4º Domingo do Tempo Comum ano A
Tema: O
“Reino” e a sua lógica. São os pobres, os humildes, os que aceitaram despir-se
do egoísmo, do orgulho, dos próprios interesses que são verdadeiramente
felizes. O “Reino” é para eles.
Na primeira leitura, o profeta Sofonias denuncia o orgulho e a autossuficiência dos ricos e dos poderosos e convida o Povo de Deus a converter-se à pobreza. Os “pobres” são aqueles que se entregam nas mãos de Deus com humildade e confiança, que acolhem com amor as suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.
Na primeira leitura, o profeta Sofonias denuncia o orgulho e a autossuficiência dos ricos e dos poderosos e convida o Povo de Deus a converter-se à pobreza. Os “pobres” são aqueles que se entregam nas mãos de Deus com humildade e confiança, que acolhem com amor as suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.
O Evangelho Proclama
“bem-aventurados” os pobres, os mansos, os que choram, os que procuram cumprir
a vontade de Deus e recomenda a misericórdia,
a luta pela paz e a perseverança.
Na segunda leitura, Paulo denuncia aqueles que colocam a sua esperança em pessoas ou em
esquemas humanos e convida os crentes a encontrar em Cristo crucificado a
verdadeira sabedoria que conduz à salvação e à vida plena.
LEITURA I – Sof 2, 3; 3. 12-13 Leitura da Profecia
de Sofonias
Buscai o Senhor,
humildes da terra, que pondes em prática seus preceitos; praticai a justiça,
procurai a humildade; achareis talvez um refúgio no dia da cólera do Senhor. E
deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres. E no nome do Senhor
porá sua esperança o resto de Israel. Eles não cometerão iniqüidades nem
falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão
apascentados e repousarão, e ninguém os molestará.
AMBIENTE - Sofonias pregou em Jerusalém na época do rei Josias
(entre 639 e 609 a.C.).
Trata-se de uma época difícil para o Povo de Deus.
Judá está submetida aos assírios; a influência estrangeira sente-se em todos os
costumes e práticas pagãs. Aos pecados contra Jahwéh e contra a aliança,
somam-se as injustiças que, todos os dias, atingem os mais pobres e
desprotegidos. Os príncipes e ministros abusam da sua autoridade e cometem
arbitrariedades, os juízes são corruptos e os comerciantes especulam com
a miséria…
Sofonias está consciente de que vai chegar o dia do
Senhor, isto é, o dia da intervenção de Deus em que os maus serão castigados e
a injustiça será banida da terra. Da ira do Senhor escaparão os humildes e os
pobres, os que se mantiveram fiéis à aliança. O fim da pregação de Sofonias não
é anunciar o castigo, mas é provocar a conversão para chegar à salvação.
MENSAGEM - Para Sofonias, “conversão” significa justiça e
humildade. Os “humildes” são aqueles se entregam nas mãos de Deus, aceitam as
propostas de Deus; são, também, aqueles que praticam a justiça para com os
irmãos, que respeitam os direitos dos mais débeis, que não cometem
arbitrariedades… Equivalem aos “pobres” das bem-aventuranças: não são uma
categoria sociológica, mas aqueles que estão numa certa atitude espiritual
de abertura a Deus e aos irmãos.
No lado oposto estão os orgulhosos e autossuficientes,
que ignoram as propostas de Deus, exploram, são injustos, corruptos e
arbitrários. Só uma verdadeira conversão à humildade permitirá encontrar proteção
no “dia da ira do Senhor”.
Os orgulhosos, arrogantes e prepotentes serão
banidos do meio do Povo de Deus (cf. Sof 3,11); ficará um “resto” humilde e
pobre”, que se entregará nas mãos do Senhor, não cometerá iniquidades nem dirá
mentiras e será uma espécie de viveiro de reflorescimento da nação.
A partir daqui, ser “pobre” não é uma categoria
sociológica, mas uma atitude espiritual de quem tem o coração aberto às
propostas de Deus e é justo na relação com os outros. Na tradição bíblica, os pobres são, portanto,
pessoas pacíficas, humildes, piedosas, simples, que confiam em Deus, que
obedecem às suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.
ATUALIZAÇÃO • Deus não pactua com os orgulhosos e prepotentes
que dominam o mundo e que pretendem moldar a história com a sua lógica. Deus
não está onde se cultiva a violência e a lei da força, nem apoia a política dos
dominadores do mundo. Sofonias garante: para os prepotentes e orgulhosos,
chegará o dia da ira de Deus; e, nesse dia, serão os humildes e os pobres que
se sentarão à mesa com Deus.
• A nossa civilização diz-se cristã, mas está ainda
longe de assimilar a lógica de Deus. A lógica da nossa sociedade exalta os que
têm poder, os que triunfam por todos os meios, os poderosos e os homens de poder,
de esperteza e de força… A sociedade exalta os que triunfam e marginaliza e
rejeita os pobres, os débeis, os simples, os pacíficos. Que podemos fazer para
que o nosso mundo se construa de acordo com os valores de Deus?
• O apelo à conversão significa, na perspectiva de
Sofonias, a renúncia ao orgulho, à prepotência, ao egoísmo e um regresso à
comunhão com Deus e com os irmãos.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145 (146), 7.8-9a.9bc-10
Felizes os pobres em espírito, porque deles
é o Reino dos Céus.
• O
Senhor é fiel para sempre, / faz justiça aos que são oprimidos; / ele dá
alimento aos famintos, / é o Senhor quem liberta os cativos.
• O
Senhor abre os olhos aos cegos, / o Senhor faz erguer-se o caído; / o Senhor
ama aquele que é justo / É o Senhor quem protege o estrangeiro.
• Ele
ampara a viúva e o órfão, / mas confunde os caminhos dos maus. / O Senhor
reinará para sempre! / Ó Sião, o teu Deus reinará / para sempre e por todos os
séculos.
EVANGELHO – Mt 5,1-12 Proclamação do
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele
tempo, vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos
aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: “Bem-aventurados os pobres em
espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. Bem-aventurados
os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de
justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a
Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de
Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles
é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e
perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de
mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.
AMBIENTE
Depois de dizer quem é Jesus (Mt 1,1-2,23) e de
definir a sua missão (cf. Mt 3,1-4,16), Mateus vai apresentar a concretização
dessa missão: com palavras e com gestos, Jesus propõe o “Reino”.
O primeiro discurso de é conhecido como o “sermão
da montanha” (cf. Mt 5-7). Agrupa um conjunto de palavras de Jesus, que Mateus
colecionou com a intenção de proporcionar à sua comunidade uma série de
ensinamentos básicos para a vida cristã. É um novo código ético, uma nova Lei,
que superasse a antiga Lei que guiava o Povo de Deus.
Mateus situa esta intervenção de Jesus no alto de
um monte. A indicação geográfica não é inocente: transporta-nos à montanha da
Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu ao seu Povo a antiga Lei. Agora é
Jesus, que, numa montanha, oferece ao novo Povo de Deus a nova Lei que deve
guiar todos os que estão interessados em aderir ao “Reino”.
As “bem-aventuranças” que Mateus coloca na boca de
Jesus, são consideravelmente diferentes das “bem-aventuranças” propostas por
Lucas (cf. Lc 6,20-26). Mateus tem nove “bem-aventuranças”, enquanto que Lucas
só apresenta quatro; além disso, Lucas prossegue com quatro “maldições”, que
estão ausentes do texto de Mateus; outras notas características da versão de
Mateus são a espiritualização (os “pobres” de Lucas são, para Mateus, os
“pobres em espírito”) e a aplicação dos “ditos” originais de Jesus à vida da
comunidade e ao comportamento dos cristãos. É muito provável que o texto de Lucas
seja mais fiel à tradição original e que o texto de Mateus tenha sido mais
trabalhado.
MENSAGEM - As “bem-aventuranças” evangélicas devem ser
entendidas no contexto da pregação sobre o “Reino”. Jesus proclama
“bem-aventurados” aqueles que estão numa situação de debilidade, de pobreza,
porque Deus está a ponto de instaurar o “Reino” e a situação destes “pobres”
vai mudar radicalmente; além disso, são “bem-aventurados” porque, na sua
fragilidade, debilidade e dependência, estão de espírito aberto e coração
disponível para acolher a proposta de salvação e libertação que Deus lhes
oferece em Jesus (a proposta do “Reino”).
Os “pobres
em espírito” são aqueles que aceitam renunciar, livremente, aos bens, ao
próprio orgulho e autossuficiência, para se colocarem, incondicionalmente, nas
mãos de Deus, para servirem os irmãos e partilharem tudo com eles.
Os “mansos”
não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, os que se
conformam com as violências orquestradas pelos poderosos; mas são aqueles que
recusam a violência, que são tolerantes e pacíficos, embora sejam, muitas
vezes, vítimas dos abusos e prepotências dos injustos… A sua atitude pacífica e
tolerante torná-los-á membros de pleno direito do “Reino”.
Os “que
choram” são aqueles que vivem na aflição, na dor, nos sofrimentos
provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; a chegada do “Reino” vai
fazer com que a sua triste situação se mude em consolação e alegria…
A quarta bem-aventurança proclama felizes “os que têm fome e sede de justiça”.
Provavelmente, a justiça deve entender-se, aqui, em sentido bíblico – isto é,
no sentido da fidelidade total aos compromissos assumidos para com Deus e para
com os irmãos. Jesus dá-lhes a esperança de verem essa sede de fidelidade
saciada, no Reino que vai chegar.
O segundo grupo de “bem-aventuranças” (vers. 7-11)
está mais orientado para definir o comportamento cristão. Enquanto que no
primeiro grupo se constatam situações, neste segundo grupo propõem-se atitudes
que os discípulos devem assumir.
Os “misericordiosos”
são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, de amar sem limites, que
se deixam tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros homens e mulheres, que
são capazes de ir ao encontro dos irmãos e estender-lhes a mão, mesmo quando
eles falharam.
Os “puros de
coração” são aqueles que têm um coração honesto e leal, que não pactua com
a duplicidade e o engano.
Os “que
constroem a paz” são aqueles que se recusam a aceitar que a violência e a
lei do mais forte rejam as relações humanas; e são aqueles que procuram ser –
às vezes com o risco da própria vida – instrumentos de reconciliação entre os
homens.
Os “que são
perseguidos por causa da justiça” são aqueles que lutam pela instauração do
“Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos, marginalizados por parte
daqueles que praticam a injustiça, que fomentam a opressão, que constroem a
morte… Jesus garante-lhes: o mal não vos poderá vencer; e, no final do caminho,
espera-vos o triunfo, a vida plena.
Na última “bem-aventurança” (vers. 11), o
evangelista dirige-se, em jeito de exortação, aos membros da sua comunidade que
têm a experiência de ser perseguidos por causa de Jesus e convida-os a resistir
ao sofrimento e à adversidade. Esta última exortação é, na prática, uma
aplicação concreta da oitava “bem-aventurança”.
No seu conjunto, as “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança e de alento para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; confirmam que a libertação está a chegar e que a sua situação vai mudar; asseguram que eles vivem já na dinâmica desse “Reino” onde vão encontrar a felicidade e a vida plena.
No seu conjunto, as “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança e de alento para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; confirmam que a libertação está a chegar e que a sua situação vai mudar; asseguram que eles vivem já na dinâmica desse “Reino” onde vão encontrar a felicidade e a vida plena.
ATUALIZAÇÃO
1- «Os pobres em
espírito». Quem se apresenta diante de Deus com uma atitude humilde,
sem méritos pessoais, pecador, necessitado do perdão divino, da misericórdia de
Deus. Daí que: pobre não é o sem bens, mas o que não se apega a ele; tudo é de
Deus. Se colocaram nas mãos de Deus, para servirem os irmãos e partilharem tudo
com eles; partilham; não explora, não mente e sente
compaixão dos necessitados.
***• Jesus diz: “felizes os pobres em espírito”; o
mundo diz: “felizes os que tem dinheiro, comodidade, poder, segurança,
bem-estar, pois é o dinheiro que faz andar o mundo e nos torna mais poderosos,
mais livres e mais felizes”.
2 «Os humildes».
Os “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as
injustiças, mas os que não aceitam as injustiças dos poderosos, mas agem com
amor, sem violência, para a construção da paz; Sabe
compreender, perdoar.
***• Jesus diz: “felizes os mansos”; o mundo diz: “felizes
os que sabem responder com força ainda maior a uma violência e a
injustiça.
3 «Os que choram»,
os que têm o coração cheio de mágoa por terem ofendido a Deus e que vivem na
aflição, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; O cristão não se conforma diante do sofrimento dos outros. Ele
se aflige, mas nem por isso perde a alegria, a esperança e a felicidade. O
egoísta fala: “Senhor, obrigado por eu ter comida na mesa, quando há tantos que
não tem”. O cristão fala o contrário: “Senhor, eu lhe agradeço este alimento,
mas me preocupo com os que não tem. Senhor, Abra o nosso coração à partilha!”
***• Jesus diz: “felizes os que choram”; o mundo diz: Feliz quem faz da vida uma festa chic, alta sociedade, amigos poderosos, uma boa conta bancária e um bom emprego arranjado pelo amigo político”.
***• Jesus diz: “felizes os que choram”; o mundo diz: Feliz quem faz da vida uma festa chic, alta sociedade, amigos poderosos, uma boa conta bancária e um bom emprego arranjado pelo amigo político”.
4 «Fome e sede de
justiça». Os que anseiam o projeto de Deus. A idéia de justiça é uma idéia
de natureza religiosa: justo é aquele que cumpre a vontade de Deus. Ele anseia por uma sociedade nova e luta por ela, para que
todos tenham o que lhe é necessário.
***• Jesus diz: “felizes os que têm sede de justiça”; o
mundo diz: feliz quem não está bitolado por uma religião. Religião já era.
Felizes os que não dependem de preconceitos ultrapassados e não acreditam num
deus que diz o que deveis e não deveis fazer; Sois livres.
5 Os “misericordiosos”
são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, que se deixam tocar
pelos sofrimentos e alegrias dos outros; sentem como suas as alegrias e as
tristezas dos irmãos e Deus também terá misericórdia dele.
***• Jesus diz: “felizes os que têm misericórdia”; o mundo
diz: “felizes os que ficam longe dos miseráveis e sofredores, pois quem se
comove e tem misericórdia dos outros nesse mundo competitivo nunca será grande”.
6 «Os puros de
coração» são aqueles que agem com honestidade e não enganando. Não é falso nem engana ninguém, mas é
verdadeiro e transparente. Estes verão a Deus porque Deus é assim.
***• Jesus diz: “felizes os sinceros de coração”; o mundo
diz: A lei é dos espertos. “A verdade e a sinceridade destroem muitas carreiras
e esperanças de sucesso”.
7 «Os que promovem a
paz» (pacíficos): Os que procuram ser instrumentos de reconciliação. Se
recusam a aceitar que a violência e a lei do mais forte rejam as relações
humanas; Na família, nos vizinhos, na Comunidade, no
País, no mundo. Ele une os separados e integra os excluídos.
***• Jesus diz: “felizes os que constroem a paz”; o mundo
diz: o que vale é a força e o poder. Cada um por si. “Quem pode mais chora
menos, pois só assim podereis ser homens e mulheres de sucesso”.
8- Os “que são perseguidos
por causa da justiça” são os que sofrem a injustiça dos homens. São os que
lutam pela instauração do “Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos,
por aqueles que praticam a injustiça.
***• Jesus diz: “felizes os que são perseguidos por
cumprirem a vontade de Deus”; o mundo diz: Feliz é quem faz o jogo dos
poderosos, pois sobe na carreira e tem êxito na vida.
As
“bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança para os pobres e débeis.
Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; a libertação está chegando.
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Jesus
Fala da pobreza que permite crer,
esperar e amar (fé, esperança e caridade).
O
pobre é aquele que “tem fé” em Deus.
Pobre é
o que reconhece a sua limitação, faz a leitura de toda realidade criada e de
sua própria existência, e vê a sua limitação, pois tudo foi criado e ele
próprio é um ser criado, não por sua vontade, mas por outro projeto que não foi
o seu. Ele vê que existe alguém mais poderoso, mais capaz e deparando com sua
fragilidade de criatura, acredita na bondade desse Criador. Acreditando, parte
e grita em direção a este Deus no meio de seu sofrimento ou da sua confusão. É
aquele que confia sempre em Deus, pois se sente pequeno.
O
pobre é também aquele que espera.
O rico
não pode esperar, está plenamente satisfeito. O pobre, esse, está sempre virado
para um futuro que espera que seja melhor; depois, ele procura, porque pensa
nunca ter totalmente encontrado. A sua vida é uma procura e todos os sinais que
ele encontra enchem-no de alegria e fazem-no avançar. O pobre é aquele que
aceita ser criticado pela Palavra de Deus, sabe de sua pequenez e espera pela
misericórdia desse Deus que o criou, pois só nele e com ele terá a plenitude da
felicidade.
O
pobre é aquele que ama.
Por não
estar plenamente satisfeito consigo mesmo, crendo no Deus Criador de tudo e de
todos, vê no próximo o irmão. Sabendo de sua limitação, pois tudo que tem lhe
foi dado, imita o criador na bondade e serve ao irmão com o que lhe foi dado.
Não centra em si o interesse, mas abre os olhos e vê aqueles que esperam os
seus gestos de amor; ouve os gritos dos seus irmãos e abre as suas mãos do
pouco que tem para àquele que tem necessidade. Quem é pobre Crê, confia, espera
e ama seu Criador e seu irmão.
As bem-aventuranças
nos diz que: “Sois do mundo, e ao mesmo tempo não sois do mundo… Vós não
sois do mundo do cada um para si, do consumo, da violência, da vingança, do
comprometimento… E face a este mundo deveis dizer: não estou de acordo! É
certo que sereis perseguidos ou, pelo menos, rir-se-ão de vós, ou procurarão
fazer-vos calar. Sereis felizes, porque fareis ver onde está a verdadeira
felicidade. Chamar-vos-ão santos”. Queremos experimentar ser já felizes?
Basta-nos ter um coração de pobre.
LEITURA II – 1 Cor 1, 26-31 Leitura da
Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Considerai
vós mesmos, irmãos, como fostes chamados por Deus. Pois entre vós não há muitos
sábios de sabedoria humana nem muitos poderosos nem muitos nobres. Na verdade,
Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os
sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir
o que é forte; Deus escolheu o que para o mundo é sem importância e desprezado,
o que não tem nenhuma serventia, para assim mostrar a inutilidade do que é
considerado importante, para que ninguém possa gloriar-se diante dele. É graças
a ele que vós estais em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós, da parte de
Deus: sabedoria, justiça, santificação e libertação, para que, como está
escrito, “quem se gloria, glorie-se no Senhor”.
AMBIENTE - Vimos, na semana passada, que um dos graves
problemas da comunidade cristã de Corinto era a identificação da experiência
cristã com uma escola de sabedoria: os cristãos de Corinto – na linha do que
acontecia nas várias escolas de filosofia que infestavam a cidade – viam várias
figuras proeminentes do cristianismo primitivo como mestres de uma doutrina e
aderiam a essas figuras, esperando encontrar nelas uma proposta filosófica
credível, que os conduzisse à plenitude da sabedoria e da realização humana. É
de crer que os vários adeptos desses vários mestres se confrontassem na
comunidade, procurando demonstrar a excelência e a superior sabedoria do mestre
escolhido. Ao saber isto, Paulo ficou muito alarmado: esta perspectiva punha em
causa o essencial da fé. Paulo vai esforçar-se, então, por demonstrar aos
coríntios que entre os cristãos não há senão um mestre, que é Jesus Cristo; e a
experiência cristã não é a busca de uma filosofia coerente, brilhante,
elegante, que conduza à sabedoria, entendida à maneira dos gregos. Aliás,
Cristo não foi um mestre que se distinguiu pela elegância das suas palavras,
pela sua arte oratória ou pela lógica do seu discurso filosófico… Ele foi o
Deus que, por amor, veio ao encontro dos homens e lhes ofereceu a salvação, não
pela lógica do poder ou pela elegância das palavras, mas através do dom da
vida.
O caminho cristão não é uma busca de sabedoria
humana, mas uma adesão a Cristo crucificado
– o Cristo do amor e do dom da vida. N’Ele manifesta-se, de forma humanamente
desconcertante, mas plena e definitiva, a força salvadora de Deus. É aí e em
mais nenhum lado que os coríntios devem procurar a verdadeira sabedoria que
conduz à vida eterna.
MENSAGEM - É verdade, considera Paulo, que é difícil encontrar
– do ponto de vista do raciocínio humano – num pobre galileu condenado a uma
morte infamante (“escândalo para os judeus e loucura para os gentios” – 1 Cor
1,23) uma proposta credível de salvação. Mas a lógica de Deus não é exatamente
igual à lógica dos homens. “O que é loucura de Deus é mais sábio que os homens;
e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Cor 1,25).
Como exemplo da lógica de Deus, Paulo apresenta o
caso da própria comunidade cristã de Corinto: entre os coríntios não abundavam
os ricos, nem os poderosos, nem os de boas famílias, nem os intelectuais, nem
os aristocratas; ao contrário, a maioria dos membros da comunidade eram
escravos, trabalhadores, gente simples e pobre. Apesar disso, Deus escolheu-os
e chamou-os; e a vida de Deus manifestou-se nessa comunidade de
desclassificados. Para a consecução dos seus projetos, os homens escolhem
normalmente os mais ricos, os mais fortes, os mais bem preparados
intelectualmente, os que provêm de boas famílias, os que asseguram maiores
hipóteses de êxito do ponto de vista humano… Mas Deus escolhe os pobres, os
débeis, aqueles que aos olhos do mundo são ignorados ou desprezados e, através
deles, manifesta o seu poder e intervém no mundo. Portanto, se esta é a lógica
de Deus (como ficou provado pelo exemplo), não surpreende que o poder salvador
de Deus se tenha manifestado na cruz de Cristo.
Os coríntios são convidados a não colocar a sua
esperança e a sua segurança em pessoas (por muito brilhantes e cheias de
qualidades humanas que elas sejam) ou em esquemas humanos de sabedoria (por
muito sedutores e fascinantes que eles possam parecer): a sabedoria humana é
incapaz, por si só, de salvar; e, ao produzir orgulho e autossuficiência, leva
o homem a prescindir de Deus e a resvalar por caminhos que conduzem à morte e à
desgraça… Em contrapartida, os coríntios
são convidados a colocar a sua esperança e segurança em Jesus Cristo, que na
cruz deu a vida por amor: é na “loucura da cruz” – isto é, na vida dada até
às últimas consequências, que se manifesta a radicalidade do amor de Deus, a
profundidade do seu desejo de ofertar ao homem a salvação. Para Paulo, a cruz
manifesta a “sabedoria de Deus”; e é essa sabedoria que deve atrair o olhar e
apaixonar o coração dos coríntios.
ATUALIZAÇÃO
• Uma percentagem significativa dos homens do nosso
tempo está convencida de que o segredo da realização plena do homem está em
fatores humanos (preparação intelectual, êxito profissional, reconhecimento
social, bem-estar económico, poder político, etc.); mas Paulo avisa que apostar
tudo nesses elementos é jogar no “cavalo errado”: o homem só encontra a
realização plena, quando descobre Cristo crucificado e aprende com Ele o amor
total e o dom da vida. Para mim, qual destas duas propostas faz mais sentido?
• A teologia aqui apresentada por Paulo diz-nos que
o Deus em quem acreditamos não é o Deus que só escolhe os ricos, os poderosos,
os influentes, os de “sangue azul”, para realizar a sua obra no mundo; mas que
o nosso Deus é o Deus que não faz acepção de pessoas e que, quase sempre, se
serve da fraqueza, da fragilidade, da finitude para levar avante o seu projeto
de salvação e libertação.
• Não se trata, aqui, de valorizar romanticamente a
pobreza, ou de apresentar Deus como o chefe de um sindicato da classe operária,
a reivindicar o poder para as classes desfavorecidas; trata-se de revelar o
verdadeiro rosto de um Deus que Se solidariza com os pobres, com os humilhados,
com os ofendidos, com os explorados de todos os tempos e a todos oferece, sem
distinção, a salvação.
Dehonianos.
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Homilia D. Henrique Soares da
Costa
A Liturgia da Palavra deste hoje
apresenta-nos as Bem-aventuranças, uma das mais belas páginas da Escritura e o
que de mais doce há nas palavras de Nosso Senhor. Mas, essas Bem-aventuranças
são um doloroso escândalo para nós! Sejamos sinceros: elas parecem um sonho
lindo, mais irreal e impraticável!
O texto de São Mateus nos diz que
Jesus subiu ao Monte, como Moisés, no Antigo Testamento, do Monte Sinai deu a
Lei aos judeus. Jesus senta-se, como um Mestre, não na cátedra de Moisés, mas
na sua própria cátedra… Os discípulos se aproximam para escutar; e o Mestre
lhes ensina, a eles, e a nós, que agora, sentados, buscamos compreender a
Palavra do Senhor.
Mas, o que Jesus ensina? Feliz quem é
pobre, feliz é quem chora, feliz quem tem fome e sede, quem é manso e puro,
quem é misericordioso e perseguido! Caríssimos, que contraste com a mentalidade
do mundo, do capitalismo! Que contraste com a nossa mentalidade! Que contraste
com a lógica da maldita “teologia” da prosperidade, que alguns pregam em nome
de Cristo, mas que de cristã não tem nada! Bem-aventurado quem é pobre, que
chora, quem tem fome! Como compreender isso? Como aceitar? Como viver essas
palavras?
Na verdade, há uma só
bem-aventurança; as outras nada mais são que ressonância, eco dessa única:
“Bem-aventurados os pobres!” Deles – e só deles – é o Reino dos céus!
Compreendamos o que Jesus quis dizer! Na Bíblia, pobre é todo aquele que se
encontra numa situação de penúria, de impotência, de angústia e incapacidade Pobre
é quem se sente pequeno diante dos desafios da existência. Pobre é quem não tem
o suficiente para viver, não tem casa, não tem comida, não tem trabalhos; pobre
é quem não tem saúde; pobre é o humilhado, pobre é o aidético, pobre é o
canceroso, pobre é o discriminado; é o frágil psíquica ou fisicamente… Pobre é
quem não tem voz, não tem vez, não tem sua dignidade respeitada! Pobre é o
solitário, o não amado, o deprimido… Todos esses são os pobres da Bíblia.
Mas, por que Jesus os considera bem-aventurados?
Por um motivo só: porque, do fundo de sua miséria, eles tem mais facilidade de
perceber realmente o que nós somos e o que a vida é. Somos todos pobres e
dependentes, somos frágeis e a vida, sem Deus, nos traga como uma onda gigante
e impiedosa! O pobre, porque já não tem quem o possa socorrer, levanta os olhos
para o céu e reconhece o amor terno e presente de Deus. Por isso ele é feliz:
porque descobriu que somos todos pequeninos e amados por Deus. Infelizmente,
somos cegos, enganamo-nos facilmente, e quando estamos bem, achamos que somos
os donos de nossa vida, tendemos a colocar a confiança nas coisas, nas pessoas,
no prestígio e em tantas outras escoras… E, assim, vivemos na ilusão da autossuficiência
e não nos abrimos de verdade para Deus. O pobre, por não ter ninguém por ele,
reza com toda a verdade e, de verdade, faz de Deus o seu protetor, seu amparo,
seu refúgio! É por isso que nas Bem-aventuranças segundo Lucas, Jesus completa
quadro dizendo: Aí de vós ricos, ai de vós que estais saciados, ai de vós que
agora rides, etc. Não é um mal ter dinheiro, não é um mal estar contente, não é
um mal ser querido… mas, o Senhor nos alerta aqui para um perigo: no nosso
contentamento, esquecer que tudo passa, esquecer que nossa verdadeira riqueza,
nossa alegria que não passa é Deus e o seu Reino! Olhemos em torno de nós e
veremos o quanto isso é real! Por que são os pobres os que mais procuram a Deus
e são mais generosos para com ele? Porque, não tendo a quem recorrer, percebem
que somente Deus é sua valia e sua riqueza. Quanto aos ricos, têm sua poupança,
seu plano de saúde, seu prestígio, seus amigos… e confia neles… muitas vezes
mais que no próprio Deus! Por que nos países ricos a religião está sendo
abandonada? Não é porque as pessoas são alfabetizadas, como se religião fosse
para ignorantes! É porque, do alto de sua fartura, elas se tornam satisfeitas
consigo mesmas, autossuficientes achando-se seu próprio Deus. Recordemos o que
diz São Paulo na segunda leitura de hoje: “Considerai, irmãos, como
fostes chamados por Deus. Pois entre vós não há muitos sábios de sabedoria
humana nem muitos poderosos nem muitos nobres. Na verdade, Deus escolheu o que
o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu
o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte!”
Meus caros, estejamos atentos à advertência de
Jesus! A verdade é que somente quem é pobre de verdade aceita que Deus é sua
riqueza e seu tudo. Cada um de nós e a Igreja inteira, somos todos chamados a
pensar nas palavras do Senhor! Terminemos com as palavras do Profeta
Sofonias: “buscai o Senhor, humildes da terra, que
pondes em prática seus preceitos. Deixarei entre vós um punhado de homens
humildes e pobres. E no nome do Senhor porá sua esperança o resto de Israel!
Eles serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará!” Que
o Senhor nos conceda a graça de estar entre esses pobres que vão colocando
somente nele a sua esperança!
Amém.
D. Henrique Soares da Costa
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PARA A CEÇEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR: (QUANDO O PÃO
CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O Senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor, o nosso Deus...
- COM Jesus, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO,
LOUVEMOS AO PAI.
Todos: Bendito e louvado seja o Senhor
nosso Deus.
- Deus, nosso Pai e nosso Pastor, nós
vos bendizemos pela vossa paciência e pela vossa bondade. Quando vosso povo
Israel se afastava do caminho da justiça, vós os recordáveis pelos profetas a
se converterem para vós. Nós procuramos o vosso rosto e vos pedimos:
purifica-nos da mentira, da ganância e da corrupção. Dai-nos força para que
pratiquemos a justiça e a humildade.
Todos:
Bendito e louvado seja o Senhor nosso Deus.
- Deus de infinita sabedoria. Nós vos
damos graças, porque nos chamastes; escolhestes aqueles que são fracos e
desprezados, para lhes dares vossa sabedoria e com Jesus alcançarmos a vitória
da vida Eterna.
Todos:
Bendito e louvado seja o Senhor nosso Deus.
- Deus, nosso Pai dos céus, bendito
sejais vós que abris ao vosso povo a terra prometida e o Reino dos céus. Vós
que nos saciais com a vossa justiça, vós que nos chamais de filhos e mostra-nos
o vosso rosto, fazei-nos mansos, misericordiosos, praticantes da vossa justiça
e testemunhas de vosso amor.
Todos:
Bendito e louvado seja o Senhor nosso Deus.
- PAI NOSSO... A PAZ DE
CRISTO... EIS O CORDEIRO DE DEUS...
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ORIENTAÇÕES GERAIS
O canto de abertura não é para acolher o presidente da celebração nem os
ministros. Ele tem a finalidade de congregar a assembléia para participar da
ação litúrgica.
O momento ideal para os pedidos e intenções não é o início da
celebração, mas no momento próprio, que é o momento da oração da assembléia dos
fiéis. Intenções de ação de graças seria interessante lembrar antes da oração
eucarística. Os falecidos podem ser lembrados também na oração eucarística,
durante a intercessão pelos falecidos, também chamado de “memento dos mortos”.
Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Ritos Iniciais.
É importante que não se diga nenhuma palavra antes da saudação: nem “Bom
dia ou “Boa noite”, nem comentários ou introduções! Bom dia e boa noite não é
saudação litúrgica. Primeiro devemos saudar a Trindade.
Pe. Benedito Mazeti