21º DOMINGO DO TEMPO
COMUM (adaptado pelo diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema:
Vocação para os ministérios e serviços na comunidade e na sociedade. Dia do Catequista
Primeira
leitura: Josué convida as tribos de Israel a escolherem entre
“servir o Senhor” e servir outros deuses.
Evangelho:
coloca dois grupos diante da proposta de Jesus. Um com a lógica do mundo, que tem
como prioridade os bens materiais, o poder, a ambição e a glória; por isso,
recusa a proposta de Jesus. Outro grupo está disponível para seguir Jesus no
caminho do amor e do dom da vida; sabem que só Jesus tem palavras de vida
eterna.
Na
segunda leitura, Paulo diz que a opção por Cristo tem
consequências também ao nível da relação familiar. O casal cristão é chamado a
ser sinal e reflexo da união de Cristo com a sua Igreja.
PRIMEIRA LEITURA (Js 24,1-2a.15-17.18b) Leitura
do Livro de Josué. ...Josué reuniu ...todas as tribos .... falou ao povo: “...escolhei a quem
quereis servir: se aos deuses a quem
vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus. Quanto a mim e
à minha família, nós serviremos ao Senhor”.
E o povo respondeu...: “Longe de nós abandonarmos o Senhor, para servir a deuses estranhos.
Porque nosso Deus é quem nos tirou da terra da escravidão. Foi ele quem
realizou esses grandes prodígios. Portanto, nós também serviremos ao Senhor,
porque ele é o nosso Deus”.
AMBIENTE
O Livro de Josué (séc. XII a.C., antes de ser um livro de história, é um livro
de catequese. O objetivo era destacar o poder de Jahwéh: ao Povo resta-lhe a
fidelidade à Aliança e aos mandamentos.
MENSAGEM
- Josué relembra como Jahwéh é um Deus em quem se pode
confiar; as suas ações libertadoras são prova do seu poder e da sua fidelidade.
É necessário escolher entre servir esse Senhor libertador, que o introduziu na
Terra Prometida, ou servir os deuses dos mesopotâmios e os deuses dos amorreus.
Josué e a sua família escolheram servir Jahwéh e Todos manifestam a mesma intenção.
Só no Deus único podem encontrar a vida plena.
ATUALIZAÇÃO -¨ O fundamental é:
“escolhei a quem servir”. Ao longo da vida encontramos também outros deuses e
outras propostas que parecem garantir-nos a vida, o êxito, a realização e a
felicidade.
-¨ O compromisso com Deus não é
servidão, mas um caminho à realização plena. É um caminho que nos projeta para
o amor, para a partilha, para o serviço, para o dom da vida, para a verdadeira
felicidade.
EVANGELHO (Jo 6,60-69). Evangelho ...segundo
João. ...muitos dos discípulos disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?”
...Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem
subindo para onde estava antes? O Espírito é que dá a vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei
são espírito e vida. Mas entre vós há alguns que não creem”. ...E acrescentou:
“É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja
concedido pelo Pai”. Muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com
ele. Jesus disse aos doze: “Vós também quereis ir embora?” Pedro respondeu: “A
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos e reconhecemos
que tu és o Santo de Deus”.
AMBIENTE
- Estamos no final do episódio que começou com a multiplicação
dos pães e que continuou com o “discurso do pão da vida”. A multidão esperava
um messias rei que lhe oferecesse vida confortável e pão em abundância e Jesus
mostrou que não veio “dar coisas”, mas oferecer-Se a Ele próprio para que a
humanidade tivesse vida; a multidão esperava uma proposta de triunfo e de
glória e Jesus convidou-a a identificar-se com Ele e a segui-lo no caminho do
amor e do dom da vida até à morte… Jesus questiona: ou a lógica humana, virada
para os bens materiais e satisfações imediatas, ou a lógica de Deus, seguindo-o
e fazendo da vida um dom de amor. Instalados nos seus preconceitos e sonhos
materiais, desiludidos com um programa que lhes parecia condenado ao fracasso, muitos
recusaram-se a identificar-se com Ele e com o seu programa.
Temos de situar esta “catequese” no
contexto da comunidade de João, nos finais do séc. I… A comunidade cristã era
discriminada e perseguida; muitos discípulos afastavam-se e trilhavam outros
caminhos, recusando-se a seguir Jesus no dom da vida. Muitos perguntavam: para
ser cristão é preciso percorrer um caminho tão radical? A proposta de Jesus é
um caminho de vida plena, ou de fracasso? É a estas questões que o “catequista”
João vai tentar responder.
MENSAGEM
– Os discípulos se dividem em dois grupos: para uns a proposta
é excessiva para a força humana. Eles não renunciam aos seus próprios projetos
de ambição e de realização humana, a embarcar com Jesus no caminho do amor e da
entrega, a fazer da própria vida um serviço e uma partilha com os irmãos. Esse
caminho é demasiado exigente. A esses “discípulos”, Jesus assegura-lhes que não
é um caminho de fracasso, mas é um caminho destinado à glória e à vida eterna.
A “subida” do Filho do Homem, após a morte na cruz, para reentrar no mundo de
Deus, será a “prova provada” de que a vida oferecida por amor conduz à vida em
plenitude. Esses “discípulos” não acolhem a proposta de Jesus porque raciocinam
de acordo com a lógica humana, da “carne”; só o dom do Espírito possibilitará perceber
a lógica de Jesus; O caminho do amor e da doação conduz à vida plena e feliz.
Esses discípulos seguem Jesus pelas
razões erradas (a glória, o poder, bens materiais). A sua adesão é superficial.
Jesus não força ninguém; apenas apresenta a sua proposta e espera que o
“discípulo” faça a sua opção.
A vida nova que Jesus propõe é um dom
de Deus oferecido a todos. Se a pessoa não está aberta à ação do Pai e recusa
os dons de Deus, não pode integrar a comunidade dos discípulos e seguir Jesus.
Depois, Jesus pede aos “Doze” que façam
a sua escolha: “também vós quereis ir embora?” Jesus não suaviza … Ele corre o risco
de ficar sem discípulos, mas não prescinde da radicalidade do seu projeto. Não
é uma questão de teimosia; Jesus está seguro que o caminho que Ele propõe – o
amor, o serviço, a partilha, a entrega – é o único caminho para chegar à vida
plena… Por isso, Ele não pode mudar uma vírgula da sua proposta. O caminho para
a plenitude já foi exposto por Jesus; resta aos “discípulos” aceitá-lo ou
rejeitá-lo. Os “Doze” aceitam segui-lo no caminho do amor e da entrega. Quem
responde em nome do grupo (uso do plural) é Simão Pedro: “Para quem iremos nós,
Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”. A comunidade reconhece que os outros
caminhos só geram vida parcial; só no caminho que Jesus ensina se encontra a
felicidade duradoura. A “fé” (adesão a Jesus) traduz-se no seguimento de Jesus,
na identificação com Ele, no compromisso com a proposta que Ele faz (“comer a
carne e beber o sangue” que Jesus oferece e que dão a vida eterna). A resposta
de Pedro é a resposta que a comunidade de João
é convidada a dar: “Senhor, as tuas propostas nem sempre fazem sentido à
luz dos valores que governam o mundo; mas nós estamos seguros de que o caminho
que Tu nos indicas é um caminho que leva à vida eterna. Queremos escutar as
tuas palavras, identificar-nos contigo, viver de acordo com os valores que nos
propões, percorrer contigo esse caminho do amor e da doação que conduz à vida
eterna.
ATUALIZAÇÃO
-¨ Todos os dias somos desafiados pela lógica do mundo,
nos valores do poder, do êxito, da ambição, dos bens materiais, da moda; e
somos convidados por Jesus a construir a nossa existência sobre os valores do
amor, do serviço humilde, da partilha, da simplicidade, da coerência com os
valores do Evangelho… Temos de fazer a nossa escolha, sabendo que ela terá
consequências no nosso estilo de vida, na forma como nos relacionamos com os
irmãos. Não podemos tentar agradar a Deus e ao diabo e viver uma vida “morna” e
sem exigências, procurando conciliar o inconciliável. A questão é esta: estamos
ou não dispostos a aderir a Jesus e a segui-lo no caminho do amor e do dom da
vida?
-¨ Os “muitos discípulos” não
aceitaram a proposta de Jesus. Amarrados aos seus sonhos de riqueza fácil, de
ambição, de poder e de glória, não estavam dispostos a trilhar um caminho de
doação em benefício dos irmãos. Este grupo representa esses “discípulos”, que
até podem frequentar a comunidade cristã, mas que no dia a dia vivem obcecados
com a ampliação da sua conta bancária, com o êxito profissional a todo o custo
… Para estes, as palavras de Jesus “são palavras duras” e a sua proposta de
radicalidade é uma proposta inadmissível. Todos nós sentimos, por vezes, a
tentação de atenuar a radicalidade da proposta de Jesus e de construir a nossa
vida com valores mais condizentes com uma visão “light” da existência..
-¨ Os “Doze” ficaram com Jesus,
pois só Ele tem “palavras que comunicam a vida definitiva”. Eles representam
aqueles aderem sinceramente a Jesus, se comprometem com o seu projeto, acolhem
no coração a vida que Jesus lhes oferece e se esforçam por viver em coerência com
a opção por Jesus que fizeram no dia do seu Batismo.
-¨ Jesus não parece estar
preocupado com o número de discípulos que continuarão a segui-lo: o Evangelho
que Jesus veio propor conduz à vida plena, mas por um caminho que é de
radicalidade e de exigência. Muitas vezes tentamos “suavizar” as exigências do
Evangelho, a fim de que ele seja mais facilmente aceite pelos homens do nosso
tempo… Temos de ter cuidado para não desvirtuarmos a proposta de Jesus e para
não despojarmos o Evangelho daquilo que ele tem de verdadeiramente
transformador. O que deve preocupar-nos não é tanto o número de pessoas que vão
à Igreja; mas o grau de radicalidade com que vivemos e testemunhamos no mundo a
proposta de Jesus.
- Jesus mostra, neste episódio, o
respeito de Deus pelas decisões (mesmo erradas) do homem, pelos caminhos
diferentes que o homem escolhe seguir. O nosso Deus é um Deus que respeita o
homem, que aceita que ele exerça o seu direito à liberdade. Por outro lado, um
Deus tão compreensivo e tolerante convida-nos a compreensão para com os irmãos
que seguem caminhos diferentes, que fazem opções diferentes, que conduzem a sua
vida de acordo com valores e critérios diferentes dos nossos. Essa
“divergência” de caminhos não pode servir de pretexto para o marginalizarmos e
para o excluirmos o irmão do nosso convívio.
SEGUNDA LEITURA (Ef 5,21-32) Paulo aos Efésios. – Irmãos
sede solícitos uns para com os outros. As mulheres sejam submissas aos seus
maridos como ao Senhor. Pois o marido é a cabeça da mulher, do mesmo modo que
Cristo é a cabeça da Igreja, ele, o Salvador do seu Corpo. Mas como a Igreja é
solícita por Cristo, sejam as mulheres solícitas em tudo pelos seus maridos.
Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por
ela. Ele quis ...apresentá-la a si mesmo esplêndida, sem mancha nem ruga, nem
defeito algum, mas santa e irrepreensível. Assim é que o marido deve amar a sua
mulher, como ao seu próprio corpo. Aquele que ama a sua mulher ama-se a si
mesmo. Ninguém jamais odiou a sua própria carne. Ao contrário, alimenta-a e
cerca-a de cuidados, como o Cristo faz com a sua Igreja; e nós somos membros do
seu corpo! Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher,
e os dois serão uma só carne. Este
mistério é grande, e eu o interpreto em relação a Cristo e à Igreja.
AMBIENTE
- Paulo lembra a opção que fizeram no Batismo e viver como
Homens Novos, à imagem de Jesus.
Paulo refere-se aos deveres dos
esposos, porque vê na sua união uma figura da união de Cristo com a sua Igreja.
MENSAGEM
- “sede submissos uns aos outros no temor de Cristo”. O “ser
submisso” atitude de serviço humilde, sem deixar ser dominado pelo orgulho ou
prepotência. A expressão “no temor de Cristo” recorda que o Cristo do amor, do
serviço, da partilha é o exemplo que devemos ter diante dos olhos.
O texto se refere à relação dos esposos
um com o outro (na continuação, Paulo falará também da conduta dos filhos para
com os pais, dos pais para com os filhos, dos senhores para com os escravos e
dos escravos para com os senhores – cf. Ef 6,1-9).
Às mulheres, Paulo pede a submissão aos
maridos, porque “o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da
Igreja, seu corpo”. Esta afirmação deve ser entendida no contexto sociocultural
da época, onde o homem aparece como a referência suprema da organização do
núcleo familiar. De qualquer forma, a “submissão” de que Paulo fala deve ser
sempre entendida no sentido do amor e do serviço e não no sentido da
escravidão.
Aos maridos, Paulo recomenda que amem
as suas esposas, “como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela”. Não se
trata de um amor qualquer, mas de um amor igual ao de Cristo pela sua
comunidade – isto é, de um amor generoso e total, que é capaz de ir até ao dom
da própria vida, um amor despido de qualquer egoísmo e prepotência; um amor
cheio atitudes de generosidade, de bondade e de serviço, que se faz dom total à
pessoa a quem se ama. Como Cristo e a Igreja formam um só corpo, do mesmo modo
marido e esposa formam um só corpo: “por isso, o homem deixará pai e mãe para
se unir à sua mulher e serão dois numa só carne”. A expressão “uma só carne”
alude a toda a sua vida conjugal, feita na vivência do amor, da fidelidade e da
partilha de toda a existência.
Este paralelismo estabelecido por Paulo
dá um significado especial ao casamento cristão: a vocação dos esposos é
anunciar e testemunhar, com o seu amor e a sua união, o amor de Cristo pela sua
Igreja. Dito de outra forma: a união dos esposos deve ser um sinal do
“mistério” de amor que une Cristo e a Igreja.
ATUALIZAÇÃO - Para o seguidor de Jesus, a família manifesta
os valores do Reino.
-¨ Para Paulo, o amor que une o marido
e a esposa deve ser um amor como o de Cristo pela sua Igreja. Desse amor devem
estar ausentes o egoísmo, prepotência, exploração, injustiça… Deve ser um amor
que é paciente, que não é arrogante nem orgulhoso, que compreende os erros e as
falhas dos outro, que tudo desculpa,
tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13,4-7).
-¨ O matrimônio não pode tornar-se
uma competição para ver quem tem mais direitos ou mais obrigações, mas uma
comunhão de vida que, a exemplo de Cristo, fazem da sua existência uma partilha
e um serviço a todos os irmãos que caminham ao seu lado.
-¨ Paulo utiliza a palavra “submissão”.
Esta palavra deve ser entendida no contexto sociocultural da época, em que o
marido era considerado a referência fundamental da ordem familiar. Hoje, Paulo
não teria usado este termo para falar da relação da esposa com o marido. A afirmação
de Paulo não pode servir para fundamentar qualquer tipo de discriminação contra
as mulheres… Aliás, Paulo dirá, que “não há judeu nem grego, não há escravo nem
livre, não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus” (Gal
3,28).
Jo 6,60-69 –
Nenhum cristão jamais poderá
dizer que foi enganado pelo Senhor! Deus nunca se mascarou para nós, nunca nos
falou palavras agradáveis para nos seduzir, nunca agiu como os nossos
políticos; Deus não usa botox! Ele é um Deus verdadeiro, leal, honesto! Não
esconde suas exigências, não omite suas condições para quem deseja segui-lo e
servi-lo…
Escutamos na primeira leitura de
hoje Josué mandando o povo escolher: seguir os ídolos, que não exigem nada ou,
seguir o Senhor, que é exigente, que é Santo e corrige os que nele esperam? O
próprio Josué dirá: “Não podeis servir ao Senhor, pois ele é um Deus santo, um
Deus ciumento, que não tolerará as vossas transgressões, nem os vossos
pecados!” (Js 24,19) Vede, meus caros, que o nosso Deus não se preocupa com popularidade,
não faz conta do número de fiéis, não abranda suas exigências para ser aceito,
mas sim, faz conta da fidelidade ao seu amor e ao seu chamado!
O que aparece na primeira leitura
torna-se ainda mais claro e dramático no evangelho. Após dizer claramente que
sua carne é verdadeira comida e seu sangue é verdadeira bebida, muitos
discípulos se escandalizaram com Jesus E Jesus? Muda sua palavra para encher as
igrejas? Não! Popularidade nunca foi seu critério! Ainda que sua palavra
escandalize, ele nunca volta atrás. O Senhor nunca se converte a nós; nós é que
devemos nos converter a ele! Pode-se manipular os ídolos; nunca o Deus
verdadeiro!
Diante dos discípulos
murmuradores Jesus apresenta a cruz: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o
Filho do Homem subindo para onde estava antes?” Lembremo-nos que, para o
Evangelho de São João, a subida de Jesus para o Pai começa na cruz: ali ele
será levantado! não poderá seguir o Senhor aquele que não estiver disposto a
contemplá-lo na cruz! E Jesus previne: “O Espírito é que dá vida; a carne não
adianta nada! As palavras que vos falei são Espírito e vida!”: somente
se nos deixarmos educar pelo Santo Espírito, somente se deixarmos os
pensamentos e a lógica à medida da carne, isto é, à medida da mera razão
humana, é que poderemos compreender as coisas de Deus, coisas que passam pela
cruz de Cristo! “a carne não adianta nada”! Não nos iludamos: entregues à nossa
própria razão, pensaremos como o mundo e jamais acolheremos Jesus e suas
exigências! E o Senhor continua: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a
mim a não ser que lhe seja concedido por meu Pai!”: acolher Jesus, compreender
suas palavras e acolhê-las, é graça de Deus e somente abertos para a graça poderemos
realizá-lo! Quando isso acontece, experimentamos como o Senhor é bom, o quanto
é suave, o quando é doce segui-lo!
São Paulo pensa o lar cristão
como uma pequena comunidade de discípulos de Cristo, uma pequena Igreja e dá
conselhos estupendos! O sentimento que deve nortear o comportamento familiar é
o amor. Que amor? Aquele amor manifestado na cruz, aquele entre Cristo e a
Igreja!: marido e mulher se amando como Cristo e a Igreja se amam, marido e
mulher sendo felizes na felicidade um do outro: “Sede solícitos uns para com os
outros!”
Para o cristianismo, a família
cristã não é uma instituição humana, mas divina, um sacramento. Mais ainda: a
família é a primeira Igreja, a primeira comunidade de irmãos em Cristo. Ali, é
Jesus quem deve reinar, ali é o temor de Deus quem deve regular a convivência.
Que desgraça hoje em dia a banalização da família cristã: a família é santa,
sagrada, não pode ser profanada pelo desamor, pela indiferença, pela
imoralidade, pela violência, pelo consumismo, pela opressão, pela divisão, pela
vulgarização! Que beleza um homem e uma mulher unidos no amor com a bênção do
Senhor gerando filhos, gerando amor feito carne, feito gente, para o mundo,
para a Igreja, para a vida! Este é o sonho do Senhor para a família! Que bênção
a convivência familiar! Que doçura poder partilhar as alegrias e tristezas, as
lutas e dificuldades num lar cristão, onde juntos rezam, partilham, vencem as
dificuldades! São Paulo está dizendo que a comunhão familiar é imagem da
comunhão entre Cristo e a Igreja!
É fácil viver a família assim?
Não! Como não é fácil levar a sério a Palavra do Senhor! E Jesus, mais uma vez,
nos pergunta: “Isto vos escandaliza?” Escandaliza-vos o matrimônio ser
indissolúvel? Escandaliza-vos a fidelidade conjugal? “Quereis também ir embora?”
Caríssimos, que nossa resposta
seja a de Pedro: “A quem iremos, Senhor? Caminhar contigo não é fácil; acolher
tuas exigências nos custa; compreender teus motivos às vezes é-nos pesado… Mas,
a quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos que tu és o Santo
de Deus!”. Que as palavras de Pedro sejam as nossas e, como Josué, possamos
dizer: “Eu e minha família serviremos o Senhor!” Amém.
1 Escolher a Deus – um Deus
difícil! Os ídolos são fáceis e muitos!
2 O Senhor é exigente; e não
volta atrás na sua palavra. O critério é a cruz (o Filho do homem subindo e
julgando). Somente pode compreendê-lo no Espírito, a carne não serve aqui!
3 Ser cristão não é questão de propaganda: é
graça; é o Pai quem atrai!
4 Muitos já não andavam mais com
ele… Quereis ir embora?
5 Senhor, só tu tens palavras de
vida eterna: és o Santo de Deus!
6 Uma família que serve o Senhor:
a lei que regula é o amor, o mesmo que se contempla na entrega de Cristo,
selando a aliança com a Igreja.
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RESPONDENDO:
BOA TARDE, QUE DEUS TE ABENÇOE.
Domingo, dia do catequista,
estaremos Celebrando a Palavra com toda a comunidade e também comemorando o dia
do Catequista. Por esta razão, lembraremos dos catequistas.
Quanto à participação dos
catequistas, todos entrarão em procissão, cantando a música dos
catequistas (caminho para o discipulado).
Na liturgia da Palavra, todas as
catequistas entrarão com uma vela acesa, acompanhando uma criança que leva o
Lecionário, cantando a musica "Ressoar a Palavra de Deus em todo
lugar" e ficarão em volta da mesa da Palavra até terminar a proclamação do
Evangelho.
No final, após a "Oração
depois da comunhão”, se postarão em torno do Altar e farão a "Oração do
Catequista" formulada pela CNBB.
ORAÇÃO DA(DO)
CATEQUISTA:
SENHOR,
Como os discípulos de Emaús, somos peregrinos.
Vem
caminhar conosco!
Dá-nos
teu Espírito, para que façamos da catequese caminho para o discipulado.
Transforma
nossa Igreja em comunidades orantes e acolhedoras,
Testemunhas
de fé, de esperança e de caridade.
Abre
nossos olhos para reconhecer-Te nas situações em que a vida está
ameaçada.
Aquece
nosso coração, para que sintamos sempre a tua presença.
Abre
nossos ouvidos para escutar a tua Palavra,
fonte
de vida e missão.
Ensina-nos
a partilhar e comungar do Pão, alimento para a caminhada.
Permanece
conosco!
Faze
de nós discípulos missionários, a exemplo de Maria sempre fiel,
sendo
testemunhas de tua Ressurreição.
Tu
que és o Caminho para o Pai. Amém!
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"Senhor, a quem iremos?"
Ao longo da estrada de
nossa vida, nos deparamos com muitas encruzilhadas,
em que devemos fazer uma ESCOLHA: Devemos tomar uma estrada e deixar a outra…
Como é importante, nesses
momentos, o testemunho seguro de alguém que sabe o que quer!
Li numa revista a
afirmação de uma artista de TV:
"Eu sou católica, batizei minha filha na Igreja, mas
quando ela crescer, ela irá escolher a sua religião". O que você pensa a respeito? Será que essa mãe deixará a filha crescer,
para ver se ela quer comer e estudar?
As leituras nos dão dois
testemunhos muito significativos: Josué
e Pedro.
A 1a Leitura
narra a ESCOLHA de Israel:
Javé ou os ídolos. (Js 24,1-2.15-18)
Após a longa peregrinação
através do deserto e a posse da Terra Prometida, Josué convoca o Povo e o põe
diante de uma ESCOLHA fundamental: "ESCOLHEI a quem quereis servir:
os deuses do lugar, ou o Deus que nos
libertou do Egito e fez uma Aliança conosco?
Eu, porém, e a minha família vamos servir ao Senhor".
Diante do testemunho
forte de Josué, o povo não se deixou levar pela tentação de uma religião
mais fácil dos cananeus, pelo contrário
decidiu continuar fiel ao Deus de seus pais.
Na 2ª Leitura, Paulo
fala do amor conjugal, como sinal do amor de Cristo à sua Igreja. Os esposos
devem escolher: Amor ou egoísmo. (Ef
5,21-32)
Como Cristo e a Igreja
formam um só corpo, assim marido e esposa, comprometidos numa comunidade de
amor, formam um só corpo. O casal cristão deve ser sinal e reflexo da união de
Cristo com a sua Igreja.
O Evangelho narra a ESCOLHA de Pedro. (Jo 6,60-69)
O texto é a conclusão do
discurso do "Pão da vida",
que provoca uma profunda crise entre os discípulos…
Diante de Jesus e de suas
palavras, são levados a fazer uma ESCOLHA...
- Cristo havia feito o
milagre da multiplicação dos pães… - O Povo entusiasmado quer proclamá-lo rei…
- Cristo pede um gesto de
fé: crer ou não nele... aceitar ou não a sua proposta...
Buscar apenas o pão material ou acolher o Dom
do Pão da vida...
Como alimentara o povo com o pão material…
assim também daria um outro pão que seria o próprio corpo (a Eucaristia).
- E o povo se
escandaliza… não aceita… até os discípulos murmuram:
"Essas
palavras são duras demais, é difícil de engolir..." Muitos se retiram e o abandonam…
- Jesus não muda a
linguagem, exige fé. A fé pode ser aceita ou recusada, mas não
"negociada"...
Sem a fé, não entenderiam aquelas palavras e
aqueles sinais… Por isso, questiona os
doze: "Vocês também querem ir
embora?"
- Diante desse desafio,
aparece o belo testemunho de Pedro:
"A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna." A atitude forte de Pedro dissipa as dúvidas
dos demais apóstolos, e todos permanecem fiéis junto ao seu Mestre.
+ A nossa escolha.
- Todos os dias somos
desafiados a construir a nossa vida nos valores do poder, do êxito, da ambição,
dos bens materiais, da moda...
- E todos os dias somos
convidados por Jesus a construir a nossa existência sobre os valores do amor, do serviço, da
partilha com os irmãos, da simplicidade, da coerência com os valores do
Evangelho...
Há momentos em que
devemos fazer também a nossa ESCOLHA...
CRISTÃO é quem escolhe
Cristo e o segue...Para isso, deve ser educado no pensamento de Cristo, ver a
história como ele, julgar a vida como ele,
escolher e amar como ele,
esperar como ele ensina, viver nele a comunhão com o Pai e o Espírito Santo.
+ HOJE vemos muitos católicos deixando a religião e ficamos
preocupados...
A falha é de quem? Da
Igreja que batiza? Dos pais que não vivem a vida cristã?
Da comunidade que não
evangeliza ou não testemunha sua fé?
* Você teria a mesma
convicção firme de Josué... : "Nem
que todos te abandonem, eu e minha família, não..."
Ou a mesma firmeza de Pedro? "A quem iremos, Senhor, só tu tens
palavras de vida eterna"!
+ Que tipo de cristão você
pretende ser? Que tipo de religião pretende seguir?
- Uma religião REVELADA por Deus, que você
acolhe generosamente...
- ou uma religião CRIADA pelos homens, porque atende melhor a seus interesses
pessoais?
No Evangelho de hoje,
Jesus não parece estar tão preocupado com o número de discípulos que
continuarão a segui-lo. Prefere perder os discípulos a renunciar à Missão que
recebeu do Pai.
O Reino de Deus não é um
concurso de popularidade... Muitos pensam que, "suavizando" as
exigências do Evangelho, seriam mais facilmente aceitas pelos homens do nosso
tempo...
O que deve nos preocupar
não é tanto o número de pessoas que vão à igreja; mas o grau de autenticidade
com que vivemos e testemunhamos no mundo a proposta de Jesus.
E nós... a quem iremos?
Se ainda estivermos indecisos em nossa escolha, recordemos as palavras de
Pedro:
"Senhor, a quem iremos, só tu tens palavras de vida eterna…"
Pe.
Antônio Geraldo
=========--------------============
Homilia do PE. PEDRINHO:
Meus Irmãos e irmãs, vamos lembrar o seguinte:
desde o início de agosto, nós estamos sendo convidados a refletir o capítulo 6
de São João. Cada domingo, um trecho. Domingo passado não refletimos o capítulo
6, porque celebramos a assunção de Nossa Senhora e aí, tem toda uma leitura
própria. No entanto, o capítulo 6, anterior a este domingo, dizia: “quem não
comer a minha carne e beber o meu sangue, não terá parte comigo”. E, aí que
entramos no Evangelho de hoje, aonde
começa dizendo: “estas são palavras muito duras”. Quem pode ouvir? É claro, à
primeira vista dá a impressão que Jesus quis criar um caos. Ele sabe, muito
bem, que no antigo Testamento está lá, muito claro, esta orientação: “não se
come, não se bebe o sangue da vítima, porque nele está a vida”. Então, qualquer
animal que eles quisessem comer, tinham que tirar todo o sangue, porque no
sangue está a vida. Ora, vem Jesus e diz que quem não tomar de seu sangue, não
tem parte com ele? Então, é uma decisão muito complicada, muito dura. Por que
será que Jesus falou isto? E aí, nós vamos entender a partir do Livro dos
Juízes. Lá, claramente eles dizem: o vinho alegra o coração. Jesus já disse em
outras passagens, e hoje também vai falar, que quando o Filho do homem vier, a
hora que o Reino estiver totalmente construído, então, será uma festa eterna.
Ora, na festa tem que ter o vinho. Olhe as “Bodas de Caná”. Não tinha vinho e
Jesus providenciou, porque uma festa sem alegria, não é festa. Então, Jesus
parte de que o seu sangue, de fato, é a grande bebida para o Reino de Deus. “em
verdade, vos digo: já não bebereis o fruto da videira, até o dia em que
beberemos juntos no Reino do Céu. E, aí, Jesus quis mesmo que aquele vinho se
tornasse o seu sangue, porque ele vai dar a vida mesmo para toda a humanidade.
Então, Ele não contradiz o antigo Testamento, mas dá um sentido novo à questão
do sangue. Ele derrama o seu sangue,
para que tenhamos a vida eterna. Já disse e volto a falar: a Eucaristia, Corpo
e Sangue de Cristo, nos faz participarmos da vida de Jesus Cristo. Portanto, como
Ele é eterno, se estamos em comunhão com Ele, nós vamos ter a eternidade. Por
isso, “quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna” e Eu o
ressuscitarei no último dia. Ora, São Pedro, representando todos aqueles que
compreenderam este mistério, vai dizer: a quem iremos, Senhor, se só tu tens
palavras de vida eterna?” aí, a comunidade cristã fez uma escolha a partir do
questionamento de Jesus; vocês também querem ir embora? Não. Nós te escolhemos.
O papa Bento XVI lembrava uma reflexão de Santo Agostinho, aonde Santo
Agostinho diz: “o Evangelho nos ajuda que primeiro é preciso crer, para depois
compreender o que cremos”. Quem é que transmite a fé? O catequista. Por isso, o
Evangelho celebra hoje o dia do catequista também. Porque o catequista que nos
ajuda a crer. Na catequese agente não aprende tudo. Não. Agente aprende quem é
Deus, quem é Jesus Cristo quem é Igreja e depois somos chamados a ir
compreendendo ao longo da vida. Claro, que se eu não voltar a refletir, não
aprofundar, não vou conseguir compreender o que eu creio. (continua com uma fé
infantil). E, mesmo aprofundando, refletindo, tem coisa que, de fato, só vamos
compreender plenamente só quando
estivermos diante de Deus. Porque nós somos limitados e o mistério de Deus é
maior do que a nossa inteligência. Nem tudo eu compreendo, mas o fundamental eu
sou chamado a crer. Você crê mesmo que Jesus te traz a vida eterna?
Na primeira leitura, Josué também provoca os ouvintes a fazer uma escolha.
Qual é a escolha? Eu e minha casa vamos servir ao Senhor. E vocês? Eles vão
dizer: também nós serviremos ao Senhor. Em Deus que não é uma idéia. Às vezes
agente pensa que crer em Deus, é ter Deus na idéia, na memória. Não. Eles lá
dizem claramente: nós cremos em Deus, porque libertou da escravidão do Egito os
nossos pais. Então, eles conseguem ver Deus na vida deles. Nem sempre nós
fazemos isto. Tem gente que não tem tempo para pensar Deus na vida. Às vezes
passa meses e meses sem pensar na existência de Deus. Ora, claro que fica
difícil você compreender as ações que Deus realiza na sua vida. Agora, São
Paulo dá uma idéia de como servir; “eu e minha casa serviremos ao Senhor”; a
princípio, São Paulo é machista. “sede submissa ao marido, como somos submisso
ao Senhor. Sede solícitas em tudo”. Agora, temos que olhar com calma esta
leitura; primeiro, lembrar que Éfeso é uma cidade grega, com cultura grega.
Para os gregos as mulheres são desprovidas de inteligência ou seja; burra. São
Paulo vai se utilizar desta mentalidade; se a mulher é burra, na verdade,
incompetente é você, marido, porque você é a cabeça dela. Aí começa a inverter
a situação. Se o homem é a cabeça pensante da mulher, se ela não tem
capacidade, o incapaz é ele. Agora, para que ninguém dique disputando gênero,
quem é mais forte homem ou mulher, são Paulo vai dizer: vamos lembrar o
Gênesis? No Gênesis está assim: “por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá
à sua esposa e já não são dois, mas uma só carne”. Portanto, na medida que você
agride a esposa, se agride a si mesmo. Na medida que você desrespeita o esposo,
você desrespeita a si mesmo. Assim então, são Paulo vai ver o mistério do
matrimônio, aonde a mulher deve ser solícita ao marido, em tudo, como ao
Senhor. Ora, este é um critério importante. Se o marido tiver a mesma prática
de Jesus Cristo, ela deve ser totalmente submissa a ele como a Igreja o é. Qual
foi a prática de Jesus Cristo? Dar a vida inteira por aqueles que ama.
Portanto, se o marido dá o seu sangue pela esposa, consequentemente pelos
filhos, a mulher deve ser solícita a ele. De tal maneira, que se quisermos ver,
Jesus lavou os pés dos discípulos. Inverte as coisas, não é? Ora, quem está
certo? Quem é o melhor? Os dois são uma só carne. O que é importante aqui é
compreender a unidade do casal; não existe corpo sem cabeça. Ele não vive. Não
existe cabeça sem corpo. É a unidade que mantém vida, vivo qualquer ser. Também
isto é o matrimônio. Na unidade marido e mulher que se consegue experimentar o
Cristo e a Igreja. Portanto, o servir a Deus é viver normalmente o dia a dia
amando e respeitando o outro, sem ficar achando que o outro é maior ou melhor,
superior ou inferior; uma só carne.
Meus irmãos e irmãs, somos convidados, hoje, a escolher o Deus que é vivo
e verdadeiro. Segundo, estabelecer com ele uma comunhão através do corpo e
sangue de Cristo. Terceiro, procurar servir a Deus no dia a dia da vida e nos
darmos conta, que o matrimônio é uma vocação. E se é vocação, é uma palavra
dura para quem não é chamado ao matrimônio, mas são palavras que em nada
diminuem a pessoa humana. Ao contrário; a dignifica porque a torna igual a
Jesus Cristo e a Igreja.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
PE. PEDRINHO.
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Homilia de D. Henrique Soares
Nenhum cristão jamais poderá
dizer que foi enganado pelo Senhor! Deus nunca se mascarou para nós, nunca nos
falou palavras agradáveis para nos seduzir, nunca agiu como os nossos
políticos; Deus não usa botox! Ele é um Deus verdadeiro, leal, honesto! Não esconde
suas exigências, não omite suas condições para quem deseja segui-lo e servi-lo…
Escutamos na primeira leitura de
hoje Josué mandando o povo escolher: seguir os ídolos, que são de fácil manejo,
que não exigem nada ou, ao invés, seguir o Senhor, que é exigente, que é Santo
e corrige os que nele esperam? O próprio Josué dirá: “Não podeis servir ao
Senhor, pois ele é um Deus santo, um Deus ciumento, que não tolerará as vossas
transgressões, nem os vossos pecados!” (Js 24,19) Vede, meus caros, que o nosso
Deus não se preocupa com popularidade, não faz conta do número de fiéis, não
abranda suas exigências para ser aceito, mas sim, faz conta da fidelidade ao
seu amor e ao seu chamado!
O que aparece na primeira leitura
torna-se ainda mais claro e dramático no evangelho. Após dizer claramente que
sua carne é verdadeira comida e seu sangue é verdadeira bebida, muitos
discípulos se escandalizaram com Jesus (os protestantes ainda hoje se
escandalizam e não crêem na palavra do Salvador…). E Jesus, o que faz? Muda sua
palavra? Volta atrás no ensinamento para ser popular, para ser compreendido e
aceito, para encher as igrejas? Não! Popularidade, aceitação, bom-mocismo nunca
foram seus critérios! Ainda que sua palavra escandalize, ele nunca volta atrás.
O Senhor nunca se converte a nós; nós é que devemos nos converter a ele!
Pode-se manipular os ídolos; nunca o Deus verdadeiro!
É importante prestar atenção!
Diante dos discípulos escandalizados e murmuradores, que faz Jesus? Apresenta o
critério decisivo: a cruz. Escutai, irmãos, o que diz o Senhor: “Isto vos
escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes?”
Lembremo-nos que, para o Evangelho de São João, a subida de Jesus para o Pai
começa na cruz: ali ele será levantado! Vede bem, meus irmãos, que não poderá
seguir o Senhor, não poderá suportar as palavras do Senhor, aquele que não
estiver disposto a contemplá-lo na cruz! E Jesus previne: “O Espírito é que dá
vida; a carne não adianta nada! As palavras que vos falei são Espírito e
vida!” Compreendei, caríssimos meus: somente se nos deixarmos educar pelo
Santo Espírito, somente se deixarmos os pensamentos e a lógica à medida da
carne, isto é, à medida da mera razão humana, é que poderemos compreender as
coisas de Deus, coisas que passam pela cruz de Cristo! Quando se trata do
escândalo do Evangelho, “a carne não adianta nada”! Não nos iludamos: entregues
à nossa própria razão, pensaremos como o mundo e jamais acolheremos Jesus e
suas exigências! E, no entanto, o Senhor continua: “É por isso que vos disse:
ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido por meu Pai!” Vede bem,
meus caros: acolher Jesus, compreender suas palavras e acolhê-las, por quanto
sejam difíceis e duras, é graça de Deus e somente abertos para a graça
poderemos realizá-lo! Como acolher a linguagem da cruz, sem mudar de vida? Como
acolher as exigências do Senhor, sem a conversão do coração, sem nos deixarmos
guiar pela imprevisível liberdade do Santo Espírito? Quando isso acontece,
experimentamos como o Senhor é bom, o quanto é suave, o quando é doce segui-lo!
Um belíssimo exemplo disso, a
Palavra de Deus nos dá hoje recordando a vida da família cristã. São Paulo
pensa o lar cristão como uma pequena comunidade de discípulos de Cristo, uma
pequena Igreja e dá conselhos estupendos! O sentimento que deve nortear o
comportamento familiar é o amor. Que amor? O das músicas e das novelas? Não!
Aquele amor manifestado na cruz, aquele entre Cristo e a Igreja! Que beleza,
que desafio, que sonho: marido e mulher se amando como Cristo e a Igreja se
amam, marido e mulher sendo felizes na felicidade um do outro: “Sede solícitos
uns para com os outros!”
Para o cristianismo, meus caros,
a família cristã não é primeiramente uma instituição humana, mas uma
instituição divina, um sacramento da Igreja. Mais ainda: a família é a primeira
Igreja, a primeira comunidade de irmãos em Cristo. Ali, é Jesus quem deve
reinar, ali é o santo e doce temor de Deus quem deve regular a convivência. Que
desgraça hoje em dia a paganização, a secularização, a banalização da família
cristã. Atentos, cristãos: a família é santa, a família é sagrada, a família
não pode ser profanada pelo desamor, pela indiferença, pela imoralidade, pela
violência, pelo consumismo, pela opressão, pela divisão, pela vulgarização! Que
beleza, meus caros, um homem e uma mulher unidos no amor com a bênção do Senhor
gerando filhos, gerando amor feito carne, feito gente, para o mundo, para a
Igreja, para a vida! Este é o sonho do Senhor para a família! Este e só este!
Aos olhos de Deus, não há outra forma legítima e aceitável de união familiar!
Um homem, uma mulher; um esposo, uma esposa e os filhos – eis o sonho, eis a
bênção, eis a felicidade quando se vive isso de acordo com o amor de Deus em
Cristo! Que bênção a convivência familiar! Que doçura poder partilhar as
alegrias e tristezas, as lutas e dificuldades num lar cristão, onde juntos se
rezam, juntos partilham, juntos vencem-se as dificuldades! São Paulo, encantado
com essa realidade, exclama: “É grande este mistério!” Que mistério? O mistério
do amor entre marido e mulher, da sua união que gera vida, que é doçura e
complementaridade. E o Apóstolo continua: “E eu o interpreto em relação a
Cristo e à Igreja!” Atenção! São Paulo está dizendo que a comunhão familiar é
imagem da comunhão entre Cristo e a Igreja!
É fácil, caríssimos, viver a
família assim? Não! Como não é fácil levar a sério a Palavra do Senhor! E
Jesus, mais uma vez, nos pergunta: “Isto vos escandaliza?” Escandaliza-vos o
matrimônio ser indissolúvel? Escandaliza-vos a fidelidade conjugal? Assusta-vos
o dever de gerar filhos com generosidade e educá-los com amor e firmeza?
“Quereis também ir embora?”
Caríssimos, que nossa resposta
seja a de Pedro, dada em nome dos Doze e de todos os discípulos: “A quem
iremos, Senhor? Caminhar contigo não é fácil; acolher tuas exigências nos
custa; compreender teus motivos às vezes é-nos pesado… Mas, a quem iremos? Só
tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és
o Santo de Deus!”. Que as palavras de Pedro sejam as nossas e, como Josué,
possamos dizer: “Eu e minha família serviremos o Senhor!” Amém.
Escolher a Deus – um Deus
difícil! Os ídolos são fáceis e muitos!
O Senhor é exigente; e não volta
atrás na sua palavra, mesmo quando essa escandaliza. O critério é a cruz (o
Filho do homem subindo e julgando). Somente pode compreendê-lo no Espírito, a
carne não serve aqui! – Ser cristão não é questão de propaganda: é graça; é o
Pai quem atrai!
Muitos já não andavam mais com
ele… Quereis ir embora?
Senhor, só tu tens palavras de
vida eterna: és o Santo de Deus!
Provai e vede quão suave é o
Senhor!
Uma família que serve o Senhor: a
lei que regula é o amor, o mesmo que se contempla na entrega de Cristo, selando
a aliança com a Igreja.
D.
Henrique Soares
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PARA
A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):
Jo 6, 60-69: LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, nós vos louvamos e
vos bendizemos.
- Senhor, nosso
Deus, vossos valores valem mais que toda riqueza da terra. Pelo nosso batismo
somos o vosso povo e assumimos seguir os passos de vosso Filho Jesus Cristo,
nosso mestre e salvador.
T: Pai, nós vos louvamos e
vos bendizemos.
- Senhor, nosso
Deus, vos bendizemos por nos dar a esperança da vida eterna. Olhai por nós em
nossas dificuldades para que não nos desviemos dos vossos mandamentos e
estejamos sempre alertas em fazer a vossa vontade.
T: Pai, nós vos louvamos e
vos bendizemos.
- Senhor, vos
louvamos porque sois Deus de bondade e amor. Convertei-nos a cada dia para que
nos tornemos semelhante ao vosso Filho na prática do bem aos irmãos.
T: Pai, nós vos louvamos e
vos bendizemos.
- Senhor, que em
nossas famílias reine o amor, a justiça e o perdão. Que os pais honrem seus
filhos e que os filhos honrem seus pais. Que em todos os lares cristãos haja o
amor, a partilha e a vivência da paz.
T: Pai, nós vos louvamos e
vos bendizemos.
- PAI NOSSO... A Paz... CORDEIRO DE DEUS...
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