sexta-feira, 11 de março de 2016

5º domingo da Quaresma, subsídios homiléticos, homilias

5º domingo da Quaresma ano C 2016 (adaptado pelo Diácono Ismael)

TEMA: Necessitamos libertar-nos de nossas escravidões para chegar à vida nova.
Primeira leitura: Deus está conosco em nossa caminhada para a terra prometida.
Evangelho: Jesus nos mostra que não é a intolerância, mas a misericórdia que faz nascer a pessoa nova. É acolhendo e não excluindo a pessoa que a tornaremos melhor.
Segunda leitura: é desafiador sairmos de nosso egoísmo e aceitarmos o exemplo de Cristo.

LEITURA I – Is 43,16-21
O Senhor abriu outrora caminhos através do mar, veredas por entre as torrentes das águas. Pôs a perder carros e cavalos, um exército de valentes guerreiros; e todos caíram para não mais se levantarem, extinguiram-se como um pavio que se apaga. Eis o que diz o Senhor: «Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas. Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes? Vou abrir um caminho no deserto, fazer brotar  rios na terra árida. Os animais selvagens – chacais e avestruzes – proclamarão a minha glória, porque farei brotar água no deserto, rios na terra árida, para matar a sede ao meu povo escolhido, o povo que formei para Mim e que proclamará os meus louvores».

AMBIENTE
(Deutero-Isaías séc. VI a.C., na Babilônia). Os judeus exilados estão frustrados, pois a libertação tarda. Sonham com um novo êxodo, no qual Jahwéh Se manifeste, outra vez, como o Deus libertador. Na primeira parte do “livro da consolação” (Is 40-48), o profeta anuncia a iminência da libertação e compara a saída da Babilônia e a volta à Terra Prometida com o êxodo do Egito.

MENSAGEM
A lembrança do passado é válida quando alimenta a esperança e prepara para um futuro novo. Na ação libertadora de Deus em favor do Povo oprimido pelo faraó, o judeu crente descobre um padrão: o Deus que assim agiu é o Deus que não tolera a opressão e que está do lado dos oprimidos; por isso, não deixará de Se manifestar em circunstâncias análogas, operando a salvação do Povo escravizado. De fato – diz o profeta – o Deus libertador não demorará a atuar. Aproxima-se o dia de um novo êxodo, de uma nova libertação: o Povo libertado percorrerá um caminho fácil no regresso à sua Terra e não conhecerá o desespero da sede e da falta de comida porque Jahwéh vai fazer brotar rios na paisagem desolada do deserto. A atuação de Deus manifestará, de forma clara, o amor de Deus pelo seu Povo. Diante da ação de Jahwéh, o Povo tomará consciência de que é o Povo eleito e dará a resposta adequada: louvará o seu Deus pelos dons recebidos.

ATUALIZAÇÃO
♦ Deus não aceita a escravidão que que roube a vida e a dignidade do homem. Ele pede que lutemos contra todas as formas de sujeição ou injustiça.
A vida cristã é uma caminhada permanente, rumo à Páscoa, rumo à ressurreição. Neste tempo de Quaresma, somos convidados a deixar para trás o passado e a aderir à vida nova que Deus nos propõe. Cada Quaresma põe em causa o nosso comodismo, que nos convida a olhar para o futuro e a ir além de nós mesmos, na busca do Homem Novo. Precisamos transformar-nos. O que é que ainda me mantém alienado, prisioneiro e escravo?

EVANGELHO – Jo 8,1-11
Naquele tempo, Jesus foi para o Monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo, e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?» Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus disse: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».

AMBIENTE
Esta pequena unidade literária não pertencia, inicialmente, ao Evangelho de João: ela rompe o contexto de Jo 7-8, não possui as características do estilo Joanino e o seu conteúdo não se encaixa neste Evangelho (que não se interessa por problemas deste gênero). Além disso, é omitida pela maior parte dos manuscritos antigos; e as referências dos Padres da Igreja a este episódio são muito escassas. Outros manuscritos colocam-no dentro do Evangelho, mas em sítios diversos, por exemplo, no final do mesmo – como fazem algumas versões modernas da Bíblia. Numa série de manuscritos, encontramo-la no Evangelho de Lucas (após Lc 21,38), que seria um dos lugares mais adequados, dado o interesse de Lucas em destacar a misericórdia de Jesus. Trata-se de uma tradição independente que, no entanto, foi considerada pela Igreja como inspirada por Deus: não há dúvida que deve ser vista como “Palavra de Deus”. Seja como for, o cenário de fundo coloca-nos frente a uma mulher apanhada a cometer adultério. De acordo com Lv 20,10 e Dt 22,22-24, a mulher devia ser morta. A Lei deve ser aplicada? É este problema que é apresentado a Jesus.

MENSAGEM
Temos, portanto, diante de Jesus uma mulher que, de acordo com a Lei, tinha cometido uma falta que merecia a morte. Para fariseus, trata-se de uma oportunidade para testar a ortodoxia de Jesus e a sua fidelidade às exigências da Lei; para Jesus, trata-se de revelar a atitude de Deus frente ao pecador. Apresentada a questão, Jesus não procura minimizar o pecado da mulher. No entanto, também não aceita pactuar com uma Lei que gera morte. Porque os esquemas de Deus são diferentes dos esquemas da Lei, Jesus fica em silêncio e escreve no chão. Finalmente, convida os acusadores a tomar consciência de que o pecado é uma consequência dos nossos limites e fragilidades e que Deus entende isso: “quem de vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra”. E continua a escrever no chão, à espera que os acusadores da mulher interiorizem a lógica de Deus – a  lógica da tolerância e da compreensão. Quando os escribas e fariseus se retiram, Jesus nem sequer pergunta à mulher se ela está ou não arrependida: convida-a, apenas, a seguir um caminho novo, de liberdade e de paz (“vai e não tornes a pecar”). A lógica de Deus não é uma lógica de morte, mas uma lógica de vida; a proposta que Deus faz aos homens através de Jesus não passa pela eliminação dos que erram, mas por um convite à vida nova, à conversão, à transformação, à libertação de tudo o que oprime e escraviza; matar em nome de Deus ou em nome de uma qualquer moral é uma ofensa a esse Deus da vida e do amor, que quer a realização plena do homem. O episódio chama a atenção de como somos intransigentes e falsos, e sempre estamos a condenar o outro sem olhar os nossos erros.  Jesus denuncia, aqui, a lógica daqueles que se sentem perfeitos. É preciso reconhecer que necessitamos todos da ajuda e da misericórdia de Deus para chegar à vida plena do Homem Novo. Os pecadores encontram em Jesus um sinal do Deus que os ama e que lhes diz: “Eu não te condeno”. Sem excluir ninguém, Jesus promoveu os excluídos, deu-lhes dignidade, tornou-os pessoas, libertou-os, apontou-lhes o caminho da vida nova, da vida plena. A dinâmica de Deus é uma dinâmica de misericórdia, pois só o amor transforma e permite a superação dos limites humanos. É essa a realidade do Reino de Deus.

Os fariseus fizeram uma armadilha para Jesus: Aprovar o apedrejamento eles tinham certeza que Jesus não ia, porque ele não condenava ninguém e tinha um grande amor para com os pecadores. Se não aprovasse o apedrejamento, iria contra a Lei de Moisés e poderia ser, por isso, condenado à morte. Mas Jesus teve uma saída magistral. Jogou o problema nas próprias autoridades que ali estavam, transformando-os de juízes em réus. “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra.”  Assim, não só libertou a mulher, mas deixou para nós uma grande lição: Deus continua a amar os que erram e se empenha na recuperação deles.

ATUALIZAÇÃO
Deus age na lógica da misericórdia e não na lógica da Lei; ele não quer a morte daquele que errou, mas a libertação plena do homem.
No nosso mundo, a intransigência fala mais alto do que o amor: mata-se, oprime-se, marginaliza-se até em nome de Deus. A intolerância alguma vez gerou alguma coisa, além de violência, de morte, de lágrimas, de sofrimento?
Quantas vezes se atiram pedras aos outros, esquecendo os nossos próprios telhados de vidro…
*** … Jesus, que não tem pecado, podia lançar a pedra. Não o faz. Ele veio para salvar, não para condenar. Pedindo à mulher para não voltar a pecar, dá-lhe nova oportunidade. Para Jesus, ela não é apenas uma mulher adúltera, ela é capaz de outra coisa.

LEITURA II – Filip 3,8-14
Irmãos: Considero todas as coisas como prejuízo, comparando-as com o bem supremo, que é conhecer Jesus Cristo, meu Senhor. Por Ele renunciei a todas as coisas e considerei tudo como lixo, para ganhar a Cristo e nele me encontrar, não com a minha justiça que vem da Lei, mas com a que se recebe pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e se funda na fé. Assim poderei conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, configurando-me à sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos. Não que eu tenha já chegado à meta, ou já tenha atingido a perfeição. Mas continuo a correr, para ver se a alcanço, uma vez que também fui alcançado por Cristo Jesus. Não penso, irmãos, que já o tenha conseguido. Só penso numa coisa: esquecendo o que fica para trás, lançar-me para a frente, continuar a correr para a meta, em vista do prêmio a que Deus, lá do alto, me chama em Cristo Jesus.

AMBIENTE
Paulo escreve da prisão aos seus amigos de Filipos, avisa-os para que não se deixem levar pelos “maus obreiros” (Flp 3,2) que semeiam a dúvida e a confusão. São os “judaizantes”, (Flp 3,2), que proclamavam a obrigatoriedade da circuncisão e da obediência à Lei de Moisés.

MENSAGEM
Paulo procura agora e que é o fundamental; é identificar-se com Cristo, a fim de com Ele ressuscitar para a vida nova. Só a identificação com Cristo, a comunhão de vida e de destino com Cristo é importante; só uma vida vivida na entrega, no dom, no amor que se faz serviço aos outros, ao jeito de Cristo, conduz à ressurreição, à vida nova. Mais um dado importante: Paulo está consciente que partilhar a vida implica um esforço diário, nunca terminado; é, até, possível o fracasso, pois o nosso orgulho e egoísmo estão sempre à espreita e o caminho da entrega e do dom da vida é exigente. Quem quer chegar à vida nova, à ressurreição, tem de seguir esse caminho.

ATUALIZAÇÃO
Paulo convida a dar prioridade ao que é importante – a uma vida de comunhão com Cristo, que nos leve a uma identificação com o seu amor, o seu serviço, a sua entrega.
É preciso ter consciência de que este caminho de conversão a Cristo é um caminho que está, permanentemente, a fazer-se. O cristão está consciente de que, enquanto caminha neste mundo, “ainda não chegou à meta”. A identificação com Cristo deve ser, pois, um desafio constante, que exige um empenho diário, até chegarmos à meta do Homem Novo.
Fonte: Dehonianos


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A Primeira Pedra

A Liturgia de hoje nos lembra que a Quaresma não é um tempo para atirar pedras, mas para
construir a fraternidade. O problema do mal e do pecado não se resolve com o castigo e a intolerância, mas pelo amor e a misericórdia.

Na 1ª Leitura, Isaías anuncia a libertação do exílio e o retorno a Israel como um novo Êxodo para a Terra Prometida. (Is 43,16-21)

* Esse "caminho" é imagem de outra libertação, que Deus nos convida a fazer na Quaresma e
que também nos levará à Terra Prometida, onde corre a vida nova.
- Quais são as escravidões  que impedem, hoje, a liberdade e a vida?
- O que ainda nos mantém alienados, presos e escravos?

Na 2ª Leitura, Paulo afirma que a única coisa que lhe interessa é conhecer Jesus Cristo. Tudo o resto é Lixo. (Fl 3,8-14)

* Qual é o lixo que me impede de nascer com Cristo para a vida nova?

No Evangelho temos uma comovente cena da vida de Jesus, diante de uma Mulher PECADORA. (Jo 8,1-11)

No domingo passado, com a Parábola do Filho Pródigo, Jesus nos mostrou o amor misericordioso de Deus.
Hoje, Ele dá o exemplo, passando das palavras aos fatos...

- Jesus ensinava no templo.
- Os escribas fiscalizavam o Mestre, buscando pretextos para acusá-lo.  
  Trouxeram uma mulher surpreendida em pecado de adultério e segundo a lei de Moisés tais pessoas deviam ser apedrejadas.
  Aproveitaram a situação, para deixar o Cristo numa situação embaraçosa:
"Mestre, que vamos fazer dessa mulher, perdoá-la ou apedrejá-la, como manda a nossa lei?"

- Para os escribas e fariseus, era uma oportunidade para testar a fidelidade de Jesus às exigências da Lei.
- Para Jesus, foi uma oportunidade para revelar a atitude de Deus frente ao pecado e ao pecador.

- Jesus não aceita uma lei que em nome de Deus gera a morte, por isso não respondeu e ficou rabiscando no chão.
  Diante da insistência dos acusadores, ele se levantou e os desafiou:
 "Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra..."

- E, inclinando-se de novo, continuou a escrever no chão. Não sabemos o que.
  Segundo uma tradição, Jesus escrevia os pecados de cada um deles...
  E então aqueles "cumpridores" da lei, envergonhados, foram saindo um a um, começando pelos mais velhos... Só ficaram no pátio do templo a mulher, os discípulos e ele, Jesus...

- Então Jesus perguntou: "Mulher, ninguém te condenou?
  Nem eu te condeno...  Vai e não peques mais..."

* A mulher não tinha manifestado nenhum sinal de arrependimento.
   Assim mesmo, Jesus a convida a seguir um caminho novo de liberdade e paz.
   Jesus não aprova o pecado, mas não condena a pecadora.
   Mostra que o importante é a conversão das pessoas, não sua condenação.
   E ainda hoje, no Sacramento da Reconciliação, Deus continua nos dizendo:  
   "Teus pecados estão perdoados. Vai em paz e não peques mais..."

No episódio, Jesus nos oferece:

+ Uma imagem de Deus,
   Um Deus que é mais misericórdia, do que justiça.
   Não quer a morte do pecador, mas a sua plena libertação.
   A força de Deus não está no castigo, mas no Amor.

+ Um "NÃO" à Hipocrisia fiscalizadora dos escribas, de ontem e de hoje...
   Ainda hoje a intransigência fala mais forte do que o amor.  
   Mata-se, oprime-se, escraviza-se em nome de Deus.
   Todos somos pecadores e não temos o direito de condenar, de nos tornar fiscais dos outros...

- Quando os acusadores ouviram as palavras de Jesus, largaram as pedras e foram embora.
   Nós, pelo contrário, ouvimos a Palavra do Evangelho, mas não soltamos as pedras, nem recolhemos a nossa língua.

+ Um Apelo:
   Não devemos discriminar e condenar a gente caída à beira do caminho.
   Eles não precisam de juízes... mas de salvadores...

* Qual é a nossa atitude, diante dessas pessoas?

     - A de Cristo? Ele teve "compaixão e compreensão..."
       Ele não aprovou o pecado... mas não condenou a pessoa....
"Eu também não te condeno... Vai e não peques mais...”
     - Ou a dos escribas? (com Pedras nas mãos... ou melhor na língua...)

* Em Nossas comunidades, há ainda hoje pessoas, que continuam atirando pedras?

- Quais seriam as pedras, que ainda hoje continuamos atirando,  machucando... e às vezes até destruindo o bom nome delas?

- E o que Cristo poderia estar rabiscando hoje, de nós, no chão?
                       
à Poderíamos enfrentar o desafio de Cristo:
            "Quem não tiver pecado pode atirar a primeira pedra?"

                                         Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, o maior sinal de Deus, certamente, é a misericórdia. Domingo passado refletimos sobre o Evangelho, que fala do Pai, que tinha dois filhos e o mais novo pediu a sua herança e foi para longe do Pai. É o Evangelho da misericórdia. Ali, o Pai se apresenta todo misericordioso. Hoje também. Este Evangelho retrata a misericórdia de Deus. O Evangelho é muito claro. As pessoas estão próximas de Jesus para ouvir sua Palavra. É um grupo de coração aberto para acolher os seus ensinamentos, que podem compreender. Um outro grupo, de coração totalmente fechado, dispostos a analisar e a julgar o outro, a ponto de ter motivos para condenar.
É nessa situação que apresentam uma mulher a Jesus. É interessante, pois ela pode experimentar a misericórdia de Deus, porque ela confiou na Palavra do Senhor: ninguém te condenou? – não, Senhor. – Eu também não te condeno. Aqueles que fecharam o seu coração, não tiveram oportunidade de experimentar a misericórdia de Deus, na pessoa de Jesus. Jesus já havia dito, tantas vezes, que tinha vindo para os pecadores: quando criticavam Jesus, que comia com cobradores de impostos e pecadores, ele dizia; o são não precisa de médico. Em várias indicações, ele vai dizer que está sempre disposto a acolher as pessoas em sua misericórdia. Mais uma vez, aqui, ele nos mostra que está sempre disposto ao perdão. O Papa Francisco dizia: Deus nunca se cansa de perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão. E aí, não nos sobra mais nada, a não ser nos consolar dentro do pecado, enquanto, que Jesus está sempre disposto a nos acolher e nos orientar: “vai e não peques mais”. Muitas vezes estamos dispostos a não pecar mais e logo depois, estamos realizando os mesmos pecados. Se nos voltarmos e pedirmos perdão, teremos o mesmo perdão novamente, com todo o amor, toda misericórdia e compaixão de Deus. Isto é importante para não perdermos qual é o sinal do Templo, dentro de um bairro, uma cidade; uma paróquia: É ser o sinal de misericórdia de Deus. Nós exercitamos essa misericórdia entre nós, porque sabemos que muitos entre nós tem mais ou menos dificuldade em perdoar e ao mesmo tempo, esse exercício nos ajuda crescer para sermos um sinal para  o mundo, para que de fato, deve prevalecer o perdão e o amor. O Papa Francisco dizia aos cardeais: “Sem Deus não podemos caminhar”. Esta é a razão de nossos encontros dominicais. Sem o Senhor nos perdemos. Esta caminhada deve ser, sempre, com o Senhor. Depois, ele dizia: “não é suficiente caminhar com o Senhor. É preciso deixar que Ele nos edifique”. Porque, muitas vezes, se estamos com o coração fechado, mesmo que Jesus Cristo grita, chaqualhar, não vamos ouvir. Edificar, aqui, significa nos deixar reparar naquilo que estamos desviados. Terceiro, ele diz: “reparar”. Porque não é suficiente eu ouvir a Palavra e me edificar. É preciso construir uma sociedade nova. Isto se dá, a partir de nosso testemunho. Então, o Templo deve ser o sinal, o loca, onde aprendemos a testemunhar Jesus, mas testemunhar lá fora. Por isso, ele dizia também: “confessar a nossa fé no Cristo ressuscitado”. Se eu não estiver convencido, que de fato, Jesus Cristo é misericordioso, eu não estarei convencendo a sociedade a voltar para o convívio com Ele. E ele dizia ainda, no final: “tudo isto, a partir da Cruz de Cristo, do seu sangue derramado”.  É isto que exercitamos em toda Celebração que fazemos: experimentar do Corpo e do Sangue de Cristo este amor de Deus para com cada um de nós.
Que possamos experimentar essa misericórdia de Deus, e possamos mostrar aos irmãos a mesma misericórdia.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho

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Homilia de D. Henrique Soares

Homilia I

Vai se intensificando a preparação para o Tríduo Sacro que nos faz celebrar a Santa Páscoa. Desde a segunda-feira passada, as leituras do Evangelho de João apresentam-nos Cristo em tensão com os judeus, tensão que culminará com sua morte. Hoje, a liturgia permite que cubramos as imagens de roxo ou branco, exprimindo o jejum dos nossos olhos: a necessidade de purificar o olhar de nosso coração, para irmos direto ao essencial: “a caridade, que levou o Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo” (Oração da Coleta). A partir de amanhã, segunda-feira, este clima de preparação para o mistério pascal intensifica-se ainda mais com o Prefácio da Paixão, rezado em cada Missa.
Por tudo isso, o profeta Isaías, em nome do Senhor, nos convida a olhar para frente, para o mistério que é maior que qualquer outra ação de Deus: o mistério do Filho em sua paixão, morte e ressurreição: “Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as reconheceis”. Mais que a criação, mais que a travessia do Mar Vermelho, mais que a água jorrada da rocha... o Senhor fará algo definitivo! Ele abrirá uma estrada no deserto, fará correr rios em terra seca!

Pensemos estas imagens à luz da Páscoa: o Senhor Jesus nos abrirá no deserto da morte – e das mortes da vida – uma estrada de vida, um caminho para o Pai: “Vós me ensinareis o caminho da vida!” O Senhor Jesus fará brotar de seu lado aberto o rio da graça, o rio dos sacramentos, do Batismo (água) e da Eucaristia (sangue) que regam e fertilizam a nossa pobre existência! “Eis que eu farei coisas novas!”

Nunca esqueçamos que a Páscoa do Senhor – Passagem deste mundo para o Pai, atravessando o tenebroso vale da morte – é também a nossa Páscoa: Passagem pela vida neste mundo, que terminará com Cristo na plenitude do Pai; mas também, já agora, Passagem sempre renovada do pecado para a graça, dos vícios para a virtude, de uma vida centrada em nós mesmos, para uma vida centrada com Cristo em Deus. É este, precisamente, o sentido do Evangelho deste Domingo: a mulher pecadora, renovada pelo perdão do único que poderia condená-la, porque o único Inocente: “Eu não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”. Diante do Cristo, o Inocente que por nós será entregue e por nós livremente entregar-se-á, como não nos reconhecermos culpados? Como não termos vergonha de julgar e condenar os demais? Como não nos sentirmos amados, acolhidos e perdoados por Aquele que nos lavou com o seu sangue, nos aliviou com suas dores e nos revivificou com a sua Ressurreição? Afinal, quem é essa mulher adúltera? Não é Israel, que se prostituiu? Não é a Igreja, quando nos seus filhos pecadores, trai o Evangelho? Não somos nós, cada um de nós, com nossas infidelidades, covardias e incoerências? Todos pecadores, todos necessitados do perdão, todos perdoados e acolhidos por Aquele que não tem pecado!

Pensemos no Senhor Jesus, naquela sua caridade, naquele seu amor, que o levou a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo! Pensemos com o comovente pensamento de São Paulo. É um testemunho comovente de um amor apaixonado: “Considero tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor”. Conhecer a Cristo significa unir-se a ele, participar de sua experiência, de seu caminho, de seu destino... “Por ele eu perdi tudo. Considero tudo como lixo, para ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele... experimentar a força da sua ressurreição, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição dentre os mortos” São palavras estupendas! Perder tudo por Cristo, perder-se em Cristo, tudo relativizar por Cristo e em relação a Cristo, ter na vida e fazer da vida uma única paixão: estar unido a Cristo no seu sofrimento e na sua ressurreição, completando em mim o que falta de suas dores e experimentando já agora - e um dia, de modo pleno -, o poder vitorioso da sua Ressurreição. O que São Paulo deseja? Viver na sua vida, na sua carne, nos seus dias, a Páscoa do Senhor. Deseja que seus sofrimentos e desafios estejam unidos aos de Cristo e sejam vividos em Cristo e no amor de Cristo para também experimentar na carne e na vida – na carne da vida! – a vitória de Cristo. Isto é conhecer Jesus Cristo! Não um conhecimento teórico, exterior, mas um conhecimento coração a coração, vida a vida, lágrima a lágrima, vitória a vitória! Este deve – deveria – ser o caminho normal de todo o cristão! Esta é a verdadeira ciência, que transcende qualquer outra ciência; esta, a verdadeira teologia, o verdadeiro conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo!

Está próxima a Páscoa, a Festa dos cristãos! Nestes dias santíssimos, unamo-nos intimamente ao Senhor Jesus Cristo, deixemos que o Santo Espírito reproduza em nós os seus sentimentos de total confiança no Pai e total entrega amorosa aos irmãos, à humanidade. Sigamos o exemplo do Apóstolo: “Uma coisa eu faço: esquecendo o que ficou para trás, eu me lanço para o que está à frente. Corro direto para a meta, rumo ao prêmio, que do alto, Deus me chama a receber em Cristo Jesus”. Cristo Jesus! Que nome tão doce, que consolo tão grande, que esperança tão certa, que prêmio tão imperecível. A ele – e só a ele – toda a glória e toda a honra!

“Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa santa cruz remistes o mundo!”
  
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Homilia II


Caríssimos Irmãos no Senhor, estamos nos encaminhando para o final da Quaresma; estamos próximos do início da Grande Semana que desemboca no Tríduo Pascal! Hoje, a Palavra que escutamos nos convida a esquecer o velho pecado, esquecer o que ficou para trás, e prosseguir, renovados, para adiante, para frente, onde Cristo nos espera! Certamente, esse “esquecer o que fica para trás” não pode ser uma negação irresponsável do nosso passado! Esquecer o pecado que passou somente é possível quando o assumimos diante de Deus e o confessamos de coração sincero. Para isto Cristo nosso Deus nos deixou o Sacramento da Penitência! Assumanos, pois, que somos pecadores, confessemos nossos pecados e caminhemos, passos apressados e decididos, ao encontro do Cristo que nos salva e purifica!
É a tal atitude que as leituras de hoje nos convidam, caríssimos. O Senhor, na primeira leitura, nos exorta pela boca de Isaías Profetas: “Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. “Eis que eu farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as conheceis? Pois abrirei uma estrada no deserto e farei correr rios na terra seca”. O mesmo Deus que abriu o tremendo Mar Vermelho e arrancou Israel da morte, dando-lhe um futuro, agora nos promete algo maior, uma coisa nova. Que coisa? Que promessa? Ei-la: em Cristo Jesus nos será aberta uma estrada no meio do mar da morte, e nós com Cristo e em Cristo, ressuscitaremos, viveremos. Mais ainda: já agora, atravessando as águas do santo Batismo, seremos lavados, regenerados, purificados e, como novo povo de Deus, como sua Igreja, atravessaremos o deserto deste mundo rumo à Terra Prometida da glória celeste.
Também São Paul, na segunda leitura, convida-nos a deixar o que ficou para trás e correr para adiante, para o Cristo. Suas palavras são claras e nos devem contagiar de entusiasmo: “Não que já tenha recebido tudo isso ou que já seja perfeito. Mas corro para alcançá-lo, visto que já fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, eu não julgo já tê-lo alcançado. Uma coisa, porém, eu faço: esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente. Corro direto para a meta, rumo ao prêmio, que, do alto, Deus me chama a receber em Cristo Jesus”. Isto mesmo: não somos perfeitos, experimentamos em nós ainda as marcas da concupiscência deixada pelo pecado original, mas Cristo nos atrai, seu amor nos impele porque ele nos alcançou, nos conquistou, nos resgatou com sua preciosa cruz e ressurreição! Então, esqueçamos a vida de pecado, caríssimos! Deixemos para trás a velhice dos velhos vícios, que nos prendem, nos deformam, nos desumanizam! Lancemo-nos para adiante, para o Futuro, a Meta, o Objetivo! - O Futuro é Cristo, a Meta é Cristo, o Objetivo é ainda Cristo! Nele receberemos a salvação! Olhai bem, caríssimos, que vale a pena tudo deixar por Cristo, tudo perder por Cristo, por Cristo tudo deixar para trás! Basta pensar no santo Apóstolo, que ainda nesta segunda leitura nos dá um testemunho comovente: “Considero tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele eu perdi tudo. Considero tudo como lixo, para ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele”. Que palavras, que experiência, que vida, a de Paulo Apóstolo! Perder tudo por Cristo e tudo ganhar em Cristo; deixar tudo por Cristo e tudo encontrar em Cristo! Como há dois mil anos atrás, ainda hoje somente quem se perde em Cristo pode experimentar a ternura amorosa de Cristo; somente quem se deixa por ele pode encontrar-se nele, encontrar-se de verdade! É isto, caríssimos, conhecer a Cristo, é isto experimentá-lo e, então, saber, de verdade, que ele está vivo, que ele é o nosso Salvador, que ele é nossa doçura e o sentido único de nossa vida!
Vamos, caríssimos meus amados! Aproveitemos esses dias quaresmais. Olhemos a misericórdia de Jesus e não duvidemos que ele pode nos restaurar, nos libertar dos vícios e pecados! Se para ele nos abrirmos, se com ele e por ele abraçarmos a luta interior, o combate espiritual, a penitência generosa, certamente escutaremos sua voz que nos dirá como à pecadora de hoje: “Eu não te condeno. Vai e não peques mais!” Muitas vezes o mundo hipócrita ou nossa consciência obscurecida querem nos jogar na miséria, querem que para nós não haja esperança em Cristo! muitas vezes, parece que nosso destino é aquele que os escribas e fariseus do Evangelho deste Domingo queriam dar à mulher adúltera: a lama, o desespero, a pecha sem cura de ser perdido, de ser pecador... Mas, Jesus, o Inocente, o Puro, o único que poderia nos condenar e nos atirar pedras, ele nos diz, do fundo do seu Coração: “Eu não te condeno!” E nos convida e nos desafia em os ordena: “Vai, e não peques mais!”
Então, caríssimos, olhemos para frente e confiemos no amor do Senhor! Mas, para que nossa união com Cristo não seja uma ilusão e uma mentira, que estejamos prontos a participar do seu sofrimentos (olhai bem que os sofrimentos dele são aqueles que se manifestam na nossa vida!), a conhecer por experiência o mistério de sua cruz para, assim, participarmos também da força regeneradora da sua bendita ressurreição. Recordai a palavra de São Paulo, o seu programa de vida: “conhecer a Cristo, experimentar a força de sua ressurreição, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição dentre os mortos”. Seja este, meus irmãos no Senhor, o fruto do nosso caminho de Quaresma: ter tal união com o Salvador, que estejamos em comunhão com os seus sofrimentos e possamos experimentar em nós o poder da sua ressurreição, que nos dá uma vida nova, como a da adúltera, renovada pelo perdão do Salvador. A ele a glória hoje e para sempre. Amém.

D. Henrique Soares

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AOS DIÁCONOS E MINISTROS DA PALAVRA:
LOUVOR AO PAI ANTES DA COMUNHÃO;


LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR:
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS...   DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Ó Deus de misericórdia, nós vos bendizemos
à Senhor, nosso Deus e Pai, nós vos damos graças pelo vosso grande amor. Criastes o universo e nele nos colocastes para que pudéssemos optar pelo vosso reino e participar de vosso amor. Sois um Deus que caminha ao nosso lado socorrendo-nos em nossas dificuldades.
T: Ó Deus de misericórdia, nós vos bendizemos
à Senhor, Paulo nos disse que deixou tudo para te seguir. Dai-nos a graça de também valorizarmos os vossos ensinamentos mais do que toda a riqueza. Que saibamos espelhar ao mundo o vosso amor, sendo mais fraternos.
T: Ó Deus de misericórdia, nós vos bendizemos
à Senhor, vós que perdoastes a pecadora arrependida, perdoai também os nossos erros e fazei-nos cada dia pessoas mais amorosas para com o nosso próximo.
T: Ó Deus de misericórdia, nós vos bendizemos
à Senhor, iluminai-nos com a Luz do Espírito Santo para que sejamos santificados e possamos fazer a vossa vontade.
T: Ó Deus de misericórdia, nós vos bendizemos 
à Pai nosso...  A Paz...    Eis o Cordeiro...



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