14º Domingo do Tempo Comum
ano B 2018
(Adaptado pelo Diácono Ismael)
SINOPSE:
INTRODUÇÃO: Na celebração recebemos aquele que foi rejeitado por
ser PESSOA COMUM.
Tema: Deus escolhe e envia pessoas para serem testemunhas do seu projeto de
salvação.
A
primeira leitura: A vocação profética
é iniciativa de Jahwéh, que chama um “filho de homem” para ser a voz de Deus no
meio do povo.
O
Evangelho: Deus manifesta-se aos homens
na fraqueza e na fragilidade.
Na
segunda leitura: Paulo assegura que
Deus atua e manifesta o seu poder no mundo através de instrumentos débeis e
limitados.
LEITURA I - Ez 2,2-5
Leitura da Profecia de Ezequiel.
Naqueles
dias, depois de me ter falado, entrou em mim um espírito que me pôs de pé.
Então, eu ouvi aquele que me falava, o qual me disse: “Filho do homem, eu te
envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. Eles e seus
pais se revoltaram contra mim até ao dia de hoje. A estes filhos de cabeça dura
e coração de pedra, vou-te enviar e tu lhes dirás: ‘Assim diz o Senhor Deus’.
Quer te escutem, quer não – pois são um bando de rebeldes – ficarão sabendo que
houve entre eles um profeta”.
AMBIENTE - Ezequiel, o “profeta da esperança”, exerceu o
seu ministério na Babilônia.
O
texto faz parte do relato da vocação de Ezequiel no qual Jahwéh define a missão
que lhe vai confiar: falar e atuar e atuar em nome de Deus.
MENSAGEM - A vocação é sempre uma iniciativa de Deus. Ezequiel é
chamado “filho de homem” – expressão hebraica que significa simplesmente “homem
ligado à terra, fraco e mortal. Deus chama homens frágeis e limitados, não
seres extraordinários, dotados de capacidades incomuns: a eleição divina dá ao
profeta autoridade, apesar dos seus limites bem humanos.
A
sua missão é apresentar a esse Povo as propostas de Deus. O mais importante não
é que as palavras do profeta sejam ou não escutadas; o que é importante é que o
profeta seja, no meio do Povo, a voz que indica os caminhos de Deus.
ATUALIZAÇÃO - • No batismo, fomos ungidos como profetas, à imagem de
Cristo. Deus entra na nossa vida, desafia-nos para a missão, pede uma resposta
positiva à sua proposta.
•
O profeta é o homem que vive de olhos postos em Deus e de olhos postos no
mundo
•
As nossas limitações não podem servir de desculpa para realizar a missão: Ele
dar-nos a força para cumprir o que nos pede.
7.
SALMO RESPONSORIAL / Sl 122 (123)
Os nossos olhos estão fitos no Senhor:
Tende piedade, ó
Senhor, tende piedade!
•
Eu levanto os meus olhos para vós, / que habitais nos altos céus. Como os olhos
dos escravos estão fitos / nas mãos do seu senhor.
•
Como os olhos das escravas estão fitos / nas mãos de sua senhora, / assim os
nossos olhos, no Senhor, / até de nós ter piedade.
•
Tende piedade, ó Senhor, tende piedade; / já é demais esse desprezo! / Estamos
fartos do escárnio dos ricaços / e do desprezo dos soberbos!
EVANGELHO – Mc 6,1-6 - Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus
discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na
sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde recebeu
ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são
realizados por suas mãos? Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e
irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui
conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus lhes dizia: “Um
profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. E
ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo lhes as
mãos. E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das
redondezas, ensinando.
AMBIENTE - Jesus foi à sinagoga para
participar no ofício sinagogal; e, fazendo uso do direito, leu e comentou as
Escrituras. Aí, Jesus é apresentado como o Messias que proclama, por toda a
Galiléia, o Reino de Deus. À medida que o “caminho do Reino” vai avançando,
vão-se multiplicando as oposições e incompreensões face ao projeto que Jesus
anuncia.
MENSAGEM - Depois de escutarem Jesus,
na sinagoga, os seus conterrâneos traduzem a sua perplexidade através de várias
perguntas… (“de onde lhe vem tudo isto? Para eles, Jesus é “o carpinteiro”: não
é um “rabbi” e não tem qualificações para dizer as coisas que diz. Eles
conhecem a família de Jesus e não descobrem nela nada de extraordinário.
Conclusão:
Ele está fora da instituição judaica; o seu ensinamento não pode vir de Deus,
mas do diabo. Os conterrâneos de Jesus não reconhecem a presença de Deus
naquilo que Jesus diz e faz. Jesus responde: “nenhum profeta é respeitado no
seu lugar de origem”). Nessa resposta, Jesus assume-se como profeta – isto é,
como um enviado de Deus, que atua em nome de Deus e que tem uma mensagem de
Deus para oferecer aos homens. Os ensinamentos que Jesus propõe não vêm dos
mestres judaicos, mas do próprio Deus.
Por
que é que Jesus “não podia ali fazer qualquer milagre”? Os homens são livres;
se eles se mantêm fechados nos preconceitos egoístas e rejeitam a vida que Deus
lhes oferece, Jesus não pode fazer nada. Marcos observa, apesar de tudo, que
Jesus “curou alguns doentes impondo-lhes as mãos”. Provavelmente, estes
“doentes” são aqueles que manifestam certa abertura a Jesus, mas que não têm a
coragem de cortar os mecanismos religiosos do judaísmo para descobrir a
novidade do Reino que Jesus anuncia.
Eles
estão acomodados e preferem a vida velha da escravidão à novidade libertadora
de Jesus.
ATUALIZAÇÃO *• Deus manifesta-se aos homens na fraqueza e na
fragilidade. Normalmente, Ele não se manifesta na força, no poder, nas
qualidades que o mundo acha brilhantes e que os homens admiram e endeusam; mas,
muitas vezes, Ele vem ao nosso encontro na fraqueza, na simplicidade, na
pobreza, nas situações mais simples…
*•
Esperavam um Deus forte e majestoso, que se havia de impor de forma estrondosa,
e assombrar os inimigos com a sua força; e Jesus não se encaixava nesse
perfil.
•
Para os habitantes de Nazaré Jesus era apenas “o carpinteiro”, que nunca tinha
estudado com grandes mestres e que tinha uma família conhecida de todos; por
isso, não estavam dispostos a conceder que esse Jesus lhes trouxesse qualquer
coisa de novo e de diferente…
Isto
deve fazer-nos pensar nos preconceitos com que, por vezes, abordamos os nossos
irmãos, as homilias nas celebrações dominicais feitas por diáconos ou
ministros da palavra que não são presbíteros, mas que são autorizados a
proclamar a palavra de Deus... Por vezes, os nossos preconceitos não nos
impedirão de acolher o irmão e a riqueza que Ele nos traz? Muitos paroquianos
só aceitam ir a igreja se o padre estiver presente e não aceitam que outra
pessoa (autorizada pela Igreja) assuma a presidência da celebração.
•
A nossa identificação com Jesus faz de nós continuadores da missão que o
Pai Lhe confiou. Sentimo-nos, como Jesus, profetas a quem Deus chamou e a quem
enviou ao mundo para testemunharem a proposta libertadora que Deus quer
oferecer a todos os homens? Nas nossas palavras e gestos ecoa a proposta de
salvação que Deus quer fazer a todos os homens?
•
Apesar da incompreensão dos seus concidadãos, Jesus continuou, em absoluta
fidelidade aos planos do Pai, a dar testemunho no meio dos homens do Reino de
Deus. Rejeitado em Nazaré, Ele foi, como diz o nosso texto, percorrer as
aldeias dos arredores, ensinando a dinâmica do Reino. O testemunho que Deus nos
chama a dar cumpre-se, muitas vezes, no meio das incompreensões e oposições…
Frequentemente, os discípulos de Jesus sentem-se desanimados e frustrados
porque o seu testemunho não é entendido nem acolhido… A atitude de Jesus
convida-nos a nunca desanimar nem desistir: Deus tem os seus projetos e sabe
como transformar um fracasso num êxito.
SEGUNDA LEITURA 2Cor 12,7-10 Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos:
Para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi
espetado na minha carne um espinho, que é como um anjo de Satanás a
esbofetear-me, a fim de que eu não me exalte demais. A esse propósito, roguei
três vezes ao Senhor que o afastasse de mim. Mas ele disse-me: “Basta-te a
minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta”. Por isso, de bom
grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite
em mim. Eis porque eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas
necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor a Cristo.
Pois, quando eu me sinto fraco, é então que sou forte.
AMBIENTE - A segunda Carta de Paulo aos
Coríntios espelha uma época de relações conturbadas entre Paulo e os cristãos
de Corinto. Paulo teve um violento confronto com os seus detratores. As
notícias trazidas por Tito eram animadoras: os coríntios estavam, outra vez, em
comunhão com Paulo. Reconfortado, Paulo escreveu uma apologia do seu
apostolado. Estamos no ano 56 ou 57. Como apóstolo, Paulo não se sente inferior
a ninguém. Paulo quer apenas que o vejam como um homem frágil e vulnerável, a
quem Deus chamou e a quem enviou para dar testemunho de Jesus Cristo no meio dos
homens.
MENSAGEM - Paulo fala de uma limitação
que transporta no seu corpo, um “anjo de Satanás” que lhe recorda continuamente
a sua finitude e fragilidade. Provavelmente, uma doença física crônica; mas
nada garante que essa enfermidade física esteja relacionada com este “anjo de
Satanás”. deve ter a ver com o fato de a mentalidade judaica ligar as
enfermidades aos “espíritos maus”. Outra interpretação poderia referir-se aos
obstáculos ao anúncio do Evangelho. Em todo o caso, o que é determinante é a graça
de Deus… é ele que dá a Paulo a força para continuar a sua missão, apesar dos
limites que esse “espinho na carne” lhe impõe. No apóstolo – ser humano,
vivendo na condição de finitude, de vulnerabilidade, de debilidade –
manifesta-se ao mundo e aos homens a força de Deus e de Cristo.
ATUALIZAÇÃO - • Deus não utiliza métodos espetaculares, poderosos,
majestosos, que se impõem de espanto na memória dos povos; mas utiliza a
fraqueza, a fragilidade, a simplicidade para nos dar a conhecer os seus
caminhos. Nós deixamo-nos impressionar pelos grandes gestos, por tudo o que aparece envolvido de riqueza,
de prestígio social, de poder, de beleza; e, por outro lado, temos mais
dificuldade em reparar naquilo que se apresenta pobre, humilde, simples,
frágil, débil… A Palavra garante-nos que é na fraqueza que se revela a força de
Deus. Precisamos aprender a ver o mundo e descobrir esse Deus que na
simplicidade, na pobreza, na fragilidade que vem ao nosso encontro e nos indica
os caminhos da vida.
•
O “profeta” deve sentir-se, apenas, um instrumento frágil através do qual a
força e a graça de Deus agem no mundo. A missão do “profeta” não é atrair sobre
si próprio as luzes; a missão é servir de veículo à proposta de Deus para os
homens.
•
Paulo sentia que Deus o tinha chamado a uma missão e que era preciso levar essa
missão até ao fim, doesse a quem doesse… Todos experimentamos momentos de
incompreensão e de oposição. O exemplo de Paulo deve ajudar-nos a vencer o
desânimo e a tentação de desistir.
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A Voz de Deus
Na realização dos
seus planos, Deus sempre chama e envia pessoas para serem a sua VOZ no meio do Povo.
As leituras falam
de três escolhidos por Deus para serem instrumentos de sua Palavra:
- Um Profeta desterrado...
- Um
"carpinteiro", filho de Maria;
- Um que
reconhece suas fraquezas...
A 1a
Leitura fala da Missão de EZEQUIEL.
(Ez 2, 2-5)
Vemos os
elementos da vocação profética:
- A Iniciativa é
sempre de Deus;
- O chamado é um
"filho de homem";
- A Missão é ser
a VOZ DE DEUS no meio do povo.
Na 2a Leitura, PAULO fala da sua
experiência: as dificuldade encontradas no seu apostolado. (2 Cor
12, 7-10)
Paulo assegura
aos cristãos de Corinto, que Deus atua e manifesta seu poder no mundo através
de instrumentos fracos e limitados.
- Deus garante a Paulo e a todos os que têm
algum tipo de "espinho":
"Basta-te a minha graça; pois é na
fraqueza que a força se realiza plenamente".
No Evangelho,
encontramos a experiência de CRISTO. (Mc 6, 1-6)
Jesus volta a
Nazaré e ensina na sinagoga.
- O povo se
admira da sabedoria, dos milagres… e, perplexo, se pergunta:
"Quem é esse homem? Não é ele o carpinteiro, o
filho de Maria?"
- Este Jesus não
podia ser o Messias esperado.
Eles esperavam um
guerreiro como Davi, sábio como Salomão.
Não um humilde
carpinteiro. Eles o conheciam muito bem: o carpinteiro, filho de Maria, não
poderia ser o enviado de Deus…
- Sua Palavra
escandaliza, sua mensagem gera oposição e sua vida cria conflitos.
Não conseguem reconhecer em Jesus o Messias
esperado e o rejeitam.
Até os parentes de Jesus não aderem à sua
mensagem.
* Como ficaria
uma visita de Jesus, hoje?
- JESUS, decepcionado, concluiu: "Um Profeta não é estimado entre os
seus".
Mas apesar da incompreensão, continuou
fiel aos planos do Pai...
+ Quem são os Profetas?
Os "profetas
não são pessoas extintas do passado, mas são uma realidade
com que Deus
continua a contar ainda hoje para intervir no mundo.
Todo
"batizado" tem a sua história de vocação profética...
O Profeta não é o encarregado
de fazer milagres e prever o futuro.
Deus espera dele uma coisa:
que transmita a sua palavra.
Deus não tem boca e precisa
de alguém para ser a sua "Voz".
- Para isso, deve escutar a
mensagem de Deus e
deixar que ela penetre até o íntimo do
coração…
E depois anunciá-la com entusiasmo e
fidelidade.
+ Como desempenhar a missão de Profeta?
Ele deve estar em comunhão com Deus e
atento à realidade humana.
Intervém, em nome de Deus, para denunciar,
para avisar, para corrigir.
- A denúncia
profética implica, muitas vezes, a perseguição, o sofrimento,
a marginalização e, em muitos casos, a
própria morte...
- Normalmente,
Deus não se manifesta na força, no poder,
nas qualidades que os homens admiram tanto.
Ele vem ao nosso encontro na fraqueza, na
simplicidade,
nas pessoas mais humildes e
despretensiosas...
- As nossas
limitações humanas não podem servir de desculpa
para não realizar a missão que Deus nos
confia.
Se ele nos pede um serviço, também nos dará a
força
para superar os nossos limites e para cumprir
o que nos pede.
+ Jesus não fez milagres
em Nazaré, porque
não acreditaram nele...
Só a fé dá condições para que os milagres
aconteçam...
- Hoje, afirma-se
que "Santo de casa não faz
milagre".
Por que será? A culpa é dele ou nossa?
- Conhecemos
pessoas, ignoradas ou rejeitadas na própria Comunidade,
que fazem grande sucesso lá fora? Por que será?
+ A Liturgia de
hoje nos apresenta três exemplos bonitos:
Ezequiel, Paulo e Jesus.
Diante das dificuldades, nenhum desistiu.
Lutaram e venceram.
* Nós também
podemos nos sentir na mesma situação:
O testemunho, que Deus nos chama a dar,
realiza-se,
muitas vezes, no meio de incompreensões e
oposições…
Frequentemente nos sentimos desanimados e
frustrados
porque não somos entendidos, nem acolhidos.
Temos a sensação de que estamos perdendo
tempo…
Jesus nos convida a nunca desanimar, nem
desistir:
Ele sabe como transformar um fracasso num
êxito.
Qual a nossa atitude?
- Nós continuamos
a ser a "Voz" de Deus na comunidade, na família,
mesmo diante das contrariedades e
adversidades?
- Valorizamos as
pessoas que atuam com dedicação em nossa comunidade,
acolhendo-as como a "Voz" de Deus?
Façamos nossa
profissão de fé, não apenas em Deus,
mas também nas pessoas
com quem convivemos…
E veremos, que os
santos de casa também farão milagres…
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, a
liturgia hoje nos propõe um grande desafio: Eu creio na Palavra de Deus
dependendo da Inteligência, ou creio dependendo da fé. Eu creio na Palavra de
Deus na medida que o anúncio é bastante estudado ou eu creio na Palavra de Deus
na medida que alguém se propõe a falar sobre a Palavra. Até onde o estudo me
ajuda a compreender a Palavra de Deus e até onde a minha fé me auxilia nesta
compreensão? Não são situações opostas; não é que você escolhe a inteligência,
o estudo ou escolhe a fé. Não. São complementares.
Veja a primeira leitura. Hoje
temos Ezequiel. Ezequiel é um grande
profeta, um dos profetas maiores; maiores não porque eram mais importantes,
mais porque escreveram mais coisas. O profeta Ezequiel é tido como um grande
mestre da Palavra de Deus no seu tempo. Entretanto, diz o texto de hoje, que o
povo de seu tempo era de cabeça tão dura, que nem ele pode transmitir aquilo
que era para ser falado, a ponto que Deus lhe diz; se eles ouvem ou não, se
eles acolhem ou não, o importante é que nós fizemos a nossa parte. Então, não é importante você ser um
especialista para falar da Palavra de Deus. É importante que do outro lado as
pessoas estejam com o coração aberto e de mente aberta. Caso contrário você
pode tentar o máximo. Também, se nós tivermos o coração aberto e a mente
aberta, mesmo que não seja um grande pregador, nós vamos ouvir, acolher e viver
a Palavra de Deus. Então, o que é importante para que eu possa acolher a Palavra
de Deus? Estar disposto. Se eu não estiver disposto, posso utilizar todos os
recursos do mundo e não conseguir transmitir a Palavra, porque o ouvinte não
está disposto a acolher esta Palavra. Este é um aspecto importante. Agora, às
vezes, nós, enquanto seres humanos, não nós aqui presentes, mas todos, às vezes
temos a coragem de dizer; não queremos ouvir a Palavra e pronto. São Paulo vai
anunciar no areópago, grande lugar do saber, ali todos pregavam, todos que
estavam ali queriam ouvir as grandes novidades, teorias novas; era uma forma de
se atualizar, ir lá para ouvir. São Paulo vai aproveitar para dizer; olha, eu
vejo que vocês são muito interessados e muito religiosos, porque vocês tem um
altar para cada deus e aqui tem um lugar para o Deus desconhecido. Então, eu
vim anunciar quem é esse Deus desconhecido. Eles pararam para ouvir, porque, a
final de contas... a hora que ele começou a falar da ressurreição, eles
disseram; não queremos mais te ouvir. Quem sabe um outro dia. Hoje não temos
tempo para ouvir esta palavra. Então, foram muito sinceros; não queremos ouvir
e pronto. Mas, tem aqueles que não tem coragem de dizer “eu não vou ouvir” e
tentam desqualificar a Palavra. Um exemplo é dizer que Jesus era possuído por
Belzebu, por isso faz o que faz. Aí Jesus vai dizer; “como é que satanás pode
expulsar satanás? Se está dividido contra si mesmo, então este reino não tem
força. Outra forma de desqualificar Jesus é o Evangelho de hoje; Eles estão
encantados com esse Jesus que realiza milagres, que faz belas pregações, mas
não querem acolher. Então dizem: escuta, onde Ele aprendeu tudo isso? Não é ele
carpinteiro, nós conhecemos sua família toda, seus irmãos, suas irmãs e agora
ele vem querer nos dar lição de moral? Jesus é muito simples. Ele diz: um
profeta só não é bem recebido em sua casa. Por que? Porque quanto mais nós
temos contato com as pessoas, mais conhecemos essas pessoas. Então, eu não
tenho dúvida nenhuma, de que aqueles que se aproximam mais do “padre”, vão
conhecer, além do padre, o ser humano. Aí vai ter uma visão diferente do que o
padre prega, porque sabe que nem sempre vive o que ele prega, do que aqueles
que não o conhecem e admiram uma grande pregação, dizendo: olha que maravilha e
não sabem se ele vive ou não o que prega. Então, quanto mais próximos nós
estamos das pessoas, maior a dificuldade de acolher o que estas pessoas falam
sobre Deus. Muitos comentam comigo assim; olha, você que não sai da igreja
pensa desse jeito, imagina se você não fosse na igreja então? Para falar então?
Escute, você não é nenhum santo, não é todo certinho, não. Te conheço muito
bem! Esta é a realidade de quem convive com os pregadores e aqueles que falam e
procuram anunciar a Palavra. O problema não está em quem anuncia, porque a
grande vantagem de ser apóstolo de Jesus Cristo, e isto todos nós somos, ide,
pregai o Evangelho a todos os povos, batizando em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, então, aqueles que são os apóstolos de Jesus Cristo, eles tem
vantagens, comparados com apóstolos de outros. Qual é a vantagem? A mesma
palavra que eu dirijo para você, ela volta para mim. Não é preciso que eu me
torne um santo, que atinja a perfeição, para poder anunciar a Palavra. Não. Com
toda nossa limitação que Deus conta para que a Palavra seja anunciada. Aí vamos
entender São Paulo, que reclama desse espinho da carne. Para alguns, ele tinha
problema de visão. De tal maneira que ele não se conformava; como ele pode
escrever, tem tanta coisa para escrever e não enxerga. Então, tinha que ter um
ajudante. E, como garantir que ele está escrevendo exatamente o que eu falo? Aí
o grande drama de Paulo; ter que confiar, também nele, na Palavra. É evidente,
que quem crê na Palavra de Deus, tem que confiar na Palavra, a começar pelas
palavras das pessoas. Outros dizem que ele tinha problema de nervo ciático; não
conseguia andar muito tempo. E isto para ele, modo de dizer, era grande morte,
porque ai de mim se não evangelizar; tenho que viajar, tenho que andar, eu não
tenho tanto tempo, assim, para anunciar a Palavra. E se sentia, assim,
amarrado, impedido de fazer mais do que ele gostaria, fazendo menos. Só que São Paulo vai ser alguém de gênio
muito forte; ninguém vai conseguir trabalhar com ele muito tempo. Encrenqueiro,
logo briga com os companheiros. Então, veja que na realidade, São Paulo se
torna um exemplo para nós, daquele que é um pregador por excelência, mas que
tem os seus limites, suas limitações. O absurdo está que em Jesus, ninguém
apresenta uma limitação. Ninguém. De fato, Ele é a Palavra de Deus feito carne.
De tal maneira que não dá para falar dos defeitos de Jesus, mas dá para dizer:
da onde Ela tira toda essa sabedoria?
Então,
meus irmãos e irmãs, essa contemplação da Palavra, nesse final de semana,
mostra que só não evangelizamos se não quisermos. E só não acolhemos a Palavra
que nos é anunciada, se não quisermos também.
Porque todos nós temos limitações, todos temos nossas dificuldades,
todos nós temos os nossos problemas. Um
deles, às vezes, é o dinheiro. Olha o salmo de hoje: fica claro; • Eu levanto
os meus olhos para vós, / que habitais nos altos céus. Como os olhos dos
escravos estão fitos / nas mãos do seu senhor.
•
Como os olhos das escravas estão fitos / nas mãos de sua senhora, / assim os
nossos olhos, no Senhor, / até de nós ter piedade.
•
Tende piedade, ó Senhor, tende piedade; / já é demais esse desprezo! / Estamos
fartos do escárnio dos ricaços / e do desprezo dos soberbos!
Então, é alguém que de fato
tem problemas financeiros, mas nem por isso deixa de louvar a Deus. Então, seja
que situação for, cada um de nós é convidado a acolher essa Palavra e a se
dispor a anunciar para todos. Uma maneira muito prática de anunciar a Palavra é
viver em harmonia no lar, no trabalho, nas diversões, etc.
Louvado seja nosso Senhor
Jesus Cristo.
PE. PEDRINHO.
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Homilia de D. Henrique Soares
O Evangelho
deste Domingo apresenta-nos Jesus na sua Nazaré. Ali mesmo, na sua própria
cidade, onde nascera e fora criado, os seus o rejeitam: "'Este homem não é o
carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão?
Suas irmãs não moram aqui conosco?' E ficaram escandalizados por causa
dele". Assim, cumpre-se
mais uma vez a Escritura: "Veio
para o que era seu e os seus não o receberam" (Jo 1,11). E a falta de
fé foi tão grande, a dureza de coração, tão intensa, a teimosia, tão pertinaz,
que São Marcos afirma, de modo surpreendente: "Ali
não pôde fazer milagre algum!", tão grande era a falta de fé daquele
povo.
Meus caros, pensemos bem na advertência que esta Palavra de Deus nos faz! O
próprio Filho do Pai, em pessoa, esteve no meio do seu povo, conviveu com ele,
falou-lhe, sorriu-lhe, abraçou-lhe e, no entanto, não foi reconhecido pelos
seus. E por quê? Pela dureza de coração, pela insistência teimosa em esperar um
messias de encomenda, sob medida, a seu bel prazer... Valia bem para Israel a
censura da primeira leitura de hoje, na qual o Senhor Deus se dirige a seu
servo: "Filho do homem,
eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. A estes
filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou-te enviar, e tu lhes dirás:
'Assim fala o Senhor Deus'. Quer escutem, quer não, ficarão sabendo que houve
entre eles um profeta!"Que coisa tremenda, meus caros: houve entre os
israelitas um profeta, e mais que um profeta: o Filho de Deus, o Eterno, o
Filho amado... E Israel o rejeitou!
Mas, deixemos Israel. E nós? Acolhemos o Senhor que nos vem? Escutamos com fé
sua Palavra, quando ele se dirige a nós na Escritura, aquecendo nosso coração?
Acolhemo-lo na obediência da fé, quando ele se nos dirige pela boca da sua
Igreja católica, ensinando-nos o caminho da vida? Acolhemo-lo, quando nos fala
pela boca de seus profetas? Não tenhamos tanta certeza de que somos melhores
que aqueles de Nazaré! Aliás, é bom que nos perguntemos: por que os nazarenos
não foram capazes de reconhecer Jesus como Messias? Já lhes disse: porque o Senhor
não era um messias do jeito que eles esperavam: um simples fazedor de milagres,
um resolvedor de problemas... Jesus, pobre, manso, humilde, era também exigente
e pedia do povo a conversão de coração. Mas, há também uma outra razão para os
nazarenos rejeitarem Jesus: eles foram incapazes de ver além das aparências. De
fato, enxergaram em Jesus somente o filho de José, aquele que correra e
brincara nas suas praças, aquele ao qual eles haviam visto crescer. Assim, sem
conseguir olhar com mais profundidade, empacaram na descrença. Mas, nós,
conseguimos olhar com profundidade? Somos capazes de escutar na voz dos
ministros de Cristo a própria voz do Senhor? Somos sábios o bastante para ouvir
na voz da Igreja a voz de Cristo?
É exatamente pela tendência nossa, tremenda, de sermos surdos ao Senhor, que
Jesus tanto sofreu e que Paulo se queixava das dificuldades do seu ministério.
O Apóstolo fala de um anjo de Satanás que o esbofeteava. Que anjo era esse? Ele
mesmo explica: suas "fraquezas,
injúrias, necessidades, perseguições e angústias sofridas por amor de
Cristo". O drama de
Paulo é uma forte exortação aos pregadores do Evangelho e a todos os cristãos.
Aos pregadores do Evangelho essa palavra do Apóstolo recorda que o anúncio será
sempre numa situação de pobreza humana, de apertos e contradições. A
evangelização, caríssimos, não é um trabalho de marketing televisivo como vemos
algumas vezes nos "missionários" dos meios de comunicação. O
Evangelho do Cristo crucificado e ressuscitado, é proclamado não somente pela
palavra do pregador, mas também pela carne de sua vida. Como proclamar a
Palavra sem sofrer por ela? Como anunciar o Crucificado que ressuscitou sem
participar da sua cruz na esperança firme da sua ressurreição? O Evangelho não
é uma teoria, não é um sistema filosófico. O Evangelho é Cristo Jesus encarnado
na nossa vida, de modo que possamos dizer como São Paulo: "Eu trago no meu corpo as
marcas de Jesus" (Gl 6,17) Triste
do pregador que pensar em anunciar Jesus conservando-se para si mesmo. Um
diácono, um padre, um bispo, que quisessem se poupar, que separasse a pregação
do seu modo de viver, que fosse pregador de ocasião, tornar-se-ia um falso
profeta, transformar-se-ia em marketeiro do Evangelho, portanto, inútil e
estéril. É toda a vida do pregador que deve ser envolvida na pregação: seu modo
de viver, de agir, de vestir, de relacionar-se com os bens materiais, sua vida
afetiva, seu modo de divertir-se, seu tipo de amizade... Tudo nele dever ser
comprometido com o Senhor e para o Senhor!
Mas, essa palavra de São Paulo na liturgia de hoje vale também para cada
cristão. Hoje, somos minoria. O mundo não-crente, seculartizado zomba de nós e
já não crê no anúncio de Cristo que lhe fazemos. Sentimos isso na pela! Pois
bem, quando experimentarmos a frieza e a dura rejeição, quando em casa, no
trabalho, nos círculos de amizades, formos ignorados ou ridicularizados por
sermos de Cristo, recordemos do Evangelho de hoje, recordemo-nos dos
sofrimentos dos apóstolos e retomemos a esperança: o caminho de Cristo é também
o nosso; se sofrermos com ele, com ele reinaremo; se morrermos com ele, com ele
viveremos (cf. 2Tm 2,11-12) Não tenhamos medo: nós somos as testemunhas, os
profetas, os sinais de luz que Deus envia ao mundo de hoje! Sejamos fiéis: o
Senhor está conosco, hoje e sempre. Amém.
D.
Henrique Soares
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Para a Celebração
da Palavra: (Diáconos ou Ministros da Palavra):
LOUVOR: (QUANDO O
PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- - COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, convertei o
nosso coração para Vós.
- Senhor, nosso Deus e Pai!
Vos louvamos e agrademos pelo vosso amor. Muito nos amais nos enviando o vosso
Filho único; Bendito sejais para sempre!
T: Senhor, convertei o
nosso coração para Vós.
- Senhor, nosso Deus e Pai!
Pelo batismo nos tornastes vossos profetas para anunciar o vosso amor a todos
os vossos filhos e filhas. Vós sois a nossa força; vinde sempre em nosso
auxílio!
T: Senhor, convertei o
nosso coração para Vós.
- Senhor, nosso Deus e Pai!
Muitas vezes pensamos em nossos projetos e não no vosso projeto. Transformai o
nosso coração para que tenhamos mais amor ao vosso Reino.
T: Senhor, convertei o
nosso coração para Vós.
- Senhor, nosso Deus e Pai!
Enviai-nos o Espírito Santo para nos iluminar e nos encorajar na ação de cada
dia.
T: Senhor, convertei o
nosso coração para Vós.
- Pai nosso... A paz de
Cristo... Cordeiro de Deus
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