12º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO B -
SOLENIDADE DE S. JOÃO BATISTA 2018
SINOPSE:
Tema: João Batista escolhido por Deus para ser profeta para
preparar o coração dos homens para acolher “a salvação” que estava para chegar.
Primeira leitura: Deus chama Pessoas para levar a Palavra
ao coração de todos: a missão vem de Deus.
Evangelho: relata o nascimento de João.
Segunda leitura: Paulo fala do profeta João; a missão foi
convidar os homens a uma mudança de vida para acolher o “Reino” que Jesus veio,
depois, propor.
PRIMEIRA LEITURA (Is 49,1-6) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
...: o
Senhor chamou-me antes de eu nascer,...; fez de minha palavra uma espada
afiada..., e disse-me: “Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado”....;
entretanto, o Senhor me fará justiça e o meu Deus me dará recompensa”. E agora
diz-me o Senhor -...– que eu recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se a
ele; aos olhos do Senhor esta é a minha glória. Disse ele: “Não basta seres meu
servo para restaurar as tribos de Jacó...: eu te farei luz das nações, para que
a minha salvação chegue até os confins da terra”.
AMBIENTE – O livro
do Deutero-Isaías (um profeta do séc. VI a.C.). A missão realiza-se no
sofrimento e no abandono à Palavra e aos projetos de Deus; Do sofrimento
resulta o perdão para o pecado do Povo. Deus aprecia o sacrifício do “servo”,
recompensá-lo-á pela doação da vida, elevá-lo-á à vista de todos. É um “servo”
de Deus, chamado à missão.
MENSAGEM - O “servo” manifesta a convicção de que foi
chamado por Deus desde “o seio materno”. A missão profética não é iniciativa do
homem, mas de Deus; através dele, Deus dirige-nos as suas propostas. Essa
Palavra de Deus que sai da boca do profeta não é palavra humana, mas Palavra de
Deus; é por isso que o profeta diz que Deus tornou a sua boca como “uma espada
afiada”. Na missão, o profeta experimentou a perseguição, a incompreensão, o
fracasso. O profeta age em nome de Deus. Qual foi a missão que foi confiada ao
profeta? Fundamentalmente, reconduzir Jacob a Jahwéh. Da ação salvadora de
Deus, brotará uma luz que iluminará todos os povos, que os fará descobrir Deus
e aderir a Jahwéh.
ATUALIZAÇÃO - • É Deus quem elege o profeta e quem lhe
destina uma missão, desde o seio materno; é Deus quem coloca a sua Palavra na
boca do profeta; é Deus quem protege o profeta e quem o recompensa…
• A
profecia não é reservada a pessoas especiais, mas é uma missão que brota do meu
compromisso batismal.
• Apesar
do sofrimento, a missão do profeta é ser “luz das nações”, para que a salvação
“chegue aos confins da terra”.
• Para que
a Palavra proclamada seja Palavra de Deus, é necessário que eu viva uma relação
de comunhão e de intimidade com Deus: só nesse diálogo serei impregnado da vida
de Deus, dos projetos de Deus e poderei anunciá-los.
SALMO
RESPONSORIAL / 138 (139)
Eu vos louvo e
vos dou graças, ó Senhor, porque de modo admirável me formastes!
• Senhor, vós me sondais e conheceis, sabeis quando
me sento ou me levanto; / de longe penetrais meus pensamentos; / sabeis quando
me deito e quando eu ando, / os meus caminhos vos são todos conhecidos.
• Fostes vós que me formastes as entranhas / e no
seio de minha mãe vós me tecestes. / Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, /
porque de modo admirável me formastes!
• Até o mais íntimo, Senhor, me conheceis; /nenhuma
sequer de minhas fibras ignoráveis, / quando eu era modelado ocultamente, / era
formado nas entranhas subterrâneas.
EVANGELHO (Lc 1,57-66.80) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Completou-se o
tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes
... alegraram-se com ela. No oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam
dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. A mãe disse: Ele vai chamar-se João”. ...Então
fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse.
Zacarias pediu uma tabuinha e escreveu: “João é o seu nome”. E todos ficaram
admirados. No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, ... e ele começou a
louvar a Deus. Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por
toda a região montanhosa da Judeia. E todos os que ouviam a notícia, ficavam
pensando: “O que virá a ser este menino?”. De fato, a mão do Senhor estava com
ele. E o menino crescia e se fortalecia em espírito. Ele vivia
nos lugares desertos, até o dia em que se apresentou publicamente a Israel.
AMBIENTE - Provavelmente, havia quem confundia João com o Messias… Lucas quis deixar claro o papel de João na economia da salvação mas, ao mesmo tempo, afirmar a subordinação de João a Jesus… A superioridade de Jesus em relação a João está patente no encontro de Maria com Isabel, em que a própria mãe de João proclama Maria como a mãe do seu Senhor, reconhecendo a inferioridade do seu filho em relação a Jesus.
MENSAGEM - Alegria no nascimento do filho de Zacarias
e de Isabel. A alegria significa o tempo da misericórdia de Deus. A circuncisão
(no oitavo dia), põe-se a questão do nome (no Antigo Testamento, o nome é dado
ao nascer; mas aqui aparece o costume helenista, assumido pelo judaísmo). Para
os vizinhos e parentes o menino terá o nome do pai. Isabel e Zacarias escolhem
um outro nome: João. O nome
significa literalmente “o Senhor concede
graça”. Diante do nascimento de João, Lucas nota o espanto e o temor de
todos os presentes. O espanto é a reação habitual das multidões diante dos
milagres e de outras manifestações divinas; o “temor” define a atitude normal
do homem diante do mistério, do transcendente, do divino. O quadro completa-se
com a indicação de que, “de fato, a mão do Senhor estava com ele”. Aqui,
significa que João tem a proteção de Deus e que Deus age nele. João vai para o
deserto; deserto é o lugar onde Israel fez a sua experiência de encontro com o
Deus libertador e onde o Povo assumiu o compromisso da aliança: é essa
experiência que João vai fazer, para depois a apresentar ao seu Povo. No relato
transparece, de forma especial, a centralidade de Deus em todo o processo. João
é um “dom de Deus”, vem com uma missão de Deus.
ATUALIZAÇÃO • O
profeta é um homem de Deus, cuja vida tem origem em Deus, cuja vocação só faz
sentido à luz de Deus, cujo alimento é o próprio Deus, cujas palavras são
palavras de Deus.
• João
Baptista viveu a sua missão profética despojamento, a sua radicalidade, a sua
entrega total à missão, a coragem com que ele enfrentou os poderosos, a sua
capacidade de dar a vida para defender a verdade. Estas características fazem
parte do “caminho profético”.
• No
relato de Lucas, fica claro a diferença entre João e Jesus… João não é a
salvação; ele veio dar testemunho da chegada iminente da salvação. O profeta
não é “a luz”; a sua missão não é levar os homens a aderir à pessoa de Jesus.
SEGUNDA LEITURA (At 13,22-26) Leitura dos Atos Apóstolos.
Naqueles dias,
Paulo disse: “Deus fez surgir Davi como rei e ...de Davi Deus fez surgir ...um
salvador, que é Jesus. Antes que ele chegasse, João pregou um batismo de
conversão para todo o povo de Israel. Estando para terminar sua missão, João
declarou: ‘...depois de mim vem aquele, do qual nem mereço desamarrar as
sandálias’. ...
AMBIENTE - No ano 46, Paulo e Barnabé deixaram Antioquia da Síria e partiram por mar para anunciar Jesus no mundo helênico. O texto é sua pregação aos pagãos.
MENSAGEM - O discurso posto por Lucas na boca de
Paulo, João Baptista é apresentado como aquele que veio preparar a vinda de
Jesus, propondo um batismo de conversão. João Baptista não é o Messias
esperado, mas o profeta que anuncia aquele que virá a seguir e ao qual o próprio
João não se sente sequer digno de “desatar as sandálias”. Repare como João não aponta para si mesmo,
mas para Cristo. A missão do profeta não é dirigir o olhar na sua própria
direção, mas orientar o coração dos homens para Deus.
ATUALIZAÇÃO • O profeta é alguém chamado a testemunhar
Deus no meio dos homens, mesmo quando os homens preferem ignorar Deus e
edificar a sua vida à margem de Deus. João Batista convidou os homens a
despirem o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, a violência, a ganância, e a
preparar o coração para acolher a proposta de salvação que Deus veio fazer, em
Jesus.
• O
profeta é um instrumento limitado, através de quem Deus age no mundo. (Ele
nunca está no poder, na riqueza, na força, na prepotência, na imposição); isto
revela que o profeta não tem de que se orgulhar ou envaidecer: não são as suas qualidades que são
determinantes, mas sim a ação de Deus.
• O
“caminho profético” não passa por concentrar em si próprio a atenção das
multidões, ser admirado e aclamado, conseguir sucesso e aparecer nas revistas
sociais, promover a imagem e exibir brilhantes qualidades e criar clubes de
fãs. O profeta é o “servo” de Deus, que se esconde enquanto aponta para Deus.
Não é o profeta que deve aparecer; mas, nele, é Deus que os homens devem encontrar.
----- O primeiro gesto profético de João
Batista foi, logo que nasceu, abrir a boca de seu pai Zacarias...
O Novo Testamento começa com dois fatos
humanamente impossíveis: Uma senhora idosa dá à luz, e uma jovem fica grávida
sem relação com um homem. Com isso, Deus quis ensinar-nos que nunca devemos
perder a esperança, mesmo quando o problema parece impossível de ser superado.
João Batista vivia nos lugares desertos.
Quem está no deserto não tem distrações, por isso olha para o céu e se lembra de
Deus. O profeta leva uma vida austera, e se esforça por viver aquilo que fala.
João Batista ia pregar a penitência, por isso procurava levar uma vida
penitente. Nós também somos chamados a preparar o caminho para Jesus entrar nos
corações, nas instituições, nas culturas e na sociedade.
JOÃO BATISTA: É o único santo que a Liturgia comemora
também o nascimento
O texto tem
três partes:
1.: Mãe
estéril e Pai mudo: Do silêncio nasce a última palavra profética da antiga
aliança e da esterilidade de Isabel nasce o anunciador da vida perfeita
oferecida por Deus ao seu povo, Jesus Cristo.
O seio de Isabel
representa a condição da humanidade: sem vida, sem esperança, sem futuro, Mas
Deus intervém para lhe dar vida e lhe mostra como é grande o seu poder e o seu
amor, tornando fecunda uma mulher estéril: - É uma explosão de ALEGRIA, que
envolve a todos, os pais, os vizinhos...
2. João = O
senhor manifestou sua bondade...)
3 O Deserto
relembrava o tempo decisivo da história...
Exemplos de João:
1. HUMILDADE: aceita ser o segundo para que Jesus apareça melhor:
João Batista um homem coerente! Ele exige conversão pelo
testemunho de vida e pela pregação. O Senhor deseja que O anunciemos por meio
de nossa conduta e da nossa palavra no ambiente em que nos desenvolvemos. A
coerência entre a doutrina e a conduta é a melhor prova da validade daquilo que
proclamamos. É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,27-30).
viemos a este mundo não por acaso, não sem um propósito. Somos
todos fruto de um sonho de Deus, fomos todos misteriosamente chamados à vida: o
Senhor pensou em nós, nos chamou, nos plasmou – e aqui estamos! O nascimento
que hoje celebramos, do filho de Zacarias e Isabel, foi fruto do desígnio
amoroso do Pai, que pelo Filho Jesus e para o Filho Jesus, na força do Espírito
Santo, plasmou João. Por isso seu nome é tão verdadeiro: “Iohanah”, em
hebraico: Deus dá a graça! Ele mesmo, João, já é uma graça de Deus para seus
pais e para todos os que esperavam a salvação de Israel.
Hoje, quando um mundo insensível e descrente já não reconhece que
a vida é um mistério de amor, é um chamado de Deus, quantos são abortados,
quantos deixados de modo indigno e imoral no frio congelamento dos laboratórios
de procriação artificial: lá esquecidos, lá manipulados em inaceitáveis
experiências pseudo-científicas! Nós, caríssimos, que ouvimos a Palavra santa
de Deus; nós, que nos alegramos com este nascimento, nunca esqueçamos: toda
vida humana é sagrada do primeiro ao último instante do nosso caminho terreno.
É imoral, perverso e desumano um governo que reduz a questão do aborto a
problema de “política pública”. Um dia esses senhores irão prestar contas a
Deus. Será mesmo que Deus aceitará este argumento, que não passa de disfarce
para matar?
Segundo. Ainda que a vida nossa seja fruto do amor do Senhor, isso
não significa facilidades. João deveria preparar o caminho do Messias, do
Cristo de Deus. E isto iria custar-lhe: “Eu disse: ‘Trabalhei em vão, gastei
minhas forças sem fruto, inutilmente; entretanto o Senhor me fará justiça e o
meu Deus me dará recompensa’” O grande desafio da nossa vida de crentes é viver
na presença de Deus, é ser fiel à sua santa vontade e à missão que ele nos
confiou. Ser fiel à missão custou a João: a dureza do deserto, as
incompreensões dos inimigos, a trama de Herodíades e, finalmente, o aparente
abandono, o aparente absurdo do silêncio de Deus, na solidão e na morte naquele
cárcere. O que manteve João fiel até o fim? A confiança no Senhor, a capacidade
de deixar-se guiar por Deus, sem querer ele mesmo controlar sua vida! Grande
João! Fiel João! “Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor! (Rm 14,8)”
Terceiro. Eis! Não é fácil não viver para si, não é fácil deixar
que Outro seja o centro! E, no entanto, como diz a segunda leitura, “João
declarou: ‘Eu não sou aquele que pensais que eu seja! Depois de mim vem Aquele,
do qual nem mereço desamarrar as sandálias’”; “É necessário que ele cresça e eu
diminua!” Que este grande profeta, o maior do Antigo Testamento, do céu
interceda por nós, nascidos do Novo Testamento e, por isso, maiores que João, o
Grande Precursor! Amém.
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João é seu nome
Celebramos hoje a
festa do nascimento de JOÃO BATISTA:
É o único santo que a Liturgia comemora também o nascimento (geralmente só o
dia da morte...)
Na 1a
Leitura, Isaías fala de um misterioso "Servo do Senhor" chamado por Deus desde o ventre da mãe "para levar a luz e a salvação a todas
as nações." (Is 49,1-6)
Nesse servo, os
cristãos reconheceram sempre a imagem de Cristo.
Mas João Batista
também foi escolhido desde o seio de sua mãe, em vista de uma grande missão:
preparar o
caminho para Cristo, Luz das nações.
* Cada um de nós,
batizados, fomos chamado a cumprir a missão de levar a Luz de Cristo e a
Salvação a toda humanidade.
Na 2a
Leitura, Paulo mostra como Deus preparou seu povo para a vinda do
Messias e como João Batista cumpriu fielmente sua missão de precursor. (At 13,22-26)
O Evangelho
narra o nascimento do Precursor. ( Lc
1,57-66.80)
Mostra que com
João iniciou uma nova era: Terminou o tempo das promessas, e iniciou o tempo da
realização. Deus cumpriu a sua palavra.
O texto tem
três partes:
1. Fala do NASCIMENTO do Batista: Mãe
estéril e Pai mudo: Do silêncio de Zacarias nasce a última palavra
profética da antiga aliança e da esterilidade de Isabel nasce o anunciador da
vida perfeita
oferecida por
Deus ao seu povo, Jesus Cristo.
O seio de Isabel
representa a condição da humanidade: sem vida, sem esperança, sem futuro, Mas
Deus intervém para lhe dar vida e lhe mostra como é grande o seu poder e o seu
amor, tornando fecunda uma mulher estéril: - É uma explosão de ALEGRIA, que
envolve a todos, os pais, os vizinhos...
2. O NOME de João: Entre os antigos,
o nome era importante: indicava a
pessoa, as suas qualidades, o seu destino... (Zacarias = Deus se recordou...
João = O senhor manifestou sua bondade...)
3. Resumo da INFÂNCIA de João:
- O Deserto, para
Israel, relembrava o tempo decisivo da história...
- No deserto,
João Batista passa sua adolescência e juventude, preparando-se para a Missão.
Exemplos de João:
1. Profunda HUMILDADE: aceita ser relegado a
segundo plano para que Jesus apareça melhor:
"Agora
convém que ele cresça e que eu diminua..."
* Essa atitude de João Batista questiona:
- Anunciadores... que se colocam acima
da mensagem...
- Pessoas que se ligam ou desligam da
Igreja, por causa daquele agente que as cativou ou as decepcionou... e Jesus
fica de lado...
2. Viveu no DESERTO muito tempo (no silêncio,
oração, sobriedade) antes de se apresentar diante do povo para transmitir seu
anúncio.
* Anunciar Jesus é Missão muito séria, não
se improvisa: quem evangeliza tem que se preparar com estudo e oração.
Pe.
Antônio Geraldo
Valor das dificuldades
Se fosse montada uma loja de dificuldades, creio que ninguém se
aproximaria para comprar alguma dificuldade, talvez as pessoas se aproximassem
tão somente para ver a curiosa existência de uma loja de dificuldades. A
publicidade poderia até ser muito boa, mas mesmo assim “comprar uma
dificuldade” não seria muito atraente. Mas será que as dificuldades, tentações,
provações têm algum valor? Essa pergunta é importante, pois se não
compreendermos o valor das dificuldades viveremos um cristianismo adocicado. No
cristianismo as dificuldades têm valor já que a cruz tem valor. O Senhor nos
salvou por suas dificuldades, por sua cruz.
É muito importante também entender o valor das dificuldades para
que não tenhamos “mentalidade de estojo”: bem práticos. Uns servem para guardar
canetas, lápis, borrachas, apontadores; outros, para guardar os CDs; as moças
têm estojo para guardar a maquiagem; certos profissionais têm um para guardar
as ferramentas. A vida, no entanto, não é como um estojo. Caso fosse, tudo se
encaixaria perfeitamente: “quero fazer um curso de informática, curiosamente
nestes dias apareceu uma equipe na minha escola oferecendo um gratuitamente”,
“queria viajar para a Europa; por esses dias apareceu um sorteio na minha
quadra e, curiosamente, fui sorteado”, “gostaria de almoçar fora hoje e, ainda
que faz tempo que ninguém me convida, exatamente hoje três pessoas me chamaram
e me deram a possibilidade de escolher o restaurante”.
“Infelizmente”, as coisas não são assim nem acontecem dessa
maneira. As pessoas que tem mentalidade de estojo, geralmente ficam muito
irritadas com qualquer coisa: se o marido chega tarde em casa… que drama: “ele
estava com outra”; se eu durmo no mesmo quarto com o meu irmão e ele chega
tarde e acende a luz… outra drama: “nesta casa já não se pode viver”
(observe-se o exagero!); se alguém me dirige uma crítica… para quê? “ninguém
gosta de mim, ninguém valoriza o meu trabalho, ninguém me entende”.
O Senhor está ao nosso lado, ainda que pareça que se encontra
dormindo. Clamemos, portanto, para que ele nos salve e nos liberte de nossas
angústias, temores, preocupações. Diante de todas essas dificuldades,
especialmente diante da agitação interior, ele nos repete aquilo que disse ao
mar agitado: “silêncio! Cala-te!”. As nossas preocupações não costumam resolver
os nossos problemas. O que precisamos ter é uma atitude de filho, de filha de
Deus. O Senhor cuida de nós, seus filhos. Não nos esqueçamos de que, depois da
agitação, da tentação, da provação seguir-se-á uma grande calmaria, a bonança,
a felicidade, já vivida aqui e sendo que um dia a teremos eternamente no céu:
seremos felizes para sempre!
Para que queixar-se tanto? O melhor que podemos fazer é clamar o
Senhor que está ao nosso lado e suplicar-lhe: “Senhor, socorre-nos!” e ter
confiança esperando em seu amor e bondade. Fora a impaciência de quem considera
a Deus como se fosse um robô pronto a servir a todos os caprichos e a todos os
pedidos a qualquer momento! Parece que só desejamos que Deus assine em baixo
dos planos que nós mesmos fizemos, e ficamos bravos se ele muda algo. Muitas
vezes esquecemo-nos também que Deus quer fazer-nos crescer através do
sofrimento e o verdadeiro bem para nós será esse crescimento que Deus quer
promover em nós através da dor e das dificuldades da vida. Revoltamo-nos sem
motivo ou pelo menos desmedidamente. Peçamos a Maria, a mulher forte, para que
nos ajude em todas as circunstâncias. De fato, esses filmes que apresentam a
Santíssima Virgem chorando desesperada, não retratam a verdade da calma, da
serenidade e da paz que reinava na alma da Santíssima Virgem. Claro que era
dolorosíssimo ver o seu querido Filho Jesus lá na Cruz, mas sabia ser este o
plano de Deus. Faça-se!
Pe.
Françoá Costa
São João Batista
A Igreja celebra o nascimento de São João Batista como um
acontecimento sagrado. Santo Agostinho diz: “Dentre os nossos antepassados, não
há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente. Celebramos o de João,
celebramos também o de Cristo”.
Diz a Palavra de Deus: “Houve um homem enviado por Deus: o seu
nome era João. Veio para dar testemunho da luz e preparar para o Senhor um povo
bem disposto a recebê-lo” (cf. Jo 1,6s; Lc 1,17).
O Prefácio da Missa apresenta João como o maior entre os nascidos
de mulher, o único dos profetas que mostrou o Cordeiro redentor; o Batista que
batizou o autor do Batismo e o mártir que deu o verdadeiro testemunho de
Cristo.
Diante de João Batista encontramo-nos com um homem coerente! Ele
exige conversão pelo testemunho de vida e pela pregação. Convida-nos a preparar
os caminhos do Senhor pela prática da justiça. A Palavra é Jesus. João
constitui a ressonância da Palavra.
João apresenta a linha divisória entre os dois Testamentos. A sua
pregação foi o começo do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (Mc 1,1). E o
seu martírio foi um presságio da Paixão do Salvador. Contudo, “João era uma voz
passageira; Cristo é a Palavra eterna desde o princípio” diz santo Agostinho.
Contemplando hoje a grande figura do Batista, que cumpriu tão
fielmente a sua missão, podemos pensar se também nós aplainamos os caminhos do
Senhor, para que Ele entre nas almas dos nossos amigos e parentes que ainda
estão longe da sua amizade, e para que os que estão próximos se dêem mais
generosamente. Nós cristãos, somos os arautos de Cristo no mundo de hoje. “O
Senhor serve-se de nós como tochas, para que essa luz ilumine… Depende de nós
que muitos não permaneçam nas trevas, mas andem por caminhos que levam até à
vida eterna” (Forja, n°1).
O Senhor deseja que O anunciemos por meio de nossa conduta e da
nossa palavra no ambiente em que nos desenvolvemos, ainda que nos pareça que
esse apostolado não tenha grande alcance. A missão que o Senhor nos encomenda atualmente
é a mesma de João: preparar os caminhos, sermos seus arautos, os que O anunciam
aos seus corações. A coerência entre a doutrina e a conduta é a melhor prova da
validade daquilo que proclamamos; e é, em muitas ocasiões, a condição
imprescindível para falarmos de Deus às almas.
“É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). A missão do
arauto é desaparecer, ficar em segundo plano quando chega aquele que foi
anunciado. Uma virtude essencial em quem anuncia Cristo é, pois, a humildade.
No apostolado, a única figura que deve ser conhecida é Cristo. Ele é o tesouro
que anunciamos e é a Ele que temos de levar os outros.
João, diante de Cristo, considera-se indigno de prestar-lhe os
serviços mais humildes, reservados ordinariamente aos escravos de ínfima
categoria: trazer e levar as sandálias, desatar-lhes as correias.
“Eu não sou o Messias, mas fui enviado adiante d’Ele… É necessário
que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,27-30). Esta é a tarefa de nossa vida: que
Cristo tome conta do nosso viver. Convém que Ele cresça… Então a nossa
felicidade não terá limites, pois poderemos dizer com o Apóstolo: “já não sou
eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Na medida em que Cristo for
penetrando mais e mais nas nossas pobres vidas, a nossa alegria será
irreprimível.
Com a sua vida e as suas palavras, João deu testemunho da Verdade:
sem covardias perante os que ostentavam o poder, sem se deixar afetar pelos
louvores das multidões, sem ceder às contínuas pressões dos fariseus. Deu a
vida em defesa da lei de Deus contra todas as conveniências humanas: “Não te é
lícito possuir a mulher de teu irmão” (Mc 6,18), disse a Herodes.
Diante de João Batista todos nos sentimos pequenos.
Cada um de nós é chamado a ser João Batista, a mostrar Cristo
presente entre os homens do nosso tempo; a fazer a oração: Senhor, quero ser
tua voz no meio do mundo, no ambiente e no lugar onde queres que transcorra a
minha vida. Que São João Batista interceda por nós e por toda a Igreja!
Mons.
José Maria Pereira
Lc 1,57-66.80
Além da Virgem Maria Mãe de Deus, Nossa Senhora, de nenhum outro
santo a Igreja celebra o nascimento, a não ser São João, chamado Batista,
Batizador. Dele, Jesus fez o maior elogio jamais feito pelo Salvador a alguém: “Em
verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior que
João, o Batista” (Mt 11,11). Por isso, caríssimos, a hodierna solenidade!
Que lições, que meditações, que exemplos poderíamos colher nesta
Festa, tendo escutado a Palavra que nos foi anunciada? Sugiro-vos três, que
alimentem o coração, afervorem o desejo de colocar-se ao serviço do Senhor e
nos conduzam à herança eterna.
Primeiro. A primeira leitura da Liturgia nos fez escutar a
profecia de Isaías, colocando as palavras do profeta na boca de João Batista:
“O Senhor chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe ele tinha
na mente o meu nome… fez de mim uma flecha aguçada e disse-me ‘Tu és meu servo,
em quem serei glorificado’” E o salmo de meditação fez eco a tão bela idéia:
“Senhor, vós me sondais e conheceis. Fostes vós que me formastes as entranhas/
e no seio de minha mãe vós me tecestes./ Até o mais íntimo me conheceis;/
nenhuma sequer de minhas fibras ignoráveis,/ quando eu era modelado ocultamente,/
era formado nas entranhas subterrâneas!” O que aparece aqui, caríssimos em
Cristo, é que viemos a este mundo não por acaso, não sem um propósito. Somos
todos fruto de um sonho de Deus, fomos todos misteriosamente chamados à vida: o
Senhor pensou em nós, nos chamou, nos plasmou – e aqui estamos! O nascimento
que hoje celebramos, do filho de Zacarias e Isabel, foi fruto do desígnio
amoroso do Pai, que pelo Filho Jesus e para o Filho Jesus, na força do Espírito
Santo, plasmou João. Por isso seu nome é tão verdadeiro: “Iohanah”, em
hebraico: Deus dá a graça! Ele mesmo, João, já é uma graça de Deus para seus
pais e para todos os que esperavam a salvação de Israel.
Hoje, quando um mundo insensível e descrente já não reconhece que
a vida é um mistério de amor, é um chamado de Deus, quantos são abortados,
quantos deixados de modo indigno e imoral no frio congelamento dos laboratórios
de procriação artificial: lá esquecidos, lá manipulados em inaceitáveis
experiências pseudo-científicas! Nós, caríssimos, que ouvimos a Palavra santa
de Deus; nós, que nos alegramos com este nascimento, nunca esqueçamos: toda
vida humana é sagrada do primeiro ao último instante do nosso caminho terreno.
É imoral, perverso e desumano um governo que reduz a questão do aborto a problema
de “política pública”. Um dia esses senhores irão prestar contas a Deus. Será
mesmo que Deus aceitará este argumento, que não passa de disfarce para matar?
Que o Senhor nos ajude a defender a vida, a gritar por ela! Que o Senhor também
nos dê a sabedoria para descobrir e experimentar que a nossa vida – por quanto
pobre e pequena – também e preciosa! Que hoje eu me pergunte: Qual o propósito
da minha existência? Já o descobri? Já me conformei a ele? Vosso sou, Senhor,
de vós nasci e para vós nasci! Que quereis fazer de mim?
Segundo. Ainda que a vida nossa seja fruto do amor do Senhor, isso
não significa facilidades. João deveria preparar o caminho do Messias, do
Cristo de Deus. E isto iria custar-lhe: “Eu disse: ‘Trabalhei em vão, gastei
minhas forças sem fruto, inutilmente; entretanto o Senhor me fará justiça e o
meu Deus me dará recompensa’” O grande desafio da nossa vida de crentes é viver
na presença de Deus, é ser fiel à sua santa vontade e à missão que ele nos
confiou. Ser fiel à missão custou a João: a dureza do deserto, as
incompreensões dos inimigos, a trama de Herodíades, a dificuldade de perceber a
vontade Deus (basta recordar João perguntando a Jesus: “És tu aquele que há de
vir, ou devemos esperar um outro?”- Mt 11,3) e, finalmente, o aparente
abandono, o aparente absurdo do silêncio de Deus, na solidão e na morte naquele
cárcere. O que manteve João fiel até o fim? A confiança no Senhor, a capacidade
de deixar-se guiar por Deus, sem querer ele mesmo controlar sua vida! Grande
João! Fiel João! Pobre de Deus, João! Que exemplo para nós, tanta vez tentados
a fazer da vida o que bem queremos, como se nascêssemos de nós mesmos e
vivêssemos para nós mesmos! “Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor!
(Rm 14,8)”
Terceiro. Certa vez São Paulo escreveu: “Nenhum de nós vive para
si…” (Rm 14,7) Desde o ventre materno, o Senhor chamou João para ser o que
prepara o caminho, o que vem antes, o “pré-cursor” Toda a sua existência foi
“precursar”! No terceiro evangelho isso aparece de modo comovente: anuncia-se o
nascimento de João e depois o de Jesus; narra-se a natividade de João e a
seguir a do Messias; apresenta-se o ministério de João e, após sua prisão, o do
Salvador; finalmente, narra-se a morte de João, prenúncio da morte do nosso
Senhor! Eis! Não é fácil não viver para si, não é fácil deixar que Outro seja o
centro! E, no entanto, como diz a segunda leitura, “João declarou: ‘Eu não sou
aquele que pensais que eu seja! Depois de mim vem Aquele, do qual nem mereço
desamarrar as sandálias’”; “É necessário que ele cresça e eu diminua!” Santo
profeta João Batista: sendo humilde, foi o maior dos nascidos de mulher; sendo
totalmente preso à sua missão de modo fiel e constante, foi livre de verdade;
sendo todo esquecido de si e lembrado de Deus, foi maduro e feliz! Por isso
mesmo, seu nome foi verdadeiro e traduziu perfeitamente seu ser e sua missão:
João, Iohanah: Deus dá a graça. E a graça que, para seus pais, foi João no seu
nascimento, nas verdade era outra graça: a graça que Deus dá é Jesus, o Messias;
graça que João anunciou com seu nascimento, com sua vida, com sua pregação e
com sua morte!
Que este grande profeta, o maior do Antigo Testamento, do
céu interceda por nós, nascidos do Novo Testamento e, por isso, maiores que
João, o Grande Precursor! Amém.
Ele, d
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