quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

3º DOMINGO DA QUARESMA, subsídios homiléticos, homilias

3º DOMINGO DA QUARESMA (Adaptado pelo diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema: “Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer” Somos chamados a repensar a nossa existência. O Deus libertador propõe-nos a transformação em pessoas novas, para que em nós se manifeste a vida de Deus.
Primeira leitura: Deus quer que nos despojemos do orgulho, egoísmo e autossuficiência.
O Evangelho é um convite a uma transformação de mentalidade de forma que Deus seja o centro.
A segunda leitura avisa-nos que só o rito externo não basta; tem que ser de coração.  

PRIMEIRA LEITURA (Ex 3,1-8a.13-15) Moisés  chegou ao Horeb. Apareceu lhe o anjo do Senhor numa chama de fogo, do meio de uma sarça.  O Senhor  chamou-o dizendo: “Moisés! “Não te aproximes! Tira as sandálias dos pés: “Eu sou o Deus de teus pais. Moisés cobriu o rosto. E o Senhor lhe disse: “Eu vi a aflição do meu povo. Desci para libertá-los para uma terra boa”. “Eu sou aquele que sou”: “Assim dirás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, o Deus de vossos pais, enviou-me a vós’. “Este é o meu nome para sempre e assim serei lembrado de geração em geração”

AMBIENTE - Jahwéh escutou os hebreus e teve compaixão. Moisés é convidado a ser o rosto visível da libertação

MENSAGEM - Deus manifesta-Se a  Moisés e faz dele instrumento da libertação. O chamamento é iniciativa do Deus libertador. Deus age através de homens que aceitam os seus desafios.
Na segunda parte, a revelação do nome de Deus: “Eu sou ‘aquele que sou”. Para a fé de Israel, Jahwéh iniciou um processo de intervenção na história que se traduziu em libertação e vida para um povo.   Jahwéh está vivo e atuante na história, agindo na vida de todos os que lutam para tornar este mundo melhor. Sempre que alguém luta para ser livre e feliz, Deus está com essa pessoa e age nela. Na libertação do Egito, os israelitas descobriram o Deus salvador e libertador.

ATUALIZAÇÃO • A humanidade geme em libertação política, cultural e económica: os povos lutam contra ditaduras; os pobres lutam contra a miséria, a ignorância, a doença,das estruturas injustas; os marginalizados lutam pelo direito à integração na sociedade; os operários lutam pela defesa dos seus direitos; as mulheres lutam pela defesa da sua dignidade; os estudantes lutam por ensino melhor… onde alguém está  lutando por um mundo mais justo e mais fraterno, aí está Deus.
• Deus age na nossa vida através de homens, que aceitam serem seus instrumentos na libertação do mundo.

EVANGELHO (Lc 13,1-9) notícias que Pilatos tinha matado judeus [ ] . Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. E contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira. Foi procurar figos e não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos e nada encontro. Corta-a! [ ] Ele respondeu: ‘Senhor deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás’”.

AMBIENTE - Jesus prepara os discípulos para os valores do Reino, para continuar a obra de Jesus e para levar a sua proposta libertadora a toda a terra. É um convite à conversão.

MENSAGEM - Na primeira parte,  o assassinato de alguns judeus e a queda de uma torre de Siloé. A conclusão que Jesus tira é clara: aqueles que morreram não eram piores do que os que sobreviveram. Refuta a doutrina da retribuição segundo a qual o que era atingido por alguma desgraça era culpado por algum pecado grave. Para Jesus, todos os homens precisam de se converter. A última frase (“se não vos arrependerdes perecereis todos do mesmo modo”) deve ser entendida como um convite à mudança de vida; se ela não ocorrer, quem vencerá é o egoísmo que conduz à morte.
Na segunda parte, temos a parábola da figueira. As oportunidades que Deus concede para a conversão. Deus espera que Israel (a figueira) dê frutos, isto é, aceite converter-se à proposta de salvação feita em Jesus; dá-lhe, até, algum tempo. Deus revela a sua bondade e a sua paciência; no entanto, não está disposto a esperar indefinidamente.

ATUALIZAÇÃO • A proposta que Jesus trata-se de um convite à mudança radical, à reformulação total da vida, da mentalidade, das atitudes, de forma que Deus e os seus valores passem a estar em primeiro lugar. É este caminho a que somos chamados a percorrer neste tempo, a fim de renascermos, com Jesus, para a vida nova do Homem Novo.
• Essa transformação não pode ser adiada indefinidamente. Nosso tempo é curto. Está em jogo a nossa felicidade…
• Dizer que as coisas boas são a recompensa de Deus para o nosso bom comportamento e que as coisas más são o castigo para o nosso pecado, equivale a acreditar num deus mercantilista e chantagista.

SEGUNDA LEITURA (1Cor 10,1-6.10-12) Irmãos,[ ] : os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar; todos foram batizados em Moisés, sob a nuvem e pelo mar; e todos comeram do mesmo alimento espiritual e todos beberam da mesma bebida espiritual; de fato, bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava – e esse rochedo era Cristo –. No entanto, a maior parte deles desagradou a Deus, pois morreram e ficaram no deserto. Esses fatos são exemplos para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, e, por isso, foram mortos pelo anjo exterminador. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.

AMBIENTE – Comprar ou não as carnes oferecidas aos deuses? Paulo responde: dado que os ídolos não são nada, comer dessa carne é indiferente. Contudo, deve-se evitar escandalizar os mais fracos: o importante é não voltar a cair na idolatria e nos vícios anteriores; o importante é esforçar-se por viver em comunhão com Deus.

MENSAGEM – Como exemplo, Paulo apresenta a história do Povo de Deus do Antigo Testamento. Os israelitas foram todos conduzidos por Deus (a nuvem), passaram todos pela água libertadora do Mar Vermelho, alimentaram-se todos do mesmo maná e da mesma água do rochedo “que era Cristo”; mas isso não evitou que a maior parte deles ficasse no deserto, pois cederam à tentação dos ídolos. Assim também os que tenham recebido o Batismo e participado da Eucaristia, não têm a salvação garantida: não bastam os ritos, o cumprimento das regras, os sacramentos não são mágicos: não realizam nada se não houver uma adesão verdadeira à vontade de Deus. Aos “fortes” e “autossuficientes”, Paulo recorda: o fundamental, não é comer ou não carne imolada aos ídolos; mas é levar uma vida coerente com as exigências de Deus e viver em verdadeira comunhão com Deus.

ATUALIZAÇÃO • O essencial é uma vida de comunhão com Deus, vivida com coerência e verdade, que depois se transforma em gestos de amor e de partilha com os nossos irmãos.
• Os sacramentos não são ritos mágicos que transformam o homem em pessoa nova. Eles são a manifestação dessa vida de Deus que nos é gratuitamente oferecida, que nós acolhemos como um dom, que nos transforma e que nos torna “filhos de Deus”.

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Nota:
E quando Moisés pergunta pelo seu nome, Deus revela-o de dois modos: como o “o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó” – isto é, o Deus fiel, o Deus que não esqueceu seus amigos do passado e agora vem em socorro de seus descendentes. Depois, Deus revela o seu nome: “Eu sou aquele que sou ou será”; quer dizer: “Eu sou o que tu verás quando eu agir! Tu verás quem eu sou à medida que caminhares comigo! Eu sou o que estará sempre contigo!” – O Deus que foi fiel a Abraão, a Isaac e a Jacó é confiável: Moisés e o povo de Israel haverão de ver! E viram, em tantos momentos da travessia do deserto.

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Tira as sandálias..."

A Liturgia desse terceiro domingo de Quaresma é um forte APELO À CONVERSÃO
Esta se concretiza quando apresentamos frutos de amor, paz e justiça.
Conversão é um longo processo de renovação, em que devemos nos desfazer de uma porção de coisas, para tornar possível em nós a "libertação".
Devemos tirar as cômodas sandálias que calçamos, para pisar com mais segurança os caminhos sagrados do Senhor...

A 1a Leitura narra a Conversão de MOISÉS. (Ex 3,1-8.13-15)
- Inicialmente, Deus se manifesta na sarça ardente e manda tirar as sandálias.
Deve pisar o pó de onde veio. Sua grandeza vem de Deus e não de si mesmo.
- Depois, confia a Moisés a missão de libertar o seu povo.
Assim começa a longa marcha dos hebreus através do deserto.                                            O Deserto foi o tempo e o local de uma longa Quaresma, onde Deus purificou o seu povo dos costumes pagãos e o conduziu a uma religião mais pura e à posse da Terra Prometida...

    * O Êxodo do Povo de Deus é figura do caminho de conversão, que o cristão é chamado a realizar, de modo especial na Quaresma. 
      O Deus libertador exige de nós uma luta permanente contra tudo aquilo que nos escraviza e que impede a manifestação da vida plena.

   Na 2a Leitura, Paulo recorda os fatos extraordinários realizados por Deus no deserto em favor do seu povo... 
   e faz uma advertência contra a falsa segurança religiosa deles:
" Todos comeram o mesmo pão espiritual (o maná)...   beberam todos a mesma bebida espiritual (água do rochedo)...
Mas nem todos assumiram a Aliança. Por isso “foram sepultados no deserto, não entraram na Terra prometida”.  (1Cor 10, 1-6.1-12)

O Apóstolo alerta os cristãos para não cair no mesmo perigo.
A verdadeira vivência cristã não é apenas a participação regular nos sacramentos, mas uma vida de comunhão com Deus, que se transforma em gestos de amor e partilha com os irmãos.

O Evangelho é um forte apelo à CONVERSÃO. (Lc 13,1-9)

O Texto fala de dois acontecimentos trágicos daqueles dias:
a matança de Pilatos... e a queda da torre de Siloé: 18 mortos.
- Jesus não concorda que a desgraça é sinal do castigo de Deus,  pelo contrário, é um apelo de conversão aos sobreviventes:
   "Vocês pensam que eles eram mais pecadores do que vocês?"
"Se vocês não se converterem, morrerão todos do mesmo modo..."
Rejeitar a ação salvadora de Deus, oferecida em Jesus é pior que um desastre.

+ E com a parábola da FIGUEIRA ESTÉRIL, Jesus ilustra a resistência de Israel à conversão e a bondade e a paciência de Deus, disposto a esperar, mas não indefinidamente:
  "Senhor, deixa ainda esse ano.  Vou cavar em volta dela e colocar adubo... Talvez depois disso, venha a dar frutos..."

Esse Servo é JESUS, que pede uma nova chance para seu povo, sabendo que o Pai é bondoso e cheio de amor.

* Conversão não é apenas uma penitência externa,  ou um simples arrependimento dos pecados, é um convite à mudança de vida, de mentalidade, de atitudes, de forma que Deus e os seus valores passem a estar em primeiro lugar. É voltar-se para Deus de todo o coração

+ Quem é essa figueira?

Somos todos nós, a nossa família, a Igreja, a sociedade. 
Os frutos são as boas ações, que devemos realizar.

- Há cristãos que foram educados na fé do evangelho.  Receberam dos pais, da escola e da comunidade uma boa educação na fé.
  E depois... nenhum fruto...

- Há famílias que têm tudo para ser fermento no meio de outras famílias,  para atuar na Igreja e na sociedade, pois receberam muitos talentos.
  Mas onde estão os frutos?

- Há grupos de cristãos, movimentos e comunidades, que há anos são privilegiados com encontros, celebrações, missas, cursos... e nada de frutos...

- Há cristãos que até participam assiduamente na igreja, mas nunca se comprometem com pastorais, com grupos de reflexão e outros serviços da comunidade...

São figueiras estéreis que estão tomando o lugar de outras...

Resumindo: A Liturgia de hoje é:

- Um forte apelo à conversão, que se manifesta através de boas obras, que correspondem ao amor generoso do Pai. 

- Uma advertência: Deus é paciente e generoso em esperar, mas a espera de Deus tem um limite...

à Será que não estamos já esgotando a paciência de Deus?
à Quais são as sandálias que devemos tirar de nossos pés,  para ser possível esse caminho sagrado da Conversão  e assim produzir os frutos esperados por Deus?

                                   Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, estamos em plena quaresma e a proposta da Igreja no Brasil, para este ano, é que nos aprofundemos, a partir do Evangelho, em nossa misericórdia para com todos os nossos irmãos e irmãs. É o ano da Misericórdia. E, nossa campanha da fraternidade tem como tema a casa comum. Olhar não só para os nossos interesses, mas também para o interesse e a necessidade comunitária.
Na primeira leitura vemos que Moisés é filho do Faraó, portanto, é a pessoas mais importante no mundo, quando seu pai morrer. Mas, ele não contenta em ver, quando os hebreus são escravizados. No seu ímpeto por justiça, ele faz o que vê o pai fazer; ele mata o egípcio, que está oprimindo os hebreus. É assim, que os reis faziam; se alguém não está fazendo o que eu quero, vou lá e mato. Depois, ele viu dois hebreus brigando e quis interferir. Aí, percebe que não é bem vindo, porque ele vem como aquele que é o senhor da verdade: “acaso, você quer nos matar como fez com o egípcio? Moisés vê que a situação complicou. Aí, ele foge para o deserto. No deserto ele encontra um grupo de homens, que vão se prevalecer de umas pastoras, porque elas cuidam do rebanho. E, aí, naquele ímpeto de justiça, ele luta com estes homens e defende todas elas. E, por conta disto, Jetro vai oferecer-lhe uma delas em casamento. Ainda, ele não é feliz. Por que? Porque no palácio ele era filho da filha do Faraó. Agora, ele não é o filho da filha do Faraó, mas genro de Jetro. Ele ainda não é ele. Quando nós somos nós? Quando nós descobrimos qual é a nossa missão no mundo. Por isso, tem pessoas que até hoje não se encontraram, porque não lhe deram a oportunidade de elas descobrirem qual era a missão delas. É na montanha que Deus vai dizer: Moisés. Não é mais o filho da filha do Faraó, não é mais o genro de Jetro, mas agora é Moisés. “Você tem uma missão: libertar o  meu povo”. O que significa vocação? Quando eu descubro qual é a minha missão. Qual é a missão de cada um de nós? Alguns se casaram por falta de proposta. Ora, se todo mundo casa, eu vou me casar também. É o sonho dos pais verem os filhos casados. E, às vezes, não é feliz no casamento, porque não era essa a sua missão e faz muita gente sofrer depois, inclusive a si mesmo. Outros não vão, sequer, ter coragem de dar um passo e vão procurar, de tempo em tempo, uma resposta que possa realizar a sua vida. O chamado de Deus é muito claro: é para que sejamos um sinal de Deus no mundo e para que nos sintamos realizados. Se quisermos, de verdade, ajudar os nossos jovens, para que eles se realizando, possam colaborar para um mundo melhor. É muito interessante observar aquilo que a segunda leitura de hoje diz: “quem está de pé, cuide para não cair”. Nós temos a falsa ilusão, de que podemos planejar vida dos jovens, das crianças, até quando eles forem avôs e avós. Depois cai uma pilastra na cabeça, a pessoas se vai e vemos quanto tempo esta pessoa perdeu com coisas que não eram importantes. Vamos pegar a boate, lá de Santa Maria, que é um exemplo muito claro. Aí alguns vão dizer: eles morreram porque estavam no pecado. Aí vem a resposta de Jesus: vocês pensam que aqueles que morreram, porque caiu a torre de Siloé que matou dezoito e eles eram mais pecadores do que os outros? Vocês pensam que aqueles que Pilatos matou foram mais pecadores do que os outros? Não. Mas, não diz porque morreram. A morte é um mistério, mas que nos ajuda a perceber que não somos donos da vida. Se fossemos donos da vida, iríamos querer que este morre, aquele vive. Só os nossos iriam viver, até que nos importunassem, aí iríamos querer sua morte. Não. A morte é para dizer: a vida é um dom de Deus e fazer que agente se realize e ajude o outro. Esta é, de fato, a razão de nossa vida.
Jesus vai contar uma parábola, que é muito importante: dentro da vinha, vinha é o povo de Deus, foi plantado uma figueira. Figueira é o símbolo do templo. Em determinado momento, ele diz aos vinhateiros: vai lá, buscar figos. E, a figueira não tinha figos. Ora, uma figueira que não produz frutos, ela merece ser cortada, ela está ocupando espaço. Uma vida que não produz frutos, ela não tem razão de ser. É parábola, é uma história que Jesus está contando. Ele diz: corta a figueira. O vinhateiro diz: não. Espera mais um pouco, dá mais uma chance. Bom, vamos dar mais uma chance. Esta chance é o que a quaresma nos oferece cada ano. Para pensar: estou dando frutos? Louvado seja Deus. Esta é a razão da minha vida. Não estou dando frutos? Tem mais um ano de chance para poder dar frutos.
Por fim, o que fazer para ajudar os jovens, as crianças ou quem de mim precisa? O  segredo está no próprio Deus: “Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, Eu sou Deus de teus pais. EU SOU  e este será o meu nome” e “deve ser conhecido de geração em geração”. O que, então, precisa fazer? Ajudar a criança ou o jovem a conhecer a Deus, porque é de geração em geração que Ele é conhecido. Ah, mas eu não tenho condições para fazer isto. São Paulo vai dizer: tem sim. Já eles eram alimentados pela torrente do deserto, eles já eram alimentados pelo maná do deserto. E, nós, não só somos alimentados pela Eucaristia, como passamos pelas águas do Batismo. Temos todas as condições. É que, muitas vezes, interessado em oferecer tantas coisas, nós esquecemos de oferecer o essencial: a nossa fé. Sem fé ninguém tem esperança, ninguém se sente realizado e ninguém decide a sua vida com convicção. Mas, se eu achar que fé é bobagem, aí então eu perdi o plumo, perdi a direção. Porque, qualquer caminhada sem a fé em Deus, não é uma caminhada que vai muito longe. Grande apelo, sobretudo para os pais, transmitir a sua fé aos outros, principalmente aos filhos e os filhos transmitir para os netos e assim por diante.
Concluindo: padre, eu faço isto, mas meus filhos não querem me ouvir. Continue fazendo, mesmo que não te ouçam. Um dia vão se lembrar e, aí, você atingiu o objetivo. Eles vão se lembrarem que já ouviram falar de Deus e quem lhes falou foram seus pais. Aí, fica na responsabilidade deles transmitirem isto para frente. A fé de geração em geração é a nossa grande missão de transmitir e ajudar as pessoas a conhecer a Deus. Ele é Bondoso, compassivo, misericordioso, me cura da enfermidade, salva a minha vida, é paciente, mas precisa ser conhecido. Este é o apelo durante a quaresma.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho

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Homilia de D. Henrique Soares

O tempo da Quaresma recorda muitas vezes o tempo da travessia do deserto por parte de Israel: tempo de peregrinação, de provação e de purificação. O livro do Deuteronômio recorda isto com palavras muito fortes: “Lembra-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer durante quarenta anos no deserto, a fim de humilhar-te, tentar-te e conhecer o que tinhas no coração. Portanto, reconhece hoje no teu coração que o Senhor teu Deus te educava, como um homem educa seu filho” (Dt 8,2.5). No deserto, portanto, Deus usou as provas pelas quais Israel passou, para revelar ao seu povo aquilo que estava escondido no seu próprio coração, isto é, seu pecado, sua fraqueza, sua infidelidade. Mas, também no deserto, Deus cercou seu povo de carinho e proteção, alimentou-o com o maná e saciou-o com a água do rochedo, guiou-o pela nuvem luminosa de noite e protetora contra o sol de dia… Tempo de noivado e de amor entre Deus e o seu povo, foi o tempo do deserto! Por isso, pensar nessa travessia pelo deserto serve tanto para a nossa preparação para a Páscoa.
Mas, vejamos. Como começou o caminho de Israel deserto a dentro? Começou com a “descida” de Deus para juntinho do seu povo que gemia debaixo de humilhante escravidão: “Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores. Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci para libertá-lo e fazê-los sair…” Que coisa impressionante: um Deus tão grande, tão santo, o Deus de Israel e, no entanto, é capaz de ver a aflição, ouvir o clamor, conhecer o sofrimento do seu povo, que era ninguém, que não passava de um punhado de escravos! “Eu desci para libertá-lo!”Nosso Deus é um Deus que desce, que vem para junto do pobre que se encontra no monturo! Nosso Deus é um Deus que liberta e salva! E quando Moisés pergunta pelo seu nome, Deus revela-o de dois modos: primeiro apresenta-se como o “o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó” – isto é, o Deus fiel, o Deus que não esqueceu seus amigos do passado, Abraão, Isaac e Jacó e agora vem em socorro de seus descendentes. Depois, Deus revela o seu nome: “Eu sou aquele que será”. Segundo bons exegetas, assim deve-se traduzir o nome de Deus. Isto é, Deus não revela o seu nome a Moisés! Seu “nome”, na verdade, é um desafio, um convite; quer dizer: “Eu sou o que tu verás quando eu agir! Tu verás quem eu sou à medida que caminhares comigo! Eu sou o que estará sempre contigo!” – O Deus que foi fiel a Abraão, a Isaac e a Jacó é confiável, pode-se apostar a vida nele: Moisés e o povo de Israel haverão de ver! E viram, em tantos momentos da travessia do deserto. Na segunda leitura, São Paulo recorda vários destes acontecimentos: a nuvem e o mar (imagens do Espírito e da água do Batismo), o maná (imagem da Eucaristia), a água que brotou da rocha (imagem do Cristo, de cujo lado traspassado brotou o Espírito). Deus fora todo carinho, todo proteção, todo compaixão e paciência… E, no entanto, Israel tantas vezes duvidou, revoltou-se, murmurou, foi de cerviz dura e infiel!
São Paulo nos previne: “Esses fatos aconteceram para servir de exemplo para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. Não murmureis, como alguns deles murmuraram… Portanto, quem está de pé tome cuidado para não cair”. Nós somos o povo de Deus da Nova Aliança. Como Israel, atravessamos um longo deserto rumo à Terra Prometida, que é a Pátria celeste; e também nós somos sujeitos a tantas tentações, como Israel. O grande pecado do povo de Deus da Antiga Aliança era descrer e murmurar contra Deus. De cabeça dura, Israel teimava em caminhar do seu modo, em fazer do seu jeito, em contar com suas forças e sua lógica. Quantas vezes o povo fez isso! Quantas vezes nós fazemos isso!
Neste santo tempo quaresmal, somos chamados a uma sincera conversão, a mudar nossa lógica, confiando realmente no Senhor e trilhando sinceramente seus caminhos! Estejamos atentos à seríssima advertência que o Senhor Jesus nos faz no Evangelho. Primeiro ele usa dois acontecimentos daqueles dias em Jerusalém para ilustrar a necessidade de conversão urgente: os galileus que Pilatos perversamente mandara matar e misturar seu sangue com o dos animais sacrificados no Templo – um ato de profanação! – e as dezoito pessoas que morreram por conta do desabamento de uma torre em Jerusalém. Jesus pergunta: “Pensais que essas pessoas eram mais pecadoras que as outras?” Não! Os sofrimentos da vida não são castigo pelos pecados! Mas, devem servir de reflexão e de alerta para todos! Há uma desgraça muito pior que qualquer acidente: morrer para Deus, ressecar o coração para o Senhor: “Se não vos converterdes, ireis morrer do mesmo modo!” Depois Jesus ilustra o que ele quer dizer com a parábola da figueira estéril: “Há três anos venho procurando figos nesta figueira e nada encontro!” A figueira da parábola é o povo de Israel que, durante três anos, ouviu a pregação do Senhor e não o acolheu. Mas, e nós, há quantos anos escutamos o Senhor? Que frutos estamos dando? Nesta Quaresma de 2004, como vai o nosso combate espiritual, o nosso caminho de conversão?
Não abusemos da paciência de Deus, não tomemos como desculpa a sua misericórdia para retardar nossa conversão! O Eclesiástico previne severamente: “Não digas: ‘Pequei: o que me aconteceu?’ porque o Senhor é paciente. Não sejas tão seguro do perdão para acumular pecado sobre pecado. Não digas: ‘Sua misericórdia é grande para perdoar meus inúmeros pecados’, porque há nele misericórdia e cólera e sua ira pousará sobre os pecadores. Não demores em voltar para o Senhor e não adies de um dia para o outro, porque, de repente, a cólera do Senhor virá e no dia do castigo perecerás” (Eclo 5,4-7)
Caríssimos, eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação! Deixemo-nos reconciliar com Deus em Cristo! Convertamo-nos!
 Dom Henrique Soares da Costa


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Para a Celebração da Palavra (diáconos e ministros extraordinários da Palavra):




 LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR) -  III dom quaresma C
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, sois o nosso Deus e somos o vosso povo.
à Deus de Abraão, de Isaac, de Jacob, de Moisés e do Povo no qual nos acolhestes. Nós Vos damos graças e bendizemos o Vosso Nome que nos revelastes: “Eu sou”. Sois o Deus vivo, por todos os séculos. Nós Vos confiamos a nossa solidariedade para com todos os povos oprimidos, como outrora a descendência de Abraão no Egito. Nós sentimo-nos muitas vezes tão impotentes diante da infelicidade de tantos povos. Iluminai-nos.
T: Senhor, sois o nosso Deus e somos o vosso povo.
à Pai, nós Vos damos graças pelo envio de Jesus. Ele revelou-Se como o novo Moisés, que fez brotar a fonte de água viva do batismo para nos dar vida e vida plena. Nós Vos confiamos as pessoas que se afastaram de Vós. Iluminai-nos com o vosso Espírito para se sejamos instrumentos para reconduzir estes nossos irmãos a Vós.
T: Senhor, sois o nosso Deus e somos o vosso povo.
à Deus paciente, bendito sejais pelos sinais dos tempos através dos quais nos advertis para que nos voltemos a Vós. Vos agradecemos, porque nos dais um tempo de conversão. Nós vos pedimos pelas nossas comunidades e pelas nossas famílias; que o vosso Espírito guie os nossos pensamentos, as nossas palavras e os nossos gestos, para que produzamos os frutos que esperais.
T: Senhor, sois o nosso Deus e somos o vosso povo.
à PAI NOSSO...     A PAZ...       EIS O CORDEIRO DE DEUS...


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

2º Domingo da Quaresma, subsídios homiléticos, homilias, homilia

2º Domingo da Quaresma ano 2016 (Adaptado pelo Diácono Ismael)

Sinopse:
TEMA: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!”  Somos convidados a refletir sobre a nossa conversão a Deus.
Iª leitura: Como Abraão, somos convidados a “acreditar” que Deus não falha. Ele é fiel.
Evangelho: O projeto de Jesus não se realiza através de esquemas de poder e de triunfo, mas através da entrega da vida e do amor que se dá até a morte.
IIª  leitura: A nossa transfiguração, a mudança, se dá no amor, sob o sinal da cruz de Jesus.

Iª  LEITURA– Gen 15,5-12.17-18
Deus levou Abrão para fora de casa e disse-lhe: «Olha para o céu e conta as estrelas, se as puderes contar»: «Assim será a tua descendência». Abrão acreditou [ ]. Disse-lhe Deus: «Eu sou o Senhor que te mandou sair de Ur [ ], para te dar a posse desta terra». «Toma uma vitela, uma cabra e um carneiro, uma rola e um pombinho». Abrão cortou-os ao meio [ ]. Quando o sol desapareceu e caíram as trevas, um brasido fumegante e um archote de fogo passaram entre os animais cortados. Nesse dia, o Senhor estabeleceu com Abrão uma aliança, dizendo: «Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates».

AMBIENTE
As tradições patriarcais são reflexões teológicas destinadas a apresentar modelos de vida e de fé. Os clãs –de Abraão, Isaac e Jacob – tinham os seus sonhos e esperanças. O denominador comum desses sonhos era a esperança de encontrar uma terra fértil e bem irrigada, bem como possuir uma família forte e numerosa que perpetuasse a “memória” da tribo. Abraão lamenta porque a sua vida está no fim e o seu herdeiro será um servo – Eliezer. Qual será a resposta de Deus ao lamento de Abraão?

MENSAGEM
Deus lhe garante uma descendência numerosa “como as estrelas do céu”. Abraão acredita em Jahwéh e, por isso, o Senhor considerou-o como justo. A fé é uma confiança total aos desígnios de Deus. O misterioso cerimonial é um rito de conclusão de uma aliança de povos antigos: cortavam-se os animais em dois e pronunciava contra si próprio uma espécie de maldição, para o caso de ser responsável pela quebra do pacto. O catequista bíblico acentua a ideia de um compromisso solene e irrevogável que Deus assume com Abraão. Repare: Deus não exigiu nada de Abraão. A promessa de Deus a Abraão é totalmente gratuita.

ATUALIZAÇÃO  Abraão está velho, sem filhos, sem a terra sonhada. A resposta de Abraão é confiar totalmente em Deus, aceitar os seus projetos e pôr-se ao serviço dos desígnios de Jahwéh.
O Deus que se revela a Abraão é um Deus que se compromete com o homem e cujas promessas são gratuitas. Somos convidados a confiar, mesmo em meio a uma tempestade. Ele acompanha-nos, ama-nos e é a rocha segura a que nós podemos agarrar.

SALMO RESPONSORIAL / 26 (27)
O Senhor é minha luz e salvação.
• O Senhor é minha luz e salvação; / de quem eu terei medo?/
      O Senhor é a proteção da minha vida;/ perante quem eu tremerei?
• Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo, / atendei por compaixão! /
     Meu coração fala convosco confiante,/ é vossa face que eu procuro.
• Não afasteis em vossa ira o vosso servo, / sois vós o meu auxílio! /
     Não me esqueçais nem me deixeis abandonado, / meu Deus e Salvador!
• Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver / na terra dos viventes. /
     Espera no Senhor e tem coragem,/ espera no Senhor!

EVANGELHO – Lc 9,28b-36
Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto e as suas vestes [ ]. Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, [ ]. Pedro e os companheiros caiam de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. [ ], Pedro disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». [ ]. Enquanto falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Os discípulos guardaram segredo do que tinham visto.

AMBIENTE
Jesus anunciou a salvação aos pobres, proclamou a libertação aos cativos, fez os cegos recobrar a vista, libertou os oprimidos, proclamou o tempo da graça do Senhor. À volta de Jesus já se formou esse grupo dos que acolheram a oferta da salvação (os discípulos). Eles já descobriram que Jesus é o Messias de Deus e que o messianismo de Jesus passa pela cruz e que devem seguir o mesmo caminho de amor e de entrega da vida; mas, antes de subirem a Jerusalém, recebem a revelação do Pai que atesta que Jesus é o Filho bem amado.

MENSAGEM
O relato é uma catequese sobre Jesus, o Filho de Deus, que através da cruz se dá ao projeto de vida. O “monte” situa-nos num contexto de revelação (é “no monte” que Deus Se revela e que faz aliança com o seu Povo); a “mudança” do rosto e as vestes resplandecentes recordam Moisés, ao descer do Sinai; a nuvem indica a presença de Deus conduzindo o seu Povo através do deserto. Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas (que anunciam Jesus); além disso, pela catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva. Eles falam com Jesus sobre a sua “morte” (“exodon” – “partida”). A morte de Jesus é uma morte libertadora, que trará o Povo da escravidão para a terra da liberdade.
::: Jesus é o Filho amado de Deus, através de quem o Pai oferece aos homens uma proposta de aliança e de libertação. As figuras de Moisés e Elias (Lei e Profetas) apontam para Jesus e anunciam a salvação definitiva que, n’Ele, irá acontecer. Essa libertação dar se- á na cruz de amor total. É esse o “novo êxodo”, o dia da libertação definitiva do Povo de Deus. O “sono” é simbólico: os discípulos “dormem” porque não querem entender que a “glória” do Messias tenha de passar pela experiência da cruz e da entrega da vida; a construção das “tendas” parece significar que os discípulos queriam deter-se nesse momento de revelação gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus.

ATUALIZAÇÃO O Filho de Deus, vai concretizar o plano libertador através da entrega total de Si por amor. A “transfiguração” anuncia a vida nova que daí nasce; a ressurreição.
Os discípulos que partilham da transfiguração não aceitam que o projeto libertador passe pela cruz. Eles não entendem um Deus que Se manifesta no serviço e no amor (dormem).
Os discípulos não têm muita vontade de “descer à terra” e enfrentar o mundo e os problemas dos homens. São os que vivem de olhos postos no céu, sem vontade de intervir para transformar. A religião é um compromisso com Deus que Se faz compromisso de amor com o mundo e com os homens.

LEITURA II – Filip 3,17-4,1
Sede meus imitadores [ ]. Porque há muitos,  [ ] que procedem como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição: têm por deus o ventre,  [ ] e só apreciam as coisas terrenas. Mas a nossa pátria está nos Céus,  [ ] Jesus Cristo transformará o nosso corpo, para o tornar semelhante ao seu corpo glorioso,[ ]. Portanto, meus amados [ ] , permanecei firmes no Senhor.

AMBIENTE
Na prisão (em Éfeso?), Paulo agradece aos Filipenses, exorta-os à fidelidade e os põe de sobreaviso em relação aos falsos pregadores que confundiam os cristãos e punham em causa o essencial da fé (o Evangelho não é o cumprimento de ritos externos, mas a adesão à proposta de salvação que Deus nos faz em Jesus).

MENSAGEM
Os Filipenses têm dois exemplos a seguir. Um é o de Paulo, outro os pregadores “judaizantes” que dizem participar já, no triunfo de Cristo. Paulo recusa este triunfalismo e pede que não imitem esses pregadores, mas o exemplo do próprio Paulo.  Paulo avisa que A salvação não está consumada; encontra-se ainda em processo de gestação. Vamos amadurecendo progressivamente, sob o signo da cruz de Cristo.  Quanto a esses, “cujo deus é o ventre e “colocam o seu coração nas coisas terrenas”, esses esqueceram o essencial e estão condenados à perdição. O nosso destino é um corpo transfigurado pela ressurreição. Como garantia de que será assim, temos Jesus Cristo, Senhor e Salvador.

ATUALIZAÇÃO
 somos convidados a ter consciência de que a nossa caminhada em direção ao Homem Novo não está concluída; trata-se de um processo construído dia a dia sob o signo da cruz, isto é, numa entrega total por amor que subverte os nossos esquemas egoístas e comodistas.
Considerar-se como alguém que já atingiu a meta da perfeição pela prática de alguns ritos externos é orgulho e autossuficiência: significa que ainda não percebemos onde está o essencial – na mudança do coração. Só a transformação radical do coração nos conduzirá a essa vida nova, transfigurada pela ressurreição.



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No monte Tabor

Estamos no 2º domingo da Quaresma.
A Liturgia nos convida a subir o Monte Tabor para fortalecer a nossa fé em nossa caminhada quaresmal.

A Quaresma é o caminho de nossa transfiguração em Cristo.
O Tabor é uma parada que Jesus faz em sua caminhada para o Calvário.
É o lugar onde Deus reanima seus amigos e lhes dá as forças necessárias para chegar também eles à cruz.

As leituras apresentam pistas para a nossa "TRANSFIGURAÇÃO".

A 1ª Leitura nos fala da FÉ DE ABRAÃO. (Gn 15,5-12.17-18)

Abraão já está velho, sem filhos, sem a terra sonhada e sua vida parece condenada ao fracasso.
Deus lhe garante a Posse de uma Terra e uma descendência numerosa...
Ele confia totalmente em Deus e se põe a serviço dos desígnios do Senhor.

* Abraão é um modelo de fé: confia totalmente em Deus, aceita os planos de Deus e se põe a serviço deles.

Na 2a leitura, PAULO mostra sua FÉ na transfiguração, apesar do que via e condenava na comunidade:
  "Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorificado". (Fl 3,17-4,1)

* A nossa transfiguração e a transformação do mundo atual exigem um processo contínuo de conversão.

O Evangelho apresenta a FÉ DOS APÓSTOLOS, fortalecida na MONTANHA pela Transfiguração de Jesus. (Lc 9,28b-36)

Jesus está a caminho de Jerusalém com os Apóstolos.
O 1o anúncio da PAIXÃO provoca neles uma crise profunda...
Desmoronam as esperanças messiânicas, impregnadas de triunfalismo...
Os Apóstolos, decepcionados, entram numa profunda crise.

Para reanimar a fé abalada deles, Jesus...
- recorre à oração, na MONTANHA, lugar sagrado por excelência, onde Deus se revela ao homem e lhe apresenta seus projetos.
- se transfigura: Todo encontro autêntico com Deus deixa marcas visíveis no rosto das pessoas, como em Moisés ao descer do Sinai;
- Uma Voz confirma: "Este é o meu filho amado, escutai-o".

  Ao descer do monte, uma nova energia inundaria a sua pessoa e o coração dos apóstolos, para continuar a marcha para Jerusalém, onde seria crucificado...

+ PORMENORES significativos do evangelho de Lucas:
- O Motivo da ida à Montanha: "Ele vai lá para orar..."
- O rosto deixa transparecer a presença de Deus durante a Oração.
- Aparecem Moisés e Elias que falam sobre o que encontrará em Jerusalém.
  Representam a Lei e os Profetas: o Antigo Testamento...
- Os três discípulos dormem, quando Jesus fala de doação da própria vida...
- As três Tendas: Pedro deseja permanecer contemplando o transfigurado.
   Jesus convida a descer o monte e prosseguir a caminhada...
   Não podemos nos acomodar em nossa tenda; precisamos SAIR, agir e enfrentar os conflitos da caminhada.
- Da nuvem sai uma VOZ: "Este é meu Filho, ESCUTAI-O".
- No fim, "Jesus ficou sozinho": Moisés e Elias desaparecem...
   O Antigo Testamento já cumpriu sua tarefa.

OS TRÊS DISCÍPULOS:
- partilham a experiência da transfiguração, mas recusam-se a aceitar que o triunfo de Cristo passe pelo sofrimento e pela cruz;
- testemunham a transfiguração, mas parecem não ter muita vontade de descer à terra e enfrentar o mundo e os problemas dos homens;
- representam os que vivem de olhos postos no céu, mas alheados na realidade do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e transformar.

Agentes da transfiguração:
- Nós, como os apóstolos, deparamos com a cruz... E a primeira reação costuma ser a mesma: fugir dela.
  Aceitamos com alegria o Tabor... mas temos dificuldade em aceitar o Calvário.
- Nesses momentos, para reanimar a nossa fé, Deus continua "inventando" também para nós um Tabor,   dando-nos uma pequena amostra de sua beleza e de sua glória.
- Contudo é bom lembrar que, o Tabor foi apenas uma parada que Jesus fez em seu caminho para o Calvário.
  Também para nós, o Tabor continua sendo uma situação transitória, para que sejamos testemunhas vivas do que nos espera...

+ O Nosso Tabor...
A transfiguração aconteceu oito dias após o anúncio da Paixão...
Para os cristãos, o 8º Dia é o "Dia do Senhor", no qual a comunidade se reúne para escutar a Palavra e para partir o Pão.

Todos os domingos, devemos SUBIR a Montanha para CONTEMPLAR o Cristo transfigurado (ressuscitado) e ESCUTAR a sua voz.
E depois, transfigurados, DESCER a Montanha (sair da igreja) para prosseguir a nossa caminhada como agentes da transfiguração, dispostos a enfrentar o mundo e os seus problemas...

* O que fazemos no DOMINGO?
SUBIMOS a Montanha... para contemplar esse Rosto... para escutar essa Voz?
e depois DESCEMOS reanimados para prosseguir a nossa caminhada?
A nossa fé na transfiguração nos deve levar a transfigurar todo o nosso ser e transformar o mundo que nos rodeia. A humanidade se transforma e renasce quando escuta a Palavra do Pai em seu Filho e a põe em prática.

                                      Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, entramos no segundo domingo da quaresma, buscamos, a partir da Palavra de Deus e da Celebração, confirmar nossa caminhada. Sem a Bíblia não temos força para caminhar. Sem a Eucaristia não temos força para caminhar. O Concílio Vaticano segundo, no documento chamado Dei Verbum, vai dizer, que a Eucaristia e a Palavra de Deus tem o mesmo valor e o mesmo significado, porque ambas tratam da encarnação de Deus. A Palavra de Deus, quando é lida e proclamada, ela tem a encarnação; o Verbo se faz carne. Por que? A Palavra é transmitida através de uma pessoa e quando Celebramos a Eucaristia, o pão e o vinho se faz carne; são estas duas grandezas que compõem a missa (Celebração Eucarística). A Celebração Eucarística, portanto, é o ápice, o mais importante da nossa caminhada de fé, porque é o momento em nós nos encontramos com Deus. Agora, somos pessoas sensíveis. O que significa isto? Nós conseguimos nos comunicar através do ouvido, a audição. Através do olhos, a visão. Através do olfato, o cheiro. Através do paladar, o gosto. Através da voz, do tato, o que significa, que somos necessitados de sinais concretos, não só de idéias para celebrar a nossa fé. A nossa fé não é uma idéia, um pensamento. A nossa fé, diz o papa Bento XVI, é na pessoa concreta; é Jesus. Portanto, a nossa fé não é uma aventura, mas algo verdadeiro, que eu posso, inclusive, identificar na história. Por que eu estou dizendo tudo isto? Porque é a liturgia que vai nos ajudar a celebrar, é a liturgia que vai criar o ambiente, clima necessário para encontrar-me com Deus. Muitas pessoas dizem: “a Celebração Eucarística (missa) é a mesma coisa”.  Na realidade, esta pessoa não entendeu bem. É a mesma coisa, porque ela, talvez, tenha a mesma postura em cada missa, mas cada Celebração é um encontro com Jesus. Cada Celebração é um encontro com Deus. Como eu preciso ver, ouvir, sentir o sabor, tocar, então, a liturgia cria este recurso, para que este encontro com Jesus seja festivo, seja solene. Daí, os cânticos, por exemplo, daí o porque temos a leitura da Palavra de Deus com toda solenidade. Daí o porque temos o momento da consagração, onde, para chamar mais a nossa atenção, embora NÃO SEJA NECESSÁRIO. É evidente, que quem participa realmente da Celebração, deve fazer a sua parte. Veja, que também Abraão está num ambiente litúrgico. Naquele tempo, ofereciam animais. Quem aboliu isto foi Jesus, quando ofereceu a si mesmo como cordeiro. Eles abriram o animal no meio, um novilho e fez toda uma Celebração. A noite, passou como um braseiro na carne, confirmando a aliança entre Deus e Abraão. O sinal desse braseiro nós temos até hoje; é a vela acesa. É para nos lembrar desse braseiro, desse fogo que vem de Deus, exatamente, para confirmar a nossa Celebração, o nosso culto. Claro, que é um braseiro simbólico, porque o grade sinal é o Círio Pascal, o grade fogo que veio do céu, que celebraremos no Sábado santo de maneira solene, esta luz que é Cristo.
Agora, temos também, no Evangelho de hoje a Palavra de Deus dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem deposito minha confiança. Ouvi-o”
Temos, então, o sinal sensível, que é o fogo, que eu vejo e se puser a mão ele queima, como eu tenho o sinal sensível que é a Palavra de Deus, que eu ouço e acabamos de ouvir a pouco. Tanto a primeira leitura, a segunda, o Evangelho, como o salmo também.
Agora, é partindo disto, que somos chamados a por em prática, aquilo que nos é falado por Deus. Já fomos purificados e confirmados, através do fogo do Espírito Santo; através do Batismo e, poderíamos dizer, seria também através da Crisma. Ora, estamos purificados. Agora resta ouvir os conselhos de Deus e por em prática. É aqui que começa a dificuldade, porque o momento litúrgico nos ajuda a nos preparar para a missão, mas a missão não deve acontecer aqui dentro. Aqui dentro acontecem serviços. Por que? Assim como uma festa, um jantar em casa, você precisa que pessoas ajudem para que tudo corra bem, também na Celebração; temos pessoas que nos acolhem, pessoas que nos ajudam na comunhão, pessoas que cuidaram da limpeza, ornamentação, pessoas que fazem as leituras para nós, temos pessoas que ensaiaram e nos ajudam a cantar na Celebração, temos pessoas que procuram manter todo o ambiente adequado: isto é um serviço. A nossa missão é fora daqui. A nossa missão é com aqueles que são contrários a cruz de Cristo, a compreender, que é através da Cruz, que Ele nos trouxe a salvação. Aqui, não estou me referindo a religiões, que não aceitam a cruz. Estamos falando de pessoas que não aceitam Jesus Cristo. Dificilmente, você encontrará alguém que diz que não aceita Jesus. A pergunta será; por que? E a pessoa não saberá responder. A maioria irá dizer que aceita Jesus, mas na hora de por em prática o que Ele ensina, aí damos um jeitinho. Isto é o que o Papa Bento XVI chamou de hipocrisia. Se eu aceito Jesus, eu aceito o que Ele fala e acabou. Não há porque ter medo em dizer: Eu creio em Jesus Cristo. Não há que ter medo de anunciar a cruz de Cristo. Alguns vão argumentar: Mas eu vou anunciar o objeto de suplício de Jesus? Ora, este objeto também é um sinal sensível, porque Jesus nos apresenta um programa de vida e por conta desse programa, acabou assumindo a Cruz. Mas, Ele não apresentou somente a cruz; a cruz faz parte, mas não é a única revelação que Jesus nos oferece. Eu sempre falei e é bom lembrar, que esta cruz que colocamos no altar, deve ser menor do que o corpo, de propósito, para as pessoas não pensarem que Jesus é só cruz. Ao contrário, Jesus é aquele que abraçou a cruz. A cruz é muito menor do que Ele. Jesus é maior do que qualquer idéia que podemos fazer. Ele é o Filho amado de Deus. Ele é aquele que dá sentido às palavras de Moisés e de Elias. Ele é aquele que garante vida eterna as pessoas. O mundo precisa saber disto, porque muitas pessoas não tem mais esperança. Como oferecer esperança sem iludi-las? É através de Jesus. Porque Jesus nos apresenta o amor de Deus, mas também nos chama ao compromisso. Por isso, temos este salmo belíssimo; “o Senhor é minha luz e salvação”. Por quê? Porque sem Ele, não temos esperança.
A proposta para esta semana, nesta segunda semana da quaresma, é ajudar as pessoas a se transfigurar; ir além da imagem, não parar nesta imagem, mas perceber o que está por detrás dessa imagem. Jesus, aparentemente, é só homem, mas atrás dessa imagem, tem um Deus vivo e verdadeiro. Quais são as imagens que somos chamados a transfigurar? Talvez, começando por cada um de nós, diante do Senhor, ganhar um sentido novo na vida. Transfigurar, talvez, a juventude. A tantos que estão buscando a felicidade e a esperança e procuram em lugares equivocados. Jesus é a pessoa que pode dar esperança, segurança. Transfigurar as famílias. Muitos já não vêem valores na família e não aguentam viver em família. Talvez, não conseguem ver que são esta luz de Cristo no mundo. Há tantos que não conseguem se transfigurar, que já desanimaram da vida. É aí que entra o nosso trabalho. Para que tenhamos força e coragem de enfrentar isto, é que os reunimos na liturgia, na Celebração Eucarística, para ouvirmos a Palavra e nos alimentar do Corpo e do Sangue do Senhor. Não desanimemos, mas nos renovemos nossa disposição de sermos anunciadores da Ressurreição do Senhor.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho

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Homilia de D. Henrique Soares

A Palavra de Deus apresenta-nos um contraste entre escuridão e luz: escuridão da noite do Pai Abraão e luz do Cristo transfigurado; (2) chama atenção com um evangelho tão estrondoso como o da Transfiguração.
Na primeira leitura, Abraão nos é apresentado numa profunda crise; Deus tinha lhe prometido descendência e uma terra e, quase vinte e cinco anos após sua saída de sua pátria e de sua família, o Senhor ainda não lhe dera nada! Numa noite escura, noite da alma, Abraão, não mais se conteve e perguntou: “Meu Senhor Deus, que me darás?” (Gn 15,2) Deus, então, “conduziu Abrão para fora e disse-lhe: ‘Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz! Assim será a tua descendência!” Deus tira Abraão do seu mundozinho, de seu modo de ver estreito, da sua angústia, e convida-o a ver e sentir com os olhos e o coração do próprio Deus. “Abrão teve fé no Senhor”. Abraão esperou contra toda esperança, apostando tudo no Senhor, apoiando nele todo seu futuro, toda de sua existência! Abraão creu! Por isso Deus o considerou seu amigo, “considerou isso como justiça!” E, como recompensa Deus selou uma aliança com nosso Pai na fé: “’Traze-me uma novilha, uma cabra, um carneiro, além de uma rola e uma pombinha’. Abrão trouxe tudo e dividiu os animais ao meio. Aves de rapina se precipitaram sobre os cadáveres, mas Abrão as enxotou. Quando o sol ia se pondo, caiu um sono profundo sobre Abrão e ele foi tomado de grande e misterioso terror”. Abrão entra em crise: no meio da noite – noite cronológica, atmosférica; noite no coração de Abrão – no meio da noite, as aves de rapina ameaçam, e o sono provocado pelo desânimo e a tristeza, rondam nosso Pai na fé... Deus demora, Deus parece ausente, Deus parece brincar com Abraão! Tudo é noite, como muitas vezes na nossa vida e na vida do mundo! Mas, ele persevera, vigia, luta contra as aves rapineiras e o torpor... E, no meio da noite Deus passa, como uma tocha luminosa: “quando o sol se pôs e escureceu, apareceu um braseiro fumegante e uma tocha de fogo... Naquele dia, o Senhor fez aliança com Abrão”. Observemos o mistério: Deus passou, iluminou a noite; a noite fez-se dia“Naquele dia, Deus fez aliança com Abrão!” Abraão, nosso Pai, esperou, creu, combateu, vigiou e a escuridão fez-se luz, profecia da luz que é Cristo, cumprimento da aliança prometido pelo Senhor! “O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem tremerei?” Eis o cumprimento da Aliança com Abraão: Cristo, que é luz, Cristo que hoje aparece transfigurado sobre o Tabor!
No evangelho, Jesus estava rezando – “subiu à montanha para rezar” - e, portanto, aberto para o Pai, disponível, todo orientado para o Senhor Deus: Cristo subiu para encontrar seu Deus e Pai! E o Pai o transfigura. Sim, o Pai! é a voz do Pai que sai da nuvem e apresenta Aquele que brilha em luz puríssima: “Este é o meu Filho, o Escolhido!” E a Nuvem que o envolve é sinal do Espírito de Deus, aquela mesma glória de Deus que desceu sobre a Montanha do Sinai (cf. Ex Ex 19,16), sobre a Tenda de Reunião no deserto (cf. Ex 40,34-38), sobre o Templo, quando foi consagrado (cf. 1Rs 8,10-13) e sobre Maria, a Virgem (cf. Lc 1,35). É no Espírito Santo que o Pai transfigura o Filho! Na voz, temos o Pai; no Transfigurado, o Filho; na Nuvem luminosa, o Espírito! E aparecem Moisés e Elias, simbolizando a Lei e os Profetas. Aqui, não nos percamos em loucas divagações e ignóbeis (sem no nobreza, fútil) conclusões, como os espíritas, que de modo louco, querem provar com este texto que os mortos se comunicam com os vivos! Trata-se, aqui, de uma visão sobrenatural, não de uma aparição fantasmagórica e natural! Moisés e Elias, que “estavam conversando com Jesus... sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém”. Aqui é preciso compreender! Um pouco antes – Lucas diz que oito dias antes (cf. 9,28) – Jesus tinha avisado que iria sofrer muito e morrer; os discípulos não compreendiam tal linguagem! Agora, sobre o monte, eles vêem que a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias) davam testemunho da morte de Jesus, de sua Páscoa! Sua paixão e morte vão conduzi-lo à glória da Ressurreição, glória que Jesus revela agora, de modo maravilhoso! Assim, a fé dos discípulos, que dormiam como Abraão, é fortalecida, como o foi a de Abraão, ao passar a glória do Senhor na tocha de fogo! A verdadeira tocha, a verdadeira luz que ilumina nossas noites sombrias e nossas dúvidas tão persistentes é Jesus!
Este evangelho logo no início da Quaresma, Precisamente porque estamos caminhando para a Páscoa: a de 2013 e a da Eternidade. Atravessando a noite desta vida e tempo quaresmal, estamos em tempo de oração, vigilância e penitência! A Igreja, como Mãe, carinhosa e sábia, nos anima, revelando-nos qual o nosso objetivo, qual a nossa meta, o nosso destino: trazer em nós a imagem viva do Cristo ressuscitado, transfigurado pelo Espírito Santo do Pai. Escutemos São Paulo: Nós somos cidadãos do céu. Esperamos o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso. Assim, meus irmãos, continuai firmes no Senhor!” Compreendem? Se mantivermos o olhar firme naquilo que nos aguarda – a glória de Cristo –, teremos força para atravessar a noite desta vida e o tempo da Quaresma. Somos convidados à perseverança de Abraão, ao seu combate na noite, à vigilância e à esperança, somos convidados a não sermos “inimigos da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas”, somos convidados a viver de fé, a combater na fé! Este é o combate da Quaresma, este é o combate da vida: passar da imagem do homem velho, com seus velhos raciocínios e sentimentos, ao homem novo, imagem do Cristo glorioso! Se formos fiéis, poderemos celebrar a Páscoa deste ano mais assemelhados ao Cristo transfigurado pela glória da Ressurreição e, um dia, seremos totalmente transfigurados à imagem bendita do Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina na glória imperecível. Amém!

D. Henrique Soares.

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Para a Celebração da Palavra (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):



LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR):
àO SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO...
à Por Jesus, COM JESUS e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, abri nossos corações para acolher os vossos ensinamentos.
à Ó Deus de Abraão, Deus de nossos pais na fé, nós Vos bendizemos e Vos reconhecemos como o Pai de incontáveis crentes que Vós multiplicastes como as estrelas do céu e a areia do deserto. Nós vos pedimos por todos os crentes que se reconhecem filhos de Abraão em diferentes confissões; Que o vosso Espírito nos guie para a unidade.
T: Pai, abri nossos corações para acolher os vossos ensinamentos.
à Pai, nós vos damos graças porque nos destes a dignidade de sermos cidadãos do Céu e nos destes Jesus como modelo para nos guiar. Que o Vosso Espírito nos transforme à imagem do corpo glorioso de vosso Filho.
T: Pai, abri nossos corações para acolher os vossos ensinamentos.
à Ó Deus de luz, bendito sejais por estes momentos de oração em cada domingo. Vós nos elevais sobre a montanha com Jesus e os discípulos. Como é bom estarmos aqui, na vossa presença. Nós vos pedimos: abri os nossos corações à Palavra viva do Vosso Filho bem-amado, para que sempre o escutemos e sigamos os seus passos.
T: Pai, abri nossos corações para acolher os vossos ensinamentos.
à PAI NOSSO... A PAZ... EIS O CORDEIRO DE DEUS...