2º
DOMINGO DA QUARESMA Ano B 2018 (Diácono Ismael)
SINOPSE:
“Guardai a
vossa fé e andai na presença de Deus!”
É o caminho do
verdadeiro discípulo para chegar à vida nova.
Primeira leitura: Abraão é nosso modelo
de fé, que vive na escuta e na obediência, mesmo quando parece contrário a seus
interesses pessoais.
Evangelho: A transfiguração de
Jesus, cheio de símbolos do A.T., nos apresenta uma catequese sobre Jesus, o
Filho amado de Deus e o Pai nos dá uma ordem; “Este é meu Filho amado; ouvi-o”.
obedecendo-o não caminhamos para o fracasso, mas para a vida eterna e feliz.
Segunda leitura: Deus é amor. A prova
desse amor é Jesus Cristo, que morreu para ensinar o caminho da vida
verdadeira. O cristão deve enfrentar as dificuldades com esperança.
PRIMEIRA
LEITURA (Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18) Deus pôs Abraão à prova. ...E Deus disse:
“Toma teu filho único Isaac, a quem tanto amas, dirige-te à terra de Moriá, e
oferece-o aí em holocausto...”. ...Abraão ergueu um altar, ...amarrou o filho e
o pôs sobre a lenha em cima do altar. Depois, estendeu a mão, empunhando
uma faca para sacrificar o filho. E eis que o anjo do Senhor gritou do céu,
dizendo: “Abraão! Abraão!” ...“Não estendas a mão contra teu filho e não
lhe faças nenhum mal! Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu
filho único”. Abraão... viu um carneiro ...e ofereceu-o em holocausto no lugar
do seu filho. O anjo do Senhor ...lhe disse: “Juro por mim mesmo ... não me
recusaste teu filho único, eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua
descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar. ... Por
tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me
obedeceste.”
AMBIENTE
- O
sacrifício de Isaac é uma “lenda cultual”. A partir daí, as crianças foram
substituídas por animais nos sacrifícios. Esta história primitiva foi aplicada
à Abraão. A tradição acabou por englobar um clã ligado ao de Abraão, o clã de
Isaac.
MENSAGEM - A idéia de “provas,
testar” é frequente no Antigo Testamento. Deus parece retomar o que havia dado.
Por que? A verdadeira “prova” é esta…; é o continuar a esperar num Deus que
parece querer destruir os sonhos que Ele próprio ajudou a criar; é o continuar
a confiar num Deus que parece esquecer tudo o que tinha prometido; é o impasse,
a obscuridade, o sofrimento em
que Abraão de repente se acha; é o ser convidado a atirar-se
às cegas. Abraão não discute, não
argumenta. Abraão apenas age. O silêncio de Abraão e a ação mostram a
entrega, a confiança em
Deus. A “prova” é
conclusiva: Abraão testemunha que ele “teme o Senhor”. A obediência do “justo”
Abraão resultará em bênção para “todas as nações”. Abraão é o protótipo do
crente ideal, que sabe escutar Deus e acolher os seus projetos com
confiança … Mesmo que as propostas de Deus resultem incompreensíveis ou
interfiram com os projetos do homem. Foi para deixar esta lição que os teólogos
foram buscar esta velha lenda.
ATUALIZAÇÃO • Abraão revela o lugar
que Deus ocupa na sua existência. Deus é a prioridade fundamental; por isso,
Abraão faz a Deus um dom total de si próprio, da sua família, do seu futuro,
dos seus sonhos, das suas aspirações, dos seus projetos, dos seus interesses; O
que conta são os planos de Deus…
• Abraão manifesta o respeito, a
humildade, a obediência, a confiança, o amor r a fé “ideal.
• Abraão ensina-nos a confiar em Deus, mesmo quando tudo parece
cair à nossa volta; Deus é a nossa esperança e tem um projeto de vida plena
para todos.
SALMO
RESPONSORIAL / Sl 115 (116B)
Andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos
vivos.
• Guardei a minha fé, mesmo dizendo: / “É
demais o sofrimento em minha vida!” / É sentida por demais pelo Senhor / a morte
de seus santos, seus amigos.
• Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, / vosso
servo que nasceu de vossa serva; / mas me quebrastes os grilhões da escravidão!
/ Por isso oferto um sacrifício de louvor, / invocando o nome santo do Senhor.
• Vou cumprir minhas
promessas ao Senhor / na presença de seu povo reunido; / nos átrios da casa do
Senhor, / em teu meio, ó cidade de Sião!
EVANGELHO (Mc 9,2-10) ... Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou a uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. Então Pedro ...disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. ... estavam todos com muito medo. Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu filho amado. Escutai o que ele diz!”.... Ao descerem da montanha Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles observaram essa ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.
AMBIENTE - Os discípulos já
tinham percebido que Jesus era o Messias libertador que Israel esperava; mas
ainda acreditavam num triunfo militar sobre os romanos. Marcos vai explicar que
o projeto de Jesus passa pela cruz – isto é, no amor e no dom da vida. O
discípulo é convidado a renunciar a si mesmo, a tomar a sua cruz e a seguir Jesus. Os discípulos
estão frustrados, pois parece encaminhar-se para um fracasso a morte na cruz. É
neste contexto que Marcos coloca a transfiguração. A cena constitui uma palavra
de ânimo para os discípulos, pois nela manifesta-se a glória de Jesus e
atesta-se que Ele é – apesar da cruz que se aproxima – o Filho amado de Deus.
Jesus apresenta um projeto que vem de Deus. A narração
da transfiguração é uma teofania – quer dizer, uma manifestação de Deus. O
autor vai colocar todos os ingredientes que acompanham as manifestações de
Deus: o monte, a voz do céu, as aparições, as vestes brilhantes, a nuvem e
mesmo o medo daqueles que presenciam o
encontro com o divino: É uma catequese ensinando que Jesus é o Filho amado de
Deus, que traz aos homens um projeto que vem de Deus.
MENSAGEM - É uma Catequese com
simbólicos tirados do Antigo Testamento: O monte: é sempre num monte que
Deus Se revela. A mudança do rosto e as vestes brilhantes, recordam o
resplendor de Moisés, ao descer do Sinai. A nuvem indica a presença de Deus: era na nuvem que
Deus manifestava a sua presença através do deserto. Moisés e Elias
representam a Lei e os Profetas (que anunciam Jesus e que permitem entender
Jesus). O temor e a perturbação dos discípulos são a reação lógica,
diante da manifestação da grandeza de Deus
As tendas parecem aludir à “festa das tendas”, em que se
celebrava o tempo do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em “tendas”, no
deserto. A mensagem deixa claro que Jesus é o Filho amado de Deus, em quem se
manifesta a glória do Pai. Ele é o Messias libertador e salvador esperado por
Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas (Elias). Mais ainda: Ele é
um novo Moisés – nova lei e nova Aliança.
De Jesus, irá nascer um novo Povo de Deus que leva da escravidão à
liberdade. Esta apresentação aponta para a ressurreição, aqui anunciada pela
glória de Deus que se manifesta em Jesus, pelas “vestes brilhantes, muitíssimo
brancas” (que lembram a túnica branca do “jovem” sentado junto do túmulo de
Jesus e que anuncia às mulheres a ressurreição) e pela recomendação final de
Jesus (“que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do
Homem não ressuscitasse dos mortos”): diz-lhes que a cruz não será a palavra
final, pois no fim do caminho de Jesus (e dos discípulos que seguirem Jesus)
está a ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte.
Uma palavra final para o desejo – manifestado por Pedro – de
construir três tendas no cimo do monte, como se pretendesse “assentar arraiais”
naquele quadro. O pormenor pode significar que os discípulos queriam deter-se nesse
momento de revelação gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus.
Jesus nem responde à proposta: Ele sabe que o projeto de Deus tem de passar
pelo caminho do dom da vida, da entrega total, do amor até às últimas
consequências.
ATUALIZAÇÃO - • A questão fundamental da transfiguração está na revelação de Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projeto salvador e libertador do Pai em favor dos homens através do dom da vida, da entrega total de Si próprio por amor. Pela transfiguração de Jesus, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada – mesmo se termina na cruz. A vida plena e definitiva espera aqueles que, como Jesus, forem capazes de pôr a sua vida ao serviço dos irmãos.
• Para muitos, a vida plena não está no amor levado até às últimas
consequências, mas sim na preocupação egoísta com os seus interesses pessoais.
Quem tem razão? Deus, ou os esquemas humanos que hoje dominam o mundo e que nos
impõem uma lógica diferente da lógica do Evangelho?
• Por vezes somos tentados pelo desânimo, porque não percebemos o alcance dos esquemas de Deus; A transfiguração grita-nos, do alto daquele monte: não desanimeis, pois a lógica de Deus não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim.
• Os três discípulos não tem vontade de “descer à terra” e enfrentar o mundo. Ser seguidor de Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar aos homens que a realização está no dom da vida; a fim de dar a nossa contribuição para um mundo mais justo e mais feliz
• Por vezes somos tentados pelo desânimo, porque não percebemos o alcance dos esquemas de Deus; A transfiguração grita-nos, do alto daquele monte: não desanimeis, pois a lógica de Deus não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim.
• Os três discípulos não tem vontade de “descer à terra” e enfrentar o mundo. Ser seguidor de Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar aos homens que a realização está no dom da vida; a fim de dar a nossa contribuição para um mundo mais justo e mais feliz
2ª LEITURA (Rm 8,31b-34) Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus, que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não daria tudo junto com ele? Quem acusará os escolhidos de Deus? ...
AMBIENTE - Estamos no ano 57 ou 58.
Na primeira parte da Carta aos Romanos, Paulo mostra que o Evangelho é a força
que congrega e salva todo o crente, sem distinção de judeu, grego ou romano. A
“justiça de Deus” dá vida a todos, sem distinção; e é em Jesus Cristo que essa
vida se comunica e transforma o homem. Os crentes devem identificar-se com
Jesus e percorrer com Ele o caminho do amor a Deus e da entrega aos irmãos. Não
é um caminho fácil e de êxitos; mas é um caminho que é preciso percorrer na dor
e na renúncia, enfrentando as forças da morte, da opressão, do egoísmo e da
injustiça. Apesar das barreiras, o cristão pode e deve confiar no êxito final.
MENSAGEM - A razão da esperança:
Deus ama todos os seus filhos com um amor imenso. O envio ao mundo de Jesus
Cristo é a “prova provada” do amor de Deus por nós.
ATUALIZAÇÃO - • Para Paulo, Deus ama-nos e em Jesus Cristo , atingiu a nossa existência e
transformou-a, capacitando-nos para a vida eterna. Esse amor
dá-nos a coragem para enfrentar a vida.
• Descobrir a vida como dom, porque Deus ama e salva.
Isaac foi substituído por um cordeiro, Cristo é o
verdadeiro Cordeiro sacrificado para a salvação do mundo.+ Em nossa caminhada para a Páscoa,
somos também
convidados a subir com Jesus a montanha e, viver a alegria da comunhão com ele.
"Este é o meu Filho
amado, ESCUTAI-O".- coragem, eu venci o mundo!!...
==========--------------============
Louvor (diáconos ou
ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO
ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS
VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O
NOSSO DEUS...
- POR JESUS, COM JESUS E EM
JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Grande
é o Senhor e imensa é a sua misericórdia.
- Senhor
Deus, Abraão foi nosso exemplo de fé;
escutava e obedecia. Ajudai-nos a compreender os vossos caminhos e fazei-nos
menos egoístas e mais próximos de vosso Filho..
T: Grande
é o Senhor e imensa é a sua misericórdia.
- Senhor,
através da transfiguração de vosso Filho, manifestastes aos discípulos que
Jesus é a nossa lei e a nossa esperança. Com Jesus a morte não é o fim, mas
passagem para a vossa glória eterna.
T: Grande
é o Senhor e imensa é a sua misericórdia.
- Senhor
Deus, nosso Pai, sabemos que sois amor e misericórdia. Prova desse amor é a
morte de vosso Filho que se doou para nossa salvação. Bendito sejais, ó deus de
bondade.
T: Grande
é o Senhor e imensa é a sua misericórdia.
- Pai
nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro ...
===========-------------------=========
HOMILIA DO PE. PEDRINHO (Diocese de Santo André SP)
II
DOMINGO DA QUARESMA Mc 9, 2-10
A liturgia nos
convida a contemplar a transfiguração. Transfiguração significa ir além da
figura. Para nos ajudar, é oferecida as leituras que acabamos de ouvir. Se
começarmos pela segunda leitura, vamos compreender algo muito maior do que nos
fala as palavras. A segunda leitura começa dizendo: se Deus é por nós, quem
será contra nós? Deus que não poupou seu próprio Filho, mas que entregou-o a
todos nos. Isto é muito grande! Êxodo no capítulo 20, versículo 5, vai dizer:
Eu sou um Deus ciumento; não terá outros deuses ao lado de mim. – Em primeiro
lugar, todo mundo pode ter ciúme; pois se Deus é ciumento, nós também podemos
ter ciúme. Se pararmos para analisar o ciúme, vou ver que eu tenho ciúme de
alguma coisa ou de alguém que eu gosto, que eu prezo. Se eu tenho um livro e
alguém me pede emprestado, eu digo: não. Este livro eu o prezo, pois é o único
que tenho. Eu tenho ciúme do meu livro. Agora, no caso de Deus, Deus é dono de
todo o universo. Portanto, Deus tem TUDO. Se Deus nos concede uma casa, isto
não é nada para Deus, porque Ele não utiliza casa e uma casa não vai lhe fazer
falta. De TUDO, só um é seu Filho. É o Filho unigênito. Ele sendo um Deus
ciumento, então vamos compreender que o amor dele é maior que o seu ciúme,
porque Ele entregou, aquele que ele só tinha um, para que pudesse salvar toda a
humanidade. Nisto consiste o amor de Deus que não poupou se próprio filho para
que toda a humanidade tivesse vida e vida em abundância.
Ora, agora
compreendemos a transfiguração. Porque embora Jesus seja Deus, cem por cento
Deus, Ele se revela a nós cem por cento homem. Enquanto homem, ele é parecido
com cada um de nós: ele chora, ele tem sede, ele tem fome, tem cansaço, ...
então, alguém poderia dizer: como alguém igual a mim pode me salvar? Será que
Deus não gastou este cartucho atoa? Então, Jesus leva Pedro, Tiago e João até
uma montanha, para mostrar quem Ele é dizendo: Escuta, humanidade, você deve ir
além da figura que lhe aparece. Além desse ser humano fraco e limitado. Você
tem que ver Jesus transfigurado. É isto que muitos fazem todos os domingos.
Isto é muito interessante, pois nós vamos para a montanha todos os domingos
para este monte onde está a nossa igreja. Nós nos reunimos para ver Jesus
TRANSFIGURADO. Somos convidados a ver naquele pão e naquele vinho, o corpo e o
sangue de Cristo presente. O Cristo inteiro; corpo sangue, alma e divindade.
Este é o grande mistério de nossa fé; aquele que é capaz de enxergar além do pão
e do vinho, o Cristo salvador da humanidade.
Aí compreendemos a importância da transfiguração. Não se trata de algo
mágico, mas um convite para enxergarmos, com os olhos da fé, além das
aparências.
A primeira
leitura compreenderíamos com mais facilidade, se lêssemos direto o Gênesis 22
do versículo 01 ao 18. Aqui ele está meio picado. Deveríamos ler completo. Aí
teríamos melhor compreensão da mensagem.
Gênesis 22: 01"Depois disso, Deus provou
Abraão, e disse-lhe: “Abraão!” “Eis-me aqui”, respondeu ele. 2.Deus disse:
“Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de
Moriá, onde tu o oferecerás em holocausto sobre um dos montes que eu te
indicar.” 3.No dia seguinte, pela manhã, Abraão selou o seu jumento. Tomou consigo dois servos e Isaac, seu
filho, e, tendo cortado a lenha para o holocausto, partiu para o lugar que
Deus lhe tinha indicado. 4.Ao terceiro dia, levantando os olhos, viu o lugar de
longe. 5.“Ficai aqui com o jumento,
disse ele aos seus servos; eu e o menino vamos até lá mais adiante para adorar,
e depois voltaremos a vós.”
(Abraão deixa claro que
todos voltarão e ninguém vai se machucar)
6.Abraão tomou a lenha do holocausto e a pôs
aos ombros de seu filho Isaac, levando ele mesmo nas mãos o fogo e a faca. E,
enquanto os dois iam caminhando juntos, 7.Isaac disse ao seu pai: “Meu pai!”
“Que há, meu filho?” Isaac continuou: “Temos
aqui o fogo e a lenha, mas onde está a ovelha para o holocausto?” 8.“Deus,
respondeu-lhe Abraão, providenciará ele mesmo uma ovelha para o holocausto, meu
filho.” E ambos, juntos, continuaram o seu caminho. 9.Quando chegaram ao
lugar indicado por Deus, Abraão edificou um altar; colocou nele a lenha, e
amarrou Isaac, seu filho, e o pôs sobre o altar em cima da lenha. 10.Depois,
estendendo a mão, tomou a faca para imolar o seu filho. 11.O anjo do Senhor,
porém, gritou-lhe do céu: “Abraão! Abraão!” “Eis-me aqui!” 12.“Não estendas a
tua mão contra o menino, e não lhe faças nada. Agora eu sei que temes a Deus,
pois não me recusaste teu próprio filho, teu filho único.” 13.Abraão, levantando os olhos, viu atrás dele
um cordeiro preso pelos chifres entre os espinhos; e, tomando-o, ofereceu-o
em holocausto em lugar de seu filho. 14.Abraão chamou a este lugar Javé-yiré,
de onde se diz até o dia de hoje: “Sobre o monte de Javé-Yiré.” 15.Pela segunda
vez chamou o anjo do Senhor a Abraão, do céu, 16.e disse-lhe: “Juro por mim
mesmo, diz o Senhor: pois que fizeste isto, e não me recusaste teu filho, teu
filho único, eu te abençoarei. 17.Multiplicarei a tua posteridade como as
estrelas do céu, e como a areia na praia do mar. Ela possuirá a porta dos teus
inimigos, 18.e todas as nações da terra desejarão ser benditas como ela, porque
obedeceste à minha voz.”"
Temos aí,
três aspectos importantes: 01 a questão da providência de Deus. Eu creio na
providência de Deus mesmo? Deus não mede esforços para termos vida e vida em
abundância. A prova disso é que entregou seu Filho para que pudéssemos ter
vida. Ora, isso é o suficiente para Abraão ir determinado, sabendo que Deus irá
providenciar a vítima a ser ofertado. Por outro lado, Isaac teve medo de ir com
Abraão? As crianças já me responderam que não, porque o filho sempre confia no
pai. Aqui é o ponto fundamental. Isaac não se preocupa, pois sabe que não vai
correr risco, porque ele sabe quem é Abraão, ele confia no pai dele.
Aí
compreendemos porque Jesus realiza a sua missão. Jesus realiza sua missão com
tranquilidade, porque confia no Pai que tem.
A pergunta é
para nós, que dizemos que Deus é providente, se nós confiamos, de fato, nele,
ou se quando somos solicitado nos apresentamos tremendo de medo, superpreocupados,
fazendo mil pedidos, porque confiamos em Deus só com a razão, mas não com a fé.
Aí vamos compreender e nos questionar: eu confio mesmo na providência de Deus,
ou não? Ora, aqui eu sou chamado a ir
além da imagem que eu tenho de Deus. Normalmente as pessoas tem a imagem de
Deus que castiga, que pune, uma imagem de um Deus perseguidor e não a imagem de
um Deus que nos protege.
Para
concluir: este Deus que é providência, onde temos o testemunho máximo de Jesus,
que nos convida a ir além da imagem que nos é transmitida. aí voltamos ao
Evangelho onde Jesus diz para Pedro, Tiago e João; não conte nada a ninguém,
até que o Filho do Homem ressuscite dos
mortos e eles se perguntavam o que significa ressurreição dos mortos.
Meus irmãos e
irmãs, também na questão da morte, somos convidados a ver além da figura. “Quem
crê em mim, mesmo que morto, viverá e todo aquele que vive e crê em mim, não
morrerá para sempre”. Quando eu vejo um morto no caixão, eu creio nisso mesmo?
Ou eu fico parado só naquela imagem? Eu consigo ir além do que estou vendo? Eu
creio que aquela pessoa não está perdida? Mas ela está, como diz o salmo, na
terra dos vivos? Ou não. Ou eu creio para os outros? Então veja: a liturgia de
hoje nos convida a ir além daquilo que conseguimos enxergar.
É isto que
faz da quaresma algo maravilhoso. Porque embora eu me vejo pecador, frágil, eu
sou chamado a ir além daquilo que eu estou vendo.
No Brasil a
campanha da fraternidade nos ajuda a pensar melhor nas coisas. Se por um lado
Deus é providente, nós somos chamados a ser previdentes. Prevenir tudo aquilo
que pode nos acontecer. A questão da segurança não é Deus o culpado. Ele já
Providenciou tudo o que era necessário, mas às vezes falta a nossa previdência
do que é necessário. Quanto ao Estado, bem sabemos, falta uma administração
justa, competente. Quanto a nós eu vou dar dois exemplos: eu bebo e vou dirigir
e Bato o carro e então toda a sociedade deve pagar o meu tratamento. Alguém que
sai de moto sem capacete. Cai da moto e toda a sociedade tem que pagar o seu
tratamento. Então veja o que é ser previdente. É confiar em Deus sempre, mas
também fazer a minha parte. Caso contrário, acabo onerando todos ou outros pela
minha falta de previdência. Por isso, a campanha da fraternidade chama a
atenção para a responsabilidade de cada um: para pensarmos além daquilo que eu
vivo. Às vezes ouvimos: isto é problema meu! Não é não. É um problema que você causa
e depois todos tem que arcar com consequências. Por isso a visão do conjunto é
muito importante, para que tenhamos uma segurança mais saudável.
Que Deus nos
ajude a fazer de nossa caminhada também uma transfiguração.
Louvado seja
nosso Senhor Jesus Cristo.
============--------------============
"Escutai-o"
Aqui
estamos reunidos em assembléia para ESCUTAR a Palavra de Deus e celebrar a Eucaristia.
A
Escuta dessa Palavra nos revela os Planos de Deus e nos aponta o caminho a
seguir para chegar à vida plena.
As
leituras bíblicas de hoje nos apresentam dois exemplos na CAMINHADA DA FÉ: a fé
de Abraão e a fé dos Apóstolos.
A 1a
Leitura fala da fé de Abraão. (Gn 22,1-2.9.10-13.15-18)
A narrativa faz parte das "tradições
patriarcais", sem caráter histórico. Destina-se a apresentar Abraão como
MODELO DE FÉ: Ele vive numa constante ESCUTA da Palavra de Deus, aceita os
apelos de Deus, e lhe responde com
obediência total, mesmo oferecendo o filho Isaac.
Abraão ensina a confiar em Deus, mesmo quando
tudo parece cair à nossa volta, e quando
os caminhos do Senhor se revelam estranhos e incompreensíveis.
Sua obediência tornou-se uma fonte de vida para ele, para a sua família e para todos os
povos...
O sacrifício de Isaac é símbolo do sacrifício de
Jesus.
Isaac foi substituído por um cordeiro, Cristo é o
verdadeiro Cordeiro sacrificado para a salvação do mundo.
Na
2a
Leitura, Paulo retoma a figura de Isaac, subindo o
monte Moriá, com a lenha do sacrifício às costas, como imagem de Cristo que
também sobe o monte Calvário, carregando às costas o lenho da Cruz. (Rm
8,31-34)
É
um hino, em que Paulo
canta entusiasmado o Amor de Deus, manifestado na morte e ressurreição de seu
Filho Jesus Cristo.
O Evangelho
fala da fé dos Apóstolos: (Mc
9,2-10)
Na
caminhada para Jerusalém, o 1º Anúncio da Paixão e Morte de Jesus abalou
profundamente a fé dos apóstolos. Desmoronaram seus planos de glória e de
poder.
Para
fortalecer essa fé ainda tão frágil… Cristo tomou três deles... subiu o Monte Tabor e "TRANSFIGUROU-SE…"
-
Proposta de Pedro: "É bom estar
aqui! Vamos fazer três tendas..."
-
Proposta de Deus: "Este é o meu
Filho amado, ESCUTAI-O!".
*
A transfiguração de Jesus é uma Catequese que revela aos discípulos e a nós Quem
é Jesus: o FILHO AMADO DE DEUS:
Um
novo MOISÉS que dá ao seu povo uma NOVA LEI e através de quem Deus propõe aos
homens uma NOVA ALIANÇA
As
figuras de Elias e Moisés ressaltam que a Lei e as Profecias são realizadas
plenamente em Jesus.
O
mundo se transforma quando acolhemos a voz do Pai...
+ Em
nossa caminhada para a Páscoa, somos
também convidados a subir com Jesus a montanha e,
na
companhia dos 3 discípulos, viver a alegria da comunhão com ele.
As
dificuldades da caminhada não podem nos desanimar.
No
meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde já sinais da ressurreição e do alto
daquele monte ele continua a nos gritar: "Este
é o meu Filho amado, ESCUTAI-O".
-
Não desanimemos, os Planos de Deus não conduzem ao fracasso, mas à Ressurreição, à vida definitiva, à
felicidade sem fim.
O
que é ter fé? O que é mesmo a fé?
A FÉ É:
-
É a Adesão
de nossa vida a Deus... É
acolher Deus que quer fazer sua história junto conosco...
É fazer a vontade de Deus... (tanto no Tabor,
como no Calvário)
-
É um Dom
gratuito de Deus (Não foi Abraão que tomou a iniciativa)
A FÉ EXIGE:
-
Uma Resposta
da pessoa a uma palavra, a uma Promessa...
-
Um Serviço
pronto e generoso na Obra de Deus...
- Uma Ruptura: Deixar a
terra dos ídolos que nos prendem… e abraçar o desconhecido… (experiência de
Abraão)
- Escutar atentamente tudo o que
Jesus diz, seguindo seus passos com confiança total, mesmo nos momentos
difíceis e incompreensíveis…
- Reconhecer esse Cristo
desfigurado, presente na pessoa dos irmãos... sobretudo nos excluídos e nos
oprimidos...
É fácil reconhecer o Cristo transfigurado no
Tabor… mais difícil é reconhecê-lo desfigurado no Monte Calvário... mais difícil é descer o monte, ir ao encontro do Cristo desfigurado na
pessoa do irmão…
- Ação: Não podemos ficar no
Monte... de braços cruzados....
O
seguidor de Cristo deve "descer o monte" para enfrentar o mundo e os
problemas dos homens, testemunhar aos homens o dom da vida, para que a "saúde de difunda sobre a terra".
Somos
convidados a ser Missionários da Transfiguração…
Pe.
Geraldo
===========--------------==========
Homilia
de D. Henrique Soares
Um
compromisso com Deus se faz compromisso de amor com o mundo e com os homens.
Primeiramente, a glória de
Jesus no Tabor, antegozo da sua ressurreição, anima-nos neste caminho
quaresmal. Ao nos falar da oração, da penitência, da esmola, ao nos exortar ao
combate aos vícios e à leitura espiritual, a Igreja, fazendo-nos contemplar o
Transfigurado, revela-nos qual o objetivo da batalha da Quaresma: encontrar o
Cristo cheio de glória e, com ele, sermos glorificados. Olhai o Tabor, irmãos,
e vereis o que o Senhor preparou para nós! Pensai no Tabor, e a penitência terá
um sentido, as mortificações deste tempo serão feitas com alegria! Que diz o
Evangelho? Diz que, diante dos apóstolos, Jesus transfigurou-se: “Suas
roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia
alvejar”. Eis! A Transfiguração é uma profecia, uma antecipação da glória
da Páscoa; e a Páscoa de Cristo é a garantia da nossa glorificação. Porque
Cristo morreu e ressuscitou, nós também, mortos com ele, seremos daquela
multidão vestida de branco, de que fala o Apocalipse! (Ap 7,9) Então, ânimo! As
observâncias da santa Quaresma não são um peso, mas um belo caminho, um belo
instrumento para conduzir-nos à Páscoa do Senhor!
Mas, a leituras de hoje colocam-nos também diante de uma outra
realidade, bela e profunda. Comecemos pela primeira leitura, na qual Deus pede
a Abraão tudo quanto ele tinha: “teu filho único, Isaac, a quem tanto amas”.
Isaac era tudo para Abraão: por ele, tinha deixado Ur na Caldéia, por ele,
tinha esperado mais de trinta anos, por ele, tinha suportado todas as provas...
E, agora, já idoso, sem nenhuma possibilidade de ter mais filhos, agora que o
menino já esta crescidinho e Abraão pensava poder descansar, Deus o pede a
Abraão. Que prova, caríssimos! A fé de Abraão, aqui, chega quase que ao
absurdo! Mas, ele foi em frente e “estendeu a mão, empunhando a faca para
sacrificar o filho”.
Caríssimos, Deus tinha o direito de pedir isso a Abraão? Deus tem
o direito de nos provar, de tantas vezes nos pedir coisas que não compreendemos
bem? Tem o direito de pedir fé e confiança diante dos percalços da vida?
Poderíamos responder dizendo simplesmente que “sim”, porque ele é Deus; deu-nos
tudo e pode pedir-nos o que desejar. Mas, não é essa a resposta que a Palavra
de Deus nos indica na liturgia de hoje. Ele nos pode pedir, certamente, e nós
devemos dar, com certeza, porque ele mesmo, o nosso Deus, nos deu tudo! Ele,
que pede que Abraão lhe sacrifique o filho único e amado, é o mesmo Deus que,
como diz São Paulo, na segunda leitura deste hoje, “não poupou seu próprio
Filho, mas o entregou por todos nós!” Eis o grande mistério: Deus, no seu
amor por nós – primeiro pelo povo de Israel, descendência de Abraão, e, depois,
por toda a humanidade, com a qual ele deseja formar o novo povo, que é a Igreja
– Deus, no seu amor por nós, entregou à morte o seu Filho único, o Amado, o
Justo e Santo, aquele no qual ele coloca todo o seu bem-querer. Não é assim que
ele no-lo apresenta hoje no Monte Tabor? “Este é o meu Filho amado. Escutai
o que ele diz!” É este Filho que será entregue à morte. O Evangelho de São
Lucas nos diz que, precisamente nesta ocasião, Jesus transfigurado falava com
Moisés e Elias “sobre a sua partida, isto é, a sua morte, que iria se
consumar em Jerusalém” (Lc 9,31). E no Evangelho de São Marcos, que
escutamos, o próprio Jesus, ao descer da montanha, “ordenou que não
contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse
ressuscitado dos mortos”. Compreendei, caríssimos: sobre o Monte Tabor, com
o Transfigurado envolto em glória, paira a sombra da paixão, da morte do Filho
amado e único, que o Deus de Abraão entregará por nós até o fim. Ao filho de
Abraão, a Isaac, Deus poupou no último momento; não poupará, contudo, o seu
próprio Filho!
Isso nos revela a dimensão do amor de Deus, da sua paixão pela
humanidade, do seu compromisso salvífico em nosso favor! Ele pode nos pedir
tudo, caríssimos, e nós deveríamos dar-lhe tudo, porque, ainda que não
compreendamos, ele deseja somente o nosso bem, a nossa vida, a nossa salvação.
Somos preciosos a seus olhos! Escutai o Apóstolo: "Se Deus é por nós,
quem será contra nós? Deus que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por
todos nós, como não nos daria tudo juntamente com ele? Quem acusará os
escolhidos de Deus? Deus, que os declara justos? Quem condenará? Jesus Cristo,
que morreu, mais ainda, que ressuscitou, e está à direita de Deus, intercedendo
por nós?” Eis, pois, amados em Cristo, a dimensão e a profundidade, a
largura e a altura do amor de Deus por nós! Deixemo-nos, portanto, tocar no
nosso coração; convertamo-nos! Abramo-nos para o Senhor! Arrependamo-nos de
nossas indiferenças, de nossa frieza, de nosso fechamento! Tenhamos vergonha de
tanta incredulidade e desconfiança de Deus, simplesmente porque não entendemos
seu modo de agir! Que Santo Abraão, nosso pai na fé, e a Santíssima Virgem
Maria, nossa Mãe na fé, intercedam por nós para uma verdadeira conversão
quaresmal. E que, realizando com generosidade a amor, as práticas quaresmais,
cheguemos às alegrias da Páscoa e contemplemos nos santos mistérios da
Liturgia, a face do Cristo glorificado. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário