro lugar.

- "Crer" não é apenas aceitar um conjunto de verdades intelectuais.
   É aderir à pessoa de Cristo, escutar a sua proposta, acolhê-la no coração e fazer dela o guia de nossa vida.

A nossa Quaresma:
A Liturgia de hoje nos conscientiza da fidelidade de Deus e da necessidade de morrer ao homem velho
para ressuscitar com Cristo a uma vida nova.
Sinal eficaz desse passo é o Batismo; o caminho é a conversão até a Páscoa.

Gesto concreto:

O que pretendo fazer nesse tempo sagrado da Quaresma?
Planejei gestos concretos:
 - Quais são os momentos especiais de Oração... de Deserto?
 - Qual a minha Penitência quaresmal, proveitosa para mim e agradável a Deus?
 - Quais os atos de Caridade que pretendo realizar?
 - O que poderia fazer para promover a minha saúde e de todos os irmãos, para que "a saúde se difunda sobre a terra".

Esse é o caminho para que a Páscoa aconteça dentro de cada um de nós...

                           Pe. Antônio
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Homilia do PE. PEDRINHO

Irmãos e irmãs, a Quaresma tem como propósito de reflexão, mais que palavras, precisamos entender significados, o símbolo dessas palavras. Nós temos vários personagens apresentados no texto bíblico, tanto no antigo como no Novo Testamento. São personagens que estabelecem alianças com Deus. Cada um, a seu modo, estabelece sua Aliança. Hoje, nós temos aqui relatado, a Aliança que Deus propõe a Noé. É evidente que São Pedro nos dará a liberdade, para afirmar desde o início, que a Arca de Noé é simbólica. O Próprio Pedro vai dizer que o dilúvio era um pré-anúncio, um anúncio antecipado, do Batismo. Portanto, nós não vamos entender o dilúvio como algo historicamente acontecido. Ah, mais então não aconteceu? Isto para nós não é importante. Para quem tem fé, não é importante se aconteceu ou se não aconteceu. O importante é que mensagem eu posso tirar desse relato, disso que está sendo contado. E a mensagem é muito tranquila; Deus controla tudo, inclusive as águas. Ele é que controla quando começa e quando termina de chover. Ele é que decide quando se deve entrar na arca e quando se deve sair. São Pedro nos diz que oito pessoas puderam estabelecer esta aliança junto com Noé. Oito é um número simbólico. Noé e mais sete. Noé coordenado a perfeição que vem de Deus. Sete é um número muito simbólico muito grande, que significa a plenitude. Então, todos os que ouviram, ouvem a Palavra de Deus, por mais turbulenta que possa ser a vida, não se apavore, porque Deus é o Senhor e Ele conduz, estabiliza, protege, ele ajuda e defende a vida das pessoas. Nós temos outros personagens na bíblia, que nos ajuda a entender as atitudes de Jesus. Veja que Jesus vai para o deserto e ali fica quarenta dias jejuando. É muito interessante que também são quarenta dias de dilúvio. Portanto, é também um número simbólico, para dizer O TEMPO NECESSÁRIO para que de fato Ele pudesse iniciar a sua missão. E a missão de Jesus está, de certa maneira, muito ligada a missão de João Batista; João Batista é alguém que procurou preparar o caminho do Senhor e no momento em que Jesus fica sabendo que João Batista foi preso, Ele compreende que ali começa a sua missão que ele veio realizar. Ao enfrentar Satanás , são Marcos vai nos ajudando e nos ensinando, que a vinda de Jesus é para expulsar Satanás da vida das pessoas. Ora, por que Satanás aparece nos mesmo textos que são falados de aliança? Porque aliança é de fato um pacto entre duas partes; no nosso caso, de um lado Deus e de outro Noé. Mas você tem também a aliança do matrimônio, aliança estabelecida entre duas partes; o esposo e a esposa. Qual é o pacto estabelecido aí? A fidelidade. Deus estabelece nunca mais abandonar o ser humano e o ser humano, porque este é o pacto, a servir somente ao único e verdadeiro Deus. E aí diz Deus: para lembrar tudo isto terá o Arco Iris, sinal desta aliança. Toda a aliança terá sempre um sinal. Por isso, os casais trazem a aliança; é o anel que por ser o sinal do pacto, acabou também de ser chamado de aliança. Ora, o que é Satanás? Satanás é aquele que rompe a aliança. É aquele que colabora para que uma das partes não seja fiel. Satanás é uma proposta contrária a proposta de Deus. Então, de um lado você tem Satanás, e de outro lado você tem o Paráclito. Paraclito é o Defensor. Dentro de um julgamento você tem o defensor e o advogado de acusação, que é o promotor.  O Promotor procura mostrar que a pessoa é culpada e o advogado defensor procura mostrar que a pessoa é inocente. Quem é o nosso grande defensor? Deus. Por isso nós o chamamos de Paráclito. Quem é o nosso grande acusador? Satanás. E porque eu digo que ele é o acusador? Em primeiro porque é isto que entendemos em toda a teologia. Em segundo, porque Deus não precisa nos testar para saber até onde nós conseguimos ir. Se Ele precisar nos testar, Ele de fato não é Deus, porque Deus conhece tudo.  Quem é que não conhece tudo? Satanás. Ele é que nos vai por a prova, para ver até onde eu resisto. É muito interessante isto. Porque muitas vezes, nós atribuímos a Deus aquilo que Satanás faz. Eu nunca ouvi alguém dizer; porque Satanás está me tentando? Mas sempre: por que  Deus está me provando? Olha aí! Deus não prova, mas se coloca ao lado para defender, para animar as pessoas a serem fiéis. Este jogo, estas duas forças, de um lado os anjos e de outro satanás, vão estar presentes na vida de Jesus, para dizer que todos nós somos tentados, mas temos Deus a nosso serviço, entendido nesse sentido, de que Ele está ali para nos amparar sempre. Então, meus irmãos e irmãs, diante desta realidade toda simbólica, todos nós temos uma pergunta a fazer; Jesus anunciou que o tempo estava próximo e começou a sua missão. E eu? Quais são os sinais que me levam a levar a minha missão em bom termo? A realizar algo? E aí cada um tem a sua história para contar. Se ainda eu não me dei conta de que tenho uma missão a realizar, este é um tempo de CONVERSÃO. “Convertei-vos e crede no Evangelho”,  disse Jesus. Se eu já me dei conta que tenho uma missão a realizar, este é o tempo de confirmar esta Aliança com Deus. Sabendo que Satanás pode me por a prova, mas “se Deus é por nós, quem será contra nós”.  É por isso então, que concluo a reflexão; são Pedro vai nos dizer que a arca corresponde ao batismo, que hoje é a vossa salvação. Ora, o Batismo é a nossa grande Aliança, grande pacto realizando entre Deus e nós; Deus nos terá sempre como filho e nós temos sempre a Deus como Pai. Que nesta caminhada, possamos experimentar toda esta grandeza de Deus e que também tenhamos coragem para enfrentar as tentações que aparecem a todo aquele que quer servir a Deus e aos irmãos.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO

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Homilia de D. Henrique Soares
Chegaram, para nós, os sagrados dias da Quaresma: dias de oração, penitência, esmola, combate aos vícios e leitura espiritual. Esses dias tão intensos nos preparam para as alegrias da Santa Páscoa do Senhor. Estejamos atentos, pois não celebrará bem a Páscoa da Ressurreição quem não combater bem nos dias roxos da Quaresma.
A Palavra que o Senhor nos dirige já neste Primeiro Domingo é uma séria advertência neste sentido. A leitura do Gênesis nos mostrou como Deus é cheio de boas intenções e bons sentimentos em relação a nós: depois de haver lavado todo pecado da terra pelo dilúvio, misericordiosamente, o Senhor nosso Deus fez aliança com toda a humanidade e com todas as criaturas: “Eis que vou estabelecer minha aliança convosco e com todos os seres vivos! Nunca mais criatura alguma será exterminada pelas águas do dilúvio.” E, de modo poético, comovente, o Senhor colocou no céu o seu arco, o arco-íris, como sinal de paz, de ponte que liga a criatura ao Criador: “Ponho meu arco nas nuvens, como sinal de aliança entre mim e a terra!” Com esta imagem tão sugestiva, a Escritura Sagrada nos diz que os pensamentos do Senhor em relação a nós são de paz e salvação. Podemos rezar como o Salmista: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos; sois o Deus da minha salvação! Recordai, Senhor, meu Deus, vossa ternura e a vossa salvação, que são eternas! O Senhor é piedade e retidão, e reconduz ao bom caminho os pecadores!”
Ora, caríssimos, se já a aliança após o dilúvio revelava a benignidade do coração de Deus, é em Cristo que tal bondade, tal misericórdia, tal compaixão se nos revelam totalmente: “Cristo morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus!” Não é este Mistério tão grande que vamos celebrar na Santa Páscoa? Nosso Senhor, morto na sua natureza humana, isto é, morto na carne, foi justificado, ressuscitado pelo Pai no Espírito Santo para nos dar a salvação definitiva, selando conosco a aliança eterna, da qual aquela de Noé era apenas uma prefiguração. Deus nos salvou em Cristo, dando-nos o seu Espírito Santo, recebido por nós nas águas do Batismo, que purificam mais que aquelas outras, do dilúvio! Nunca esqueçamos: fomos lavados, purificados, gerados de novo, no santo Batismo. Somos membros do povo da aliança nova e eterna, somos uma humanidade nova, nascida “não da vontade do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1,12). Somos o povo santo de Deus, povo resgatado pelo sangue de Cristo, povo que vive no Espírito Santo que o Ressuscitado derramou sobre nós. Uma grande miséria dos cristãos destes tempos nossos é terem perdido a consciência que somos um povo sagrado, vivendo entre os outros povos do mundo. Brasileiros, argentinos, mexicanos, estadunidenses, europeus, asiáticos, africanos… não importa: aqueles que crêem em Cristo e nele foram batizados, são a sua Igreja, são o povo santo de Deus, congregado no Corpo do Senhor Jesus, para formar um só templo santo no Espírito de Cristo! Somos um povo que vive entre os pagãos, um povo que vive espalhado por toda a terra, Igreja dispersa pelo mundo inteiro, que deve viver no mundo sem ser do mundo! A miséria nossa é querermos ser como todo mundo, viver como todo mundo, pensar e agir como todo mundo. Isso é trair a nossa vocação de povo sagrado, povo sacerdotal, povo que deve, com a vida e a boca cantar as maravilhas daquele que nos chamou das trevas para a sua luz admirável! (cf. 2Pd 2,9) Convertamo-nos! Sejamos dignos da nossa vocação!
Eis o tempo da Quaresma! Somos convidados nestes dias a retomar a consciência de ser este povo santo. E como fazê-lo? Como Jesus, o Santo de Deus, que passou quarenta dias no deserto em combate espiritual, sendo tentado por Satanás. A Quaresma é um tempo de deserto, de provação, de combate espiritual contra Satanás, o Pai da mentira, o enganador da humanidade. Sem combate não há vitória e não há vida cristã de verdade! A Igreja, dá-nos as armas para o combate: a oração, a penitência e a esmola. A Igreja nos pede neste tempo, que combatamos nossos vícios com mais atenção e empenho; a Igreja nos recomenda a leitura da Sagrada Escritura e de livros edificantes, que unjam o nosso coração. Deixemos a preguiça, cuidemos do combate espiritual! Que cada um programe o que fazer a mais de oração. Há tantas possibilidades: rezar um salmo todos os dias, rezar todo o saltério ao longo da Quaresma, rezar a via-sacra às quartas e sextas-feiras. Quanto à penitência, não enganemos o Senhor! Que cada um tire generosamente algo da comida durante todos os dias da Quaresma (exceto aos domingos); que se abstenha da carne às sextas-feiras, como sempre pediu a tradição ascética da Igreja, que tire também algo das conversas inúteis, dos pensamentos levianos, dos programas de TV tão nocivos à saúde da alma! E a esmola, isto é, a caridade fraterna? Há tanto que se pode fazer: acolher melhor quem bate à nossa porta, aproximar-nos de quem necessita de nossa ajuda, reconciliarmo-nos com aqueles de quem nos afastamos, visitar os doentes e presos… No Brasil, a Igreja procura também dá um tema e uma direção comunitária à caridade fraterna, com a Campanha da Fraternidade. Assim, os Bispos pedem que, neste ano, nossa caridade comunitária esteja atenta ao problema da segurança pública e sua causas. Que nós estejamos mais atentos aos problemas ligados à segurança, recordando sempre que a paz verdadeira e duradoura é fruto da justiça: justiça como obediência ao Senhor Deus e justiça como reto comportamento em relação ao próximo, que significa respeito pela dignidade do outro, espírito de partilha e de solidariedade que socorre nas necessidades. Quanto ao combate dos vícios, que cada um veja um vício dominante e cuida de combatê-lo com afinco nesses dias! Escolha também uma leitura espiritual para o tempo quaresmal, leitura que alimente a mente e o coração. Esta leitura, mais que um estudo, deve ser uma oração, um refrigério para o coração, uma leitura edificante, que nos faça tomar mais gosto pelas coisas de Deus… Vamos! Deixemos a preguiça, combatamos o combate da nossa salvação! Finalmente, que ninguém esqueça a confissão sacramental, para celebrar dignamente a Páscoa sagrada. Se alguém não puder se confessar por se encontrar em situação irregular perante Cristo e a Igreja, que não se sinta excluído! Procure o sacerdote para uma direção espiritual, uma revisão de vida e peça uma bênção, que, certamente, não lhe será negada. Não é a confissão, não permite o acesso à comunhão sacramental, mas é também um modo medicinal de aliviar o coração e ajudar no caminho do Senhor!
O importante, caríssimos, em Cristo, é que ninguém fique indiferente a mais essa oportunidade que a misericórdia do Senhor nos concede! Notem que somente depois do combate no deserto é que Jesus nosso Senhor saiu para anunciar a Boa Nova do Reino. Também cada um de nós e a Igreja como um todo, somente poderá testemunhar o Reino que Cristo nos trouxe se tiver a coragem de enfrentar o deserto interior e combater o combate da fé! Não recebamos em vão a graça de Deus! Que ele, na sua imensa misericórdia, nos conceda uma santa Quaresma! Amém.
D. Henrique Soares
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Fé e penitência

“Fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Essas palavras do Senhor mostram a conexão necessária entre a fé e a conversão, entre ser cristão e a mudança de vida à qual ele nos chama. O cristianismo é uma realidade que transforma todo o nosso ser, também a nossa maneira de pensar e de agir, a realidade cristã “nos faz a cabeça e o coração”.
“Já não vos é permitido trazer aquela velha túnica, digo, não esta túnica visível, mas o homem velho corrompido pelas concupiscências falazes. Oxalá a alma, uma vez despojada dele, jamais torne a vesti-lo” (São Cirilo de Jerusalém, Segunda Catequese Mistagógica sobre o Batismo, 2). Quem se aproxima de Deus se transforma numa criatura nova, pois assim como não é possível aproximar-se do sol sem se queimar ou entrar na água sem se molhar, tampouco é possível aproximar-se de Deus sem se transformar.
Nesta quaresma, temos “um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé” (Bento XVI, Mensagem para a Quaresma de 2012). Mas não pensemos em grandes façanhas, já que as verdadeiras batalhas se travam no dia-a-dia e nas pequenas coisas da nossa existência. Deixar de beber refrigerante durante a Quaresma é bom, melhor ainda seria deixar a aspereza e a falta de educação; não comer carne durante esses dias é algo louvável, mais excelente ainda é viver o pudor e a modéstia no vestir; não comer chocolate durante esse tempo de penitência é algo excelente, contanto que nos ajude a vencer a gula, especialmente a voracidade; não ver televisão durante a quaresma é excelente, mais excelente ainda se abandonássemos de uma vez por todas essas novelas que ferem constantemente a dignidade humana e a nobreza cristã.
Alguém poderia me dizer que o ótimo pode ser inimigo do bom. De acordo! Por isso eu não desvalorizei em momento algum as coisas boas. No entanto, resisto não ter em conta aquelas belas palavras do nosso queridíssimo Bento XVI: “Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre atual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millenio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10)”.
Essa “medida alta da vida cristã” começa com uma vida de fé, na qual se insere necessariamente a mudança de mentalidade e de costumes daqueles que aderiram à Palavra de Deus e aos Sacramentos. Um dos aspectos da virtude sobrenatural da fé é o abandono em Deus, a confiança no Senhor, de tal maneira que ele passa a ser o nosso apoio, a nossa rocha; nele depositamos todo o nosso existir. No fundo o crescimento na vida espiritual será um crescimento no abandono em Deus, no diálogo com Deus e na entrega amorosa a ele e aos irmãos por amor a ele.
Aproveitemos o convite que a liturgia da Igreja nos dirige neste primeiro domingo da Quaresma para examinarmo-nos sobre aquelas coisas que ainda nos afastam de Deus e dos nossos irmãos, que nos impedem de crescer na fé e no espírito de penitência, que nos atrasam no caminho do amor.
Pe. Françoá Costa
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As Tentações de Jesus!

O 1º Domingo da Quaresma nos apresenta todos os anos o mistério do jejum de Jesus no deserto, seguido das tentações (cf. Mc 1 ,12-15).
Quaresma é para nós um tempo forte de conversão e renovação em preparação à Páscoa. É tempo de rasgar o coração e voltar ao Senhor. Tempo de retomar o caminho e de se abrir à graça do Senhor, que nos ama e nos socorre. É um tempo sagrado para aprofundar o Plano de Deus e rever a nossa vida cristã. E nós somos convidados pelo Espírito ao DESERTO da Quaresma para nos fortalecer nas TENTAÇÕES, que freqüentemente tentam nos afastar dos planos de Deus.
A Quaresma comemora os quarenta dias que Jesus passou no deserto, como preparação para esses anos de pregação que culminam na CRUZ e na glória da Páscoa. Quarenta dias de oração e de penitência que, ao findarem, desembocam na cena que Marcos narra no cap. 1 ,12-15. É uma cena cheia de mistério, que o homem em vão pretende entender – Deus que se submete à tentação, que deixa agir o Maligno –, mas que pode ser meditada se pedirmos ao Senhor que nos faça compreender a lição que encerra.
É a primeira vez que o demônio intervém na vida de Jesus, e faz isto abertamente. Põe à prova Nosso Senhor; talvez queira averiguar se chegou a hora do Messias. Jesus deixa-o agir para nos dar exemplo de humildade e para nos ensinar – diz São João Crisóstomo –, quis também ser conduzido ao deserto e ali travar combate com o demônio a fim de que os batizados, se depois do batismo sofrem maiores tentações, não se assustem com isso, como se fosse algo de inesperado. Se não contássemos com as tentações que temos de sofrer, abriríamos a porta a um grande inimigo: o desalento e a tristeza.
A narrativa das tentações que Jesus sofreu mostra que Jesus “foi experimentado em tudo” (Hb 4, 15), comprovando também a veracidade da Encarnação do Verbo de Deus.
Diz Santo Agostinho que, na sua passagem por este mundo nossa vida não pode escapar à prova da tentação, dado que nosso progresso se realiza pela prova. De fato, ninguém se conhece a si mesmo sem ser experimentado, e não pode ser coroado sem ter vencido, e não pode vencer, se não tiver combatido e não pode lutar se não encontrou o inimigo e as tentações.
Por isso, a existência do ser humano nesta terra é uma batalha contínua contra o mal. É esta luta contra o pecado, a exemplo de Cristo, que devemos intensificar nesta Quaresma; luta que constitui uma tarefa para a vida toda.
O demônio promete sempre mais do que pode dar. A felicidade está muito longe das suas mãos. Toda a tentação é sempre um engano miserável! Mas, para nos experimentar, o demônio conta com as nossas ambições. E a pior delas é desejar a todo o custo a glória pessoal; a ânsia de nos procurarmos sistematicamente a nós mesmos nas coisas que fazemos e projetamos. Muitas vezes, o pior dos ídolos é o nosso próprio eu. Temos que vigiar, em luta constante, porque dentro de nós permanece a tendência de desejar a glória humana, apesar de termos dito ao Senhor que não queremos outra glória que não a dEle. Jesus também se dirige a nós quando diz: “Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás”. E é isto o que nós desejamos e pedimos: servir a Deus alicerçados na vocação a que Ele nos chamou.
O Senhor está sempre ao nosso lado, em cada tentação, e nos diz afetuosamente: “Confiai: Eu venci o mundo” (Jo16, 33). E com o salmista podemos dizer: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei?” (Sl 26, 1).
“Procuremos fugir das ocasiões de pecado, por pequenas que sejam, pois aquele que ama o perigo nele perecerá” (Eclo 3, 27). Como Jesus nos ensinou na oração do Pai Nosso: “Não nos deixeis cair em tentação”; é necessário repetir muitas vezes e com confiança essa oração!
Contamos sempre com a graça de Deus para vencer qualquer tentação. Usemos as armas para vencermos na batalha espiritual, que são: a oração contínua, a sinceridade com o diretor espiritual, a Eucaristia, o sacramento da Confissão (Penitência), um generoso espírito de mortificação cristã, a humildade de coração e uma devoção terna e filial a Nossa Senhora.
Na Quaresma somos todos chamados ao deserto, para um confronto conosco mesmos, com Deus e com o próximo e os bens materiais. Somos chamados a despojar-nos de nós mesmos para nos revestir de Deus.
Durante a Quaresma a Igreja, no Brasil, celebra a Campanha da Fraternidade, com o tema: Fraternidade e Saúde Pública, e o lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8)! Como discípulos missionários de Jesus Cristo, todos os cristãos católicos são convocados a promover a vida. Difundir a saúde é cuidar para que todos tenham vida, e a tenham em plenitude.
O cuidado com a saúde é uma exigência fundamental na vida. Zelar pela saúde não é apenas combater as doenças mas principalmente evitá-las. A saúde é dom de Deus, mas é também conquista humana. O zelo pela saúde é responsabilidade de cada pessoa e dever do Estado. A Igreja, através da Pastoral da Saúde, busca ser a voz sensibilizadora e denunciadora do descaso de muitas autoridades e órgãos governamentais onde conta o ter e o poder, onde a saúde é vista como mercadoria e as pessoas doentes com um peso para o Estado.
Por isso, é nossa missão amar, defender e proteger a vida desde a concepção até o seu declínio natural.
Boa Quaresma para todos!
“Que a saúde se difunda sobre a terra”!
Mons. José Maria Pereira
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LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O NOSSO DEUS...
à POR CRISTO, COM CRISTO E EM CRISTO, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
Todos : Senhor, grande é vosso amor; salvai-nos!
à Senhor, nosso Deus e Pai, vossa bondade se estende de geração a geração. Nós vemos vosso arco no céu, sinal de vossa aliança para conosco; Sois Deus de bondade infinita.
T: Senhor, grande é vosso amor; salvai-nos!
à Senhor, nosso Deus e Pai, bendito seja o vosso nome sobre todo o universo. Sois o nosso Deus e somos vosso povo que nos conduzis pela mão.
T: Senhor, grande é vosso amor; salvai-nos!
à Senhor, nosso Deus e Pai, enviai-nos o Espírito Santo para que saibamos compreender os vossos projetos de vida E saibamos amar e fazer o bem a todos.
T: Senhor, grande é vosso amor; salvai-nos!
à Senhor, nosso Deus e Pai, que saibamos vencer o nosso egoísmo e prepotência para podermos ser pessoas de paz de justiça e amor.
T: Senhor, grande é vosso amor; salvai-nos!
à Senhor, nosso Deus e Pai, que saibamos seguir os passos de vosso Filho Jesus Cristo no amor, na doação e no serviço humilde para com o nosso próximo.
T: Senhor, grande é vosso amor; salvai-nos!
à Senhor, nosso Deus e Pai, abençoai-nos para que saibamos cumprir a vossa vontade aqui na terra, para que o Vosso Reino venha a nós.

T: Senhor, grande é vosso amor; salvai-nos! Pai nosso, Paz, Cordeiro...