quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

4º Domingo do Tempo Comum ano A, homilias, subsídios homiléticos

4º Domingo do Tempo Comum ano A


Tema: O “Reino” e a sua lógica. São os pobres, os humildes, os que aceitaram despir-se do egoísmo, do orgulho, dos próprios interesses que são verdadeiramente felizes. O “Reino” é para eles.
Na primeira leitura, o profeta Sofonias denuncia o orgulho e a autossuficiência dos ricos e dos poderosos e convida o Povo de Deus a converter-se à pobreza. Os “pobres” são aqueles que se entregam nas mãos de Deus com humildade e confiança, que acolhem com amor as suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.
O Evangelho Proclama “bem-aventurados” os pobres, os mansos, os que choram, os que procuram cumprir a vontade de Deus e recomenda a misericórdia,  a luta pela paz e a perseverança.
Na segunda leitura, Paulo denuncia aqueles que colocam a sua esperança em pessoas ou em esquemas humanos e convida os crentes a encontrar em Cristo crucificado a verdadeira sabedoria que conduz à salvação e à vida plena.

LEITURA I – Sof 2, 3; 3. 12-13 Leitura da Profecia de Sofonias
Buscai o Senhor, humildes da terra, que pondes em prática seus preceitos; praticai a justiça, procurai a humildade; achareis talvez um refúgio no dia da cólera do Senhor. E deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres. E no nome do Senhor porá sua esperança o resto de Israel. Eles não cometerão iniqüidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará.

AMBIENTE - Sofonias pregou em Jerusalém na época do rei Josias (entre 639 e 609 a.C.).
Trata-se de uma época difícil para o Povo de Deus. Judá está submetida aos assírios; a influência estrangeira sente-se em todos os costumes e práticas pagãs. Aos pecados contra Jahwéh e contra a aliança, somam-se as injustiças que, todos os dias, atingem os mais pobres e desprotegidos. Os príncipes e ministros abusam da sua autoridade e cometem arbitrariedades, os juízes são corruptos e os comerciantes especulam com a miséria…
Sofonias está consciente de que vai chegar o dia do Senhor, isto é, o dia da intervenção de Deus em que os maus serão castigados e a injustiça será banida da terra. Da ira do Senhor escaparão os humildes e os pobres, os que se mantiveram fiéis à aliança. O fim da pregação de Sofonias não é anunciar o castigo, mas é provocar a conversão para chegar à salvação.

MENSAGEM - Para Sofonias, “conversão” significa justiça e humildade. Os “humildes” são aqueles se entregam nas mãos de Deus, aceitam as propostas de Deus; são, também, aqueles que praticam a justiça para com os irmãos, que respeitam os direitos dos mais débeis, que não cometem arbitrariedades… Equivalem aos “pobres” das bem-aventuranças: não são uma categoria sociológica, mas aqueles que estão numa certa atitude espiritual de abertura a Deus e aos irmãos.
No lado oposto estão os orgulhosos e autossuficientes, que ignoram as propostas de Deus, exploram, são injustos, corruptos e arbitrários. Só uma verdadeira conversão à humildade permitirá encontrar proteção no “dia da ira do Senhor”.
Os orgulhosos, arrogantes e prepotentes serão banidos do meio do Povo de Deus (cf. Sof 3,11); ficará um “resto” humilde e pobre”, que se entregará nas mãos do Senhor, não cometerá iniquidades nem dirá mentiras e será uma espécie de viveiro de reflorescimento da nação.
A partir daqui, ser “pobre” não é uma categoria sociológica, mas uma atitude espiritual de quem tem o coração aberto às propostas de Deus e é justo na relação com os outros. Na tradição bíblica, os pobres são, portanto, pessoas pacíficas, humildes, piedosas, simples, que confiam em Deus, que obedecem às suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.

ATUALIZAÇÃO • Deus não pactua com os orgulhosos e prepotentes que dominam o mundo e que pretendem moldar a história com a sua lógica. Deus não está onde se cultiva a violência e a lei da força, nem apoia a política dos dominadores do mundo. Sofonias garante: para os prepotentes e orgulhosos, chegará o dia da ira de Deus; e, nesse dia, serão os humildes e os pobres que se sentarão à mesa com Deus.
• A nossa civilização diz-se cristã, mas está ainda longe de assimilar a lógica de Deus. A lógica da nossa sociedade exalta os que têm poder, os que triunfam por todos os meios, os poderosos e os homens de poder, de esperteza e de força… A sociedade exalta os que triunfam e marginaliza e rejeita os pobres, os débeis, os simples, os pacíficos. Que podemos fazer para que o nosso mundo se construa de acordo com os valores de Deus?
• O apelo à conversão significa, na perspectiva de Sofonias, a renúncia ao orgulho, à prepotência, ao egoísmo e um regresso à comunhão com Deus e com os irmãos.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145 (146), 7.8-9a.9bc-10

Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
• O Senhor é fiel para sempre, / faz justiça aos que são oprimidos; / ele dá alimento aos famintos, / é o Senhor quem liberta os cativos.
• O Senhor abre os olhos aos cegos, / o Senhor faz erguer-se o caído; / o Senhor ama aquele que é justo / É o Senhor quem protege o estrangeiro.
• Ele ampara a viúva e o órfão, / mas confunde os caminhos dos maus. / O Senhor reinará para sempre! / Ó Sião, o teu Deus reinará / para sempre e por todos os séculos.

EVANGELHO – Mt 5,1-12 Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.

Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados  os aflitos, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.

AMBIENTE
Depois de dizer quem é Jesus (Mt 1,1-2,23) e de definir a sua missão (cf. Mt 3,1-4,16), Mateus vai apresentar a concretização dessa missão: com palavras e com gestos, Jesus propõe o “Reino”.
O primeiro discurso de é conhecido como o “sermão da montanha” (cf. Mt 5-7). Agrupa um conjunto de palavras de Jesus, que Mateus colecionou com a intenção de proporcionar à sua comunidade uma série de ensinamentos básicos para a vida cristã. É um novo código ético, uma nova Lei, que superasse a antiga Lei que guiava o Povo de Deus.
Mateus situa esta intervenção de Jesus no alto de um monte. A indicação geográfica não é inocente: transporta-nos à montanha da Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu ao seu Povo a antiga Lei. Agora é Jesus, que, numa montanha, oferece ao novo Povo de Deus a nova Lei que deve guiar todos os que estão interessados em aderir ao “Reino”.
As “bem-aventuranças” que Mateus coloca na boca de Jesus, são consideravelmente diferentes das “bem-aventuranças” propostas por Lucas (cf. Lc 6,20-26). Mateus tem nove “bem-aventuranças”, enquanto que Lucas só apresenta quatro; além disso, Lucas prossegue com quatro “maldições”, que estão ausentes do texto de Mateus; outras notas características da versão de Mateus são a espiritualização (os “pobres” de Lucas são, para Mateus, os “pobres em espírito”) e a aplicação dos “ditos” originais de Jesus à vida da comunidade e ao comportamento dos cristãos. É muito provável que o texto de Lucas seja mais fiel à tradição original e que o texto de Mateus tenha sido mais trabalhado.

MENSAGEM - As “bem-aventuranças” evangélicas devem ser entendidas no contexto da pregação sobre o “Reino”. Jesus proclama “bem-aventurados” aqueles que estão numa situação de debilidade, de pobreza, porque Deus está a ponto de instaurar o “Reino” e a situação destes “pobres” vai mudar radicalmente; além disso, são “bem-aventurados” porque, na sua fragilidade, debilidade e dependência, estão de espírito aberto e coração disponível para acolher a proposta de salvação e libertação que Deus lhes oferece em Jesus (a proposta do “Reino”).
Os “pobres em espírito” são aqueles que aceitam renunciar, livremente, aos bens, ao próprio orgulho e autossuficiência, para se colocarem, incondicionalmente, nas mãos de Deus, para servirem os irmãos e partilharem tudo com eles.
Os “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, os que se conformam com as violências orquestradas pelos poderosos; mas são aqueles que recusam a violência, que são tolerantes e pacíficos, embora sejam, muitas vezes, vítimas dos abusos e prepotências dos injustos… A sua atitude pacífica e tolerante torná-los-á membros de pleno direito do “Reino”.
Os “que choram” são aqueles que vivem na aflição, na dor, nos sofrimentos provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; a chegada do “Reino” vai fazer com que a sua triste situação se mude em consolação e alegria…
A quarta bem-aventurança proclama felizes “os que têm fome e sede de justiça”. Provavelmente, a justiça deve entender-se, aqui, em sentido bíblico – isto é, no sentido da fidelidade total aos compromissos assumidos para com Deus e para com os irmãos. Jesus dá-lhes a esperança de verem essa sede de fidelidade saciada, no Reino que vai chegar.
O segundo grupo de “bem-aventuranças” (vers. 7-11) está mais orientado para definir o comportamento cristão. Enquanto que no primeiro grupo se constatam situações, neste segundo grupo propõem-se atitudes que os discípulos devem assumir.
Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, de amar sem limites, que se deixam tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros homens e mulheres, que são capazes de ir ao encontro dos irmãos e estender-lhes a mão, mesmo quando eles falharam.
Os “puros de coração” são aqueles que têm um coração honesto e leal, que não pactua com a duplicidade e o engano.
Os “que constroem a paz” são aqueles que se recusam a aceitar que a violência e a lei do mais forte rejam as relações humanas; e são aqueles que procuram ser – às vezes com o risco da própria vida – instrumentos de reconciliação entre os homens.
Os “que são perseguidos por causa da justiça” são aqueles que lutam pela instauração do “Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos, marginalizados por parte daqueles que praticam a injustiça, que fomentam a opressão, que constroem a morte… Jesus garante-lhes: o mal não vos poderá vencer; e, no final do caminho, espera-vos o triunfo, a vida plena.

Na última “bem-aventurança” (vers. 11), o evangelista dirige-se, em jeito de exortação, aos membros da sua comunidade que têm a experiência de ser perseguidos por causa de Jesus e convida-os a resistir ao sofrimento e à adversidade. Esta última exortação é, na prática, uma aplicação concreta da oitava “bem-aventurança”.
No seu conjunto, as “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança e de alento para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; confirmam que a libertação está a chegar e que a sua situação vai mudar; asseguram que eles vivem já na dinâmica desse “Reino” onde vão encontrar a felicidade e a vida plena.

ATUALIZAÇÃO

1- «Os pobres em espírito». Quem se apresenta diante de Deus com uma atitude humilde, sem méritos pessoais, pecador, necessitado do perdão divino, da misericórdia de Deus. Daí que: pobre não é o sem bens, mas o que não se apega a ele; tudo é de Deus. Se colocaram nas mãos de Deus, para servirem os irmãos e partilharem tudo com eles; partilham; não explora, não mente e sente compaixão dos necessitados.
***• Jesus diz: “felizes os pobres em espírito”; o mundo diz: “felizes os que tem dinheiro, comodidade, poder, segurança, bem-estar, pois é o dinheiro que faz andar o mundo e nos torna mais poderosos, mais livres e mais felizes”.
2 «Os humildes». Os “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, mas os que não aceitam as injustiças dos poderosos, mas agem com amor, sem violência, para a construção da paz; Sabe compreender, perdoar.
***• Jesus diz: “felizes os mansos”; o mundo diz: “felizes os que sabem responder com força ainda maior a uma violência e a injustiça. 
3 «Os que choram», os que têm o coração cheio de mágoa por terem ofendido a Deus e que vivem na aflição, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; O cristão não se conforma diante do sofrimento dos outros. Ele se aflige, mas nem por isso perde a alegria, a esperança e a felicidade. O egoísta fala: “Senhor, obrigado por eu ter comida na mesa, quando há tantos que não tem”. O cristão fala o contrário: “Senhor, eu lhe agradeço este alimento, mas me preocupo com os que não tem.  Senhor, Abra o nosso coração à partilha!”
***• Jesus diz: “felizes os que choram”; o mundo diz: Feliz quem  faz da vida uma festa chic,  alta sociedade, amigos poderosos, uma boa conta bancária e um bom emprego arranjado pelo amigo político”.
4 «Fome e sede de justiça». Os que anseiam o projeto de Deus. A idéia de justiça é uma idéia de natureza religiosa: justo é aquele que cumpre a vontade de Deus. Ele anseia por uma sociedade nova e luta por ela, para que todos tenham o que lhe é necessário.
***• Jesus diz: “felizes os que têm sede de justiça”; o mundo diz: feliz quem não está bitolado por uma religião. Religião já era. Felizes os que não dependem de preconceitos ultrapassados e não acreditam num deus que diz o que deveis e não deveis fazer; Sois livres.
 5 Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, que se deixam tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros; sentem como suas as alegrias e as tristezas dos irmãos e Deus também terá misericórdia dele.
***• Jesus diz: “felizes os que têm misericórdia”; o mundo diz: “felizes os que ficam longe dos miseráveis e sofredores, pois quem se comove e tem misericórdia dos outros nesse mundo competitivo nunca será grande”. 
6 «Os puros de coração» são aqueles que agem com honestidade e não enganando.   Não é falso nem engana ninguém, mas é verdadeiro e transparente. Estes verão a Deus porque Deus é assim.
***• Jesus diz: “felizes os sinceros de coração”; o mundo diz: A lei é dos espertos. “A verdade e a sinceridade destroem muitas carreiras e esperanças de sucesso”. 
7 «Os que promovem a paz» (pacíficos): Os que procuram ser instrumentos de reconciliação. Se recusam a aceitar que a violência e a lei do mais forte rejam as relações humanas; Na família, nos vizinhos, na Comunidade, no País, no mundo. Ele une os separados e integra os excluídos.
***• Jesus diz: “felizes os que constroem a paz”; o mundo diz: o que vale é a força e o poder. Cada um por si. “Quem pode mais chora menos, pois só assim podereis ser homens e mulheres de sucesso”.
8- Os “que são perseguidos por causa da justiça” são os que sofrem a injustiça dos homens. São os que lutam pela instauração do “Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos, por aqueles que praticam a injustiça.
***• Jesus diz: “felizes os que são perseguidos por cumprirem a vontade de Deus”; o mundo diz: Feliz é quem faz o jogo dos poderosos, pois sobe na carreira e tem êxito na vida.
As “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; a libertação está  chegando.

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Jesus Fala da pobreza que permite crer, esperar e amar (fé, esperança e caridade).
 O pobre é aquele que “tem fé” em Deus.
Pobre é o que reconhece a sua limitação, faz a leitura de toda realidade criada e de sua própria existência, e vê a sua limitação, pois tudo foi criado e ele próprio é um ser criado, não por sua vontade, mas por outro projeto que não foi o seu. Ele vê que existe alguém mais poderoso, mais capaz e deparando com sua fragilidade de criatura, acredita na bondade desse Criador. Acreditando, parte e grita em direção a este Deus no meio de seu sofrimento ou da sua confusão. É aquele que confia sempre em Deus, pois se sente pequeno.
 O pobre é também aquele que espera.
O rico não pode esperar, está plenamente satisfeito. O pobre, esse, está sempre virado para um futuro que espera que seja melhor; depois, ele procura, porque pensa nunca ter totalmente encontrado. A sua vida é uma procura e todos os sinais que ele encontra enchem-no de alegria e fazem-no avançar. O pobre é aquele que aceita ser criticado pela Palavra de Deus, sabe de sua pequenez e espera pela misericórdia desse Deus que o criou, pois só nele e com ele terá a plenitude da felicidade.
 O pobre é aquele que ama.
Por não estar plenamente satisfeito consigo mesmo, crendo no Deus Criador de tudo e de todos, vê no próximo o irmão. Sabendo de sua limitação, pois tudo que tem lhe foi dado, imita o criador na bondade e serve ao irmão com o que lhe foi dado. Não centra em si o interesse, mas abre os olhos e vê aqueles que esperam os seus gestos de amor; ouve os gritos dos seus irmãos e abre as suas mãos do pouco que tem para àquele que tem necessidade. Quem é pobre Crê, confia, espera e ama seu Criador e seu irmão.

As bem-aventuranças nos diz que: “Sois do mundo, e ao mesmo tempo não sois do mundo… Vós não sois do mundo do cada um para si, do consumo, da violência, da vingança, do comprometimento… E face a este mundo deveis dizer: não estou de acordo! É certo que sereis perseguidos ou, pelo menos, rir-se-ão de vós, ou procurarão fazer-vos calar. Sereis felizes, porque fareis ver onde está a verdadeira felicidade. Chamar-vos-ão santos”. Queremos experimentar ser já felizes? Basta-nos ter um coração de pobre.


LEITURA II – 1 Cor 1, 26-31 Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.

Considerai vós mesmos, irmãos, como fostes chamados por Deus. Pois entre vós não há muitos sábios de sabedoria humana nem muitos poderosos nem muitos nobres. Na verdade, Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte; Deus escolheu o que para o mundo é sem importância e desprezado, o que não tem nenhuma serventia, para assim mostrar a inutilidade do que é considerado importante, para que ninguém possa gloriar-se diante dele. É graças a ele que vós estais em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós, da parte de Deus: sabedoria, justiça, santificação e libertação, para que, como está escrito, “quem se gloria, glorie-se no Senhor”.

AMBIENTE - Vimos, na semana passada, que um dos graves problemas da comunidade cristã de Corinto era a identificação da experiência cristã com uma escola de sabedoria: os cristãos de Corinto – na linha do que acontecia nas várias escolas de filosofia que infestavam a cidade – viam várias figuras proeminentes do cristianismo primitivo como mestres de uma doutrina e aderiam a essas figuras, esperando encontrar nelas uma proposta filosófica credível, que os conduzisse à plenitude da sabedoria e da realização humana. É de crer que os vários adeptos desses vários mestres se confrontassem na comunidade, procurando demonstrar a excelência e a superior sabedoria do mestre escolhido. Ao saber isto, Paulo ficou muito alarmado: esta perspectiva punha em causa o essencial da fé. Paulo vai esforçar-se, então, por demonstrar aos coríntios que entre os cristãos não há senão um mestre, que é Jesus Cristo; e a experiência cristã não é a busca de uma filosofia coerente, brilhante, elegante, que conduza à sabedoria, entendida à maneira dos gregos. Aliás, Cristo não foi um mestre que se distinguiu pela elegância das suas palavras, pela sua arte oratória ou pela lógica do seu discurso filosófico… Ele foi o Deus que, por amor, veio ao encontro dos homens e lhes ofereceu a salvação, não pela lógica do poder ou pela elegância das palavras, mas através do dom da vida.
O caminho cristão não é uma busca de sabedoria humana, mas uma adesão a Cristo crucificado – o Cristo do amor e do dom da vida. N’Ele manifesta-se, de forma humanamente desconcertante, mas plena e definitiva, a força salvadora de Deus. É aí e em mais nenhum lado que os coríntios devem procurar a verdadeira sabedoria que conduz à vida eterna.

MENSAGEM - É verdade, considera Paulo, que é difícil encontrar – do ponto de vista do raciocínio humano – num pobre galileu condenado a uma morte infamante (“escândalo para os judeus e loucura para os gentios” – 1 Cor 1,23) uma proposta credível de salvação. Mas a lógica de Deus não é exatamente igual à lógica dos homens. “O que é loucura de Deus é mais sábio que os homens; e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Cor 1,25).
Como exemplo da lógica de Deus, Paulo apresenta o caso da própria comunidade cristã de Corinto: entre os coríntios não abundavam os ricos, nem os poderosos, nem os de boas famílias, nem os intelectuais, nem os aristocratas; ao contrário, a maioria dos membros da comunidade eram escravos, trabalhadores, gente simples e pobre. Apesar disso, Deus escolheu-os e chamou-os; e a vida de Deus manifestou-se nessa comunidade de desclassificados. Para a consecução dos seus projetos, os homens escolhem normalmente os mais ricos, os mais fortes, os mais bem preparados intelectualmente, os que provêm de boas famílias, os que asseguram maiores hipóteses de êxito do ponto de vista humano… Mas Deus escolhe os pobres, os débeis, aqueles que aos olhos do mundo são ignorados ou desprezados e, através deles, manifesta o seu poder e intervém no mundo. Portanto, se esta é a lógica de Deus (como ficou provado pelo exemplo), não surpreende que o poder salvador de Deus se tenha manifestado na cruz de Cristo.
Os coríntios são convidados a não colocar a sua esperança e a sua segurança em pessoas (por muito brilhantes e cheias de qualidades humanas que elas sejam) ou em esquemas humanos de sabedoria (por muito sedutores e fascinantes que eles possam parecer): a sabedoria humana é incapaz, por si só, de salvar; e, ao produzir orgulho e autossuficiência, leva o homem a prescindir de Deus e a resvalar por caminhos que conduzem à morte e à desgraça… Em contrapartida, os coríntios são convidados a colocar a sua esperança e segurança em Jesus Cristo, que na cruz deu a vida por amor: é na “loucura da cruz” – isto é, na vida dada até às últimas consequências, que se manifesta a radicalidade do amor de Deus, a profundidade do seu desejo de ofertar ao homem a salvação. Para Paulo, a cruz manifesta a “sabedoria de Deus”; e é essa sabedoria que deve atrair o olhar e apaixonar o coração dos coríntios.

ATUALIZAÇÃO
• Uma percentagem significativa dos homens do nosso tempo está convencida de que o segredo da realização plena do homem está em fatores humanos (preparação intelectual, êxito profissional, reconhecimento social, bem-estar económico, poder político, etc.); mas Paulo avisa que apostar tudo nesses elementos é jogar no “cavalo errado”: o homem só encontra a realização plena, quando descobre Cristo crucificado e aprende com Ele o amor total e o dom da vida. Para mim, qual destas duas propostas faz mais sentido?
• A teologia aqui apresentada por Paulo diz-nos que o Deus em quem acreditamos não é o Deus que só escolhe os ricos, os poderosos, os influentes, os de “sangue azul”, para realizar a sua obra no mundo; mas que o nosso Deus é o Deus que não faz acepção de pessoas e que, quase sempre, se serve da fraqueza, da fragilidade, da finitude para levar avante o seu projeto de salvação e libertação.
• Não se trata, aqui, de valorizar romanticamente a pobreza, ou de apresentar Deus como o chefe de um sindicato da classe operária, a reivindicar o poder para as classes desfavorecidas; trata-se de revelar o verdadeiro rosto de um Deus que Se solidariza com os pobres, com os humilhados, com os ofendidos, com os explorados de todos os tempos e a todos oferece, sem distinção, a salvação.

Dehonianos.

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Homilia D. Henrique Soares da Costa

A Liturgia da Palavra deste hoje apresenta-nos as Bem-aventuranças, uma das mais belas páginas da Escritura e o que de mais doce há nas palavras de Nosso Senhor. Mas, essas Bem-aventuranças são um doloroso escândalo para nós! Sejamos sinceros: elas parecem um sonho lindo, mais irreal e impraticável!
O texto de São Mateus nos diz que Jesus subiu ao Monte, como Moisés, no Antigo Testamento, do Monte Sinai deu a Lei aos judeus. Jesus senta-se, como um Mestre, não na cátedra de Moisés, mas na sua própria cátedra… Os discípulos se aproximam para escutar; e o Mestre lhes ensina, a eles, e a nós, que agora, sentados, buscamos compreender a Palavra do Senhor.
Mas, o que Jesus ensina? Feliz quem é pobre, feliz é quem chora, feliz quem tem fome e sede, quem é manso e puro, quem é misericordioso e perseguido! Caríssimos, que contraste com a mentalidade do mundo, do capitalismo! Que contraste com a nossa mentalidade! Que contraste com a lógica da maldita “teologia” da prosperidade, que alguns pregam em nome de Cristo, mas que de cristã não tem nada! Bem-aventurado quem é pobre, que chora, quem tem fome! Como compreender isso? Como aceitar? Como viver essas palavras?
Na verdade, há uma só bem-aventurança; as outras nada mais são que ressonância, eco dessa única: “Bem-aventurados os pobres!” Deles – e só deles – é o Reino dos céus! Compreendamos o que Jesus quis dizer! Na Bíblia, pobre é todo aquele que se encontra numa situação de penúria, de impotência, de angústia e incapacidade Pobre é quem se sente pequeno diante dos desafios da existência. Pobre é quem não tem o suficiente para viver, não tem casa, não tem comida, não tem trabalhos; pobre é quem não tem saúde; pobre é o humilhado, pobre é o aidético, pobre é o canceroso, pobre é o discriminado; é o frágil psíquica ou fisicamente… Pobre é quem não tem voz, não tem vez, não tem sua dignidade respeitada! Pobre é o solitário, o não amado, o deprimido… Todos esses são os pobres da Bíblia.
Mas, por que Jesus os considera bem-aventurados? Por um motivo só: porque, do fundo de sua miséria, eles tem mais facilidade de perceber realmente o que nós somos e o que a vida é. Somos todos pobres e dependentes, somos frágeis e a vida, sem Deus, nos traga como uma onda gigante e impiedosa! O pobre, porque já não tem quem o possa socorrer, levanta os olhos para o céu e reconhece o amor terno e presente de Deus. Por isso ele é feliz: porque descobriu que somos todos pequeninos e amados por Deus. Infelizmente, somos cegos, enganamo-nos facilmente, e quando estamos bem, achamos que somos os donos de nossa vida, tendemos a colocar a confiança nas coisas, nas pessoas, no prestígio e em tantas outras escoras… E, assim, vivemos na ilusão da autossuficiência e não nos abrimos de verdade para Deus. O pobre, por não ter ninguém por ele, reza com toda a verdade e, de verdade, faz de Deus o seu protetor, seu amparo, seu refúgio! É por isso que nas Bem-aventuranças segundo Lucas, Jesus completa quadro dizendo: Aí de vós ricos, ai de vós que estais saciados, ai de vós que agora rides, etc. Não é um mal ter dinheiro, não é um mal estar contente, não é um mal ser querido… mas, o Senhor nos alerta aqui para um perigo: no nosso contentamento, esquecer que tudo passa, esquecer que nossa verdadeira riqueza, nossa alegria que não passa é Deus e o seu Reino! Olhemos em torno de nós e veremos o quanto isso é real! Por que são os pobres os que mais procuram a Deus e são mais generosos para com ele? Porque, não tendo a quem recorrer, percebem que somente Deus é sua valia e sua riqueza. Quanto aos ricos, têm sua poupança, seu plano de saúde, seu prestígio, seus amigos… e confia neles… muitas vezes mais que no próprio Deus! Por que nos países ricos a religião está sendo abandonada? Não é porque as pessoas são alfabetizadas, como se religião fosse para ignorantes! É porque, do alto de sua fartura, elas se tornam satisfeitas consigo mesmas, autossuficientes achando-se seu próprio Deus. Recordemos o que diz São Paulo na segunda leitura de hoje: “Considerai, irmãos, como fostes chamados por Deus. Pois entre vós não há muitos sábios de sabedoria humana nem muitos poderosos nem muitos nobres. Na verdade, Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte!”
Meus caros, estejamos atentos à advertência de Jesus! A verdade é que somente quem é pobre de verdade aceita que Deus é sua riqueza e seu tudo. Cada um de nós e a Igreja inteira, somos todos chamados a pensar nas palavras do Senhor! Terminemos com as palavras do Profeta Sofonias: “buscai o Senhor, humildes da terra, que pondes em prática seus preceitos. Deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres. E no nome do Senhor porá sua esperança o resto de Israel! Eles serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará!” Que o Senhor nos conceda a graça de estar entre esses pobres que vão colocando somente nele a sua esperança!
Amém.
D. Henrique Soares da Costa


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PARA A CEÇEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
-  O Senhor esteja com todos vocês...  Demos graças ao Senhor, o nosso Deus...
- COM Jesus, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI.
Todos: Bendito e louvado seja o Senhor nosso Deus.
- Deus, nosso Pai e nosso Pastor, nós vos bendizemos pela vossa paciência e pela vossa bondade. Quando vosso povo Israel se afastava do caminho da justiça, vós os recordáveis pelos profetas a se converterem para vós. Nós procuramos o vosso rosto e vos pedimos: purifica-nos da mentira, da ganância e da corrupção. Dai-nos força para que pratiquemos a justiça e a humildade.
Todos: Bendito e louvado seja o Senhor nosso Deus.
- Deus de infinita sabedoria. Nós vos damos graças, porque nos chamastes; escolhestes aqueles que são fracos e desprezados, para lhes dares vossa sabedoria e com Jesus alcançarmos a vitória da vida Eterna.
Todos: Bendito e louvado seja o Senhor nosso Deus.
- Deus, nosso Pai dos céus, bendito sejais vós que abris ao vosso povo a terra prometida e o Reino dos céus. Vós que nos saciais com a vossa justiça, vós que nos chamais de filhos e mostra-nos o vosso rosto, fazei-nos mansos, misericordiosos, praticantes da vossa justiça e testemunhas de vosso amor.
Todos: Bendito e louvado seja o Senhor nosso Deus.

- PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO DE DEUS...



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ORIENTAÇÕES GERAIS
O canto de abertura não é para acolher o presidente da celebração nem os ministros. Ele tem a finalidade de congregar a assembléia para participar da ação litúrgica.
O momento ideal para os pedidos e intenções não é o início da celebração, mas no momento próprio, que é o momento da oração da assembléia dos fiéis. Intenções de ação de graças seria interessante lembrar antes da oração eucarística. Os falecidos podem ser lembrados também na oração eucarística, durante a intercessão pelos falecidos, também chamado de “memento dos mortos”.
Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Ritos Iniciais.
É importante que não se diga nenhuma palavra antes da saudação: nem “Bom dia ou “Boa noite”, nem comentários ou introduções! Bom dia e boa noite não é saudação litúrgica. Primeiro devemos saudar a Trindade.
Pe. Benedito Mazeti



quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

3º Domingo do Tempo Comum, homilias, subsídios homiléticos

3º Domingo do Tempo Comum

Tema: O projeto do “Reino”. Jesus é a grande luz do mundo.
Primeira leitura: Isaías anuncia uma luz que irá brilhar e será o fim das trevas, da morte, da injustiça, do sofrimento.
Evangelho: Jesus é a luz que começa a brilhar e propõe a todos a Boa Nova da chegada do “Reino”.
II leitura: Paulo exorta as comunidades a redescobrir os fundamentos da fé e dos compromissos do batismo.

PRIMEIRA LEITURA (Is 8, 23b-9,3) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
No tempo passado o Senhor humilhou a terra de Zabulon e a terra de Neftali; mas recentemente cobriu de glória o caminho do mar, do além-Jordão e da Galileia das nações. O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita, ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos. Pois o jugo que oprimia o
povo, - a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais - tu os abateste como na jornada de Madiã.

AMBIENTE: O profeta Isaías alimenta a esperança do Povo nesse mundo de justiça e paz que um dia Deus fará acontecer.. Estamos no final do séc. VIII a.C.. Os assírios (que em 721 a.C. conquistaram Samaria) oprimem as tribos na região norte do país (Zabulon e Neftali); as trevas da desolação e da morte cobrem toda a região setentrional da Palestina.
No sul, em Jerusalém, reina Ezequias. O rei, desprezando as indicações do profeta (alianças políticas com os povos estrangeiros são sintoma de infidelidade para com Jahwéh, pois significam colocar a confiança e a esperança nos homens), envia embaixadas ao Egito, à Fenícia e à Babilônia, procurando consolidar uma frente contra a maior potência da época – a Assíria. Senaquerib, rei da Assíria, tendo vencido sucessivamente os membros da coligação, volta-se contra Judá, devasta o país e põe cerco a Jerusalém (701 a.C.). Ezequias tem de submeter-se e pagar um pesado tributo aos assírios.
Por essa época, desiludido com os reis e com a política, o profeta teria começado a sonhar com uma intervenção de Deus para oferecer ao seu Povo um mundo novo, de liberdade e de paz sem fim.

MENSAGEM: O profeta fala de “uma luz” que irá começar a brilhar por cima dos montes da Galileia e que irá iluminar toda a terra. Essa luz eliminará “as trevas” que mantinham o Povo oprimido e sem esperança e inaugurará o dia novo da alegria e da paz sem fim. O jugo da opressão que pesava sobre o Povo será, então, quebrado e a paz deixará de ser uma miragem para se tornar uma realidade. Para descrever esta alegria, o profeta utiliza duas imagens: no fim das colheitas, toda a gente dança feliz, celebrando a abundância dos alimentos; após a caçada, os caçadores dividem a presa abundante. Será Deus quem quebrará a vara do opressor, quem levantará o jugo que oprime o Povo de Deus. O mundo novo de alegria e de paz sem fim é um dom de Deus. Na sequência, Isaías ainda fala num “menino”, enviado por Deus para restaurar o trono de David e para reinar no direito e na justiça (cf. Is 9,5-6). É a promessa messiânica em todo o seu esplendor.

ATUALIZAÇÃO • É Jesus, a luz que dá sentido pleno a esta profecia. Ele é “Aquele que veio de Deus” para vencer as trevas e as sombras da morte que ocultavam a esperança e instaurar o mundo novo da justiça, da paz, da felicidade.
• Acolher Jesus é aceitar esse projeto de justiça e de paz que Ele veio propor aos homens. Como lidamos com as situações de injustiça, de opressão, de conflito, de violência: com a indiferença de quem sente que não tem nada a ver com isso, ou com a inquietação de quem se sente responsável pela instauração do “Reino de Deus” entre os homens?
• Em que, ou em quem, coloco a minha esperança e segurança: nos políticos, No dinheiro? Isaías sugere que só podemos confiar em Deus e na sua proposta de vida e de paz.

SALMO RESPONSORIAL / 26 (27)
O Senhor é a minha luz e salvação. O Senhor é a proteção da minha vida.
• O Senhor é a minha luz e salvação; / de quem eu terei medo? /
O Senhor é a proteção da minha vida; / perante quem eu tremerei?
• Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, / e é só isto que eu desejo: /
habitar no santuário do Senhor / por toda a minha vida; / saborear a suavidade do Senhor
/ e contemplá-la no seu templo.
• Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver / na terra dos viventes. /
Espera no Senhor e tem coragem, / espera no Senhor!

EVANGELHO (Mt 4,12-23) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos! O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz e, para os que viviam na região escura da morte, brilhou uma luz”. Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. Quando Jesus andava à beira do mar da Galileia, viu dois
irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse a eles: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”. Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam na barca com seu pai Zebedeu consertando as redes. Jesus os chamou. Eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram. Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo.

AMBIENTE: O texto do Evangelho encerra a etapa da preparação de Jesus para a missão e lança a etapa do anúncio do Reino. O texto situa-nos na Galileia, zona de população mesclada e ponto de encontro de muitos povos.

MENSAGEM: Mateus refere como Jesus abandona Nazaré e se transfere para Cafarnaum. Mateus descobre nesse fato um significado profundo, à luz de Is 8,23-9,1: a “luz” que havia de eliminar as trevas e as sombras da morte de que fala Isaías é, para Mateus, o próprio Jesus. Na terra humilhada de Zabulão e Neftali, vai começar a brilhar a luz da libertação; e essa libertação vai atingir, também, os pagãos que acolherem o anúncio do Reino. O anúncio libertador de Jesus apresenta, desde logo, uma dimensão universal.
Na segunda parte (cf. Mt 4,17-23), Mateus apresenta o lançamento da missão de Jesus: define-se o conteúdo básico da pregação que se inicia, mostra-se o “Reino” como realidade viva atuante, apresentam-se os primeiros discípulos que acolhem o apelo do “Reino” e que vão acompanhar Jesus na missão. Jesus veio trazer “o Reino”. A expressão “Reino de Deus” (ou “Reino dos céus) refere-se, no Antigo Testamento e na época de Jesus, ao exercício do poder soberano de Deus sobre os homens e sobre o mundo. Decepcionado com a forma como os reis humanos exerceram a realeza, o Povo de Deus começa a sonhar com um tempo novo, em que o próprio Deus vai reinar sobre o seu Povo; esse reinado será marcado pela justiça, pela misericórdia, pela preocupação de Deus em relação aos pobres e marginalizados, pela abundância e fecundidade, pela paz sem fim. Jesus tem consciência de que a chegada do “Reino” está ligada à sua pessoa. O seu primeiro anúncio resume-se, para Mateus, no seguinte slogan: “arrependei-vos ('metanoeite') porque o Reino dos céus está a chegar”. O convite à conversão (“metanóia”) é um convite a uma mudança radical na mentalidade, nos valores, na postura vital. Corresponde a um reorientar a vida para Deus de modo a que Deus e os seus valores passem a estar no centro da existência do homem; só quando o homem aceita que Deus ocupe o lugar que lhe compete, está preparado para aceitar a realeza de Deus… Então, o “Reino” pode nascer e tornar-se realidade no mundo e nos corações.
Na sequência, Mateus apresenta Jesus construindo o “Reino”: as suas palavras anunciam essa nova realidade e os seus gestos (os milagres, as curas, as vitórias sobre tudo o que rouba a vida e a felicidade do homem) são sinais evidentes de que Deus começou já a reinar e a transformar a escravidão em vida e liberdade.
Finalmente, Mateus descreve o chamamento dos primeiros discípulos (vers. 18-22). Não se trata de um relato jornalístico de acontecimentos, mas de uma catequese sobre o chamamento e a adesão ao projeto do “Reino”. Através da resposta pronta de Pedro e André, Tiago e João, propõe-se um exemplo da conversão radical ao “Reino” e de adesão às suas exigências.
O relato sublinha uma diferença entre os chamados por Jesus e os discípulos que se juntavam à volta dos mestres do judaísmo: não são os discípulos que escolhem o mestre e pedem para entrar no seu grupo, como acontecia com os discípulos dos “rabbis”; mas a iniciativa é de Jesus, que chama os discípulos que Ele próprio escolheu, que os convida a segui-lo e lhes propõe uma missão. A resposta dos quatro discípulos ao chamamento é paradigmática: renunciam à família, ao seu trabalho, às seguranças instituídas e seguem Jesus sem condições. Esta ruptura (que significa não só uma ruptura afetiva com pessoas, mas também a ruptura com um quadro de referências sociais e de segurança econômica) indicia uma opção radical pelo “Reino” e pelas suas exigências.
Uma palavra para a missão que é proposta aos discípulos que aceitam o desafio do “Reino”: eles serão pescadores de homens. O mar é, na cultura judaica, o lugar dos demônios, das forças da morte que se opõem à vida e à felicidade dos homens; a tarefa dos discípulos que aceitam integrar o “Reino” será, portanto, libertar os homens dessa realidade de morte e de escravidão em que eles estão mergulhados, conduzindo-os à liberdade e à realização plenas.
Estes quatro discípulos representam todo o grupo dos discípulos, de todos os tempos e lugares… Eles devem responder positivamente ao chamamento, optar pelo “Reino” e pelas suas exigências e tornarem-se testemunhas da vida e da salvação de Deus no meio dos homens e do mundo.

ATUALIZAÇÃO • Jesus é o Deus que vem ao nosso encontro para realizar os nossos sonhos de felicidade e de paz sem fim. N’Ele e através d’Ele, o “Reino” aproximou-se dos homens, para se tornar numa realidade em construção no mundo. Jesus é a incrível história de amor, protagonizada por um Deus que não cessa de nos oferecer oportunidades de realização e de vida plena. Sobretudo, enche de júbilo o coração dos pobres e humilhados. Para eles, ouvir dizer que “o Reino chegou” significa que Deus quer oferecer-lhes essa vida plena e feliz que os grandes e poderosos insistem em negar-lhes.
• Para que o “Reino” seja possível, Jesus pede a “conversão”. Para que Deus ocupe o primeiro lugar na vida do homem, Implica despir-se do egoísmo; implica a renúncia ao comodismo, que impede o compromisso com os valores do Evangelho.
• A história do compromisso de Pedro e André, Tiago e João com Jesus e com o “Reino” é uma história que define os traços da caminhada de qualquer discípulo… É preciso ter consciência de que é Jesus que chama e que propõe o Reino; em segundo lugar, é preciso ter a coragem de aceitar o chamamento e fazer do “Reino” a prioridade essencial; em terceiro lugar, é preciso acolher a missão que Jesus confia e comprometer-se corajosamente na construção do “Reino” no mundo.
• A missão dos que escutaram o apelo do “Reino” passa por testemunhar a salvação que Deus tem para oferecer a todos os homens. Nós, discípulos de Jesus, comprometidos com a construção do “Reino”, somos testemunhas da libertação. Aqueles que vivem condenados à marginalização já receberam, através do nosso testemunho, a Boa Nova do “Reino”?
• A lógica do “Reino” não é uma lógica de violência, de vingança, de destruição; mas é uma lógica de amor, de doação da vida, de comunhão fraterna, de tolerância, de respeito pelos outros. A tentação da violência é uma tentação diabólica, que só gera sofrimento e escravidão: aí, o “Reino” não está.

SEGUNDA LEITURA (1Cor 1,10-13.17) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, eu vos exorto, pelo nome do Senhor nosso, Jesus Cristo, a que sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos e concordes no pensar e no falar. Com efeito, pessoas da família de Cloé informaram-me a vosso respeito, meus irmãos, que está havendo contendas entre vós. Digo isso, porque cada um de vós afirma: “Eu sou de Paulo”; ou: “Eu sou de Apolo”; ou: “Eu sou de Cefas”; ou “Eu sou de Cristo!” Será que Cristo está dividido? Acaso Paulo é que foi crucificado por amor de vós? Ou é no nome de Paulo que fostes batizados? De fato, Cristo não
me enviou para batizar, mas para pregar a boa nova da salvação, sem me valer dos recursos da oratória, para não privar a cruz de Cristo da sua força própria.

AMBIENTE: Paulo estava em Éfeso, Quando escreveu a primeira carta aos Coríntios. Após a partida de Paulo, tinha aparecido na cidade um pregador cristão – um tal Apolo, judeu de Antioquia, convertido ao cristianismo. Era mais eloquente do que Paulo. Formaram-se partidos na comunidade: uns admiravam Paulo, outros Cefas (Pedro), outros Apolo (cf. 1 Cor 1,12). A situação preocupou Paulo: além dos conflitos que a divisão provocava, estava em causa a essência da fé. O cristianismo corria o perigo de se tornar mais uma escola de sabedoria, cuja validade dependia do brilho dos mestres do seu poder de convicção.

MENSAGEM: Para Paulo, o cristianismo não era uma filosofia de vida, mas era a adesão a Jesus Cristo, o único e verdadeiro mestre. É Cristo e só Cristo a única fonte de salvação. Ser batizado é fazer parte do corpo de Cristo e participar no acontecimento salvador do qual Cristo é o único mediador. Dizer que se é de Paulo, ou de Cefas, ou de Pedro é, portanto, desvirtuar a essência da fé cristã.
Deve ficar bem claro que o importante não é quem batizou ou quem anunciou o Evangelho: o importante é Cristo, do qual Paulo, Cefas e Apolo são simples instrumentos. Os coríntios são, portanto, intimados a não fixar a sua atenção em mestres humanos e a redescobrir Cristo, morto na cruz para dar vida a todos. Dessa forma, a comunidade será uma verdadeira família de irmãos, que recebe vida de Cristo, que vive em unidade e comunhão.

ATUALIZAÇÃO
• A experiência cristã é um encontro com Cristo; é d’Ele e só d’Ele que brota a salvação. A nossa fé não pode depender do carisma da pessoa tal, ou estar ligada à personalidade brilhante deste ou daquele indivíduo que preside à comunidade. É à volta d’Ele e da sua proposta de vida que a minha experiência de fé se constrói? Em concreto: que sentido é que faz, neste contexto, dizer que só se vai à missa se for tal padre a presidir? Que sentido é que faz afastar-se da comunidade porque não gostamos da atitude ou do jeito de ser deste ou daquele animador? E o Presidente da Celebração ou os ministros ou o animador, chamam a atenção para a sua bela postura, belas palavras, ou fazem despertar, pelo seu trabalho de servir a comunidade, maior amor a Jesus Crucificado?
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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Anúncio do Reino

Nesses primeiros domingos do Tempo comum, a Liturgia nos apresenta o início da vida pública de Jesus, com o ANÚNCIO DO REINO e o CHAMADO dos primeiros discípulos

Na 1ª Leitura, Isaías fala de uma LUZ, que irá brilhar na Galiléia e que irá iluminar toda a terra. Essa luz eliminará as trevas da opressão e inaugurará o dia novo da alegria e da paz sem fim. Compara à alegria no final das colheitas e caças abundantes. (Is 98, 23b-9,3)

* Jesus é a Luz que ilumina o mundo com uma aurora de esperança e    dá sentido pleno à esta profecia messiânica de Isaías.

Na 2ª Leitura, Paulo exorta os coríntios a superar as rivalidades e divisões.
O Batismo não significou uma adesão a Paulo, a Apolo ou a Pedro... CRISTO é a única fonte de Salvação para todos. (1Cor 1,10-13.17)

* Com freqüência, em nossas comunidades, as pessoas procuram conduzir o olhar e o coração dos fiéis para a sua "brilhante" personalidade ao invés de levar as pessoas a descobrir o Cristo.

O Evangelho apresenta a realização da profecia de Isaías:
"O Povo que vivia nas trevas viu uma grande luz". (Mt 4,12-23)

* Jesus é a luz, que começa a brilhar na Galiléia e propõe a todos os homens a Boa Nova da chegada do Reino.
   Os discípulos serão os primeiros destinatários da proposta e as testemunhas encarregadas de levar o "Reino"  a toda a terra.

+ Jesus COMEÇOU sua atividade  numa região pobre e oprimida, no interior do país,    longe do centro econômico, político e religioso do seu país.
   Uma região desprezada pelos judeus como "Galiléia dos pagãos".
   Jesus deixa Nazaré e dirige-se para Cafarnaum, à margem do Lago, que se tornará o centro de sua atividade apostólica.
   Começa com o mesmo anúncio de João Batista:    "Convertei-vos, porque o Reino de Deus está próximo".  As suas Palavras anunciam essa nova realidade e os seus gestos são sinais evidentes de que Deus começou a sua obra.

+ Seus primeiros COLABORADORES, são pescadores, gente simples, rude, sem estudo...    Mas que sabiam o que é lutar pela vida.
- E quando ouviram o apelo de Cristo, deixaram tudo e o seguiram:  "Venham e sigam-me e farei de vocês pescadores de homens.  Eles deixaram as redes e o seguiram".

O QUE É O REINO DE DEUS?
Jesus compara o Reino ao tesouro e à pérola preciosa, diante dos quais tudo o mais perde seu valor. Compara o Reino com a semente, o grão de mostarda, o fermento. Jesus quer dizer que já está presente, mas ainda longe sua realização definitiva. É um Reino aberto a todos os homens.

O Reino de Deus é
- É um apelo para os homens formarem comunhão com o Pai e entre si.
- É uma presença de Deus nos homens e no mundo.
- É um convite para ser plenamente feliz, mas no projeto de Deus.
O Reino tem exigências:

+ Conversão: - É ajustar a nossa vida aos planos de Deus, é fazer com que Deus ocupe o primeiro lugar em nossa vida.
   - É despojar-se do homem velho para se revestir do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e na santidade.
   - É assumir a mentalidade do Evangelho e ver o mundo com os olhos de Deus. É uma atitude contínua... permanente...
+ : É entregar-se nas mãos de Deus ... e fazer a sua vontade.
+ Humildade: O Reino só é possível aos humildes. Deus detesta os orgulhosos e ama aqueles que sabem precisar de Deus,
    e se põem sem interesses a serviço dos irmãos.

+ PESCADORES DE HOMENS
CRISTO inaugurou o seu Reino e continua convidando todos nós...
Todos nós somos chamados a deixar tudo para seguir Jesus, anunciar a Boa nova e fazer gestos de salvação.

CRISTO conta conosco... para que nesse mundo de trevas e violência, possa brilhar uma luz,
para que esse REINO possa chegar ao coração de todos os homens.

Ele aguarda a resposta, o nosso SIM generoso ao seu CHAMADO.

                                           Pe. Antônio Geraldo


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Homilia de D. Henrique Soares da Costa
A primeira leitura da Missa de hoje é, em parte, a mesma da Noite do Natal: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu! Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade! Todos se regozijam em tua presença”. Irmãos, esta luz que ilumina as trevas, que dissipa as sombras da morte, que traz a felicidade, é Jesus. O texto do Evangelho que escutamos nos confirma: Jesus é a bendita luz de Deus que brilhou neste mundo! Ele mesmo afirmou: “Eu sou a luz do mundo! Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida!” (Jo 8,12). Já escutamos tanto tais afirmações, que corremos o risco de não perceber o quanto são revolucionárias, o quanto nos comprometem, o quanto são capazes de transformar a nossa vida!
A Palavra de Deus nos ensina que o mundo é marcado pelas trevas: trevas na natureza (tais como a tragédia do tsunami), trevas na história, trevas no coração da humanidade e de cada um de nós. Olhemos em volta! O mundo não é bonzinho: há forças destrutivas, caóticas, desagregadoras, forças diabólicas, que destroem a alegria de viver e ameaçam devorar o sentido da nossa existência… Hoje, tantos e tantos julgam que podem passar sem Deus, que a religião é uma bobagem e uma humilhação para o homem… Há tantos que zombam de Deus, do Cristo Jesus, da Igreja… O que vale no mundo atual? O que é importante? O sucesso, os bens materiais, o prazer e a curtição da vida ao máximo, sem limites … Será que não nos damos conta ainda que vivemos num mundo pagão, bárbaro, entregue ao seu próprio pensar tenebroso? Será que não percebemos que o que vemos e lemos e ouvimos dos meios de comunicação é a defesa de uma humanidade sem Deus e sem fé, de uma humanidade que tenha somente a si própria como deus? Num mundo assim, Jesus nos diz: “Eu sou a Luz!” A luz não está nas universidades, a luz não está nos famosos deste mundo, a luz não está nos que têm o poder político, econômico ou social! A Luz é Cristo! Só ele nos ilumina, só ele nos revela o sentido da existência, só ele nos mostra o caminho por onde caminhar! Ser cristão é crer nisso, é viver disso!
Pois, esse Jesus, hoje, no Evangelho, nos convida a convertermo-nos a ele, a segui-lo de verdade, a colocar os passos de nossa vida no seu caminho: “Convertei-vos! O Reino dos céus está próximo!” Eis o apelo que Jesus nos faz – far-nos-á sempre! Converter-se significa mudar totalmente o rumo de nossa existência, alicerçando-a nele e não em nós, abraçando o seu modo de pensar e deixando o nosso, seguindo sua Palavra e não nossa razão, nossas idéias, nossa cabeça dura, nosso entendimento curto! Quem vai arriscar? Quem vai caminhar com ele? Quem vai abraçar sua Palavra, tão diferente do que o mundo quer, do que o mundo prega, do que o mundo valoriza? “Convertei-vos!” Jesus nos exorta porque sabe que também nós andamos em trevas, também nós, simplesmente entregues à nossa vontade e aos nossos pensamentos, jamais poderemos acolher o Reino dos céus! Não nos iludamos! Não pensemos que somos sábios, centrados e imunes! Somos, nós também, cegos, curtos de entendimento, pecadores duros e teimosos! Nosso coração é embotado por tantas paixões e por tantas cegueiras! “Convertei-vos!” O Governo, neste carnaval, vai convidar tantos e tantos brasileiros a vestir-se de camisinha; o Senhor pede a todos que se vistam dele: “Revesti-vos de Cristo e não satisfareis os desejos da carne!” (Rm 13,14) Compreendem, irmãos e irmãs? O mundo vai para um lado; Jesus nos convida a ir para o outro! Converter-se é pensar diferente de nós mesmos e do mundo; é andar na contramão para caminhar com Cristo! Converter-se é deixar-se, como Pedro e André, Tiago e João que, “imediatamente deixaram as redes… deixaram a barca e o pai” e seguiram o Senhor!
Caríssimos, como não recordar a exortação do Apóstolo? “Não andeis como andam os pagãos, na futilidade de seus pensamentos, com entendimento entenebrecido, alienados da vida de Deus!” (Ef 4,17) Quando aceitamos esse desafio, esse convite, o sentido de nossa existência muda, porque começamos a enxergar e avaliar as coisas de um modo novo, um modo diferente: o modo de Cristo Jesus! Aí se realiza em nós a palavra da Escritura:  “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor! Andai como filhos da luz!” (Ef 5,8).
Caríssimos, deixar-se iluminar pelo Senhor, permitir que ele dissipe nossas trevas, é um trabalho, um processo que dura todo o nosso caminho neste mundo. Jamais estaremos totalmente convertidos, totalmente iluminados. Na segunda leitura, Paulo convidava os cristãos de Corinto à conversão para uma vida de união e de amor. É assim: a Igreja toda inteira e cada um de nós pessoalmente, seremos sempre chamados a essa mudança, a esse deixar que a luz de Cristo invada a nossa existência tenebrosa! Nunca esqueçais, caríssimos, porque é verdade: “Outrora, sem Cristo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor! Andai, pois, como filhos da luz!” Seja esse o nosso trabalho, seja essa a nossa identidade, seja essa a nossa herança, seja essa a nossa recompensa! E que o Senhor nos socorra com a força da sua graça, ele que é fiel e bendito para sempre! Amém.
D. Henrique Soares da Costa
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA: (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):


LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO DEUS...
- COM JESUS, EM JESUS E POR JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Deus de luz e de glória, nós Vos damos graças pela vossa presença no meio de nós. Vós sois a nossa Luz. Nós Vos pedimos pelos nossos irmãos que estão nas trevas; iluminai a todos com a vossa Luz.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Deus nosso Pai, nós Vos bendizemos pelo Espírito de unidade que revelais às Vossas Igrejas em todo o tempo e lugar.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Deus, nosso Pai, nós Vos louvamos pelo Reino dos céus, do qual manifestastes a presença no meio de nós, e pelo apelo que dirigis a cada um de nós.
Nós Vos pedimos: Convertei os nossos corações à Vossa presença nas nossas vidas.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Pelo Batismo, vós nos enviais também como pescadores de homens. Fortalecei a nossa fé em Vós, para que sejamos vossos instrumentos a irradiar a vossa luz a toda a humanidade.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!

- Pai nosso... a paz de cristo... eis o cordeiro...