2º Domingo da Quaresma ano 2016 (Adaptado pelo Diácono Ismael)
Sinopse:
TEMA: “Este é o meu Filho, o Escolhido.
Escutai o que ele diz!” Somos convidados
a refletir sobre a nossa conversão a Deus.
Iª leitura: Como Abraão, somos convidados a
“acreditar” que Deus não falha. Ele é fiel.
Evangelho: O projeto de Jesus não se realiza
através de esquemas de poder e de triunfo, mas através da entrega da vida e do
amor que se dá até a morte.
IIª leitura: A nossa transfiguração, a mudança, se dá no amor, sob o sinal da cruz de
Jesus.
Iª LEITURA– Gen 15,5-12.17-18
Deus levou Abrão para fora de casa e disse-lhe: «Olha para o céu e conta
as estrelas, se as puderes contar»: «Assim será a tua descendência». Abrão
acreditou [ ]. Disse-lhe Deus: «Eu sou o Senhor que te mandou sair de Ur [ ],
para te dar a posse desta terra». «Toma uma vitela, uma cabra e um carneiro,
uma rola e um pombinho». Abrão cortou-os ao meio [ ]. Quando o sol desapareceu
e caíram as trevas, um brasido fumegante e um archote de fogo passaram entre os
animais cortados. Nesse dia, o Senhor estabeleceu com Abrão uma aliança,
dizendo: «Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egito até ao
grande rio Eufrates».
AMBIENTE
As tradições patriarcais são
reflexões teológicas destinadas a apresentar modelos de vida e de fé. Os clãs –de Abraão, Isaac
e Jacob – tinham os seus sonhos e esperanças. O denominador comum desses sonhos
era a esperança de encontrar uma terra fértil e bem irrigada, bem como possuir
uma família forte e numerosa que perpetuasse a “memória” da tribo. Abraão
lamenta porque a sua vida está no fim e o seu herdeiro será um servo –
Eliezer. Qual será a resposta de Deus ao lamento de Abraão?
MENSAGEM
Deus lhe garante uma descendência numerosa “como as estrelas do céu”.
Abraão acredita em Jahwéh e, por isso, o Senhor
considerou-o como justo. A fé é uma confiança total
aos desígnios de Deus. O misterioso cerimonial é um rito de conclusão de uma
aliança de povos antigos: cortavam-se os animais em dois e pronunciava contra
si próprio uma espécie de maldição, para o caso de ser responsável pela quebra
do pacto. O catequista bíblico acentua a ideia de um compromisso solene e
irrevogável que Deus assume com Abraão. Repare: Deus não exigiu nada de Abraão.
A promessa de Deus a Abraão é totalmente gratuita.
ATUALIZAÇÃO ♦ Abraão está velho, sem filhos, sem a terra
sonhada. A resposta de Abraão é confiar totalmente em Deus, aceitar os seus
projetos e pôr-se ao serviço dos desígnios de Jahwéh.
♦ O Deus que se
revela a Abraão é um Deus que se compromete com o homem e cujas promessas são
gratuitas. Somos convidados a confiar, mesmo em meio a uma tempestade. Ele
acompanha-nos, ama-nos e é a rocha segura a que nós podemos agarrar.
SALMO RESPONSORIAL
/ 26 (27)
O Senhor é minha
luz e salvação.
• O Senhor é minha luz e salvação; / de quem eu terei
medo?/
O Senhor é a
proteção da minha vida;/ perante quem eu tremerei?
• Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo, / atendei por
compaixão! /
Meu coração
fala convosco confiante,/ é vossa face que eu procuro.
• Não afasteis em vossa ira o vosso servo, / sois vós o
meu auxílio! /
Não me
esqueçais nem me deixeis abandonado, / meu Deus e Salvador!
• Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver / na terra dos
viventes. /
Espera no
Senhor e tem coragem,/ espera no Senhor!
EVANGELHO – Lc 9,28b-36
Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto
orava, alterou-se o aspecto do seu rosto e as suas vestes [ ]. Dois homens
falavam com Ele: eram Moisés e Elias, [ ]. Pedro e os companheiros caiam de
sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam
com Ele. [ ], Pedro disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos
três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». [ ]. Enquanto
falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de
medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu
Filho, o meu Eleito: escutai-O». Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou
sozinho. Os discípulos guardaram segredo do que tinham visto.
AMBIENTE
Jesus anunciou a salvação aos pobres, proclamou a libertação aos cativos,
fez os cegos recobrar a vista, libertou os oprimidos, proclamou o tempo da
graça do Senhor. À volta de Jesus já se formou esse grupo dos que acolheram a
oferta da salvação (os discípulos). Eles já descobriram que Jesus é o Messias
de Deus e que o messianismo de Jesus passa pela cruz e que devem seguir o mesmo
caminho de amor e de entrega da vida; mas, antes de subirem a Jerusalém,
recebem a revelação do Pai que atesta que Jesus é o Filho bem amado.
MENSAGEM
O relato é uma catequese sobre Jesus, o Filho de Deus, que através da cruz
se dá ao projeto de vida. O “monte” situa-nos num contexto de revelação (é “no
monte” que Deus Se revela e que faz aliança com o seu Povo); a “mudança” do
rosto e as vestes resplandecentes recordam Moisés, ao descer do Sinai; a
nuvem indica a presença de Deus conduzindo o seu Povo através do deserto. Moisés
e Elias representam a Lei e os Profetas (que anunciam Jesus); além disso,
pela catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se
manifestasse a salvação definitiva. Eles falam com Jesus sobre a sua “morte”
(“exodon” – “partida”). A morte de Jesus é uma morte libertadora, que trará o
Povo da escravidão para a terra da liberdade.
::: Jesus é o Filho
amado de Deus, através de quem o Pai oferece aos homens uma proposta de aliança
e de libertação. As figuras de Moisés e Elias (Lei e Profetas) apontam para
Jesus e anunciam a salvação definitiva que, n’Ele, irá acontecer. Essa
libertação dar se- á na cruz de amor total. É esse o “novo êxodo”, o dia da
libertação definitiva do Povo de Deus. O “sono” é simbólico: os discípulos
“dormem” porque não querem entender que a “glória” do Messias tenha de
passar pela experiência da cruz e da entrega da vida; a construção das “tendas”
parece significar que os discípulos queriam deter-se nesse momento de revelação
gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus.
ATUALIZAÇÃO ♦ O Filho de Deus,
vai concretizar o plano libertador através da entrega total de Si por amor. A
“transfiguração” anuncia a vida nova que daí nasce; a ressurreição.
♦ Os discípulos que
partilham da transfiguração não aceitam que o projeto libertador passe pela
cruz. Eles não entendem um Deus que Se manifesta no serviço e no amor (dormem).
♦ Os discípulos não
têm muita vontade de “descer à terra” e enfrentar o mundo e os problemas dos
homens. São os que vivem de olhos postos no céu, sem vontade de intervir para
transformar. A religião é um compromisso com Deus que Se faz compromisso de
amor com o mundo e com os homens.
LEITURA II – Filip 3,17-4,1
Sede meus imitadores [ ]. Porque há muitos, [ ] que procedem como inimigos da cruz de
Cristo. O fim deles é a perdição: têm por deus o ventre, [ ] e só apreciam as coisas terrenas. Mas a
nossa pátria está nos Céus, [ ] Jesus
Cristo transformará o nosso corpo, para o tornar semelhante ao seu corpo
glorioso,[ ]. Portanto, meus amados [ ] , permanecei firmes no Senhor.
AMBIENTE
Na prisão (em Éfeso?), Paulo agradece aos Filipenses, exorta-os à
fidelidade e os põe de sobreaviso em relação aos falsos pregadores que
confundiam os cristãos e punham em causa o essencial da fé (o Evangelho não é o
cumprimento de ritos externos, mas a adesão à proposta de salvação que Deus nos
faz em Jesus).
MENSAGEM
Os Filipenses têm dois exemplos a seguir. Um é o de Paulo, outro os
pregadores “judaizantes” que dizem participar já, no triunfo de Cristo. Paulo
recusa este triunfalismo e pede que não imitem esses pregadores, mas o exemplo
do próprio Paulo. Paulo avisa que A
salvação não está consumada; encontra-se ainda em processo de gestação. Vamos
amadurecendo progressivamente, sob o signo da cruz de Cristo. Quanto a esses, “cujo deus é o ventre e
“colocam o seu coração nas coisas terrenas”, esses esqueceram o essencial e
estão condenados à perdição. O nosso destino é um corpo transfigurado pela
ressurreição. Como garantia de que será assim, temos Jesus Cristo, Senhor e
Salvador.
ATUALIZAÇÃO
♦ somos convidados a ter consciência de que a
nossa caminhada em direção ao Homem Novo não está concluída; trata-se de um
processo construído dia a dia sob o signo da cruz, isto é, numa entrega total
por amor que subverte os nossos esquemas egoístas e comodistas.
♦ Considerar-se
como alguém que já atingiu a meta da perfeição pela prática de alguns ritos
externos é orgulho e autossuficiência: significa que ainda não percebemos onde
está o essencial – na mudança do coração. Só a transformação radical do coração
nos conduzirá a essa vida nova, transfigurada pela ressurreição.
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No monte Tabor
Estamos no 2º domingo da Quaresma.
A Liturgia nos convida a subir o Monte Tabor para fortalecer
a nossa fé em nossa caminhada quaresmal.
A Quaresma é o caminho de nossa transfiguração em Cristo.
O Tabor é uma parada que Jesus faz em sua caminhada para o
Calvário.
É o lugar onde Deus reanima seus amigos e lhes dá as forças
necessárias para chegar também eles à cruz.
As leituras apresentam pistas para a nossa "TRANSFIGURAÇÃO".
A 1ª Leitura nos fala da FÉ DE ABRAÃO. (Gn
15,5-12.17-18)
Abraão já está velho, sem filhos, sem a terra sonhada e sua
vida parece condenada ao fracasso.
Deus lhe garante a Posse de uma Terra e uma descendência
numerosa...
Ele confia totalmente em Deus e se põe a serviço dos
desígnios do Senhor.
* Abraão é um modelo de fé: confia totalmente em
Deus, aceita os planos de Deus e se põe a serviço deles.
Na 2a leitura, PAULO
mostra sua FÉ na transfiguração, apesar do que via e condenava na comunidade:
"Ele transformará o nosso corpo
humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorificado". (Fl
3,17-4,1)
* A nossa transfiguração e a transformação do mundo atual exigem
um processo contínuo de conversão.
O Evangelho apresenta a FÉ DOS
APÓSTOLOS, fortalecida na MONTANHA pela Transfiguração de Jesus. (Lc 9,28b-36)
Jesus está a caminho de Jerusalém com os Apóstolos.
O 1o anúncio da PAIXÃO provoca neles uma crise
profunda...
Desmoronam as esperanças messiânicas, impregnadas de
triunfalismo...
Os Apóstolos, decepcionados, entram numa profunda crise.
Para reanimar a fé abalada deles, Jesus...
- recorre à oração, na MONTANHA, lugar sagrado por
excelência, onde Deus se revela ao homem e lhe apresenta seus projetos.
- se transfigura: Todo encontro autêntico com Deus
deixa marcas visíveis no rosto das pessoas, como em Moisés ao descer do Sinai;
- Uma Voz confirma: "Este é o meu filho amado, escutai-o".
Ao descer do monte,
uma nova energia inundaria a sua pessoa e o coração dos apóstolos, para
continuar a marcha para Jerusalém, onde seria crucificado...
+ PORMENORES
significativos do evangelho de Lucas:
- O
Motivo da ida à Montanha: "Ele vai
lá para orar..."
- O
rosto deixa transparecer a presença de Deus durante a Oração.
- Aparecem Moisés e Elias que falam sobre o que encontrará em
Jerusalém.
Representam a Lei e
os Profetas: o Antigo Testamento...
- Os
três discípulos dormem, quando Jesus fala de doação da própria vida...
- As
três Tendas: Pedro deseja permanecer
contemplando o transfigurado.
Jesus convida a
descer o monte e prosseguir a caminhada...
Não podemos nos
acomodar em nossa tenda; precisamos SAIR,
agir e enfrentar os conflitos da caminhada.
- Da
nuvem sai uma VOZ: "Este é meu
Filho, ESCUTAI-O".
- No
fim, "Jesus ficou sozinho": Moisés e Elias desaparecem...
O Antigo Testamento
já cumpriu sua tarefa.
OS TRÊS DISCÍPULOS:
- partilham a experiência da transfiguração, mas recusam-se
a aceitar que o triunfo de Cristo passe pelo sofrimento e pela cruz;
- testemunham a transfiguração, mas parecem não ter muita
vontade de descer à terra e enfrentar o mundo e os problemas dos homens;
- representam os que vivem de olhos postos no céu, mas
alheados na realidade do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e
transformar.
Agentes da transfiguração:
- Nós, como os apóstolos, deparamos com a cruz... E a
primeira reação costuma ser a mesma: fugir dela.
Aceitamos com
alegria o Tabor... mas temos dificuldade em aceitar o Calvário.
- Nesses momentos, para reanimar a nossa fé, Deus continua
"inventando" também para nós um Tabor, dando-nos uma pequena amostra de sua beleza e
de sua glória.
- Contudo é bom lembrar que, o Tabor foi apenas uma parada
que Jesus fez em seu caminho para o Calvário.
Também para nós, o
Tabor continua sendo uma situação transitória, para que sejamos testemunhas
vivas do que nos espera...
+ O Nosso Tabor...
A transfiguração aconteceu oito dias após o anúncio da
Paixão...
Para os cristãos, o 8º Dia é o "Dia do Senhor", no
qual a comunidade se reúne para escutar a Palavra e para partir o Pão.
Todos os domingos, devemos SUBIR a Montanha para
CONTEMPLAR o Cristo transfigurado (ressuscitado) e ESCUTAR a sua voz.
E depois, transfigurados, DESCER a Montanha (sair da
igreja) para prosseguir a nossa caminhada como agentes da transfiguração,
dispostos a enfrentar o mundo e os seus problemas...
* O que fazemos no DOMINGO?
SUBIMOS a Montanha... para contemplar esse Rosto... para
escutar essa Voz?
e depois DESCEMOS reanimados para prosseguir a nossa
caminhada?
A nossa fé na transfiguração nos deve levar a transfigurar
todo o nosso ser e transformar o mundo que nos rodeia. A humanidade se
transforma e renasce quando escuta a Palavra do Pai em seu Filho e a põe em
prática.
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Pedrinho
Meus
irmãos e irmãs, entramos no segundo domingo da quaresma, buscamos, a partir da
Palavra de Deus e da Celebração, confirmar nossa caminhada. Sem a Bíblia não
temos força para caminhar. Sem a Eucaristia não temos força para caminhar. O
Concílio Vaticano segundo, no documento chamado Dei Verbum, vai dizer, que a
Eucaristia e a Palavra de Deus tem o mesmo valor e o mesmo significado,
porque ambas tratam da encarnação de Deus. A Palavra de Deus, quando é lida e
proclamada, ela tem a encarnação; o Verbo se faz carne. Por que? A Palavra é
transmitida através de uma pessoa e quando Celebramos a Eucaristia, o pão e o
vinho se faz carne; são estas duas grandezas que compõem a missa (Celebração
Eucarística). A Celebração Eucarística, portanto, é o ápice, o mais importante
da nossa caminhada de fé, porque é o momento em nós nos encontramos com Deus. Agora,
somos pessoas sensíveis. O que significa isto? Nós conseguimos nos comunicar
através do ouvido, a audição. Através do olhos, a visão. Através do olfato, o
cheiro. Através do paladar, o gosto. Através da voz, do tato, o que significa,
que somos necessitados de sinais concretos, não só de idéias para celebrar a nossa
fé. A nossa fé não é uma idéia, um pensamento. A nossa fé, diz o papa Bento
XVI, é na pessoa concreta; é Jesus. Portanto, a nossa fé não é uma aventura,
mas algo verdadeiro, que eu posso, inclusive, identificar na história. Por que
eu estou dizendo tudo isto? Porque é a liturgia que vai nos ajudar a celebrar,
é a liturgia que vai criar o ambiente, clima necessário para encontrar-me com
Deus. Muitas pessoas dizem: “a Celebração Eucarística (missa) é a mesma
coisa”. Na realidade, esta pessoa não
entendeu bem. É a mesma coisa, porque ela, talvez, tenha a mesma postura em
cada missa, mas cada Celebração é um encontro com Jesus. Cada Celebração é um
encontro com Deus. Como eu preciso ver, ouvir, sentir o sabor, tocar, então, a
liturgia cria este recurso, para que este encontro com Jesus seja festivo, seja
solene. Daí, os cânticos, por exemplo, daí o porque temos a leitura da Palavra
de Deus com toda solenidade. Daí o porque temos o momento da consagração, onde,
para chamar mais a nossa atenção, embora NÃO SEJA NECESSÁRIO. É evidente, que
quem participa realmente da Celebração, deve fazer a sua parte. Veja, que
também Abraão está num ambiente litúrgico. Naquele tempo, ofereciam animais.
Quem aboliu isto foi Jesus, quando ofereceu a si mesmo como cordeiro. Eles
abriram o animal no meio, um novilho e fez toda uma Celebração. A noite, passou
como um braseiro na carne, confirmando a aliança entre Deus e Abraão. O sinal
desse braseiro nós temos até hoje; é a vela acesa. É para nos lembrar desse
braseiro, desse fogo que vem de Deus, exatamente, para confirmar a nossa
Celebração, o nosso culto. Claro, que é um braseiro simbólico, porque o grade
sinal é o Círio Pascal, o grade fogo que veio do céu, que celebraremos no
Sábado santo de maneira solene, esta luz que é Cristo.
Agora,
temos também, no Evangelho de hoje a Palavra de Deus dizendo: “Este é o meu
Filho amado, em quem deposito minha confiança. Ouvi-o”
Temos,
então, o sinal sensível, que é o fogo, que eu vejo e se puser a mão ele queima,
como eu tenho o sinal sensível que é a Palavra de Deus, que eu ouço e acabamos
de ouvir a pouco. Tanto a primeira leitura, a segunda, o Evangelho, como o
salmo também.
Agora,
é partindo disto, que somos chamados a por em prática, aquilo que nos é falado
por Deus. Já fomos purificados e confirmados, através do fogo do Espírito
Santo; através do Batismo e, poderíamos dizer, seria também através da Crisma.
Ora, estamos purificados. Agora resta ouvir os conselhos de Deus e por em
prática. É aqui que começa a dificuldade, porque o momento litúrgico nos ajuda
a nos preparar para a missão, mas a missão não deve acontecer aqui dentro. Aqui
dentro acontecem serviços. Por que? Assim como uma festa, um jantar em casa,
você precisa que pessoas ajudem para que tudo corra bem, também na Celebração;
temos pessoas que nos acolhem, pessoas que nos ajudam na comunhão, pessoas que
cuidaram da limpeza, ornamentação, pessoas que fazem as leituras para nós,
temos pessoas que ensaiaram e nos ajudam a cantar na Celebração, temos pessoas
que procuram manter todo o ambiente adequado: isto é um serviço. A nossa missão
é fora daqui. A nossa missão é com aqueles que são contrários a cruz de Cristo,
a compreender, que é através da Cruz, que Ele nos trouxe a salvação. Aqui, não
estou me referindo a religiões, que não aceitam a cruz. Estamos falando de
pessoas que não aceitam Jesus Cristo. Dificilmente, você encontrará alguém que
diz que não aceita Jesus. A pergunta será; por que? E a pessoa não saberá
responder. A maioria irá dizer que aceita Jesus, mas na hora de por em prática
o que Ele ensina, aí damos um jeitinho. Isto é o que o Papa Bento XVI chamou de
hipocrisia. Se eu aceito Jesus, eu aceito o que Ele fala e acabou. Não há
porque ter medo em dizer: Eu creio em Jesus Cristo. Não há que ter medo de
anunciar a cruz de Cristo. Alguns vão argumentar: Mas eu vou anunciar o objeto
de suplício de Jesus? Ora, este objeto também é um sinal sensível, porque Jesus
nos apresenta um programa de vida e por conta desse programa, acabou assumindo
a Cruz. Mas, Ele não apresentou somente a cruz; a cruz faz parte, mas não é a única
revelação que Jesus nos oferece. Eu sempre falei e é bom lembrar, que esta cruz
que colocamos no altar, deve ser menor do que o corpo, de propósito, para as
pessoas não pensarem que Jesus é só cruz. Ao contrário, Jesus é aquele que abraçou
a cruz. A cruz é muito menor do que Ele. Jesus é maior do que qualquer idéia
que podemos fazer. Ele é o Filho amado de Deus. Ele é aquele que dá sentido às
palavras de Moisés e de Elias. Ele é aquele que garante vida eterna as pessoas.
O mundo precisa saber disto, porque muitas pessoas não tem mais esperança. Como
oferecer esperança sem iludi-las? É através de Jesus. Porque Jesus nos
apresenta o amor de Deus, mas também nos chama ao compromisso. Por isso, temos
este salmo belíssimo; “o Senhor é minha luz e salvação”. Por quê? Porque sem
Ele, não temos esperança.
A
proposta para esta semana, nesta segunda semana da quaresma, é ajudar as
pessoas a se transfigurar; ir além da imagem, não parar nesta imagem, mas
perceber o que está por detrás dessa imagem. Jesus, aparentemente, é só homem,
mas atrás dessa imagem, tem um Deus vivo e verdadeiro. Quais são as imagens que
somos chamados a transfigurar? Talvez, começando por cada um de nós, diante do
Senhor, ganhar um sentido novo na vida. Transfigurar, talvez, a juventude. A tantos
que estão buscando a felicidade e a esperança e procuram em lugares
equivocados. Jesus é a pessoa que pode dar esperança, segurança. Transfigurar as
famílias. Muitos já não vêem valores na família e não aguentam viver em família.
Talvez, não conseguem ver que são esta luz de Cristo no mundo. Há tantos que não
conseguem se transfigurar, que já desanimaram da vida. É aí que entra o nosso
trabalho. Para que tenhamos força e coragem de enfrentar isto, é que os
reunimos na liturgia, na Celebração Eucarística, para ouvirmos a Palavra e nos
alimentar do Corpo e do Sangue do Senhor. Não desanimemos, mas nos renovemos
nossa disposição de sermos anunciadores da Ressurreição do Senhor.
Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho
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Homilia
de D. Henrique Soares
A Palavra de Deus
apresenta-nos um contraste entre escuridão e luz: escuridão da noite do Pai
Abraão e luz do Cristo transfigurado; (2) chama atenção com um evangelho tão estrondoso
como o da Transfiguração.
Na primeira leitura,
Abraão nos é apresentado numa profunda crise; Deus tinha lhe prometido
descendência e uma terra e, quase vinte e cinco anos após sua saída de sua
pátria e de sua família, o Senhor ainda não lhe dera nada! Numa noite escura,
noite da alma, Abraão, não mais se conteve e perguntou: “Meu Senhor
Deus, que me darás?” (Gn 15,2) Deus, então, “conduziu Abrão
para fora e disse-lhe: ‘Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz!
Assim será a tua descendência!” Deus tira Abraão do seu mundozinho, de seu modo de ver
estreito, da sua angústia, e convida-o a ver e sentir com os olhos e o coração
do próprio Deus. “Abrão teve fé no Senhor”. Abraão esperou
contra toda esperança, apostando tudo no Senhor, apoiando nele todo seu futuro,
toda de sua existência! Abraão creu!
Por isso Deus o considerou seu amigo, “considerou isso como justiça!” E,
como recompensa Deus selou uma aliança com nosso Pai na fé: “’Traze-me
uma novilha, uma cabra, um carneiro, além de uma rola e uma pombinha’. Abrão
trouxe tudo e dividiu os animais ao meio. Aves de rapina se precipitaram sobre
os cadáveres, mas Abrão as enxotou. Quando o sol ia se pondo, caiu um sono
profundo sobre Abrão e ele foi tomado de grande e misterioso terror”. Abrão
entra em crise: no meio da noite – noite cronológica, atmosférica; noite no
coração de Abrão – no meio da noite, as aves de rapina ameaçam, e o sono
provocado pelo desânimo e a tristeza, rondam nosso Pai na fé... Deus demora, Deus parece ausente, Deus
parece brincar com Abraão! Tudo é noite, como muitas vezes na nossa vida e
na vida do mundo! Mas, ele persevera, vigia, luta contra as aves rapineiras e o
torpor... E, no meio da noite Deus passa,
como uma tocha luminosa: “quando o sol se pôs e escureceu, apareceu um
braseiro fumegante e uma tocha de fogo... Naquele dia, o Senhor fez aliança com
Abrão”. Observemos o mistério: Deus passou, iluminou a noite; a noite fez-se dia: “Naquele
dia, Deus fez aliança com Abrão!” Abraão, nosso Pai, esperou, creu,
combateu, vigiou e a escuridão fez-se luz, profecia
da luz que é Cristo, cumprimento da aliança prometido pelo Senhor! “O
Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da
minha vida; perante quem tremerei?” Eis o cumprimento da Aliança com
Abraão: Cristo, que é luz, Cristo que hoje aparece transfigurado sobre o Tabor!
No evangelho, Jesus
estava rezando – “subiu à montanha para rezar” - e, portanto,
aberto para o Pai, disponível, todo orientado para o Senhor Deus: Cristo subiu
para encontrar seu Deus e Pai! E o Pai o transfigura. Sim, o Pai! é a voz do
Pai que sai da nuvem e apresenta Aquele que brilha em luz puríssima: “Este é
o meu Filho, o Escolhido!” E a Nuvem que o envolve é sinal do Espírito
de Deus, aquela mesma glória de Deus que desceu sobre a Montanha do Sinai (cf.
Ex Ex 19,16), sobre a Tenda de Reunião no deserto (cf. Ex 40,34-38), sobre o
Templo, quando foi consagrado (cf. 1Rs 8,10-13) e sobre Maria, a Virgem (cf. Lc
1,35). É no Espírito Santo que o Pai transfigura o Filho! Na voz, temos o Pai;
no Transfigurado, o Filho; na Nuvem luminosa, o Espírito! E aparecem Moisés e
Elias, simbolizando a Lei e os Profetas. Aqui, não nos percamos em loucas
divagações e ignóbeis (sem no nobreza, fútil) conclusões, como os espíritas,
que de modo louco, querem provar com este texto que os mortos se comunicam com
os vivos! Trata-se, aqui, de uma visão sobrenatural, não de uma aparição
fantasmagórica e natural! Moisés e Elias, que “estavam conversando com
Jesus... sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém”. Aqui é preciso
compreender! Um pouco antes – Lucas diz que oito dias antes (cf. 9,28) – Jesus
tinha avisado que iria sofrer muito e morrer; os discípulos não compreendiam
tal linguagem! Agora, sobre o monte, eles vêem que a Lei (Moisés) e os Profetas
(Elias) davam testemunho da morte de Jesus, de sua Páscoa! Sua paixão e morte
vão conduzi-lo à glória da Ressurreição, glória que Jesus revela agora, de modo
maravilhoso! Assim, a fé dos discípulos, que dormiam como Abraão, é
fortalecida, como o foi a de Abraão, ao passar a glória do Senhor na tocha de
fogo! A verdadeira tocha, a verdadeira luz que ilumina nossas noites sombrias e
nossas dúvidas tão persistentes é Jesus!
Este evangelho logo no
início da Quaresma, Precisamente porque estamos caminhando para a Páscoa: a de
2013 e a da Eternidade. Atravessando a noite desta vida e tempo quaresmal,
estamos em tempo de oração, vigilância e penitência! A Igreja, como Mãe,
carinhosa e sábia, nos anima, revelando-nos qual o nosso objetivo, qual a nossa
meta, o nosso destino: trazer em nós a imagem viva do Cristo ressuscitado,
transfigurado pelo Espírito Santo do Pai. Escutemos São Paulo: “Nós somos cidadãos do céu. Esperamos o
nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo humilhado
e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso. Assim, meus irmãos, continuai
firmes no Senhor!” Compreendem? Se mantivermos o olhar firme naquilo
que nos aguarda – a glória de Cristo –, teremos força para atravessar a noite
desta vida e o tempo da Quaresma. Somos convidados à perseverança de Abraão, ao
seu combate na noite, à vigilância e à esperança, somos convidados a não sermos “inimigos
da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas”, somos convidados a
viver de fé, a combater na fé! Este é o combate da Quaresma, este é o combate
da vida: passar da imagem do homem velho, com seus velhos raciocínios e
sentimentos, ao homem novo, imagem do Cristo glorioso! Se formos fiéis,
poderemos celebrar a Páscoa deste ano mais assemelhados ao Cristo transfigurado
pela glória da Ressurreição e, um dia, seremos totalmente transfigurados à
imagem bendita do Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina
na glória imperecível. Amém!
D.
Henrique Soares.
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Para
a Celebração da Palavra (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR: (QUANDO
O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR):
àO
SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO...
à
Por Jesus, COM JESUS e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, abri nossos
corações para acolher os vossos ensinamentos.
à Ó Deus
de Abraão, Deus de nossos pais na fé, nós Vos bendizemos e Vos reconhecemos
como o Pai de incontáveis crentes que Vós multiplicastes como as estrelas do
céu e a areia do deserto. Nós vos pedimos por todos os crentes que se
reconhecem filhos de Abraão em diferentes confissões; Que o vosso Espírito nos
guie para a unidade.
T: Pai, abri nossos
corações para acolher os vossos ensinamentos.
à Pai,
nós vos damos graças porque nos destes a dignidade de sermos cidadãos do Céu e
nos destes Jesus como modelo para nos guiar. Que o Vosso Espírito nos transforme
à imagem do corpo glorioso de vosso Filho.
T: Pai, abri nossos
corações para acolher os vossos ensinamentos.
à Ó Deus
de luz, bendito sejais por estes momentos de oração em cada domingo. Vós nos
elevais sobre a montanha com Jesus e os discípulos. Como é bom estarmos aqui,
na vossa presença. Nós vos pedimos: abri os nossos corações à Palavra viva do
Vosso Filho bem-amado, para que sempre o escutemos e sigamos os seus passos.
T: Pai, abri nossos
corações para acolher os vossos ensinamentos.
à PAI NOSSO...
A PAZ... EIS O CORDEIRO DE DEUS...
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