quinta-feira, 28 de agosto de 2014

22º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A 2014, A salvação passa pela cruz.

22º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A 2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Tema: o acesso a vida plena passa pelo amor e pela cruz; não é fácil.
Primeira leitura, Jeremias colocou a sua vida ao serviço de Deus, enfrentou os poderosos; por isso, conheceu o sofrimento.
Evangelho: Jesus avisa que o caminho da vida verdadeira não passa pelos triunfos humanos, mas pelo amor e dom da vida (até à morte, se for necessário). Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo tem de aceitar percorrer um caminho semelhante.
Segunda leitura:  Oferecer a Deus toda a existência, Significa, de acordo com Paulo, não nos conformarmos com a lógica do mundo, aprendermos a discernir os planos de Deus e a viver este projeto.

6. PRIMEIRA LEITURA (Jr 20,7-9) Leitura do Livro do Profeta Jeremias.
Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder. Tornei-me alvo de irrisão o dia inteiro,  todos zombam de mim. Todas as vezes que falo, levanto a voz, clamando contra a maldade e invocando calamidades; a palavra do Senhor tornou-se para mim fonte de vergonha e de chacota o dia inteiro. Disse comigo: “Não quero mais lembrar-me disso nem falar mais em nome dele”. Senti, então, dentro de mim um fogo ardente a penetrar-me o corpo todo: desfaleci, sem forças para suportar.

AMBIENTE Jeremias (por volta de 626 a.C.), sentiu que Deus o chamava a ser profeta. A atividade profética de Jeremias prolongou-se até depois da destruição de Jerusalém pelos babilônios (586 a.C.). Foi um período de grande instabilidade, de injustiças sociais, de infidelidade religiosa. Quer Joaquim (609-597 a.C.) quer Sedecias (597-586 a.C.) foram reis fracos, incapazes de responder com êxito uma política de neutralidade em relação às grandes potências da época (sobretudo o Egito e a Babilônia). Jeremias – convencido de que Judá estava sendo infiel a Deus ao deixar de confiar em Jahwéh e ao colocar a sua segurança e a sua esperança nas mãos dos povos estrangeiros – criticou duramente os líderes do Povo e anunciou uma invasão estrangeira, destinada a castigar os pecados de Judá.
A pregação de Jeremias não foi apreciada pelo Povo e pelos líderes. Considerado um “profeta da desgraça”, apenas conseguiu criar o vazio à sua volta e viu os amigos, os familiares, os conhecidos voltarem-lhe as costas. Conheceu a solidão, o abandono, a maledicência… Acusado de traição e encarcerado, chegou a correr perigo de morte. Jeremias, homem bom, sofria pelo abandono a que a missão profética o condenava.

MENSAGEM O texto apresenta-nos uma desconcertante oração de Jeremias num momento dramático de desilusão e de desânimo (quando, preso pelos ministros de Sedecias e atirado numa cisterna. O profeta, embalado pelas promessas desse Deus sedutor, incapaz de resistir ao seu fogo abrasador, "Seduzido" pelo Senhor, entregou-se nas suas mãos e dedicou toda a vida ao seu serviço).
Nesse caminho conheceu o sofrimento, a solidão, a perseguição.
Teve a tentação de largar tudo, mas não desistiu: "Senti dentro de mim um fogo ardente a me penetrar!..."
* É o grito humano de um coração dolorido, marcado pela incompreensão e pelo aparente fracasso na Missão...
Diante do sofrimento desanima, mas logo se reanima, movido por uma grande paixão por Deus.
É a experiência de todos os que acolhem a Palavra do Senhor e vivem em coerência com os valores de Deus

ATUALIZAÇÃO • Ser sinal de Deus e dos seus valores significa enfrentar a injustiça, a opressão. Deus nunca prometeu a nenhum profeta um caminho fácil de glórias e de triunfos humanos.
• No batismo, fomos ungidos como “profetas”, à imagem de Cristo. Somos a “boca” através da qual a Palavra de Deus ressoa no mundo e se dirige aos homens.
• O lamento de Jeremias é o grito de um coração humano dolorido, marcado pela incompreensão dos que o rodeiam, pelo abandono a que devotou a sua vida. É o mesmo lamento de tantos homens e mulheres, em tantos momentos dramáticos de solidão, de sofrimento, de incompreensão, de dor. É a expressão da nossa fragilidade, das nossas limitações, da nossa humanidade. É precisamente nessas situações que nos dirigimos a Deus e Lhe dizemos a falta que Ele nos faz e o quanto a nossa vida é vazia, sem sentido se Ele não nos estender a sua mão e descobrimos que, sem Deus e sem o seu amor, a nossa vida não faz sentido.

7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 62 (63)
A minh’alma tem sede de vós como a terra sedenta, ó meu Deus!
• Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! / Desde a aurora ansioso vos busco! /
A minh’alma tem sede de vós, / minha carne também vos deseja, /como terra sedenta e sem água!
• Venho, assim, contemplar-vos no templo, / para ver vossa glória e poder. /
Vosso amor vale mais do que a vida: / e por isso meus lábios vos louvam.
• Quero, pois, vos louvar pela vida / e elevar para vós minhas mãos! /
 A minh’alma será saciada, / como em grande banquete de festa; /
cantará a alegria em meus lábios, / ao cantar para vós meu louvor.

10. EVANGELHO (Mt 16, 21-27) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!” Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: “Vai para longe, satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!” Então Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida? Porque o filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta”.

AMBIENTE - a comunidade dos discípulos expressava a sua fé em Jesus como o “Messias, Filho de Deus”. Nesta fase, as multidões ficaram para trás e os líderes já decidiram rejeitar Jesus. Quem continua a acompanhar Jesus é o grupo dos discípulos. Eles acreditam que Jesus é o “Messias, Filho de Deus” e querem partilhar o seu destino de glória e de triunfo. Jesus vai, no entanto, explicar-lhes que o seu messianismo não passa por triunfos e êxitos humanos, mas pela cruz; e vai avisá-los de que viver como discípulo é seguir esse caminho da entrega e do dom da vida (cf. Mt 17,22-27).
Mateus escreve o seu Evangelho para comunidades cristãs do final do séc. I (anos 80). São comunidades instaladas, que já esqueceram o fervor inicial e que se acomodaram num cristianismo morno e pouco exigente. Com a aproximação de tempos difíceis (no horizonte próximo estão já as grandes perseguições do final do séc. I), é conveniente que os crentes recordem que o caminho cristão não é um caminho fácil, percorrido no meio de êxitos e de aplausos, mas é um caminho difícil, que exige diariamente a entrega e o dom da vida.

MENSAGEM - Depois do confronto de Jesus com os líderes judeus, estes rejeitaram a proposta do Reino, pensam em matá-lo. Jesus tem consciência disso; e anuncia que pretende continuar, até ao fim, os planos do Pai.
Pedro não está de acordo com este final e opõe-se ao seu destino de cruz. A oposição significa que a compreensão do mistério de Jesus ainda é muito imperfeita. Para ele, a missão do “Messias, Filho de Deus” é uma missão gloriosa e vencedora; e, na lógica de Pedro – que é a lógica do mundo – a vitória não pode estar na cruz e no dom da vida.
Jesus dirige-Se a Pedro com dureza, pois é preciso que os discípulos corrijam a sua perspectiva de Jesus e do plano do Pai que Ele vem realizar. O plano de Deus não passa por triunfos humanos, nem por esquemas de poder e de domínio; mas o plano do Pai passa pelo dom da vida e pelo amor até às últimas conseqüências. Ao pedir a Jesus que não embarque nos projetos do Pai, Pedro está repetindo as tentações que Jesus experimentou no início do seu ministério (cf. Mt 4,3-10); por isso, Mateus coloca na boca de Jesus a mesma resposta que, então, Ele deu ao diabo: “Retira-te, Satanás”. As palavras de Pedro – como as do diabo anteriormente – pretendem desviar Jesus do cumprimento dos planos do Pai; e Jesus não está disposto a transigir com qualquer proposta que O impeça de concretizar, com amor e fidelidade, os projetos de Deus.
Na segunda parte, Jesus apresenta uma instrução sobre as atitudes próprias do discípulo. Quem quiser ser discípulo de Jesus, tem de “renunciar a si mesmo”, “tomar a cruz” e seguir Jesus no seu caminho de amor, de entrega e de dom da vida. renunciar a si mesmo significa renunciar ao seu egoísmo e autossuficiência, para fazer da vida um dom a Deus e aos outros. Só assim ele poderá ser discípulo de Jesus e integrar a comunidade do Reino.
A cruz é a expressão de um amor total, radical, que se dá até à morte. Significa a entrega da própria vida por amor. “Tomar a cruz” é ser capaz de gastar a vida por amor a Deus e para que os irmãos sejam mais felizes.
No final Jesus convida-os a entender que oferecer a vida por amor não é perdê-la, mas ganhá-la. Quem é capaz de dar a vida a Deus e aos irmãos não fracassou; mas ganhou a vida eterna, a vida verdadeira que Deus oferece a quem vive de acordo com as suas propostas.
Em segundo lugar, os discípulos são convidados a perceber que a vida que gozam neste mundo não é a vida definitiva. Não devem, pois, preocupar-se em preservá-la a qualquer custo: devem é procurar encontrar, já nesta terra, essa vida definitiva que passa pelo amor total e pelo dom a Deus e aos outros. É essa a grande meta que todos devem procurar alcançar.
Em terceiro lugar, os discípulos devem pensar no seu encontro final com Deus: nessa altura, Deus dar-lhes-á a recompensa pelas opções que fizeram…

ATUALIZAÇÃO • A lógica dos homens (Pedro) e a lógica de Deus (Jesus). A lógica dos homens aposta no poder, no domínio, no triunfo, no êxito; garante-nos que a vida só tem sentido se estivermos do lado dos vencedores, se tivermos dinheiro em abundância, se formos reconhecidos e incensados pelas multidões, se tivermos acesso às festas onde se reúne a alta sociedade, se tivermos lugar no conselho de administração da empresa. A lógica de Deus aposta na entrega da vida a Deus e aos irmãos; garante-nos que a vida só faz sentido se assumirmos os valores do Reino e vivermos no amor, na partilha, no serviço, na solidariedade, na humildade, na simplicidade.
• Dar ouvidos à lógica do mundo e esquecer os planos de Deus é, para Jesus, uma tentação diabólica que Ele rejeita duramente.
• O que é “renunciar a si mesmo”? É não deixar que o egoísmo, o orgulho, o comodismo, a autossuficiência dominem a vida; mas vive para Deus e na solidariedade, na partilha e no serviço aos irmãos.
• O que é “tomar a cruz”? É amar até às últimas consequências, até à morte. O seguidor de Jesus é aquele que está disposto a dar a vida para que os seus irmãos sejam mais livres e mais felizes. Por isso, o cristão não tem medo de lutar contra a injustiça, a exploração, a miséria, o pecado, mesmo que isso signifique enfrentar a morte, a tortura, as represálias dos poderosos.
* Nós temos facilidade em aceitar a Cruz de Jesus, mas temos dificuldade, mesmo com fé, em aceitar a nossa cruz no nosso dia a dia.

8. SEGUNDA LEITURA (Rm 12, 1-2) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.

AMBIENTE - Paulo vai mostrar como deve viver aquele que é chamado à salvação.
Essas indicações práticas aparecem na segunda parte da Carta aos Romanos (cf. Rom 12,1-15,13). Aí Paulo apresenta um longo discurso exortativo, no qual convida os romanos (e os crentes em geral) a comportar-se de acordo com as exigências de batizados. Aderir a Cristo e acolher a salvação exige um comportamento coerente com os valores de Jesus e com a vida nova que Ele oferece. A adesão a Jesus implica assumir atitudes que sejam a expressão de vida nova.

MENSAGEM - A bondade e o amor de Deus convidam a uma resposta do homem. Paulo convida a oferecerem-se a si mesmo. Essa oferta será um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Oferecer a vida a Deus é o culto que Deus espera sobre quem derrama a sua misericórdia e a quem oferece a salvação.
Em primeiro lugar, não se conformar com “este mundo” – isto é, manter uma distância crítica em relação aos esquemas do mundo e aos valores sobre os quais este mundo de egoísmo e de pecado se constrói. Em segundo lugar, uma mudança de mentalidade que possibilite ao homem discernir qual é a vontade de Deus, a fim de poder percorrer, com fidelidade, os seus caminhos.
O “culto espiritual” de que Paulo fala é a entrega a Deus da totalidade da vida do homem. O cristão deve renunciar aos caminhos do egoísmo, do orgulho, da auto-suficiência, da injustiça e do pecado; e deve procurar conhecer os projetos de Deus, acolhê-los no coração e viver em coerência total com as suas propostas.

ATUALIZAÇÃO - • Para Paulo, o culto que Deus quer é a nossa vida, vivida no amor, no serviço, na doação, na entrega a Deus e aos irmãos.
• O cristão não pactua com um mundo que se constrói à margem dos valores de Deus.
* Para ressuscitar com Cristo, temos que acompanha–lo no seu caminho para a Cruz: aceitando as contrariedades e tribulações com paz e serenidade;
*A exigência do Senhor inclui renunciar à própria vontade para a identificar com a de Deus. São Tomás: “o menor bem da graça é superior a todo o bem do universo”(Suma Teológica, I-II, q. 113, a. 9).

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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O caminho da Cruz - Pe. Antônio Geraldo

A Liturgia convida os seguidores do Senhor  a descobrirem a "loucura da CRUZ"
e apresenta dois exemplos: JEREMIAS e PEDRO.

Na 1a Leitura, JEREMIAS descreve sua experiência de Cruz. (Jr 20,7-9)

"Seduzido" pelo Senhor, colocou toda a sua vida a serviço de Deus.
Nesse caminho conheceu o sofrimento, a solidão, a perseguição.
Teve a tentação de largar tudo, mas não desistiu: "Senti dentro de mim um fogo ardente a me penetrar!..."

* É o grito humano de um coração dolorido, marcado pela incompreensão e pelo aparente fracasso na Missão...
Diante do sofrimento desanima, mas logo se reanima, movido por uma grande paixão por Deus.
É a experiência de todos os que acolhem a Palavra do Senhore vivem em coerência com os valores de Deus

Na 2ª Leitura, Paulo convida os cristãos a oferecerem a própria vida a Deus.
Esse é o verdadeiro culto que agrada a Deus. (Rm 12,1-2)

No Evangelho, Jesus anuncia aos discípulos a sua Paixão e Cruz e avisa que o caminho dos discípulos é semelhante. (Mt 16,21-27)

- PEDRO não concorda e começa a "repreendê-lo".
- Jesus rejeita energicamente as insinuações de Pedro e diz:  "Afasta-se de mim, Satanás... não pensas as coisas de Deus...”  E acrescenta: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo,
  tome a sua CRUZ e me siga".
* Nós temos facilidade em aceitar a Cruz de Jesus, mas temos dificuldade, mesmo com fé, em aceitar a nossa cruz no nosso dia a dia.

+ A Experiência dos CATEQUISTAS
Como Jeremias e de Pedro, eles se deixam "seduzir" por Deus e aceitam cumprir essa grande missão. São inevitáveis as dificuldades, os sofrimentos e as perseguições.
Não obstante tudo isso, no final estão convencidas que valeu a pena.

Catequistas, obrigado, porque vocês também se deixaram "SEDUZIR" pelo Senhor...
O Autor sagrado lhes garante: "Felizes os pés que andam para anunciar boas novas".

                                                                    Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Françoá Costa  - Os sinônimos da caridade

Renuncia, Cruz, Sacrifício. São sinônimos da palavra “amor”. O Evangelho de hoje nos coloca naquelas dimensões do amor mais profundo e, portanto, autêntico. No centro de todo amor verdadeiro encontra-se o mistério da cruz, que é doação e entrega. Ao contrário do narcisismo, a caridade é principalmente “ágape”, amor oblativo. Já que falamos do narcisismo, é bom conhecer a lenda de Narciso, filho do rio Cefiso e de Leríope. Conta-se que esse jovem tinha uma beleza tão arrebatadora que ele mesmo, vaidoso de si, amou-se com tanto arroubo que, ao esquecer-se das necessidades mais básicas, acabou morrendo de fraqueza, mas contemplando-se a si mesmo com transportes de êxtase. “Isso sim que é exemplo de idiota!” – dirá alguém. E eu não poderei menos que concordar!
Um pai de família que está sempre pensando em si mesmo, nas suas coisas, nas suas vaidades, nas suas festas e nas suas coisinhas de trabalho e que, consequentemente, já não dá atenção à esposa e aos filhos, não se preocupa com a educação dos filhos, omite os detalhes de cortesia com os companheiros de trabalho, não procura escutar as preocupações da sua esposa com paciência e compreensão, esse tal ainda não compreendeu nem vivenciou as palavras de Jesus sobre a renúncia a si mesmo para segui-lo de perto, neste caso na vocação matrimonial. E a esposa que só olha para si mesmo e confia a educação dos filhos a terceiros, mas de maneira irresponsável; que faz questão de ser narcisista da própria beleza em salões que a detêm quase por tempos indeterminados; ou que já não se arruma e procura estar bonita para o próprio esposo; que não faz aquela comidinha que ele gosta tanto… Como poderá esperar a recompensa do nosso Pai do céu a uma caridade ativa (cfr. Mt 16,27)?”
Um jovem que não compreendeu a força do amor de Deus sempre encontra o amor cristão um pouco absurdo. Claro! Enquanto ele entender o amor como satisfação dos próprios apetites, o amor de Deus lhe parecerá, no pior dos casos, inclusive odioso. Neste sentido, uma das melhores maneiras de aprender a caridade é sendo generoso de verdade. Como é importante visitar os enfermos e compreender a alegria de fazer os outros alegres. É interessante visitar algum orfanato para aprender a generosidade de um sorriso infantil que nada pede. Cuidar dos outros e pensar neles, em como ajudá-los melhor, é, na verdade, um excelente remédio para descomplicar-se a si mesmo. Ainda que no começo se realize essas atividades de caridade pensando em si mesmo, pouco a pouco a força do amor convencerá do contrário: é preciso doar-se; é na entrega singela que se encontra a felicidade autêntica.
E o mesmo se diga com tantas outras coisas na nossa vida. Essas palavras de São Gregório Magno referidas a São Paulo são elucidativas: “[Paulo] suporta no exterior adversidades. Pois é rasgado pelas chicotadas, preso em cadeias. No interior, sente o medo de que seus sofrimentos sejam obstáculos não para si, mas para os discípulos… Ó entranhas de imensa caridade! Não se importa com aquilo que ele mesmo sofre e cuida de que os discípulos não sofram de alguma ideia perniciosa no coração. Despreza em si as feridas do corpo e sara nos outros as feridas do coração. Os justos têm isto de próprio: na dor de suas tribulações, não abandonam o interesse pelo bem do outro; e, sobretudo, estão atentos a ensinar o necessário aos outros e sofrem como grandes médicos doentes. Em si toleram as feridas profundas e prescrevem a outros os medicamentos salutares” (S. Gregório Magno, “Moralia in Iob”, 3, 39-40).
Escutei esta frase quando era um adolescente: “quem busca um Cristo sem cruz acabará encontrando uma cruz sem Cristo”. Passaram-se os anos, mas continuo convencido de que a frase é verdadeira. Além do mais, as pessoas que não amam a Deus e aos seus semelhantes também sofrem. Mas – pergunta-se – qual é o sentido do seu sofrimento? E no caso do cristão, acaso o sentido para os seus padecimentos e alegrias não se encontra no Cristo que nos salvou? Certamente. Ele se entregou por amor. Agora é a nossa vez: por amor também!

Pe. Françoá Costa

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Homilia de D. Henrique Soares - Mt 16,21-27

O Evangelho deste Domingo reflete um momento crítico da vida do Senhor Jesus. Ele sabe que será massacrado por seus inimigos, sabe que a vinda do Reino de Deus passaria pelo desastre da cruz. Agora, anuncia isso aos apóstolos: iria sofrer e morrer para ressuscitar. Pedro não compreende como isso possa ser possível, não aceita tal caminho para o Mestre: “Deus não permita tal coisa, Senhor!” Eis que drama, caríssimos: a atitude de Pedro é a de muitos de nós: não compreendemos o caminho do Senhor, seu sofrimento e sua cruz.
Esse caminho do Senhor está presente na nossa vida; e nós não somos capazes de acolhê-lo, de perceber aí o misterioso desígnio de Deus. Nossa lógica, infelizmente, é tão mundana, tão terra-terra, tão presa à humana racionalidade. A dura reprimenda do Senhor a Pedro vale também para nós: “Tu és para mim pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens”. Não nos iludamos: trata-se de duas lógicas sem acordo: não se pode abraçar a sede louca do mundo de se dar bem a qualquer custo, de possuir tudo, de viver sempre no sucesso e no acordo com todos e, ao mesmo tempo, ser fiel ao Evangelho, tão radical, tão contra a corrente. Vale para nós – valerá sempre – o desafio de Jesus: “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida?” Caros, olhem o Cristo, pensem no seu caminho e escutem a palavra do Senhor a nós, seus discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la!” Renunciar-se, tomar a cruz por causa de Jesus… por causa dele! Não há, não pode haver outro caminho para um cristão! Qualquer outra possibilidade é ilusão humana!
Caros meus, estejamos atentos, que o Deus de Jesus – e o próprio Jesus é Deus! – nos coloca em crise. Nosso Deus não é um Deus fácil, manipulável, domesticável: ele seduz, atrai, e sua sedução no coloca em crise porque nos faz pensas as coisas de Deus, não as dos homens e isso nos faz nadar contra a corrente. Por mais que quiséssemos, já não seria possível esquecê-lo, fazer de conta que não o encontramos um dia! É o drama do profeta Jeremias na primeira leitura deste hoje: “Tu me seduziste, Senhor! ”É o que afirma o coração do Salmista: “Sois vós, ó Senhor, o meu Deus: a minha alma tem sede de vós, como terra sedenta e sem água! Vosso amor vale mais do que a vida!”
Que fazer, meus caros? Por um lado, experimentamos a sede de Deus, a vontade louca de seguir de todo o coração o nosso Senhor Jesus, por outro lado, os apelos de um mundo soberbo e satisfeito consigo mesmo, atanazam o nosso coração… que fazer? Como abraçar sinceramente a lógica do Evangelho? Há só um modo de seguir adiante, de ser cristão de verdade: o caminho da conversão. Não é um caminho fácil: é difícil, doloroso, mas libertador. São Paulo, na segunda leitura de hoje, exorta-nos a tal caminho: “Eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual” Compreendem, irmãos? Compreendem, irmãs? Seguir o Cristo é entrar no seu caminho, é, em união com ele, fazer-se sacrifício agradável a Deus, deixando-se guiar e queimar pelo Espírito do Cristo crucificado e ressuscitado. E o Apóstolo nos previne claramente: “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”. Não tomar a forma do mundo, não viver como o mundo, com sua maneira de pensar e de avaliar as coisas. Só assim poderemos compreender a vontade de Deus – e ela passa pela cruz e ressurreição do Senhor!
Caríssimos, pensemos bem! Os cristãos não são mais perseguidos por soldados, já não são crucificados, jogados às feras ou queimados vivos. Hoje, o mundo nos combate invadindo nossa casa e nosso coração com tanta superficialidade e tanto paganismo, acirrando nossos instintos e explorando nossas fraquezas; hoje o mundo nos ataca nos ridicularizando, fazendo crer que o cristianismo é algo do passado, opressor e castrador… Quantos cristãos – até padres, freiras e teólogos – enganam-se e enganam pensando que se pode dialogar com o mundo… O mundo crucificou Jesus; o mundo crucifica o Evangelho; o mundo nos crucificará se formos fiéis ao Senhor. Estamos dispostos a pagar o preço? “O que poderá alguém dar em troca de sua vida?”
A única atitude realmente evangélica diante do mundo é o anúncio inteiro do Cristo, com todas as suas exigências – sem disfarçar, sem esconder, sem se envergonhar… E isso com paciência, com amor, com todo respeito.
Levantemo-nos, meus caros! Sigamos o Senhor até a cruz, para estar com ele na ressurreição. Amém.

D. Henrique Soares

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A Loucura da Cruz - Mons. José Maria Pereira

 

Em Mt 16, 21-27, Jesus anuncia aos discípulos a sua Paixão e Cruz e avisa que o caminho dos discípulos é semelhante. Pedro não concorda e começa a “repreendê-Lo”.
Jesus rejeita energicamente as insinuações de Pedro e diz: “Retira-te, Satanás! Queres fazer-me cair. Pensas de modo humano, não de acordo com Deus”(Mt 16,23).
Levado pelo seu imenso carinho por Jesus, Simão procura afastá-Lo do caminho da Cruz, sem compreender ainda que ela será um grande bem para a humanidade e a suprema demonstração do amor de Deus por nós. Comenta São João Crisóstomo: ”Pedro raciocinava humanamente e concluía que tudo aquilo- a Paixão e a Morte- era indigno de Cristo e reprovável.”
Pedro, naquele momento, não chega a entender que, por vontade expressa de Deus, a Redenção se tem de fazer mediante a Cruz e que “não houve meio mais conveniente de salvar a nossa miséria” (Sto. Agostinho).
Pensando apenas com uma lógica humana, é difícil entender que a dor, o sofrimento, aquilo que se apresenta como custoso, possa chegar a ser um bem. Até mesmo porque não fomos feitos para sofrer, pois todos aspiramos à felicidade.
O medo à dor é um impulso profundamente arraigado em nós, e a nossa primeira reação é de repulsa. Por isso, a mortificação, a penitência cristã, tropeça com dificuldades; não é fácil, e, ainda que a pratiquemos assiduamente, não acabamos nunca de acostumar-nos a ela.
A fé, no entanto, permite-nos ver - e experimentar - que sem sacrifício não há amor, não há alegria verdadeira, a alma não se purifica, não encontramos a Deus. O caminho da santidade passa pela Cruz, e todo o apostolado fundamenta-se nela. Ensinava o Papa João Paulo II: “A Cruz é o livro vivo em que aprendemos definitivamente quem somos e como devemos atuar. Este livro está sempre aberto diante de nós” (Alocução, 01/04/1980). Devemos aproximar-nos dele e lê-lo; nele aprendemos quem é Cristo, o seu amor por nós e o caminho para segui- Lo. Quem procura a Deus sem sacrifício, sem Cruz, não O encontrará. Para ressuscitar com Cristo, temos que acompanha – lo no seu caminho para a Cruz: aceitando as contrariedades e tribulações com paz e serenidade; sendo generosos na mortificação voluntária, que nos faz entender o sentido transcendente da vida e reafirma o senhorio da alma sobre o corpo. Devemos ter em conta que a Cruz que anuncia Cristo é escândalo para uns e loucura e insensatez para outros (cf. 1 Cor 1,23).
Hoje vemos também muitas pessoas que não sentem as coisas de Deus, mas as dos homens. Têm o olhar posto nas coisas da terra, nos bens materiais, sobre os quais se lançam sem medida, como se fossem os únicos reais e verdadeiros. Disse Álvaro Del Portilho: ”Este paganismo contemporâneo caracteriza-se pela busca do bem-estar material a qualquer custo, e pelo correspondente esquecimento – melhor seria dizer medo, autentico pavor- de tudo o que possa causar sofrimento. Com esta perspectiva, palavra como Deus, pecado , cruz, mortificação, vida eterna… acabam por ser incompreensíveis para um grande número de pessoas, que desconhecem o seu significado e sentido”.
Temos que lembrar a todos que não ponham o coração nas coisas da terra, que tudo é caduco, que envelhece e dura pouco. ”Todos envelhecerão  como uma veste” (Hb 1,11).Somente a alma que luta por manter-se em Deus permanecerá numa juventude sempre maior até que chegue o encontro com o Senhor. Todas as outras coisas passam, e depressa.
Jesus recorda-nos hoje: ”Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida?”(Mt 16,26).Antes, falou: ”Quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la.”
O cristão não pode passar por alto estas palavras de Jesus Cristo. Deve arriscar-se, jogar a vida presente em troca de conseguir a eterna. ”Que pouco é uma vida para oferecê-la a Deus!…”(Caminho, nº 4 20).
A exigência do Senhor inclui renunciar à própria vontade para a identificar com a de Deus, não aconteça que, como comenta São João da Cruz, tenhamos a sorte de muitos ”Que queriam que Deus quisesse o que eles querem, e entristecem-se de querer o que Deus quer, e têm repugnância em acomodar a sua vontade à de Deus. Disto vem que muitas vezes, no que não acham a sua vontade e gosto, pensam não ser da vontade de Deus e, pelo contrário, quando se satisfazem, crêem que Deus Se satisfaz, medindo também a Deus por si, e não a si mesmo por Deus”.
“O Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta”(Mt 16, 27). O Senhor, com estas palavras, situa cada homem, individualmente, diante  do Juízo Final. A salvação tem, pois, um caráter radicalmente pessoal!
O fim do homem não é ganhar os bens temporais deste mundo, que são apenas meios ou instrumentos; o fim último do homem é o próprio Deus, que é possuído como antecipação aqui na terra pela Graça, e plenamente e para sempre na Glória. Jesus indica qual é o caminho para conseguir esse fim: negar-se a si mesmo (isto é, tudo o que é comodidade, egoísmo, apego aos bens temporais) e levar a Cruz. Porque nenhum bem terreno, que é caduco, é comparável à salvação eterna da alma. Como explica São Tomás: “o menor bem da graça é superior a todo o bem do universo”(Suma Teológica, I-II, q. 113, a. 9).

Mons. José Maria Pereira


PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

LOUVOR:   (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O Senhor esteja convosco... – Demos graças ao Senhor, nosso Deus...
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: PAI, SEDE A NOSSA FORÇA NAS DIFICULDADES.
à Senhor, Nosso Pai, nós Vos louvamos pelos profetas que auxiliaram o povo na caminhada. Nós vos louvamos pelo vosso grande amor.  Pai, Vos pedimos por todos os que receberam o batismo, pois também são os profetas de hoje e devem testemunhar os valores do Reino. Que o vosso Espírito nos torne mais fortes.
T: PAI, SEDE A NOSSA FORÇA NAS DIFICULDADES.
à Pai, nós Vos damos graças e vos louvamos por nos enviar vosso filho para nos instruir no verdadeiro caminho da vitória. Nós Vos pedimos: renovai nosso pensar e ensinai-nos a reconhecer o que é bom, o que Vos é agradável para a salvação do mundo.
T: PAI, SEDE A NOSSA FORÇA NAS DIFICULDADES.
à Pai, Vos agradecemos e louvamos pela ressurreição de Jesus, e pela assunção de Maria. Através deles nos mostrastes que todos aqueles que lutam pelo vosso reino serão elevados em glória até Vós. Pai, nós Vos pedimos: Quando estivermos em dificuldades, desamparados, abandonados, sofrendo as amarguras desta vida, não nos desampareis com a vossa graça. Enviai vosso Espírito Santo para nos fortalecer na coragem. T: PAI, SEDE A NOSSA FORÇA NAS DIFICULDADES.
àPAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO...


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A, Jesus e a Igreja, Pedro e a Igreja,


21º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A
(Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Tema:
Cristo e a Igreja.
A primeira leitura -  “As chaves” não são um poder para si, mas para o serviço dos irmãos.
O Evangelho convida a acolher Jesus como “o Messias”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade à volta de Pedro, que dá testemunho de Jesus. À Igreja e a Pedro () é confiado as chaves; interpretar as palavras de Jesus.
Segunda leitura: Diante da sabedoria de Deus resta ao homem confiar, louvar, trabalhar e agradecer.

6. PRIMEIRA LEITURA (Is 22, 19-23) Leitura da Profecia de Isaías.
Assim diz o Senhor a Sobna, o administrador do palácio: “Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo. Acontecerá que neste dia chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias, e o vestirei com a tua túnica e colocarei nele a tua faixa, porei em suas mãos a tua autoridade; ele será pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá. Eu o farei levar aos ombros a chave da casa de Davi; ele abrirá e ninguém poderá fechar; ele fechará e ninguém poderá abrir. Hei de fixá-lo como estaca em lugar seguro e aí ele terá o trono da glória na casa de seu pai”.

AMBIENTE - Isaías nasceu 760 a.C., é um homem culto, decidido, enérgico, que frequenta os círculos de poder e fala com autoridade aos altos funcionários e mesmo aos reis. Defende os oprimidos, o povo explorado e convida continuamente o seu povo a viver no âmbito da Aliança. Isaías hoje leva-nos à época do rei Ezequias. Em 714 a.C., Ezequias manifestará uma certa propensão para alinhar em alianças políticas contra os assírios (que, desde o reinado de Acaz, mantêm Judá sob a sua autoridade). Em resposta, Senaquerib volta-se contra Judá e devasta-a… Em 701 a.C., Jerusalém é cercada pelos assírios e Ezequias tem de aceitar uma submissão ainda mais onerosa do que a anterior. Sobna e Eliacim são altos funcionários de Ezequias.

MENSAGEM - Sobna talhou “para si um sepulcro no alto e cavou para si na rocha um mausoléu”. Sobna utilizou o dinheiro do povo em futilidades num momento difícil para o povo. Ele irá ser despojado do seu poder (a túnica, o cinto, a chave do palácio), as quais serão revestidas por Eliacim.
O simbolismo das chaves é sugestivo: o mordomo do palácio, entre outras coisas, conservava em seu poder as chaves do palácio real, administrava os bens do soberano, fixava a abertura e o fechamento das portas e definia quais os visitantes a introduzir junto do soberano.
Isaías deposita grande esperança em Eliacim e na forma como ele desempenhará as suas funções. A referência à “estaca” (“estaca num lugar firme”), revela que Eliacim desempenhará as suas funções com grande firmeza.
Porque esta história? Ela prepara-nos para entender melhor o Evangelho que nos é hoje proposto. Define em que consiste o verdadeiro serviço “das chaves”, o serviço da autoridade: ser um bom pai e procurar o bem de todos.

ATUALIZAÇÃO • o poder é um serviço à comunidade. Quem exerce o poder, deverá fazê-lo com a solicitude, o cuidado, a bondade, a compreensão, a tolerância, a misericórdia, e também com a firmeza com que um pai conduz e orienta os seus filhos; é uma questão de amor. É a mesma lógica que os cristãos devem exigir, seja no exercício do poder civil, seja no âmbito da comunidade cristã.
• o exercício do poder só faz sentido enquanto está ao serviço do bem comunitário

7. SALMO RESPONSORIAL 137 (138)

Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! Completai em mim a obra começada!

• Ó Senhor, de coração eu vos dou graça, / porque ouvistes as palavras dos meus lábios! /
 Perante os anjos vou cantar-vos / e ante o vosso templo vou prostrar-me.
• Eu agradeço vosso amor, vossa verdade, / porque fizestes muito mais que prometestes; /
 naquele dia em que gritei, vós me escutastes / e aumentastes o vigor da minha alma.
• Altíssimo é o Senhor, mas olha os pobres / e de longe reconhece os orgulhosos. /
 Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! / Eu vos peço: não deixeis inacabada / esta obra que fizeram vossas mãos!

10. EVANGELHO (Mt 16,13-20) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e aí perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros, ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o filho do Deus vivo”. Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias.

AMBIENTE - Depois do êxito inicial do seu ministério, Jesus experimenta a oposição dos líderes e um certo desinteresse por parte do Povo. A sua proposta do Reino não é acolhida, senão por um pequeno grupo.
É, então, que Jesus dirige aos discípulos uma série de perguntas sobre si próprio. Não se trata, tanto, de medir a sua de popularidade; trata-se de tornar as coisas mais claras para os discípulos e confirmá-los na sua opção de seguir Jesus e de apostar no Reino.

MENSAGEM - Jesus interroga acerca do que as pessoas dizem dele e acerca do que os próprios discípulos pensam. A opinião dos “homens” vê Jesus em continuidade com o passado (“João Baptista”, “Elias”,...”). Reconhecem, que Jesus é um homem convocado por Deus e enviado ao mundo com uma missão – como os profetas do Antigo Testamento… Mas não vão além disso; Jesus é, apenas, um homem bom, justo, generoso, que Se esforçou por ser um sinal vivo de Deus, como tantos outros homens antes d’Ele. A opinião dos discípulos vai muito além: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. “o Cristo” significa que Ele é esse libertador enviado por Deus para libertar o seu Povo. o “Filho de Deus” designa relação particular com Deus, a quem Deus confiou uma missão e vive em total comunhão com Deus.
Na segunda parte a resposta de Jesus à confissão de fé da comunidade dos discípulos, pela voz de Pedro. Jesus felicita a Pedro (isto é, a comunidade). No entanto, essa fé não é mérito de Pedro, mas um dom de Deus. “a rocha” que é a base firme sobre a qual vai assentar a Ekklesia de Jesus é a fé que Pedro e a comunidade dos discípulos professam: a fé em Jesus como o Messias, Filho de Deus.
Para que seja possível a Pedro testemunhar que Jesus é o Messias Filho de Deus Jesus promete-lhe “as chaves do Reino dos céus” e o poder de “ligar e desligar”. A entrega das chaves equivale à nomeação do “administrador do palácio” de que falava a primeira leitura. Por outro lado, a expressão “atar e desatar” designava, entre os judeus da época, o poder para interpretar a Lei com autoridade, para declarar o que era ou não permitido, para excluir ou re-introduzir alguém na comunidade do Povo de Deus. Para interpretar as palavras de Jesus, para adaptar os ensinamentos a novas necessidades, e para acolher ou não novos membros na comunidade dos discípulos do Reino. Pedro é o protótipo do discípulo; É a essa comunidade, representada por Pedro, que Jesus confia as chaves do Reino e o poder de acolher ou excluir.

ATUALIZAÇÃO • Quem é Jesus? Muitos dos nossos conterrâneos vêem em Jesus um homem bom, um admirável “mestre”, mas que não conseguiu impor os seus valores. Estas visões apresentam Jesus como “um homem” excepcional, que marcou a história e deixou uma recordação.
• Para os discípulos, Jesus foi bem mais do que “um homem”. Ele foi e é “o Messias, o Filho de Deus vivo”. Defini-lo dessa forma significa reconhecer em Jesus o Deus que o Pai enviou ao mundo com uma proposta de salvação e de vida plena. A diferença entre o “homem bom” e o “Messias, Filho de Deus”, é a diferença entre alguém a quem admiramos e que é igual a nós, e alguém que nos transforma, e nos encaminha para a vida eterna.
• O que é a Igreja? é a comunidade dos discípulos que reconhecem Jesus como “o Messias, o Filho de Deus”.
• A Igreja de Jesus não é para ficar só a olhar para o céu, numa contemplação do “Messias, Filho de Deus”; mas para testemunhar a proposta de salvação que Cristo veio oferecer.

8. SEGUNDA LEITURA (Rm 11,33-36) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Ó profundidade da riqueza, sabedoria e da ciência de Deus! Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! De fato, quem conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem se antecipou em dar-lhe alguma coisa, de maneira a ter direito a uma retribuição? Na verdade, tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória para sempre. Amém!

AMBIENTE - Deus que prometeu a salvação a Israel,  não pode ser infiel às suas promessas. Hoje é a conclusão da reflexão de Paulo. Trata-se de um belíssimo hino de louvor e de adoração que exalta o desígnio salvador de Deus


MENSAGEM – Paulo contempla a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus. Os desígnios de Deus são misteriosos e ultrapassam a capacidade de compreensão do homem. Ao homem resta reconhecer a sua própria pequenez, e incapacidade de compreender Deus. Ao homem resta confiar em Deus, acolher sua Palavra e seguir os seus caminhos… O crente é aquele que se entrega nas suas mãos num hino de louvor: “glória a Deus para sempre. Amem”.

ATUALIZAÇÃO • Convida-nos a reconhecer a nossa incapacidade de entender os projetos de Deus e convida-nos que a admiração se transforme num cântico de adoração e de louvor.

Pe. Joaquim, Pe Barbosa, Pe. Carvalho
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Pe. Antônio Geraldo: Cristo e a Igreja

A Liturgia nos propõe hoje dois temas fundamentais da fé cristã: CRISTO e a IGREJA.

Na 1ª Leitura, Isaías mostra como uma pessoa se tornava ministro da casa real através da entrega das chaves do palácio real.  Eleaquim é aqui figura de Pedro a quem Jesus confiará o governo supremo do Povo de Deus.  (Is 22,19-23)

Essa imagem nos ajuda a entender melhor o Evangelho de hoje.

A 2ª Leitura é um convite a contemplar a Riqueza, a Sabedoria e a Ciência de Deus, que realiza o seu projeto de Salvação do homem. (Rm 11,33-36)

No Evangelho, vemos Jesus entregando a Pedro as chaves. (Mt 16,13-20)

Da adesão dos discípulos a Jesus, como "o Messias, Filho de Deus", nasce a IGREJA: a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada ao redor de Pedro.

O texto tem duas partes:
- A primeira, de caráter cristológico: Quem é Jesus Cristo?
- A segunda, de caráter eclesiológico: Que é a Igreja?

1. Jesus interroga os discípulos:
    O que as pessoas dizem dele e o que os discípulos pensam?
- Para os "homens" Jesus é um homem extraordinário, bom e justo, como tantos outros homens antes dele.
- Para Pedro e os discípulos, Jesus é muito mais:   "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" .

2. Jesus responde à confissão de fé

   A fé da comunidade dos discípulos, apresentada pela voz de Pedro, é o fundamento sobre o qual Jesus vai assentar a Igreja.

IGREJA: É a comunidade dos discípulos que reconhecem Jesus como "o Messias, o Filho de Deus".
Ela existe para testemunhar Cristo e para levar a todos os homens a proposta de salvação que ele veio oferecer.
Para isso, é confiado a Pedro e à Comunidade o "Poder das Chaves".
Uma missão particular para manter a unidade da fé em Cristo.
Lembra a nomeação do "Administrador do Palácio", de que fala a primeira leitura.

+ QUEM É CRISTO Hoje?

Apesar do secularismo cada vez mais difundido e de um abandono da prática e das tradições cristãs cada vez mais generalizado: é interessante notar como a pergunta continua atual:

- Para os JOVENS, Jesus representa a novidade, a contestação de uma sociedade e de um sistema envelhecido, árido, privado de fantasia e criatividade...
- Para as MASSAS OPRIMIDAS, Jesus aparece como o Libertador,   o símbolo de uma esperança, que não está somente num futuro misterioso...

- Para os AGENTES de Obras sociais, Jesus é um revolucionário, que luta  contra a injustiça, a opressão, a exploração do homem pelo homem...

- Até as pinturas apresentam hoje Jesus Cristo em vestes extravagantes e coloridas de um Hippie, ou de um barbudo guerrilheiro "procurado".

E NÓS também fazemos questão de ter uma IMAGEM de Cristo: de pedra, madeira, ferro, ouro, às vezes como peça preciosa de arte...

Seu NOME é cantado em festas, em momentos de alegria e até de boemia, e é recordado nos momentos de apuros, como último recurso...

Tudo isso revela uma realidade positiva: O nosso mundo não pode prescindir de Cristo.
Nossa História está tão marcada por ele, que não se pode ignorá-lo.

+ Quem é Jesus Cristo para mim?
Para responder, não basta procurar na memória alguma fórmula que aprendemos no catecismo, ou ouvimos de outros ou lemos nos livros.
É preciso procurar no coração, em nossa fé vivida e testemunhada.
Assim descobriremos o que Jesus representa, de fato, em nossa vida.

Cristo não é um personagem histórico morto do PASSADO.
Ele ressuscitou e está vivo.
- Ele vive ainda hoje no menor dos irmãos: vive no mendigo, no migrante, no bêbado, no revoltado, no pecador, no ladrão...
- Ele vive dentro de nosso coração. Ele vive em seus familiares, em seus irmãos. 
  Ele vive no coração de todos.
- Ele nos fala ainda HOJE no seu Evangelho: que devemos conhecer com fidelidade, que devemos viver com autenticidade, que devemos anunciar com renovado ardor missionário...

+ Lugares de encontro com Jesus Cristo (Doc. Aparecida 6.1.2) :

Na fé recebida e vivida na Igreja;
 na Sagrada Escritura;
na Sagrada Liturgia (especialmente na celebração dominical);
no Sacramento da Reconciliação;
na Oração pessoal e comunitária;
na Comunidade viva na fé e
no amor fraterno; nos pobres, aflitos e enfermos...

Descubra a felicidade de servir, de amar, de perdoar, e Cristo se encarnará em cada um de seus gestos, e se encarnará em cada rosto de pessoa humana que você encontrará ao longo de seu caminho.

+ Dia dos Ministérios Leigos:
Nesse domingo, a Igreja recorda e louva a vocação de tantos homens e mulheres que se dedicam incansavelmente na construção do Reino de Deus. A eles a nossa gratidão.

                                     

                                 Pe. Antônio Geraldo


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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:


LOUVOR:  (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALRAR)
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI!
à IRMÃOS E IRMÃS, DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O NOSSO DEUS...
T: Pai, fortalecei nossa fé e dai-nos coragem para anunciá-la.
à Pai de bondade, nós Vos louvamos porque enviastes profetas. Iluminados pelo Vosso Espírito, eles perceberam os sinais dos tempos e denunciaram o mal com coragem.
Nós Vos pedimos: tornai-nos profetas destemidos para anunciar o vosso Reino e denunciar as injustiças.
T: Pai, fortalecei nossa fé e dai-nos coragem para anunciá-la.
à Pai de bondade, Vós sois infinito no amor e na misericórdia. Com o apóstolo Paulo proclamamos a riqueza da Vossa sabedoria e da Vossa ciência. A Vós, glória e louvor! Dái-nos a Luz da sabedoria para que saibamos viver e anunciar o vosso amor. Nós Vos pedimos pelos pregadores, catequistas, missionários e pelos pais mensageiros da Vossa Palavra. Que o Vosso Espírito nos dê sabedoria para viver e ensinar.
T: Pai, fortalecei nossa fé e dai-nos coragem para anunciá-la.
à Pai de bondade, como Simão Pedro também proclamamos que Jesus é o Messias, o vosso Filho e nosso irmão. Nós Vos bendizemos, Pai! Nós Vos pedimos pela Igreja, pelo Papa Francisco, pelo nosso Bispo ...(Magella) pelos nossos padres e diáconos, para que anunciem mais fortemente o vosso Reino.
T: Pai, fortalecei nossa fé e dai-nos coragem para anunciá-la.
à Pai  Nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro de Deus...