quinta-feira, 11 de agosto de 2016

20º Domingo do Tempo Comum, subsídios homiléticos, homilias

20º DOMINGO DO TEMPO COMUM C 2016. (Adaptado pelo Diácono Ismael)

TEMA: A Coragem na atuação do projeto que Deus nos confia.

Primeira leitura: O profeta Jeremias recebe de Deus uma missão que lhe vai trazer o ódio do Povo de Jerusalém.
Evangelho: reflete a missão de Jesus como um “lançar fogo à terra”, a fim de que desapareçam o egoísmo, a escravidão, o pecado e nasça o mundo novo – o “Reino”. A proposta de Jesus trará, no entanto, divisão.
Segunda leitura: convida o cristão a correr como os atletas ao encontro da vida plena.

PRIMEIRA LEITURA (Jr 38, 4-6.8-10) Leitura do Livro do Profeta Jeremias Naqueles dias: Disseram os príncipes ao rei: Pedimos que seja morto este homem; ele anda com habilidade lançando o desânimo entre os combatentes que restaram na cidade e sobre todo o povo, dizendo semelhantes palavras; este homem, portanto, não se propõe o bem-estar do povo, mas sim a desgraça. Disse o rei Sedecias: Ele está em vossas mãos; o rei nada vos poderá negar. Agarraram então Jeremias e lançaram-no na cisterna de Melquias, filho do rei, que havia no pátio da guarda, fazendo-o descer por meio de cordas. Na cisterna não havia água, somente lama; e assim ia-se Jeremias afundando na lama. Ebed-Melec saiu da casa do rei e veio ter com ele, e falou-lhe: Ó rei, meu senhor, muito mal procederam esses homens em tudo o que fizeram contra o profeta Jeremias, lançando-o na cisterna para aí morrer de fome; não há mais pão na cidade. O rei deu, então, esta ordem ao etíope Ebed-Melec: Leva contigo trinta homens e tira da cisterna o profeta Jeremias, antes que morra.

AMBIENTE - Jeremias exerce a missão profética (de 627 e até bem depois da queda de Jerusalém, em 586 a.C).  Após o reinado de Josias, o reino de Judá conheceu um período de grande instabilidade. 588 a.C., Sedecias negara o tributo aos babilónios. Na sequência, Nabucodonosor pôs cerco a Jerusalém. Jeremias, convencido de que tinha chegado o castigo para o pecado de Judá e de que Deus tinha entregado Jerusalém nas mãos dos babilônios, aconselhou a não resistência aos invasores e a rendição.

MENSAGEM - Os chefes mobilizam-se para se opor ao discurso do profeta e propõem a sua eliminação. Sedecias, o rei, consente que o profeta seja silenciado. Colocado numa cisterna cheia de lodo e sem nada para comer, Jeremias chega a correr risco de vida; é um escravo núbio que intercede por Jeremias e o salva.
Jahwéh confia-lhe a missão de predizer desgraças e anunciar violência e morte; e o profeta procura concretizar a sua missão com uma força e uma convicção que nos impressionam. Deus seduziu Jeremias e o profeta pôs-se, incondicionalmente, ao serviço da Palavra, mesmo que isso significa viver à margem dos familiares, dos amigos e afrontando o ódio dos poderosos.
Jeremias é o protótipo do profeta que dá a sua vida para que a Palavra de Deus ecoe no mundo e na vida dos homens. Ele não pensa em si, no seu comodismo, no seu bem-estar, no seu êxito social ou profissional, no seu triunfo diante da opinião pública; ele pensa, apenas, em anunciar com fidelidade os projetos de Deus aos homens, a fim de que os homens possam construir a história na perspectiva de Deus.
Na parte final deste texto, cumpre-se a promessa de Deus, expressa no relato da vocação de Jeremias: “não tenhas medo, Eu estarei contigo para te libertar” (Jer 1,8). Através do sentido de justiça e da coragem de um escravo estrangeiro, Deus intervém e salva Jeremias. Desta forma, mostra-se como Deus está sempre ao lado daqueles que anunciam fielmente a sua Palavra e como não abandona os perseguidos e marginalizados pelo mundo e pelos poderosos.

ATUALIZAÇÃO - A história de Jeremias não é um caso isolado, mas a história de todos aqueles a quem Deus chama a testemunhar, com fidelidade, os seus projetos e os seus valores. Ser profeta não é um percurso fácil, nem uma carreira recheada de êxitos humanos, nem um caminho atapetado pelo entusiasmo e pelas palmas das multidões; mas é um caminho de cruz, de sofrimento, de incompreensão e, tantas, vezes, de morte. Implica o confronto com a injustiça, com a alienação, com a opressão, com o poder daqueles que pretendem construir o mundo sobre valores de egoísmo, de prepotência, de orgulho, de morte.
** A história de Jeremias mostra que o profeta não está só; Deus está sempre ao seu lado. A garantia de Deus.

SALMO RESPONSORIAL / 39 (40)

Socorrei-me, ó Senhor, vinde logo em meu auxílio!
• Esperando, esperei no Senhor e, inclinando-se, ouviu meu clamor. Retirou-me da cova da morte e de um charco de lodo e de lama. Colocou os meus pés sobre a rocha, devolveu a firmeza a meus passos.
• Canto novo ele pôs em meus lábios, um poema em louvor ao Senhor. Muitos vejam, respeitem, adorem e esperem em Deus, confiantes.
• Eu sou pobre, infeliz, desvalido; porém, guarda o Senhor minha vida e por mim se desdobra em carinho. Vós me sois salvação e auxílio: vinde logo, Senhor, não tardeis!

EVANGELHO (Lc 12, 49-53) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Eu vim para lançar fogo sobre a terra e como gostaria que já estivesse aceso! Devo receber um batismo e como estou ansioso até que isto se cumpra! Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; ficarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.

AMBIENTE - Desconhecendo-se o contexto primitivo deste “dito” e as circunstâncias em que Jesus o pronunciou, é impossível determinar o seu significado e saber qual o “fogo” de que Jesus falava.
De qualquer forma, Lucas apresenta este material no contexto do “caminho para Jerusalém” – esse caminho que conduz Jesus ao dom total da vida. No horizonte próximo está, cada vez mais, o confronto final com a instituição judaica e a morte na cruz. Na perspectiva de Lucas, estes “ditos” fazem parte da catequese que prepara os discípulos para entender a missão de Jesus, a radicalidade do “Reino” e as exigências que daí brotam para quem adere às propostas de Jesus.

MENSAGEM - A caminho de Jerusalém e da cruz, Jesus dá aos discípulos algumas indicações para entender a missão que o Pai Lhe confiou (missão que os discípulos devem continuar).
Na primeira parte, entrelaçam-se os temas do fogo e do batismo. Jesus começa por dizer que veio trazer o fogo à terra. Que quer isto dizer?
O “fogo” possui um significado simbólico complexo… No Antigo Testamento começa por ser um elemento teofânico (cf. Ex 3,2; [O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça. Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia]. 19,18; [Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor tinha descido sobre ele no meio de chamas; o fumo que subia do monte era como a fumaça de uma fornalha, e toda a montanha tremia com violência]. Dt 4,12; [Do meio do fogo o Senhor falou. Ouvistes o som de suas palavras, mas não víeis no entanto nenhuma forma, somente uma voz]. 5,4.22.23; [Falou-nos o Senhor face a face no monte, do seio do fogo. Tais são as palavras que no monte, do meio do fogo, da nuvem e das trevas, o Senhor dirigiu com voz forte a toda a vossa assembléia, sem juntar mais nada. E escreveu-as em duas tábuas de pedra, que me entregou.  Ora, depois que ouvistes a voz que saía do meio das trevas e vistes o monte ardendo em fogo, viestes ter comigo com vossos chefes de tribos e vossos anciãos]2 Re 2,11 [Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que de repente um carro de fogo com cavalos de fogo os separou um do outro, e Elias subiu ao céu num turbilhão].), usado para representar a santidade divina. A manifestação do divino provoca no homem, simultaneamente, atração e temor; ora, explorando a relação entre o fogo e o temor que Deus inspira, a catequese de Israel vai fazer do fogo um símbolo da intransigência de Deus em relação ao pecado… Por isso, os profetas usam a imagem do fogo para anunciar e descrever a ira de Deus (cf. Am 1,4; 2,5 [porei fogo à casa de Hazael, e esse fogo devorará os palácios de Ben-Hadad. porei fogo a Judá, e ele devorará os palácios de Jerusalém].). O fogo aparece, assim, como imagem privilegiada para pintar o quadro do castigo das nações pecadoras (cf. Is 30,27.30.33 [É o nome do Senhor que vem de longe, sua cólera é ardente, uma nuvem pesada se levanta, seus lábios respiram furor, e sua língua é como um fogo devorador. O Senhor fará retumbar sua voz majestosa, e mostrará como o seu braço desaba em sua cólera ardente, nas chamas de um fogo devorador, na tempestade, com chuva e granizo. Sim, um lugar de incineração está preparado também para Moloc, cavado, profundo e largo; palha e lenha ali há em quantidade, e o sopro do Senhor, como uma torrente de enxofre, acendê-lo-á].) e do próprio Israel. No entanto, ao mesmo tempo que castiga, o fogo também faz desaparecer o pecado (cf. Is 9,17-18; [17.Porque a maldade queima como um fogo que devora as sarças e os espinhos, e depois envolve a espessura da floresta, de onde a fumaça se eleva em turbilhões. 18.Pela cólera do Senhor a terra está em fogo, e o povo veio a ser presa das chamas.  Jer 15,14; 17,4.27 [14.Fá-los-ei passar com seus inimigos para um país que não conheces, porquanto inflamou-se um fogo em minhas narinas, que arderá para vos consumir. 17, 4.Deixarás ao abandono a herança que te conferira, e eu te farei o escravo dos teus inimigos, em terra que desconheces, porquanto acendeste o fogo de minha cólera que não mais cessará de flamejar. 27.Se, porém, não observardes meus preceitos acerca da santificação do sábado, e a respeito da abstenção de transportar fardos pelas portas da cidade no dia de sábado, porei fogo nessas portas, e ele consumirá os palácios de Jerusalém, sem que ninguém possa extingui-lo.].): o fogo aparece, assim, como elemento de purificação e transformação (cf. Is 6,6; [6.Porém, um dos serafins voou em minha direção; trazia na mão uma brasa viva, que tinha tomado do altar com uma tenaz.] Ben Sira 2,5;  Dan 3). Na literatura apocalíptica, o fogo é a imagem do juízo escatológico (Is 66,15-16 [15.Pois o Senhor virá no meio do fogo, com seus carros semelhantes ao furacão, para satisfazer sua cólera num braseiro, e cumprir suas ameaças em chamas ardentes; 16.porque o Senhor fará a justiça de toda a terra pelo fogo e de todo o ser vivente pela espada, e muitos cairão sob os golpes do Senhor.]): o “dia de Jahwéh” é como o fogo do fundidor (cf. Mal 3,2 [2.Quem estará seguro no dia de sua vinda? Quem poderá resistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do fundidor, como a lixívia dos lavadeiros.]); será um dia, ardente como uma fornalha, em que os arrogantes e os maus arderão como palha (cf. Mal 3,19 [19.Porque eis que vem o dia, ardente como uma fornalha. E todos os soberbos, todos os que cometem o mal serão como a palha; este dia que vai vir os queimará - diz o Senhor dos exércitos - e nada ficará: nem raiz, nem ramos.]) e em que a terra inteira será devorada pelo fogo do zelo de Deus (cf. Sof 1,18; 3,8 [18.Nem sua prata, nem seu ouro poderão salvá-los no dia da cólera do Senhor. Toda a terra será devorada pelo fogo de seu zelo, porque ele aniquilará de repente toda a população da terra. 3, 8.Por isso, esperai-me - oráculo do Senhor - até o dia em que me levantarei como testemunha, porque resolvi congregar as nações e reunir os reinos, para descarregar sobre eles o meu furor, todo o ardor de minha cólera; porque toda a terra será devorada pelo fogo de meu ressentimento.]). Desse fogo devorador do pecado, purificador e transformador, nascerá o mundo novo, sem pecado, de justiça e de paz sem fim.
O símbolo do fogo, posto na boca de Jesus, deve ser entendido neste enquadramento. Jesus veio revelar a santidade de Deus; a sua proposta destina-se a destruir o egoísmo, a injustiça, a opressão, a fim de que surja, das cinzas desse mundo velho, o mundo novo de amor, de partilha, de fraternidade, de justiça.
Como é que isso vai acontecer? Através da Palavra e da ação de Jesus; mas Lucas está pensando no Espírito enviado por Jesus aos discípulos através da imagem das línguas de fogo.
Quanto à imagem do batismo: ela refere-se à morte de Jesus (cf. Mc 10,38 [38."Não sabeis o que pedis, retorquiu Jesus. Podeis vós beber o cálice que eu vou beber, ou ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado?"], onde Jesus pergunta a João e Tiago se estão dispostos a beber do cálice que Ele vai beber e a receber o batismo que Ele vai receber). Para que o “fogo” transformador e purificador se manifeste, é necessário que Jesus faça da sua vida um dom de amor, até à cruz. Só então nascerá o mundo novo.

Na segunda parte (vers. 51-53), Jesus confessa que não veio trazer a paz, mas a divisão. Lucas deixou expresso, frequentemente, que “a paz” é um dom messiânico (cf. Lc 2,14.29; [14.Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina). 29.Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra.] 7,50; [50.Mas Jesus, dirigindo-se à mulher, disse-lhe: Tua fé te salvou; vai em paz.] 8,48; [48.Jesus disse-lhe: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz.]10,5-6; [5.Em toda casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz a esta casa! 6.Se ali houver algum homem pacífico, repousará sobre ele a vossa paz; mas, se não houver, ela tornará para vós] 11,21; 19,38.42; [38.E dizia: Bendito o rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus! 42.Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz!... Mas não, isso está oculto aos teus olhos.] 24,36 [36.Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco!]) e que a função do Messias será guiar os passos dos homens “no caminho da paz” (Lc 1,79 [36.Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco!]). Que sentido fará, agora, dizer que Jesus não veio trazer a paz, mas a divisão?
O “dito” faz referência às reações à pessoa de Jesus e à proposta que Ele oferece. A proposta de Jesus é questionante, interpeladora, e não deixa os homens indiferentes. Alguns a acolhem positivamente; outros a rejeitam. Alguns vêem nela uma proposta de libertação; outros não estão interessados nem em Jesus nem nos valores que Ele propõe… Como consequência, haverá divisão e desavença, às vezes mesmo dentro da própria família, a propósito das opções que cada um faz face a Jesus. Este quadro devia refletir uma realidade que a comunidade de Lucas conhecia bem…
Jesus veio trazer a paz, mas a paz que é vida plena vivida com exigência e coerência; essa paz não se faz com meias verdades, com jogos de equilíbrio que não chateiam ninguém, mas também não transformam nada. A proposta de Jesus é exigente e radical; assim, não pode deixar de criar divisão.

ATUALIZAÇÃO -  O Evangelho mostra que o objetivo de Jesus passava por “incendiar o mundo”, pondo em causa tudo aquilo que escraviza o homem e o priva de vida. É fogo que transforma.
** A proposta de Jesus não passa pela manutenção de uma paz podre, que não questiona nem incomoda ninguém, mas por opções radicais, que interpelam e que obrigam a decisões arriscadas. No entanto, a Igreja de Jesus aceita muitas vezes abençoar as ideologias que escravizam e oprimem, para manter uma certa paz social (a paz dos cemitérios?), para “defender a civilização cristã” (como se pudessem ser cristãos aqueles que constroem máquinas de injustiça e de morte) ou para manter determinados privilégios. Quando isto acontece (e tem acontecido demasiadas vezes, ao longo da história), a Igreja estará a ser fiel a esse Jesus, que veio lançar o fogo à terra e que não veio trazer a paz, mas a divisão?

SEGUNDA LEITURA (Hb 12,1-4) Irmãos, rodeados como estamos por tamanha multidão de testemunhas, deixemos de lado o que nos pesa e o pecado que nos envolve. Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensai, pois, naquele que enfrentou uma tal oposição por parte dos pecadores, para que não vos deixeis abater pelo desânimo. Vós ainda não resististes até ao sangue na vossa luta contra o pecado.

AMBIENTE - A Carta aos Hebreus dirige-se a cristãos em situação difícil, que vivem mergulhados num ambiente hostil e que sofrem a forte oposição dos seus concidadãos. Por isso, são também cristãos expostos ao desalento e ao desânimo, na sua fé e na sua vida cristã… O texto que nos é proposto é um apelo à fé e à constância ou perseverança.

MENSAGEM - Nos versículos anteriores (cf. Heb 11,1-40), o autor apresentou figuras – desde Abraão a Moisés – que, pela firmeza e fortaleza da sua fé, tiveram êxito, apesar das dificuldades que tiveram de vencer; agora, o autor da carta convida os cristãos a imitar tais exemplos e a perseverar na fé: os cristãos devem ser como atletas que correm de forma decidida e empenhada e que dão provas de coragem, de força, de vontade de vencer… Para que nada atrapalhe essa “corrida” para a vitória, os cristãos devem despojar-se do fardo do pecado (o egoísmo, o comodismo, a autossuficiência), pois esse peso acrescido será um obstáculo que impedirá o atleta de chegar vitorioso à meta. Nessa “corrida”, o modelo fundamental do crente é Cristo. Ele, renunciando a um caminho de facilidade e de triunfo humano, enfrentou a cruz e venceu a morte; como resultado, foi exaltado e “sentou-Se à direita do trono de Deus”. Dessa forma, Ele abriu para os crentes o caminho e mostrou-lhes como proceder. O seu exemplo deve estimular continuamente os cristãos na sua caminhada em direção à vitória.

ATUALIZAÇÃO - ** O caminho do cristão é um caminho duro e difícil. Exige coragem para vencer os obstáculos, capacidade de luta para enfrentar a oposição, compromissos profundos e radicais. Muitas vezes, os obstáculos são internos: a nossa preguiça, o egoísmo, o comodismo desarmam a nossa vontade de vivermos, com coerência, a nossa fé e as exigências do Evangelho; outras vezes, os obstáculos são externos: são os ataques injustificados e irracionais, os insultos, a incompreensão de um mundo que cultiva o comodismo e a facilidade …
*** O cristão é convidado a não perder de vista o exemplo de Cristo. Apesar da tentação, ele nunca cedeu ao mais fácil, ao mais cômodo, ao mais agradável… Para ele, o critério fundamental era o plano do Pai; e o caminho do Pai passava pelo amor radical, pelo dom da vida, pela cruz. No entanto, ele demonstrou que o caminho da entrega da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena… É este o quadro que o cristão deve ter sempre diante dos olhos.

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Sinal de Contradição

O Evangelho de Lucas, que meditamos nesse ano litúrgico, apresenta caminhada de Jesus para Jerusalém.
É um itinerário espiritual, ao longo do qual Jesus vai educando seus discípulos e alertando sobre as
consequências no seguimento fiel ao Mestre.
O profeta sempre foi e sempre será um sinal de contradição.
As Leituras ilustram essa verdade.

1. A 1ª Leitura propõe o exemplo de JEREMIAS, que foi escolhido por Deus para anunciar uma mensagem dura, contrária à opinião do rei e dos generais do exército. (Jr 38,4-6.8-10)

No ano 587, os Babilônios suspenderam o cerco a Jerusalém para enfrentar a ameaça do Egito. Os judeus consideram eliminado o perigo. Jeremias, em nome de Deus, falou o que as autoridades não queriam ouvir:  
Era melhor fazer um acordo, para não morrer à espada ou de fome.
Jeremias foi então perseguido, colocado numa cisterna, onde deveria morrer de fome.
Mas Deus o libertou das mãos dos seus inimigos.
Os profetas sempre incomodam e são perseguidos.

A 2ª Leitura nos alerta a permanecermos firmes em todas as provações, para superarmos com galhardia todas as dificuldades, como os atletas numa competição. (He 12,1-4)

No Evangelho, Jesus está a caminho de Jerusalém.
É uma viagem teológica e de julgamento, na qual Jesus lança desafios a quem deseja segui-lo. (Lc 12,49-53)
À medida que caminhamos com ele, purificamos nosso olhar e direcionamos nossos passos no caminho  certo. Não devemos ter medo das divisões provocadas pela sua palavra.

+ A Palavra de Cristo é sinal de divisão:
Os profetas tinham anunciado que o Reino de Deus como um tempo de paz, bem-estar, de alegria; um
tempo de fraternidade universal.
Como concordar isso com as palavras de Jesus do evangelho de hoje?
"Pensais que eu vim trazer a paz à terra? Não, digo-vos, mas a divisão".

+ O Anúncio da verdade suscita oposição.
Jesus pede uma opção pessoal consciente, que assume os riscos, inclusive a rejeição dos familiares, para pertencer à nova família, cujo laço de unidade não é o sangue, mas o compromisso com a Palavra.
É nesse sentido que Jesus traz divisão.
Ela não é essência do seu projeto e sim consequência.
Jesus que caminha exige opções maduras e consequentes.
É estranho que a fé em Cristo crie inimigos, ponha obstáculos.
Isso é a realidade, porque o amor e a verdade têm na cruz o seu preço.
Não há amor verdadeiro que não acarrete sofrimento, não há verdade que não fira.

O profeta é aquele que anuncia a verdade profunda dos fatos.
Uma vez que a realidade dos fatos é a ação imprevisível de Deus, que move para a liberdade, suscita ela sempre no homem a dúvida, o medo do risco, a oposição, pelos quais se manifestam o orgulho e o pecado.
Da verdade nasce a incerteza, porque o homem prefere a segurança da prudência humana ao abandono à imprevisibilidade de Deus.

+ Escolher Cristo é angariar inimigos
O cristão, ao se pôr do lado de Cristo, entra, por isso mesmo, na luta.
Não pode considerar-se nem conservar-se um neutro.
Através história da humanidade transparece a vontade de comunhão, de esforço, de colaboração do cristão, mas seu plano de libertação não podem deixar de suscitar dissensões na família, entre os amigos, na sociedade, impor opções que impedem a tranquilidade de muitos.
Isto é inevitável porque é sobre os valores e os significados que estão em jogo a luta e a vida, e é sobre esses significados que se faz a comunhão ou surgem as oposições.
Os homens se dividem em grandes grupos geográfico e sociais, mas o que os distingue realmente e os opõe
é a concepção que têm do devir humano, o modo de enfrentar os graves problemas que se impõem a todos: a injustiça, a liberdade, as prioridades e responsabilidades sociais...

+ O cristão supera a divisão com o amor gratuito
O cidadão do reino está em paz com quem, como ele, aceita a própria morte para que o outro viva, entra
em comunhão com quem vive na esperança.
Mas estará separado de quem não busca a verdade, o amor e a justiça, e experimentará a realidade das palavras de Cristo: "Pensais que vim trazer a paz à terra? Não, digo-vos, mas a divisão".
Ele, porém, supera a divisão com o amor.
Mesmo que sua palavra e a sua ação criem divisões e oposições, ele não paga o mal com o mal, mas sabe vencer o mal com o bem.
Retribui o ódio com o amor.
- Que tipo de Igreja somos hoje? Profética como Jesus e Jeremias?
- Que tipo de cristãos somos nós?   De conveniência, de tradição ou conscientes, consequentes e participantes?

Aos PAIS que testemunham o Bem e a Verdade, a nossa eterna gratidão!...

                                            Pe. Antônio Geraldo

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A metáfora do “fogo” é muito usada em qualquer literatura antiga e moderna, com significados diversos: pode significar purificação, renovação, amor etc..

Em toda a Bíblia, o fogo é símbolo de Deus:
Na sarça ardente encontrada por Moisés (Ex 3,1-15);
No fogo ou raio da tempestade no Sinai (Ex 19,16-25);
Nos sacrifícios do Templo onde as vitimas passadas pelo fogo;
Como símbolo do juízo final que purifica todas as coisas.

Na tradição bíblico-profética, o “fogo” é um elemento purificador que consome as impurezas.  
Na linguagem bíblica e apocalíptica “fogo” significa também juízo que supõe o fim do mundo e o início do outro.
O fogo é o sinal do julgamento que, como o fogo, purifica e consome (cf. Lc 17,29-30).

Eu vim lançar fogo à terra”, disse Jesus. Em algumas partes dos evangelhos encontramos o uso do termo fogo. Jesus se compara com aquele que leva em sua mão a pá para limpar a eira e recolher o trigo e queimar as palhas (Mt 3,12). Jesus fala do joio que jogará no fogo (Mt 13,40). Mas Jesus recusa fazer baixar fogo do céu sobre os samaritanos (Lc 9,54). A Igreja vive do “fogo do Espírito” descido em Pentecostes (At 2,3). Esse fogo ardia no coração dos peregrinos de Emaús quando escutavam o Ressuscitado sem conhecê-Lo (Lc 24,32).

Vir trazer fogo à terra significa que a presença de Jesus tem a força de purificar o mundo da impureza, do egoísmo, da desigualdade, da discriminação, da exclusão, da insensibilidade e assim por diante. Através da purificação dessas impurezas a graça tem seu lugar para brilhar em todo seu esplendor. Por isso, a divisão imposta por Jesus significa a eliminação da ilusória convivência do bem com o mal, pois ninguém pode servir a dois senhores.

O fogo de Jesus é o mesmo Reino de Deus que traz um elemento destruidor de pecado. É o fogo que vai queimando as impurezas dos homens, destruindo a arrogância (altivez) dos soberbos. Não poderá surgir a nova humanidade, se não forem destruídas as estruturas que oprimem o homem por dentro e por fora. Este fogo do Espírito destrói e purifica ao mesmo tempo.
Jesus é o portador do fogo de Deus sobre a terra. Neste sentido sua missão fundamental consiste em purificar o homem velho ao destruir o que se encontra pervertido nele. Jesus proclama uma mensagem que é fogo, que coloca as consciências diante de sua própria verdade profunda. Consequentemente causa divisão: ou opta pela verdade que Jesus que significa salvação ou manter-se na falsidade e mentira que tem como resultado final, a perdição eterna. Jesus acendeu um fogo e nos convida a mantê-lo aceso; um fogo que deve queimar dentro da Igreja tantas coisas inúteis, tanto organismos estéreis e paralisantes, tantas palavras vazias, tantas falhas morais e éticas, e assim por diante. É preciso morrer o que é velho em nós para surgir o novo.

O que acontece quando esse fogo não fica aceso na Igreja e em cada um em particular? Quando é que esse fogo não fica aceso? Ele não fica aceso quando vivemos o cristianismo não como novidade original que nos renova permanentemente, quando vivemos sem nos opor às estruturas que criam na humanidade um estado de injustiça, de fome, da violação dos direitos humanos, de exploração dos pequenos e assim por diante. Não haverá esse fogo de Jesus quando tudo continua igual, quando os sacramentos não significam mais que um ato social que não nos levam para uma vida transformada. Não haverá o fogo de Jesus quando a instituição religiosa se contenta com repetir mecanicamente gestos ou ritos que os homens de hoje não entendem nem lhes interessam.

Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas divisão”, diz o Senhor no evangelho deste dia.

A paz é um dos maiores benefícios que o homem deseja. Os hebreus se saúdam dizendo “Shalom”. Jesus despede os pecadores e as pecadores com esta frase cheia de sentido: Vá em paz (Lc 7,50; 8,48; 10,5-9). E seus discípulos desejavam a “paz” para as casas onde entravam. Trata-se da paz nova que vem transtornar a paz deste mundo. Mas não é uma paz fácil, pois há que construí-la na dificuldade e com muito esforço e maturidade espiritual.

Jesus traz a paz, dá a paz, mas não a qualquer preço. Pôr-se ao lado de Jesus supõe uma opção, uma decisão e com frequência romper com a vida anterior ou com os laços humanos familiares e sociais que não salvam. Somente acontecerá tudo isto, se o fogo de Jesus permanecer aceso na nossa vida e no nosso coração. Por isso, diante de Jesus não se pode ficar neutro.

Mas devo ser batizado num batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra!”, acrescenta Jesus. Jesus vive sua vocação/ missão como uma paixão. Este batismo do qual Jesus fala é sua própria morte assassinada, consequência do seu amor incondicional pelos homens, esquecendo-se de si próprio. Quem quiser seguir a Jesus fielmente, quem quiser viver piedosamente todos os ensinamentos de Jesus deve estar preparado para ser perseguido até ser morto. Mas trata-se de uma morte que termina na glorificação da vida em Deus.

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Para A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (DIÁCONOS E MINISTROS DA PALAVRA):








LOUVOR SÁLMICO – O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS.
DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO DEUS.
POR JESUS, COM JESUS E EM JESUS, NO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Bendito sejais, Senhor nosso Deus!
à Ó Deus, nosso Pai, abençoado seja o vosso Nome, sois eterno e único. Sois poderoso e repleto de amor. Sois nosso Deus e somos vosso povo. Vosso  Reino é glorioso para sempre.
T: Bendito sejais, Senhor nosso Deus!
à Seja louvado e santificado o Vosso nome, pois sois o Senhor no mundo criado segundo Vossa vontade. Pai, fazei que acolhamos nossos compromissos do batismo e vivamos como cidadãos do alto na construção de Vosso Reino.
T: Bendito sejais, Senhor nosso Deus!
à Senhor, Que vosso nome Seja bendito, louvado, honrado, engrandecido e glorificado.
   ó Eterno, ó Deus santo!
T: Bendito sejais, Senhor nosso Deus!
à Pai, sede a nossa força e nossa defesa. Quando nos desviarmos do caminho correto,
   dai-nos o arrependimento para que vejamos
   os valores do vosso Reino. 
T: Bendito sejais, Senhor nosso Deus!
// PAI NOSSO... A Paz...  Eis o Cordeiro...
-- Jesus é amor, é perdão, é misericórdia; é Paz.



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