quinta-feira, 27 de agosto de 2015

22º DOMINGO DO Tempo Comum, Homilias, Homilias dominicais, subsídios para o domingo,

22º DOMINGO DO T. COMUM Ano B (adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Tema: Uma reflexão sobre a “Lei”. Deus quer a vida plena para o homem e propõe-lhe a sua “Lei”.
A primeira leitura garante-nos que as “leis” e preceitos de Deus são um caminho seguro para a vida em plenitude. No Evangelho, Jesus denuncia que não basta cumprir as leis externamente, mas fazer da vida uma contínua conversão para Deus e um compromisso de amor e de partilha para com os irmãos.
A segunda leitura: A Palavra escutada e acolhida no coração tem de tornar-se um compromisso de amor.

6. PRIMEIRA LEITURA (Dt 4,1-2.6-8) Leitura do Livro do Deuteronômio.
Moisés falou ao povo, dizendo: “Agora, Israel, ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais e entreis na posse da terra prometida pelo Senhor Deus de vossos pais. Nada acrescenteis, nada tireis à palavra que vos digo, mas guardai os mandamentos do Senhor vosso Deus que vos prescrevo.  Vós os guardareis, pois, e os poreis em prática, porque neles está vossa sabedoria e inteligência perante os povos, para que, ouvindo todas estas leis, digam: ‘Na verdade, é sábia e inteligente esta grande nação!’. Pois, qual é a grande nação cujos deuses lhe são tão próximos como o Senhor nosso Deus, sempre que o invocamos? E que nação haverá tão grande que tenha leis e decretos tão justos, como esta lei que hoje vos ponho diante dos olhos?”

AMBIENTE - O Livro do Deuteronômio é aquele “livro” descoberto no Templo no do reinado de Josias (622 a.C.). O livro apresenta: há um só Deus, que deve ser adorado; Moisés deixa ao Povo uma espécie de “testamento espiritual”: lembra aos hebreus os compromissos assumidos para com Jahwéh. O capítulo 4 do Livro do Deuteronômio é um texto redigido na fase final do Exílio do Povo de Deus na Babilónia. Impressionado com o esplendor ritual e as solenidades do culto babilônico, o Povo corria o risco de trocar Jahwéh pelos deuses babilónicos. É neste contexto que os teólogos vão convidar o Povo a olhar para a sua história, a redescobrir nela a presença salvadora e amorosa de Jahwéh e a comprometer-se de novo com Deus e com a Aliança.

MENSAGEM: O Deus que, no passado, interveio na história para libertar Israel agora oferece leis e preceitos.
As leis e preceitos são caminhos da felicidade. Israel deve ter cuidado para não adulterar as leis que Deus lhe propõe. Há sempre o perigo de os homens suavizarem a Palavra de Deus, de forma a que ela não seja tão exigente, atribuindo a Deus ideias e propostas com as quais Deus não tem nada a ver. O povo nem sempre cumpriu as leis e que o Senhor lhe propôs. É essa  a preocupação que o catequista deuteronomista nos propõe.

ATUALIZAÇÃO à O autor vê nas leis e preceitos de Deus um caminho seguro para a felicidade e para a vida em plenitude.
à Palavra de Deus é um caminho sempre atual, que liberta o homem da escravidão do egoísmo e que o conduz ao encontro da verdadeira vida e da verdadeira liberdade: salva-nos do egoísmo, do orgulho, da autossuficiência e projeta-nos para o amor, para a partilha, para o serviço, para o dom da vida.
à Uma das insistentes recomendações é a de não adulterar a Palavra de Deus, ao sabor dos interesses pessoais. Este processo de discernimento é mais fácil quando é feito em comunidade, no diálogo e no confronto com os irmãos que caminham conosco, que nos questionam e que partilham conosco a sua perspectiva das coisas.
à  Sem a escuta da Palavra, a nossa ação torna-se um “fazer coisas” estéril e vazio que, mais tarde ou mais cedo, nos leva a perder o sentido do nosso testemunho e do nosso compromisso.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 14 (15)
Senhor, quem morará em vossa casa e no vosso monte santo habitará?
• É aquele que caminha sem pecado / e pratica a justiça fielmente; / que pensa a verdade no seu íntimo / e não solta em calúnias sua língua.
• Que em nada prejudica o seu irmão, / nem cobre de insultos seu vizinho; / que não dá valor algum ao homem ímpio, / mas honra os que respeitam o Senhor.
• Não empresta o seu dinheiro com usura, / nem se deixa subornar contra o inocente. / Jamais vacilará quem vive assim!

10. EVANGELHO (Mc 7,1-8.14-15.21-23)   Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre. Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” Jesus respondeu: “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”. Em seguida, Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Escutai todos e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidade, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem”.

AMBIENTE - A proposta de Jesus provoca reações nos líderes judaicos, no povo e nos próprios discípulos.
Pouco antes, Jesus tinha realizado a multiplicação dos pães, propondo, com o seu gesto, um mundo novo de fraternidade, de serviço e de partilha (o “Reino de Deus”); e os líderes judaicos, sem coragem para enfrentar diretamente a Jesus, escolhem os discípulos como alvo das suas críticas… esses fariseus, fanáticos da Lei, vão questionar os discípulos de Jesus acerca da forma como eles cumprem a “tradição dos antigos”. Para os fariseus, a “tradição dos antigos” abrangia um imenso conjunto de leis orais onde apareciam as decisões e as sentenças dos rabis acerca dos mais diversos temas. Na época de Jesus, essa “tradição dos antigos” constava de 613 leis. Essas leis – que o Povo tinha dificuldade em conhecer na sua totalidade e que tinha, ainda mais, dificuldade em praticar – eram, para os fariseus, o caminho para tornar Israel um Povo santo e para apressar a vinda libertadora do Messias. Quando Marcos escreveu o seu Evangelho (década de 60), a questão do cumprimento da Lei judaica ainda era uma questão “quente”. Para os cristãos vindos do judaísmo, a fé em Jesus devia ser complementada com o cumprimento rigoroso das leis judaicas… No entanto, a imposição dos costumes judaicos levaria, certamente, ao afastamento dos cristãos vindos do paganismo. A questão que era preciso equacionar era a seguinte: o cumprimento da Lei de Moisés era importante, para a comunidade cristã? O Concílio de Jerusalém (por volta do ano 49) já havia dado uma primeira resposta à questão: para os cristãos, o fundamental é a pessoa de Jesus e o seu Evangelho; não é lícito impor aos cristãos vindos do paganismo o fardo da Lei de Moisés. No entanto, o problema continuou. É, provavelmente, a esta temática que o evangelista Marcos quer responder.

MENSAGEM - Os povos antigos sentiam um grande desconforto quando tinham de lidar com certas realidades desconhecidas e misteriosas (ligadas à vida e à morte) que não podiam controlar nem dominar. Criaram, então, um conjunto de regras que interditavam o contato com essas realidades (os cadáveres, o sangue, a lepra, etc.) ou que, pelo menos, regulamentavam a forma de lidar com elas, de forma a torná-las inofensivas. No contexto judaico, quem infringia – mesmo involuntariamente – essas regras colocava-se na marginalidade e de indignidade que o impedia de se aproximar do mundo divino (o culto, o Templo) e de integrar a comunidade do Povo santo de Deus. Dizia-se que a pessoa ficava “impura”. Para readquirir o estado de “pureza” e poder reintegrar a comunidade do Povo santo, o crente necessitava realizar um rito de “purificação”, estipulado na “Lei”.
Na época de Jesus, as regras da “pureza” tinham sido absurdamente ampliadas pelos doutores da Lei. Na opinião dos rabis de Israel, existia uma lista imensa de coisas que tornavam o homem “impuro” e que o afastavam da comunidade do Povo santo de Deus. Daí a obsessão com os rituais de “purificação”, que deviam ser cumpridos a cada passo da vida diária. Um desses ritos consistia na lavagem das mãos antes das refeições. Na sua origem está a universalização do preceito que mandava os sacerdotes lavarem os pés e as mãos, antes de se aproximarem do altar para o exercício do culto. Na perspectiva dos doutores da Lei, a purificação das mãos antes das refeições não era uma questão de higiene, mas uma questão religiosa… Em cada momento o crente corria o risco, mesmo sem o saber, de tropeçar com uma realidade impura e de lhe tocar; para evitar que a “impureza” (que lhe ficara agarrada às mãos) se introduzisse, juntamente com os alimentos, no corpo exigia-se a lavagem das mãos antes das refeições.
Na Galileia, terra em permanente contato com o mundo pagão e onde as normas de “pureza” não eram tão rígidas como em Jerusalém, não se dava demasiada importância ao ritual de lavar as mãos antes das refeições para evitar a ingestão da “impureza”. Os fariseus vindos de Jerusalém, testemunhando como os discípulos comiam sem realizar o gesto ritual de purificação das mãos, ficaram escandalizados e referiram o caso a Jesus. Provavelmente, a história serviu aos fariseus para sondar Jesus e para averiguar a sua ortodoxia e o seu respeito pela tradição dos antigos.
Para Jesus, a obsessão dos fariseus com os ritos externos de purificação é sintoma de uma grave deficiência quanto à forma de ver e de viver a religião; por isso, Jesus responde com dureza… Partindo da Escritura, Jesus denuncia essa vivência religiosa que aposta apenas na repetição de práticas externas e formalistas, mas que não se preocupa com a vontade de Deus (“este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”) ou com o amor aos irmãos. Trata-se de uma religião vazia e estéril (“é vão o culto que Me prestam”), que não vem de Deus mas foi inventada pelos homens (“preceitos humanos”). Àqueles que apostam na religião dos ritos estéreis, Jesus chama “hipócritas”: interessa-lhes mais o “parecer” do que o “ser” das coisas… Eles cumprem as regras, mas não amam; vestem com fingimento a máscara da religião, mas não se preocupam com a vontade de Deus. Esta religião é uma mentira, uma hipocrisia, ainda que se revista de ares muito santos e muito piedosos.
Jesus dirige-Se à multidão: “não há nada fora do homem que ao entrar nele o possa tornar impuro; o que sai do homem é que o torna impuro”. “do interior do homem é que saem os maus pensamentos: imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão, inveja, difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem lá de dentro e tornam o homem impuro”. Os alimentos que entram no estômago não são fonte de “impureza”; os pensamentos e as ações más que saem do coração do homem é que são fonte de “impureza”: fastam o homem de Deus e da comunidade do Povo santo.
Na antropologia judaica, o “coração” é o “interior do homem” em sentido amplo; é aí que está a sede dos sentimentos, dos desejos, dos pensamentos, dos projetos e das decisões do homem. É nesse “centro vital” de onde tudo parte que é preciso atuar. A verdadeira religião não passa, portanto, pelo cumprimento de regras externas, que regulam o que o homem come ou não come; mas passa por uma autêntica conversão do coração, que leve o homem a deixar a vida velha e a transformar-se num Homem Novo, que assume e que vive os valores do Reino. A preocupação com as regras externas de “pureza” é uma preocupação estéril; pode até servir para distrair o crente do essencial, dando-lhe uma falsa segurança e uma falsa sensação de estar em dia com Deus. A verdadeira preocupação do crente deve ser moldar o seu coração, a fim de que os seus sentimentos, os seus desejos, os seus pensamentos, os seus projetos, as suas decisões se concretizem, no dia a dia, na escuta atenta dos desafios de Deus e no amor aos irmãos.

ATUALIZAÇÃO
à As “leis” têm o seu lugar numa experiência religiosa, enquanto sinais indicadores de um caminho a percorrer. No entanto, é preciso que o crente tenha o discernimento suficiente para dar à “lei” um valor justo, vendo-a apenas como um meio para chegar mais além no compromisso com Deus e com os irmãos. A finalidade da nossa experiência religiosa não é cumprir leis, mas aprofundar a nossa comunhão com Deus e com os outros homens sendo, eventualmente, ajudados nesse processo por “leis” que nos indicam o caminho a seguir.
à Se fizermos das leis algo de absoluto, elas podem tornar-se para nós um fim e não um caminho. Nesse caso, as “leis” serão, em última análise, uma forma de acalmar a nossa consciência, de nos julgarmos em dia com Deus, de sentirmos que Deus nos deve algo porque nós cumprimos todas as regras estabelecidas. Tornamo-nos orgulhosos e autossuficientes, pois sentimos que somos nós que, com o nosso esforço para estar em regra, conquistamos a nossa salvação. Deixamos de precisar de Deus, ou só precisamos d’Ele para apreciar o nosso esforço e para nos dar aquilo que julgamos ser uma “justa recompensa”. O culto que prestamos a Deus pode tornar-se, nesse caso, um processo interesseiro de compra e venda de favores e não uma manifestação do amor que nos enche o coração. A nossa religião será, nesse caso, uma mentira, uma negociata, que Deus não aprecia nem pode caucionar.
à De acordo com os ensinamentos de Jesus, não é muito religioso ou muito cristão quem aceita todas as “leis” propostas pela Igreja, ou quem cumpre escrupulosamente todos os ritos; mas é cristão verdadeiro aquele que, no seu coração, aderiu a Jesus e procura segui-lo no caminho do amor e da entrega, que aceita integrar a comunidade dos discípulos, que acolhe com gratidão os dons de Deus, que celebra a fé em comunidade, que aceita fazer com os irmãos uma experiência de amor partilhado.
à É isso que Jesus quer dizer quando convida os seus discípulos a não se preocuparem com as leis e os ritos externos, mas a preocuparem-se com o que lhes sai do coração. É no interior do homem que se definem os sentimentos, os desejos, os pensamentos, as opções, os valores, as ações do homem. É daí que nascem os nossos gestos injustos, as discórdias e violências que destroem a relação, as tentativas de humilhar os irmãos, os rancores que nos impedem de perdoar e de aceitar os outros, as opções que nos fazem escolher caminhos errados e que nos escravizam a nós e àqueles que caminham ao nosso lado… A verdadeira religião passa por um processo de contínua conversão, no sentido de nos parecermos cada vez mais com Jesus e de acolhermos a proposta de Homem Novo que Ele nos veio fazer.
à É preciso mantermo-nos livres e críticos em relação às “leis” que nos são propostas, sejam elas leis civis ou religiosas... Elas servem-nos e devem ser consideradas se nos ajudarem a ser mais humanos, mais fraternos, mais justos, mais comprometidos, mais coerentes, mais “família de Deus”; elas deixam de servir se geram escravidão, dependência, injustiça, opressão, marginalização, divisão, morte. O processo de discernimento das “leis” boas e más não pode, contudo, ser um processo solitário; mas deve ser um processo que fazemos, com o Espírito Santo, na partilha comunitária, no confronto fraterno com os irmãos, numa procura coerente e interessada do melhor caminho para chegarmos à vida plena e verdadeira.

8. SEGUNDA LEITURA (Tg 1,17-18.21b-22.27) Leitura da Carta de São Tiago.
Irmãos bem-amados, todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem sombra de variação. De livre vontade ele nos gerou, pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas. Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada e que é capaz de salvar as vossas almas. Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo.

AMBIENTE - A carta certamente de um sábio judeu-cristão que repensa, de maneira original, as máximas da sabedoria judaica, em função do cumprimento que elas encontraram na boca e no ensinamento de Jesus.
A carta Denuncia, sobretudo, certas interpretações consideradas abusivas da doutrina paulina da salvação pela fé, sublinhando a importância das obras; e ataca com extrema severidade os ricos (cf. Tg 1,9-11; 2,5-7; 4,13-17; 5,1-6).

MENSAGEM - como os crentes devem ver e acolher a Palavra de Deus…
1.            Deus oferece continuamente os seus dons, a fim de lhe proporcionar vida e felicidade. A Palavra de Deus é um dom que destina-se a gerar uma nova humanidade. Os iluminados pela “Palavra da verdade” podem caminhar em segurança em direção à vida plena, à felicidade sem fim.
2.            Os crentes devem estar disponíveis para acolher a Palavra de Deus. Não podem fechar-se no seu orgulho e autossuficiência, ignorando as propostas de Deus; mas devem abrir o coração para que a Palavra aí encontre lugar, aí possa lançar raízes e desenvolver-se.
3.            A Palavra têm de conduzir à ação, à conversão, à mudança, ao abandono da vida velha do egoísmo e do pecado, a fim de abraçar uma vida segundo Deus. A Palavra de Deus também não pode fechar o homem num espiritualismo alienante e estéril, mas tem de conduzir a um compromisso efetivo com a transformação do mundo.
4.            a religião autêntica (por oposição à religião vazia, inoperante, morta, daqueles que falam muito mas não praticam ações coerentes com as suas palavras): “visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e conservar-se limpo do contágio do mundo”. A escuta atenta da Palavra de Deus nos projeta para a ação e para o compromisso. A escuta da Palavra de Deus leva o crente a passar de uma religião ritual, legalista, externa, superficial, para uma religião de compromisso com a realização do projeto de Deus e com o amor dos irmãos.

ATUALIZAÇÃO - à A Palavra de Deus é Palavra geradora de vida, de eternidade, de felicidade; por isso, deve ser por nós valorizada.
à Criamos hábitos de não escuta e tornamo-nos surdos aos apelos que chegam até nós através da palavra.
à A Palavra de Deus que escutamos e que acolhemos no coração deve conduzir-nos à ação. Se ficamos apenas pela escuta e pela contemplação da Palavra, ela torna-se estéril e inútil. É preciso transformar essa Palavra que escutamos em gestos concretos, que nos levem à conversão e que tragam um acréscimo de vida para o mundo. A Palavra de Deus que escutamos tem de nos levar ao compromisso – à luta pela justiça, pela paz, pela dignidade dos nossos irmãos, pelos direitos dos pobres, por um mundo mais fraterno e mais cristão.
à A nossa religião, sem a escuta atenta e comprometida da Palavra de Deus, pode facilmente tornar-se o mero cumprimento de ritos, a fidelidade a certas práticas de piedade, uma tradição que herdámos e na qual nos instalamos. É a Palavra de Deus que dá sentido a toda a nossa experiência religiosa, transformando-a numa verdadeira experiência de vida nova, de vida autêntica.
à As nossas palavras e orações devem ser a expressão do nosso amor filial e fraternal. A lei de Deus está inscrita no nosso coração, conhecemos a sua vontade, sabemos muito bem o que Lhe agrada: cabe a nós pormo-nos de acordo sobre os nossos comportamentos e sobre esta vontade de Deus. Aliás, falta-nos pedir-Lhe: “Que a tua vontade seja feita!” Então, talvez Deus dir-nos-á: “Honras-Me com os lábios, fazes a minha vontade, mas o teu coração está longe de Mim”.

Fonte: Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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A Lei de Deus
A Liturgia nos convida a refletir sobre o sentido da "LEI".
Deus quer a realização e a vida plena para o homem e, nesse sentido, propõe a sua "Lei" e o modo como ela deve ser
 observada.

Na 1a Leitura, o Povo de Deus recebe a LEI. (Dt 4,1-2.6-8)

No final da vida, antes de entrar na Terra Prometida, MOISÉS deixa um "testamento Espiritual": A LEI proposta por Deus. A LEI DE DEUS é sagrada, não pode ser alterada...
- A "Lei" de Deus representa uma Sabedoria desconhecida pelos outros povos, um meio de viver a Aliança com Deus, e assim chegar à Terra Prometida...
- A Observância da Lei será uma Resposta de gratidão a esse Deus libertador, que muitas vezes no passado agiu para salvar o seu Povo.
- A "Lei" de Deus é um Caminho seguro para a felicidade e a vida plena.

Na 2a leitura: SÃO TIAGO lembra:
"Sede CUMPRIDORES da Palavra, e não apenas ouvintes" (Tg 1,17-18.21-22.27)

* A Palavra de Deus devemos acolher e por em prática...
A Verdadeira Religião não consiste apenas no cumprimento de ritos e na fidelidade a certas práticas de piedade,
mas na dedicação em favor dos necessitados ("órfãos e viúvas"), no compromisso por um mundo mais fraterno e cristão.

No Evangelho, temos a atitude de CRISTO diante da LEI. (Mc 7,1-8.14-15.21-23)

Retomamos o Evangelho de Marcos...
- Os fariseus, que tramavam contra a vida de Cristo,
eram exigentes na observância externa das leis e se escandalizaram porque os apóstolos não faziam antes de comer os ritos de "purificação", prescritos por "preceitos humanos"...
- Cristo denuncia esse espírito mesquinho:
  "Hipócritas... Abandonais o Mandamento de Deus,  apegando-vos à tradição dos homens"

* Na VERDADEIRA RELIGIÃO, não basta apenas a observância externa da Lei e das "tradições humanas",
precisa também uma autêntica conversão do coração.
Deus olha o interior das pessoas e não as práticas exteriores e formais.
+ A LEI: um CAMINHO, não um fim.

- A "Lei" tem o seu lugar numa experiência religiosa, enquanto sinal indicador de um caminho a percorrer,
é um meio para chegar mais além no compromisso com Deus e com os irmãos.
- A verdadeira religião não se resume no cumprimento formal das "leis", mas num processo de conversão que leve o homem à comunhão com Deus e a viver numa real partilha de amor com os irmãos.
Nesse processo, as "leis" são apenas um caminho, não um fim absoluto...

+ A Lei o que é para nós?

- Nos contentamos apenas com a PRÁTICA EXTERNA,
  uma religião de tradição, talvez para salvar as aparências?
- Ou procuramos ter sempre um coração puro e
  disponível à voz de Deus e à voz de nossa consciência?

Cristo veio para nos libertar de uma religião exterior,
e nos levar a uma religião interior... "em espírito e verdade..."

E Nós? 
- Praticamos uma Religião como a dos fariseus, ou a verdadeira religião proposta por Jesus,
como expressão dum verdadeiro compromisso com o Reino de Deus?

Aos fariseus de hoje, Cristo continua denunciando: "Este povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim!"                          Pe. Antônio
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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Meus irmãos e irmãs, o mês de setembro é sempre dedicado à Palavra de Deus, é o mês da Bíblia. Isto, é para animar, incentivar os católicos a se aproximarem, cada vez mais, da leitura bíblica. Há cinquenta anos atrás, o Concílio Ecumênico declarou que a importância da Eucaristia é a mesma da Palavra de Deus. Da mesma maneira que eu venero a Eucaristia, devo venerar a Palavra de Deus. A partir daí, na reforma litúrgica, nós tivemos dois momentos distintos da Celebração Eucarística; Um, é a celebração da Palavra. E dois, a Celebração Eucarística. As duas Celebrações no mesmo pé de igualdade. De tal maneira, que quem venera a Eucaristia, deve venerar a Palavra e quem venera a Palavra, deve venerar a Eucaristia. Infelizmente, ainda vamos levar um tempo para que todo católico se dê conta disso. De qualquer forma, a partir da liturgia de hoje, podemos entender porque a litura da Bíblia é tão importante. De partida, já afirmo com segurança; Jesus nunca foi contra a higiene. Muito pelo contrário. Ele, como Deus feito homem, Ele veio para que todos tenham vida e vida em abundância. Tudo que concorre para uma melhor qualidade de vida, é vontade de Deus. Por que eu digo isto? Porque olhando a leitura, dá  a impressão de que não precisa lavar a mão, lavar o copo. Na realidade, o livro do Deuteronômio traz todas estas prescrições. Mas, por que isto foi feito? Porque na terra em que Jesus nasceu e viveu, a água é muito escassa. Então, as pessoas não tinham muito o hábito da higiene, exatamente pela dificuldade desse liquido precioso. Então, foi regulamentado, como vontade de Deus, normas que pudessem garantir saúde para estas pessoas. O problema é que depois de um determinado tempo, as pessoas achavam que bastava observar as leis da higiene e já eram tementes de Deus perfeito. E, Jesus vai dizer; não. Quem não tem fé também tem que que ter higiene. Higiene é algo que precisa ser observado por todos. Agora, quem teme o Deus vivo e verdadeiro, tem que ir além disto. Não pode honrar a Deus somente em obras, mas também com o coração. É isto que Jesus está nos alertando no dia de hoje. É claro, que no Antigo testamento já tinha dito isto; a partir do salmo que nós recitamos, você tem clareza do que de fato é servir a Deus.  Senhor, quem morará em vossa casa?
• É aquele que caminha sem pecado / e pratica a justiça fielmente; / que pensa a verdade no seu íntimo / e não solta em calúnias sua língua. Quem entra na casa do Senhor?
• Quem em nada prejudica o seu irmão, / nem cobre de insultos seu vizinho; / que não dá valor algum ao homem ímpio, / mas honra os que respeitam o Senhor. Quem habita na casa do Senhor?
• Quem Não empresta o seu dinheiro com usura, / nem se deixa subornar contra o inocente. / -
Então, é claro que o Antigo Testamento já tinha indicado uma prática diferenciada daqueles que temem o Senhor. Aí, são Tiago diz: isto também deve ser aplicado por nós cristãos. Então, meus irmãos, é interessante... o Papa Bento XVI já falava. São Tiago diz que a religião pura, diante do Deus Pai, é assistir aos órfãos, às viúvas e não se contaminar pelo mundo. É claro, que  a oração é importante, mas precisamos ir além. É claro, que ter devoção a um santo é importante, mas nós somos chamados a ir além disto. É evidente que nós nos preocuparmos com a religião é importante, mas ter um gesto concreto, uma prática de vida, de acordo com a Palavra de Jesus, é esperado de nós. Então, é interessante, que o Papa Bento XVI dizia: infelizmente, também entre nós, aqueles que acham que praticar a religião é se limitar a uma atividade. Não. Precisamos ir além. Como eu posso cumprir isto? Eu me lembro de um professor que dizia: você não vê galinha abandonada na rua, você não vê boi abandonado, você não vê nenhum tipo de animal que tenha valor abandonado. Você vê menor abandonado, você vê ser humano abandonado. – Nós não temos culpa disso. Eu tenho clareza comigo, que se dependesse de nós que estamos aqui, não haveria ninguém abandonado. Entretanto, também isto não é o suficiente. É preciso cada dia mais pensar o que mais podemos fazer, para minimizar o sofrimento do órfão, e a viúva, aqui simbolizando todo aquele que não tem a quem recorrer. Com certeza, a solução parte de nós. Não vai partir de nenhum político, nenhum super-homem, porque ninguém resolve os desafios sozinho. Então, o que fazer? Em primeiro lugar, ser pessoa honesta, coerente, não corrupta, sermos pessoas dispostas a defender a justiça, o amor e se nós vivermos isto e ensinarmos isto aos outros, já é um bom caminho. Certamente, quem procurar defender a justiça será perseguido. É aí que entra o valor da oração, o valor da prática religiosa, o valor de todos os santos, porque é aí que encontramos força para realizar aquilo que nós é pedido. Que Deus, portanto, nos dê força e coragem para vivermos a Palavra que contemplamos.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO.

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Homilia de D. Henrique Soares

A palavra de Deus deste XXII Domingo chama atenção para o modo como o cristão deve viver sua prática religiosa: com sinceridade diante de Deus, humildade e amor para com os outros e não de forma legalista, fria e auto-suficiente. Com efeito, Jesus critica duramente os escribas e fariseus, que vieram de Jerusalém para observá-lo e questioná-lo. Qual é o problema deles? Certamente eram homens piedosos e queriam seguir a Lei de Deus. O problema era o espírito com o qual faziam: extremamente legalista. Vejamos:
1) A lei de Deus (para os judeus, expressa na Torah) é santa: “Agora, Israel, ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir... Nada acrescentareis, nada tirareis à palavra que vos digo, mas guardai os mandamentos do Senhor vosso Deus...” (1a. leitura). Ora, o zelo dos fariseus e dos escribas eram tais e com uma mentalidade de tanto apego à letra pela letra, que se tornaram extremamente legalistas. Eles diziam: “Façamos uma cerca em torno da Lei”, ou seja, criaram pouco a pouco um número enorme de preceitos para evitar qualquer desobediência, ao menos remota, à lei. Preceitos humanos que foram obscurecendo a pureza da lei de Deus e sua característica de ser sinal de amor. Por exemplo: (a) A Lei dizia que o castigo não poderia ultrapassar as quarenta varadas. Os fariseus permitam somente trinta e nove, para evitar qualquer perigo de ultrapassar a conta da lei. (b) A lei proibia o trabalho no sábado. Os escribas e fariseus insistiam que até carregar o instrumento de trabalho no sábado era já um pecado: o alfaiate não poderia carregar sua agulha no sábado. (c) A lei prescrevia abluções (banhos rituais para o culto) só para os sacerdotes. Os fariseus queriam impô-las a todo o povo. A intenção era boa.... mas o resultado, não: tornava a religião algo pesado, legalista e apegado a tantos detalhes que fazia esquecer o essencial: o amor a Deus e ao irmão! Os preceitos humanos obscureciam a intenção divina! 
2) A Lei não fora dada para ser um fardo que tira a liberdade e entristece a vida, mas como sinal do amor de Deus, que orienta e indica o caminho com ternura: “Vós os guardareis... porque neles está a vossa sabedoria e inteligência... Ouve as leis que vos ensino a cumprir para que vivais e entreis na posse da terra prometido pelo Senhor Deus” (1a. leitura). A lei e toda prática religiosa devem ser caminho de vida, e não um fardo insuportável e asfixiante, tornando a religião algo tristonho e pesado, como se fosse obra de um Deus ciumento e invejoso da nossa felicidade! Jesus critica os fariseus e os escribas por isso: tornaram a religião um fardo pesado e triste, ao invés de ser primeiramente um relacionamento com Deus, íntimo, feliz e amoroso! 
3) Jesus censura também os escribas e fariseus pela incapacidade de distinguir entre o essencial e o secundário; em discernir o que vem Deus e o que é meramente prática e tradição humanas, talvez boas e louváveis, mas não essenciais. Em matéria de religião, nem tudo tem igual valor, nem tudo tem a mesma importância. A medida de tudo é o amor: o amor é a plenitude da lei (Rm 13,10); só o amor dá sentido a todas as coisas! 
3) Outro motivo de crítica é que uma religião assim, apegada a preceitos exteriores, torna-se desatenta do coração, sem olhar a intenção com que se faz e se vive. Cai-se na hipocrisia (a palavra hipócrita vem dehypokrités = ator teatral): uma religião meramente exterior, sem aquelas atitudes interiores, que são as que importam realmente: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam!” (evangelho). É sério: a atitude exterior (lábios) não combina com o interior (coração)! As práticas externas valem quando são sinal de um compromisso interior de amor e conversão em relação a Deus. É importante observar que Jesus não condena as práticas exteriores, mas a sua supervalorização e a sua atuação sem sinceridade: “Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas”(Mt 23,23). 
4) Há também o perigo da auto-suficiência: a pessoa sente-se segura de si mesma por causa de suas práticas: “Ah, eu vou à missa todo domingo, rezo o terço e dou esmola! Estou em dia com Deus!” O homem nunca está em dia com Deus. Pensar assim, é deixar de perceber que tudo é graça e que jamais mereceremos o amor que Deus nos tem gratuitamente. Sem contar que tal atitude nos leva, muitas vezes, a nos julgar melhores que os outros, desprezando os que julgamos mais fracos ou imperfeitos! Era exatamente o que ocorria com os fariseus: “Este povo que não conhece a lei são uns malditos!” (Jo 7,49); “Tu nasceste todo no pecado e nos ensinas?” (Jo 9,34); “Ó Deus, eu te dou graças porque não sou como o resto dos homens, ladrões, injustos, adúlteros, nem como este publicano!” (Lc 18,11). É interessante comparar estas atitudes com as que São Paulo recomenda aos cristãos em Rm 12,3-13. 
5) Jesus convida a ir ao essencial: vigiar as intenções e atitudes do nosso coração, pois “o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior” (evangelho). Com um coração puro, poderemos reconhecer que tudo de bom que temos é dom de Deus (“Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai das luzes!” – 2a. leitura) e que, diante dele, somos sempre pobres e pecadores, necessitados de sua misericórdia. Isto nos abre de verdade para o amor aos outros e para a compaixão: somos todos pobres diante de Deus: “A religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo”. 
6) Concluindo:
Como vai nossa prática religiosa, pessoal e comunitariamente? Buscamos um relacionamento amoroso, íntimo e pessoal com o Senhor ou nos contentamos com uma prática meramente exterior? Julgamo-nos melhores que os outros diante de Deus? Às vezes dizemos: “Eu não merecia este mal...” – julgando-nos credores de Deus! Dizemos também: “Há tanta gente pior que eu; por que aconteceu comigo?” – julgando-nos melhores que os outros!
O que é mais importante na nossa vida de fé? E na nossa vida em comunidade? O salmo de meditação da missa de hoje dá ótimas pistas para uma exame de consciência.
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             Vivemos num mundo de muitos mestres, de muitas opiniões, de muita gente entendida sobre tudo que fala sobre tudo... Há tantos caminhos, tantas propostas, tanta gente com ares de sábio... Os meios de comunicação nos propõem tantas coisas: livros, televisão, rádio, Internet, jornais, revistas... E, no entanto, para nós, que cremos, o Senhor que nos orienta e educa na sua santa Palavra, recebida, guardada, crida, contemplada e ensinada pela Igreja, o Senhor é o único caminho, a única verdade, a única luz! É disso que fala a Palavra de Deus deste Domingo santo. 
            A grande tentação do nosso tempo, caríssimos em Cristo, é pensar que nossa razão é o critério da verdade, é a medida do bem e do mal. Assim, é certo, é bom, é aceitável o que nós julgamos ser ou o que a maioria, o senso comum julgam ser bom. Se agora o divórcio é um bem, então que seja; se nos tempos atuais a união homossexual é norma, então que seja aprovada; se nos cânones da ciência manipular embriões humanos é correto, então vá lá; se todo mundo tem numa boa relações pré-matrimoniais, então para que se opor? Eis aqui: o homem agora se julga adulto, emancipado, liberado: ele próprio julga poder definir sua vida, construí-la a seu modo. Para que um Deus que me diga o que fazer? Para que uma Igreja com ares de mãe e de mestra? Ninguém precisa mais disso! Esta é a mentalidade hodierna... 
            E, no entanto, para quem crê, há um Deus que é o Senhor da vida, de quem nós vimos e para quem vamos: “Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do Alto, descem do Pai das luzes: de livre vontade ele nos gerou pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas!” Nossa vida não é nossa de modo absoluto; não nos fizemos a nós mesmos. Tua vida, ó homem, é vida recebida gratuita e amorosamente; é dom de Deus, para que vivas na amizade com ele e, acolhendo sua Palavra sejas gerado para uma vida verdadeira, vida plena, vida eterna! 
            E, no entanto, quanto é difícil esta atitude de compreender a vida como um dom que recebemos! Quão grande a tentação de viver como donos absolutos da existência! Pois bem, o Senhor nos convida, o Senhor nos ordena a que vivamos abertos à sua Palavra, para que vivamos de verdade: “Agora, Israel, ouve! Para que, fazendo-o, vivais! Nada tireis, nada acrescenteis às palavras que vos digo, mas guardai os mandamentos do Senhor vosso Deus! Vós os guardareis e os poreis em prática, porque neles está vossa sabedoria e inteligência.” Tristes de nós quando nos julgamos sábios a nossos próprios olhos e desprezamos a Palavra do Senhor e as orientações da sua Igreja, que dele recebeu a missão e a autoridade de nos educar nos caminhos do Senhor! Pensemos, caríssimos irmãos – que cada um pense: tenho construído a minha vida, segundo a Palavra do Senhor? Tenho feito minhas opções de vida de acordo com a moral cristã custodiada e ensinada maternalmente pela Igreja? No mundo da idolatria da autonomia, não é fácil a madura atitude de sair de nós mesmos e deixar que o Senhor e sua Igreja nos guiem. Entretanto, este é o caminho do cristão verdadeiro, do católico coerente e maduro! Na segunda leitura de hoje, São Tiago nos exorta com palavras muito claras e diretas, sem deixar margem para ilusões: “Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas! Sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos!” Não deveríamos nos enganar com falsos raciocínios, não deveríamos dar ouvidos àqueles – mesmo dentro da Igreja, infelizmente, mesmo padres, infelizmente, mesmo teólogos, infelizmente – que tentam mundanizar o cristianismo para fazê-lo mais atraente. Escutai, caríssimos, a advertência do Senhor: “Vós abandonais os mandamentos de Deus para seguir a tradição dos homens!” Também São Paulo nos previne para que não caiamos nas teias de uma vã filosofia, uma sabedoria segundo o mundo e não segundo o Espírito de Cristo! Nunca esqueçamos: uma vida verdadeiramente cristã exige de nós fidelidade ao Senhor, ruptura com o que é mundano e um coração aberto para os necessitados: “A religião pura e sem mancha diante de Deus: assistir os órfãos e viúvas e não se deixar contaminar pelo mundo!” Estejamos atentos, amados no Senhor, porque o que passa disso vem do Maligno! 
            Supliquemos nesta Santa Missa que o Senhor converta o nosso coração para que nossa vida pessoal e familiar, nossa vida social e profissional seja pautada pelo Evangelho, pela lei de Cristo. Qual será o fruto de uma existência assim? Experimentar a proximidade do Senhor, do Deus vivo e cheio de ternura na nossa existência. Não é isso que diz o próprio Senhor na primeira leitura de hoje? “Qual é a grande nação cujos deuses lhe são tão próximos como o Senhor nossos Deus, sempre que o invocamos?” Sim! Esta é a verdadeira grandeza nossa, de nossa família, de nossa Pátria! Não simplesmente o desenvolvimento econômico, social ou tecnológico, mas, antes de tudo e sobre tudo caminhar com o Senhor e experimentá-lo ao nosso lado, sabendo que somos uma sociedade que é aberta para Deus... 
            Certamente, não é nesse caminho que o mundo caminha; não é essa a estrada pela qual a nossa sociedade vai se movendo... mas deve ser essa a nossa direção, esse o nosso rumo. Nunca esqueçamos que somos as primícias de uma nova criação, de um novo mundo, de um modo de viver que seja alternativo, diferente, luz e sal desse mundo sem graça: “de livre vontade o Pai nos gerou pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas!” – Senhor, converte o nosso coração! Dá-nos um coração capaz de te escutar, um coração de carne e não de pedra, um coração para obedecer e te amar! Livra-nos de nós mesmos, Senhor, e faze-nos para o mundo sinais e instrumentos da verdadeira liberdade – aquela que somente tu sabes dar e somente tu podes dar! A ti a glória, ó Deus santo, que vives e reinas com o teu bendito Filho na unidade do Santo Espírito, pelos séculos dos séculos! Amém!
D. Henrique Soares

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PARA A CELEBRAÇAO DA PALAVRA (DIÁCONOS E MINISTROS EXTRAORDINARIOS DA PALAVRA):


LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à COM JESUS, com Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: SENHOR, QUE A VOSSA PALAVRA NOS TRANSFORME!
à Senhor, nosso Deus e Pai, Vos louvamos e agradecemos por nos amar e nos dar Jesus como a palavra viva que nos orienta, ensina  transforma.
T: SENHOR, QUE A VOSSA PALAVRA NOS TRANSFORME!
à Senhor, nosso Deus e Pai, grande é o vosso amor nos ensinando os caminhos que nos conduzem à felicidade plena  e eterna. Que sejamos atentos aos vossos ensinamentos e que façamos a vossa vontade
T: SENHOR, QUE A VOSSA PALAVRA NOS TRANSFORME!
à Senhor, nosso Deus e Pai, Sois imenso e cheio de bondade. Dai-nos o entendimento para que cumpramos os vossos mandamentos e sejamos fiéis na construção de vosso Reino.
T: SENHOR, QUE A VOSSA PALAVRA NOS TRANSFORME!
à Senhor, nosso Deus e Pai, que nosso coração seja renovado pelo vosso amor e possamos refletir ao mundo o vosso amor.
T: SENHOR, QUE A VOSSA PALAVRA NOS TRANSFORME!
à Senhor, nosso Deus e Pai, que vossas leis sejam luz para nossas ações e possamos viver como irmãos em nossa comunidade.
T: SENHOR, QUE A VOSSA PALAVRA NOS TRANSFORME!
à PAI NOSSO...   A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO DE DEUS.




quinta-feira, 20 de agosto de 2015

21º Domingo do Tempo comum, Dia do Catequista, homilia dominical, Homilias, XXI domingo do Tempo Comum 2015

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM 2015 (adaptado e postado pelo diácono Ismael)

SINOPSE:

Tema: Vocação para os ministérios e serviços na comunidade e na sociedade. Dia do Catequista
Primeira leitura: Josué convida as tribos de Israel a escolherem entre “servir o Senhor” e servir outros deuses.  Evangelho: coloca dois grupos diante da proposta de Jesus. Um com a lógica do mundo, que tem como prioridade os bens materiais, o poder, a ambição e a glória; por isso, recusa a proposta de Jesus. Outro grupo está disponível para seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida; sabem que só Jesus tem palavras de vida eterna.
Na segunda leitura, Paulo diz que a opção por Cristo tem consequências também ao nível da relação familiar. O casal cristão é chamado a ser sinal e reflexo da união de Cristo com a sua Igreja.

PRIMEIRA LEITURA (Js 24,1-2a.15-17.18b) Leitura do Livro de Josué. ...Josué reuniu ...todas as tribos  .... falou ao povo: “...escolhei a quem quereis servir: se aos deuses  a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor”.  E o povo respondeu...: “Longe de nós abandonarmos  o Senhor, para servir a deuses estranhos. Porque nosso Deus é quem nos tirou da terra da escravidão. Foi ele quem realizou esses grandes prodígios. Portanto, nós também serviremos ao Senhor, porque ele é o nosso Deus”.

AMBIENTE O Livro de Josué (séc. XII a.C.,  antes de ser um livro de história, é um livro de catequese. O objetivo era destacar o poder de Jahwéh: ao Povo resta-lhe a fidelidade à Aliança e aos mandamentos.

MENSAGEM - Josué relembra como Jahwéh é um Deus em quem se pode confiar; as suas ações libertadoras são prova do seu poder e da sua fidelidade. É necessário escolher entre servir esse Senhor libertador, que o introduziu na Terra Prometida, ou servir os deuses dos mesopotâmios e os deuses dos amorreus. Josué e a sua família escolheram servir Jahwéh e Todos manifestam a mesma intenção. Só no Deus único podem encontrar a vida plena.

ATUALIZAÇÃO ਠO fundamental é: “escolhei a quem servir”. Ao longo da vida encontramos também outros deuses e outras propostas que parecem garantir-nos a vida, o êxito, a realização e a felicidade.
ਠO compromisso com Deus não é servidão, mas um caminho à realização plena. É um caminho que nos projeta para o amor, para a partilha, para o serviço, para o dom da vida, para a verdadeira felicidade.

10. EVANGELHO (Jo 6,60-69). Evangelho ...segundo João. ...muitos dos discípulos disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” ...Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? O Espírito é que dá a vida, a carne  não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. Mas entre vós há alguns que não creem”. ...E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. Muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. Jesus disse aos doze: “Vós também quereis ir embora?” Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.

AMBIENTE - Estamos no final do episódio que começou com a multiplicação dos pães e que continuou com o “discurso do pão da vida”. A multidão esperava um messias rei que lhe oferecesse vida confortável e pão em abundância e Jesus mostrou que não veio “dar coisas”, mas oferecer-Se a Ele próprio para que a humanidade tivesse vida; a multidão esperava uma proposta de triunfo e de glória e Jesus convidou-a a identificar-se com Ele e a segui-lo no caminho do amor e do dom da vida até à morte… Jesus questiona: ou a lógica humana, virada para os bens materiais e satisfações imediatas, ou a lógica de Deus, seguindo-o e fazendo da vida um dom de amor. Instalados nos seus preconceitos e sonhos materiais, desiludidos com um programa que lhes parecia condenado ao fracasso, muitos recusaram-se a identificar-se com Ele e com o seu programa.
Temos de situar esta “catequese” no contexto da comunidade de João, nos finais do séc. I… A comunidade cristã era discriminada e perseguida; muitos discípulos afastavam-se e trilhavam outros caminhos, recusando-se a seguir Jesus no dom da vida. Muitos perguntavam: para ser cristão é preciso percorrer um caminho tão radical? A proposta de Jesus é um caminho de vida plena, ou de fracasso? É a estas questões que o “catequista” João vai tentar responder.

MENSAGEM – Os discípulos se dividem em dois grupos: para uns a proposta é excessiva para a força humana. Eles não renunciam aos seus próprios projetos de ambição e de realização humana, a embarcar com Jesus no caminho do amor e da entrega, a fazer da própria vida um serviço e uma partilha com os irmãos. Esse caminho é demasiado exigente. A esses “discípulos”, Jesus assegura-lhes que não é um caminho de fracasso, mas é um caminho destinado à glória e à vida eterna. A “subida” do Filho do Homem, após a morte na cruz, para reentrar no mundo de Deus, será a “prova provada” de que a vida oferecida por amor conduz à vida em plenitude. Esses “discípulos” não acolhem a proposta de Jesus porque raciocinam de acordo com a lógica humana, da “carne”; só o dom do Espírito possibilitará perceber a lógica de Jesus; O caminho do amor e da doação conduz à vida plena e feliz.
Esses discípulos seguem Jesus pelas razões erradas (a glória, o poder, bens materiais). A sua adesão é superficial. Jesus não força ninguém; apenas apresenta a sua proposta e espera que o “discípulo” faça a sua opção.
A vida nova que Jesus propõe é um dom de Deus oferecido a todos. Se a pessoa não está aberta à ação do Pai e recusa os dons de Deus, não pode integrar a comunidade dos discípulos e seguir Jesus.
Depois, Jesus pede aos “Doze” que façam a sua escolha: “também vós quereis ir embora?” Jesus não suaviza … Ele corre o risco de ficar sem discípulos, mas não prescinde da radicalidade do seu projeto. Não é uma questão de teimosia; Jesus está seguro que o caminho que Ele propõe – o amor, o serviço, a partilha, a entrega – é o único caminho para chegar à vida plena… Por isso, Ele não pode mudar uma vírgula da sua proposta. O caminho para a plenitude já foi exposto por Jesus; resta aos “discípulos” aceitá-lo ou rejeitá-lo. Os “Doze” aceitam segui-lo no caminho do amor e da entrega. Quem responde em nome do grupo (uso do plural) é Simão Pedro: “Para quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”. A comunidade reconhece que os outros caminhos só geram vida parcial; só no caminho que Jesus ensina se encontra a felicidade duradoura. A “fé” (adesão a Jesus) traduz-se no seguimento de Jesus, na identificação com Ele, no compromisso com a proposta que Ele faz (“comer a carne e beber o sangue” que Jesus oferece e que dão a vida eterna). A resposta de Pedro é a resposta que a comunidade de João  é convidada a dar: “Senhor, as tuas propostas nem sempre fazem sentido à luz dos valores que governam o mundo; mas nós estamos seguros de que o caminho que Tu nos indicas é um caminho que leva à vida eterna. Queremos escutar as tuas palavras, identificar-nos contigo, viver de acordo com os valores que nos propões, percorrer contigo esse caminho do amor e da doação que conduz à vida eterna.

ATUALIZAÇÃO ਠ Todos os dias somos desafiados pela lógica do mundo, nos valores do poder, do êxito, da ambição, dos bens materiais, da moda; e somos convidados por Jesus a construir a nossa existência sobre os valores do amor, do serviço humilde, da partilha, da simplicidade, da coerência com os valores do Evangelho… Temos de fazer a nossa escolha, sabendo que ela terá consequências no nosso estilo de vida, na forma como nos relacionamos com os irmãos. Não podemos tentar agradar a Deus e ao diabo e viver uma vida “morna” e sem exigências, procurando conciliar o inconciliável. A questão é esta: estamos ou não dispostos a aderir a Jesus e a segui-lo no caminho do amor e do dom da vida?
ਠOs “muitos discípulos” não aceitaram a proposta de Jesus. Amarrados aos seus sonhos de riqueza fácil, de ambição, de poder e de glória, não estavam dispostos a trilhar um caminho de doação em benefício dos irmãos. Este grupo representa esses “discípulos”, que até podem frequentar a comunidade cristã, mas que no dia a dia vivem obcecados com a ampliação da sua conta bancária, com o êxito profissional a todo o custo … Para estes, as palavras de Jesus “são palavras duras” e a sua proposta de radicalidade é uma proposta inadmissível. Todos nós sentimos, por vezes, a tentação de atenuar a radicalidade da proposta de Jesus e de construir a nossa vida com valores mais condizentes com uma visão “light” da existência..
ਠOs “Doze” ficaram com Jesus, pois só Ele tem “palavras que comunicam a vida definitiva”. Eles representam aqueles aderem sinceramente a Jesus, se comprometem com o seu projeto, acolhem no coração a vida que Jesus lhes oferece e se esforçam por viver em coerência com a opção por Jesus que fizeram no dia do seu Batismo.
ਠ Jesus não parece estar preocupado com o número de discípulos que continuarão a segui-lo: o Evangelho que Jesus veio propor conduz à vida plena, mas por um caminho que é de radicalidade e de exigência. Muitas vezes tentamos “suavizar” as exigências do Evangelho, a fim de que ele seja mais facilmente aceite pelos homens do nosso tempo… Temos de ter cuidado para não desvirtuarmos a proposta de Jesus e para não despojarmos o Evangelho daquilo que ele tem de verdadeiramente transformador. O que deve preocupar-nos não é tanto o número de pessoas que vão à Igreja; mas o grau de radicalidade com que vivemos e testemunhamos no mundo a proposta de Jesus.
à Jesus mostra, neste episódio, o respeito de Deus pelas decisões (mesmo erradas) do homem, pelos caminhos diferentes que o homem escolhe seguir. O nosso Deus é um Deus que respeita o homem, que aceita que ele exerça o seu direito à liberdade. Por outro lado, um Deus tão compreensivo e tolerante convida-nos a compreensão para com os irmãos que seguem caminhos diferentes, que fazem opções diferentes, que conduzem a sua vida de acordo com valores e critérios diferentes dos nossos. Essa “divergência” de caminhos não pode servir de pretexto para o marginalizarmos e para o excluirmos o irmão do nosso convívio.

8. SEGUNDA LEITURA (Ef 5,21-32) Paulo aos Efésios. – Irmãos sede solícitos uns para com os outros. As mulheres sejam submissas aos seus maridos como ao Senhor. Pois o marido é a cabeça da mulher, do mesmo modo que Cristo é a cabeça da Igreja, ele, o Salvador do seu Corpo. Mas como a Igreja é solícita por Cristo, sejam as mulheres solícitas em tudo pelos seus maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela. Ele quis ...apresentá-la a si mesmo esplêndida, sem mancha nem ruga, nem defeito algum, mas santa e irrepreensível. Assim é que o marido deve amar a sua mulher, como ao seu próprio corpo. Aquele que ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Ninguém jamais odiou a sua própria carne. Ao contrário, alimenta-a e cerca-a de cuidados, como o Cristo faz com a sua Igreja; e nós somos membros do seu corpo! Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne.  Este mistério é grande, e eu o interpreto em relação a Cristo e à Igreja.

AMBIENTE - Paulo lembra a opção que fizeram no Batismo e viver como Homens Novos, à imagem de Jesus.
Paulo refere-se aos deveres dos esposos, porque vê na sua união uma figura da união de Cristo com a sua Igreja.

MENSAGEM - “sede submissos uns aos outros no temor de Cristo”. O “ser submisso” atitude de serviço humilde, sem deixar ser dominado pelo orgulho ou prepotência. A expressão “no temor de Cristo” recorda que o Cristo do amor, do serviço, da partilha é o exemplo que devemos ter diante dos olhos.
O texto se refere à relação dos esposos um com o outro (na continuação, Paulo falará também da conduta dos filhos para com os pais, dos pais para com os filhos, dos senhores para com os escravos e dos escravos para com os senhores – cf. Ef 6,1-9).
Às mulheres, Paulo pede a submissão aos maridos, porque “o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja, seu corpo”. Esta afirmação deve ser entendida no contexto sócio-cultural da época, onde o homem aparece como a referência suprema da organização do núcleo familiar. De qualquer forma, a “submissão” de que Paulo fala deve ser sempre entendida no sentido do amor e do serviço e não no sentido da escravidão.
Aos maridos, Paulo recomenda que amem as suas esposas, “como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela”. Não se trata de um amor qualquer, mas de um amor igual ao de Cristo pela sua comunidade – isto é, de um amor generoso e total, que é capaz de ir até ao dom da própria vida, um amor despido de qualquer egoísmo e prepotência; um amor cheio atitudes de generosidade, de bondade e de serviço, que se faz dom total à pessoa a quem se ama. Como Cristo e a Igreja formam um só corpo, do mesmo modo marido e esposa formam um só corpo: “por isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua mulher e serão dois numa só carne”. A expressão “uma só carne” alude a toda a sua vida conjugal, feita na vivência do amor, da fidelidade e da partilha de toda a existência.
Este paralelismo estabelecido por Paulo dá um significado especial ao casamento cristão: a vocação dos esposos é anunciar e testemunhar, com o seu amor e a sua união, o amor de Cristo pela sua Igreja. Dito de outra forma: a união dos esposos deve ser um sinal do “mistério” de amor que une Cristo e a Igreja.

ATUALIZAÇÃO à  Para o seguidor de Jesus, a família manifesta os valores do Reino.
ਠPara Paulo, o amor que une o marido e a esposa deve ser um amor como o de Cristo pela sua Igreja. Desse amor devem estar ausentes o egoísmo, prepotência, exploração, injustiça… Deve ser um amor que é paciente, que não é arrogante nem orgulhoso, que compreende os erros e as falhas dos outro, que tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13,4-7).
ਠO matrimônio não pode tornar-se uma competição para ver quem tem mais direitos ou mais obrigações, mas uma comunhão de vida que, a exemplo de Cristo, fazem da sua existência uma partilha e um serviço a todos os irmãos que caminham ao seu lado.
ਠPaulo utiliza a palavra “submissão”. Esta palavra deve ser entendida no contexto sociocultural da época, em que o marido era considerado a referência fundamental da ordem familiar. Hoje, Paulo não teria usado este termo para falar da relação da esposa com o marido. A afirmação de Paulo não pode servir para fundamentar qualquer tipo de discriminação contra as mulheres… Aliás, Paulo dirá, que “não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus” (Gal 3,28).
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 D. HENRIQUE SOARES - Nenhum cristão jamais poderá dizer que foi enganado pelo Senhor! Deus nunca se mascarou para nós, nunca nos falou palavras agradáveis para nos seduzir, nunca agiu como os nossos políticos; Deus não usa botox! Ele é um Deus verdadeiro, leal, honesto! Não esconde suas exigências, não omite suas condições para quem deseja segui-lo e servi-lo…
Escutamos na primeira leitura de hoje Josué mandando o povo escolher: seguir os ídolos, que não exigem nada ou, seguir o Senhor, que é exigente, que é Santo e corrige os que nele esperam? O próprio Josué dirá: “Não podeis servir ao Senhor, pois ele é um Deus santo, um Deus ciumento, que não tolerará as vossas transgressões, nem os vossos pecados!” (Js 24,19) Vede, meus caros, que o nosso Deus não se preocupa com popularidade, não faz conta do número de fiéis, não abranda suas exigências para ser aceito, mas sim, faz conta da fidelidade ao seu amor e ao seu chamado!
O que aparece na primeira leitura torna-se ainda mais claro e dramático no evangelho. Após dizer claramente que sua carne é verdadeira comida e seu sangue é verdadeira bebida, muitos discípulos se escandalizaram com Jesus E Jesus? Muda sua palavra para encher as igrejas? Não! Popularidade nunca foi seu critério! Ainda que sua palavra escandalize, ele nunca volta atrás. O Senhor nunca se converte a nós; nós é que devemos nos converter a ele! Pode-se manipular os ídolos; nunca o Deus verdadeiro!
Diante dos discípulos murmuradores Jesus apresenta a cruz: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes?” Lembremo-nos que, para o Evangelho de São João, a subida de Jesus para o Pai começa na cruz: ali ele será levantado! não poderá seguir o Senhor aquele que não estiver disposto a contemplá-lo na cruz! E Jesus previne: “O Espírito é que dá vida; a carne não adianta nada! As palavras que vos falei são Espírito e vida!”: somente se nos deixarmos educar pelo Santo Espírito, somente se deixarmos os pensamentos e a lógica à medida da carne, isto é, à medida da mera razão humana, é que poderemos compreender as coisas de Deus, coisas que passam pela cruz de Cristo! “a carne não adianta nada”! Não nos iludamos: entregues à nossa própria razão, pensaremos como o mundo e jamais acolheremos Jesus e suas exigências! E o Senhor continua: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido por meu Pai!”: acolher Jesus, compreender suas palavras e acolhê-las, é graça de Deus e somente abertos para a graça poderemos realizá-lo! Quando isso acontece, experimentamos como o Senhor é bom, o quanto é suave, o quando é doce segui-lo!
São Paulo pensa o lar cristão como uma pequena comunidade de discípulos de Cristo, uma pequena Igreja e dá conselhos estupendos! O sentimento que deve nortear o comportamento familiar é o amor. Que amor? Aquele amor manifestado na cruz, aquele entre Cristo e a Igreja!: marido e mulher se amando como Cristo e a Igreja se amam, marido e mulher sendo felizes na felicidade um do outro: “Sede solícitos uns para com os outros!”
Para o cristianismo, a família cristã não é uma instituição humana, mas divina, um sacramento. Mais ainda: a família é a primeira Igreja, a primeira comunidade de irmãos em Cristo. Ali, é Jesus quem deve reinar, ali é o temor de Deus quem deve regular a convivência. Que desgraça hoje em dia a banalização da família cristã: a família é santa, sagrada, não pode ser profanada pelo desamor, pela indiferença, pela imoralidade, pela violência, pelo consumismo, pela opressão, pela divisão, pela vulgarização! Que beleza um homem e uma mulher unidos no amor com a bênção do Senhor gerando filhos, gerando amor feito carne, feito gente, para o mundo, para a Igreja, para a vida! Este é o sonho do Senhor para a família! Que bênção a convivência familiar! Que doçura poder partilhar as alegrias e tristezas, as lutas e dificuldades num lar cristão, onde juntos rezam, partilham, vencem as dificuldades! São Paulo está dizendo que a comunhão familiar é imagem da comunhão entre Cristo e a Igreja!
É fácil viver a família assim? Não! Como não é fácil levar a sério a Palavra do Senhor! E Jesus, mais uma vez, nos pergunta: “Isto vos escandaliza?” Escandaliza-vos o matrimônio ser indissolúvel? Escandaliza-vos a fidelidade conjugal? “Quereis também ir embora?”
Caríssimos, que nossa resposta seja a de Pedro: “A quem iremos, Senhor? Caminhar contigo não é fácil; acolher tuas exigências nos custa; compreender teus motivos às vezes é-nos pesado… Mas, a quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos que tu és o Santo de Deus!”. Que as palavras de Pedro sejam as nossas e, como Josué, possamos dizer: “Eu e minha família serviremos o Senhor!” Amém.
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QUE DEUS TE ABENÇOE.

Domingo, dia do catequista, estaremos Celebrando a Palavra com toda a comunidade e também comemorando o dia do Catequista. Por esta razão, lembraremos dos catequistas.
Quanto à participação dos catequistas, todos entrarão em procissão,  cantando a música dos catequistas (caminho para o discipulado). 
Na liturgia da Palavra, todas as catequistas entrarão com uma vela acesa, acompanhando uma criança que leva o Lecionário, cantando a musica "Ressoar a Palavra de Deus em todo lugar" e ficarão em volta da mesa da Palavra até terminar a proclamação do Evangelho.
No final, após a "Oração depois da comunhão”, se postarão em torno do Altar e farão a "Oração do Catequista" formulada pela CNBB.

ORAÇÃO DA(DO) CATEQUISTA:
 SENHOR, Como os discípulos de Emaús, somos peregrinos.
Vem caminhar conosco!
Dá-nos teu Espírito, para que façamos da catequese caminho para o discipulado.
Transforma nossa Igreja em comunidades orantes e acolhedoras,
Testemunhas de fé, de esperança e de caridade.
Abre nossos olhos para reconhecer-Te nas situações em que a vida está ameaçada. 
Aquece nosso coração, para que sintamos sempre a tua presença.
Abre nossos ouvidos para escutar a tua Palavra, 
fonte de vida e missão.
Ensina-nos a partilhar e comungar do Pão, alimento para a caminhada. 
Permanece conosco!
Faze de nós discípulos missionários, a exemplo de Maria sempre fiel,
sendo testemunhas de tua Ressurreição.
Tu que és o Caminho para o Pai. Amém! 

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"Senhor, a quem iremos?"
Ao longo da estrada de nossa vida, nos deparamos com muitas encruzilhadas,
em que devemos fazer uma ESCOLHA:  Devemos tomar uma estrada e deixar a outra…
Como é importante, nesses momentos, o testemunho seguro de alguém que sabe o que quer!

Li numa revista a afirmação de uma artista de TV:
"Eu sou católica, batizei minha filha na Igreja, mas quando ela crescer, ela irá escolher a sua religião".  O que você pensa a respeito?    Será que essa mãe deixará a filha crescer, para ver se ela quer comer e estudar?

As leituras nos dão dois testemunhos muito significativos: Josué e Pedro.

A 1a Leitura narra a ESCOLHA de Israel: Javé ou os ídolos. (Js 24,1-2.15-18)

Após a longa peregrinação através do deserto e a posse da Terra Prometida, Josué convoca o Povo e o põe diante de uma ESCOLHA fundamental:   "ESCOLHEI a quem quereis servir: os deuses do lugar,  ou o Deus que nos libertou do Egito e fez uma Aliança conosco?  Eu, porém, e a minha família vamos servir ao Senhor".

Diante do testemunho forte de Josué, o povo não se deixou levar pela tentação de uma religião mais fácil dos cananeus,  pelo contrário decidiu continuar fiel ao Deus de seus pais.

Na 2ª Leitura, Paulo fala do amor conjugal, como sinal do amor de Cristo à sua Igreja. Os esposos devem escolher: Amor ou egoísmo. (Ef 5,21-32)

Como Cristo e a Igreja formam um só corpo, assim marido e esposa, comprometidos numa comunidade de amor, formam um só corpo. O casal cristão deve ser sinal e reflexo da união de Cristo com a sua Igreja.

O Evangelho narra a ESCOLHA de Pedro. (Jo 6,60-69)

O texto é a conclusão do discurso do "Pão da vida", que provoca uma profunda crise entre os discípulos…
Diante de Jesus e de suas palavras, são levados a fazer uma ESCOLHA... 
- Cristo havia feito o milagre da multiplicação dos pães… - O Povo entusiasmado quer proclamá-lo rei…
- Cristo pede um gesto de fé: crer ou não nele... aceitar ou não a sua proposta...
  Buscar apenas o pão material ou acolher o Dom do Pão da  vida...
  Como alimentara o povo com o pão material… assim também daria um outro pão que seria o próprio corpo (a Eucaristia).

- E o povo se escandaliza… não aceita… até os discípulos murmuram:
  "Essas palavras são duras demais, é difícil de engolir..."  Muitos se retiram e o abandonam…

- Jesus não muda a linguagem, exige fé. A fé pode ser aceita ou recusada, mas não "negociada"...
  Sem a fé, não entenderiam aquelas palavras e aqueles sinais…  Por isso, questiona os doze: "Vocês também querem ir embora?"

- Diante desse desafio, aparece o belo testemunho de Pedro: "A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna."  A atitude forte de Pedro dissipa as dúvidas dos demais apóstolos, e todos permanecem fiéis junto ao seu Mestre.

+ A nossa escolha.
- Todos os dias somos desafiados a construir a nossa vida nos valores do poder, do êxito, da ambição, dos bens materiais, da moda...
- E todos os dias somos convidados por Jesus a construir a nossa existência  sobre os valores do amor, do serviço, da partilha com os irmãos, da simplicidade, da coerência com os valores do Evangelho... 

Há momentos em que devemos fazer também a nossa ESCOLHA...
CRISTÃO é quem escolhe Cristo e o segue...Para isso, deve ser educado no pensamento de Cristo, ver a história como ele, julgar a vida como ele,
escolher e amar como ele, esperar como ele ensina, viver nele a comunhão com o Pai e o Espírito Santo.

+ HOJE vemos muitos católicos deixando a religião e ficamos preocupados...
A falha é de quem? Da Igreja que batiza? Dos pais que não vivem a vida cristã?
Da comunidade que não evangeliza ou não testemunha sua fé?

* Você teria a mesma convicção firme de Josué... : "Nem que todos te abandonem, eu e minha família, não..."
   Ou a mesma firmeza de Pedro? "A quem iremos, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna"!

+ Que tipo de cristão você pretende ser? Que tipo de religião pretende seguir?
    - Uma religião REVELADA por Deus, que você acolhe generosamente...
    - ou uma religião CRIADA pelos homens,  porque atende melhor a seus interesses pessoais?

No Evangelho de hoje, Jesus não parece estar tão preocupado com o número de discípulos que continuarão a segui-lo. Prefere perder os discípulos a renunciar à Missão que recebeu do Pai.
O Reino de Deus não é um concurso de popularidade... Muitos pensam que, "suavizando" as exigências do Evangelho, seriam mais facilmente aceitas pelos homens do nosso tempo...
O que deve nos preocupar não é tanto o número de pessoas que vão à igreja; mas o grau de autenticidade com que vivemos e testemunhamos no mundo a proposta de Jesus.

E nós... a quem iremos? Se ainda estivermos indecisos em nossa escolha, recordemos as palavras de Pedro:

   "Senhor, a quem iremos, só tu tens palavras de vida eterna…"


                                           Pe. Antônio Geraldo  

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Homilia do PE. PEDRINHO:
Meus Irmãos e irmãs, vamos lembrar o seguinte: desde o início de agosto, nós estamos sendo convidados a refletir o capítulo 6 de São João. Cada domingo, um trecho. Domingo passado não refletimos o capítulo 6, porque celebramos a assunção de Nossa Senhora e aí, tem toda uma leitura própria. No entanto, o capítulo 6, anterior a este domingo, dizia: “quem não comer a minha carne e beber o meu sangue, não terá parte comigo”. E, aí que entramos no  Evangelho de hoje, aonde começa dizendo: “estas são palavras muito duras”. Quem pode ouvir? É claro, à primeira vista dá a impressão que Jesus quis criar um caos. Ele sabe, muito bem, que no antigo Testamento está lá, muito claro, esta orientação: “não se come, não se bebe o sangue da vítima, porque nele está a vida”. Então, qualquer animal que eles quisessem comer, tinham que tirar todo o sangue, porque no sangue está a vida. Ora, vem Jesus e diz que quem não tomar de seu sangue, não tem parte com ele? Então, é uma decisão muito complicada, muito dura. Por que será que Jesus falou isto? E aí, nós vamos entender a partir do Livro dos Juízes. Lá, claramente eles dizem: o vinho alegra o coração. Jesus já disse em outras passagens, e hoje também vai falar, que quando o Filho do homem vier, a hora que o Reino estiver totalmente construído, então, será uma festa eterna. Ora, na festa tem que ter o vinho. Olhe as “Bodas de Caná”. Não tinha vinho e Jesus providenciou, porque uma festa sem alegria, não é festa. Então, Jesus parte de que o seu sangue, de fato, é a grande bebida para o Reino de Deus. “em verdade, vos digo: já não bebereis o fruto da videira, até o dia em que beberemos juntos no Reino do Céu. E, aí, Jesus quis mesmo que aquele vinho se tornasse o seu sangue, porque ele vai dar a vida mesmo para toda a humanidade. Então, Ele não contradiz o antigo Testamento, mas dá um sentido novo à questão do sangue.  Ele derrama o seu sangue, para que tenhamos a vida eterna. Já disse e volto a falar: a Eucaristia, Corpo e Sangue de Cristo, nos faz participarmos da vida de Jesus Cristo. Portanto, como Ele é eterno, se estamos em comunhão com Ele, nós vamos ter a eternidade. Por isso, “quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna” e Eu o ressuscitarei no último dia. Ora, São Pedro, representando todos aqueles que compreenderam este mistério, vai dizer: a quem iremos, Senhor, se só tu tens palavras de vida eterna?” aí, a comunidade cristã fez uma escolha a partir do questionamento de Jesus; vocês também querem ir embora? Não. Nós te escolhemos. O papa Bento XVI lembrava uma reflexão de Santo Agostinho, aonde Santo Agostinho diz: “o Evangelho nos ajuda que primeiro é preciso crer, para depois compreender o que cremos”. Quem é que transmite a fé? O catequista. Por isso, o Evangelho celebra hoje o dia do catequista também. Porque o catequista que nos ajuda a crer. Na catequese agente não aprende tudo. Não. Agente aprende quem é Deus, quem é Jesus Cristo quem é Igreja e depois somos chamados a ir compreendendo ao longo da vida. Claro, que se eu não voltar a refletir, não aprofundar, não vou conseguir compreender o que eu creio. (continua com uma fé infantil). E, mesmo aprofundando, refletindo, tem coisa que, de fato, só vamos compreender  plenamente só quando estivermos diante de Deus. Porque nós somos limitados e o mistério de Deus é maior do que a nossa inteligência. Nem tudo eu compreendo, mas o fundamental eu sou chamado a crer. Você crê mesmo que Jesus te traz a vida eterna?
Na primeira leitura, Josué também provoca os ouvintes a fazer uma escolha. Qual é a escolha? Eu e minha casa vamos servir ao Senhor. E vocês? Eles vão dizer: também nós serviremos ao Senhor. Em Deus que não é uma idéia. Às vezes agente pensa que crer em Deus, é ter Deus na idéia, na memória. Não. Eles lá dizem claramente: nós cremos em Deus, porque libertou da escravidão do Egito os nossos pais. Então, eles conseguem ver Deus na vida deles. Nem sempre nós fazemos isto. Tem gente que não tem tempo para pensar Deus na vida. Às vezes passa meses e meses sem pensar na existência de Deus. Ora, claro que fica difícil você compreender as ações que Deus realiza na sua vida. Agora, São Paulo dá uma idéia de como servir; “eu e minha casa serviremos ao Senhor”; a princípio, São Paulo é machista. “sede submissa ao marido, como somos submisso ao Senhor. Sede solícitas em tudo”. Agora, temos que olhar com calma esta leitura; primeiro, lembrar que Éfeso é uma cidade grega, com cultura grega. Para os gregos as mulheres são desprovidas de inteligência ou seja; burra. São Paulo vai se utilizar desta mentalidade; se a mulher é burra, na verdade, incompetente é você, marido, porque você é a cabeça dela. Aí começa a inverter a situação. Se o homem é a cabeça pensante da mulher, se ela não tem capacidade, o incapaz é ele. Agora, para que ninguém dique disputando gênero, quem é mais forte homem ou mulher, são Paulo vai dizer: vamos lembrar o Gênesis? No Gênesis está assim: “por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sus esposa e já não são dois, mas uma só carne”. Portanto, na medida que você agride a esposa, se agride a si mesmo. Na medida que você desrespeita o esposo, você desrespeita a si mesmo. Assim então, são Paulo vai ver o mistério do matrimônio, aonde a mulher deve ser solícita ao marido, em tudo, como ao Senhor. Ora, este é um critério importante. Se o marido tiver a mesma prática de Jesus Cristo, ela deve ser totalmente submissa a ele como a Igreja o é. Qual foi a prática de Jesus Cristo? Dar a vida inteira por aqueles que ama. Portanto, se o marido dá o seu sangue pela esposa, consequentemente pelos filhos, a mulher deve ser solícita a ele. De tal maneira, que se quisermos ver, Jesus lavou os pés dos discípulos. Inverte as coisas, não é? Ora, quem está certo? Quem é o melhor? Os dois são uma só carne. O que é importante aqui é compreender a unidade do casal; não existe corpo sem cabeça. Ele não vive. Não existe cabeça sem corpo. É a unidade que mantém vida, vivo qualquer ser. Também isto é o matrimônio. Na unidade marido e mulher que se consegue experimentar o Cristo e a Igreja. Portanto, o servir a Deus é viver normalmente o dia a dia amando e respeitando o outro, sem ficar achando que o outro é maior ou melhor, superior ou inferior; uma só carne.
Meus irmãos e irmãs, somos convidados, hoje, o Deus que é vivo e verdadeiro. Segundo, estabelecer com ele uma comunhão através do corpo e sangue de Cristo. Terceiro, procurar servir a Deus no dia a dia da vida e nos darmos conta, que o matrimônio é uma vocação. E se é vocação, é uma palavra dura para quem não é chamado ao matrimônio, mas são palavras que em nada diminue a pessoa humana. Ao contrário; a dignifica porque a torna igual a Jesus Cristo e a Igreja.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
PE. PEDRINHO.

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Homilia de D. Henrique Soares
Nenhum cristão jamais poderá dizer que foi enganado pelo Senhor! Deus nunca se mascarou para nós, nunca nos falou palavras agradáveis para nos seduzir, nunca agiu como os nossos políticos; Deus não usa botox! Ele é um Deus verdadeiro, leal, honesto! Não esconde suas exigências, não omite suas condições para quem deseja segui-lo e servi-lo…
Escutamos na primeira leitura de hoje Josué mandando o povo escolher: seguir os ídolos, que são de fácil manejo, que não exigem nada ou, ao invés, seguir o Senhor, que é exigente, que é Santo e corrige os que nele esperam? O próprio Josué dirá: “Não podeis servir ao Senhor, pois ele é um Deus santo, um Deus ciumento, que não tolerará as vossas transgressões, nem os vossos pecados!” (Js 24,19) Vede, meus caros, que o nosso Deus não se preocupa com popularidade, não faz conta do número de fiéis, não abranda suas exigências para ser aceito, mas sim, faz conta da fidelidade ao seu amor e ao seu chamado!
O que aparece na primeira leitura torna-se ainda mais claro e dramático no evangelho. Após dizer claramente que sua carne é verdadeira comida e seu sangue é verdadeira bebida, muitos discípulos se escandalizaram com Jesus (os protestantes ainda hoje se escandalizam e não crêem na palavra do Salvador…). E Jesus, o que faz? Muda sua palavra? Volta atrás no ensinamento para ser popular, para ser compreendido e aceito, para encher as igrejas? Não! Popularidade, aceitação, bom-mocismo nunca foram seus critérios! Ainda que sua palavra escandalize, ele nunca volta atrás. O Senhor nunca se converte a nós; nós é que devemos nos converter a ele! Pode-se manipular os ídolos; nunca o Deus verdadeiro!
É importante prestar atenção! Diante dos discípulos escandalizados e murmuradores, que faz Jesus? Apresenta o critério decisivo: a cruz. Escutai, irmãos, o que diz o Senhor: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes?” Lembremo-nos que, para o Evangelho de São João, a subida de Jesus para o Pai começa na cruz: ali ele será levantado! Vede bem, meus irmãos, que não poderá seguir o Senhor, não poderá suportar as palavras do Senhor, aquele que não estiver disposto a contemplá-lo na cruz! E Jesus previne: “O Espírito é que dá vida; a carne não adianta nada! As palavras que vos falei são Espírito e vida!” Compreendei, caríssimos meus: somente se nos deixarmos educar pelo Santo Espírito, somente se deixarmos os pensamentos e a lógica à medida da carne, isto é, à medida da mera razão humana, é que poderemos compreender as coisas de Deus, coisas que passam pela cruz de Cristo! Quando se trata do escândalo do Evangelho, “a carne não adianta nada”! Não nos iludamos: entregues à nossa própria razão, pensaremos como o mundo e jamais acolheremos Jesus e suas exigências! E, no entanto, o Senhor continua: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido por meu Pai!” Vede bem, meus caros: acolher Jesus, compreender suas palavras e acolhê-las, por quanto sejam difíceis e duras, é graça de Deus e somente abertos para a graça poderemos realizá-lo! Como acolher a linguagem da cruz, sem mudar de vida? Como acolher as exigências do Senhor, sem a conversão do coração, sem nos deixarmos guiar pela imprevisível liberdade do Santo Espírito? Quando isso acontece, experimentamos como o Senhor é bom, o quanto é suave, o quando é doce segui-lo!
Um belíssimo exemplo disso, a Palavra de Deus nos dá hoje recordando a vida da família cristã. São Paulo pensa o lar cristão como uma pequena comunidade de discípulos de Cristo, uma pequena Igreja e dá conselhos estupendos! O sentimento que deve nortear o comportamento familiar é o amor. Que amor? O das músicas e das novelas? Não! Aquele amor manifestado na cruz, aquele entre Cristo e a Igreja! Que beleza, que desafio, que sonho: marido e mulher se amando como Cristo e a Igreja se amam, marido e mulher sendo felizes na felicidade um do outro: “Sede solícitos uns para com os outros!”
Para o cristianismo, meus caros, a família cristã não é primeiramente uma instituição humana, mas uma instituição divina, um sacramento da Igreja. Mais ainda: a família é a primeira Igreja, a primeira comunidade de irmãos em Cristo. Ali, é Jesus quem deve reinar, ali é o santo e doce temor de Deus quem deve regular a convivência. Que desgraça hoje em dia a paganização, a secularização, a banalização da família cristã. Atentos, cristãos: a família é santa, a família é sagrada, a família não pode ser profanada pelo desamor, pela indiferença, pela imoralidade, pela violência, pelo consumismo, pela opressão, pela divisão, pela vulgarização! Que beleza, meus caros, um homem e uma mulher unidos no amor com a bênção do Senhor gerando filhos, gerando amor feito carne, feito gente, para o mundo, para a Igreja, para a vida! Este é o sonho do Senhor para a família! Este e só este! Aos olhos de Deus, não há outra forma legítima e aceitável de união familiar! Um homem, uma mulher; um esposo, uma esposa e os filhos – eis o sonho, eis a bênção, eis a felicidade quando se vive isso de acordo com o amor de Deus em Cristo! Que bênção a convivência familiar! Que doçura poder partilhar as alegrias e tristezas, as lutas e dificuldades num lar cristão, onde juntos se rezam, juntos partilham, juntos vencem-se as dificuldades! São Paulo, encantado com essa realidade, exclama: “É grande este mistério!” Que mistério? O mistério do amor entre marido e mulher, da sua união que gera vida, que é doçura e complementaridade. E o Apóstolo continua: “E eu o interpreto em relação a Cristo e à Igreja!” Atenção! São Paulo está dizendo que a comunhão familiar é imagem da comunhão entre Cristo e a Igreja!
É fácil, caríssimos, viver a família assim? Não! Como não é fácil levar a sério a Palavra do Senhor! E Jesus, mais uma vez, nos pergunta: “Isto vos escandaliza?” Escandaliza-vos o matrimônio ser indissolúvel? Escandaliza-vos a fidelidade conjugal? Assusta-vos o dever de gerar filhos com generosidade e educá-los com amor e firmeza? “Quereis também ir embora?”
Caríssimos, que nossa resposta seja a de Pedro, dada em nome dos Doze e de todos os discípulos: “A quem iremos, Senhor? Caminhar contigo não é fácil; acolher tuas exigências nos custa; compreender teus motivos às vezes é-nos pesado… Mas, a quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus!”. Que as palavras de Pedro sejam as nossas e, como Josué, possamos dizer: “Eu e minha família serviremos o Senhor!” Amém.
Escolher a Deus – um Deus difícil! Os ídolos são fáceis e muitos!
O Senhor é exigente; e não volta atrás na sua palavra, mesmo quando essa escandaliza. O critério é a cruz (o Filho do homem subindo e julgando). Somente pode compreendê-lo no Espírito, a carne não serve aqui! – Ser cristão não é questão de propaganda: é graça; é o Pai quem atrai!
Muitos já não andavam mais com ele… Quereis ir embora?
Senhor, só tu tens palavras de vida eterna: és o Santo de Deus!
Provai e vede quão suave é o Senhor!
Uma família que serve o Senhor: a lei que regula é o amor, o mesmo que se contempla na entrega de Cristo, selando a aliança com a Igreja.
 D. Henrique Soares
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):

Jo 6,  60-69: LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à COM JESUS, por Jesus e em Jesus,  NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à Senhor, nosso Deus, vossos valores valem mais que toda riqueza da terra. Pelo nosso batismo somos o vosso povo e assumimos seguir os passos de vosso Filho Jesus Cristo, nosso mestre e salvador.
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à Senhor, nosso Deus, vos bendizemos por nos dar a esperança da vida eterna. Olhai por nós em nossas dificuldades para que não nos desviemos dos vossos mandamentos e estejamos sempre alertas em fazer a vossa vontade.
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à Senhor, vos louvamos porque sois Deus de bondade e amor. Convertei-nos a cada dia para que nos tornemos semelhante ao vosso Filho na prática do bem aos irmãos.
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à Senhor, que em nossas famílias reine o amor, a justiça e o perdão. Que os pais honrem seus filhos e que os filhos honrem seus pais. Que em todos os lares cristãos haja o amor, a partilha e a vivência da paz.
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à PAI NOSSO...        A Paz...  CORDEIRO DE DEUS...