XVII D. Tempo Comum (adaptado
pelo diácono Ismael)
SÍNTESE:
TEMA: A Palavra de Deus mostra-nos a importância da oração.
Primeira leitura: Oração é um diálogo, no qual o homem – com humildade e
confiança – apresenta a Deus seus anseios e tenta perceber os projetos de Deus
para o mundo.
Evangelho: Jesus ensina que a oração deve ser um diálogo confiante de
uma criança com o seu “papá”.
Segunda leitura: convida a fazer de Cristo a referência fundamental
(Cristo tem de ser o modelo: quer na frequência com que se dirige ao Pai, quer
na forma como dialoga com o Pai).
PRIMEIRA LEITURA (Gn 18, 20-32)
Naqueles dias, o Senhor disse a Abraão: “O
clamor contra Sodoma e Gomorra cresceu, e agravou-se muito o seu pecado.
...Partindo dali, os homens dirigiram-se a Sodoma, enquanto Abraão ficou na
presença do Senhor. Então... disse Abraão: “Vais realmente exterminar o justo
com o ímpio? ... O Senhor respondeu: “Se eu encontrasse em Sodoma cinquenta
justos, pouparia por causa deles a cidade inteira”. Abraão prosseguiu...:
“Estou sendo atrevido em falar a meu Senhor, eu que sou pó e cinza. ... “E se
houvesse quarenta?” ...E se houvesse
trinta justos?” Ele respondeu: “Também não o faria, se encontrasse trinta”.
Tornou Abraão a insistir: “Já que me atrevi a falar a meu Senhor, e se houver
vinte justos?” Ele respondeu: “Não a iria destruir por causa dos vinte”. Abraão
disse: “Que o meu Senhor não se irrite, se eu falar só mais uma vez: e se
houvesse apenas dez?” Ele respondeu: “Por causa dos dez, não a destruiria”.
AMBIENTE - Este texto vem na sequência da primeira leitura do domingo
passado. Depois de terem deixado a tenda de Abraão, os três personagens
dirigiram se para a cidade de Sodoma, a fim de constatar “in loco” o pecado dos
habitantes da cidade. Abraão acompanhou os seus visitantes divinos durante
algum tempo. Sodoma era uma cidade antiga, que se supõe ter existido nas
margens do Mar Morto, ao sul da península de El-Lisan. De acordo com as lendas,
foi uma das cidades destruídas por um cataclismo que ficou na memória do povo
bíblico. Alguns estudiosos modernos têm procurado uma explicação para a lenda
na geologia da área: a região fica situada na falha do vale do Jordão, numa
zona sujeita a terremotos e a atividades vulcânicas. Depósitos de betume e de
petróleo têm sido descobertos nesta região; e alguns escritores antigos atestam
a presença de gases que, uma vez inflamados, poderiam causar uma terrível destruição,
do tipo relatado em Gn 19. Terá sido isso que aconteceu nessa zona? É,
provavelmente, essa recordação de um antigo cataclismo que destruiu a área, que
originou a reflexão que esta leitura nos apresenta. Poder-se-ia pensar que um
acontecimento tenha excitado a fantasia religiosa, no sentido de procurar as
causas de uma tão terrível catástrofe. Os autores jahwistas aproveitaram o
ensejo para propor uma catequese sobre o peso que o justo e o pecador têm
diante de Deus.
MENSAGEM - O autor jahwista resolve inserir essa pergunta que o
inquieta: Deus vai castigar toda a comunidade se nela houver justos? Será que
um punhado de justos vale tanto que, por amor deles, Deus esteja disposto a
perdoar o castigo a uma multidão de culpados? A ideia de que um punhado de
“justos” possa salvar a cidade pecadora é, em pleno séc. X a.C. (a época do
jahwista), uma ideia revolucionária. Para a mentalidade religiosa dos
israelitas desta altura, todos os membros de uma comunidade (família, cidade,
nação) eram solidários no bem e no mal; se alguém falhasse, o castigo devia
derramar-se sobre o grupo. No entanto, os catequistas jahwistas atrevem-se a
sugerir que talvez a “justiça” de uns tantos seja, para Deus, mais importante
do que o pecado da maioria. Apesar de tudo, ainda estamos longe da
perspectiva da retribuição e da responsabilidade individuais: essas ideias
só serão consagradas pela catequese de Israel a partir do séc. VI a.C. (época
do exílio na Babilônia). O problema que Abraão procura resolver é, portanto, se
aos olhos de Deus um grupo de “justos” tem tal peso que, por amor deles, Deus
esteja disposto a suspender o castigo que pesa sobre toda a coletividade. Os
números sucessivamente avançados por Abraão (em forma descendente, de 50 até
10) fazem parte do folclore do “regateio” oriental; mas servem, também, para
pôr em relevo a misericórdia e a “justiça de Deus”: a descida até aos dez
“justos” e as sucessivas manifestações da vontade de Deus em suspender o
castigo mostram que, n’Ele, a misericórdia é maior do que vontade de castigar,
que a vontade de salvar é infinitamente maior do que a vontade de perder.
É um diálogo “face a face” no qual
Abraão se apresenta com humildade, com respeito, pois sente-se “pó e cinza”
diante da onipotência de Deus. No entanto, à medida que o diálogo avança e que
Abraão se confronta com a benevolência de Deus, vai surgindo a confiança.
Abraão chega a ser importuno na sua insistência e ousado no seu regateio.
Recordando a Deus os seus compromissos, ele aparece como o “intercessor”, que
consegue da misericórdia de Deus que um número insignificante de justos tenha
mais peso do que um número muito elevado de culpados. É possível dialogar com
Deus desta forma familiar, confiante, insistente, ousada? Certamente, pois o
Deus de Abraão é esse Deus que veio ao encontro do homem, que entrou na sua
tenda, que Se sentou à sua mesa, que estabeleceu com ele comunhão, que realizou
os sonhos desse homem que O acolheu, que aceitou partilhar com Ele os seus
projetos. Um Deus que Se revela dessa forma é um Deus com quem o homem pode
dialogar, com amor e sem temor.
ATUALIZAÇÃO ♦ O diálogo entre Abraão e Deus a
propósito de Sodoma confirma esse Deus da comunhão, que vem ao encontro do
homem, que entra na sua casa, que Se senta à mesa com ele, que escuta os seus
anseios e que lhes dá resposta; e mostra, além disso, um Deus cheio de
bondade e de misericórdia, cuja vontade de salvar é infinitamente maior
do que a vontade de condenar. É esse Deus “próximo”, cheio de amor, que
quer vir ao nosso encontro e partilhar a nossa vida que temos de encontrar: só
será possível rezar, se antes tivermos descoberto este “rosto” de Deus.
♦ A “oração” de Abraão é paradigmática
da “oração” do crente: é um diálogo com Deus – um diálogo humilde,
reverente, respeitoso, mas também cheio de confiança, de ousadia e de
esperança. Não é uma repetição de palavras ocas, gravadas e repetidas, mas um
diálogo espontâneo e sincero, no qual o crente se expõe e coloca diante de Deus
tudo aquilo que lhe enche o coração.
EVANGELHO (Lc 11,
1-13)
Jesus estava rezando..., um de seus
discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a
seus discípulos”. Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: ‘Pai, santificado
seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos e
perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos
devedores; e não nos deixes cair em tentação”. E Jesus acrescentou: “Se um de
vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me
três pães, porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe
oferecer’, e se o outro responder lá de dentro: ‘Não me incomodes! Já tranquei
a porta, e meus filhos e eu já estamos deitados; não me posso levantar para te
dar os pães’; eu vos declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los
porque é seu amigo, vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e
lhe dará quanto for necessário. Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis;
procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem
procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá. Será que algum de vós que é
pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um ovo,
lhe dará um escorpião? Ora, se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos
vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o
pedirem!”
AMBIENTE - Jesus apresenta aos discípulos a forma de dialogar com
Deus. Não se trata tanto de ensinar uma fórmula fixa, que os discípulos devem
repetir de memória, mas mais de propor um “modelo”. De resto, o “Pai
nosso” conservado por Lucas é um tanto diferente do “Pai nosso” conservado por
Mateus (cf. Mt 6,9-13). A versão de Mateus condiz com um meio judeu-cristão,
enquanto que a de Lucas – mais breve e com menos embelezamentos litúrgicos –
está mais próxima (provavelmente) da oração original. Nenhuma destas versões
pretende, na realidade, reproduzir literalmente as palavras de Jesus, mas
mostrar às comunidades cristãs qual a atitude que se deve assumir no diálogo
com Deus.
MENSAGEM - Como é que os discípulos devem, então, rezar? Primeiro diz
respeito à “forma”: deve ser um diálogo de um filho com o Pai; segundo
diz respeito ao “assunto”: o diálogo incidirá na realização do plano do Pai,
no advento do mundo novo. Tratar Deus como “Pai” não é novidade nenhuma. No
Antigo Testamento, Deus é “como um pai” que manifesta amor e solicitude pelo
seu Povo (cf. Os 11,1-9). No entanto, na boca de Jesus, a palavra “Pai”
referida a Deus não é usada em sentido simbólico, mas em sentido real: para
Jesus, Deus não é “como um pai”, mas é “o Pai”.
A própria linguagem com que Jesus Se
dirige a Deus mostra isto: a expressão “Pai” usada por Jesus traduz o original
aramaico “abba” (cf. Mc 14,36), tomada da maneira comum e familiar como as
crianças chamavam o seu “papá”. Ao
referir-se a Deus desta forma, Jesus manifesta a intimidade, o amor, a comunhão
de vida, que o ligam a Deus. No entanto, o aspecto mais surpreendente reside no
fato de Jesus ter aconselhado os seus discípulos a tratarem a Deus da mesma
forma, admitindo-os à comunhão que existe entre Ele e Deus. Porque é que os
discípulos podem chamar “Pai” a Deus? Porque, ao identificarem-se com Jesus
e ao acolherem as propostas de Jesus, eles estabelecem uma relação íntima com
Deus (a mesma relação de comunhão, de intimidade, de familiaridade que unem
Jesus e o Pai). Tornam-se, portanto, “filhos de Deus”. Sentir-se “filho”
desse Deus que é “Pai” significa outra coisa: implica reconhecer a fraternidade
que nos liga a uma imensa família de irmãos. Dizer a Deus “Pai” implica
sair do individualismo que aliena, superar as divisões e destruir as barreiras
que impedem de amar e de ser solidários com os irmãos, filhos do mesmo
“Pai”. Desta forma, Cristo convida os discípulos a assumirem, na sua
relação e no seu diálogo com Deus, a mesma atitude de Jesus: a atitude de uma
criança que, com simplicidade, se entrega confiadamente nas mãos do pai, acolhe
naturalmente a sua ternura e o seu amor e aceita a proposta de intimidade e de
comunhão que essa relação pai/filho implica; convida, também, os discípulos a
assumirem-se como irmãos e a formarem uma verdadeira família, unida à volta do
amor e do cuidado do “Pai”. Definida a “atitude”, falta definir o “assunto” ou
o “tema” da oração.
Na perspectiva de Jesus, o diálogo do
crente com Deus deve abordar o tema do advento do Reino, do nascimento desse
mundo novo que Deus nos quer oferecer. A referência à “santificação do nome” expressa o desejo de que Deus se manifeste
como salvador aos olhos de todos os povos e o reconhecimento por parte dos
homens, da justiça e da bondade do projeto de Deus para o mundo; a referência à
“vinda do Reino” expressa o desejo
de que esse mundo novo que Jesus veio propor se torne uma realidade
definitivamente presente na vida dos homens; a referência ao “pão de cada dia” expressa o desejo de
que Deus não cesse de nos alimentar com a sua vida (na forma do pão material e
na forma do pão espiritual); a referência ao “perdão dos pecados” pede que a misericórdia de Deus não cesse de
derramar-se sobre as nossas infidelidades e que, a partir de nós, ela atinja
também os outros irmãos que falharam; a referência à “tentação” pede que Deus não nos deixe seduzir pelo apelo das
felicidades ilusórias, mas que nos ajude a caminhar ao encontro da felicidade
duradoura, da vida plena… Duas parábolas finais completam o quadro. O acento da
primeira (vers. 5-8) não deve ser posto tanto na insistência do “amigo
importuno”, mas mais na ação do amigo que satisfaz o pedido; o que Jesus
pretende dizer é: se os homens são capazes de escutar o apelo de um amigo
importuno, ainda mais Deus atenderá gratuitamente aqueles que se Lhe dirigem. A
segunda parábola (vers. 9-13) convida à confiança em Deus: Ele conhece-nos bem
e sabe do que necessitamos; em todas as circunstâncias Ele derramará sobre
nós o Espírito, que nos permitirá enfrentar todas as situações da vida com
a força de Deus.
ATUALIZAÇÃO ♦ A forma como Jesus Se dirige a Deus
mostra a existência de uma relação de intimidade, de amor, de confiança, de
comunhão entre Ele e o Pai (de tal forma que Jesus chama a Deus “papá”); e Ele
convida os seus discípulos a assumirem uma atitude semelhante quando se dirigem
a Deus… É essa a atitude que eu assumo na minha relação com Deus? Ele é o
“papá” a quem amo, a quem confio, a quem recorro, com quem partilho a vida, ou
é o Deus distante, inacessível, indiferente?
♦ A
minha oração é uma oração egoísta, de “pedinchice” ou é, antes de mais, um
encontro, um diálogo, no qual me esforço para escutar Deus, por estar em
comunhão com Ele, por perceber os seus projetos e acolhê-los?
♦ A
minha oração é uma “negociata” entre dois parceiros comerciais (“dou-te isto,
se me deres aquilo”) ou é um encontro com um amigo de quem preciso, a quem amo
e com quem partilho as preocupações, os sonhos e as esperanças?
SEGUNDA LEITURA (Cl 2, 12-14) Leitura da Carta de São Paulo aos
Colossenses.
Irmãos: Com Cristo fostes sepultados no
batismo; com ele também fostes ressuscitados por meio da fé no poder de Deus,
que ressuscitou a Cristo dentre os mortos. Ora, vós estáveis mortos por causa
dos vossos pecados, e vossos corpos não tinham recebido a circuncisão, até que
Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo, e a todos nós perdoou os
pecados. Existia contra nós uma conta a ser paga, mas ele a cancelou, apesar
das obrigações legais, e a eliminou, pregando-a na cruz.
AMBIENTE - Paulo defende a absoluta suficiência de Cristo para a
salvação do homem. Paulo polemiza contra os “falsos doutores” que confundiam os
cristãos de Colossos com exigências acerca de anjos, de ritos e de práticas
ascéticas (cf. Col 2,4-3,4). Depois de exortar os Colossenses à firmeza na fé
frente aos erros dos “falsos doutores” (cf. Col 2,4-8), Paulo afirma que Cristo
basta, pois é n’Ele que reside a plenitude da divindade; Ele é a cabeça de todo
o principado e potestade e foi Ele que nos redimiu com a sua morte (cf. Col
2,9-15).
MENSAGEM - A questão fundamental é a afirmação da supremacia de
Cristo e da sua suficiência na salvação do crente. Pelo Batismo, o crente
aderiu a Cristo e identificou-se com Cristo; a vida de Cristo passou a circular
nele: por isso, o crente morreu para o pecado e nasceu para a vida nova do
Homem Novo. Em Cristo encontramos a vida em plenitude, sem que seja
necessário recorrer a mais nada (poderes angélicos, ritos, práticas) para ter
acesso à salvação. Para representar, de forma mais explícita, o que significa
este “morrer” e “ressuscitar”, Paulo refere-se a um “documento de dívida” que a
morte de Cristo teria “anulado”. Este “documento” em que se reconhece a nossa
dívida para com Deus pode designar aqui, quer a Lei de Moisés (com as suas
leis, exigências, prescrições, impossíveis de cumprir na totalidade e
constituindo, portanto, um documento de acusação contra as falhas dos homens),
quer o “registro” onde, de acordo com as tradições judaicas da época, Deus
inscreve as contas da humanidade (cf. Sal 139,16). De uma forma ou de outra,
não interessa acentuar demasiado esta imagem do “documento de dívida”: ela é,
apenas, uma linguagem, utilizada para significar que Cristo anulou os nossos
débitos (no sentido em que o nosso egoísmo e o nosso pecado morreram, no
instante em que Ele
nos libertou); e, através de Cristo, começou para nós uma vida nova, liberta de
tudo o que nos oprime, nos escraviza, nos rouba a felicidade, nos impede o
acesso à vida plena.
ATUALIZAÇÃO ♦ É por Cristo que o nosso pecado e o nosso
egoísmo são saneados e temos acesso à salvação, à vida nova do Homem Novo.
É nisto que se deve centralizar a nossa existência de cristãos. Ao denunciar a
atitude dos Colossenses (mais preocupados com os poderes dos anjos e com certas
práticas e ritos do que com Cristo), Paulo adverte-nos para não nos deixarmos
afastar do essencial por aspectos secundários. O critério deve ser este: tudo o
que contribui para nos levar até Cristo é bom; tudo o que nos distrai de Cristo
é dispensável.
♦ Pelo
Batismo nos identificamos com Jesus e partimos para uma vida vivida ao jeito de
Jesus, na doação, no serviço, na entrega da vida por amor. A minha vida caminha
em direção ao Homem Novo, ou mantém-me no homem velho do egoísmo, do orgulho e
do pecado?
Dehonianos
==========------------========
"Pai Nosso..."
A Liturgia nos convida a refletir sobre um dos
elementos essenciais da vida cristã e do seguimento de Cristo: a ORAÇÃO.
Mas
o que é Oração? Como fazê-la?
A leituras nos dão dois exemplos concretos:
Abraão e Jesus.
Na 1a Leitura, ABRAÃO
reza, intercedendo por Sodoma e Gomorra. (Gn 18,20-32)
É a primeira vez na Bíblia que um homem inicia uma
conversa com Deus.
Sua oração é um DIÁLOGO com Deus, humilde, reverente,
respeitoso,
mas também cheio de
confiança, de ousadia e de esperança.
Não foi a repetição de
fórmulas decoradas ou lidas, mastigadas às pressas,
mas um diálogo no qual
apresenta a Deus as suas inquietações, dúvidas, anseios
e tenta perceber os projetos
de Deus para o mundo e para os homens.
A 2ª Leitura convida
a viver de forma renovada, pois fomos libertados
pela obra redentora de Cristo
na cruz. (Cl 2,12-14)
No Evangelho, JESUS reza e
ensina a rezar. (Lc 11,1-13)
Lucas é o evangelista da oração de Jesus.
O texto não quer ensinar uma fórmula fixa, que os discípulos
devem repetir de cor, mas propor um modelo, o espírito que deve estar presente
em todas as orações.
Uma conversa de filho para Pai. (em Lucas 5 pedidos; em Mateus 7)
- Jesus
estava rezando...
- Os
Apóstolos, impressionados, pedem: "Ensina-nos
a rezar..."
- Jesus
responde: "Quando rezardes, dizei:
PAI NOSSO..."
- "Pai
nosso..."
- Que imagem temos de Deus?
De um
patrão exigente, um juiz severo, do qual se deve ter medo?
= Deus é PAI...
é Nosso (não apenas meu)...
- "Santificado
seja o vosso nome..."
"Glorificado seja o vosso Santo nome" seria uma tradução mais
exata...
Quando?
Quando é ovacionado com salva de palmas?
ou
quando a Salvação alcança o coração de todos os homens?
- "Venha a nós o vosso Reino.."
- Reino
de Justiça, de Amor e Paz, de Liberdade, de Fraternidade...
- "Dai-nos
hoje o pão necessário ao nosso sustento..."
- Todos precisamos do pão... e as coisas
necessárias para uma vida digna.
Isso
não dispensa o nosso esforço e o nosso trabalho.
- "Nosso" = "de
todos..."
- "Perdoai-nos
os nossos pecados, pois também nós perdoamos..."
- Não é possível rezar o Pai Nosso, tendo
ódio no coração...
Muitas vezes, o amor e a união só são
possíveis pelo caminho do perdão...
- "Não
nos deixeis cair em tentação...":
- Sobretudo o abandono da fé... dos
projetos de Deus...
para abraçar o espírito do mundo...
3. Duas Parábolas completam o quadro:
- A 1ª
salienta a eficácia da Oração perseverante:
O
"Amigo inoportuno" é atendido: "Pedi
e recebereis..."
- A 2ª
convida à Confiança em Deus: lembra o amor de pai para os filhos...
"Se vós que sois maus, sabeis dar
coisas boas aos vossos filhos,
quanto mais o Pai do céu dará o Espírito
Santo aos que o pedirem..."
+
Não basta rezar... devemos rezar como convém...
A Oração deve unificar a vida de um homem
com Deus...
deve impregnar a vida de cada dia... não é
uma "gaveta" isolada.
- Que dizer de fórmulas
"milagrosas", das "orações de poder?"
- Das orações comerciais: "dou, se me
deres?"
- Dos decepcionados, quando não são atendidos?
+
O Valor da Oração não está condicionado:
- Ao comprimento das velas... - Ao número de
vezes que repetimos...
- Ao comprimento da fita... - Ao número de nós no barbante...
- À fórmula milagrosa - Ao lugar em que
fazemos... - Ao Santo que invocamos.
= Mas sim ao espírito de FÉ e AMOR com que a
fazemos...
REZAR: É um DIÁLOGO familiar com Deus,
que
brota de um ato de fé e de um ato de amor e
que
nos leva a entrar no Plano de Deus: "Seja
feita a vossa vontade..."
REZAR: Não é apenas orar com os lábios,
mas
também com a inteligência, com o coração e com toda a nossa vida...
*
Temos tempo para rezar? Quando é que nos lembramos de rezar?
Só nos momentos de apuro, como um
pronto-socorro?
E
Você, Pai (ou mãe) reza profundamente com o seu Deus,
a
ponto provocar em seu filho o pedido: "Pai
(Mãe), ensina-me a rezar?"
Estamos
aqui reunidos, porque acreditamos na Oração...
- Ela está marcando de fato a nossa vida,
de modo a impressionar também os que aqui não vem,
percebendo em nós a alegria de alguém se encontrou
com Deus na oração?
Se ainda não o conseguimos... façamos nossa, a
oração dos apóstolos:
"Senhor, ensina-nos a rezar..."
No dia dedicado ao Agricultor e ao Motorista, nossa
prece e reconhecimento
àqueles que cultivam a terra e aos que transportam
os frutos.
Que São Cristóvão abençoe os motoristas e proteja
todos os agricultores...
Pe. Antônio Geraldo
==============-------------=========
Homilia de D. Henrique Soares da Costa
Basta recordar a primeira leitura e o evangelho para ver
claramente que a Palavra de Deus deste domingo fala da oração. Abraão reza,
intercedendo por Sodoma e Gomorra; Cristo ensina seus discípulos a rezar.
Portanto, a oração.
É impressionante não somente o fato de Jesus nos ter mandado rezar,
nos ter ensinado a rezar, mas sobretudo, o fato de ele mesmo ter rezado com
muitíssima frequência. Basta recordar o início do evangelho de hoje: “Jesus estava rezando num certo
lugar”. Nós sabemos que ele passava noites inteiras em oração, que rezava
antes dos grandes momentos de sua vida, que morreu rezando.
Afinal, por que rezar? Para nos abrir para Deus, para nos fazer
tomar consciência dele com todo o nosso ser, para que percebamos com cada fibra
do nosso ser, do nosso consciente e do nosso inconsciente que não nos bastamos
a nós mesmos, mas somos seres chamados a viver a vida em comunhão com o
Infinito, em relação com o Senhor. Sem a oração, perderíamos nossa referência
viva a Deus, cairíamos na ilusão que somos o centro da nossa vida e reduziríamos
o Senhor Deus a uma simples idéia abstrata, distante e sem força. Todo aquele
que não reza, seja leigo, seja religioso, seja padre, perde Deus, perde a
relação viva com ele. Pode até falar dele, mas fala como quem fala de uma
idéia, de uma teoria e não de alguém vivo e próximo, que enche a vida de
alegria, ternura, paz e amor. Sem a oração, Deus morre em nós. Sem a oração é
impossível uma experiência verdadeira e profunda de Deus e, portanto, é
impossível ser cristão. Por tudo isso, a oração tem que ser diária,
perseverante e fiel.
Assim, quando agradecemos, reconhecemos que tudo recebemos de
Deus; quando suplicamos, reconhecemos e aprendemos que dependemos dele e da sua
providência; quando intercedemos, aprendemos e experimentamos que tudo e todos
estão nas mãos amorosas de Deus; quando pedimos perdão, reconhecemos que nossa
vida é vivida diante dele e a ele devemos prestar contas da existência que
recebemos. Portanto, a oração nos abre, nos educa, nos amadurece, nos faz viver
em parceria com o Senhor.
Quanto aos modos de rezar, são variados. A melhor forma é com a
Sagrada Escritura: tomando a Palavra de Deus, lendo-a com os lábios,
meditando-a com o coração e procurando vivê-la na existência. Tome diariamente
a Bíblia, leia-a com fé, repita as palavras ou frases que tocaram seu coração e
derrame sua alma diante do Senhor. Nunca esqueçamos que essa Palavra de Deus é
viva e eficaz, transformando a nossa vida e dando-lhe um novo sentido. Também é
importante a oração espontânea, com nossas palavras e a oração vocal, aquela
decorada, como o Pai-nosso e a Ave-Maria. Aqui, é bom recordar o terço, que
tanto bem tem feito ao longo dos séculos. Mas, a oração por excelência é a
própria Celebração Eucarística (missa). Aí, de modo pleno, nós somos unidos à
própria oração de Cristo, participando do seu sacrifico pela salvação nossa e
do mundo inteiro.
Mas, recordemos que a oração não é uma negociata com Deus nem é
para dobrar Deus aos nossos caprichos. É, antes, para nos tornar disponíveis à
vontade do Senhor a nosso respeito. Uma das coisas muito belas da oração é que,
tendo rezado e pedido, o que acontecer depois podemos saber com certeza que é
vontade de Deus! É nesse sentido que Nosso Senhor afirmou que tudo quanto
pedirmos em seu nome, o Pai nos concederá. Ora, o que é pedir em nome de Jesus?
É pedir como Jesus; “Pai, não
se faça a minha, mas a tua vontade”. Rezar assim é entrar no cerne da
oração de Jesus. Então, tudo que nos vier, saberemos que é vontade do Pai, pois
sabemos que nossa oração foi atendida; e nisto teremos paz.
Que nesta Celebração Eucarística (Missa), nós peçamos,
humildemente, como os primeiros discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar”. E
aqui não se trata de fórmulas, mas de atitudes. Observemos que a oração que
Jesus ensinou, o Pai-nosso, é toda ela centrada não em nós, mas no Pai: no seu
Reino, na sua vontade, na santificação do seu nome. Somente depois, quando
aprendermos a deixar que Deus seja tudo na nossa vida, é que experimentaremos
que somos pessoas novas, transformadas pela graça do Senhor.
Cuidemos, pois de avaliar nossa vida de oração e retomar nosso
caminho de busca de intimidade com o Senhor, ele que é a fonte e a razão de ser
da nossa existência. Amém.
D. Henrique Soares da Costa
==========-----------=============
PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros da
Palavra):
LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS
GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, NOS
COLOQUEMOS NA PRESENÇA DO PAI:
T:
Pai querido, santificado seja o vosso nome.
à “Deus de bondade, nós Vos
damos graças pelo Vosso Filho Jesus; com sua morte de cruz nos mostrou como é
grande o vosso amor por nós. Pai, iluminai-nos para que saibamos ser
instrumentos desse amor na construção do Reino.
T:
Pai querido, santificado seja o vosso nome.
à “Deus da vida e da
ressurreição, nós Vos damos graças pelo nosso batismo. Estávamos destinados à
morte e Vós nos deste vida nova quando nos enviastes vosso Filho, que nos
tornou também filhos vossos. Somos um novo povo rumo à eternidade junto a Vós.
T:
Pai querido, santificado seja o vosso nome.
à “Pai, nós Vos damos graças
pela oração, porque Jesus ensinou-nos a procurar-vos, a bater à vossa porta, a
pedir-vos o pão e a falar-vos diretamente e com confiança, como filhos a seu
Pai. Que vosso nome seja santificado e que vosso Reino seja edificado. Dai-nos o
pão de vida e o Espírito da fortaleza para que vençamos nossas dificuldades.
T:
Pai querido, santificado seja o vosso nome.
à Jesus nos fez irmãos; como Jesus orou ao seu “papá”,
ao seu paizinho, rezemos a oração que Ele nos ensinou:
PAI NOSSO... EIS O
CORDEIRO.
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