quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

5º Domingo do Tempo comum, homilias, subsídios homiléticos

5º DOM. DO T. COMUM ano B (Adaptação: Diácono Ismael)

SINOPSE:
Tema: “Somos postos de pé para nos colocar a serviço.”
Primeira leitura: Jó, na sua amargura, se dirige a Deus, pois sabe que Deus é sua última esperança.
Evangelho: curando os doentes, Jesus começa a manifestar um mundo novo sem sofrimento que Deus sonhou para os homens; A ação de Jesus tem de ser continuada pelos seus discípulos.
Segunda leitura: Paulo nos diz que é obrigação do discípulo testemunhar a todos a proposta de Jesus e tudo deve ser feito por amor e não por interesses pessoais.

PRIMEIRA LEITURA (Jó 7,1-4.6-7) Jó disse: “Não é acaso uma luta a vida do homem...? Seus dias não são como dias de um mercenário? Como um escravo suspira pela sombra, como um assalariado aguarda sua paga, assim tive por ganho meses de decepção, e couberam-me noites de sofrimento. Se me deito, penso: Quando poderei levantar-me? E, ao amanhecer, espero novamente a tarde e me encho de sofrimentos até ao anoitecer. Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança. Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade!

AMBIENTE - O Livro de Jó questiona: qual o sentido da vida, o papel de Deus no sofrimento e o sentido do sofrimento.
Jó é piedoso, bom, generoso e cheio de “temor de Deus”. Possuía muitos bens e família numerosa… Mas, perdeu tudo e ficou gravemente doente.
A história de Jo serve para uma reflexão sobre a fé israelita: o dogma da retribuição. Para Israel, Deus recompensava os bons pelas boas obras e os maus recebiam um castigo pelas injustiças que praticavam. A justiça de Deus era lógica e imutável; Jahwéh Se limita a fazer a contabilidade das ações boas e más e a pagar-lhe em consequência. No entanto, os maus possuíam bens em abundância e viviam vidas longas e felizes, enquanto que os justos eram pobres e sofriam por causa da injustiça e da violência dos poderosos: como explicar o sofrimento do homem bom, piedoso e observante dos mandamentos?
O Livro de Jo discorda da teologia tradicional, onde Deus não passa de um comerciante…
Como não pode aceitar esse deus falso, parte em busca do verdadeiro rosto de Deus. Numa busca apaixonada, sofrida, Jó descobre um Deus onipotente, incompreensível, que ultrapassa infinitamente as lógicas humanas; mas descobre, também, um Deus que ama com amor de Pai. Jó reconhece sua pequenez e finitude, a sua incapacidade para compreender os projetos de Deus. Ele não pode julgar Deus, nem entendê-lo à luz da lógica dos homens. Ao homem finito e limitado, só resta entregar-se nas mãos desse Deus, incompreensível, mas cheio de amor, e confiar plenamente n’ele.
Nesse diálogo, Jó vai desfazendo os argumentos da catequese oficial de Israel; e vai derramando a sua insatisfação, num desafio a esse deus falso que os amigos lhe apresentam e que Jó se recusa a aceitar.

MENSAGEM – O texto reflete o sentido da sua vida. Para mostrar como a vida é dura e dolorosa, ele utiliza três exemplos. é o da vida do soldado, condenado a luta, risco e submissão.
é o do escravo, condenado ao trabalho e maus tratos (só os breves momentos de descanso).
é o do trabalhador assalariado, condenado a trabalhar de sol a sol (embora receba um salário).
Jó considera que a sua situação mais terrível. Sua dor é pior que a fadiga do assalariado, pior que a luta e risco do soldado e pior que a sujeição do escravo, pois sofre dia e noite e não tem o agrado do salário.
Jó dirige-se a Deus e pede-lhe que tenha consideração pelo seu servo. O nosso texto termina aqui…
A oração de Jó está carregada de desespero, de amargura e de revolta contra esse Deus incompreensível e prepotente que Se recusa a pôr um fim ao seu drama. O grito de revolta de Jó é a expressão da angústia de um homem que, na sua miséria, se sente injustiçado e condenado pelo próprio Deus; mas é também o grito do crente que sabe que só em Deus pode encontrar a esperança e o sentido para a sua existência.

ATUALIZAÇÃO
• O sofrimento do inocente é inexplicável. O autor do livro de Jó lembra-nos a nossa pequenez, os nossos limites, a nossa finitude, a nossa incapacidade para entender os mistérios de Deus. De uma coisa podemos estar certos: Deus ama-nos com amor de pai e de mãe e quer conduzir-nos ao encontro da vida verdadeira e da felicidade sem fim… Talvez nem sempre entendemos os caminhos de Deus e a sua lógica… Mas, mesmo quando as coisas não fazem sentido, resta-nos confiar no amor e na bondade do nosso Deus.
• A atitude compreensiva e tolerante de Deus convida-nos a uma atitude semelhante face aos lamentos de revolta e de incompreensão vindos do coração daqueles irmãos que a vida maltratou…
••• Jó é uma reflexão sobre o mistério da vida humana, cheia de esperança, porque feita à luz de Deus. Uma coisa é pensar nas realidades negativas de nossa existência só contando com nossas forças. Que desespero, que vazio de sentido! Outra, é encarar a vida também com suas trevas, à luz de Deus!
            Notem, irmãos: num mundo, que cultua o corpo, a saúde e presta tão pouca atenção ao sofrimento, à dor... Num mundo que tem medo de pensar na morte, Jó convidam-nos a colocar os pés no chão e busca o sentido da existência e o faz diante de Deus.
Nossa leitura termina dizendo: “Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade”. É uma oração! O triste na vida não é sofrer, não é morrer... Triste e miserável é sofrer e morrer sem Deus que dá sentido à nossa existência! 

SALMO RESPONSORIAL / Sl 146 (147)
 Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações.
• Louvai o Senhor Deus, porque ele é bom; / cantai ao nosso Deus, porque é suave; / ele é digno de louvor, ele o merece! / O Senhor reconstruiu Jerusalém / e os dispersos de Israel juntou de novo.
• Ele conforta os corações despedaçados, / ele enfaixa suas feridas e as cura; / fixa o número de todas as estrelas / e chama a cada uma por seu nome.
• É grande e onipotente o nosso Deus, /seu saber não tem medida nem limites. / O Senhor Deus é o amparo dos humildes, / mas dobra até o chão os que são ímpios.

EVANGELHO (Mc 1,29-39) Jesus saiu da sinagoga e foi... para a casa de Simão. A sogra de Simão estava de cama, ... E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los. À tarde, ...levaram a Jesus todos os doentes... em frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. ... De madrugada, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. ...Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. E andava por toda a Galiléia, pregando ...e expulsando os demônios.

AMBIENTE - (Mc 1,14-8,30). Aí, Jesus é apresentado como o Messias. Com o chamamento dos primeiros discípulos, começa a constituir-se a comunidade do “Reino”. Em seguida, Marcos mostra a realidade do “Reino” a atuar no mundo como salvação e libertação, nas palavras e nos gestos de Jesus: com a autoridade que Lhe vem do Pai, Jesus vence o mal e a dor que escravizam o homem e anuncia um mundo novo de vida plena.

MENSAGEM - O texto apresenta-nos Jesus agindo na construção do “Reino”. O Evangelho nos mostra três quadros;
I- Na “casa de Pedro”, Jesus oferece a vida nova, curando a sogra de Pedro (pediram por ela – quem pede está em consonância com a misericórdia de Deus). Três pormenores sobressaem;
1 Jesus “aproximou-Se” da sogra de Pedro. A iniciativa de Se aproximar, é sempre de Jesus.
2 Jesus tomou a doente pela mão e “levantou-a”. O contato com Jesus devolve-lhe a vida.
3 A mulher “começou a servi-los”. O contato com Jesus se concretiza no serviço dos irmãos.
II - “a cidade inteira” reunida diante da porta da casa de Pedro e “Jesus” “curou muitas pessoas”. Jesus tem poder para libertar o homem das suas misérias e lhe oferecer uma vida nova e feliz.
A “casa de Simão Pedro” nos propõe – uma representação da Igreja. É aí que Jesus está oferecendo vida em abundância.
III- Jesus num lugar solitário, em oração. A oração faz parte do ministério de Jesus. A oração é, para Jesus, o cume e a fonte da ação.
É na oração que Jesus encontra a motivação para a sua ação em prol do “Reino”; O encontro com Deus é um momento de tomada de consciência dos planos e compromissos daquilo que Deus quer.
Nos “milagres” de Jesus é preciso ver os “sinais do Reino”. São gestos que anunciam o nascimento desse mundo novo, sem exclusão, sem sofrimento, onde todos têm a possibilidade de ser felizes. É isso que Jesus veio fazer, e é essa a missão que os discípulos de Jesus devem procurar concretizar na terra.

ATUALIZAÇÃO • As ações de Jesus mostram a preocupação de Deus com a vida e a felicidade dos seus filhos. O projeto de Deus não é um projeto de morte, mas de vida; o objetivo de Deus é conduzir os homens ao encontro desse mundo novo (o “Reino de Deus”) de onde estão ausentes o sofrimento e a exclusão. Talvez nem sempre entendamos o sentido do sofrimento, mas Jesus veio garantir-nos o empenho de Deus na felicidade do homem. Resta-nos confiar em Deus e entregarmo-nos ao seu amor.
• O encontro com Jesus e significa a ruptura com as cadeias de egoísmo, de orgulho, de comodismo, de autossuficiência, de injustiça, de pecado que impedem a nossa felicidade e que geram sofrimento, opressão e morte nas nossas vidas. Quem se encontra com Jesus, escuta e acolhe a sua mensagem e adere ao “Reino”, assume o compromisso de viver no amor, no perdão, na tolerância, no serviço aos irmãos.
• A sogra de Pedro, depois do encontro com Jesus, “começou a servir”. Quem encontra Jesus e aceita inserir-se na dinâmica do “Reino”, compromete-se com a transformação do mundo… Compromete-se a realizar, em favor dos irmãos, os mesmos “milagres” de Jesus e a levar vida, paz e esperança aos doentes, marginalizados, oprimidos, injustiçados, perseguidos e aos que sofrem.
• Na multidão que se concentra à porta da “casa de Pedro” podemos ver essa humanidade que grita a sua frustração pela guerra, pela violência, pela injustiça, pela miséria, pela exclusão, pela marginalização, pela falta de amor… A Igreja de Jesus Cristo (a “casa de Pedro”) tem uma proposta libertadora que vem do próprio Jesus e que deve ser oferecida a todos estes irmãos que vivem prisioneiros do sofrimento…
• Jesus mostra que o aparecimento do “Reino de Deus” está ligado a Deus. Rezar é uma tomada de consciência dos projetos de Deus para o mundo e um ponto de partida para o compromisso com o “Reino”. Só na comunhão e no diálogo íntimo com Deus percebemos os seus projetos e recebemos a força para nos empenharmos na transformação do mundo.
••• Rezar não é perder tempo… Jesus quer fazer compreender que os seus milagres são sinais que apontam para outra realidade, mais importante: a sua vitória sobre o único mal que pode matar os homens, o pecado. É para isso que o seu Pai O enviou. Passar tempo a rezar não é perder o seu tempo. Pelo contrário, é deixar a vontade do seu Pai invadi-lo cada vez mais.

Em Jesus, Deus revela-se como Deus próximo, Deus de compaixão, Deus capaz de dar um sentido às nossas dores e até a nossa morte. Cristo nos toma pela mão, Cristo toma sobre si as nossas dores. Sabemos que nele, tudo se enche de novo sentido... Por isso todos o procuram, porque procuram um sentido para a existência! 
           Na comunhão com Cristo, a dor torna-se plena de significado e podemos dizer como Paulo: ‘Agora eu me alegro nos sofrimentos que suporto por vós, e completo na minha carne o que falta dos padecimentos do Cristo pelo seu corpo que é a Igreja’ (Cl 1,24)...
            Caríssimos, Jesus veio para anunciar o Reino e expulsar tudo aquilo que demoniza a nossa existência. Que seja Jesus o consolo de nosso pranto, a força no nosso caminho, o alívio de nossas dores e o prêmio de vida eterna.

SEGUNDA LEITURA (1Cor 9,16-19.22-23) Irmãos, pregar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade para mim, uma imposição. Ai de mim se eu não pregar o evangelho! Se eu exercesse minha função de pregador por iniciativa própria, eu teria direito a salário. Mas, como a iniciativa não é minha, trata-se de um encargo que me foi confiado. Em que consiste então o meu salário? Em pregar o evangelho, oferecendo-o de graça, sem usar os direitos que o evangelho me dá. Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Com os fracos, eu me fiz fraco, para ganhar os fracos. Com todos, eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. Por causa do evangelho eu faço tudo, para ter parte nele.

AMBIENTE - Um dos sérios problemas aos cristãos de Corinto era o problema de comer ou não comer a carne imolada aos ídolos. A esta questão, Paulo responde em 1 Cor 8-10. Concretamente, a resposta aparece em vinte versículos (cf. 1 Cor 8,1-13 e 10,22-29): dado que os ídolos não são nada, comer dessa carne é indiferente; contudo, deve-se evitar escandalizar os mais débeis: se houver esse perigo, evite-se comer dessa carne, a fim de não faltar à caridade. É fundamental que os meus comportamentos sejam guiados pelo amor. Ora, o amor pode, em certas circunstâncias, exigir que eu renuncie aos meus direitos e à minha liberdade, em benefício dos outros (cf. 1 Cor 8,9-13).
Ele próprio renunciou muitas vezes aos seus direitos, por causa do amor aos irmãos. Ele como apóstolo, podia reivindicar certos direitos e viver à custa do Evangelho… Mas nunca exigiu nada porque o que o preocupa não são os seus próprios direitos, mas o benefício das comunidades e dos irmãos (cf. 1 Cor 9,1-15).  É precisamente aqui que Paulo explica que anuncia o Evangelho, não por interesse próprio, mas por interesse dos irmãos.

MENSAGEM - Paulo declara que o anúncio do Evangelho não é, para ele, um título de glória, mas uma obrigação que lhe foi imposta. A partir do momento que encontrou Cristo, foi convocado a evangelizar. Quando alguém encontra Cristo e se torna discípulo, não pode ficar parado, mas tem de dar testemunho. O princípio fundamental que orienta a vida deste homem, apaixonado por Cristo e pelo Evangelho, não é os próprios interesses, mas o amor a Cristo e ao Evangelho. Por amor, ele renunciou aos seus direitos e fez-se “servo de todos”; por amor, ele identificou-se com os fracos, fez-se “tudo para todos”. O que é fundamental, o que é decisivo, o que é absoluto na vida de Paulo é o amor.

ATUALIZAÇÃO • O amor é, para o cristão, o “bem maior”, em vista do qual ele pode renunciar a “bens menores”. O discípulo de Jesus não pode impor os seus direitos, quando esse preço implica desprezar os irmãos.
• A expressão “ai de mim se não anunciar o Evangelho” traduz a atitude de quem descobriu Jesus Cristo e a sua proposta e sente a responsabilidade por passar essa proposta libertadora aos outros homens.
• Aquele que dedica a sua vida ao serviço do Reino é alguém que põe o amor aos irmãos e à comunidade acima de tudo, que está sempre disponível para servir, que é capaz de renunciar até aos seus tempos de descanso para acompanhar os irmãos, para os escutar, para os acolher. Para o discípulo de Jesus, o amor deve, sempre, estar acima dos próprios interesses e tornar-se dom, serviço, entrega total.

Pe. Joaquim, Pe. Manuel, Pe. Ornelas Carvalho

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Para Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra:

Mc 1, 29-39: LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O NOSSO DEUS...
- POR JESUS, COM JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESP. SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Meu Senhor e meu Deus, eu creio, mas aumentai a minha fé.
- Senhor, nosso Deus, Jó nos ajudou a refletir o quanto estais acima de nosso entendimento. Somos limitados para entender os vossos projetos e não entendemos o sofrimento. A história nos mostra que sois um Pai amoroso e por amor nos enviastes vosso Filho único. Bendito sejais, ó Deus de infinita bondade.
T: Meu Senhor e meu Deus, eu creio, mas aumentai a minha fé.
- Pai! Jesus se aproximou de nós e nos deu o batismo. Sois o nosso Deus e somos o vosso povo. Queremos estar atentos, pois Jesus nos enviou para anunciar a todos a boa nova do Reino.
T: Meu Senhor e meu Deus, eu creio, mas aumentai a minha fé.
- Senhor, Paulo nos disse que anunciar o Evangelho é uma obrigação. Abri nossos olhos para que vejamos os valores do Reino.
T: Meu Senhor e meu Deus, eu creio, mas aumentai a minha fé.
- PAI NOSSO...  A PAZ DE CRISTO...  EIS O CORDEIRO DE DEUS...

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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Já há duas semanas, estamos comtemplando o gesto de Jesus, aquilo que a sinagoga não tem mais o que responder, de dar uma resposta aos necessitados. Assim, vamos observando que Jesus é algo novo que surge e é a grande esperança para aquele que não tem a quem recorrer. Hoje, São Marcos nos conduz para fora da sinagoga, para dizer: não são apenas dentro dos templos, que temos desafios, que temos que dar uma resposta, mas para fora dos templos. De forma que saíram da sinagoga e foram direto para a casa de Pedro. É muito interessante observarmos isto. No tempo de Jesus, a mulher deve ser amparada pelo pai. Quando se casa, deve ser amparada pelo marido. Se se torna viúva, amparada pelo filho. Quem Jesus vai curar é sogra de Pedro e não mãe de Pedro. Significa que ela não tem nenhum filho, pois sendo viúva, estaria na casa do filho. Se ela não tem nenhum filho, socialmente falando, ela não existe. Porque a mulher só existia ou por causa do pai, ou por causa do marido, ou por causa do filho. Vamos ver isto claramente. Você tem Ana, filha de Fanuel. Ela existe por causa do Fanuel. Você tem Isabel, esposa de Zacarias. Ela existe por causa do Zacarias. Maria mãe de Jesus. Ela existe por causa de Jesus. Então, essa mulher vive separada, segregada, da sociedade. É evidente que ela não tem nenhuma razão para viver e certamente esta é a sua grande enfermidade. Jesus sai da sinagoga e vai direto para lá, significando que Ele tem uma atenção especial para aquele que a sociedade não conta; o desprezado, abandonado. O seu olhar é diretamente à pessoa e ali Ele estende a mão, e ela se levanta e a febre vai embora. A febre não é doença, mas é sintoma de alguma enfermidade, de alguma infecção. A grande enfermidade desta mulher é estar aí num canto, sem SER contada pra nada. Jesus lhe dá a atenção necessária, a febre a deixa, ela se levanta e passa a servi-los. Então, qualquer pessoa é chamada a servir, mesmo aquelas, que aparentemente, estão enfermas. Qualquer pessoa pode servir, mesmo os enfermos. O enfermo pode servir o mundo, pedindo a   Deus pela paz do mundo, a harmonia nas famílias, pedindo a Deus por uma intenção especial. O grande problema é que diante da enfermidade, ou de outros contratempos que acontecem, normalmente as pessoas acabam interpretando, que estão doentes, as coisas não dão certo, é que estão sendo castigadas por Deus. E acabam achando que são injustiçadas, ou  questionam o por que daquele sofrimento. Não raras vezes, quando vou visitar um doente, ele pergunta: por que Deus está fazendo isto comigo? É assim que nós temos Jó. Jó é um modelo de pessoa. Até hoje ninguém sabe se ele é um indivíduo, se simboliza todo aquele que sofre, se ele representa o povo de Deus que sofria no exílio da Babilônia, se ele é já uma preparação para Jesus, que é o Servo Sofredor. O fato é que temos em Jó uma reflexão tão importante e tão atual. No tempo de Jó ou no tempo em que o livro foi escrito, qualquer pessoa enferma era classificada como pecadora. Por que? Porque está muito claro; se está enfermo é porque pecou e agora está purificando sua alma do pecado. Quanto estiver totalmente purificado, Deus lhe dará novamente a saúde, a cura. O doente além da enfermidade, ainda levava este peso nas costas de ser um pecador. Aqueles que não concordavam com esta explicação, resolveram escrever este livro; e agora, como fica? Veja o caso de Jó. Não existe ninguém comparado a ele; ele é fiel a Deus, temente a Deus, ele é justo e faz tudo muito bom. Entretanto, ele tem um desastre e perde a família toda. Depois vem uma peste e mata toda a criação. Depois vem uma enfermidade, ele está sozinho, sem lugar para viver e ele é coberto de lepra e vem os “amigos” dizendo: se você está sofrendo isto, é porque você fez alguma coisa de errado. Então ele diz: se errei, eu quero que Deus me mostre onde eu errei, porque eu não vou aceitar pagar por algo que eu não tenho consciência. Esta é uma visão maravilhosa de quem tem fé em Deus. Sabendo que Deus é presente na vida das pessoas, Ele sabe tudo, sabe onde está o erro de alguém. Ele precisa ajudar esse alguém a corrigir este erro. Caso contrario ela continuará errando e jamais terá cura. Então Jó diz a Deus: eu quero uma conversa pessoal contigo. Então, Deus se apresenta e diz: você sabe quanto é a profundidade do mar, quanto é a altura das estrelas, você sabe quantas estrelas têm? Você sabe quantos tipos de peixes existem? Quantos tipos de frutos existem no mundo? Se você não sabe nem isto, quer conhecer os meus desígnios? A partir daí, Jó começa a perceber que Deus é maior do que alguém que fica perseguindo uma pessoa, querendo dela uma conversão.
Não! Deus é o Deus da vida. É por isso que Deus disse  a Jó: você é modelo, porque perdendo tudo, não perdeu a fé. De tal maneira que o livro de Jó acaba nos ajudando a compreender que a enfermidade não pode ser comparada com pecado ou com graça. A enfermidade faz parte do ser humano. Faz parte do corpo, do físico das pessoas. Quem tem fé e quem não tem fé, quem comete pecado e quem não comete pecado, pode ficar enfermo da mesma maneira. Ora, Jesus vem e dá esta resposta de maneira prática. Fazendo o que? Curando a todos. É interessante o que São Marcos diz: todos os enfermos se reuniram na porta da cidade para serem curados. É uma ironia de São Marcos; bom, se formos medirmos a enfermidade pelos pecados das pessoas, então, todos estão doentes. Quem é que nunca pecou? Agora, para que é que Jesus veio? Para perdoar os pecados. Então, ele acabe curando a todos. Então, meus irmãos e irmãs, para nós três coisas poderiam serem ressaltadas nas leituras de hoje:
1 Deus é maior que toda a nossa compreensão. Salmo 46; Ele é grade, onipotente, seu saber não tem medida, Deus é o amparo dos humildes, Ele conforta corações e enfaixa feridas, Ele sabe o nome de todas as estrelas, etc, etc. então, não existe nada que seja impossível para Deus. Se  eu estou desamparado, desanimado, doente, com problemas em casa, às vezes por alguma fatalidade, alguma desavença, por qualquer questão, é amparar-se em Deus, a exemplo de Jó. E ter a certeza de que Ele nos ajuda a vencer as dificuldades.
2 Uma coisa é enfermidade, outra coisa é pecado. Na enfermidade nós buscamos a cura médica, pedindo a Deus que ilumine este médico. Nós podemos também buscar a cura em Deus, mas aí pedindo perdão pelos nossos pecados, mesmo por aquilo que não temos consciência.
3  Ter a certeza de que Jesus pode atender as necessidades de cada um porque ele é a Boa Notícia, Ele é a esperança. É dele que fala São Paulo. Que bom se ajudássemos outras pessoas a compreender que Deus não castiga ninguém.  Ele pode corrigir. Jamais castigar. Mesmo na correção, ele o faz como o pai perfeito que ama. Por isso, todo aquele que a Ele recorre, é atendido. Se vós que sois imperfeitos, diz o Evangelho, quando o filho lhe pede pão, você não dá escorpião, imagina Eu, que sou um Pai perfeito. Não percamos a esperança e ajudemos as pessoas a encontrar Deus, razão suficiente para sua caminhada.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO 05 02 2012

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O Sofrimento

Uma situação concreta que aflige o homem de todos os tempos é o SOFRIMENTO.

- Por que há no mundo tantas pessoas sofrendo?
   Ninguém gosta de sofrer… mas o sofrimento existe: injustiças, guerras, calamidades, pobreza, fome, discórdias, doenças…
- Quem é o culpado? Seriam os nossos pecados? É um castigo de Deus?
  Como explicar então os inocentes... o Cristo na cruz?
  Por que Deus permite essas coisas sem intervir?
  Por que o justo também sofre e o malvado parece estar em situação melhor?
  - Qual é o sentido do sofrimento e da dor?

As leituras bíblicas nos dão uma resposta...

Na 1ª leitura, vemos a experiência do Sofrimento de Jó (Jó 7,1-4.6-7)

Jó é um homem justo e fiel ao Senhor.
Possuía muitos bens e uma família generosa.
De repente, viu-se privado de todos os seus bens, perdeu a família e foi atingido por uma doença grave. Essa triste situação provoca no coração dolorido de Jó sentimentos de amargura e de revolta contra esse Deus incompreensível. Até os amigos insinuam ser castigo de Deus…
Jó lamenta sua condição de sofredor, mas confia em Deus, pois tem a certeza de que só em Deus pode encontrar esperança e o sentido para a sua existência.

* A experiência de Jó no sofrimento é um modelo para todos os que têm fé.
Mesmo amaldiçoando seu próprio nascimento, Jó não amaldiçoa Deus, pelo contrário, reconhece e louva sua sabedoria e suas obras na criação: o abismo de seu sofrimento pessoal não lhe fecha os olhos para a grandeza de Deus. 
- Diante do sofrimento, ou descobrimos o rosto verdadeiro de Deus, ou fazemos dele um monstro, que nos devora e inferniza a nossa vida…
- Não nos esqueçamos: o Sofrimento pode ser uma visita de Deus
  E quando entendermos isso, tudo fica muito diferente…
  "Não nascemos para sofrer, mas o sofrimento nos faz crescer..."

Na 2ª Leitura, a expressão "ai de mim se não evangelizar" traduz o princípio fundamental da vida de São Paulo. (1Cor 9,16-19.22-23)

No Evangelho, vemos Jesus diante do sofrimento (Mc 1,29-39)

O texto narra uma jornada messiânica de Jesus, no início de sua missão pública na Galiléia.
Inicialmente, mostra o Messias proclamando o Reino de Deus.
A seguir, mostra a realidade do Reino atuando no mundo como salvação e libertação, nas palavras e gestos de Jesus.
Apresenta Jesus agindo diante de uma multidão de sofredores: Ele aparece solidário à dor dos homens e atento às suas necessidades. Com a autoridade que lhe vem do Pai e em comunhão total com o Pai, Jesus vence o mal e a dor que escravizam o homem e anuncia um mundo novo de liberdade e de vida plena.

- Sai da sinagoga e na casa de Pedro:
   Aproxima-se da sogra de Pedroestende a mãoe a "levanta"
   Ela retoma a vida normal, acolhe e serve os hóspedes...
- "Todos o procuram... Cura muitos doentes e endemoniados"…
- "De madrugada, levanta-se e vai rezar, num lugar DESERTO…":

- Com a pregação: ilumina os espíritos, revela o amor de Deus, leva as almas à fé, dá sentido à dor… e mostra o caminho da salvação.
- Com os milagres: cura corpos enfermos… expulsa demônios…
     Quer um mundo novo, sem qualquer forma de dor...
- Com a oração: compreende o plano de Deus e aceita a vontade do Pai…
     Só a verdadeira oração pode nos iluminar o sentido da dor…

+ O sofrimento continuará sempre sendo um mistério
Jesus não elimina o sofrimento, mas nos ensina a carregá-lo com amor e esperança, para que dê frutos de vida eterna…
Jesus nos garante de que Deus nunca nos abandona…
Resta-nos confiar em Deus e entregar-nos em seu amor.

Os cristãos não descobriram o caminho para evitar o sofrimento.
Sofrem como os outros e, às vezes, até mais do que os outros, mas descobriram que a Cruz de Jesus Cristo é redentora.

Carregar a cruz sozinhos é desesperador…
Mas unidos a Cristo, todo sofrimento é salvador, inclusive o nosso…

* Qual é a nossa atitude diante dos nossos sofrimentos?
   - de aceitação... ou de revolta? (Jesus: no Getsêmani... no Pai Nosso...)
* Qual é a nossa atitude diante do sofrimento dos outros?
          - Estendemos a mão e ajudamos a se libertar?

 *  O Papa nos propõe como Lema uma frase de Jó:
"Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo" (Jó 29, 15),
que devemos meditar com a sabedoria do coração.
Sabedoria do coração é servir o irmão... Sabedoria do coração é estar
com o irmão. Sabedoria do coração é sair de si ao encontro do irmão...
Sabedoria do coração é ser solidário com o irmão, sem o julgar.

Rezemos para que Deus nos dê muita luz para compreender o mistério do sofrimento e muita coragem para carregá-lo com amor. 

                                                                          Pe. Antônio Geraldo

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Homilia de – D. Henrique Soares.

            Iniciemos nossa meditação da Palavra de Deus pela primeira leitura. O livro de Jó, de modo dramático, mostra a vida humana: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como dias de um mercenário? Tive por ganho meses de decepção, e couberam-me noites de sofrimentos. Se me deito, penso: quando poderei levantar-me? E, ao amanhecer, espero novamente a tarde... Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança. Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade”. Eis, caríssimos, não são palavras negativas, desesperadas, essas de Jó. São, antes uma reflexão realista sobre o mistério da vida humana, uma reflexão cheia de esperança, porque feita à luz de Deus. Uma coisa é pensar nas realidades negativas de nossa existência simplesmente contando com nossas forças. Que desespero, que desilusão, que vazio de sentido! Outra, bem diferente, é encarar a vida também com seus trevas, à luz de Deus, o amor eterno e onipotente! Que esperança que não decepciona, que paz que invade o coração, mesmo na dor! 
            Notem, irmãos: num mundo como o nosso, que cultua o corpo, o físico sarado, a saúde e o vigor físicos e presta tão pouca atenção ao sofrimento, à dor, ao fracasso... Num mundo que tem medo de pensar na morte e de assumir que todos morreremos, num mundo que não sabe o que fazer com o sofrimento, com a doença, com a decadência física, com a deformidade do corpo, estas palavras de Jó, convidam-nos a colocar os pés no chão. Repito: não são palavras pessimistas porque aquele que chora e busca o sentido da existência, fá-lo diante de Deus. Recordem como terminam as palavras da leitura – são comoventes: “Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade”. São uma oração! O triste na vida não é sofrer, não é chorar, não é morrer... Triste e miserável é sofrer e chorar e morrer sem Deus, sem este Parceiro cheio de doce ternura que dá sentido à nossa existência! 
            Por isso mesmo veio Jesus, nosso senhor! É isto que o Evangelho nos mostra hoje. Cristo nosso Deus, tomando pela mão a sogra de Pedro e erguendo-a do seu leito, revela que vem nos tomar pela mão – a nós, feridos e doentes de tantas doenças, fraquezas e medos! Este é o Evangelho, a Boa notícia: em Jesus, Deus revela o sentido de nossa existência porque se revela como Deus próximo, Deus de compaixão, Deus capaz de dar um sentido às nossas dores e até à nossa morte. Cristo nos toma pela mão, Cristo toma sobre si as nossas dores. Não precisamos fingir que não envelhecemos, que não adoeceremos, que não morreremos... Sabemos que nem a vida nem a morte nos podem afastar do amor de Cristo; sabemos que nele, tudo se enche de novo sentido... Por isso todos o procuram, porque procuram um sentido para a existência! 
            O grande dom que Cristo nos faz não é milagres nem curas nem solução de problemas. Deixemos essa visão miserável, mesquinha e pagã para os pagãos e os que enganam e ganham dinheiro e poder em nome de Cristo. Nosso modo de ver é outro, é aquele mesmo que o Cristo nos ensinou e do qual ele mesmo nos deu o exemplo pela sua vida e pela sua morte! O Santo Padre Bento XVI, quando ainda era Cardeal Ratzinger, assim escreveu: “Uma visão do mundo que não pode dar um sentido também à dor e não consegue torná-la preciosa, não serve para nada. Tal visão fracassa exatamente ali, onde deveria aparecer a questão mais decisiva da existência. Aqueles que sobre a dor não têm nada mais a dizer a não ser que se deve combatê-la, enganam-se. Certamente, é necessário fazer tudo para aliviar a dor de tantos inocentes e limitar o sofrimento. Mas, uma vida humana sem dor não existe e quem não é capaz de aceitar a dor, foge daquelas purificações que são as únicas a nos tornar maduros. Na comunhão com Cristo, a dor torna-se plena de significado, não somente para mim mesmo, como processo de purificação, no qual Deus tira de mim as escórias que obscurecem a sua imagem, mas também, para além de mim mesmo, é útil para o todo, de modo que, todos nós podemos dizer como São Paulo: ‘Agora eu me alegro nos sofrimentos que suporto por vós, e completo na minha carne o que falta dos padecimentos do Cristo pelo seu corpo que é a Igreja’ (Cl 1,24)... A vida vai além da nossa existência biológica. Onde não há mais motivo pelo qual vale a pena morrer, também não há motivo que faça valer a pena viver.” 
            Caríssimos, para isso Jesus veio – “foi para isso que eu vim!”, diz o Senhor hoje. Veio para anunciar o Reino e expulsar tudo aquilo que demoniza a nossa existência. E nada nos inferniza mais que viver sem sentido! 
            Cristãos, não vivamos como os pagãos, que vão sendo levados pela existência, fugindo da realidade e refugiando-se nas ilusões. Quanto excesso de divertimento, de eventos esportivos, de programas turísticos, de sonhos de consumo, de lazer e diversão... Se tudo isso numa justa medida é saudável, com o excesso que hoje se vê, é prejudicial, é sinal de uma humanidade doente, que tem medo de enfrentar as verdadeiras e profundas questões da existência! É que sem uma relação vive e íntima com o Senhor, é impossível enfrentar a nossa dura realidade! É neste sentido que o cristianismo nos apresenta um Evangelho, uma Boa Notícia: porque nos dá o Sentido, que aparece em Cristo Jesus! 
            Abramo-nos para o Senhor; nele apostemos nossa existência e tornemo-nos para os outros sinais de esperança e de vida, como São Paulo que se sentia devedor do Evangelho a todos. Que seja o Senhor Jesus consolo de nosso pranto, força no nosso caminho, alívio de nossas dores e prêmio de vida eterna.
– D. Henrique Soares.

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Homilia do Pe. Françoá Costa

Orar pelos outros

Não sei se também durante a vida terrena do Filho de Deus as sogras já tinham má fama, o fato é que Jesus estende a sua mão misericordiosa a todos: no dia de hoje, lemos que ele curou a sogra de Simão. Você já ouviu aquela piadinha que defende ironicamente que Pedro traiu Jesus porque tinha curado a sua sogra? Ainda assim, conheço sogras admiráveis. Você também, querido leitor, talvez seja dessas pessoas que teve a ventura de não só conhecer, mas de ter uma sogra maravilhosa. No entanto, a bem da verdade, o meu interesse não é falar de sogras, eu quero sublinhar o fato de que ela só foi curada porque outros pediram, intercederam por ela.
O Catecismo da Igreja Católica contêm três parágrafos muito expressivos sobre a oração de intercessão (cf. Cat. 2634-2636). Em primeiro lugar, nos apresenta Jesus e o Espírito Santo como os grandes intercessores junto do Pai. Depois, mostra-nos a beleza e eficácia da intercessão que nós podemos fazer em favor dos outros. Pedir pelos outros “é próprio de um coração que está em consonância com a misericórdia de Deus”. O Catecismo também nos apresenta a oração de intercessão em conexão com aquela verdade de fé tão importante que é a comunhão dos santos, como expressão dessa comum-união. Neste sentido, também fica patente que devemos viver tudo isso não de maneira individualista, mas como membros da grande assembleia das filhas e dos filhos de Deus, como membros da Igreja.
Jesus está totalmente dedicado ao serviço do seu Pai do céu e, por amor ao Pai, de todos os seres humanos. Na primeira parte do Evangelho ele aparece curando a sogra de Simão; na segunda, ele ajuda a tantas outras pessoas necessitadas; na terceira, ele dedica-se a oração para continuar aquela ação penetrada pelo diálogo com Deus: “Ele retirou-se dali, pregando em todas as sinagogas e por toda Galileia, e expulsando os demônios” (Mc 1,39). A oração e a ação de Jesus são inseparáveis: ele reza para agir em nosso favor, ele faz o bem a todas as criaturas contemplando o Pai e com ele dialogando, ou seja, em oração.
Rezemos pelos outros, especialmente por aqueles que estão mais necessitados. Santa Teresa animava as suas carmelitas a rezarem pelos outros com as seguintes palavras: “tenhamos, irmãs, cuidado particular de suplicar, e não descuidar, já que é uma grande esmola rezar pelos que estão em pecado mortal; é um ato de caridade muito grande; é como se víssemos um cristão com as mãos amarradas com fortes correntes, amarrado a um poste e morrendo de fome, não por falta de comida, já que perto de si tem verdadeiros manjares, mas não pode comer porque não consegue levá-los à boca, está também muito cansado e vê que já vai morrer, não morte como esta, mas eterna. Não seria grande crueldade ficar  Pois então… e se?olhando para ele e não chegar-lhe à boca um pouco de comida  Vejam que maravilha! Por amor de Deus? pela oração as correntes fossem retiradas vos peço que sempre tenhais presente em vossas orações almas semelhantes” (S. Teresa de Jesus, Moradas 7ª,1,4).
Não somente pelos pecadores (entre os quais nos incluímos), mas também pelas necessidades da Igreja e do mundo, pelo Santo Padre  Francisco e seus colaboradores, pelo Bispo e por toda a Diocese, pelos que governam o País, pelos nossos familiares e amigos, pelas almas do purgatório etc. Por todos!
Peçamos também a intercessão daqueles que já estão na glória do Senhor. Claro está que se uma pessoa, um comedor de arroz com feijão, pode orar por mim… Como não intercederá por mim de maneira eficaz alguém que já está contemplando o rosto de Deus? E caso se afirmasse que os que morreram em Cristo estão simplesmente dormindo, seria preciso lembrar aquela passagem segundo a qual “está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo” (Hb 9,27) e a recompensa eterna: “hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43). O coração daqueles que estão reinando com Cristo se dilatou pela perfeição da caridade, eles amam os seus irmão, nós que estamos ainda peregrinando, e nos ajudam com as suas orações, intercessões e súplicas ante o trono da Divina Majestade.
Pe. Françoá Costa
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Homilia do Mons. José Maria Pereira

Urgência da Pregação

O Evangelho (Mc 1, 29-39) apresenta Jesus rodeado de uma multidão marcada pelo sofrimento: “Curou muitos enfermos atormentados por diversos males e expulsou muitos demônios” (Mc 1, 34). Mas se, por um lado, Ele se dedica a curar, por outro retira-se para um lugar deserto. E ali orava durante a noite. Ação apostólica e oração se completam. Pedro e seus companheiros o procuram. Quando O encontraram, dizem-lhe: “Todos  Te procuram”. A verdadeira luz deve ser procurada em Deus, sobretudo através da oração.
Quando os apóstolos disseram: “Todos andam à Tua Procura; o Senhor respondeu-lhes: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim” (Mc 1, 38).
A missão de Cristo é evangelizar, levar a Boa Nova até o último recanto da terra, através dos Apóstolos e dos cristãos de todos os tempos. Esta é a missão da Igreja, que assim cumpre o que  o Senhor lhe ordenou: “Ide e pregai a todos os povos…, ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei” (Mt 28, 19-20).
São Paulo, citando o Profeta Isaías, exclama com entusiasmo: “Como são formosos os pés dos que anunciam a Boa Nova!” (Rm 10, 15). Continua S. Paulo: “Porque, pregar o Evangelho não  é para mim motivo de glória, mas uma necessidade. Ai de mim se eu não pregar o Evangelho” (1 Cor 9, 16).
Com essas mesmas palavras de S. Paulo, a Igreja tem recordado com freqüência  aos fiéis a chamada que o Senhor lhes dirige para levarem a doutrina de Cristo a todos os cantos do mundo, aproveitando qualquer ocasião.
São João Crisóstomo vai ao encontro das possíveis desculpas perante esta gratíssima obrigação: “Não há nada mais frio do que um cristão que não se preocupa pela salvação dos outros. Não digas: não posso ajudá-los, porque, se és cristão de verdade, é impossível que não possas fazer. Não há maneira de negar as propriedades das coisas naturais; o mesmo acontece com isto que agora afirmamos, pois está na natureza do cristão agir dessa forma. É mais fácil o sol deixar de iluminar ou de aquecer do que um cristão deixar de dar luz; mais fácil do que isso seria que a luz fosse trevas. Não digas que é impossível; impossível é o contrário. Se orientarmos bem a nossa conduta, o resto sairá como conseqüência natural. Não se pode ocultar a luz dos cristãos, não se pode ocultar uma lâmpada que brilha tanto”.
Perguntemo-nos se no nosso ambiente, no lugar onde vivemos e onde trabalhamos, somos verdadeiros transmissores da fé, se levamos os nossos amigos a uma maior freqüência dos Sacramentos. Examinemos se encaramos a ação apostólica como algo urgente, como exigência da nossa vocação, se sentimos a mesma responsabilidade daqueles primeiros, pois a necessidade hoje não é menor… “Ai de mim se não evangelizar!
O mundo precisa de santos! A santidade não é um privilégio de poucos; é um dom oferecido a todos: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Ts 4,3).
Na pregação não se pode querer agradar a todos reduzindo, de acordo com as conveniências humanas, “as exigências do Evangelho:” Falamos, não como quem procura agradar aos homens, mas somente a Deus” (1Ts 2, 4).
Não é bom caminho pretender tornar fácil o Evangelho, silenciando ou rebaixando os mistérios que devem ser cridos e as normas de conduta que devem ser vividas. Ninguém pregou nem pregará o Evangelho com maior credibilidade, energia e atrativo que Jesus Cristo, e houve quem não o seguisse fielmente. Não podemos esquecer-nos de que pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios, mas poder de Deus para os escolhidos, quer judeus, quer gregos” (1 Cor 1, 23-24).
Todos andam à Tua procura… O mundo  tem fome e sede de Deus. Diz o Doc. de Aparecida, nº 29: “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-Lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-Lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria”.
Mons. José Maria Pereira
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SINOPSE II: 5º DOM. DO T. COMUM (Adaptado pelo Diácono Ismael)
Tema: “Somos postos de pé para nos colocar a serviço.”
Primeira leitura: Jó, na sua amargura, se dirige a Deus, pois sabe que Deus é sua última esperança.
Evangelho: curando os doentes, Jesus manifesta um mundo novo sem sofrimento que Deus sonhou para os homens.
Segunda leitura: Paulo nos diz que é obrigação do discípulo testemunhar a todos a proposta de Jesus e tudo deve ser feito por amor e não por interesses pessoais.
PRIMEIRA LEITURA (Jó 7,1-4.6-7) Jó disse: “ A vida é uma luta como de um mercenário, um escravo ou um assalariado. Nossa vida é um sopro, mais rápido que a lançadeira do tear. A vida é um sofrimento.
AMBIENTE
Jó questiona o sentido da vida e o papel de Deus no sofrimento e o sentido do sofrimento; por que o bom sofre? Israel tem o dogma da retribuição; Deus abençoa ou castiga pelas obras; é um contador.
Jó discorda da teologia tradicional e busca o verdadeiro rosto de Deus. Jó descobre um Deus onipotente, incompreensível; mas descobre, também, um Deus que ama com amor de Pai. Jó reconhece sua pequenez. Ele não pode julgar Deus, nem entendê-lO à luz da lógica dos homens. Só resta entregar-se nas mãos desse Deus cheio de amor, e confiar plenamente n’Ele.
MENSAGEM – O texto refletindo o sentido da sua vida, mostra como a vida é dura e dolorosa, utilizando três exemplos.
A vida do soldado, vida de luta, risco e submissão.
A do escravo, só trabalho e maus tratos (e breves momentos de descanso).
é o do trabalhador assalariado, trabalhar de sol a sol (embora receba um salário).
Jó considera que a sua situação mais terrível. Sua dor é pior que a fadiga do assalariado, pior que a luta e risco do soldado e pior que a sujeição do escravo, pois sofre dia e noite e não tem o agrado do salário.
Jó dirige-se a Deus e pede-lhe que tenha consideração pelo seu servo. O nosso texto termina aqui…
A oração de Jó está carregada de desespero, de amargura e de revolta contra esse Deus incompreensível e prepotente que Se recusa a pôr um fim ao seu drama. O grito de revolta de Jó é a expressão da angústia de um homem que, na sua miséria, se sente injustiçado e condenado pelo próprio Deus; mas é também o grito do crente que sabe que só em Deus pode encontrar a esperança e o sentido para a sua existência.
ATUALIZAÇÃO • O sofrimento do inocente é inexplicável. O autor do livro de Jó lembra-nos a nossa pequenez, os nossos limites, a nossa finitude, a nossa incapacidade para entender os mistérios de Deus. De uma coisa podemos estar certos: Deus ama-nos com amor de pai e de mãe e quer conduzir-nos ao encontro da vida verdadeira e da felicidade sem fim… Talvez nem sempre entendemos os caminhos de Deus e a sua lógica… Mas, mesmo quando as coisas não fazem sentido, resta-nos confiar no amor e na bondade do nosso Deus.
• A atitude compreensiva e tolerante de Deus convida-nos a uma atitude semelhante face aos lamentos de revolta e de incompreensão vindos do coração daqueles irmãos que a vida maltratou…

EVANGELHO (Mc 1,29-39) Jesus saiu da sinagoga e foi... para a casa de Simão. A sogra de Simão estava de cama, ... E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los. À tarde, ...levaram a Jesus todos os doentes... em frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. ... De madrugada, Jesus se levantou e foi rezar. ...Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. E andava por toda a Galiléia...
AMBIENTE - (Mc 1,14-8,30). Aí, Jesus é apresentado como o Messias. Com o chamamento dos primeiros discípulos, começa a constituir-se a comunidade do “Reino”. Em seguida, Marcos mostra a realidade do “Reino” a atuar no mundo como salvação e libertação, nas palavras e nos gestos de Jesus: com a autoridade que Lhe vem do Pai, Jesus vence o mal e a dor que escravizam o homem e anuncia um mundo novo de vida plena.
MENSAGEM - O Evangelho apresenta-nos Jesus agindo na construção do “Reino” em três quadros;
I- Curando Na “casa de Pedro”, Jesus oferece a vida nova. Pediram e ele cura a sogra de Pedro – (quem pede está em consonância com a misericórdia de Deus). Três pormenores sobressaem;
1 Jesus “aproximou-Se” da sogra de Pedro. A iniciativa de Se aproximar é sempre de Jesus.
2 Jesus tomou a doente pela mão e “levantou-a”. O contato com Jesus devolve-lhe a vida.
3 A mulher “começou a servi-los”. O contato com Jesus se concretiza no serviço dos irmãos.
II - “a cidade inteira” reunida diante da porta da casa de Pedro e “Jesus” “curou muitas pessoas. Jesus tem poder para libertar o homem das suas misérias e lhe oferecer uma vida nova e feliz.
A “casa de Simão Pedro” nos propõe – uma representação da Igreja. É aí que Jesus está oferecendo vida em abundância.
III- a) Jesus num lugar solitário, em oração. A oração faz parte do ministério de Jesus. A oração é, para Jesus, o cume e a fonte da ação.
É na oração que Jesus encontra a motivação para a sua ação em prol do “Reino”; O encontro com Deus é um momento de tomada de consciência dos planos e compromissos daquilo que Deus quer.
b) Encontrando Jesus dizem: “todos te procuram”. Jesus responde: “Vamos a outros lugares”. (quando é na casa de Pedro, ele atende a todos. Fora, podem não serem atendidos.
Nos “milagres” de Jesus é preciso ver os “sinais do Reino”. São gestos que anunciam o nascimento desse mundo novo, sem exclusão, sem sofrimento, onde todos têm a possibilidade de ser felizes. É isso que Jesus veio fazer, e é essa a missão que os discípulos de Jesus devem procurar concretizar na terra.
ATUALIZAÇÃO • O objetivo de Deus é conduzir os homens ao encontro desse mundo novo (o “Reino de Deus”) de onde estão ausentes o sofrimento e a exclusão.
• O encontro com Jesus e significa a ruptura com o egoísmo, orgulho, comodismo, autossuficiência, injustiça, que geram sofrimento, opressão e morte nas nossas vidas. Quem se encontra com Jesus, escuta e adere ao “Reino”, assume o compromisso de viver o amor, o perdão, a tolerância e o serviço aos irmãos.
• A sogra de Pedro, depois do encontro com Jesus, “começou a servir”. Quem encontra Jesus e aceita inserir-se na dinâmica do “Reino”, compromete-se com a transformação do mundo… Compromete-se a realizar, em favor dos irmãos, os mesmos “milagres” de Jesus e a levar vida, paz e esperança aos doentes, marginalizados, oprimidos, injustiçados, perseguidos e aos que sofrem.
• Na multidão que se concentra à porta da “casa de Pedro” todos sãos curados. A Igreja de Jesus Cristo (a “casa de Pedro”) tem uma proposta libertadora que vem de Jesus e é para todos…
• Rezar é uma tomada de consciência dos projetos de Deus.

SEGUNDA LEITURA (1Cor 9,16-19.22-23) pregar o evangelho não é para mim motivo de glória. É uma necessidade... Ai de mim se eu não pregar o evangelho! ...a iniciativa não é minha, trata-se de um encargo confiado. Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Com os fracos, eu me fiz fraco... Com todos, eu me fiz tudo, para salvar alguns. Por causa do evangelho eu faço tudo, para ter parte nele.
AMBIENTE - Um dos problemas aos cristãos de Corinto de comer ou não comer a carne imolada aos ídolos; deve-se evitar escandalizar os mais débeis: não faltar à caridade, guiados pelo amor. Ora, o amor pode, em certas circunstâncias, exigir que eu renuncie aos meus direitos e à minha liberdade, em benefício dos outros. Ele como apóstolo, podia reivindicar certos direitos … Mas nunca exigiu nada porque o que o preocupa não são os seus próprios direitos, mas o benefício das comunidades e dos irmãos.  É precisamente aqui que Paulo explica que anuncia o Evangelho, não por interesse próprio, mas por interesse dos irmãos.
MENSAGEM - O anúncio do Evangelho não é um título de glória, mas uma obrigação que lhe foi imposta. Quando alguém encontra Cristo e se torna discípulo, não pode ficar parado. Por amor, ele renunciou aos seus direitos e fez-se “servo de todos”.
ATUALIZAÇÃO • O amor é o “bem maior”, em vista do qual ele pode renunciar a “bens menores”. O discípulo de Jesus não pode impor os seus direitos, quando esse preço implica desprezar os irmãos.
• A expressão “ai de mim se não anunciar o Evangelho”
• Aquele que dedica a sua vida ao serviço do Reino é capaz de renunciar até aos seus tempos de descanso. Para o discípulo, o está acima dos próprios interesses.

Num mundo, que cultua o corpo, a saúde e presta tão pouca atenção ao sofrimento, à dor... Jó convidam-nos a colocar os pés no chão e busca o sentido da existência e o faz diante de Deus. Nossa leitura termina dizendo: “Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade”. É oração! O triste na vida não é sofrer, não é morrer... Triste é sofrer e morrer sem Deus que dá sentido à existência
Em Jesus, Deus revela-se como Deus próximo, Deus de compaixão, Deus capaz de dar um sentido às nossas dores e até a nossa morte. Cristo nos toma pela mão, Cristo toma sobre si as nossas dores. Sabemos que nele, tudo se enche de novo sentido... Por isso todos o procuram, porque procuram um sentido para a existência! 
           Na comunhão com Cristo, a dor torna-se plena de significado e podemos dizer como Paulo: ‘Agora eu me alegro nos sofrimentos que suporto por vós, e completo na minha carne o que falta dos padecimentos do Cristo pelo seu corpo que é a Igreja’ (Cl 1,24)...

            Caríssimos, Jesus veio para anunciar o Reino e expulsar tudo aquilo que demoniza a nossa existência. Que seja Jesus o consolo de nosso pranto, a força no nosso caminho, o alívio de nossas dores e o prêmio de vida eterna. 

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