quinta-feira, 27 de julho de 2017

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM, Homilia, subsídios homiléticos

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM    -   
 Tema “O tesouro que vale a pena!”

Sinopse:
Primeira leitura: Salomão é o protótipo do homem “sábio”, que escolhe o que é importante.
Evangelho: Jesus recomenda que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental.
A segunda: convida-nos a seguir a proposta de Jesus. Esse é o valor que sobrepõe-se a todos os outros valores.

PRIMEIRA LEITURA (1Reis 3,5.7-12) o Senhor apareceu a Salomão, em sonho E Salomão disse: Dá, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o povo e de discernir entre o bem e o mal. E Deus disse a Salomão: “dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes, nem haverá depois de ti”.
AMBIENTE - O grande rei David morreu em 972 a.C. Sucedeu-lhe no trono o filho, Salomão. Organizou a divisão administrativa do território que herdou, dotou-o de grandes construções (Templo de Jerusalém), fortificou as cidades mais importantes, potenciou o intercâmbio cultural e comercial com os países da zona, incentivou e apoiou a cultura e as artes. Salomão recrutou “sábios” estrangeiros para a corte e rodeou-se de homens  de “saber. Os “sábios” coligiram provérbios, redigiram “máximas” de carácter sapiencial, deram “instruções” (sobre as virtudes para ser feliz). Redigiram-se crônicas sobre os reinados anteriores. Os teólogos vão esforçar-se por sacralizar o poder de Salomão (vontade de Deus). (no Livro do Deuteronômio) dupla finalidade: apresentar Salomão como o escolhido de Jahwéh e justificar a sua proverbial “sabedoria”.
MENSAGEM - No nosso texto, num sonho, o jovem rei pede um coração “sábio” para governar com justiça. (na continuação – Deus acrescenta ainda outros três dons: a riqueza, a glória e a longa vida – cf. 1 Re 3,13-14).
o texto deixa claro que, em Israel, o rei é o “instrumento de Deus”, que intervém na vida do seu Povo. Depois, texto mostra que o seu papel foi um ministério que lhe foi confiado por Deus” e que o objetivo final desse serviço é a realização do bem comum. Salomão aparece aqui como o modelo do homem que sabe escolher as coisas importantes e que não se deixa distrair por valores efémeros.
ATUALIZAÇÃO - • A figura de Salomão questiona todos aqueles que detêm responsabilidades na comunidade (seja em termos civis, seja em termos religiosos). Convida-os a uma atitude de serviço: o seu objetivo não deve nunca ser a realização dos esquemas pessoais, mas sim o benefício de toda a comunidade, a concretização do bem comum.

SALMO RESPONSORIAL / SI 117 (118).
Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!
•              É esta a parte que escolhi por minha herança: / observar
vossas palavras, ó Senhor! / A lei de vossa boca, para
mim, / vale mais do que milhões em ouro e prata.
•              Vosso amor seja um consolo para mim, / conforme a
vosso servo prometeste. / Venha a mim o vosso amor
e viverei, / porque tenho em vossa lei o meu prazer!
•              Por isso amo os mandamentos que nos destes, / mais
que o ouro, muito mais que o ouro fino! / Por isso
eu sigo bem direito as vossas leis, / detesto todos os
caminhos da mentira.
•              Maravilhosos são os vossos testemunhos, / eis porque
meu coração os observa! / Vossa palavra, ao revelar-se,
me ilumina, ela dá sabedoria aos pequeninos.


EVANGELHO (Mt 13,44-52) “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola. O Reino dos Céus é ainda como uma rede que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores recolhem peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançarão os maus na fornalha. Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo o mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”.
AMBIENTE - (anos oitenta). O entusiasmo inicial deu lugar à monotonia, a uma vivência pouco comprometida. Mateus sente que é preciso chamar a atenção para o Reino, suas exigências e seus valores.
MENSAGEM - Na primeira parte, Quer a parábola do tesouro escondido, quer a parábola da pérola preciosa, sugerem que o Reino proposto por Jesus (esse mundo de paz, de amor, de fraternidade que Jesus veio anunciar e oferecer) é um “tesouro” precioso. Ora, quando alguém encontra um “tesouro” como esse, deve elegê-lo como a riqueza mais preciosa, o fim último da própria existência, o valor fundamental pelo qual se renuncia a tudo o resto e pelo qual se está disposto a pagar qualquer preço. O cristão é confrontado com muitos valores e opções; mas deve aperceber-se de que o Reino é o valor mais importante.
Na segunda parte, Mateus apresenta o Reino na imagem de uma rede que apanha diversos tipos de peixes. É um ensinamento semelhante ao da parábola do trigo e do joio (domingo passado): o é uma realidade onde o mal e o bem crescem simultaneamente. Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele dá ao homem o tempo necessário para amadurecer as suas opções e fazer as suas escolhas. A referência que Mateus faz (mais uma vez) ao juízo final é uma forma de exortar os irmãos a porem em prática as propostas de Jesus.
Na terceira parte, Mateus sugere que o verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que “compreende”. Ora, “compreender”, na teologia mateana, significa “prestar atenção” e comprometer-se com o ensinamento proposto. A referência ao “escriba” que “tira do seu tesouro coisas novas e velhas” pode referir-se aos judeus, conhecedores do Antigo Testamento (o “velho”), convidados agora a refletirem essas velhas promessas à luz das propostas de Jesus (o “novo”).
ATUALIZAÇÃO • O cristão faz a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a autossuficiência, a independência; mas ele já aprendeu, com Jesus, que o Reino é perdão, tolerância, encontro, fraternidade; a prioridade é o Reino.
• Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo, mas é optar por Deus e pelos valores do Evangelho.
• O Evangelho convida-nos a admirar os métodos de Deus, que não tem pressa em condenar e destruir.

SEGUNDA LEITURA (Rm 8, 28-30) ...tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. Pois a esses ele predestinou a serem imagem do seu Filho, para que este seja primogênito numa multidão de irmãos. E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou.
AMBIENTEDeus oferece gratuitamente ao homem a sua graça e dá-lhe a possibilidade de chegar à salvação (cf. Rom 3,21-4,25); e é em Jesus Cristo que esse dom de Deus se comunica ao homem (cf. Rom 5,1-7,25). É o Espírito Santo que permite ao homem acolher esse dom e viver na fidelidade à graça que Deus oferece (cf. Rom 8,1-39). Depois de assegurar aos cristãos que o Espírito “vem em auxílio da nossa fraqueza” e “intercede por nós” (cf. Rom 8,26-27), Paulo relembra que Deus tem um projeto de amor que se traduz no oferecimento da salvação.
MENSAGEM - Aos que aderem a esse projeto, Deus chama-os a identificarem-se com o seu filho Jesus, liberta-os do egoísmo e do pecado e fá-los, com Jesus, chegar à vida nova e plena (justificação).
ATUALIZAÇÃO - • Deus nos ama, vem continuamente ao nosso encontro, aponta-nos o caminho da vida plena e verdadeira, desafia-nos à identificação com Jesus, convida-nos a integrar a sua família. Nós, os crentes, somos convidados a testemunhar, com palavras, com ações, com a vida, no meio dos irmãos o caminho da vida, o amor e o projeto de salvação que Deus tem.

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Pe. Antônio Geraldo - O Tesouro

A Liturgia deste domingo nos convida a refletir nos valores sobre os quais fundamentamos a nossa existência.

 As leituras nos ajudam a escolher esses valores...

Na 1ª Leitura, o rei Salomão escolhe o seu tesouro: a SABEDORIA. (1Rs 3,5.7-12)

- No início de seu reinado, o jovem rei vai a Gabaon, onde se achava o Tabernáculo sagrado, construído por Moisés, a fim de oferecer sacrifícios ao Senhor.
- Em sonho, o Senhor manifesta o seu agrado por este gesto e convida-o a pedir o que quisesse.
- O rei não se deixou seduzir e alienar por valores efêmeros (poder, riquezas, prestígio político).
  Pelo contrário, escolhe o mais importante: um coração "sábio" para governar seu povo com justiça e retidão.
- A ESCOLHA agradou plenamente a Deus:
E Deus lhe concedeu uma sabedoria inigualável e acrescentou ainda outros três valores não solicitados: riqueza, glória e vida longa.  Salomão soube escolher o melhor: SABEDORIA

* O texto queria também apresentar Salomão como o escolhido do Senhor e justificar a sua proverbial sabedoria.

A 2ª Leitura apresenta etapas do caminho que conduz à Salvação.
Precisamos da Sabedoria de Deus, para discernir o desígnio de Deus, que nos "predestinou" para sermos conformes à imagem do seu Filho. (Rm 8,28-30)

No Evangelho, Jesus apresenta o seu tesouro: o REINO DE DEUS.
É a conclusão do 3º Discurso de Jesus, com as últimas três "Parábolas": o Tesouro, a Pérola e a Rede. (Mt 13,44-52)

+ O Reino de Deus é um TESOURO escondido...  uma PÉROLA que se procura...

A DESCOBERTA desse tesouro e dessa pérola provoca, em quem os encontrou, duas atitudes: Renúncia e Alegria.

1. RENÚNCIA a tudo para adquiri-los...
    O Reino proposto por Jesus é um "tesouro" precioso pelo qual se renuncia a tudo e pelo qual os seguidores de Cristo devem estar dispostos a pagar qualquer preço.

* Desde que descobrimos Cristo, o que mudou em nossa vida?
   O que nós já renunciamos por esse tesouro?
   Onde gastamos mais tempo em nossa vida diária?
   A serviço da comunidade, em leituras sérias, na Oração, ou no futebol, na TV, no dinheiro, no bate-papo com os amigos?
2. ALEGRIA muito grande pelo bem encontrado...
Todo comerciante que realizou um bom negócio sente-se feliz... mesmo tendo de se desfazer de muitos bens...
O Reino de Deus é um tesouro pelo qual compensa a renúncia de todos os bens deste mundo.

* Demonstramos alegria e felicidade por termos achado o nosso tesouro?
   Se temos consciência desse tesouro, como podemos permanecer acabrunhados, tristes e desanimados?

+ Mas ficam ainda umas perguntas inquietantes:

Se o Reino de Deus é tão precioso,
  - Por que há tantos homens que o ignoram ou até o desprezam?
  - Por que vemos tantos males entre os bons?
  - Será que, no final, todos teremos a mesma sorte?
 
+ Na 3a Parábola, Jesus nos dá a resposta: O Reino de Deus é uma REDE:

A Igreja é comparada a uma rede de arrastão, lançada ao lago, que apanha peixes de todos os tipos e qualidades... O Pescador, depois de ter puxado lentamente a rede à terra, recolhe os peixes, separando os bons e os maus, os aproveitáveis e os inúteis.
Recolhe os bons e joga fora os maus...
Deus não tem pressa em condenar e destruir... sabe esperar...

- Qual a nossa situação: dentro da Igreja, diante do divino Pescador?
Somos um membro vivo, atuante, útil à vida da Igreja, ou um peixe inútil, desprezado pelo próprio Deus?
Tudo depende de nossa escolha, devemos SABER ESCOLHER...

+ E Jesus conclui o Discurso com um breve diálogo com os discípulos, no qual afirma que o verdadeiro discípulo é aquele que descobre o Tesouro do Reino e se compromete com ele.

Só a Sabedoria divina poderá nos iluminar para compreendê-lo e assim anunciar a todos com alegria a nossa descoberta.

Como Salomão, peçamos a Deus
- muita SABEDORIA... para saber escolher sempre o verdadeiro Tesouro e
- muito ENTUSIASMO... para nos pôr com alegria na sua conquista...


                                           Pe. Antônio Geraldo

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Homilia de D. Henrique Soares Mt 13,44-52
Continuamos a escutar Jesus falando-nos do Reino dos Céus. Saído do barco à beira-mar, chegado em casa, ele nos conta ainda três parábolas: o Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo; um homem o encontra e, cheio de alegria, vende tudo e o adquire! O Reino dos Céus é como uma pérola de grande valor; o homem vende tudo e, fascinado por sua beleza, vende tudo e a adquire...
Observem, irmãos, que Jesus nos quer fazer compreender que quem encontra o Reino, sai de si! Encontra o sentido da vida, encontra aquilo por que vale a pena viver. Quem de verdade encontra o Reino, quem o experimenta, muda para sempre sua existência: vai ligeiro, vende tudo, fica cheio de alegria!
Encontrar o Reino é encontrar Jesus, e encontrar Jesus de verdade é encontrar a razão de viver, o sentido da existência... é encontrar-se consigo mesmo! Quem encontra o Reino assim, se encontra, parte de si mesmo e vai viver de verdade! Quantos cristãos experimentaram isso, quantos fizeram-se loucos, pareceram loucos, por amor de Cristo! Quantos jogaram fora amores, família, projetos, bens materiais... O que os levou a isso? O que aconteceu com Santo Antão, que vendeu todos os bens e deu aos pobres e foi viver no deserto, sozinho? O que aconteceu com Francisco de Assis? O que aconteceu com a Beata Madre Teresa de Calcutá ou com a Ir. Dulce? O que aconteceu com aquele moço que largou tudo e foi ser religioso, com aquela moça sem juízo que entrou numa comunidade de vida? O que aconteceu com aquele casal, que mudou seu modo de viver, seu círculo de amizade, que deixou suas badalações? O que aconteceu com São Maximiliano Kolbe, que entregou a vida no lugar de um pai de família? Com o Bem-aventurado Anchieta, que deixou sua pátria e se embrenhou no Brasil selvagem para anunciar Cristo aos índios? O que aconteceu com todos esses? Eles descobriram o tesouro, eles encontraram uma pérola de valor imensurável, eles experimentaram a paz, a doçura, a verdade do Reino dos Céus!
 Meus caros, estejamos atentos! Quem é mole nas coisas de Deus, quem é pouco generoso no seguimento de Cristo, quem sente como um fardo os apelos do Senhor, não experimentou ainda, não encontrou o tesouro, não viu a pérola de grande valor, não descobriu de verdade o Reino dos Céus! Cristãos cansados, cristãos sem entusiasmo, cristãos pouco generosos, cristãos com uma lógica igual à do mundo são cristãos que nunca – nunca! – experimentaram a paz do Reino, a beleza do Reino, a doçura do Reino, a plenitude do Reino que Jesus nos mostra e nos dá! Atentos, irmãos: pode-se ser cristão e nunca ter experimentado o Reino! Pode-se ser padre ou religioso sem nunca ter descoberto o Reino... Aí, já não há alegria, já não há entusiasmo, já não se corre, se arrasta, se rasteja! O Reino tem pressa, o Reino faz vibrar, o Reino nos impele porque descobrir o Reino e experimentar o amor de Deus em Jesus Cristo! Quantos de nós se entusiasmam com tantas coisas e são tão lerdos quando se trata do Senhor e do seu Reino... Não seríamos nós um desses?
E, no entanto, o sonho de Deus é que todos possam encontrar o seu Reino; para isso ele nos criou, para isso nos destinou. Escutemos o Apóstolo: "Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde toda eternidade, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho... E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou também os tornou justos, e aos que tornou justos também os glorificou". Isso nos coloca diante de duas realidades, caríssimos. Primeiro: o dever que temos de anunciar o Reino a toda a humanidade! A Igreja é missionária, anunciadora do Reino dos Céus! Uma Igreja que não tenha o desejo, que não sinta a necessidade de levar Jesus aos que ainda não o conhecem, é uma Igreja morta, uma Igreja que já não experimenta a alegria de crer! Estejamos atentos: há tantos em terras distantes e tantos bem próximos de nós que não tiveram ainda a alegria do Reino dos Céus, pois que não encontraram o tesouro, na viram a pérola de grande valor! Ai de nós se não anunciarmos a esses a Boa Nova do Reino dos Céus! Nunca esqueçamos: quem encontra algo de muito bom, sente o desejo de comunicar, de partilhar, de tornar conhecido aos demais. Se em nós não há ímpeto missionário, é porque não encontramos, de verdade, a o Reino e sua alegria! Pensemos bem!
Mas, há uma segunda realidade, que precisamos levar em conta. Descobrir o Reino exige um olhar iluminado pela graça de Deus. Sozinhos, com nossas próprias forças, somos incapazes de discernir essa presença do Reino! Por isso é necessário suplicar, como Salomão, um coração para compreender: "Dá ao teu servo um coração compreensivo – um coração que escute!" No Evangelho de hoje, Jesus termina perguntando: "Compreendeste essas coisas?" – Senhor, pedimos nós, dá-nos um coração capaz de compreender! Sem vosso auxílio ninguém é forte, ninguém é santo! Mostra-nos o tesouro, que é o teu Reino! Faz-nos encontrar a pérola de grande valor, pela qual vale a pena perder tudo e todo nela encontrar! Faz-nos sentir que, pelo Reino, vale a pena deixar redes, barcos, a vida perder; deixar a família e dinheiro não ter!
Concluamos, agora, com a última, das sete parábolas: O Reino dos Céus é como uma rede jogada no mar deste mundo... Ela apanha todo tipo de peixe – apanhou a mim, a você... Olhem a Igreja, olhem a nossa comunidade: há de tudo! Todo tipo de gente, todo tipo de cristão! Mas, um dia, a rede será puxada para a margem... e os peixes bons serão recolhidos nos cestos do Senhor e os peixes ruins serão lançados fora, para o fogo queimar... Eis como Jesus termina! Prevenindo-nos que é necessário decidir-se pelo Reino, que nossa vida valerá ou não a pena, terá ou não sentido dependendo de nossa atitude em relação ao Reino que ele veio anunciar...
Irmãos, irmãs! "Compreendestes tudo isso?" Que o Senhor no-lo conceda, ele que Reina para sempre. Amém.
D. Henrique Soares.
(PARA OS diáconos ou ministros da Palavra)
Louvor (Quando o Pão Consagrado estiver sobre o altar)
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- Por Jesus, com Jesus e em Jesus,  na força do Espírito Santo, louvemos aos Pai:
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos!
Pai, nós Vos bendizemos pelo Vosso amor, quando nos enviais reis e mestres como Salomão para nos instruir em vossos caminhos. Como o rei Salomão, nós Vos pedimos pelos dirigentes das nações e das Igrejas: dai-lhes um coração atento, na condução dos povos e das comunidades segundo o Vosso Espírito e saibam discernir o bem do mal.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos!
Nós Vos damos graças pelo Vosso filho Jesus, que nos ensinou os caminhos do Reino. Que saibamos valorizar tão grande tesouro encontrado. Fazei que o Vosso Espírito nos transforme e que sejamos Vossa imagem de bondade, sabedoria e amor.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos!
Nós Vos bendizemos pelo vosso Reino que estabelecestes em nosso coração como um tesouro escondido e como uma pérola rara que nos dá força para que vençamos as tentações do egoísmo, da vaidade e do orgulho. Fazei-nos mais humildes, servidores e amantes da riqueza do vosso amor.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos!

Pai nosso...   A Paz de Cristo...   Eis o Cordeiro...

quinta-feira, 20 de julho de 2017

16º DOMINGO DO TC Ano A, Homilia, subsídios homiléticos

16º DOMINGO DO TC Ano A 2017 (Diácono Ismael)

Tema: Deus é paciente e cheio de misericórdia.

Primeira leitura: Deus é indulgente e misericordioso e nos convida a sermos como Ele.
Evangelho: No “Reino de Deus” todos podem crescer e amadurecer, fazendo as suas escolhas.
Segunda leitura: Afirma que o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fragilidade e guia-nos para a vida plena.

PRIMEIRA LEITURA (Sb 12,13.16-19) Leitura do Livro da Sabedoria.
Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas e a quem devas mostrar que teu julgamento não foi injusto. A tua força é princípio da tua justiça e o teu domínio sobre todos te faz para com todos indulgente. Mostras a tua força a quem não crê na perfeição do teu poder; e, nos que te conhecem, castigas o seu atrevimento. No entanto, dominando tua própria força, julgas com clemência e nos governas com grande consideração: pois, quando quiseres, está ao teu alcance fazer uso do teu poder. Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores.

AMBIENTE - O “Livro da Sabedoria” tem objetivo é duplo: aos judeus, convida-os a redescobrirem a fé dos pais e os valores judaicos; aos pagãos, convida-os a aderir a Jahwéh, o verdadeiro e único Deus…só Jahwéh garante a verdadeira “sabedoria” e felicidade.
O autor mostra como a “sabedoria” de Deus se manifestou na história de Israel. Em contraste, vai descrever como é que Deus tratou os egípcios e os cananeus (Sab 12,3-19). O texto faz parte desta última perícope. Os cananeus eram, na perspectiva dos israelitas, uma raça maldita e perversa. Deus podia tê-los eliminado; no entanto, retardou o mais possível o castigo, dando-lhes oportunidades de se arrependerem e de mudarem de vida (cf. Sab 12,10).

MENSAGEM - Jahwéh deu provas de moderação e manifestou a sua bondade, a sua misericórdia, a sua justiça. Deus agiu dessa forma equilibrada e moderada, é porque é um Deus justo. A justiça” no Antigo Testamento é, sobretudo, a fidelidade à própria essência. Ora, a essência de Deus é amor, bondade e misericórdia; por isso, ser justo equivale, para Deus, a revelar amor, benevolência e bondade na sua atitude para com os homens. (autêntico)
O autor vê neste comportamento “justo” de Deus uma lição para Israel. A história ensina, em primeiro lugar, que Deus não quer a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva; por isso, “fecha os olhos” diante do pecado do homem, a fim de o convidar ao arrependimento. Ensina, em segundo lugar, que “o justo deve ser amigo dos homens”: se a lógica de Deus é uma lógica de perdão e de misericórdia, o Povo de Deus deve adotar a mesma lógica e assumir atitudes de bondade, de amor, de misericórdia,  nas suas relações comunitárias. Mais: a bondade e a compreensão devem ser reservadas também para aqueles que fazem o mal.

ATUALIZAÇÃO • Deus é tolerante e justo. A bondade e a misericórdia se sobrepõem ao castigo. Ele não quer a destruição do pecador, mas sua conversão; Ele ama a todos que criou.
• Devemos imitar esta imagem de Deus perante nossos irmãos; bondade e misericórdia.
• Deus não está interessado em castigar os pecadores… Quando muito, procura fazer-nos perceber, com a pedagogia de um pai cheio de amor, o sem sentido de certas opções e o mal que nos fazem certos caminhos que escolhemos.

SALMO RESPONSORIAL / 85 (86)
Ó Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!
• Ó Senhor, vós sois bom e clemente, / sois perdão para quem vos invoca. /
Escutai, ó Senhor, minha prece, / o lamento da minha oração!
• As nações que criastes virão / adorar e louvar vosso nome. /
Sois tão grande e fazeis maravilhas: / vós somente sois Deus e Senhor!
• Vós, porém, sois clemente e fiel, / sois amor, paciência e perdão. /
Tende pena e olhai para mim! / Confirmai com vigor vosso servo.

EVANGELHO (Mt 13,24-43) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus contou outra parábola à multidão: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi embora. Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio? ’ O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ O dono respondeu: ‘Não! Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e amarrai-o em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro!” Jesus contou- lhes outra parábola: “O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos”. Jesus contou-lhes ainda uma outra parábola:
“O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”. Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo”. Então Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Explica- nos a parábola do joio!” Jesus respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifeiros são os anjos. Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: O Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; e depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça”.

AMBIENTE - “parábolas”, porque é uma linguagem rica, expressiva, questionante; a “parábola” faz as pessoas pensar e procurar da verdade. Por tudo isto, as “parábolas” são uma linguagem privilegiada para apresentar o Reino, para incitar as pessoas a descobrir o Reino.

MENSAGEM - Há um “senhor” que semeia boa semente, um “inimigo” que semeia o joio e “servos” preocupados com a colheita. Tudo parece normal; o anormal é a reação do “senhor” à “crise”: dá ordens para que deixem crescer trigo e joio lado a lado e que só na ceifa seja feita a seleção do bom e do mal, do que é para queimar e do que é para guardar nos celeiros. Para os fariseus, quem não cumpria a Lei tinha de ser excluído e não tinha o direito de fazer parte do “campo” de Deus. Jesus Sugere que a “lógica” de Deus não é uma “lógica” de destruição, de segregação, de exclusão, mas é uma “lógica” de amor, de misericórdia, de tolerância. O Deus de Jesus Cristo é um Deus paciente e misericordioso, lento para a ira e rico de misericórdia, que dá sempre oportunidades para refazer a existência e para integrar na comunidade do “Reino”. Ele tem um plano de salvação que oferece gratuitamente a todos, bons e maus; depois, no tempo oportuno, ver-se-á quem são os maus e quem são os bons. De resto, não é muito fácil separar o bom e o mau, porque as duas realidades coexistem em todos os “campos”, em todos os corações. Deus paciente não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva. Os “servos” rígidos e intolerantes, incapazes de olhar o  mundo com a bondade e a paciência de Deus. O “campo” é o mundo e a história, onde coexistem o trigo (esperança, amor) e o joio (morte, sofrimento, escravidão). É também o coração capaz de opções de vida e capazes de opções de morte. Jesus garante: os métodos de Deus não passam pelo castigo imediato, pela intolerância, pela incompreensão dos erros dos seus filhos; os métodos de Deus passam por deixar os homens crescer em liberdade, integrando a comunidade dos filhos de Deus.
No “dia da colheita” (o dia do “juízo”), os bons receberão a recompensa e os maus o castigo. Os símbolos utilizados (o joio queimado no fogo, a fornalha ardente, o choro e o ranger de dentes) destinam-se a impressionar, a obrigá-los a voltar à fidelidade ao Evangelho. Portanto, não temos aqui uma descrição de como será o “fim do mundo”; o que temos aqui é um convite urgente e emocionado à conversão, ao aprofundamento do compromisso com Jesus e com o Evangelho.
O Evangelho propõe-nos ainda duas outras parábolas: a parábola do grão de mostarda  e a parábola do fermento: sublinha-se a desproporção entre o início e o resultado final. O grão de mostarda pode dar origem a um arbusto; o fermento insignificante, mas tem a capacidade de fermentar uma grande quantidade de massa. Estas duas comparações servem para apresentar o dinamismo do “Reino”. O “Reino” anunciado por Jesus parece algo insignificante, mas contém potencialidades para encher o mundo, para o transformar e renovar. Com estas parábolas, Jesus responde às objeções daqueles que não acreditavam na mensagem de um carpinteiro de Nazaré pudesse surgir uma proposta de vida, capaz de fermentar o mundo e a história. Ele garante-nos que o “Reino” é uma realidade irreversível, que veio para ficar e para transformar o mundo.

ATUALIZAÇÃO • O “Reino” é uma realidade irreversível, que está em processo de crescimento. É verdade que é difícil perceber essa semente crescer, quando vemos as violências, as injustiças, … É difícil acreditar que o “Reino” está em processo de construção. Quando o materialismo, o comodismo, a procura da facilidade sobressaem… A Palavra de Deus convida-nos a não perder a esperança. Apesar das aparências, o dinamismo do “Reino” está presente.
• Falar do “Reino” é falar de uma realidade em construção, onde o amor de Deus vai introduzindo no coração do homem a conversão, a transformação, o renascimento, a vida nova.
• Na parábola do trigo e do joio, Jesus garante-nos que Deus é amor e misericórdia, sem pressa para castigar, que dá ao homem “todo o tempo do mundo” para crescer, para descobrir o dom de Deus e para fazer as suas escolhas.
• A “paciência de Deus” com o joio convida-nos a rejeitarmos a intolerância, a vingança. Às vezes, somos demasiados ligeiros em julgar e condenar, como se as coisas fossem claras.
• Mal e bem misturam-se no mundo, na vida e no coração de cada um de nós. Dividir as nações em boas e más, os grupos sociais em bons e maus (onde os seus valores não são os nossos), é uma atitude simplista, que nos leva a atitudes injustas, que geram exclusão, marginalização, sofrimento e morte. Saibamos olhar para o mundo, para os grupos sem preconceitos, com a mesma bondade, compreensão e tolerância de Deus. 

SEGUNDA LEITURA (Rm 8,26-27) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos, o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos.

AMBIENTE. A salvação é um dom gratuito que é fruto da bondade e do amor de Deus, que nos chega através de Jesus Cristo ( Rom 5,12-8,39); e atua em nós pelo Espírito que Jesus derrama sobre aqueles que aderem ao seu projeto e entram na sua comunidade (cf. Rom 8,1-39) – a comunidade do Reino.
No domingo passado, Paulo convidava os crentes a decidirem-se pela vida “segundo o Espírito”. Dizia-nos que essa opção terá uma dimensão cósmica e que ajudará a vencer os desequilíbrios e desarmonias que destroem a criação de Deus. Trata-se, no entanto, segundo Paulo, de um caminho difícil, que exige renúncias, purificações, renovação da vida.

MENSAGEM - É Deus que nos dá a força de viver “segundo o Espírito”. Na verdade, nem sempre sabemos o que pedir, pois nem sempre conseguimos discernir entre a vida “segundo a carne” e a vida “segundo o Espírito”. No entanto, o próprio Espírito Santo “vem em auxílio da nossa fraqueza”. Nós temos dificuldade em articular os nossos desejos e necessidades e é o Espírito que se encarrega de formulá-los em nosso lugar. O Espírito faz de mediador eficaz no nosso diálogo com Deus. Ele é nosso “intérprete” e intercessor, elevando-nos ao Deus que conhece o coração. E esta oração (que o Espírito dirige em nosso lugar) é sempre acolhida por Deus, pois está em conformidade com os planos e os projetos de Deus.

ATUALIZAÇÃO • Somos filhos amados de Deus e Ele não desiste de indicar os caminhos da felicidade e da vida definitiva. Nos momentos de crise, de derrota, é preciso sempre lembrar: Deus nos ama e oferece-nos, de forma gratuita a salvação.
• O Espírito leva-nos ao encontro de Deus, faz com que a nossa voz chegue ao coração de Deus. É preciso, no entanto, disponibilidade para o acolher e atenção aos sinais através dos quais Ele nos conduz ao encontro de Deus. Acolher o Espírito é sair do egoísmo, do orgulho, da autossuficiência e procurar descobrir, com humildade os caminhos de Deus.
• É preciso encontrar tempo para refletir o sentido da nossa existência, para perceber se estamos conduzindo a nossa vida “segundo a carne” ou “segundo o Espírito”.
• É no diálogo, de partilha, de escuta, de louvor que chamamos oração, que o crente, através do Espírito, intui a lógica de Deus, a sua verdade, o projeto que Ele tem para cada um e para o mundo.
O joio de hoje poderá se tornar amanhã trigo para Deus... Dentro de cada um nós há trigo e joio.
* O Reino de Deus é uma realidade irreversível que está em crescimento no mundo.

+ Devemos ser a SEMENTE DE MOSTARDA, Devemos ser o FERMENTO, que leveda toda a massa da farinha, o mundo em que vivemos... Assim estaremos transformando o JOIO em TRIGO...
Em primeiro nosso Deus é um Deus presente, atuante, cuida de nós com amor, num mundo homens bombas, fome, mortes e mensalões, Deus está presente!
Uma segunda lição desta parábola: no mundo e no coração de cada um de nós infelizmente há o mal, o pecado, a treva. Esse mal não vem de Deus; vem do Diabo: semeia o mal e faz com que ele se confunda com o bem, como o trigo e o joio. E nós confundimos tudo e pensamos ser bem ao que é mal!
 Numa terceira lição Jesus nos ensina a paciência, sobretudo com o mal que vemos no mundo e nos outros! Jesus nos pede que confiemos em Deus, que acreditemos na sua ação e nos seus desígnios.
O modo de pensar e agir de Deus não é como o nosso, o Reino dos Céus aparece tão frágil, tão inseguro, tão precário… pequenino como um grão de mostarda, pouquinho como uma pitada de fermento! E, no entanto, será grande, será forte, será vitorioso e abrigará as aves dos céus! Será eficaz, forte, e penetrará toda a massa deste mundo!
Dehonianos
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O Joio

Olhando o mundo de hoje, vemos que o BEM e o MAL caminham juntos.
Por que Deus permite tudo isso? Por que não intervém para castigar os pecadores?

A Liturgia nos fala da PACIÊNCIA DE DEUS e nos convida a convivermos com os dois com paciência e prudência.

A 1a Leitura apresenta um Deus indulgente e misericordioso.
Deus ama todas as pessoas que criou, mesmo quando praticam o mal.
* Às vezes julgamos certos males como "castigos de Deus".
Deus é tolerante e justo e a misericórdia se sobrepõem à vontade de castigar.
E convida-nos a adotar a mesma atitude.

A 2ª Leitura sublinha a Bondade e Misericórdia de Deus, afirmando que o Espírito Santo "vem em auxílio de nossa fraqueza", guiando-nos no caminho para a vida plena. (Rm 8,26-27)

O Evangelho destaca a Paciência de Deus. (Mt 13,24-43)
No mundo todos (bons e maus) têm lugar para crescer e amadurecer.

Na volta da Missão, a Impaciência dos Apóstolos para com aqueles que não os acolheram:
"Queres que mandemos que desça o fogo do céu para destruí-los?"
- Jesus critica a pressa dos Apóstolos com TRÊS PARÁBOLAS:
  O trigo e o joio, o grão de mostarda e o fermento na massa...

+ A 1a Parábola (do trigo e do joio) nos revela DUAS ATITUDES:

- A Impaciência dos homens: "Senhor, queres que arranquemos o joio?"
                                     
- A Paciência de Deus: "Deixai crescer junto até a colheita..."

Deus não quer a destruição do pecador e a segregação dos maus.
"Deus é paciente e misericordioso lento para a ira e rico de misericórdia" (Sl 85)
Na construção do Reino, é preciso ter Paciência e esperar a hora certa para a separação final na colheita.

* A "paciência de Deus" com o joio nos convida a rejeitar as atitudes de rigidez, de intolerância, de incompreensão, de vingança, e a contemplar os irmãos (com as suas falhas, defeitos) com os olhos benevolentes, compreensivos e pacientes de Deus.

E qual é a nossa primeira atitude? Arrancar o joio?
 "Nossa História de católicos,  muitas vezes, se tornou História de arrancadores de joio,
  enquanto deveria ter sido história de perdão, de misericórdia e de amor."

- Esquecemos que o mal e o bem se misturam no mundo, na vida e no coração...
- Esquecemos que o Reino de Deus é um mundo de trigo e de joio,  de guerra e de paz, de gozo e inquietação...
- Esquecemos que o joio de hoje poderá se tornar amanhã trigo para Deus...
- Esquecemos que mesmo dentro de cada um nós há trigo e joio.
- E Cristo ainda hoje continua repetindo: "Deixai crescer junto, até a colheita".

* O Reino de Deus é uma realidade irreversível, que está num processo de crescimento no mundo.

è É importante saber conviver, no meio dos conflitos...

E então, ficar de braços cruzados passivamente?

+ Devemos ser a SEMENTE DE MOSTARDA, pequena, insignificante, mas que cresce até aninhar os pássaros em seus ramos.
+ Devemos ser o FERMENTO, que leveda toda a massa da farinha, o mundo em que vivemos...

à Assim estaremos transformando o JOIO em TRIGO...
     O Reino de Deus já está presente entre nós, mesmo misturado com o joio, mesmo pequeno como o grão de mostarda, ou um pouco de fermento...

                                    Pe. Antônio
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 Diácono José da Cruz – Votorantim – SP)
Não há no calendário da igreja, pelo menos não tenho conhecimento, de uma santa com o nome de Paciência, apesar disso, ela é muito invocada pelas pessoas, quando alguém faz algo de errado, “Tenha Santa Paciência!” eu cresci ouvindo essa expressão que acho bem interessante e oportuna para a reflexão deste evangelho, pois o homem paciente é aquele que sabe esperar, empenhando-se em construir algo novo, acreditando que o seu trabalho dará resultado, ainda que os frutos só sejam colhidos pelas gerações futuras.
O Reino de Deus não cai do céu já pronto, e nem acontece no imediatismo, mas como em um gigantesco quebra-cabeça, cada peça vai sendo colocada, até que no final iremos todos ver uma belíssima obra, e, das comparações que Jesus fez sobre o reino, a mais fiel é a parábola da semente, algo que precisa ser plantado, cuidado, cultivado, para poder germinar, e depois de germinado tem de ser muito bem conservado e mantido, ou seja, a edificação do reino é algo permanente em nossa vida, que um dia, na visão beatífica iremos contemplar e poder admirar toda sua beleza, e ainda mais, sentir uma imensa alegria ao perceber que ajudamos a construí-lo.
Mas quem é que planta uma semente hoje e espera que amanhã ela já brote e se transforme em uma planta? É preciso não ter pressa, nem para ver a semente germinar, nem para colher os frutos que, se arrancados da árvore fora de tempo, não estarão maduros e nenhum prazer trará a quem o comer. Eis o grande mal que afeta a relação entre as pessoas nos dias de hoje: a falta de paciência! Talvez como consequência da relação homem versus máquina, dos avanços da tecnologia e da informática, que nos permite no toque de uma tecla, ver ou ter de imediato, aquilo que se quer, não se faz mais nenhum esforço para abrir um portão, que é eletrônico, acender um fogão, ligar a TV ou mudar de canal, sem levantar-se do sofá, e até controle eletrônico para o som do carro, o que eu acho um absurdo.
E assim, acabamos transportando para a relação com as pessoas, esse imediatismo, quando queremos resultados, ou mudanças de comportamento, as grandes empresas investem largamente em cursos de treinamento, porque querem resultado imediato na linha de produção.
Mas as pessoas não são máquinas, programadas para nos atender, elas têm autonomia, são movidas por sentimentos, emoções, temperamento, estão sujeitas a fraquezas, pequenos enganos ou erros atrozes, são volúveis, capazes de amar e odiar, ao mesmo tempo, o homem é um mistério, um verdadeiro Fenômeno, como define o conteúdo da obra de Pierre Teilhard de Chardin. E diante de toda essa complexidade humana, em Jesus descobrimos que o Pai nos ama, e que o seu amor é paciente, compassivo, tolerante, e sabe esperar, confiando no ser humano, quando o chama para viver a vocação do amor.
Entretanto, embora alcançado pela graça de Deus, o homem não consegue refletir para o semelhante essa imagem e semelhança, com Aquele que é a essência do puro amor, pois a impaciência, a intolerância e o radicalismo, acaba prevalecendo em lugar do amor que tudo suporta e tudo crê, falta paciência com os pais, com os idosos, com as crianças, com os enfermos, com os pobres, com a esposa, com o esposo, com os netos, com os alunos, com a equipe de trabalho, com os que são diferentes, no aspecto cultural, econômico, político, religioso, onde fazemos, de simples adversário um inimigo mortal.
O que Jesus nos pede neste evangelho é justamente isso, a paciência de crer e saber esperar o novo reino, ajudando a construí-lo no meio dos homens, com todo empenho, dedicação e seriedade, o verdadeiro cristão jamais pode ser radical ou imediatista, pois seria ingenuidade desejar fazer acontecer o reino á toque de caixa, na família, na comunidade, no trabalho, na escola ou na política, infelizmente ainda há muitos cristãos que se sentem frustrados por não ver resultado do seu trabalho, são aqueles que não aceitam que haja joio em meio ao trigo, fecham-se em seus grupos, suas comunidades, seu pequeno mundo, e são sempre impulsionados a querer arrancar o joio de suas relações, ignorando que a palavra de Deus e a verdade do evangelho, quando testemunhadas de maneira autentica, tem poder sim, para transformar qualquer joio em trigo, resultado da obra da salvação, desejada por Deus e realizada plenamente por Jesus através da sua igreja.
José da Cruz é Diácono da 
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Homilia de D. Henrique Soares: Mt 13,24-43

Continuamos a escutar o Senhor que, sentado na barca, nos fala do Reino dos Céus… Permanecemos atentos, como aquela multidão em pé, à beira-mar, embevecida: “Nunca nenhum homem falou assim…”
Hoje, o Senhor nos apresenta três parábolas: a do trigo e do joio semeados no campo do mundo e do nosso coração, a do grão de mostarda que cresce a abriga as aves dos céus e, finalmente, a do tiquinho de fermento que leveda toda a massa… É assim o Reino dos Céus!
As três parábolas mostram a fraqueza do Reino, sua fragilidade escandalosa, mas também sua força invencível, seu poder, sua capacidade de tudo impregnar e transformar, até chegar à vitória final. Só que para compreender isso – os mistérios do Reino -, é necessário ter a paciência, a sabedoria que nos dá a capacidade de acolher os tempos e modos de Deus! Mas, vamos às parábolas.
Primeiro, a do trigo e do joio. Que nos ensina aqui o Senhor? Que lições nos quer dar? Em primeiro lugar: Deus não é inativo, indiferente ao mundo, à nossa vida de cada dia. No seu Filho, semeou o trigo do Reino no campo deste mundo e no campo do nosso coração. Como diz o Livro da Sabedoria, na primeira leitura de hoje: “Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas!” Sim: nosso Deus é um Deus presente, um Deus atuante, um Deus que cuida de nós com amor e com amor vela por suas criaturas! Não duvidemos, não percamos de vista esta realidade: num mundo de cimento armado e homens bombas, fome, mortes e mensalões, Deus está presente, Deus cuida de nós! Uma segunda lição desta parábola: no mundo e no coração de cada um de nós infelizmente há o mal, o pecado, a treva. Por favor, não mascaremos o mal do mundo nem o mal do nosso interior! É preciso desmascará-lo, é preciso chamá-lo pelo nome! Não mascare, irmão, irmã, o mal da sua vida, do seu coração, da sua consciência! Esse mal não vem de Deus; vem do Antigo Inimigo, do Diabo que, mais esperto que nós, tantas vezes faz o mal nos parecer bem e até achar que nós mesmos estamos acima do bem e do mal! O Diabo é assim: semeia o mal e faz com que ele se confunda com o bem, como o trigo e o joio. E nós, tolos, confundimos tudo e pensamos ser bem ao que é mal – mal semeado pelo Maligno! Por favor, olhe o seu coração: não se engane, não finja, não mascare, não minta pra você mesmo! Chame o mal de mal e o bem de bem! Numa terceira lição, a parábola de Jesus nos ensina a paciência, sobretudo com o mal que vemos no mundo e nos outros! Somos impacientes, caríssimos, e até julgamos Deus e o seu modo de agir no mundo. O querido Bento XVI, na sua homilia de início de pontificado, falava da paciência de Deus que salva e da impaciência nossa que coloca a perder… Jesus nos pede que confiemos em Deus, que acreditemos na sua ação e nos seus desígnios, tempos e modos: Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas e a quem devas mostrar que teu julgamento não foi injusto. A tua força é princípio da tua justiça e o teu domínio sobre todos te faz para com todos indulgente. Dominando tua própria força, julgas com clemência e nos governas com grande moderação; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores”.
Escutemos ainda um pouco o Senhor; aprendamos com as parábolas do grão de mostarda e do fermento que leveda a massa. Precisamente porque o modo de pensar e agir de Deus não é como o nosso, o Reino dos Céus aparece tão frágil, tão inseguro, tão precário… pequenino como um grão de mostarda, pouquinho como uma pitada de fermento! E, no entanto, será grande, será forte, será vitorioso e abrigará as aves dos céus! Será eficaz, forte, e penetrará toda a massa deste mundo! Mas, quando, Senhor? Por que demoras? Por que parece que estás longe? Por que pareces dormir? Observem, irmãos, que em todas as parábolas do Reino, Jesus deixa claro que, ao fim, haverá um julgamento de cada um de nós e o Reino triunfará!
Mas, para não descrer, para não desesperar, para não ver e sentir simplesmente na nossa medida e com nossas forças, supliquemos que o Espírito do Ressuscitado venha nos socorrer, “pois não sabemos o que pedir, nem como pedir!” Só o Espírito do Cristo, o Semeador do Reino, pode nos fazer perceber os sinais do Reino, os sinais de Deus no mundo e na vida. Só o Espírito nos sustenta, fazendo-nos caminhar sem desfalecer, de esperança em esperança… Só o Espírito nos ensina as coisas do Reino: ele torna o Reino presente porque torna Jesus presente. Por isso mesmo, em vários antigos manuscritos do Evangelho de São Lucas, na oração do Pai-nosso, onde tem “Venha o teu Reino” aparece “Venha o teu Espírito”! É o Espírito de Cristo que torna o Reino presente em nós e no mundo. Deixemo-nos, portanto, guiar por ele, pois “o Reino de Deus é paz e alegria no Espírito Santo!”
Eis, caríssimos! Aprendamos do Senhor, vigiemos e acolhamos sua palavra. Se formos fiéis e perseverarmos até o fim, escutaremos cheios de esperança sua promessa, que encerra o Evangelho de hoje: “… então, os justos brilharão como o sol no Reino do seu Pai!” Que assim seja! Amém!

D. Henrique Soares da Costa

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Homilia do Pe. Françoá Costa:  O Cristão no meio do mundo

Será que alguns pensam que a cabeça foi feita somente para colocar o boné? Parece-me absurdo questionar-me dessa maneira. Mas, devido ao que se vê hoje em dia, sinto uma forte tentação de fazer tais interrogações. Por via das dúvidas, é interessante deixar bem claro: a cabeça foi feita para se usar, para pensar.
O cristão tem que usar os dotes de inteligência que o Senhor lhe concedeu colocando-os ao serviço do Reino de Deus. Uma das prioridades na nossa vida deveria ser, portanto, a formação: humana, profissional, espiritual, intelectual. E, nesse sentido, a formação para as virtudes é importantíssima. Um filho de Deus bem formado é uma joia maravilhosa no meio do mundo atual. A superficialidade e falta de vigor mental é uma das grandes dificuldades que podemos encontrar à hora de realizar o nosso apostolado. Por isso é importante que nós mesmos estejamos bem formados para entender, compreender e atuar com audácia apostólica. Necessitaríamos ser mais estratégicos.
Há um filme violentíssimo e bem realista, “Tropa de elite”, no qual o decidido capitão Nascimento ensina, por ocasião do duríssimo treinamento dos novos candidatos, uma palavra em várias línguas: estratégia. Você se lembra daquela cena? Excetuando a maneira de pronunciá-la, a palavra era quase igual nas diversas línguas utilizadas no filme. O cristão, em qualquer lugar em que estiver, deve ser santamente estratégico no seu apostolado. Tem que utilizar a inteligência auxiliada pela graça de Deus, tem que ser esperto e ganhar muitas pessoas para as fileiras de Deus.
Se perguntássemos a alguma planta herbácea da qual sai o trigo se ela se sente feliz em ser plantada na terra, ainda que junto a ela e nela mesma se infiltre o joio, não obteríamos resposta. As plantas não pensam. O ser humano, maravilha da criação, pensa inclusive sobre o próprio pensar e, portanto, pode ir dando respostas cada vez mais perfeitas às suas interrogações.
Na semana passada falávamos da importância das parábolas e da exposição da fé de maneira acessível. Isso não significa renunciar á linguagem teológica, aos conceitos da tradição, mas procurar ter a capacidade de traduzi-los. Desta maneira, introduziremos as pessoas no campo de Deus, da Escritura, da Tradição, da graça e, como consequência de tudo isso, as insertaremos na glória.
A Igreja Católica, sendo Santa, sempre fugiu dos diversos puritanismos, rigorismos e da mentalidade de seita, ou seja, duma visão estreita e separatista. Ela deseja que os seus filhos estejam no meio do mundo, convivendo com os seus iguais, como o bom trigo, e no mesmo campo que o joio. No entanto, o trigo não se sente mal, não se sente estranho no seu próprio ambiente. Se tivesse consciência, o trigo saberia que aquele é o seu lugar natural, deve estar aí, nem deseja que o plantem nos ares, aí não sobreviveria. Ainda que o joio, esta planta que engloba os vegetais e cresce às suas custas, lhe subtraia algumas energias, deve continuar aí no mesmo lugar.
Como o cristão é da terra, está inserido nas coisas deste mundo e as ama, tem que ter as ideias bem claras. Sem formação não poderá informar o mundo com a forma que Cristo quer para esse mundo. Que tipo de formação? É muito importante que esteja bem formado nos “rudimentos” da fé, deve ter pelo menos uma linha geral da história sagrada que se nos narra na Bíblia e ter uma informação amplia pelo menos dos últimos documentos mais importantes do Magistério da Igreja. Mais concretamente, o conhecimento da Sagrada Escritura, do Catecismo da Igreja Católica e dos documentos do Concílio Vaticano II é importantíssimo. Seria interessante que nos programássemos para, pouco a pouco, ir lendo esses três livros e ter sempre uma pessoa de referência para que possamos perguntar-lhe algumas coisas que não entenderemos na nossa leitura.
Com as ideias claras é preciso lutar por vivê-las. Todo o amplo mundo das virtudes humanas que podemos resumir nas quatro cardeais –prudência, justiça, fortaleza e temperança– e das virtudes teologais –fé, esperança e caridade– deveria ser o campo de um trabalho pessoal, constante e alegre. Não nos esqueçamos de que Deus teve a iniciativa, ele nos amou e colocou no nosso coração a capacidade de amá-lo.


Pe. Françoá Costa

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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):

LOUVOR (Quando o Pão Consagrado estiver sobre o altar)
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- Por Jesus, com Jesus e em Jesus,  na força do Espírito Santo, louvemos aos Pai:
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
- Pai, nós Vos louvamos e Vos damos graças porque sois paciente e sempre pronto a ajudar-nos. Que o Espírito Santo torne o nosso coração sempre aberto para acolher os vossos ensinamentos.
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
- Ó Deus, Nosso Pai, nós Vos bendizemos pelo Espírito Santo, que é a vossa presença em nós, o vosso sopro de vida: que o vosso Espírito venha em socorro da nossa fraqueza e nos inspire a viver em vosso amor.
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
- Bendito sejais, ó Pai, pelo Reino que manifestais no meio de nós. Vossa Palavra é o bom grão que semeastes para renovar a terra, é a semente que cresce e o fermento que age. Nós Vos pedimos: que o vosso Espírito nos torne pacientes e confiantes na Vossa presença no meio de nós.
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
- PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...