quinta-feira, 26 de julho de 2018

17º Domingo do Tempo Comum Ano B, homilias, subsídios homiléticos


17º Domingo do Tempo Comum Ano B

Sinopse:
TEMA – A Partilha - Repartir o seu “pão” com todos aqueles que têm “fome” de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de esperança. “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?”

Primeira leitura, Eliseu partilha o pão que lhe foi oferecido e sugere que Deus vem ao encontro dos necessitados através dos gestos de partilha.
Evangelho, Jesus convida a despirem a lógica do egoísmo e a assumirem uma lógica de em benefício dos irmãos. É esta lógica que fará nascer um mundo novo.
Na segunda leitura, Paulo Recomenda a humildade, a mansidão e a paciência: são atitudes que não se coadunam com egoísmo, orgulho, autossuficiência e preconceito.

PRIMEIRA LEITURA (2Rs 4,42-44) Leitura do Segundo Livro dos Reis.
Naqueles dias, veio também um homem de Baal-Salisa, trazendo em seu alforje para Eliseu, o homem de Deus, pães dos primeiros frutos da terra: eram vinte pães de cevada e trigo novo. E Eliseu disse: “Dá ao povo para que coma”. Mas o seu servo respondeu-lhe: “Como vou distribuir tão pouco para cem pessoas?” Eliseu disse outra vez: “Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará’”. O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor.

AMBIENTE - Os “ciclos” de Elias e Eliseu Referem se a um período bastante conturbado da vida do Reino do Norte (Israel). Elias exerce a sua missão profética durante os reinados de Acab (874-853 a.C.) e de Acazias (853-852 a.C.); Eliseu dá o seu testemunho profético durante os reinados de Jorão (853-842 a.C.), de Jeú (842- 813 a.C.) e de Joacaz (813-797 a.C.).
Os reis de Israel procuraram sempre estabelecer relações comerciais, económicas, políticas e militares com os povos circunvizinhos. Os deuses estrangeiros ocupavam um lugar significativo na vida dos israelitas. É uma época de sincretismo religioso, com o apoio declarado dos reis de Israel, preterida em favor dos cultos de Baal e de Astarte. Multiplicam as injustiças contra os pobres.
É contra este quadro que se levantam Elias e Eliseu. O Povo consultava-os regularmente e buscava neles apoio face aos abusos dos poderosos.

MENSAGEM - Um homem de Baal trouxe a Eliseu o “pão das primícias”: vinte pães de cevada e trigo novo num saco. De acordo com Lv 23,20, o pão das primícias devia ser apresentado diante do Senhor e consagrado ao Jahwéh, embora depois revertesse em benefício do sacerdote… Deve ser este costume que está subjacente ao episódio da entrega dos pães a Eliseu.
Eliseu mandou reparti-los pelas pessoas que rodeavam o profeta. O “servo” do profeta não acreditava que os alimentos oferecidos chegassem para cem pessoas; no entanto, chegaram e ainda sobraram.
A descrição de uma milagrosa multiplicação de pães de cevada e de grãos de trigo sugere que, quando o homem é capaz de sair do seu egoísmo e tem disponibilidade para partilhar os dons recebidos de Deus, esses dons chegam para todos e ainda sobram. A generosidade, a partilha, a solidariedade, não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida em abundância.

ATUALIZAÇÃO ♦ Nas palavras e nos gestos do “profeta”, é Deus que se manifesta aos homens e que lhes indica a sua vontade e as suas propostas. No gesto de repartir o pão para saciar a fome das pessoas, o “profeta” manifesta a eterna preocupação de Deus com a “fome” do mundo (fome de pão, fome de liberdade, fome de dignidade, fome de realização plena, fome de amor, fome de paz…) e a sua vontade de dar aos homens vida em abundância… É Deus que nos dá, dia a dia, o pão que mata a nossa fome de vida.
♦ Como é que Deus atua para saciar a fome de vida dos homens? É através da generosidade e da partilha dos homens (primeiro do homem que decide oferecer o fruto do seu trabalho; depois, do profeta que manda distribuir o alimento) que o “pão” chega aos necessitados. Normalmente, Deus serve-Se dos homens para intervir no mundo e para fazer chegar ao mundo os seus dons.
Ele Se manifesta na ação generosa de tantos homens e mulheres que praticam gestos de partilha.
♦ Deus precisa de nós, da nossa generosidade e bondade, para ir ao encontro dos nossos irmãos necessitados e para lhes oferecer vida em abundância.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 144 (145) 
Saciai os vossos filhos, ó Senhor!
• Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, / e os vossos santos com louvores vos bendigam! / Narrem a glória e o esplendor do vosso reino / e saibam proclamar vosso poder!
• Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam / e vós lhes dais no tempo certo o alimento; / vós abris a vossa mão prodigamente / e saciais todo ser vivo com fartura.
• É justo o Senhor em seus caminhos, / é santo em toda obra que ele faz. / Ele está perto da pessoa que o invoca, / de todo aquele que o invoca lealmente.

EVANGELHO – Jo 6,1-15 - Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”. Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?” Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. Jesus tomou os pães, deus graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!” Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.

AMBIENTE - Capítulo 6 do Evangelho segundo João – a catequese sobre Jesus, o Pão da vida.
João apresenta a atividade de Jesus no sentido de criar e dar vida ao homem, de forma a que surja um Homem Novo, liberto do egoísmo e capaz de viver na mesma dinâmica de Jesus – isto é, no amor ao Pai e aos irmãos.
No “Livro dos Sinais”, recorrendo a símbolos (a “água”; o “pão”; a “luz”; o “pastor”; a “ressurreição”.
Hoje, João apresenta Jesus como o Pão que sacia a sede de vida que o homem sente. João nota que estava perto a Páscoa, que celebrava a libertação do Egito.

MENSAGEM - João apresenta Jesus como o libertador da escravidão para a terra da liberdade…
1. referência à “passagem do mar”; lembra à passagem do Mar Vermelho por Moisés com o Povo libertado do Egito; passar da terra da escravidão para a terra da liberdade.
2. Como Moisés, com Jesus vai uma grande multidão. A multidão que pretende “ver os sinais que ele realizava. Já perceberam que só Jesus conseguirá ajudá-los a superar a escravidão.
3. Jesus subiu a “um monte”. A referência ao “monte” Sinai; os mandamentos. Jesus vai realizar a nova Aliança entre Deus e o Povo em direção à terra da liberdade.
4. A Páscoa que estava próxima; festa da libertação do Povo da escravidão.
5. A multidão que segue Jesus tem fome e leva-nos, outra vez, ao Êxodo, ao deserto, quando o Povo que caminhava para a terra da liberdade sentiu fome. Então, foi Deus que respondeu à necessidade do Povo e lhe deu comida em abundância; aqui, é Jesus que se apercebe das necessidades da multidão. Ele mostra o Deus do amor sempre atento às necessidades do seu Povo.
6. Qual a solução à “fome” da multidão? Jesus envolve a comunidade (“onde comprar pão para lhes dar?”) A comunidade tem de sentir-se responsável pela “fome” dos homens. É no poder do dinheiro? Será este o sistema? ou já perceberam que Jesus tem uma proposta nova a fazer, geradora de libertação e de vida em abundância para todos?
7. Filipe constata a impossibilidade de resolver o problema, dentro do quadro econômico vigente… “Duzentos denários não bastariam”. Quase meio ano de trabalho não daria para resolver o problema. Por outras palavras: confiando no sistema instituído (regido pelo lucro egoísta), é impossível resolver o problema da necessidade dos esfomeados.
8. André vislumbra uma solução diferente, outro sistema que reparta vida e que elimine a lógica da exploração.
9. A figura do “menino” possuidor dos pães e dos peixes. João fala de um menino, é um “débil”, física e socialmente. Humilde, sem pretensão alguma de poder e de domínio, É este que é chamado a resolver a questão da necessidade dos pobres e a instaurar um novo sistema libertador. Qual é esse sistema?
10. Os números “cinco” (“pães”) e dois (“peixes”,: a sua soma dá “sete” –significa totalidade… Ou seja: é na partilha da diversidade que alcançamos a saciedade dos  irmãos.
11. Sobre os alimentos, Jesus pronuncia uma “ação de graças”, são dons que vêm de Deus. “Dar graças” é reconhecer que os bens recebidos pertencem a todos e que quem os possui é apenas um administrador. Os bens são exclusivos de alguns, mas dons de Deus.
12. Há sobras que não se podem perder. doze cestos, doze tribos: se os discípulos souberem partilhar aquilo que recebeu de Deus, pode satisfazer a fome de todo o Povo.
13. Alguns dos que testemunharam a multiplicação dos pães e dos peixes têm consciência de que Jesus é o Messias que devia vir para dar ao seu Povo vida em abundância e querem fazê-lo rei. Jesus não aceita… Ele não veio resolver os problemas do mundo instaurando poder; mas veio convidar a viverem numa lógica de partilha.

ATUALIZAÇÃO ♦ Jesus é o Deus que se revestiu da nossa humanidade e veio ao nosso encontro para nos revelar o seu amor. O texto mostra Jesus atento às necessidades da multidão, empenhado em saciar a fome de vida dos homens, preocupado em apontar-lhes o caminho da liberdade. Deus vai ao nosso lado, atento as nossas necessidades.
♦ A “fome” de pão que Jesus quer saciar é um símbolo da fome de vida que faz sofrer tantos dos nossos irmãos… Os que têm “fome” são aqueles que são explorados e injustiçados e que não conseguem libertar-se; são os que vivem na solidão, sem família, sem amigos e sem amor; são os marginalizados, por não terem acesso à educação
e aos bens culturais; são as crianças vítimas da violência e da exploração… É a esses e a todos os outros que têm “fome” de vida e de felicidade, que a proposta de Jesus se dirige.
♦ No nosso Evangelho, Jesus dirige-se aos seus discípulos e diz-lhes: “dai-lhes vós mesmos de comer”. Os discípulos de Jesus são convidados a continuar a missão de Jesus e a distribuírem o “pão” que mata a fome de vida, de justiça, de liberdade, de esperança, de felicidade de que os homens sofrem.
♦ Jesus propõe uma lógica de partilha. Os discípulos de Jesus são convidados a reconhecer que os bens são um dom de Deus para todos os homens e que pertencem a todos; são convidados a quebrar a lógica egoísta dos bens e a pôr os dons de Deus ao serviço de todos.
♦ Os discípulos de Jesus devem ser um grupo humilde (a  “criança” do Evangelho), sem pretensão alguma de poder e de domínio, e que apenas está preocupado em servir os irmãos com “fome”.
♦ No final, os discípulos são convidados a recolher os restos, que devem servir para outras “multiplicações”. A tarefa dos discípulos de Jesus é uma tarefa nunca acabada, que deverá recomeçar em qualquer tempo e em qualquer lugar onde haja um irmão “com fome”.

SEGUNDA LEITURA (Ef 4,1-6) Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios.
Irmãos: eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes: com toda a humildade e mansidão, suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos.

AMBIENTE - O texto que hoje nos é proposto é uma espécie de “exortação aos batizados”, na qual Paulo reflete longamente sobre a edificação e o crescimento do “Corpo de Cristo”. Paulo dá pistas aos cristãos acerca da forma como eles devem viver os seus compromissos com Cristo.

MENSAGEM - O nosso texto começa com uma referência ao facto de Paulo estar preso… A condição
de prisioneiro por causa de Jesus e do Evangelho dá um peso especial às recomendações do apóstolo: são as palavras de alguém que leva tão a sério a proposta de Jesus, que é capaz de sofrer e de arriscar a vida por ela. Na perspectiva de Paulo, a vida nova exige, em primeiro lugar, que os crentes vivam
unidos em Cristo. Ora, há comportamentos e atitudes que são condição necessária para que essa unidade se torne efetiva. Antes de mais, Paulo refere a humildade, pois só ela permite superar o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência que afastam os irmãos e que erguem entre eles barreiras de separação; depois, Paulo refere a mansidão, irmã da humildade, e qualidade que derruba barreiras na comunhão; Paulo refere também a paciência, que permite ser tolerante e compreensivo para com as falhas dos irmãos e que permite entender e aceitar as diferentes maneiras de ser e de agir… Em resumo, trata-se de fazer com que a caridade presida às relações uns com os outros; o amor deve ser sempre o suporte das nossas relações humanas. A unidade é um dom de Deus; mas, a sua efetivação depende do contributo e do esforço de cada irmão.
Na segunda parte do nosso texto, Paulo apresenta um conjunto de elementos que fundamentam a obrigatoriedade da unidade dos crentes: “há um só Corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança” na vida a que todos os crentes foram chamados; “há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo; há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos se encontra”. A menção do Pai, do Filho e do Espírito, neste contexto, sugere que a Trindade é a fonte última e o modelo da unidade que os cristãos devem viver.

ATUALIZAÇÃO ♦ A Igreja é um “corpo” – o “Corpo de Cristo”. Naturalmente, esse “corpo” é formado
por muitos membros, todos eles diversos; mas todos eles dependem de Cristo (a “cabeça” desse “corpo”) e recebem d’Ele a mesma vida. Formam, portanto, uma unidade… Têm o mesmo Pai (Deus), têm um projeto comum (o projeto de Jesus), têm o mesmo objetivo (fazer parte da família de Deus e encontrar a vida em plenitude), caminham na mesma direção animados pelo mesmo Espírito, têm a mesma missão (dar testemunho no mundo do projeto de amor que Deus tem para os homens). Neste esquema, não fazem qualquer sentido as divisões, as divergências que tantas vezes dividem os irmãos da mesma comunidade.
♦ Para que a unidade seja possível, Paulo recomenda a humildade, a mansidão e a paciência. São atitudes que não se coadunam com esquemas de egoísmo, de orgulho, de autossuficiência, de preconceito em relação aos irmãos.
♦ A Igreja é uma unidade; mas é também uma comunidade de pessoas muito diferentes, em termos de raça, de cultura, de língua, de condição social ou económica, de maneiras de ser... As diferenças legítimas nunca devem ser vistas como algo negativo, mas como uma riqueza para a vida da comunidade; não devem levar ao conflito e à divisão, mas a uma unidade cada vez mais estreita, construída no respeito e na tolerância. A diversidade é um valor, que não pode nem deve anular a unidade e o amor dos irmãos.

Pe. Joaquim - Pe. Barbosa - Pe. Carvalho

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O Pão partilhado...

Hoje se fala muito da FOME no mundo.
Quem não viu imagens de pessoas famintas, que mais parecem cadáveres ambulantes.
Deus nos convida a PARTILHAR o "Pão" da vida com todos aqueles que têm "fome" de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de esperança.

A 1a Leitura fala do PÃO PARTILHADO de Eliseu: (2 Rs 4,42-44)

Um homem, durante uma longa carestia, oferece generosamente a Eliseu "o pão das primícias": 20 pães de cevada.
- O Profeta não guarda para si o precioso alimento e manda repartir com o povo: "Dá ao povo para que coma".
- O Homem se surpreende: "Mas como? É tão pouco para 100 pessoas."
- E o Profeta lhe garante: "Dá... todos comerão e ainda sobrará…"

* Vemos a atitude de DEUS, que não multiplica os pães do NADA e o gesto generoso de duas PESSOAS:
      - Um homem desconhecido que oferece o fruto do seu trabalho e - Eliseu que partilha o dom recebido.

   = O Pão partilhado sacia a fome de todos... e ainda sobra...
       Jesus também alimentará outra multidão de um modo semelhante...
       Não será esse o caminho para o problema da fome no mudo?

Na 2ª Leitura, Paulo exorta a viver a vocação recebida e manter a UNIDADE com o vínculo da Paz.
É o caminho para poder sentar à mesa do Banquete do Senhor.(Ef 4,1-6)

No Evangelho, JESUS multiplica e reparte o pão. (Jo 6,1-15)

Interrompe-se a leitura de Marcos, própria do Ano B, para incluir o capítulo 6o de João, dando continuidade à narrativa.
É um conjunto de 5 domingos, em que somos convidados a refletir sobre a Multiplicação dos PÃES e o Sermão do PÃO DA VIDA.
É o único milagre descrito pelos 4 evangelistas…

- O Povo, faminto da sua palavra cheia de vida, segue o Cristo, que se retirara com os discípulos para um lugar deserto.
- Cristo teve compaixão… E continuou a falar…
  E atento às necessidades do povo, provoca os apóstolos:
  "Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?"
   . Felipe: "Nem duzentas moedas são suficientes…"
   . André: "Um menino tem 5 pães e 2 peixe… mas o que é isso?"
- Jesus: "Fazei-os sentar… tomou os pães, abençoou e distribuiu..."
   Na partilha, todos ficam saciados e ainda sobra alimentos...
- Reação do povo: "Quer fazê-lo rei".
   Não entendeu o "sinal", que acompanha sua missão.
   Jesus não veio para distribuir cestas básicas e ser eleito prefeito.
  O verdadeiro pão que alimenta o mundo é Jesus, Palavra do Pai.
- E Jesus retirou-se para a montanha…

+ O Povo continua a ter fome...
    Além da fome material, que é uma questão angustiante do nosso tempo, existe a fome de outros valores humanos e cristãos.
   A solução não está no muito que poucos possuem e retêm para si, mas no pouco de cada um, que é repartido entre todos.
* Olhando o Brasil, um país tão rico, com uma população tão pobre, o que significa, hoje, para nós a ordem de Jesus:
    "Dai-lhe vós mesmos de comer!"(Mc 6,37)

+ Qual é o Caminho?
    No Evangelho, Jesus propõe TRÊS PISTAS:

a) A PARTILHA é o primeiro passo para erradicar a fome do mundo:
    Jesus não dá uma esmola: ajuda as pessoas a repartirem o que elas têm…
    Quando se reparte, todos têm o necessário e ainda sobra…
    Os milagres de Deus iniciam onde a generosidade humana chega ao limite.

b) A ORGANIZAÇÃO do povo é um elemento importantíssimo para que ele possa reivindicar e conquistar os seus direitos:
    Jesus pede para que os discípulos organizem a multidão para que se sente.

c) Evitar o DISPERDÍCIO: Jesus pede para recolher o que sobrou, serviria também para os ausentes e afastados...

+ PARTILHAR continua sendo obra do seguidores de Cristo...
      Partilhar o que? Partilhar com quem?
- Jesus partilhou a Palavra e o Pão... com os apóstolos... com o povo...
- E nós o que podemos partilhar? E com quem?

- Com a família: trabalhos... o dinheiro...(roubar o marido), as coisas...
- Com os amigos: Conhecimentos... objetos...
- Comunidade: a fé (Grupos), dons... tempo...

+ Cristo ainda hoje continua a nos alimentar
A multiplicação dos pães é sinal profético do pão da vida eterna.
 Jesus usa gestos idênticos aos da última ceia: "Tomou os Pães, deu graças e os repartiu", querendo manifestar a relação íntima entre o pão da Multiplicação e o pão da Eucaristia.
Quem partilha a compaixão de Jesus com os famintos, vive e cumpre o Evangelho, quando diz: "Tive fome e me destes de comer".

- Neste contexto, qual é o sentido da Eucaristia?
  . Ficar de braços cruzados, aguardando o milagre de Deus?
 . ou colaborar com os nossos 5 pães e 2 peixes?

Que nossos encontros dominicais não se reduzam a um encontro social, pelo contrário, possam ser momentos fortes de fé para saciar a nossa fome de Deus e para nos responsabilizar pela vida dos que caminham com fome ao nosso lado...
                                     Pe. Antônio Geraldo

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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Hoje S. Paulo diz que há um só batismo. É evidente que há um só batismo, porque é um único Pão que nos une. Este é o Pão da unidade, o Pão da Eucaristia. É o Pão que nos alimenta, mas que nos leva a um único Corpo. Por isso, um só corpo. O único corpo que é chamado Corpo Místico de Cristo. Aonde Jesus é a cabeça e nós formamos o corpo. É assim que nós percebemos, tocamos, vemos, ouvimos, sentimos o Cristo Ressuscitado. É evidente, que a Celebração de hoje nos leva a aprofundar um pouco mais sobre a questão do Pão. Já, o profeta Eliseu ajudou aquele fulano Baal-Salisa a entender qual era o bom Deus e qual é a vontade de Deus. Aquele senhor quis homenagear Eliseu. Tinha uma boa intensão; tinha vontade de agradá-lo, de retribuir por ele ser um homem de Deus. Portanto, Baal-Salisa se dá conta de que Eliseu é o representante de Deus. O que ele quer fazer? Quer homenageá-lo. Aí, ele oferece para Eliseu vinte pães. Eliseu diz: muito obrigado, mas distribuí ao povo. Isto para ele era um pouco incompreensível, porque se eu estou lhe dando um presente, porque é um homem de Deus, como é que você manda dar para o povo que não é de ninguém? E Eliseu ajuda a compreender, que há dois modos de você tratar Deus. Um, tentando ganha-lo com presentes. Outro, tentando ganha-lo com caridade. Olha a diferença. No primeiro caso, ganha-lo com presentes significa; eu ofereço para Deus, mas Deus precisa do que de nós? Quem quer oferecer alguma coisa para Deus, está equivocado, está enganado, pois se ele precisar de alguma coisa de nós, ele não é Deus. Ele não precisa, sequer que tenhamos fé. Se você crê ou não em Deus, isto não vai mudar Deus em nada, mas para você muda tudo. Porque se você não crê em Deus, você não sabe em quem acreditar. Agora, se você quer presentear Deus, sirva ao povo. Isto é muito interessante, porque o povo precisa de todo o nosso cuidado, de toda a nossa atenção. Então, aquele senhor crendo que Eliseu é um homem de Deus, acolheu a sua palavra e distribuiu o pão. E, para surpresa dele, os cem presentes comeram dos vinte pães. É muito interessante, porque o Evangelho volta a falar o seguinte: há uma grande multidão atrás de Jesus, porque Ele realizou sinais, curou enfermos... então, Jesus, que sempre aproveita qualquer ocasião para nos orientar, para orientar os discípulos, aí então, Jesus chama Felipe e diz: escuta, onde vamos comprar pão para toda esta  multidão? Felipe se assusta, porque tem cerca de cinco mil homens, nem duzentas moedas de prata seriam suficientes para cada um comer um pedacinho. Aí, Jesus diz: o que temos aí? André diz: tem um menino aí que tem cinco pães e dois peixes. Jesus pega esse pão, olha para o céu, dá graças; portanto, vai nos lembrar a última ceia, vai lembrar a Eucaristia e manda distribuir.
Deus não pede o que nós não temos. Ele pediu os cinco pães e os dois peixes, que é o que o menino tinha. Para surpresa de todos, todos comeram até se saciar e ainda sobraram doze cestos. É muito difícil as pessoas fugirem da idéia da mágica. Dá a impressão de que Jesus fez assim...( ) e o  pão foi se multiplicando. Não. Somos chamados a lembrar do Eliseu, porque foi isso que ele quis ensinar a seus discípulos e a lembrar o pedido de Jesus; para distribuir o que eles tinham. Meus irmãos e irmãs, este é o grande sinal dado por Jesus. Ele mostrou que não existe fome. Mostrou que quando cada um concorre, colabora para servir, tudo acaba bem.
Dia 24 de junho nós fizemos uma experiência muito interessante. Foi pedido que cada um trouxesse arroz, salada, refrigerante; quinhentas pessoas comeram à vontade e ainda sobrou para levar para a casa que abriga os moradores de rua. Levamos de carro, porque era muita comida. Então, o mesmo sinal permanece. O mesmo milagre de Jesus acontece. O que é que Deus espera de nós? Que nós façamos a nossa parte. Qual é a nossa parte? Ele nos ofereceu e oferece a semente de trigo, a terra, a água e o sol. Ele espera de nós o que? Que agente junte tudo isso. Porque se você puser a semente na terra, jogar água, esperar que o ar e o sol façam a sua parte, sempre haverá trigo em abundância. Agora, se ninguém plantar, não vai nascer, porque Deus quer a nossa colaboração como sua imagem e semelhança. Ele quer que sejamos criadores. É evidente que falar de roça, em ambiente urbano, da cidade, fica muito distante da nossa realidade. Ainda que eu quisesse plantar trigo aqui, eu não tenho espaço e não tenho clima adequado. Acontece que o nosso trabalho se traduz em dinheiro e se torna para nós o pão de cada dia. Por que? Por que através do nosso dinheiro que conseguimos comprar, obter aquilo que não temos condições de plantar. De qualquer maneira é fruto do trabalho. Ou plantar o trigo ou comprar o trigo em forma de pão e assim por diante. Muito bem, mas tem uma questão importante; Jesus é contra o desperdício. Olha que Ele não falou: a sobra joga fora. Reúne tudo; doze cestos. Claro que o número doze é simbólico. É exatamente para que cada um dos doze apóstolos levasse um cesto consigo. Tanto é simbólico que não tinha pão, não tinha nada e tinha cestos. Só para nos ajudar a refletir, que a proposta de Jesus é fazer acontecer o que Eliseu pediu. A proposta de Jesus é que aprendamos com essa lição. Só que, infelizmente, o povo, lá, não conseguiu pensar além do benefício material. O povo já estava interessado porque Jesus curava os enfermos. Então, eu fico por perto, porque se precisar, eu seu a quem recorrer. E, agora estão interessados em fazê-lo rei. Afinal de contas, todo mundo comeu de graça. É isso que muitas vezes agente espera do governante. Então, Jesus se manda para o monte. Ele não quer ser Rei para esse mundo. Ele quer ser um sinal para todos nós.
Então, a pergunta que a liturgia nos faz é esta: eu vou atrás de Jesus por quê? Qual é o meu interesse? É obter benefícios, sobretudo material? Não vou encontra-lo. Ele vai fugir de mim toda hora. Agora, se eu ouvir o restante do ensinamento de Jesus, eu vou ter uma visão completa. Ele diz o que? Não busquem, não só de pão vive o homem, mas de toda palavra de Deus. Vocês vieram atrás de mim por causa do pão que eu lhes dei? Procurai o Pão vindo do Céu.
Bom, agora entramos em outro nível. Porque o Pão vindo do Céu é o Pão Eucarístico. O Pão Eucarístico é o resultado da nossa disposição e esforço de viver a unidade entre nós. Então, o grande convite é esse: não busque só o pão material. Olhe o que estou dizendo; só o pão material. Não está errado pedir o pão material, mas vamos buscar o pão da solidariedade, da justiça, do amor, da harmonia, assim por diante...
É isto que é esperado de cada um de nós. Agora, é evidente que a Eucaristia é o que nos une no corpo único, na única comunidade que nos dá bastante força para realizarmos esta missão. Que nós possamos procurar em Cristo, aquele que nos ajuda neste mundo e para a vida eterna.

PE. PEDRINHO

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Homilia do D. Henrique Soares 

Salta à vista o tema do pão na liturgia de hoje: ele aparece claramente na primeira leitura e no evangelho e, de modo implícito, está presente também no salmo. Na tradição bíblia, o pão recorda duas coisas importantíssimas. Lembra-nos, primeiramente, que não somos autossuficientes, não possuímos a vida de modo absoluto: devemos sempre renová-la, lutar por ela. O homem não se basta a si próprio; precisa do pão de cada dia. E aqui, um segundo importante aspecto: o homem não pode, sozinho, prover-se de pão: é Deus quem faz a chuva cair, quem torna o solo fecundo, quem dá vigor à semente. Assim, a vida humana está continuamente na dependência do Senhor. Portanto, meus caros, todos necessitamos do pão nosso de cada dia – e este é dom de Deus. “O que tens tu, ó homem, que não tenhas recebido? E, se recebeste, do que, então, te glorias?”
Desse modo, caríssimos irmãos em Cristo, Jesus, ao multiplicar os pães, apresenta-se como aquele que dá vida, que nos sacia com o sentido da existência – sim, porque não há vida de verdade para quem vive sem saber o sentido do viver! – Dá-nos, Jesus a vida física, a vida saudável, mas dá-nos, mais que tudo, a razão verdadeira de viver uma vida que valha a pena!
Mas, acompanhemos com mais detalhes a narrativa do Quarto Evangelho. Jesus, num lugar deserto, estando próxima a Páscoa, Festa dos judeus, manda o povo sentar-se sobre a relva verde, toma uns pães e uns peixes, dá graças, parte, e os distribui… multiplicando os pães e os peixes. Todos comeram e ficaram saciados. Não aparece no evangelho deste Domingo, mas sabemos, pela continuação do texto de São João, que o povo, após o milagre, foi à procura do Senhor e ele recriminou duramente a multidão: “Vós me procurais não porque vistes os sinais, mas porque comestes pão e ficastes saciados!” Que sinal o povo deveria ter visto? Recordemos que no final do trecho que escutamos no evangelho o povo exclama: “Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo”. Eis: o povo até que começou a discernir o sentido do milagre de Jesus; mas, logo depois, fascinado simplesmente pelo pão material, pelas necessidades de cada dia, esquece o sinal. Insistimos: que sinal? Primeiro, que Jesus é o Novo Moisés, aquele profeta que o próprio Moisés havia anunciado em Dt 11,18: “O Senhor Deus suscitará no vosso meio um profeta como eu”. Pois bem: como Moisés, Jesus reúne o povo num lugar deserto, como Moisés, sacia o povo com o pão… Mas, Jesus é mais que Moisés: ele é o Deus-Pastor que faz o rebanho repousar em verdes pastagens (“Havia muita relva naquele lugar… Jesus mandou que o povo se sentasse…”) e lhe prepara uma mesa. Era isso que o povo deveria ter compreendido; foi isso que não compreendeu…
E nós, compreendemos os sinais de Cristo em nossa vida? Somos capazes de descortinar o sentido dos seus gestos, seja na alegria seja na tristeza, seja na luz seja na treva? Os gestos de Jesus na multiplicação dos pães é também prenúncio da Eucaristia. Os quatro gestos por ele realizados – tomou o pão, deu graças, partiu e deu – são os gestos da Última Ceia e de todas as ceias que celebram o sacrifício eucarístico do Senhor: na apresentação das ofertas tomamos o pão, na grande oração eucarística (do prefácio à doxologia – “Por Cristo, com Cristo…”) damos graças, no “Cordeiro de Deus” partimos e na comunhão distribuímos. Eis a Missa: o tornar-se presente dos gestos salvíficos do Senhor, dado em sacrifício e recebido em comunhão.
Vivendo intensamente esse Mistério, nos tornamos realmente membros do corpo de Cristo, que é a Igreja. Cumprem-se em nós, de modo real, as palavras do Apóstolo: “Há um só Corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos”. Eis, caríssimos! Que o bendito Pão do céu, neste sinal tão pobre e humilde do pão e do vinho eucarísticos, nos faça compreender e acolher a constante presença do Senhor entre nós e nos dê a graça de vivermos de verdade a vida de Igreja, sendo um sinal seu no meio do mundo. Amém.

 D. Henrique Soares


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PARA A CELEBRAÇAO DA PALAVRA (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):









Jo 6, 1-15 LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O N.D.
- COM JESUS, por Jesus, e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, Obrigado pelos dons que nos destes.
- Senhor, nosso Deus, bendito sejais pelo grande amor que tendes por cada um de nós. Vos agradecemos por nos dar a vida e nos ensinar os caminhos de vosso Reino.
T: Pai, Obrigado pelos dons que nos destes.
- Senhor, nosso Deus, vos agradecemos por nos enviar vosso Filho e nos dar o vosso Espírito Santo pelo batismo. Pai, dai-nos o entendimento para que sigamos os ensinamentos de Jesus e alcancemos a salvação.
T: Pai, Obrigado pelos dons que nos destes.
- Senhor, nosso Deus, ajudai-nos para que tenhamos o coração aberto às necessidades de nossos irmãos e irmãs e saibamos ajudar a necessidade do outro.
T: Pai, Obrigado pelos dons que nos destes.
- Senhor, nosso Deus, Que saibamos reconhecer os bens que nos destes como dons vossos e que somos apenas administradores dessas riquezas; que saibamos ser acolhedores, amantes da justiça, solidários nas dificuldades; que saibamos espelhar vosso amor.
T: Pai, Obrigado pelos dons que nos destes.

- PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO DE DEUS...


quinta-feira, 19 de julho de 2018

16º Domingo Tempo Comum Ano B, homilias, subsídios homiléticos


16º Domingo Tempo Comum 2018 – Ano B (Adaptado pelo Diác. Ismael)

SINÓPSE:
TEMA: Jesus é o Bom Pastor. “O Senhor é o pastor que nos conduz.”
Primeira leitura, o profeta Jeremias condena os pastores que usam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios projetos pessoais e Deus anuncia que vai, Ele próprio, tomar conta do seu “rebanho”.
Evangelho a proposta salvadora de Deus para os homens, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos.
Segunda leitura, Paulo fala aos cristãos da cidade de Éfeso, que os discípulos de Jesus são agora irmãos, unidos pelo amor. Tudo o que é barreira, divisão, inimizade, ficou definitivamente superado.

PRIMEIRA LEITURA (Jr 23,1-6) Leitura do Livro do Profeta Jeremias. “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem, diz o Senhor! Deste modo, isto diz o Senhor, Deus de Israel, aos pastores que apascentam o meu povo: vós dispersastes o meu rebanho e o afugentastes e não cuidastes dele; eis que irei verificar isso entre vós e castigar a malícia de vossas ações, diz o Senhor. E eu reunirei o resto de minhas ovelhas de todos os países para onde forem expulsas, e as farei voltar a seus campos, e elas se reproduzirão e multiplicarão. Suscitarei para elas novos pastores que as apascentem; não sofrerão mais o medo e a angústia, nenhuma delas se perderá, diz o Senhor. Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei nascer um descendente de Davi; reinará como rei e será sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra. Naqueles dias, Judá será salvo e Israel viverá tranquilo; este é o nome com que o chamarão: ‘Senhor, nossa Justiça’”.

AMBIENTE - Jeremias, exerceu a sua missão profética desde 627 a.C., até depois da destruição de Jerusalém pelos Babilónios (586 a.C.).
A primeira fase da pregação de Jeremias abrange parte do reinado de Josias. Este rei leva a cabo uma impressionante reforma religiosa, destinada a banir do país os cultos aos deuses estrangeiros. A mensagem de Jeremias, neste período, traduz-se num constante apelo à conversão, à fidelidade a Jahwéh e à aliança. No entanto, em 609 a.C., Josias é morto, em combate contra os egípcios. Joaquim sucede-lhe no trono. A segunda fase da atividade profética de Jeremias abrange o tempo de reinado de Joaquim (609-597 a.C.).
O reinado de Joaquim é um tempo de desgraça e de pecado para o Povo. Nesta fase, o profeta critica as injustiças sociais (às vezes fomentadas pelo próprio rei) e a infidelidade religiosa (traduzida, sobretudo, na busca das alianças políticas: procurar a ajuda dos egípcios significava não confiar em Deus e, em contrapartida, colocar a esperança do Povo em exércitos estrangeiros). Jeremias está convencido de que Judá já ultrapassou todas as medidas e que está iminente uma invasão babilônica que castigará os pecados do Povo de Deus. É, sobretudo, isso que ele diz aos habitantes de Jerusalém… As previsões de Jeremias concretizam-se: em 597 a.C., Nabucodonosor invade Judá e deporta para a Babilónia uma parte da população de Jerusalém.
No trono de Judá fica, então, Sedecias (597-586 A.C.). A terceira fase da missão profética de Jeremias desenrola-se, precisamente, durante este reinado.
Após alguns anos de calma submissão à Babilônia, Sedecias volta a experimentar a velha política das alianças com o Egito. Jeremias não está de acordo que se confie em exércitos estrangeiros mais do que em Jahwéh… Mas, nem o rei, nem os notáveis lhe prestam qualquer atenção à opinião do profeta. Considerado um amargo “profeta da desgraça”, Jeremias apenas consegue criar o vazio à sua volta.
Em 587 a.C., Nabucodonosor põe cerco a Jerusalém; no entanto, um exército egípcio vem em socorro de Judá e os babilónios retiram-se. Nesse momento de euforia nacional, Jeremias aparece a anunciar o recomeço do cerco e a destruição de Jerusalém. Acusado de traição, o profeta é encarcerado e corre, inclusive, perigo de vida (Jer 38,11-13). Enquanto Jeremias continua a pregar a rendição, Nabucodonosor apossa-se de Jerusalém, destrói a cidade e deporta a sua população para a Babilônia (586 a.C.). O texto de hoje faz referência a esses tempos, em que Judá, sem líderes capazes, já perdeu as referências e a esperança no futuro. No texto, Deus condena os “pastores” de Israel porque dispersaram as ovelhas do rebanho, o que parece aludir ao exílio na Babilónia.
Provavelmente, este texto deve situar-se entre 597 e 586 a. C., no tempo que vai desde o primeiro exílio (após a primeira queda de Jerusalém – 597 a. C.) ao segundo exílio (após a segunda tomada de Jerusalém pelos Babilónios – 586 a. C.).

MENSAGEM - Os interesses pessoais, as jogadas políticas, a inconsciência dos líderes trouxeram consequências funestas ao Povo, ao “rebanho” de Deus. Os líderes de Judá não procuraram servir o Povo, mas serviram-se do Povo para concretizar os seus objetivos pessoais. Ora, o “rebanho” não é propriedade dos “pastores”, mas do Senhor… Deus chamou-os a uma missão de cuidar do seu “rebanho” e eles falharam totalmente.22,
Depois da culpa, vem a sentença: Deus vai “ocupar-se” desses maus pastores: vai castigá-los, pedir-lhes contas das suas más ações. O próprio Jahwéh vai intervir, no sentido de salvar o seu “rebanho”. A intervenção de Deus justifica-se pelo fato de se tratar do “rebanho” do Senhor e de Ele ter responsabilidades para com as suas ovelhas.
A intervenção de Deus vai desenvolver-se em três momentos… O primeiro é a repatriação dos exilados: as ovelhas serão devolvidas “às sua pastagens para que cresçam e se multipliquem”. Para esta tarefa, Ele mesmo vai liderar o processo de libertação e de regresso dos exilados à terra.
O segundo momento da intervenção de Deus consiste na escolha de “pastores” exemplares. A missão desses “pastores” será, simplesmente, “apascentar”. Isso implica o cuidado, a solicitude, o amor, a ternura pelo rebanho…
Esses pastores estarão ao serviço do rebanho e não usarão o rebanho para concretizar os seus interesses pessoais. As “ovelhas” aprenderão a confiar nesse “pastor” que as ama e não terão mais “medo”.
O terceiro momento da intervenção de Deus é projetado para um futuro. Promete a chegada de um “rebento justo” da dinastia de David. A imagem tirada do reino vegetal (“rebento”) sugere fecundidade e vida em abundância, porque ele dará vida em abundância ao rebanho de Jahwéh. Ele assegurará “o direito e a justiça” e trará salvação e segurança ao Povo de Deus. O nome desse rei será “o Senhor é a nossa justiça, pois é Deus que o legitima e a sua missão será administrar a justiça que Deus quer. Garantindo a justiça, esse “pastor” irá trazer a harmonia, a paz, a tranquilidade, a salvação, a vida verdadeira ao Povo de Deus. Esta promessa com contornos messiânicos pretende anular a frustração e o desespero e inaugurar um tempo de esperança para o Povo de Deus.

ATUALIZAÇÃO - ¨ o nosso texto mostra a preocupação de Deus com a vida e a felicidade do seu Povo. Nos momentos conturbados da nossa história sentimo-nos, muitas vezes, órfãos, perdidos e abandonados. Sentimo-nos, então, “ovelhas” sem rumo e sem destino, abandonadas à nossa sorte. Por vezes, no nosso desespero, apostamos em “pastores” humanos que, em lugar de nos conduzirem para a vida e para a felicidade, nos usam para realizar os seus projetos egoístas… A Palavra de Deus que nos é proposta neste domingo garante-nos que Deus é o “Pastor” que se preocupa conosco, que está atento a cada uma das suas “ovelhas”; Ele cuida das nossas necessidades e está disposto a intervir na nossa história para nos conduzir por caminhos seguros e para nos oferecer a vida e a paz. É n’Ele que temos de apostar, é n’Ele que temos de confiar.
¨ As ameaças contra os maus pastores apresentadas neste texto de Jeremias talvez nos tenham levado a pensar nos líderes do mundo, nos nossos governantes e, também, nos líderes da Igreja. Na verdade, a nossa história está cheia de pessoas encarregadas de cuidar da comunidade humana usaram o “rebanho” em benefício próprio e magoaram, torturaram, roubaram, assassinaram, privaram de vida e de felicidade essas pessoas que Deus lhes confiou… este texto convida-nos a refletir sobre a forma como tratamos os irmãos, na família, na Igreja, no emprego, em qualquer lado… os irmãos que caminham conosco não estão ao serviço dos nossos interesses pessoais e que a nossa função é ajudar todos a encontrar a vida e a felicidade.
¨ O texto faz referência a “um rei” que Deus vai enviar ao seu Povo. Jesus é a concretização desta promessa.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 22 (23)

O Senhor é o pastor que me conduz: Felicidade e todo bem hão de seguir-me!

• O Senhor é o pastor que me conduz; / não me falta coisa alguma. / Pelos prados e campinas verdejantes / ele me leva a descansar. / Para as águas repousantes me encaminha / e restaura as minhas forças.
• Ele me guia no caminho mais seguro, / pela honra do seu nome. / Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, / nenhum mal eu temerei; / estais comigo com bastão e com cajado; / eles me dão a segurança!
 • Preparais à minha frente uma mesa, / bem à vista do inimigo, / e com óleo vós ungis minha cabeça; / o meu cálice transborda.
• Felicidade e todo bem hão de seguir-me / por toda a minha vida; / e na casa do Senhor habitarei / pelos tempos infinitos.

EVANGELHO (Mc 6,30-34) Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto, e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles. Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.

AMBIENTE - O Evangelho do domingo passado mostrava-nos Jesus enviando os discípulos, dois a dois, para pregarem o arrependimento, expulsarem os demónios, ungirem e curarem os doentes. O Evangelho deste domingo apresenta-nos o regresso dos enviados de Jesus. A missão correu bem e os “apóstolos” estão entusiasmados, mas naturalmente cansados.

MENSAGEM - Jesus convida-os a irem com Ele para um lugar isolado e a descansarem. Os discípulos foram, com Jesus, para um lugar deserto; mas as multidões adivinharam para onde Jesus e os discípulos se dirigiam e chegaram primeiro. Ao desembarcar, Jesus viu as pessoas, teve compaixão delas (“porque eram como ovelhas sem pastor”) e pôs-se a ensiná-las. A catequese apresentada por Marcos desenvolvesse à volta dos seguintes pontos:
1. Os apóstolos são os enviados de Jesus, chamados a continuar no mundo a missão de Jesus. Essa missão consiste em anunciar o Reino.
2. A referência à necessidade de os “apóstolos” descansarem (pois nem sequer tinham tempo para comer) pretende ser um aviso contra o ativismo exagerado, que destrói as forças do corpo e do espírito e leva, tantas vezes, a perder o sentido da missão.
3. Os “apóstolos” são convidados por Jesus a irem com Ele para um lugar isolado. É ao lado de Jesus, escutando-O, dialogando com Ele, gozando da sua intimidade, que os discípulos recuperam as suas forças.
4. Jesus, cheio de compaixão, compara a multidão a um rebanho sem pastor. Não é nos líderes religiosos ou políticos que elas encontram esperança; não é nos ritos da religião tradicional que elas encontram paz e sentido para a vida… Mas é em Jesus e na sua proposta que encontram vida plena.
ATUALIZAÇÃO - ¨ A proposta salvadora Deus para os homens, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os discípulos são as testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por esses homens e mulheres que caminham pelo mundo perdidos e sem rumo, “como ovelhas sem pastor”.
¨ A missão dos discípulos não pode ser desligada de Jesus. Os discípulos devem, com frequência, reunir-se à volta de Jesus, dialogar com Ele, escutar os seus ensinamentos, confrontar a pregação feita com a proposta de Jesus. Por vezes, os discípulos mergulham num ativismo descontrolado e acabam por perder as referências; deixam de ter tempo e disponibilidade para se encontrarem com Jesus, para confrontarem as suas opções e motivações com o projeto de Jesus… Por vezes, passam a “vender”, como verdade libertadora, soluções que são parciais e que geram dependência e escravidão (e que não vêm de Jesus); outras vezes, tornam-se funcionários eficientes, que resolvem problemas sociais pontuais, mas sem oferecerem às “ovelhas sem pastor” uma libertação verdadeira e global; outras, ainda, cansam-se e abandonam a atividade e o testemunho… Jesus é que dá sentido à missão do discípulo e que permite ao discípulo, tantas vezes fatigado e desanimado, voltar a descobrir o sentido das coisas e renovar o se empenho.
¨ A comoção de Jesus diante das “ovelhas sem pastor” é sinal da sua preocupação e do seu amor. Revela a sua sensibilidade e manifesta a sua solidariedade para com todos os sofredores. A comoção de Jesus convida-nos a sermos sensíveis às dores e necessidades dos nossos irmãos. Não podemos
ficar no nosso canto, comodamente instalados, com a consciência em paz (porque até já fomos à missa e rezámos as orações que a Igreja manda), a ver o nosso irmão a sofrer. Um cristão é alguém que tem de sentir como seus os sofrimentos do irmão.

SEGUNDA LEITURA (Ef 2,13-18) Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios.
Irmãos: agora, em Jesus Cristo, vós, que outrora estáveis longe, vos tornastes próximos, pelo sangue de Cristo. Ele, de fato, é a nossa paz: do que era dividido, ele fez uma unidade. Em sua carne ele destruiu o muro de separação: a inimizade. Ele aboliu a Lei com seus mandamentos e decretos. Ele quis, assim, a partir do judeu e do pagão, criar em si um só homem novo, estabelecendo a paz. Quis reconciliá-los com Deus, ambos em um só corpo, por meio da cruz; assim ele destruiu em si mesmo a inimizade. Ele veio anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz aos que estavam próximos. É graças a ele que uns e outros, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai.

AMBIENTE - O tema central da Carta aos Efésios é aquilo a que Paulo chama “o mistério”: o desígnio (ou projeto) salvador de Deus, definido desde toda a eternidade, escondido durante séculos aos homens, revelado e concretizado plenamente em Jesus, comunicado aos apóstolos, desfraldado e dado a conhecer ao mundo na Igreja. O texto que nos é aqui proposto integra a parte dogmática da carta. Depois de refletir sobre o papel de Cristo no projeto de salvação que Deus tem para os homens, Paulo refere-se à reconciliação operada por Cristo, que com a sua doação uniu judeus e pagãos num mesmo Povo.

MENSAGEM - Paulo dirige-se aos pagãos (“vós outrora longe de Deus” – vers. 13) e explica-lhes que foi pelo sangue de Cristo que eles se aproximaram de Deus. Antes, eles adoravam os ídolos e tinham convicções religiosas; mas desconheciam o verdadeiro Deus e a sua proposta de salvação; agora, foram admitidos a fazer parte da família de Deus. Além disso, a entrega de Cristo derrubou a tradicional barreira de inimizade que separava judeus e pagãos e fez de todos um único Povo. Os judeus, convencidos de que eram um Povo à parte, desprezavam os pagãos e não queriam qualquer contato com eles. Os pagãos, por sua vez, nutriam um profundo desprezo pelos judeus, pela sua diferença, pela sua arrogância… Ora, Cristo veio apresentar uma proposta de vida que é para todos, sem exceção. Agora, não é a pertença a um determinado Povo, mas a forma como se responde à proposta de vida que Jesus faz. Na nova economia da salvação, o que conta é a disponibilidade para acolher a vida que Deus oferece e ser Homem Novo. Nasce, assim, um “corpo” que integra os mais diversos membros, pertencentes a todos os da família humana. Todos aqueles que aceitaram integrar a comunidade de Jesus, sem diferenças de etnias, de raças, de cor da pele, de classes sociais ou culturais, pertencem à mesma família, a família de Deus. Todos – judeus e pagãos – são, agora, membros da comunidade trinitária do Pai (que oferece a vida), do Filho (que vem ao encontro dos homens para lhes comunicar a vida do Pai) e do Espírito (que mantém unidos os membros deste “corpo” entre si e com Deus.

ATUALIZAÇÃO - Deus tem uma proposta de salvação para oferecer a todos os homens, sem exceção; e essa proposta tem como finalidade inserir-nos na família de Deus. Todos são, igualmente, filhos amados. O nosso Deus é um pai que não marginaliza nenhum dos seus filhos; e, se tem alguma predileção, é pelos mais débeis, pelos mais fracos, pelos oprimidos, pelos que mais sofrem.
¨ No mundo de hoje o fenómeno da globalidade aproxima-nos dos outros homens que partilham conosco esta casa comum que é o mundo e torna-nos mais tolerantes para com as diferenças. Contudo, subsistem muros – alicerçados nas diferenças raciais, políticas, religiosas, sociais, afetivas – que impedem uma total experiência de fraternidade universal. Nós, os discípulos desse Cristo que veio reconciliar “judeus e gregos” e fazer de todos “um só povo”, temos o dever de dar testemunho da paz e da unidade e de lutar objetivamente contra todas as barreiras que separam os homens.

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Ovelhas sem Pastor

A Liturgia de hoje nos convida a celebrar a fé em Jesus, que tem COMPAIXÃO das ovelhas sem Pastor...

Na 1a Leitura, Jeremias denuncia a infidelidade dos governantes de então.
Esses maus pastores provocaram o exílio de todo o povo.
A voz do profeta faz nascer no exílio a esperança de novos pastores, que lutem pela justiça e o direito. (Jr 23,1-6)

A 2ª Leitura nos afirma que Jesus derrubou todas as barreiras que separavam os homens e os reuniu num só povo, num só rebanho (Ef 2,13-18)

O Evangelho revela quem é o Pastor prometido: Jesus de Nazaré. (Mc 6, 30-34)

O texto nos apresenta DUAS CENAS em que Jesus atua com misericórdia e solicitude de um Pastor: Jesus acolhe os Discípulos e acolhe o Povo.

1) Jesus é PASTOR DE SEUS DISCÍPULOS:
Na volta da missão, do seu "estágio pastoral", os Apóstolos reúnem-se com Jesus como ovelhas ao redor do Pastor  e contam com alegria e entusiasmo as maravilhas realizadas... 
- Cristo escuta-os com interesse e, depois, mostra-lhes a necessidade de uma parada para o descanso e para uma interiorização. Por isso, convida-os a um lugar deserto. Jesus é para os discípulos Mestre e Pastor..

O texto é uma Catequese sobre o discipulado. Jesus forma seus discípulos:
- Envolve os discípulos na missão e leva-os a um lugar mais tranqüilo para poder descansar e fazer uma revisão.
   Preocupa-se do seu alimento e do seu descanso, porque a obra da missão era tal que não havia tempo para comer.
- Indica que anunciar a Boa Nova de Jesus não é só uma questão de doutrina, mas antes de acolhida, de bondade, de ternura, de disponibilidade, de revelação do amor do Pai.
* O Agente de Pastoral também muitas vezes se sente cansado e precisa do aconchego e da ternura do Bom Pastor. Precisa de DESERTO, de silêncio e de oração, para avaliar as motivações de sua atividade. Caso contrário, torna-se um funcionário do sagrado, que não mostra ao mundo o rosto compassivo do Pai.
   Jesus desaprova o ativismo exagerado que destrói as forças do corpo e do espírito e leva, muitas vezes, a perder o sentido da Missão.

- Quais os Inimigos do nosso tempo de Deserto?
   (o trabalho... atividades sociais e religiosas... a política?...)
- Quais as conseqüências?
   Esquecemos o cultivo pessoal... a família (filhos, esposa, marido), os amigos (solidão)... a religião...
2) Jesus é PASTOR DO POVO SOFREDOR.
- O Povo cansado e oprimido busca em Jesus acolhida e proteção.
- E Jesus: "teve compaixão...": "pareciam ovelhas sem pastor..."
  Renunciou ao breve descanso programado: "E voltou a ensinar..."

Jesus é o Pastor do seu povo, porque o alimenta com a sua palavra e o nutre com o evangelho da esperança.
Alimenta-o com a palavra do conforto, do encorajamento, o pão do amor, da ternura, da atenção.
Ele cuida de suas feridas, alivia suas dores, devolve-lhe a dignidade perdida ou roubada.
Reacende nele a alegria e a esperança de viver.

* Esse traço da personalidade de Jesus é um desfio para a Igreja e os seus ministros, para que não sejam burocratas do sagrado, mas irradiadores da compaixão do Pai diante das multidões, que ainda hoje continuam como "ovelhas sem pastor".

+ Quem são os Pastores hoje?
Pastores são todas as pessoas que têm responsabilidades na família, na escola, na catequese, nas pastorais, na sociedade...
Todos nós, discípulos missionários de Cristo, somos ungidos como pastores. Movidos por sentimentos de misericórdia e compaixão, somos chamados a reproduzir em nós os traços de Jesus, o bom Pastor…
Jesus tem compaixão e acolhe as pessoas, revelando o amor e a misericórdia de Deus;
O Bom Pastor conhece pelo nome, escuta... conduz para Cristo, para Deus.

- A Igreja, deve oferecer a tantas pessoas cansadas e oprimidas, que parecem ovelhas sem pastor, um espaço de repouso e de paz, através da experiência da oração profunda e da liturgia viva. Ao mesmo tempo, à imagem de Cristo, deve agir com misericórdia e compaixão diante da miséria humana.

- Quais as atividades exageradas que nos impedem momentos de deserto:
     Para nós... para a família... para os amigos... para a comunidade?
- Quem são as ovelhas sem Pastor?  
     A esposa, o marido, os filhos, os catequizandos, os alunos...
- Que significa concretamente para nós hoje: "ter compaixão"?

                                            Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, domingo passado nós vimos que Jesus enviara os apóstolos dois a dois para levarem a boa nova, anunciando que o Reino está próximo. Neste domingo vemos que eles voltaram felizes, porque creram na palavra de Deus, creram em Jesus Cristo, realizaram até o que achavam impossível e agora Jesus diz: vinde descansar um pouco. Isto é importante, porque vemos que o descanso vem de Deus. Tanto, que já no Gênesis capítulo 1, nós vemos a narrativa da criação do mundo e lá nos vemos que no sétimo dia Deus descansou. O que a Bíblia quer nos dizer é que até Deus descansa. Então, também nós, somos chamados ao descanso. Aí é que está. Agora, descansar, dentro da Palavra de Deus, tem um significado bem diferente daquele de não fazer nada. Descanso não é ócio. Ócio é alimentado pela preguiça, onde eu não faço absolutamente nada.
O descanso tem três aspectos importantes;
Primeiro, é a convivência gratuita com as pessoas. O descanso é o momento em que você se reúne com aqueles que são mais próximos, para a partir daí, não só por a conversa em dia, mas para realizar uma convivência boa e agradável. Eu tenho noção, de que muitas vezes, quando as pessoas se reúnem, acabem brigando, mas isso é porque nós não temos mais este hábito de nos encontrarmos de maneira gratuita. Tudo o que não estamos acostumados, nós estranhamos. Aí, diante daquele estranhamento, agente, de fato, resolve colocar em dia até coisas atravessadas. Aí dá briga. Mas, se conseguirmos superar este momento, nós vamos ver que este encontro é bastante agradável.
Segundo ponto, dentro do descanso, eu sou chamado a fazer aquilo que me realiza; ou ler um livro, passear pode até ser de bicicleta, ou assistir um filme que estou para ver e já faz algum tempo, ou é visitar um amigo que faz tempo que não o vejo, ou seja, algo que me deixa feliz, e sempre na gratuidade.
Terceiro ponto do descanso, é respeitar o descanso do outro. Então, é o dia da colaboração por excelência, onde eu não vou deixar o outro no fogão sozinho, porque eu estou descansando, porque o outro também precisa descansar. Eu não vou deixar que o outro faça as compras sozinho, porque eu estou descansando; tudo é na solidariedade. Por que estou chamando a atenção? Porque quando nós não temos clareza do que é importante, nós acabamos perdidos. Era assim que parecia aquele povo, que estavam atrás de um pastor. Alguém que pudesse ajuda-los a descobrir o rumo da vida. E diz o Evangelho, que estavam tão necessitados disto, que quando perceberam que Jesus se afastava com os apóstolos, correram atrás. Aqui é o segundo aspecto. Por que eu procuro Jesus? O que eu quero encontrar em Jesus? Muitas vezes, procuramos Jesus para termos mais um empregado. Mais um. Além daqueles que eu peço para me ajudar. Eu quero que ele faça exatamente como eu estou pensando. Caso contrário, eu me revolto. É importante saber com quem contar. A coerência diz que hoje eu posso contar com você e amanhã você pode contar comigo. Aí que entra o ponto. Quanto tempo eu disponibilizo para Jesus, para que ele possa contar comigo? Ah, mas eu não tenho tempo. Volta na questão do descanso. Por que para o Judeu é o sábado, para o Cristão é o domingo o dia de folga? Exatamente para eu poder estar disponível para visitar os amigos ilustres, um deles é Jesus. Então, não é possível passar pelo domingo sem partilharmos aquilo que aconteceu na minha semana. Mas, como eu não estou nem acostumado a visitar os pais, que dirá Jesus. Se eu não tenho tempo nem para visitar meus filhos, que dirá Jesus. Porque os pais e os filhos cobram a nossa visita. Jesus não. Ele não cobra. Por que Ele não cobra? Porque Ele sabe muito bem que quando você precisar, Ele vai estar lá. Aí é que está.
Tem um terceiro aspecto; Jesus quando encontra aquele povo, tem compaixão. Eu sempre falo isto, porque de fato é isto mesmo: o cristão não tem dó. Dó é um certo desprezo. É achar o outro inferior a você. O cristão tem compaixão. Ele se coloca junto, para partilhar as alegrias e tristezas. Então, Jesus olha aquele povo e vê que são como ovelhas sem pastor. E hoje? Os pastores que estão conosco aonde irão nos conduzir? É aí que preciso ter clareza de quem é o meu pastor? O salmo vai dizer: é o Senhor, o pastor que me conduz. Ora, se é Ele que me conduz mesmo, é preciso que eu experimente isto em nossa vida no dia a dia. Jesus vai dizer que Ele é o bom Pastor e dá sua vida pelas suas ovelhas. Jesus entregou sua vida para ninguém mais necessitasse morrer. Só que é preciso entender isso com clareza. Porque o preço de ter nascido é a morte. Que ninguém se iluda. Não é só hoje que celebramos sétimo dia de falecimento. Vamos celebrar amanhã, depois, e um dia será o nosso também. Se é assim, por que dizemos que quem crê em Jesus Cristo não morre? Quando eu comungo o Corpo de Cristo, quando eu comungo o sangue de Cristo, eu passo a fazer parte de Jesus e Ele venceu a morte, Ele, de fato, ressuscitou. Na medida em que eu passo a fazer parte do corpo de Jesus, eu não morro mais. Realmente o que aguardo é o dia em que o Reino vai estar totalmente construído e aí vamos celebrar eternamente. Não vamos mais passar pela morte. Ninguém deve ver a morte como um castigo, mas como algo natural, que vem por conta de nosso nascimento. Assim como é algo natural, também, crer na vida eterna, porque Deus não nos criou para a perdição. Porque se viver e depois acabar assim mesmo, seria um deus muito pobre, muito pequeno. Não, o nosso Deus é o Deus da vida. É o Deus que nos leva a contemplá-lo. Quando nós nos encontrarmos diante de Deus, então perceberemos o quanto de fato Ele é grandioso. .........................................................

Pe. Pedrinho

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Homilia de D. Henrique Soares
Se pensarmos bem, caríssimos em Cristo, tudo quanto a Igreja tem para dizer ao mundo é Jesus: ele é a Palavra viva do Pai, ele é o Salvador e a Salvação, é a ele que a Igreja dirige continuamente o olhar e o coração, para contemplá-lo, escutá-lo e nele beber das fontes da vida e da paz! Pois bem: é de Jesus que a Palavra santa hoje nos fala – de Jesus Bom Pastor!
Em Israel, pastores do povo eram seus dirigentes: reis, aristocracia, sacerdotes, escribas, profetas. Infelizmente, de modo frequente, esses eram pastores maus e infiéis, pois não faziam o que era de se esperar de quem apascenta: não amavam o rebanho, dele não cuidavam, com ele não se preocupavam. Faziam como os políticos brasileiros de agora, esses mesmos que irão mostrar a cara lisa no programa eleitoral gratuito, enganando, mentindo e fazendo-se passar por bons, sem, no entanto, terem outra preocupação que o próprio bem-estar e os próprios poder e prestígio… Dos maus pastores, Santo Agostinho dizia que procuram somente o leite e a lã das ovelhas, sem com elas se preocuparem. O leite simboliza os bens materiais; a lã, o prestígio e os aplausos. Pobres ovelhas, o povo brasileiro, que mais uma vez serão assaltadas por cruéis ataques de pastores maus: mensaleiros, sanguessugas e gatunos de todos os níveis e especialidades. Que Deus ajude esse povo a discernir políticos de politiqueiros e os poucos preocupados com o bem comum, dos muitos ocupados com o próprio bem!
Contudo, não devemos esquecer de modo algum que os pastores do povo de Deus, que é a Igreja, são os ministros de Cristo: Bispos, padres e diáconos. A eles também o Senhor repreende neste hoje e a eles exorta a que se convertam e sejam pastores de verdade. Mas, quem é pastor de verdade na Igreja? Quem se deixa plasmar pelo verdadeiro Pastor, pelo único Pastor, aquele que é a própria justiça, a própria santidade de Deus: “Este é o nome com que o chamarão: ‘Senhor, nossa Justiça’”. Falamos de Jesus Cristo.
Ante os maus pastores da Israel, que infestaram todo o tempo do Antigo Testamento, o Senhor prometeu, da Casa de Davi, um novo pastor: “Eis que virão dias em que farei nascer um descendente de Davi; reinará e será sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra”. Aqui Deus fala do Messias; e esse Messias é a própria presença de Deus apascentando o seu povo: “Eu reunirei o resto de minhas ovelhas de todos os países para onde forem expulsas, e as farei voltar a seus campos, e elas se reproduzirão e multiplicarão”. Eis, portanto: um messias, presença do próprio Deus, Pastor do seu povo, cuidador do seu rebanho… É precisamente assim que o evangelho de hoje nos apresenta Jesus: “Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”. Que imagem sublime, que cena tão doce! Jesus cansado, pensando em algo tão humano, tão legítimo: um dia de descanso em companhia dos Doze. E quando chega ao local escolhido para o merecido repouso, lá estava a multidão cansada e acabrunhada, sedenta de luz, sedenta de vida, sedenta de verdes pastagens, desorientada, como ovelhas sem pastor… E Jesus, Bom Pastor, esquece de si mesmo, deixa de lado seu cansaço e, cheio de compaixão, vai cuidar das ovelhas… Por isso mesmo, ele é o Pastor por excelência, o Belo, Perfeito, Pleno Pastor! Ele ama o rebanho, preocupa-se com ele, dele se compadece e por ele vai dando, derramando, diariamente, a própria vida. Nunca se viu Jesus poupar-se, nunca se testemunhou Jesus fazendo um milagre em benefício próprio, nunca se apanhou o Senhor buscando algum favor para si. Não! Toda a sua vida foi vida vivida para o rebanho por amor ao Pai, vida dada, vida doada, entregue de modo total… até a morte e morte de cruz. Tem razão São Paulo, quando diz aos Efésios, na segunda leitura de hoje: “Agora, em Cristo, vós que outrora estáveis longe, vos tornastes próximos, pelo sangue de Cristo. Ele, de fato é a nossa paz!” Eis, caríssimos! O Bom Pastor, entregando a vida pela humanidade, nos atraiu, abrindo um novo caminho, suscitando uma nova esperança para judeus e pagãos, reunindo-os todos no seu aconchego, no seu coração de Pastor, dando-nos a paz e fazendo de nós a sua Igreja!
Igreja aqui reunida, em torno deste Altar, tu nasceste da dedicação do teu Pastor; tu és fruto da sua vida entregue amorosa e dolorosamente! O Apóstolo afirma, de modo profundo e comovente que Cristo “quis reconciliá-los, judeus e pagãos, com Deus, ambos em um só corpo, por meio da cruz; assim ele destruiu em si mesmo a inimizade”. Prestai bem atenção: na carne de Cristo, no corpo ferido de Cristo, na vida dilacerada de Cristo, deu-se a nossa paz! – Ó Senhor Jesus, que tu mesmo, de corpo e alma, de sonho e de dor és o nosso repouso, és nossa segurança! Tu mesmo és a nossa paz! E quão alto foi o preço dessa paz! E tudo isso para que, no teu Santo Espírito, tivéssemos acesso Àquele a quem tu chamas de Pai, fonte de toda vida!
Caríssimos, tanto para nós, pastores, quanto para vós, ovelhas, o exemplo de Cristo é motivo de questionamento e chamado à conversão. Para nós, pastores, é forte apelo a que sejamos como ele, sejamos presença dele no meio do rebanho, tendo seus sentimentos, suas atitudes, participando de sua entrega total. Pastores que não apascentam em Cristo, que não vivem a vida de Cristo na carne de sua vida, não são pastores de fato; são maus pastores, ladrões e salteadores, como aqueles do Antigo Testamento. E para vós, ovelhas, que apelos o Bom Pastor hoje vos faz? Ele que se deu todo a vós como pastor, vos convida a que vos entregueis totalmente a ele como ovelhas. Como a ovelha do Salmo da Missa de hoje, que confia totalmente no seu pastor, ainda mesmo que passe pelo vale tenebroso, porque sabe que o pastor é fiel, que o pastor haverá de defendê-la, assim também nós, ovelhas do seu pasto, confiemo-nos ao Senhor, sigamo-lo, nele coloquemos a nossa existência. E que ele, cheio de amor e misericórdia, nos conduza às campinas verdejantes, nos faça descansar, restaure nossas forças, guie-nos no caminho mais seguro, nos prepare a mesa eucarística, unja-nos com o suave óleo do seu Espírito, faça transbordar a taça da nossa exultação e nos dê habitação na sua casa pelos tempos infinitos. Amem.
 D. Henrique Soares

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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA: (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra)


LOUVOR SÁLMICO – O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS.
DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO DEUS.
POR JESUS, COM JESUS E EM JESUS, NO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Bendito sejais, Senhor nosso Deus!
- Ó Deus, nosso Pai, abençoado seja o vosso Nome, sois eterno e único. Sois poderoso e repleto de amor. Sois nosso Deus e somos vosso povo. Vosso  Reino é glorioso para sempre.
T: Bendito sejais, Senhor nosso Deus!
- Seja louvado e santificado o Vosso nome, pois sois o Senhor no mundo criado segundo Vossa vontade. Pai, fazei que acolhamos nossos compromissos do batismo e vivamos como cidadãos do alto na construção de Vosso Reino.
T: Bendito sejais, Senhor nosso Deus!
- Senhor, Que vosso nome Seja bendito, louvado, honrado, engrandecido e glorificado.
   ó Eterno, ó Deus santo!
T: Bendito sejais, Senhor nosso Deus!
- Pai, sede a nossa força e nossa defesa. Quando nos desviarmos do caminho correto,
   dai-nos o arrependimento para que vejamos
   os valores do vosso Reino. 
T: Bendito sejais, Senhor nosso Deus!
// PAI NOSSO... A Paz...  Eis o Cordeiro...
Resumindo:

Jesus enviara os apóstolos
Descanso vem de Deus. Descanso não é ócio. Ócio é alimentado pela preguiça, onde eu não faço absolutamente nada.
é a convivência gratuita / acabem brigando, estamos acostumados, nós estranhamos.
respeitar o descanso do outro. / tudo é na solidariedade.
visitar os amigos ilustres, um deles é Jesus.
A coerência diz que hoje eu posso contar com você e amanhã você pode contar comigo.
fazer aquilo que me realiza;

Compaixão

Por que eu procuro Jesus?
O preço de ter nascido é a morte.
Quando eu comungo o Corpo de Cristo, eu passo a fazer parte de Jesus e Ele venceu a morte, Ninguém deve ver a morte como um castigo, mas como algo natural, que vem por conta de nosso nascimento.
O salmo vai dizer: é o Senhor, o pastor que me conduz.

O nosso Deus é o Deus da vida.