3º DOMINGO DA QUARESMA (Adaptado pelo diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema: “Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer” Somos chamados a
repensar a nossa existência. O Deus libertador propõe-nos a transformação em pessoas
novas, para que em nós se manifeste a vida de Deus.
Primeira leitura: Deus quer que nos despojemos do orgulho, egoísmo e autossuficiência.
O Evangelho é um convite a uma transformação de mentalidade de forma que Deus seja o
centro.
A segunda leitura avisa-nos que só o rito externo não basta; tem que ser de coração.
PRIMEIRA LEITURA (Ex 3,1-8a.13-15) Moisés chegou ao Horeb. Apareceu lhe o anjo do Senhor
numa chama de fogo, do meio de uma sarça. O Senhor chamou-o dizendo: “Moisés! “Não te aproximes!
Tira as sandálias dos pés: “Eu sou o Deus de teus pais. Moisés cobriu o rosto.
E o Senhor lhe disse: “Eu vi a aflição do meu povo. Desci para libertá-los para
uma terra boa”. “Eu sou aquele que sou”: “Assim dirás aos filhos de Israel: ‘O
Senhor, o Deus de vossos pais, enviou-me a vós’. “Este é o meu nome para sempre
e assim serei lembrado de geração em geração”
AMBIENTE - Jahwéh escutou os hebreus e teve compaixão. Moisés é convidado a ser o
rosto visível da libertação
MENSAGEM - Deus manifesta-Se a Moisés e faz
dele instrumento da libertação. O chamamento é iniciativa do Deus libertador.
Deus age através de homens que aceitam os seus desafios.
Na segunda parte, a
revelação do nome de Deus: “Eu sou ‘aquele que sou”. Para a fé de Israel,
Jahwéh iniciou um processo de intervenção na história que se traduziu em
libertação e vida para um povo. Jahwéh
está vivo e atuante na história, agindo na vida de todos os que lutam para
tornar este mundo melhor. Sempre que alguém luta para ser livre e feliz, Deus
está com essa pessoa e age nela. Na libertação do Egito, os israelitas
descobriram o Deus salvador e libertador.
ATUALIZAÇÃO • A humanidade geme em libertação política, cultural e económica: os povos
lutam contra ditaduras; os pobres lutam contra a miséria, a ignorância, a
doença,das estruturas injustas; os marginalizados lutam pelo direito à
integração na sociedade; os operários lutam pela defesa dos seus direitos; as
mulheres lutam pela defesa da sua dignidade; os estudantes lutam por ensino melhor…
onde alguém está lutando por um mundo
mais justo e mais fraterno, aí está Deus.
• Deus age na nossa vida
através de homens, que aceitam serem seus instrumentos na libertação do mundo.
EVANGELHO (Lc 13,1-9) notícias que
Pilatos tinha matado judeus [ ] . Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que esses
galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido
tal coisa? Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer
todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé
caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros
moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes,
ireis morrer todos do mesmo modo”. E contou esta parábola: “Certo homem tinha
uma figueira. Foi procurar figos e não encontrou. Então disse ao vinhateiro:
‘Já faz três anos que venho procurando figos e nada encontro. Corta-a! [ ] Ele
respondeu: ‘Senhor deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e
colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a
cortarás’”.
AMBIENTE - Jesus prepara os discípulos para os valores do Reino, para continuar a
obra de Jesus e para levar a sua proposta libertadora a toda a terra. É um
convite à conversão.
MENSAGEM - Na primeira parte, o assassinato de
alguns judeus e a queda de uma torre de Siloé. A conclusão que Jesus tira é
clara: aqueles que morreram não eram piores do que os que sobreviveram. Refuta
a doutrina da retribuição segundo a qual o que era atingido por alguma desgraça
era culpado por algum pecado grave. Para Jesus, todos os homens precisam de se
converter. A última frase (“se não vos arrependerdes perecereis todos do mesmo
modo”) deve ser entendida como um convite à mudança de vida; se ela não
ocorrer, quem vencerá é o egoísmo que conduz à morte.
Na segunda parte, temos a
parábola da figueira. As oportunidades que Deus concede para a conversão. Deus
espera que Israel (a figueira) dê frutos, isto é, aceite converter-se à
proposta de salvação feita em Jesus; dá-lhe, até, algum tempo. Deus revela a
sua bondade e a sua paciência; no entanto, não está disposto a esperar
indefinidamente.
ATUALIZAÇÃO • A proposta que Jesus trata-se de um convite à mudança radical, à
reformulação total da vida, da mentalidade, das atitudes, de forma que Deus e
os seus valores passem a estar em primeiro lugar. É este caminho a que somos
chamados a percorrer neste tempo, a fim de renascermos, com Jesus, para a vida
nova do Homem Novo.
• Essa transformação não
pode ser adiada indefinidamente. Nosso tempo é curto. Está em jogo a nossa
felicidade…
• Dizer que as coisas
boas são a recompensa de Deus para o nosso bom comportamento e que as coisas
más são o castigo para o nosso pecado, equivale a acreditar num deus
mercantilista e chantagista.
SEGUNDA LEITURA (1Cor 10,1-6.10-12)
Irmãos,[ ] : os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram
pelo mar; todos foram batizados em Moisés, sob a nuvem e pelo mar; e todos
comeram do mesmo alimento espiritual e todos beberam da mesma bebida
espiritual; de fato, bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava – e
esse rochedo era Cristo –. No entanto, a maior parte deles desagradou a Deus,
pois morreram e ficaram no deserto. Esses fatos são exemplos para nós, a fim de
que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. Não murmureis,
como alguns deles murmuraram, e, por isso, foram mortos pelo anjo exterminador.
Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.
AMBIENTE – Comprar ou não as carnes oferecidas aos deuses? Paulo responde: dado que os ídolos não são nada, comer dessa carne
é indiferente. Contudo, deve-se evitar escandalizar os mais fracos: o
importante é não voltar a cair na idolatria e nos vícios anteriores; o
importante é esforçar-se por viver em comunhão com Deus.
MENSAGEM – Como exemplo, Paulo apresenta a história do Povo de Deus do Antigo
Testamento. Os israelitas foram todos conduzidos por Deus (a nuvem), passaram
todos pela água libertadora do Mar Vermelho, alimentaram-se todos do mesmo maná
e da mesma água do rochedo “que era Cristo”; mas isso não evitou que a maior
parte deles ficasse no deserto, pois cederam à tentação dos ídolos. Assim
também os que tenham recebido o Batismo e participado da Eucaristia, não têm a
salvação garantida: não bastam os ritos, o cumprimento das regras, os
sacramentos não são mágicos: não realizam nada se não houver uma adesão
verdadeira à vontade de Deus. Aos “fortes” e “autossuficientes”, Paulo recorda:
o fundamental, não é comer ou não carne imolada aos ídolos; mas é levar uma
vida coerente com as exigências de Deus e viver em verdadeira comunhão com
Deus.
ATUALIZAÇÃO • O essencial é uma vida de comunhão com Deus, vivida com coerência e
verdade, que depois se transforma em gestos de amor e de partilha com os nossos
irmãos.
• Os sacramentos não são
ritos mágicos que transformam o homem em pessoa nova. Eles são a manifestação
dessa vida de Deus que nos é gratuitamente oferecida, que nós acolhemos como um
dom, que nos transforma e que nos torna “filhos de Deus”.
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Nota:
E
quando Moisés pergunta pelo seu nome, Deus revela-o de dois modos: como o “o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó” –
isto é, o Deus fiel, o Deus que não esqueceu seus amigos do passado e agora vem
em socorro de seus descendentes. Depois, Deus revela o seu nome: “Eu sou aquele que sou ou será”; quer dizer: “Eu sou o
que tu verás quando eu agir! Tu verás quem eu sou à medida que caminhares
comigo! Eu sou o que estará sempre contigo!” – O Deus que foi fiel a Abraão, a
Isaac e a Jacó é confiável: Moisés e o povo de Israel haverão de ver! E viram,
em tantos momentos da travessia do deserto.
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Tira as sandálias..."
A Liturgia desse terceiro domingo de Quaresma é um forte
APELO À CONVERSÃO.
Esta se concretiza
quando apresentamos frutos de amor, paz e justiça.
Conversão é um longo processo de renovação, em que devemos nos
desfazer de uma porção de coisas, para tornar possível em nós a
"libertação".
Devemos tirar as
cômodas sandálias que calçamos, para pisar com mais segurança os caminhos
sagrados do Senhor...
A 1a Leitura
narra a Conversão de MOISÉS. (Ex 3,1-8.13-15)
- Inicialmente, Deus
se manifesta na sarça ardente e manda tirar as sandálias.
Deve pisar o pó de
onde veio. Sua grandeza vem de Deus e não de si mesmo.
- Depois, confia a Moisés a missão de libertar o seu povo.
Assim
começa a longa marcha dos hebreus através do deserto. O Deserto
foi o tempo e o local de uma longa Quaresma, onde Deus purificou o seu povo dos
costumes pagãos e o conduziu a uma religião mais pura e à posse da Terra
Prometida...
* O Êxodo do Povo de Deus é figura do
caminho de conversão, que o cristão é chamado a realizar, de modo especial na
Quaresma.
O Deus libertador exige de nós uma luta
permanente contra tudo aquilo que nos escraviza e que impede a manifestação da
vida plena.
Na 2a Leitura, Paulo
recorda os fatos extraordinários realizados por Deus no deserto em favor do seu
povo...
e faz uma advertência contra a falsa
segurança religiosa deles:
" Todos comeram o mesmo pão espiritual
(o maná)... beberam todos a mesma
bebida espiritual (água do rochedo)...
Mas nem todos assumiram a Aliança. Por isso
“foram sepultados no deserto, não entraram na Terra prometida”. (1Cor 10, 1-6.1-12)
O Apóstolo
alerta os cristãos para não cair no mesmo perigo.
A
verdadeira vivência cristã não é apenas a participação regular nos sacramentos,
mas uma vida de comunhão com Deus, que se transforma em gestos de amor e
partilha com os irmãos.
O Evangelho
é um forte apelo à CONVERSÃO.
(Lc 13,1-9)
O Texto
fala de dois acontecimentos trágicos daqueles dias:
a matança de Pilatos... e a queda da torre de Siloé: 18
mortos.
- Jesus não concorda que a desgraça é sinal do castigo de
Deus, pelo contrário, é um apelo de
conversão aos sobreviventes:
"Vocês pensam que eles
eram mais pecadores do que vocês?"
"Se vocês não se converterem, morrerão todos do mesmo
modo..."
Rejeitar a ação salvadora de
Deus, oferecida em Jesus é pior que um desastre.
+ E com a parábola da FIGUEIRA ESTÉRIL, Jesus ilustra
a resistência de Israel à conversão e a bondade e a paciência de Deus, disposto
a esperar, mas não indefinidamente:
"Senhor, deixa ainda esse
ano. Vou cavar em volta dela e colocar
adubo... Talvez depois disso, venha a dar frutos..."
Esse Servo
é JESUS, que pede uma nova chance para seu povo, sabendo que o Pai é bondoso e
cheio de amor.
* Conversão não é apenas
uma penitência externa, ou um simples
arrependimento dos pecados, é um convite à mudança de vida, de mentalidade, de
atitudes, de forma que Deus e os seus valores passem a estar em primeiro lugar.
É voltar-se para Deus de todo o coração
+ Quem é essa figueira?
Somos
todos nós, a nossa família, a Igreja, a sociedade.
Os frutos
são as boas ações, que devemos realizar.
- Há cristãos que foram educados na fé do evangelho. Receberam dos pais, da escola e da comunidade
uma boa educação na fé.
E depois... nenhum fruto...
- Há famílias que têm tudo para ser fermento no meio de
outras famílias, para atuar na Igreja e
na sociedade, pois receberam muitos talentos.
Mas onde estão os frutos?
- Há
grupos de cristãos, movimentos e comunidades, que há anos são privilegiados com
encontros, celebrações, missas, cursos... e nada de frutos...
- Há
cristãos que até participam assiduamente na igreja, mas nunca se comprometem
com pastorais, com grupos de reflexão e outros serviços da comunidade...
São
figueiras estéreis que estão tomando o lugar de outras...
Resumindo:
A Liturgia de hoje é:
- Um forte apelo à conversão, que
se manifesta através de boas obras, que correspondem ao amor generoso do
Pai.
- Uma advertência: Deus é paciente
e generoso em esperar, mas a espera de Deus tem um limite...
à
Será que não estamos já esgotando a paciência de Deus?
à
Quais são as sandálias que devemos tirar de nossos pés, para ser possível esse caminho sagrado da
Conversão e assim produzir os frutos
esperados por Deus?
Pe. Antônio
Geraldo
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Homilia
do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, estamos em plena
quaresma e a proposta da Igreja no Brasil, para este ano, é que nos
aprofundemos, a partir do Evangelho, em nossa misericórdia para com todos os
nossos irmãos e irmãs. É o ano da Misericórdia. E, nossa campanha da fraternidade
tem como tema a casa comum. Olhar não só para os nossos interesses, mas também
para o interesse e a necessidade comunitária.
Na primeira leitura vemos que Moisés é
filho do Faraó, portanto, é a pessoas mais importante no mundo, quando seu pai
morrer. Mas, ele não contenta em ver, quando os hebreus são escravizados. No
seu ímpeto por justiça, ele faz o que vê o pai fazer; ele mata o egípcio, que
está oprimindo os hebreus. É assim, que os reis faziam; se alguém não está
fazendo o que eu quero, vou lá e mato. Depois, ele viu dois hebreus brigando e
quis interferir. Aí, percebe que não é bem vindo, porque ele vem como aquele
que é o senhor da verdade: “acaso, você quer nos matar como fez com o egípcio?
Moisés vê que a situação complicou. Aí, ele foge para o deserto. No deserto ele
encontra um grupo de homens, que vão se prevalecer de umas pastoras, porque
elas cuidam do rebanho. E, aí, naquele ímpeto de justiça, ele luta com estes
homens e defende todas elas. E, por conta disto, Jetro vai oferecer-lhe uma
delas em casamento. Ainda, ele não é feliz. Por que? Porque no palácio ele era
filho da filha do Faraó. Agora, ele não é o filho da filha do Faraó, mas genro
de Jetro. Ele ainda não é ele. Quando nós somos nós? Quando nós descobrimos
qual é a nossa missão no mundo. Por isso, tem pessoas que até hoje não se
encontraram, porque não lhe deram a oportunidade de elas descobrirem qual era a
missão delas. É na montanha que Deus vai dizer: Moisés. Não é mais o filho da
filha do Faraó, não é mais o genro de Jetro, mas agora é Moisés. “Você tem uma
missão: libertar o meu povo”. O que
significa vocação? Quando eu descubro qual é a minha missão. Qual é a missão de
cada um de nós? Alguns se casaram por falta de proposta. Ora, se todo mundo
casa, eu vou me casar também. É o sonho dos pais verem os filhos casados. E, às
vezes, não é feliz no casamento, porque não era essa a sua missão e faz muita
gente sofrer depois, inclusive a si mesmo. Outros não vão, sequer, ter coragem
de dar um passo e vão procurar, de tempo em tempo, uma resposta que possa
realizar a sua vida. O chamado de Deus é muito claro: é para que sejamos um
sinal de Deus no mundo e para que nos sintamos realizados. Se quisermos, de
verdade, ajudar os nossos jovens, para que eles se realizando, possam colaborar
para um mundo melhor. É muito interessante observar aquilo que a segunda
leitura de hoje diz: “quem está de pé, cuide para não cair”. Nós temos a falsa
ilusão, de que podemos planejar vida dos jovens, das crianças, até quando eles
forem avôs e avós. Depois cai uma pilastra na cabeça, a pessoas se vai e vemos
quanto tempo esta pessoa perdeu com coisas que não eram importantes. Vamos
pegar a boate, lá de Santa Maria, que é um exemplo muito claro. Aí alguns vão
dizer: eles morreram porque estavam no pecado. Aí vem a resposta de Jesus:
vocês pensam que aqueles que morreram, porque caiu a torre de Siloé que matou
dezoito e eles eram mais pecadores do que os outros? Vocês pensam que aqueles
que Pilatos matou foram mais pecadores do que os outros? Não. Mas, não diz
porque morreram. A morte é um mistério, mas que nos ajuda a perceber que não
somos donos da vida. Se fossemos donos da vida, iríamos querer que este morre,
aquele vive. Só os nossos iriam viver, até que nos importunassem, aí iríamos
querer sua morte. Não. A morte é para dizer: a vida é um dom de Deus e fazer
que agente se realize e ajude o outro. Esta é, de fato, a razão de nossa vida.
Jesus vai contar uma parábola, que é
muito importante: dentro da vinha, vinha é o povo de Deus, foi plantado uma
figueira. Figueira é o símbolo do templo. Em determinado momento, ele diz aos
vinhateiros: vai lá, buscar figos. E, a figueira não tinha figos. Ora, uma
figueira que não produz frutos, ela merece ser cortada, ela está ocupando
espaço. Uma vida que não produz frutos, ela não tem razão de ser. É parábola, é
uma história que Jesus está contando. Ele diz: corta a figueira. O vinhateiro
diz: não. Espera mais um pouco, dá mais uma chance. Bom, vamos dar mais uma
chance. Esta chance é o que a quaresma nos oferece cada ano. Para pensar: estou
dando frutos? Louvado seja Deus. Esta é a razão da minha vida. Não estou dando
frutos? Tem mais um ano de chance para poder dar frutos.
Por fim, o que fazer para ajudar os
jovens, as crianças ou quem de mim precisa? O
segredo está no próprio Deus: “Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de
Jacó, Eu sou Deus de teus pais. EU SOU e
este será o meu nome” e “deve ser conhecido de geração em geração”. O que,
então, precisa fazer? Ajudar a criança ou o jovem a conhecer a Deus, porque é
de geração em geração que Ele é conhecido. Ah, mas eu não tenho condições para
fazer isto. São Paulo vai dizer: tem sim. Já eles eram alimentados pela
torrente do deserto, eles já eram alimentados pelo maná do deserto. E, nós, não
só somos alimentados pela Eucaristia, como passamos pelas águas do Batismo.
Temos todas as condições. É que, muitas vezes, interessado em oferecer tantas
coisas, nós esquecemos de oferecer o essencial: a nossa fé. Sem fé ninguém tem
esperança, ninguém se sente realizado e ninguém decide a sua vida com
convicção. Mas, se eu achar que fé é bobagem, aí então eu perdi o plumo, perdi
a direção. Porque, qualquer caminhada sem a fé em Deus, não é uma caminhada que
vai muito longe. Grande apelo, sobretudo para os pais, transmitir a sua fé aos
outros, principalmente aos filhos e os filhos transmitir para os netos e assim
por diante.
Concluindo: padre, eu faço isto, mas
meus filhos não querem me ouvir. Continue fazendo, mesmo que não te ouçam. Um
dia vão se lembrar e, aí, você atingiu o objetivo. Eles vão se lembrarem que já
ouviram falar de Deus e quem lhes falou foram seus pais. Aí, fica na
responsabilidade deles transmitirem isto para frente. A fé de geração em
geração é a nossa grande missão de transmitir e ajudar as pessoas a conhecer a
Deus. Ele é Bondoso, compassivo, misericordioso, me cura da enfermidade, salva
a minha vida, é paciente, mas precisa ser conhecido. Este é o apelo durante a
quaresma.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho
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Homilia de D. Henrique Soares
O tempo da Quaresma recorda muitas
vezes o tempo da travessia do deserto por parte de Israel: tempo de
peregrinação, de provação e de purificação. O livro do Deuteronômio recorda
isto com palavras muito fortes: “Lembra-te de todo o caminho
que o Senhor teu Deus te fez percorrer durante quarenta anos no deserto, a fim
de humilhar-te, tentar-te e conhecer o que tinhas no coração. Portanto,
reconhece hoje no teu coração que o Senhor teu Deus te educava, como um homem
educa seu filho” (Dt 8,2.5). No deserto, portanto, Deus usou as
provas pelas quais Israel passou, para revelar ao seu povo aquilo que estava
escondido no seu próprio coração, isto é, seu pecado, sua fraqueza, sua
infidelidade. Mas, também no deserto, Deus cercou seu povo de carinho e
proteção, alimentou-o com o maná e saciou-o com a água do rochedo, guiou-o pela
nuvem luminosa de noite e protetora contra o sol de dia… Tempo de noivado e de
amor entre Deus e o seu povo, foi o tempo do deserto! Por isso, pensar nessa
travessia pelo deserto serve tanto para a nossa preparação para a Páscoa.
Mas, vejamos. Como começou o caminho
de Israel deserto a dentro? Começou com a “descida” de Deus para juntinho do
seu povo que gemia debaixo de humilhante escravidão: “Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor
por causa da dureza de seus opressores. Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci
para libertá-lo e fazê-los sair…” Que coisa impressionante: um
Deus tão grande, tão santo, o Deus de Israel e, no entanto, é capaz de ver a aflição,
ouvir o clamor, conhecer o sofrimento do seu povo, que era ninguém, que não
passava de um punhado de escravos! “Eu desci para libertá-lo!”Nosso
Deus é um Deus que desce, que vem para junto do pobre que se encontra no
monturo! Nosso Deus é um Deus que liberta e salva! E quando Moisés pergunta
pelo seu nome, Deus revela-o de dois modos: primeiro apresenta-se como o “o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó” –
isto é, o Deus fiel, o Deus que não esqueceu seus amigos do passado, Abraão, Isaac
e Jacó e agora vem em socorro de seus descendentes. Depois, Deus revela o seu
nome: “Eu sou aquele que será”. Segundo bons exegetas, assim
deve-se traduzir o nome de Deus. Isto é, Deus não revela o seu nome a Moisés!
Seu “nome”, na verdade, é um desafio, um convite; quer dizer: “Eu sou o que tu
verás quando eu agir! Tu verás quem eu sou à medida que caminhares comigo! Eu
sou o que estará sempre contigo!” – O Deus que foi fiel a Abraão, a Isaac e a
Jacó é confiável, pode-se apostar a vida nele: Moisés e o povo de Israel
haverão de ver! E viram, em tantos momentos da travessia do deserto. Na segunda
leitura, São Paulo recorda vários destes acontecimentos: a nuvem e o mar
(imagens do Espírito e da água do Batismo), o maná (imagem da Eucaristia), a
água que brotou da rocha (imagem do Cristo, de cujo lado traspassado brotou o
Espírito). Deus fora todo carinho, todo proteção, todo compaixão e paciência…
E, no entanto, Israel tantas vezes duvidou, revoltou-se, murmurou, foi de
cerviz dura e infiel!
São Paulo nos previne: “Esses fatos aconteceram para servir de exemplo para nós, a fim de
que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. Não murmureis,
como alguns deles murmuraram… Portanto, quem está de pé tome cuidado para não
cair”. Nós somos o povo de Deus da Nova Aliança. Como Israel,
atravessamos um longo deserto rumo à Terra Prometida, que é a Pátria celeste; e
também nós somos sujeitos a tantas tentações, como Israel. O grande pecado do
povo de Deus da Antiga Aliança era descrer e murmurar contra Deus. De cabeça
dura, Israel teimava em caminhar do seu modo, em fazer do seu jeito, em contar
com suas forças e sua lógica. Quantas vezes o povo fez isso! Quantas vezes nós
fazemos isso!
Neste santo tempo quaresmal, somos
chamados a uma sincera conversão, a mudar nossa lógica, confiando realmente no
Senhor e trilhando sinceramente seus caminhos! Estejamos atentos à seríssima
advertência que o Senhor Jesus nos faz no Evangelho. Primeiro ele usa dois
acontecimentos daqueles dias em Jerusalém para ilustrar a necessidade de
conversão urgente: os galileus que Pilatos perversamente mandara matar e
misturar seu sangue com o dos animais sacrificados no Templo – um ato de
profanação! – e as dezoito pessoas que morreram por conta do desabamento de uma
torre em Jerusalém. Jesus pergunta: “Pensais que essas pessoas eram mais
pecadoras que as outras?” Não! Os sofrimentos da vida não são castigo pelos
pecados! Mas, devem servir de reflexão e de alerta para todos! Há uma desgraça
muito pior que qualquer acidente: morrer para Deus, ressecar o coração para o
Senhor: “Se não vos converterdes, ireis morrer do mesmo modo!” Depois
Jesus ilustra o que ele quer dizer com a parábola da figueira estéril: “Há três anos venho procurando figos nesta figueira e nada
encontro!” A figueira da parábola é o povo de Israel que,
durante três anos, ouviu a pregação do Senhor e não o acolheu. Mas, e nós, há
quantos anos escutamos o Senhor? Que frutos estamos dando? Nesta Quaresma de
2004, como vai o nosso combate espiritual, o nosso caminho de conversão?
Não abusemos da paciência de Deus,
não tomemos como desculpa a sua misericórdia para retardar nossa conversão! O
Eclesiástico previne severamente: “Não digas: ‘Pequei: o que me
aconteceu?’ porque o Senhor é paciente. Não sejas tão seguro do perdão para
acumular pecado sobre pecado. Não digas: ‘Sua misericórdia é grande para
perdoar meus inúmeros pecados’, porque há nele misericórdia e cólera e sua ira
pousará sobre os pecadores. Não demores em voltar para o Senhor e não adies de
um dia para o outro, porque, de repente, a cólera do Senhor virá e no dia do
castigo perecerás” (Eclo 5,4-7)
Caríssimos, eis o tempo de conversão,
eis o dia da salvação! Deixemo-nos reconciliar com Deus em Cristo!
Convertamo-nos!
Dom Henrique Soares da Costa
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Para a Celebração da Palavra (diáconos e ministros extraordinários
da Palavra):
LOUVOR (QUANDO O
PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR) -
III dom quaresma C
à
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à
COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, sois o nosso Deus e
somos o vosso povo.
à Deus de Abraão, de Isaac, de
Jacob, de Moisés e do Povo no qual nos acolhestes. Nós Vos damos graças e
bendizemos o Vosso Nome que nos revelastes: “Eu sou”. Sois o Deus vivo, por todos os séculos. Nós Vos confiamos
a nossa solidariedade para com todos os povos oprimidos, como outrora a
descendência de Abraão no Egito. Nós sentimo-nos muitas vezes tão impotentes
diante da infelicidade de tantos povos. Iluminai-nos.
T: Senhor, sois o nosso Deus e
somos o vosso povo.
à Pai, nós Vos damos graças pelo
envio de Jesus. Ele revelou-Se como o novo Moisés, que fez brotar a fonte de
água viva do batismo para nos dar vida e vida plena. Nós Vos confiamos as
pessoas que se afastaram de Vós. Iluminai-nos com o vosso Espírito para se
sejamos instrumentos para reconduzir estes nossos irmãos a Vós.
T: Senhor, sois o nosso Deus e
somos o vosso povo.
à Deus paciente, bendito sejais
pelos sinais dos tempos através dos quais nos advertis para que nos voltemos a
Vós. Vos agradecemos, porque nos dais um tempo de conversão. Nós vos pedimos
pelas nossas comunidades e pelas nossas famílias; que o vosso Espírito guie os
nossos pensamentos, as nossas palavras e os nossos gestos, para que produzamos
os frutos que esperais.
T: Senhor, sois o nosso Deus e
somos o vosso povo.
à PAI NOSSO... A PAZ... EIS O CORDEIRO DE DEUS...