sexta-feira, 26 de agosto de 2016

22º DOMINGO DO Tempo Comum, Homilias

22º DOMINGO DO TC. ANO C 2016

SINOPSE:
Tema: A humildade e a gratuidade são os desafios do Reino.
Primeira leitura: A humildade é o caminho para ser agradável a Deus e aos homens.
Evangelho: Jesus recomenda humildade e fraternidade para participarmos no Banquete.
Segunda leitura: O nosso encontro com Deus é uma experiência de comunhão, de amor, que exige de nós humildade e amor para com o próximo.

PRIMEIRA LEITURA (Eclesiástico 3,19-21.30-31) Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade e assim encontrarás graça diante do Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que ele revela seus mistérios. Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes. Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende. O homem inteligente reflete sobre as palavras dos sábios e com ouvido atento deseja a sabedoria.

AMBIENTE - séc. II a.C., ... O helenismo minava a cultura e os valores de Israel. Jesus Ben Sirá defende o patrimônio religioso e cultural do judaísmo frente a cultura grega.

MENSAGEM - Para Jesus Ben Sira, a humildade garante a estima perante os homens e “graça diante do Senhor”. É na humildade e simplicidade que reside a “sabedoria”, do êxito e da felicidade.

ATUALIZAÇÃO - Ser humilde é assumir o nosso lugar, mas sem nunca humilhar os outros. Significa pôr os próprios dons ao serviço de todos, com simplicidade e com amor. É aí que está a “sabedoria”, quer dizer, o segredo do êxito e da felicidade.
Ser soberbo é se deixar dominar pelo orgulho e torna-se egoísta, injusto, autossuficiente e desprezar os outros. Deixa de precisar de Deus e dos outros homens; está condenado ao fracasso.
Tudo o que somos e temos é um dom de Deus.

SALMO RESPONSORIAL / 67 (68)
Com carinho preparastes uma mesa para o pobre.
• Os justos se alegram na presença do Senhor; / rejubilam satisfeitos e exultam de alegria! / Cantai a Deus, a Deus louvai, cantai um salmo a seu nome! / O seu nome é Senhor; exultai diante dele!
• Dos órfãos ele é pai, e das viúvas protetor; / é assim o nosso Deus em sua santa habitação. / É o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados, / quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura.
• Derramastes lá do alto uma chuva generosa, / e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes; / e ali vosso rebanho encontrou sua morada; / com carinho preparastes essa terra para o pobre.

EVANGELHO (Lc 14,1.7-14) Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: “Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. Mas, quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado”. E disse também a quem o tinha convidado: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.

MENSAGEM - O A.T. aconselhava a não ocupar os primeiros lugares (Prov 25,6-7Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no meio dos grandes;  porque melhor é que te digam: Sobe para aqui!, do que seres humilhado diante do príncipe.); mas o que aí era uma exortação moral, nas palavras de Jesus converte-se na lógica do “Reino”: o “Reino” exclui qualquer atitude de superioridade, de orgulho, de ambição, de domínio sobre os outros; quem quiser entrar nele, tem de fazer-se pequeno, simples e humilde. Ele próprio, na “ceia de despedida”, lavou os pés aos discípulos, avisando que, na comunidade do “Reino”, os primeiros serão os servos de todos (Jo 13,1-17). O que é ser humilde? Humildade deriva de humus, pó, lama, barro… A virtude da humildade não tem nada a ver com a timidez. A humildade faz que tenhamos consciência clara de que os nossos talentos e virtudes pertencem a Deus; é saber-se pobre, limitado diante do Senhor. O humilde tem a sua própria verdade: é pobre, mas amado por Deus. Por isso, o humilde é aberto para o Senhor, dele reconhece que é dependente, e a ele se confia e pode acolher como uma criança o Reino que Jesus veio trazer. Quem quiser entrar nele, tem de fazer-se pequeno, simples, humilde.

A segunda atitude é a gratuidade: “Numa festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”. A gratuidade é a virtude de dar sem esperar nada em troca, dar e sentir-se feliz, sentir-se realizada no próprio dar. A gratuidade é filha da humildade. Só quem sabe que em tudo depende de Deus e de Deus tudo recebeu gratuitamente (humilde), também sente-se impelido a imitar a atitude de Deus: dar gratuitamente! “De graça recebestes, de graça dai!” (Mt 10,8). Pois bem, quem faz crescer em si a humildade e cultiva a gratuidade, experimenta a Deus e seu Reino. Quem cultiva a humildade e a gratuidade, deixa o Reino ir entrando em si e entrará, um dia, no Reino de Deus!

Mas nada disso é fácil, pois vivemos no mundo da autossuficiência e dos resultados. O homem já não se sente dependente de Deus; deseja fazer a vida do seu modo. Assim, se fecha para Deus e não reconhece no outro um irmão, já não sabe mais dar gratuitamente: tudo tem que ter retorno, tudo tem que dar lucro, tudo é na lógica do custo-benefício. Então teremos a angústia, a ansiedade, o stress. Como é triste a vida, quando é vivida assim… Se assim o for, não experimentaremos Deus de verdade. Nunca é demais recordar a advertência da Escritura: “Quem não ama não conhece a Deus!” (1Jo 4,8)

ATUALIZAÇÃO A Igreja, fruto do “Reino”, deve ser o lugar onde se cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e desinteressado.
 Para Jesus quem prefere esquemas de superioridade, de prepotência, de humilhação, de ambição, de orgulho, está impedindo a chegada do “Reino”.
Fica claro, na catequese de Lucas que o tipo de relações que unem os membros da comunidade de Jesus é o amor gratuito e desinteressado.
Os cegos e coxos representam todos aqueles que a religião oficial excluía da comunidade; Jesus diz que esses devem ser os primeiros convidados do “banquete do Reino”.
+ Jesus pede ao homem, criado à imagem de Deus, para amar como Deus ama, isto é, gratuitamente, esperando ser declarado justo na ressurreição dos mortos.
= Resumindo: Jesus propõe duas atitudes: HUMILDADE e GRATUIDADE

SEGUNDA LEITURA (Hebreus 12,18-19.22-24a) Irmãos, vós não vos aproximastes de uma realidade palpável: “fogo ardente e escuridão, trevas e tempestade, som da trombeta e voz poderosa”, que os ouvintes suplicaram não continuasse. Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; da assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus; de Deus, o Juiz de todos; dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; de Jesus, mediador da nova aliança.

AMBIENTE
Os crentes são exortados a manter relações adequadas, justas, para com os homens e para com Deus. Para isso, estabelece um paralelo entre a antiga religião e a nova proposta de salvação que Cristo veio apresentar, a fim de enfrentar os tempos difíceis de perseguição e de martírio que se aproximam.

MENSAGEM - A experiência do Sinai gerou medo e não houve proximidade de amor, confiança nem com Deus nem com a comunidade, mas Na experiência cristã não há nada de assustador, de terrível. Pelo Batismo, os cristãos aproximaram-se do próprio Deus, numa experiência de proximidade, de comunhão, de intimidade, de amor verdadeiro… A experiência cristã é uma experiência festiva, de verdadeira alegria. Os cristãos associaram-se ao Deus da bondade e do amor; Foram incorporados em Cristo e tornados co-herdeiros da vida eterna; associaram numa existência de festa, de louvor, de ação de graças, de adoração, de contemplação; associaram-se aos outros justos que atingiram a vida plena, numa comunhão fraterna de vida e de amor.

ATUALIZAÇÃO A redescoberta da nossa fé e do sentido das nossas opções, a fim de superarmos o comodismo e a preguiça que nos levam a uma caminhada cristã morna, sem compromissos, que facilmente cede e recua quando aparecem as dificuldades e os desafios…
Jesus intimou-nos a superar a perspectiva de um Deus terrível, opressor, vingativo. Ele apresentou-nos um Deus que é Pai, que nos ama, que nos convoca para a comunhão com Ele e com os irmãos e que insiste em associar-nos como “filhos” à sua família.

A Virtude da Humildade

A humildade atrai sobre si o amor de Deus e o apreço dos outros, ao passo que a soberba os repele. Por isso, a primeira leitura (Eclo 3,19-21. 30-31) aconselha-nos: Torna-te pequeno nas grandezas humanas, e alcançarás o favor de Deus, e Ele revela os seus segredos aos humildes”.
São Bernardo indica diferentes manifestações progressivas da soberba: a curiosidade, o querer saber tudo de todos; a alegria tola, que se alimenta dos defeitos dos outros e os ridiculariza;; a arrogância de não reconhecer as falhas próprias…O soberbo é muito amigo de calcar os outros aos pés, seja em pensamento, seja pelas suas atitudes. Aprenderemos a ser humildes com Jesus.

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Os Primeiros lugares

Na sociedade de hoje, a procura do PRIMEIRO LUGAR, no campo político, social, profissional e outras atividades, é muito comum.  Isso cria muitas vezes  um clima de concorrência e competição, de ódio e conflitos.  O que vocês pensam a respeito disso?

As leituras bíblicas nos propõem um caminho diferente:
o caminho da HUMILDADE e da GRATUIDADE...

A 1a Leitura fala da virtude da HUMILDADE,  para ser agradável a Deus e aos homens,  para ter êxito e ser feliz. (Eclo 3,19-21.30-31)

* SER HUMILDE significa assumir com simplicidade o nosso lugar, sem humilhar os outros com a nossa superioridade.  Significa pôr os próprios dons a serviço de todos, com simplicidade e com amor. Aí está o segredo do êxito e da felicidade.

A 2ª Leitura afirma que a vida cristã exige de nós  determinados valores e atitudes, entre os quais  a humildade, a simplicidade, o amor... (Hb 12,18-19.22-24a)

No Evangelho, Jesus cria uma nova humanidade, fundamentada no espírito da humildade. (Lc 14, 1.7-14)

Jesus é convidado a um banquete na casa de um fariseu... e aceita... Mas fica profundamente impressionado com duas coisas, que observa: a corrida pelos primeiros lugares e o tipo de pessoas que foram convidadas.  E conta duas pequenas PARÁBOLAS:

+ A 1ª é para os convidados que escolhiam os primeiros lugares: Aquele que ocupou o primeiro lugar teve de cedê-lo a um mais importante. Aquele que ocupou o último lugar foi convidado para um lugar melhor.
E Jesus conclui: "Quem se exalta será humilhado e aquele que se humilhar será exaltado".

+ A 2ª é para quem convidara:
   "Quando deres uma refeição,                não convides os que poderão te retribuir...
   Pelo contrário, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos...
   Terás uma recompensa na ressurreição dos justos..."

= Resumindo: Jesus propõe duas atitudes:
     - Na escolha dos lugares:        HUMILDADE...
     - Na escolha dos convidados: GRATUIDADE: Amor sem interesses...

1. O que Jesus observaria hoje?

Na Sociedade, há ainda hoje pessoas correndo atrás dos primeiros lugares?
- Escolhendo o trabalho que lhes dê mais lucro...
- procurando lugares que dêem destaque, status e importância;
- preferindo ocupações onde possam ter poder sobre os demais;
- ou ficando decepcionadas, quando ninguém lhes dá o "devido lugar?"

 Na Igreja, também existe a corrida pelos primeiros lugares?
A Igreja deve ser a comunidade onde se cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e desinteressado.  - Mas de fato, é assim?
Ou assistimos às vezes uma corrida desenfreada pelos primeiros lugares: pessoas cuja ambição se sobrepõe à vontade de servir…
Buscam títulos, honras, homenagens, lugares privilegiados, e não o serviço humilde e o amor desinteressado.

- Na catequese, que Lucas nos propõe hoje, fica claro que as relações entre os membros da comunidade de Jesus não se baseiam  em "critérios comerciais", mas sim no amor gratuito e desinteressado.
Só assim todos, inclusive os que não têm poder, nem dinheiro para retribuir, terão aí lugar, numa verdadeira comunidade de amor e de fraternidade.

- Como é bonito numa Comunidade, onde há humildade... solidariedade... sintonia entre as diversas Lideranças, Pastorais e Movimentos...
Não gastaríamos então tantas energias em pequenas implicâncias e disfarçado espírito de competição...

Na Política, existe também a corrida pelos primeiros lugares?
E essa corrida é um desejo sincero de serviço pelo bem do povo ou uma busca de vantagens para pessoas ou grupos?
- Para garantir os primeiros lugares, podemos fazer uso de qualquer meio?

2. Quem são os NOSSOS convidados?

- Na Sociedade de hoje, costuma-se convidar quem garanta   lucro... recompensa... poder... fama... posição social... elogios...
- Jesus nos convida a uma atitude de GRATUIDADE...

* Quando prestei um favor a gente simples, sempre gostei de ouvir de uma expressão: "Deus lhe pague!"    Sim, o próprio Deus se torna o nosso grande FIADOR...

Dia do Catequista:
"Catequista, você é especial para Deus!
Sua VOCAÇÃO foi gestada no coração do Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a mensagem da VIDA: Jesus Cristo
Catequista, você é protagonista no processo  de um NOVO JEITO DE FAZER CATEQUESE.

A todos os catequistas, o nosso reconhecimento e gratidão  pelo belo e importante serviço que prestam à Igreja.   São pessoas que aceitam o apelo de Jesus no evangelho de hoje: Não ocupar os primeiros lugares e, sim, servir os irmãos com simplicidade, humildade e gratuidade. "Que Deus lhes pague".

                                Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, a liturgia deste final de semana é um convite para aprofundarmos, a partir da Bíblia, Palavra de Deus, a conhecermos a vontade de Deus. É importante observar a importância da mesa. A mesa é como o lugar formativo para as pessoas. Claro, que temos vários tipos de jantares e almoços. Nós temos os almoços chamados de negócios, onde quem está ali, a sua menor preocupação é em almoçar, mas é em fechar os negócios e quando eu consigo ganhar bastante dinheiro, eu digo: fiz um bom negócio. Significa: eu explorei o outro, tomei vantagens. Não é este tipo de almoço ou jantar que Jesus nos convida.
Nós também temos os almoços e jantares da sociedade onde vou poder mostrar todo o meu poderio e influência. Então, eu me visto com tudo que tenho direito e acabo nem me sentindo à vontade, porque o sapato não é do dia-a-dia, a roupa não é aquela bem adequada e às vezes eu me pareço muito ridículo; um frio danado, mas eu escolhi aquele vestido e não tenho outro à altura. Eu vejo isto em muitos casamentos. Venho tremendo, mas é o vestido que eu escolhi e agora não dá para trocar de vestido. Então, não é no almoço ou jantar onde eu encontro as pessoas, mas onde eu quero ser notado ou notada. Fazemos o papel de ridículo quando isto acontece.
Outra coisa que também é muito desagradável é você ir a um jantar ou almoço mascando chiclete, por exemplo. O que você vai fazer com o chiclete na ora de ingerir o alimento? Isto está mostrando que aquela pessoa está pouco interessada naquele jantar ou almoço e está presente apenas como compromisso ou obrigação. Não. Jesus, que é a Palavra de Deus, nos propõe outra coisa à mesa: a primeira leitura vai dizer da importância dos mais velhos à mesa. É curioso que tenhamos o habito de dar comida primeiro para os idosos, para depois ficarmos à vontade à mesa. Aqui diz: Não! O lugar principal é para o mais velho, para que ele possa, com sua sabedoria, ensinar os novos. Então, crianças e idosos devem se sentarem na mesma mesa. A criança tem sim que ouvir o idoso. Eu posso até não concordar com ele, mas é uma questão de educação ouvi-lo. Só que nem nós ouvimos, imagine as crianças! Servir a comida num cantinho para o idoso é sinal de que estou descartando o idoso para eu ficar tranquilo. É assim que nós corrigimos o orgulho das pessoas. Aqui a primeira leitura diz claramente: “Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes. Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende. O homem inteligente reflete sobre as palavras dos sábios e com ouvido atento deseja a sabedoria.” O orgulhoso se corrói, morre, mas não dá o braço a torcer e ganha o que com isto? O que que se ganha em ser orgulhoso? Perde-se a possibilidade de conhecer o irmão, de celebrar com o próximo e perde-se a oportunidade de crescer. É interessante observar, que um de oitenta anos vai falar e um de vinte anos manda calar a boca, como se soubesse tudo da vida! Só vai lamentar depois que morre. Aí não é hora de lamentar, não!
A Palavra de Deus faz um grande convite a nós: onde é, em que ponto eu sou orgulhoso? Senhor, quebre o meu orgulho.
Jesus conta esta parábola que está no Evangelho, não para falar do primeiro ou último lugar, porque é interessante observar, sobretudo na igreja, que as pessoas não buscam os primeiros lugares, mas aqui poderia buscar à vontade. O duro é na sociedade onde um mata o outro para estar no primeiro lugar. Lá é que é o ponto sério. É ali que deveria buscar os últimos lugares. Ah, mas se eu buscar o último lugar, eu saio perdendo! Pois é. Veja que o Evangelho é contrário àquilo que a sociedade nos ensina. Jesus diz assim: ao oferecer uma refeição, eu não deveria ter outra preocupação a não ser encontrar as pessoas na gratuidade. Então, não se deveria fazer negócios durante a refeição, não deveria ficar se mostrando, buscando apresentar a minha influencia que eu tenho durante a refeição, mas deveria ser um momento de encontro com os irmãos. É por isso, que muita gente não gosta de vir à Celebração Eucarística, porque na Celebração Eucarística o encontro é com os irmãos. Se você vier com sapato de ouro ou vier descalço, como é dito, o tratamento tem que ser o mesmo. Se não for o mesmo, está errado. Entre nós não há aqueles que são influentes, aqueles que são poderosos, e os que tem que ficar num canto. Entre nós o encontro é para todos: crianças, jovens, adulto, idosos, porque todos nós, de alguma forma, temos alguma pobreza e a mesa é feita para os pobres. Onde está a minha pobreza? Talvez esteja no meu egoísmo, talvez na minha prepotência, talvez a pobreza seja de dinheiro mesmo, talvez a pobreza seja a incapacidade de agir com os irmãos, não consigo viver com a limitação do outro, não me sinto à vontade com determinadas pessoas perto. Esta, talvez, seja a minha pobreza. Jesus prepara uma mesa para os pobres, ou seja, para me ajudar naquilo que vale a pena na vida. O que vale a pena na vida? Experimentar o amor de Deus.
Meus irmãos e irmãs, cada vez que nos sentamos à mesa, pedindo a Deus que nos ajude, a celebrar o seu amor de coração aberto e todo o restante será consequência.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.


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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa

 

O Evangelho de hoje não é um guia de etiqueta e de boas maneiras. Jesus pensa, no banquete do Reino, que é preparado pelo banquete da vida; sim, porque somente participará do banquete do Reino quem souber portar-se no banquete da vida!
E neste banquete, no daqui, no desta vida, o Senhor hoje nos estimula a duas atitudes. Primeiramente, a humildade: “convidado para uma festa, não ocupes o primeiro lugar… Vai sentar-te no último…”. O que é ser humilde? Humildade deriva de humus, pó, lama, barro… Ser humilde é reconhecer-se dependente diante de Deus, é saber-se pobre, limitado diante do Senhor. O humilde tem diante de si a sua própria verdade: é pobre, mas amado por Deus. Por isso, o humilde é aberto para o Senhor, dele reconhece que é dependente, e a ele se confia e pode ser aberto, e acolher como uma criança o Reino que Jesus veio trazer.
A segunda atitude é a gratuidade: “Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”. A gratuidade é a virtude que dar sem esperar nada em troca, dar e sentir-se feliz, sentir-se realizada no próprio dar. Se prestarmos bem atenção, a gratuidade é filha da humildade. Só quem sabe de coração que em tudo depende de Deus e de Deus tudo recebeu gratuitamente (humilde), também sente-se impelido a imitar a atitude de Deus: dar gratuitamente! “De graça recebestes, de graça dai!” (Mt 10,8). Pois bem, quem faz crescer em si a humildade e cultiva a gratuidade, experimenta a Deus e seu Reino, pois aprende a sentir o coração do próprio Deus, que tudo nos deu gratuitamente. Quem cultiva a humildade e a gratuidade, deixa o Reino ir entrando em si e entrará, um dia, no Reino de Deus!
Mas, se pensarmos bem, nada disso é fácil, pois vivemos no mundo da auto-suficiência e dos resultados. O homem já não mais se sente dependente de Deus; deseja ele mesmo fazer a vida do seu modo. Assim, se fecha para Deus e, para ele se fechando, já não mais reconhece no outro um irmão e, não experimentando a misericórdia gratuita de Deus, já não sabe mais dar gratuitamente: tudo tem que ter retorno, tudo tem que apresentar contrapartida, tudo tem que dar lucro, tudo é pensado na lógica do custo-benefício. Como é triste a vida, quando é vivida assim… Pensemos bem, porque se assim o for, jamais experimentaremos Deus de verdade. Nunca é demais recordar a advertência da Escritura: “Quem não ama não conhece a Deus!” (1Jo 4,8)
Caríssimos, supliquemos a graça de um coração renovado de novas atitudes! Recordemos, como dizia São Bento, que pela humildade se sobe e pela soberba se desce! Que Deus nos conceda a graça da humildade.
Dom Henrique Soares da Costa


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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):


LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS,  NOS COLOQUEMOS NA PRESENÇA DO PAI.
TODOS REPITAM: SENHOR, ACOLHEI-NOS EM VOSSO REINO.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
à  “Deus criador, proclamamos a grandeza do vosso poder e a humildade do vosso Filho Jesus. Ele tornou-se pequeno para nascer entre os homens e aceitou a humilhação suprema da cruz. Nós vos pedimos que nos livreis do orgulho e possamos espelhar vosso amor E vossa gratuidade.. 
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
à Deus nosso Pai, vos damos graças por Jesus nos conduzir com seus ensinamentos e seu exemplo para que possamos participar do banquete celeste na assembléia dos santos.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
àPai, cantamos no salmo, que com carinho preparastes uma mesa para o pobre E que os justos rejubilam satisfeitos e exultam de alegria. Ajudai-nos para que não nos desviemos do caminho do Reino.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
à Pai, que o Espírito Santo nos transforme em cidadãos do alto e que possamos agir no amor e na humildade, sendo alento aos que necessitam de nosso apoio.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
à  PAI NOSSO...   A PAZ...   EIS O CORDEIRO




quinta-feira, 18 de agosto de 2016

21º Domingo ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA, Assunção de Maria, Homilias

21º Domingo ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA ANO C 2016

Vocações para a vida consagrada

             SINOPSE:
Tema:  “Bem-aventurada aquela que acreditou.” Jesus ressuscitado acolhe a sua mãe na glória do céu… Hoje, Jesus vivo, glorificado à direita do Pai, põe sobre a cabeça da sua mãe a coroa de doze estrelas…
Primeira leitura: Maria, imagem da Igreja. Como Maria, a Igreja gera na dor um mudo novo. E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal.
Segunda leitura: Maria, nova Eva. Novo Adão, Jesus faz da Virgem Maria uma nova Eva, sinal de esperança para todos os homens.
Evangelho: Maria, Mãe dos crentes. Cheia do Espírito Santo, Maria, encontra as palavras de fé e de esperança: doravante todas as gerações a chamarão bem-aventurada!

PRIMEIRA LEITURA (Apocalipse 11,19a; 12,1.3-6a.10ab) Abriu-se o Templo de Deus e apareceu a arca da Aliança. Então, apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. Então, apareceu outro sinal no céu: um Dragão tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete coroas. Com a cauda, varria a terça parte das estrelas do céu, atirando-as sobre a terra. O Dragão parou diante da Mulher que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse. E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. Ouvi então uma voz forte no céu, proclamando: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo”.

COMENTÁRIO -  O Apocalipse foi composto nas perseguições. É uma linguagem codificada, em que os animais designam os perseguidores. A Mulher representa a Igreja, novo Israel, as doze estrelas todos os povos. O Dragão é o perseguidor, para destruir este recém-nascido. Mas Deus protege o seu Filho. Na Assunção, reconhecemos que, no seguimento de Jesus e na pessoa de Maria, a nova humanidade já é acolhida junto de Deus.

Maria, imagem da Igreja. Como Maria, a Igreja gera na dor um mudo novo. E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal. Essa "Mulher" representa a Comunidade de Israel, composta de 12 tribos. Mas se aplica também a Maria, de quem nasceu o Messias.

SALMO RESPONSORIAL / SI 44(45)
À vossa direita se encontra a rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir.
• As filhas de reis vêm ao vosso encontro, / e à vossa direita se encontra a rainha / com veste esplendente de ouro de Ofir.
 • Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: / “Esquecei vosso povo e a casa paterna! / Que o Rei se encante com vossa beleza! / Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!
• Entre cantos de festa e com grande alegria, / ingressam, então, no palácio real”.

SEGUNDA LEITURA (1Coríntios 15,20-27a): Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. O último inimigo a ser destruído é a morte. Com efeito, “Deus pôs tudo debaixo de seus pés.” 

BREVE COMENTÁRIO -  A Assunção é uma forma privilegiada de Ressurreição. Tem a sua origem na Páscoa de Jesus e manifesta uma nova humanidade, em que Cristo é a cabeça, como novo Adão.
O primeiro é Jesus, que é o princípio da nova humanidade. Eis porque um novo Adão, mas que se distingue do primeiro Adão; este tinha levado a humanidade à morte e o novo Adão conduz aqueles que o seguem para a vida. Na Assunção de Maria, reconhecemos o lugar eminente da Mãe de Deus no movimento da ressurreição.

 EVANGELHO (Lucas 1,39-56 Maria partiu apressadamente. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa. 

COMENTÁRIO - Pela Visitação na Judeia, Maria levava Jesus pelos caminhos da terra. Pela Dormição e pela Assunção, é Jesus que leva a sua mãe pelos caminhos celestes. Nesta festa, com Maria, proclamamos a obra grandiosa de Deus, que chama a humanidade a se juntar a ele pela ressurreição. Em Maria, Ele já realizou a sua obra na totalidade; com ela, nós proclamamos: “dispersou os soberbos, exaltou os humildes”. Os humildes são aqueles que crêem nas palavras de Deus e se põem a caminho, aqueles que acolhem a Vida nova, Cristo, para o levar ao nosso mundo. Deus cumpre neles maravilhas.

O Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor: elevou os humildes.
 “A Imaculada Mãe de Deus, assumida em corpo e alma na glória celeste.” Maria é consolo e esperança para o povo ainda em caminho”. O último inimigo a ser destruído é a morte”.
Maria é exemplo E Garante-nos a sua ajuda e recorda-nos que o essencial consiste em buscar às "coisas do alto, e não às coisas da terra" (cf. Cl 3, 2).
O Papa João Paulo II dizia: "Maria Santíssima nos mostra o destino final dos que 'escutam a Palavra de Deus e a cumprem'. Nos estimula a elevar nosso olhar às alturas onde se encontra Cristo, sentado à direita do Pai". Graças à vitória pascal de Cristo sobre a morte, a Virgem de Nazaré compartilhou os seus efeitos salvíficos. Correspondeu com o seu «Sim» à vontade divina, participou na missão de Cristo e foi a primeira, depois d'Ele, a entrar na glória, em corpo e alma. ... Nossa Senhora, elevada à glória de Deus, é sinal seguro de esperança para a Igreja e para a humanidade inteira. A glória da Mãe é motivo de alegria para todos os seus filhos... Elevada ao céu, Maria indica a estrada do Céu. Mostra-a a todos de boa vontade”.
Bento XVI diz: “quando contemplamos o rosto de Maria, podemos ver a beleza de Deus, a sua bondade e a sua misericórdia. Podemos sentir a luz divina neste rosto. "Todas as gerações me chamarão bem-aventurada". Nós podemos louvar Maria, venerar Maria, porque é "bem-aventurada", é bendita para sempre. É bem-aventurada porque está unida a Deus, vive com Deus e em Deus”.
O Concílio Vaticano II: A Mãe de Jesus, tal como está nos céus já glorificada de corpo e alma, é a imagem da Igreja como deverá ser no tempo futuro.  Assim brilha aqui na terra como sinal da esperança para o povo peregrino, até que chegue o dia do Senhor. Portanto, o triunfo de Cristo sobre a morte é mais uma vez celebrado como conteúdo eclesial da fé e da promessa.
Frequentemente, ouvimos a expressão: “rezar à Virgem Maria”… Esta maneira de falar não é exata, porque a oração dirige-se a Deus: só Deus atende a oração.

Rezar por Maria. - Maria é a Serva do Senhor. Rezar por Maria é pedir que ela reze por nós: “Rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte!”. Ela é nossa “advogada” e diz-nos: “Fazei o que Ele vos disser!”
Rezar com Maria. - é ajoelhar-se ao seu em oração. Ela acompanha-nos e guia-nos para junto de Deus.
Rezar como Maria. - Aprendemos junto de Maria a oração. Ela que “guardava e meditava no seu coração” os acontecimentos do nascimento e da infância de Jesus. Nós meditamos o Evangelho e avançamos nos caminhos da verdade. A nossa oração torna-se ação de graças no eco ao Magnificat. Pomos os nossos passos nos passos de Maria para dizer com ela na confiança: “que tudo seja feito segundo a tua Palavra, Senhor!”

* Maria Nova Eva: O Novo Adão, Jesus, faz de Maria a nova Eva,  sinal de Esperança para todos os homens.

 * Levar o Senhor dentro de si não é um privilégio reservado a Maria. Cada um de nós é chamado a ser, como Maria, uma "Arca da Aliança",  com a tarefa de levar o Senhor aos homens.


+ Maria é bem-aventurada não porque viu, mas porque ACREDITOU na Palavra do Senhor.


Nesta festa, Maria nos ensina um tríplice segredo:- O segredo da : "Eis aqui a serva do Senhor".
- O segredo da ESPERANÇA: "Nada é impossível para Deus".
- O segredo da CARIDADE: "Maria pôs-se a caminho..."

  
Esta é a maior da festa de Maria; é a sua Assunção; a festa da sua entrada na glória, da sua plenitude como criatura, como mulher, como mãe, como discípula de Cristo. Ela está na glória do Pai!
Ela é a “Mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”. Ela já está revestida da glória do Cristo, Sol de justiça – e esta glória é o próprio Espírito Santo que o Cristo Senhor nos dá. Ela já está coroada com doze estrelas, porque é a Filha de Sião, filha do antigo Israel e Mãe do novo Israel, que é a Igreja. Aquela que esteve unida ao Filho na cruz, agora está unida a ele na glória. A Virgem não permaneceu na morte, já experimenta agora e plenitude.
Em Maria aparece a vitória sobre a morte, que Jesus nos conquistou: em Maria, Cristo venceu a morte de Maria! A festa é de cada um de nós, pois já vemos em Maria aquilo que, pela graça de Cristo, o Pai preparou para todos nós.
Maria canta: “A minha alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. O Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor!" A ele a glória pelos séculos dos séculos. Nosso destino é a glória no coração de Deus: Foi isso que Deus nos preparou – bendito seja ele para sempre! Amém.

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2015                    Quem é essa Mulher?

Celebramos hoje a festa da ASSUNÇÃO de Nossa Senhora.
É uma verdade de fé definida pela Igreja em 1950 (Pio XII).
Mas esse fato já era aceito pelos primeiros cristãos.

Em Jerusalém, há duas igrejas de Nossa Senhora:
- da "Dormição", onde Maria teria morrido…
Na cripta, aparece sobre uma mesa a "Virgem adormecida".
- do "Túmulo" de Maria, no Getsêmani, onde Maria teria sido enterrada.
Ao lado do túmulo uma pintura da Assunção de Nossa Senhora…

Essa festa nos convida a erguer o olhar para o céu, onde Nossa Senhora é glorificada em corpo e alma, junto a Jesus ressuscitado, e onde também nós somos esperados.

A Igreja quer celebrar com essa festa o cumprimento do Mistério Pascal.
Sendo Maria a "cheia de graça", sem sombra de pecado,  o Pai a quis associar à ressurreição de Jesus.

As leituras bíblicas da missa se relacionam com a festa:

A 1a leitura fala de um grande SINAL:
Uma MULHER vestida como o sol, tendo nos braços um filho, que um dragão quer devorar... (Ap 11,19-12,1-6.10)

A "mulher" é a Igreja, o "dragão" significa o mal e o "menino" é Cristo. Todas as passagens das Escrituras referentes ao povo fiel a Deus podem ser aplicadas à nossa Mãe, Maria Santíssima.
Eis porque essa é apresentada à nossa reflexão nesta solenidade da Assunção de Nossa Senhora.

Na 2a leitura, Paulo afirma que um dia todos serão glorificados. (1 Cor 15,20-27)

Antes, Cristo ressuscitado como primícias dos que morreram...  
depois os que foram de Cristo... E entre os que foram de Cristo cabe em primeiro lugar, sem dúvida alguma, Nossa Senhora.
* A Assunção é prenúncio da ressurreição final.

O Evangelho apresenta essa MULHER agraciada por Deus, que vai visitar e servir sua prima Isabel para servir. (Lc 1,39-56)

- Isabel exulta de alegria pela presença da Mãe do Senhor e aclama: "Bem aventurada és tu porque acreditaste!"
Maria é bem aventurada porque confiou na Palavra de Deus.
A fé verdadeira não necessita de demonstrações, mas se concretiza pela adesão incondicional a ela.

- Maria proclama um Hino de louvor ao Senhor pelas maravilhas que Ele realizou nela e em favor dos pobres.

Ela proclama que Deus realizou uma tríplice transformação, para restaurar a humanidade na salvação, obra de Cristo.

- no campo religioso: Deus derruba as autossuficiências humanas, confunde os planos daqueles que nutrem pensamentos de soberba, se inclinam para Deus e oprimem os homens.

- no campo político: Deus derruba os injustificáveis desníveis humanos, "abate os poderosos de seus tronos e eleva os humildes".
Não quer aqueles que executam os povos, mas aqueles que estão a serviço dos povos para promover o bem das pessoas e da sociedade, sem discriminações raciais, culturais ou políticas.

- no campo social: Deus confunde a classe baseada no dinheiro e na riqueza.
"Cumulou de bens aos famintos e despediu os ricos de mãos vazias"…
para instaurar uma verdadeira fraternidade na sociedade, porque todos são filhos de Deus.

* O Magnificat é um canto composto depois da ressurreição de Cristo, inspirado no canto da mãe de Samuel. Lucas o pôs nos lábios de Maria (1 Sm 2,1-11)

+ A festa da  Assunção é um sinal de ESPERANÇA para todos nós que estamos a caminho da glória.
Maria recebeu, por antecipação, o que Deus reservou a todos os que viverem a exemplo de Maria, com humildade, atentos às necessidades dos irmãos.

Por isso, a Assunção não é apenas uma verdade para se crer, mas sobretudo um mistério para penetrar.
É a meta final da minha humanidade, o desfecho inevitável da minha andança, da minha luta e do meu sofrer. É uma luminosa garantia de que também nós seremos o que ela já o é.

+ Maria é Mãe de Jesus e ... nossa:
A festa da Assunção de Maria nos mostra hoje a mãe que temos no céu, mas também o caminho que devemos seguir para chegar onde ela já está.
Nunca sozinhos, mas na comunidade dos discípulos e irmãos de Jesus, alimentados pela Eucaristia, e por ela conduzidos...

+ Maria Modelo de Pessoa consagrada a Deus;
Dentro do mês vocacional, hoje estamos lembrando a vocação religiosa...
O Religioso e a Religiosa veem em Maria um modelo a ser seguido:

Maria: uma mulher consagrada a Deus, um sinal de esperança para o homem...
Como Maria, os religiosos também fazem uma consagração especial
a Deus e aos irmãos e devem ser um SINAL de DEUS no meio do Povo...

Rezemos pelas vocações religiosas, para que as pessoas consagradas
continuem sendo ainda hoje no meio do povo: UM SINAL DE DEUS...

                                           Pe. Antônio Geraldo

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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Meus irmãos e irmãs, celebrar a assunção de Nossa Senhora é celebrar antecipadamente a ressurreição de cada um de nós. É evidente, que cada Evangelho, cada liturgia, pode nos ajudar a celebrar os nossos mortos, mas hoje, de modo muito especial, a liturgia é totalmente voltada para esta grandeza. Qual grandeza? Cristo ressuscitou e esta é a nossa certeza. Ele venceu a morte. Não teria celebração mais adequada para lembrar de nossos falecidos.  Gostaria de começar lembrando do Adão. Adão é uma figura simbólica na bíblia. Adão significa todo ser humano. O texto de Gênesis, capítulo 3, vai nos dizer que quando Adão ouviu os passos de Deus, se escondeu. Daí, Deus pergunta: por que você se escondeu? Adão disse: eu ouvi os teus passos e tive medo. Por que você está com medo? Porque estou nu. Aí é que vem. Então, Deus disse: você cometeu pecado original. A morte passa a fazer parte da realidade do ser humano a partir de Adão. Este é o preço de nascermos. Quem nasce, pode ter certeza de uma coisa; morre. Por que Deus permite que o ser humano morra? Por misericórdia pelo ser humano. Porque teríamos muito medo de nos apresentarmos diante de Deus como somos. Alguns mais, outros menos, mas todos somos pecadores. Nós nos sentiríamos bastante humilhados trajando esta veste, que é o nosso corpo. Trajando uma veste com o sinal do pecado. Nós estaríamos publicando a nossa fraqueza aos outros. Então, no momento que nós morremos, São Paulo vai dizer nesta segunda leitura, capítulo 15:  nós sepultamos um corpo corruptível, um corpo que se corrompe, porque traz todas as fraquezas do ser humano e nasce um corpo incorruptível. Um corpo que não acaba. Um corpo para vivermos eternamente ao lado de Deus. E, nessa mudança de corpo, fica para trás toda marca de pecado do corpo corruptível, para todos, igualmente,  louvar a Deus na mesma condição. Então, de fato, na ressurreição não há um melhor e outro pior; todos, todos de verdade, encontram-se em condições para louvar a Deus, sem medo, sem vergonha, sem nada que possa humilhar. Esta é a misericórdia de Deus para conosco.
No caso de Nossa Senhora, por que nós falamos que ela foi de corpo e tudo para o céu? Porque nós cremos que ela nunca pecou. Então, não há necessidade de trocar de corpo. Não há necessidade de trocar as vestes que ela traja. Ela já está pronta, desde o SIM, para gerar a Deus, ela está pronta para este encontro com Deus. Então, a morte não é um castigo da parte de Deus, mas um recurso utilizado para resgatar todo ser humano. Agora, é evidente, que nós sozinhos não nos salvamos, e sozinhos dificilmente vamos manter a aliança que Deus estabeleceu com o ser humano. A aliança é esta; “que ninguém se perca. eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. Esta é a grande aliança. Agora, como fazer para nos manter nesta aliança? Aí é que vem a primeira leitura. A primeira leitura deixa claro que você tem duas realidades; você tem a realidade do bem e a realidade do mal. Como enfrentar estas realidades? Sozinhos não conseguimos. Mesmo porque, muitas vezes, somos iludidos por aquilo que nos é apresentado. O fato é este; nós temos um grande recurso nesta vida para nos manter nesta caminhada para Deus, que é a IGREJA. A Igreja, aí, simbolizada pala mulher que traz a sua roupa o sol. Imagina uma Igreja iluminada. Agora, o sol brilha o que nós vemos e imagina tendo na cabeça doze estrelas; são doze sois iluminando, ela é super-iluminada, porque é iluminada pelo Espírito Santo. Mesmo nos momentos de penumbra, ela tem a lua aos pés. Nós sabemos que a noite iluminada pela lua é muito mais clara, do que a noite sem lua.  Mesmo nas noites escuras, ela está iluminada com esta lua. A IGREJA é uma grande segurança para nós, na medida que queremos caminhar em direção a Deus. Do outro lado, você tem um dragão. Eu perguntei para uma criança o que era um dragão. Ela me disse que dragão era um dinossauro que joga fogo pela boca. Gostei desta resposta. É isso mesmo. Só que o dragão, que fala o apocalipse, é cor de fogo. Ele não tem fogo. Portanto, é um falso dragão. Ele parece, mas não é. Ele é mentira, ele é ilusão que nos leva, muitas vezes, a ilusão de vida. O dragão verdadeiro tem fogo. Este cospe o que? Nada. Ele tem cor de fogo e é facilmente eliminado. Por isso, ele não vence o filho que a Igreja gera. Quem é o Filho que a Igreja gera? Jesus Cristo. Cada vez que nos reunimos para celebrar a sua memória, nós comungamos do corpo e do sangue de Cristo. “quem come a minha carne e bebe do meu sangue, eu o ressuscitarei no último dia”. Aí temos esta figura maravilhosa; para que eu consiga caminhar para Deus eu possa contar com a ajuda da Igreja. É evidente, que se quisermos uma pessoa para representar a Igreja, será Nossa Senhora. Claro, foi ela que gerou Jesus Cristo para o mundo e depois, Cristo continua sendo gerado a partir da Eucaristia. Portanto, meus irmãos e irmãs, nossa fé se baseia nisto: Cristo ressuscitou e vamos ressuscitar também. Tem algo que é para nos manter animados: aqui diz que temos que seguir uma ordem. Primeiro, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. É muito interessante, a segunda leitura diz que um dia todos vão conhecer a Deus. Então, nós não sabemos o dia em que a morte será extinta, mas sabemos que, um dia, o ser humano não vai mais morrer. Ele vai para o céu de corpo e tudo. Por que? Porque ele não vai mais ter a proposta do pecado. O pecado terá sido totalmente eliminado. Ora, então, Jesus realizou a missão pela metade? Não. Ele já venceu a morte, porque venceu o pecado. Muitos de nós é que ainda não se convenceram de que o caminho cristão é o caminho verdadeiro e acabam aqui ou ali, acreditando no dragão, na ilusão do egoísmo, na ilusão do individualismo, na ilusão de que um tem que ser melhor do que o outro, na ilusão de que não podemos viver como irmãos. O dia em que esta ilusão for eliminada, aí, poderemos celebrar junto de Deus, não mais de forma simbólica a ressurreição, aí poderemos cantar junto com os anjos e santos.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

II HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Meus irmãos e irmãs, a Ascenção de Nossa Senhora é Celebrada sempre dia 15 de agosto. No Brasil não é feriado, então, a Solenidade é transferida, se assim preferirem, para o domingo próximo, depois do dia quinze. O importante é contemplarmos este mistério, que estamos celebrando.
Primeiro, eu quero chamar a atenção para o livro do Apocalipse. É um dos livros mais simples de ser lido, entretanto é um dos livros que causa mais confusão na cabeça das pessoas, porque as pessoas acham que o Apocalipse fala do fim do mundo. Na realidade não é assim. O Apocalipse não fala do fim do mundo. Fala do fim de toda opressão, o fim de todo sofrimento, fala do final de toda perseguição. É isso que eu gostaria de mostrar, aproveitando o pessoal da catequese que está presente e fazer algumas perguntas. Vamos ver se vocês me ajudam. Se estiver errado, não tem problema. Se estiver certo, maravilha, vai ajudar a gente.
1) O que traz luz para o planeta terra? Quem sabe? O planeta terra é iluminado. O que ilumina o planeta terra? – O Sol? – sim, é o sol. Quem escreveu o apocalipse diz que ele viu uma mulher e na cabeça dela tinha uma coroa com doze estrelas.
2) O sol é uma estrela, ou não? – sim, é uma estrela. Muito bom. É considerado uma estrela de quinta grandeza. Tem estrelas maiores do que o sol. Um sol já ilumina bastante. Você já imaginou doze? Então, se esta mulher tem doze sois sobre a cabeça, ela é muito iluminada ou pouco iluminada? – bem iluminada. Esta mulher, diz São João, é a Igreja. Ela é bem iluminada. Ela tem doze sois na cabeça. Já deu para entender, que é simbólico. É para dizer que não existe ninguém mais lúcida do que a Igreja.
3) Quem é que ilumina a noite? – a lua.
4) O que é que ela tem nos pés? – a lua. Ela caminha pela noite iluminada pela lua.
Então, quando nós temos as noites escuras na nossa vida, podemos contar com a luz que Deus nos concede; a sabedoria.
Do outro lado, nós temos um dragão. Eu pergunto, todo ano, isto:
5) O que é um dragão? Alguém me explique. – é um tipo de lagartixa que bota fogo pela boca? Vamos dizer que é uma lagartixa grande... agora...,
6) Esta lagartixa grande, de que fala o apocalipse, solta fogo pela boca? O que é que está escrito aí? – é um dragão COR de fogo (parece dragão, mas não é). Ele só tem cor de fogo, mas não solta fogo. Ele tem com sete cabeças. Sete cabeças, é sinal de que é muito inteligente. Dez chifres. Não tem tanta força. Se tivesse doze seria muito forte. Ele não é um dragão verdadeiro; é uma propaganda enganosa. Ele só tem fachada. No fundo ele não vale nada: não tem fogo e não tem força.
7) Como é que ele faz para que todo mundo tenha medo do dragão? – pela aparência e pela esperteza. Ele tem sete cabeças. Ele é bastante inteligente.
8) O que ele consegue fazer contra a terra, no máximo, o que consegue fazer com sua calda? -  Com a cauda, varria a terça parte das estrelas do céu, atirando-as sobre a terra. Ele varre apenas um terço; ele é fraco. Não consegue destruir nem a metade. Ele destrói um terço, mas ainda tem dois terços.
9) Tem que ter medo deste dragão? – não. Aí, pronto! Entendemos o apocalipse. Não tem que ter medo do dragão, porque já sabemos que ele “só tem panca”, só tem aparência, mas ele não tem o poder da mulher e o poder de Deus. Tanto é, que a mulher vai se esconder no deserto, por um tempo. Deus levou para junto de si o seu filho, garantindo, assim, a vitória. Isto, meus irmãos e irmãs, parece brincadeira de criança, mas veja como o apocalipse é simples. É um livro que nos traz ânimo e coragem diante das dificuldades. As nossas dificuldades, na maioria da vezes, é parecida com este dragão. É que agente só fica olhando para ele e não analisa o conjunto. No conjunto vamos ver que é bem menor do que parece.
Também nossos problemas são verdadeiros, mas também são bem menores do que parecem. Tudo depende do quanto eu utilizo da luz que é Deus, da sabedoria, que é Deus, para poder enfrentar os problemas. O livro do Apocalipse foi escrito para ajudar as pessoas a enfrentar os problemas.
Agora, vou dar um exemplo de um problema que foi enfrentado. Tem uma fulana, chamada Ester, uma grande rainha. Por que ela foi uma grande rainha? Porque ela soube usar da beleza dela para o bem. Tem mulher que utiliza da beleza para o mal, como tem homem que utiliza da beleza para o mal. Esta Ester utilizou da beleza para o bem.
10) O que é que a Rainha Ester fez? Ela era casada com o rei, que não gostava de seu povo, de jeito nenhum. Ele decretou, que todo judeu deveria morrer. O que é que Ester fez? Ela se vestiu com a roupa mais bonita, ela já era bonita, encantou o rei. O rei lhe disse: o que me pedir, eu vou fazer. Ela disse: Eu quero que você salve o meu povo. Como o rei não quis voltar atrás, o povo de Deus foi salvo por causa de Ester. Então, em homenagem a Ester, escreveram este salmo que nós cantamos. As filhas de reis vêm ao vosso encontro, / e à vossa direita se encontra a rainha / com veste esplendente de ouro de Ofir.  Ela deixou o povo e foi viver no palácio e Deus sabia bem, que podia contar com ela. Ela foi para lá exatamente para salvar o seu povo.
Bom, Ester é uma grande mulher; salvou um povo todo.
Por que a Igreja lembra de Ester? Porque tem uma mulher que não salvou só UM povo, mas salvou a humanidade Toda. Quem é esta mulher? – Nossa Senhora. Ela é o sinal vivo da Igreja Lúcida. Ela não somente trouxe Jesus ao mundo, como salvou toda a humanidade com o seu gesto. Mas não é Jesus o salvador? Claro! Jesus é o Salvador, mas quando ela disse o seu SIM, colaborou para a salvação da humanidade e adotou todos como sendo seus filhos. Se Ester já era uma mulher admirável, Maria se torna mulher que não tem outra a seu lado. Ela soube utilizar da sua condição de mulher, para colaborar com a humanidade toda. É por isso, que ela foi assumida no céu. O que é assumida? – Deus reconheceu e confirmou tudo o que Nossa Senhora fez  no mundo. Assumida, de onde vem Assunta. Da onde vem, que ela ocupa um lugar no céu e que não há outra mulher acima dela. Não é mágica. Ela conquistou isto com a sua disponibilidade e é evidente, que ela se torna a primeira mulher a ser assumida no céu, sem precisar experimentar a morte. É a segunda leitura.
Por que sem experimentar a morte? Porque nós, querendo ser pessoa de bem, sendo gente boa sim, não fazemos maldade por querer, mas aqui ou ali agente acaba pecando. Então, agente precisa passar pela morte, para que Deus nos conceda uma outra veste, um corpo incorruptível, vai dizer primeiro coríntio 15, para poder se apresentar diante de Deus sem nos sentirmos humilhados e sem nos envergonharmos ao lado dos outros. Mas, Maria, Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa mãe, como não pecou, não precisou trocar de roupa. Não precisou. Como também Jesus que não experimentou a corrupção da carne, Ele ressuscitou ao terceiro dia. Porque são as duas pessoas: o Homem Jesus e a mulher Maria que não conheceram o pecado. Por isso, ressuscitaram primeiro. Aí São Paulo vai dizer: cada um na sua ordem.
Que bom, que estamos incluídos nesse grupo de ressurretos, os que vão ser ressuscitados. Maria já é nossa esperança; se ela conseguiu, também nós. Talvez vai demorar um pouco mais. Por tudo que Nossa Senhora conseguiu para a humanidade, o próprio Evangelho vai dizer: As gerações me chamarão bem-aventurada. Então, quem não aceita Nossa Senhora, não aceita o Evangelho. Isto está no Evangelho. Não é escrito de Católico, não. Está escrito de todo que professa a fé Cristã. Então, é por isso que dedicamos um final de semana, para celebrar esta maravilha e também para agradecer a Nossa Senhora.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO. Diocese de Santo André – SP.

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Homilia de D. Henrique Soares Lc 1,39-56
Esta é a maior das festas da Santíssima Virgem Maria; é a sua Assunção; a festa da sua entrada na glória, da sua
plenitude como criatura, como mulher, como mãe, como discípula de Cristo Jesus. Como um rio, que após longa corrida deságua no mar, hoje, a Virgem Toda Santa deságua na glória de Deus: transfigurada no Espírito Santo, derramado pelo Cristo, ela está na glória do Pai!
 
Para compreendermos o profundo sentido do que celebramos, tomemos as palavras de São Paulo: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada”. – Eis a nossa fé, o centro da nossa esperança: Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que adormeceram. Ele é o primeiro a ressuscitar, ele é a causa e o modelo da nossa ressurreição. Os que nele nascem pelo batismo, os que nele crêem e nele vivem, ressuscitarão com ele e como ele: logo após a morte ressuscitarão naquela dimensão imaterial que temos, núcleo da nossa personalidade, a que chamamos “alma”; e, no final dos tempos, quando todo o universo for glorificado, ressuscitaremos também no nosso corpo. Assim, em todo o nosso ser, corpo e alma, estaremos, um dia, revestidos da glória de Cristo, nosso Salvador, estaremos plenamente conformados a ele!

Ora, a Igreja crê, desde os tempos antigos, que a Virgem Maria já entrou plenamente nessa glória. Aquilo que todos nós só teremos em plenitude no final dos tempos, a Santíssima Mãe de Deus, já recebeu logo após a sua morte. Ela é a “Mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”. Ela já está totalmente revestida da glória do Cristo, Sol de justiça – e esta glória é o próprio Espírito Santo que o Cristo Senhor nos dá. Ela já pisa a lua, símbolo das mudanças e inconstâncias deste mundo que passa. Ela já está coroada com doze estrelas, porque é a Filha de Sião, filha perfeita do antigo Israel e Mãe do novo Israel, que é a Igreja. Assim, a Virgem, logo após a sua morte – doce como uma dormição -, foi elevado ao céu, à glória do seu Filho em todo o seu ser, corpo e alma. Aquela que esteve perfeitamente unida ao Filho na cruz (cf. Lc 2,34s; Jo 19,25ss), agora está perfeitamente unida a ele na glória. São Paulo não dissera, falando do Cristo morto e ressuscitado? “Fiel é esta palavra: Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele sofremos, com ele reinaremos” (2Tm 2,12). Eis! A Virgem que perfeitamente esteve unida ao seu Filho no caminho da cruz, perfeitamente foi unida a ele na glória da ressurreição. Aquela que sempre foi “plenamente agraciada” (Lc 1,28), de modo a não ter a mancha do pecado, não permaneceu na morte, salário do pecado. Assim, o que nós esperamos em plenitude para o fim dos tempos, a Virgem já experimenta agora e plenitude. Como é grande a salvação que o Cristo nos obteve! Como é grande a sua força salvífica ao realizar coisas tão grandes na sua Mãe!

Mas, a Festa de hoje não é somente da Virgem Maria. Primeiramente, ela glorifica o Cristo, Autor da nossa salvação, pois em Maria aparece a vitória sobre a morte, que Jesus nos conquistou. A liturgia hoje exclama: “Preservastes, ó Deus, da corrupção da morte aquela que gerou de modo inefável vosso próprio Filho feito homem, Autor de toda a vida”. Este senhorio de Cristo aparece hoje radiante na sua Mãe toda santa: em Maria, Cristo venceu a morte de Maria! Em segundo lugar, a festa de hoje é também festa da Igreja, de quem Maria é Mãe e figura. A liturgia canta: “Hoje, a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi elevada à glória do céu. Aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança para o vosso povo ainda em caminho”. Sim! A Mãe Igreja contempla a Mãe Maria e fica cheia de esperança, pois um dia, estará totalmente glorificada como ela, a Mãe de Jesus, já se encontra agora. Finalmente, a festa é de cada um de nós, pois já vemos em Nossa Senhora aquilo que, pela graça de Cristo, o Pai preparou para todos nós: que sejamos totalmente glorificados na glória luminosa do Espírito do Filho morto e ressuscitado. Aquilo que a Virgem já possui plenamente, nós possuiremos também: logo após a morte, na nossa alma; no fim dos tempos, também no nosso corpo!

Estejamos atentos! A festa hodierna recorda o nosso destino, a nossa dignidade e a dignidade do nosso corpo. O mundo atual, por um lado exalta o corpo nas academias, no culto da forma física, da moda e da beleza exterior; por outro lado, entrega o corpo à sensualidade, à imoralidade, à droga, ao álcool... É comum escutarmos que o que importa é o “espírito”, que a matéria, o corpo passa... Os cristãos não aceitam isso! Nosso corpo é templo do Espírito Santo, nosso corpo ressuscitará, nosso corpo é dimensão indispensável do nosso eu. Um documento recente da Igreja sobre a relação homem-mulher, chamava-se atenção exatamente para essa questão: o corpo em si, para o mundo, parece que não significa muita coisa, que não tem uma linguagem própria, que não diz algo do que eu sou, da minha identidade – inclusive sexual. Para nós, cristãos, o corpo integra profundamente a personalidade de cada um: meu corpo será meu por toda eternidade; meu corpo é parte de minha identidade por todo o sempre! Honremos, então nosso corpo: “O corpo não é para a fornicação e, sim, para o Senhor e o Senhor é para o corpo. Ora, Deus, que ressuscitou o Senhor, ressuscitará também a nós – em nosso corpo- pelo seu poder. Glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo” (1Cor 6,14.20).

Então, caríssimos, olhemos para o céu, voltemos para lá o nosso coração! Celebremos! Com a Virgem Maria, hoje vencedora da morte, com a Igreja, que espera, um dia, triunfar totalmente como Maria Virgem, cantemos as palavras da Filha de Sião, da Mãe da Igreja, pensando na nossa vitória: “A minha alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. O Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor!" A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
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Hoje celebramos a maior de todas as solenidades da Mãe de Deus: a sua Assunção gloriosa ao céu.
A oração inicial da Missa hodierna pediu: “Deus eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do céu em corpo e alma a imaculada Virgem Maria, Mãe do vosso Filho, dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória”. A liturgia da Igreja, sempre tão sábia e tão sóbria, resumiu aqui o essencial desta solenidade santíssima. Com efeito, Deus elevou à glória do céu em corpo e alma a imaculada Virgem Maria! Ela, uma simples criatura, ela, tão pequena, tão humilde, foi eleva a Deus, ao céu, à plenitude em todo o seu ser, corpo e alma! Como isso é possível? Não é a morte o destino comum e final de tudo quanto vive? Isso dizem os pagãos, isso dizem os descrentes, os sábios segundo o mundo, que se conformam com a morte... Mas, nós, nós sabemos que não é assim! Nosso destino é a vida, nosso ponto final é a glória no coração de Deus: glória no corpo, glória na alma, glória em tudo que somos! Foi isso que Deus nos preparou – bendito seja ele para sempre!
Mas, como isso é possível? A Palavra de Deus deste hoje no-lo afirma, de modo admirável. Escutai, irmãos, escutai, irmãs, consolai-vos todos vós: “Cristo ressuscitou dos mortos, primícia dos que morreram. Em Cristo todos reviverão, cada qual segundo uma ordem determinada; em primeiro lugar Cristo, como primícia!” Eis por que, eis como ressuscitaremos: Cristo ressuscitou! Jesus de Nazaré, caríssimos, é o Senhor! O nosso Jesus é Deus bendito e foi ressuscitado pela glória do Pai! O nosso Senhor Jesus venceu e no faz participantes da sua vitória, dando-nos o seu Espírito Santo! Credes nisso, meus caros? Neste mundo que só crê no que vê, que só leva a sério o que toca, que só dá valor ao que cai no âmbito dos sentidos, credes que Cristo está vivo e é Senhor, primícia, princípio de todos os que morrem unidos a ele? Pois bem, escutai: o Cristo que ressuscitou, que venceu, concedeu plenamente a sua vitória à sua Mãe, à Santíssima Virgem Maria, que esteve sempre unida a ele. Ela, totalmente imaculada, nunca afastou-se do filho: nem na longa espera do parto, nem na pobreza de Belém, nem na fuga para o Egito, nem no período de exílio, nem na angústia de procura-lo no Templo, nem nos anos obscuros de Nazaré, nem nos tempos dolorosos da pregação do Reino, nem no desastre da cruz, nem na solidão do sepulcro no Sábado Santo... nem mesmo após, nos dias da Igreja, quando discretamente, ela permanecia em oração com os irmãos do Senhor... Sempre imaculada, sempre perfeitamente unida ao Senhor. Assim, após a sua preciosa morte, ela foi elevada à glória do céu, isto é, à glória de Cristo que ressuscitou e é primícia da nossa ressurreição!
A presente solenidade é, então, primeiramente, exaltação da glória do Cristo: nele está a vida e a ressurreição; nele, a esperança de libertação definitiva! Por isso, todo aquele que crê em Jesus e é batizado no seu Espírito Santo no sacramento do Batismo, morrerá com Cristo e com Cristo ressuscitará. Imediatamente após a morte, nossa alma será glorificada e estaremos para sempre com o Senhor. Quanto ao nosso corpo, será destruído e, no final dos tempos, quando Cristo nossa vida aparecer, será também ressuscitado em glória e unido à nossa alma. Será assim com todos nós. Mas, não foi assim com a Virgem Maria! Aquela que não teve pecado também não foi tocada pela corrupção da morte! Imediatamente após a sua passagem para Deus, ela foi ressuscitada, glorificada em corpo e alma, foi elevada ao céu! Podemos, portanto, exclamar como Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres! Bendito é o fruto do teu ventre! Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu!”
Esta é, portanto, a festa de plenitude de Nossa Senhora, a sua chegada a glória, no seu destino pleno de criatura. Nela aparece claro a obra da salvação que Cristo realizou! Ela é aquela Mulher vestida do sol, que é Cristo, pisando a instabilidade deste mundo, representada pela lua inconstante, toda coroada de doze estrelas, número da Israel e da Igreja! A leitura do Apocalipse mostra-nos tudo isso; mas, termina afirmando: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus e o poder do seu Cristo!” Eis: a plenitude da Virgem é realização da obra de Cristo, da vitória de Cristo nela!
Caríssimos, quanto nos diz esta solenidade! A oração inicial, citada no início desta homilia, pedia a Deus: “Dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória”. Eis aqui qual deve ser o nosso modo de viver: atentos às coisas do alto, onde está Cristo, onde contemplamos a Virgem totalmente glorificada em Cristo. Caminhar neste mundo sem no prendermos a ele. Aqui somos estrangeiros, aqui estamos de passagem, aqui somos peregrinos; lá é que permaneceremos para sempre: nossa pátria é o céu, onde está Cristo, nossa vida! O grande mal do mundo atual é entreter-se com seu consumismo, com sua tecnologia, com seu bem-estar, com seu divertimento excessivo e esquecer de viver atento às coisas do alto. Mas, pior ainda, os cristãos também muitas vezes são infectados por essa doença! Nós, que deveríamos ser as testemunhas do mundo que há de vir, quantas vezes vivemos imersos, metidos somente nas ocupações deste mundo – muitos até com o pretexto de que estão trabalhando pelos irmãos e por uma sociedade melhor. Nada disso! Os pés devem estar na terra, mas o coração deve estar sempre voltado para o alto! Não esqueçamos: nosso destino é o céu, participando da glória de Cristo, da qual a Virgem Maria já participa plenamente! Aí, sim, poderemos cantar com ela e como ela: “A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador: o poderoso fez em mim maravilhas!” Seja ele bendito agora e para sempre. Amém.
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Assunção, festa da esperança

Esperamos conseguir do Senhor o que Maria, sinal glorioso da Igreja, já conseguiu. Esperamos estar completos, corpo e alma, com o Senhor. Ao contemplar a Mãe de Deus de maneira tão gloriosa no dia de hoje, os nossos corações se enchem de luz e de esperança. Deus cuida de nós e nos conduz cada vez mais à sua vida divina.
Os Padres da Igreja, especialmente a partir de S. João Damasceno e S. Germão de Constantinopla, pregavam abertamente a existência da incorruptibilidade do corpo de Nossa Senhora. A festa da Dormição de Nossa Senhora foi celebrada primeiramente em Jerusalém. Mas para os antigos, “dormição” não significava necessariamente ausência de morte. Defensor da Assunção de Nossa Senhora na Idade Média foi o assim chamado “Pseudo-Agostinho” (século IX). Baldo de Ubaldi, no século XV, também foi um grande defensor desta verdade de fé. Finalmente, o Papa Pio XII definiu solenemente o dogma da Assunção no dia 1 de novembro de 1950 através da Constituição “Munificentissimus Deus”. Inclusive o nome desta constituição deixa claro que se trata de uma graça de Deus “munificentissimus”, isto é, generosíssimo.  Uma graça tal que é um privilégio: Maria recebeu o privilégio de que nela fosse antecipado aquilo que acontecerá com todos os eleitos.
O Papa sentencia “que é dogma divinamente revelado: que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, ao término de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória do céu”. É interessante que antes do Papa definir o quarto dogma sobre Nossa Senhora, ele recorde os outros três: Mãe de Deus, sempre Virgem (antes, durante e depois do parto), Imaculada. Pio XII não diz se Maria, antes de ser elevada ao céu, morreu ou não: isso continua como tema aberto à livre discussão teológica, isto é, pode-se defender uma ou outra coisa. O que todos devem reter como doutrina de fé solenemente definida é que ela, Nossa Senhora, foi elevada em corpo e alma aos céus, antecipadamente, como privilégio.
Quanto à morte de Nossa Senhora, parece muito mais acertado afirmar que ela realmente morreu e somente depois teria sido elevada aos céus. Por um lado, quando os antigos Padres falavam de “dormição” eles falavam também de morte. De fato, não é difícil encontrar textos na patrística que transmitam uma dormição de Jesus na Cruz referindo-se à sua morte real. Por outro lado, o desejo de imitar a Cristo que estava no coração de Nossa Senhora faz com que seja mais conveniente que ela imite o seu filho também nisso e se una, desta maneira, ao valor redentor do seu mistério de cruz.
Mas, como dizíamos antes, a Assunção de Nossa Senhora é sinal de esperança para nós. O Concílio Vaticano II afirmou: “Entretanto, a Mãe de Jesus, assim como, glorificada já em corpo e alma, é imagem e início da Igreja que se há de consumar no século futuro, assim também, na terra, brilha como sinal de esperança segura e de consolação, para o Povo de Deus ainda peregrinante, até que chegue o dia do Senhor (cfr. 2 Ped. 3,10)” (Constituição Dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium, nº 68).
A esperança é virtude sobrenatural, teologal, uma disposição plantada pelo Senhor na nossa alma que nos une a ele através da vontade, do desejo. Esperamos em Deus e nos auxílios (graças) que ele nos concede para alcançá-lo. Temos a firme esperança de chegar ao céu, à bem-aventurança eterna. É nesse sentido que a Assunção de Maria nos anima a continuar com os olhares fixos na meta: uma como nós conseguiu aquilo que nós conseguiremos. O nosso caminho rumo ao céu já foi selado por uma da nossa raça. Assim como ela chegou lá por graça, também nós chegaremos. Além do mais, temos que ser pessoas prontas a preparar os caminhos da esperança nos outros e, consequentemente, da alegria: há um futuro promissor fundado na fidelidade de Deus para com o seu povo. Por isso um filho de Deus não pode ser pessimista, negativo e mal humorado; ao contrário, a esperança que traz no peito o leva a estar sempre alegre… Apesar dos pesares.
Pe. Françoá Costa

Assunção de Maria ao Céu

No dia 15 de agosto a Igreja celebra a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, ou Nossa Senhora da Glória.
Diz o Prefácio da Solenidade que proclama maravilhosamente o mistério celebrado: “Hoje, a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi elevada à glória do céu. Aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança do vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou de modo inefável o vosso próprio Filho feito homem, autor de toda a vida”.
Trata-se de uma verdade de fé, um dogma, proclamada pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950: “Terminando o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. Ali a esperava o seu Filho Jesus, com o seu corpo glorioso, tal como Ela o tinha contemplado depois da Ressurreição.
As leituras contemplam esta realidade. A 1ª Leitura (Ap 11, 19; 12, 1-10) apresenta uma mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés, e do Filho que ela deu à luz, um varão, que irá reger todas as nações. Nesta imagem a Mulher e o Filho representam Jesus Cristo e a Igreja, mais a mulher confunde-se também com Maria, pois nela realizou-se plenamente a Igreja.
A 2ª Leitura (1 Cor 15, 20-27) completa a idéia da 1ª. Paulo, falando de Cristo, primícias dos ressuscitados, termina dizendo que, um dia, todos os que crêem terão parte na Sua glorificação, mas em proporção diversa: “Primeiro, Cristo, como os primeiros frutos da seara; e a seguir, os que pertencem a Cristo” (1 Cor 15, 23). Entre os cristãos, o primeiro lugar pertence, sem dúvida, a Nossa Senhora, que foi sempre de Deus, porque jamais conheceu o pecado. É a única criatura em quem o esplendor da imagem de Deus nunca se viu ofuscado; é a Imaculada Conceição, a obra prima e intacta da Santíssima Trindade em quem o Pai, o Filho e o Espírito Santo sentiram as suas complacências, encontrando nela uma resposta total ao Seu amor.
A resposta de Maria ao amor de Deus ressoa no Evangelho (Lc 1, 35-56), tanto nas palavras de Isabel que exaltam a grande fé que levou Maria a aderir, sem vacilação alguma à vontade de Deus, como nas palavras da própria Virgem, que entoa um hino de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizou nela.
Ela é a nossa grande intercessora junto do Altíssimo. Maria nunca deixa de ajudar os que recorrem ao seu amparo: “Nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tivesse recorrido à vossa proteção fosse por Vós desamparado”, rezava São Bernardo. Procuremos confiar mais na sua intercessão, persuadidos de que Ela é a Rainha dos céus e da terra, o refúgio dos pecadores, e peçamos-lhe com simplicidade: Mostrai-nos Jesus!
A Assunção de Maria é uma preciosa antecipação da nossa ressurreição e baseia-se na ressurreição de Cristo, que transformará o nosso corpo corruptível, fazendo-o semelhante ao seu corpo glorioso. Por isso São Paulo recorda-nos (1 Cor 15, 20-26): “Se a morte veio por um homem (pelo pecado de Adão), também por um homem, Cristo, veio a ressurreição. Por Ele, todos retornarão à vida, mas cada um a seu tempo: como primícias, Cristo; em seguida, quando Ele voltar, todos os que são de Cristo; depois , os últimos, quando Cristo devolver a Deus Pai o seu reino…Essa vinda de Cristo, de que fala o Apóstolo, disse o Papa João Paulo II, “não devia por acaso cumprir-se, neste único caso (o da Virgem), de modo excepcional, por dizê-lo assim, imediatamente, quer dizer, no momento da conclusão da sua vida terrena? Esse final da vida que para todos os homens é a morte, a Tradição, no caso de Maria, chama-o com mais propriedade dormição.  Para nós, a Solenidade de hoje é como uma continuação da Páscoa, da Ressurreição e da Ascensão do Senhor.  E é, ao mesmo tempo, o sinal e a fonte da esperança da vida eterna e da futura ressurreição”.
A Solenidade de hoje enche-nos de confiança nas nossas súplicas. Pois, diz São Bernardo, “subiu aos céus a nossa Advogada para, como Mãe do Juiz e Mãe de Misericórdia, tratar dos negócios da nossa esperança.” Ela alenta continuamente a nossa esperança. Ensina São Josemaria Escrivá: “Somos ainda peregrinos, mas a nossa Mãe precedeu-nos e indica-nos já o termo do caminho: repete-nos que é possível lá chegarmos, e que lá chegaremos, se formos fiéis. Porque a Santíssima Virgem não é apenas nosso exemplo: é auxílio dos cristãos. E ante a nossa súplica – mostra que és Mãe – , não sabe nem quer negar-se a cuidar dos seus filhos com solicitude maternal.
Fixemos o nosso olhar em Maria, já assunta aos céus. Ela é a certeza e a prova de que os seus filhos estarão um dia com o corpo glorificado junto de Cristo glorioso. A nossa aspiração à vida eterna ganha asas ao meditarmos que a nossa Mãe celeste está lá em cima, que nos vê e nos contempla com o seu olhar cheio de ternura, com tanto mais amor quanto mais necessitados nos vê.
No dia dedicado às Vocações Religiosas, Maria é apresentada como Modelo de pessoa consagrada e um “sinal” de Deus no mundo de hoje.
Mons. José Maria Pereira
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Para a Celebração da Palavra (Diáconos e Ministros da Palavra):

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
O Senhor esteja com todos vocês... Irmãos e irmãs, demos graças ao Senhor, Nosso...
à COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Deus da vida! Nós vos louvamos e vos agradecemos.
à Pai, pela assunção de Maria podemos proclamar: Eis agora a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o poder de Cristo. É grande a nossa esperança, pois Maria é nossa mãe e está junto de Vós. Pai, ajudai-nos para que não nos desviemos de vossos caminhos.
T: Deus da vida! Nós vos louvamos e vos agradecemos.
à Pai, rei do universo e Senhor da vida, nós Vos damos graças pela ressurreição que manifestastes pelo Vosso Filho Jesus, o novo Adão, e pela assunção de Maria. Bendito sejais para sempre.
T: Deus da vida! Nós vos louvamos e vos agradecemos.
à “Nós Vos bendizemos, Deus do universo, porque pelo Vosso Filho visitastes o Vosso povo. Guiai as nossas comunidades e iluminai-as pelo Vosso Espírito Santo”.
T: Deus da vida! Nós vos louvamos e vos agradecemos.
à Nós vos agradecemos, Deus amor, porque em Cristo nos transformastes em novas criaturas. Dai-nos a graça de um dia cantarmos com Maria a vossa glória no céu.
T: Deus da vida! Nós vos louvamos e vos agradecemos.

= pai nosso... a paz...   eis o cordeiro...


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BÊNÇÃO SOLENE
— O Senhor esteja convosco! — Ele está no meio de nós.
— O Deus de bondade, que pelo Filho da Virgem Maria quis salvar a todos, vos enriqueça com sua bênção. — Amém.
Seja-vos dado sentir sempre e por toda parte a proteção da Virgem, por quem recebestes o autor da vida. Amém.
— E vós, que vos reunistes hoje para celebrar sua solenidade, possais colher a alegria espiritual e o prêmio eterno. — Amém.
+ Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai e Filho † e Espírito Santo. -Amém.
— A alegria do Senhor seja a vossa força; ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
 _ Graças a Deus!