19º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A 2014 10/08/14 (Adaptado e postado pelo Diácono
Ismael)
Dia da vocação para a vida em família
Tema: A revelação de Deus; Ele caminha conosco na nossa história.
Primeira leitura: Deus não se encontra nas manifestações espetaculares,
mas no silêncio, na humildade, na simplicidade, na interioridade.
O Evangelho: A comunidade do Reino não está sozinha: em Jesus, Deus vem ao encontro dos discípulos, dá-lhes a força para vencer a adversidade do mundo.
O Evangelho: A comunidade do Reino não está sozinha: em Jesus, Deus vem ao encontro dos discípulos, dá-lhes a força para vencer a adversidade do mundo.
A
segunda leitura: Convida-nos a
estarmos atentos às manifestações desse Deus e a não perdermos as oportunidades
de salvação que Ele nos oferece.
6. PRIMEIRA LEITURA (1Rs 19,9a.11-13a) Leitura do Primeiro Livro dos Reis.
Naqueles
dias, ao chegar ao Horeb, o monte de Deus, o profeta Elias entrou numa gruta,
onde passou a noite. E eis que a palavra do Senhor lhe foi dirigida nestes
termos: “Sai e permanece sobre o monte diante do Senhor, porque o Senhor vai
passar”. Antes do Senhor, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia
as montanhas e quebrava os rochedos. Mas o Senhor não estava no vento. Depois
do vento, houve um terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo. Mas o Senhor
não estava no fogo. E depois do fogo, ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa.
Ouvindo isso, Elias cobriu o rosto com um manto, saiu e pôs-se à entrada da
gruta.
AMBIENTE - Reino do Norte (Israel), reinado de Acab (873-
MENSAGEM - A peregrinação de Elias ao Sinai/Horeb é uma espécie de regresso aos inícios. Com Elias, é todo o Israel que regressa às suas origens, ao lugar do seu compromisso inicial com Deus e redescobrir a sua vocação de Povo da Aliança.
A
Moisés, Deus revelou-Se no meio de fenômenos naturais aterrorizadores. A Elias,
revelou-Se na “brisa ligeira”: Elias“cobriu o rosto com o manto”, já que o
homem não pode contemplar face a face o mistério de Deus.
Baal
era considerado, na mitologia Cananéia, o deus do trovão e da tempestade, que
fazia a terra tremer com a sua voz poderosa. A intenção do autor seria mostrar
que Jahwéh não Se manifesta em fenômenos assombrosos, mas sim na intimidade, na
tranqüilidade, no silêncio que ecoa no coração de quem procura a comunhão com
Deus. Jahwéh confia a Elias uma missão profética –: o encontro com Deus conduz
o homem a um compromisso com o mundo.
ATUALIZAÇÃO - • Devemos descobrir Deus no
silêncio, na simplicidade, na intimidade…
• Hoje como ontem, há outros deuses, outras
propostas de felicidade, que nos procuram seduzir e atrair… Há deuses que
gritam alto (em todos os canais de televisão?) a sua capacidade de nos oferecer
uma felicidade imediata; há deuses que, como um terremoto, fazem tremer as
nossas convicções e lançam por terra os valores que consideramos mais sagrados;
há deuses que, com a força da tempestade, nos arrastam para atitudes de
egoísmo, de prepotência, de injustiça, de comodismo, de ódio… Temos, de partir
ao encontro do Deus que fez conosco uma Aliança e que nos chama todos os dias à
comunhão com Ele…
• Na história de Elias (e na história de qualquer profeta), a descoberta de Deus leva ao compromisso, testemunho…
** Elias
tem razão: nos momentos de dúvida, de crise, voltar às origens, às raízes de
nossa fé; Elias volta ao Horeb procurando Deus. Lembrem que no caminho ele
chegou a desanimar e pedir a morte: “Agora basta, Senhor! Retira-me a
vida, pois não sou melhor que meus pais!” (1Rs 19,4). No entanto, o Senhor
o forçou a continuar o caminho: “Levanta-te e come, pois tens ainda um
longo caminho” (1Rs 19,7). Elias caminhou, mesmo com o coração cansado e
em trevas; assim, chegou ao Monte de Deus! Mas, também aí, no seu Monte, Deus
surpreende Elias – Deus sempre nos surpreende! O Profeta espera o Senhor e o
Senhor se revela, vai passar… Mas, não como Elias o esperava: não no vento que
destrói, não no terremoto, não no fogo que tudo devora… E o Senhor não estava
aí. Elias teve de descobrir sua Presença no murmúrio da brisa suave! • Na história de Elias (e na história de qualquer profeta), a descoberta de Deus leva ao compromisso, testemunho…
7. SALMO RESPONSORIAL / 84 (85)
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa
salvação nos concedei!
•
Quero ouvir o que o Senhor irá falar: /é a paz que ele vai anunciar. /
Está perto a salvação dos que o temem, / e a glória
habitará em nossa terra.
•
A verdade e o amor se encontrarão, / a justiça e a paz se abraçarão; /
da terra brotará a fidelidade, / e a justiça olhará
dos altos céus.
•
O Senhor nos dará tudo o que é bom, / e a nossa terra nos dará suas colheitas;
/
a justiça
andará na sua frente, / e a salvação há de seguir os passos seus.
10. EVANGELHO (Mt
14,22-33) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Depois da
multiplicação dos pães, Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e
seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as
multidões. Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A
noite chegou e Jesus continuava ali, sozinho. A barca, porém, já longe da
terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pelas três horas da
manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos
o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: “É um
fantasma”. E gritaram de medo. Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu.
Não tenhais medo!”. Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao
teu encontro, caminhando sobre a água”. E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu
da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu
o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!”
Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro e lhe disse: “Homem fraco na fé, por
que duvidaste?” Assim que subiram no barco, o vento se acalmou. Os que estavam
no barco prostraram-se diante dele, dizendo: Verdadeiramente, tu és o Filho de
Deus!”
AMBIENTE - No domingo passado, Jesus mostrou-lhes que os bens são um dom de Deus, a ser partilhado – isto é, uma comunidade fraterna de amor e de partilha, que se senta à mesa de Deus e que d’Ele recebe vida em abundância. Para os judeus, Mar era o lugar onde habitavam os monstros, os demônios que se opunham e à felicidade do homem; e só o poder de Deus podia salvá-lo …– O Evangelho, escrito na década de 80, se destina a uma comunidade que já esqueceu o seu entusiasmo inicial por Jesus. Avizinham-se grandes perseguições… A comunidade só poderá subsistir se confiar em Jesus, na sua presença, na sua proteção.
MENSAGEM - os discípulos estão sozinhos. Essa viagem não é fácil … É de noite; o barco é açoitado pelas ondas com vento contrário. Os discípulos estão preocupados, pois Jesus não está com eles… A “noite” representa as trevas, a escuridão, a confusão, a insegurança em que “navegam” através da história … As “ondas” representam a hostilidade do mundo… Os “ventos”, a resistência ao projeto de Jesus. Se sentem perdidos, sozinhos, incapazes de enfrentar as tempestades… É aí, que Jesus manifesta a sua presença. Ele vai ao encontro dos discípulos “caminhando sobre o mar”. Na catequese judaica, só Deus “caminha sobre o mar”; só Ele acalma as ondas e as tempestades. Jesus é, portanto, o Deus que vela pelo seu Povo e que não deixa que as forças da morte (o “mar”) o destruam. A expressão “sou Eu” reproduz a fórmula de identificação com que Deus se apresenta aos homens no Antigo Testamento; e a exortação “tende confiança, não temais” transmite aos discípulos a certeza de que nada têm a temer porque Jesus, o Deus que vence as forças da morte e da opressão da caminhada histórica e dá-lhes a força para vencer a adversidade do mundo. Pedro sai do barco e vai ao encontro de Jesus; mas, assustando-se com a violência do vento, começa a afundar-se e pede a Jesus que o salve. Jesus censura a sua pouca fé e as suas dúvidas. Os discípulos debatem-se entre a confiança em Jesus e o medo, mas que se deixam abalar quando chegam as perseguições, os sofrimentos, as dificuldades… Então, começam a afundar-se pelo “mar” da morte, da frustração, do desânimo, da desilusão… No entanto, Jesus lá está para lhes estender a mão e para os sustentar.
Finalmente,
a desconfiança dos discípulos transforma-se em fé firme: “Tu és
verdadeiramente o Filho de Deus”. É para aqui que converge todo o relato. O
Senhor da vida e da história que acompanha a caminhada dos seus, que lhes dá a
força para vencer as forças da opressão e da morte, que lhes estende a mão
quando eles estão desanimados e com medo e não os deixa afundar.
ATUALIZAÇÃO • enviados à “outra margem”, a convidar todos os homens para o banquete do Reino e a oferecer-lhes o alimento com que Deus mata a fome de vida e de felicidade dos seus.
• A caminhada do Reino não é um caminho fácil. A comunidade (o “barco”) tem de abrir caminho através de um mar de dificuldades. Todos os dias o mundo nos mostra que os valores em que acreditamos estão ultrapassados. E que só seremos competitivos e vencedores quando usarmos as armas do poder, do orgulho, da prepotência, da ganância…
ATUALIZAÇÃO • enviados à “outra margem”, a convidar todos os homens para o banquete do Reino e a oferecer-lhes o alimento com que Deus mata a fome de vida e de felicidade dos seus.
• A caminhada do Reino não é um caminho fácil. A comunidade (o “barco”) tem de abrir caminho através de um mar de dificuldades. Todos os dias o mundo nos mostra que os valores em que acreditamos estão ultrapassados. E que só seremos competitivos e vencedores quando usarmos as armas do poder, do orgulho, da prepotência, da ganância…
•
“tende confiança. Sou Eu. Não temais”. Mesmo quando a sua fé vacila, eles sabem
que a mão de Jesus está lá, estendida, para que eles não sejam submergidos
pelas forças do egoísmo, da injustiça, da morte. Nada nem ninguém poderá roubar
a vida àqueles que lutam para instaurar o Reino. Jesus, vivo e ressuscitado,
não deixa nunca que sejamos vencidos.
** Na nossa vida também Deus se dá a conhecer. Umas vezes
será de forma dramática, com tempestade, seguida dum período de
calma. É o caso relatado no Evangelho. Outras, como vento forte que
tudo derruba. Foi o que aconteceu a Saulo, no caminho de Damasco. O mais
frequente todavia será como uma ligeira brisa no
fim dum dia sufocante.
** Na Bíblia, quando Deus vem visitar o homem, há sempre silêncio (Hab
2, 20; Sof 1, 7; Is 41, 1; Apoc 8).
Não é no meio da noite, no silêncio (Lc 2,8) que o Verbo de Deus feito
carne nasce Menino no presépio de Belém? E que dizer do silêncio do Sacrário
onde Jesus está vivo e glorioso como no Céu, sempre a interceder por nós?** Lá vamos nós, a Igreja, no meio da noite, navegando com dificuldade porque a barca da vida é agitada pelos ventos… e Jesus vem ao nosso encontro, caminhando sobre as águas! Em Jesus, Deus vem ao nosso encontro, em nosso socorro: “Coragem! Sou eu! Não tenhais medo!” EU SOU! É o nome do próprio Deus como se revelou no deserto! Deus de Moisés, de Elias, Deus presente para nós
Então, digamos como Pedro: “Senhor, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre á água!” Ir ao encontro de Jesus, caminhando sobre as águas do mar da vida! Peçamos sim, como Pedro, mas não façamos como Pedro que, desviando o olhar de Jesus, começou a afundar! Deus é tão bom que, ainda que às vezes, façamos a tolice de Pedro, podemos ainda como Pedro gritar: “Senhor, salva-me!”, porque somos de pouca fé! Salva tua Igreja, salva cada um de nós das imensas águas do mar da vida! E tu vens! Sabemos que vens na graça da Palavra, no dom da Eucaristia e de tantos outros modos discretos…
8. SEGUNDA LEITURA (Rm 9,1-5) Leitura da
Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos, não
estou mentindo, mas, em Cristo, digo a verdade, apoiado no testemunho do
Espírito Santo e da minha consciência. Tenho no coração uma grande tristeza e
uma dor contínua, a ponto de desejar ser eu mesmo segregado por Cristo em favor
de meus irmãos, os de minha raça. Eles são israelitas. A eles pertencem a
filiação adotiva, a glória, as alianças, as leis, o culto, as promessas e
também os patriarcas. Deles é que descende, quanto à sua humanidade, Cristo, o
qual está acima de todos, Deus bendito para sempre! Amém!
AMBIENTE - Paulo se preocupa: que acontecerá a Israel, o Povo eleito de Deus?
Israel ficará à margem da salvação? Paulo procura responder nos capítulos 9-11
da Carta aos Romanos.
O texto que nos é proposto é a introdução a esta questão.
O texto que nos é proposto é a introdução a esta questão.
MENSAGEM - O problema da salvação de Israel incomoda tanto a Paulo, que ele até aceitaria tornar-se “anátema” (equivale a “maldito” e implicava a exclusão da comunidade) e ser separado de Cristo, se isso servisse para que o Povo judeu aceitasse a salvação que Deus lhe oferece. Israel é, até, o Povo do qual nasceu Cristo; ora, esse Cristo que “está acima de todas as coisas” deixará o seu Povo “segundo a carne” entregue à morte? Paulo mostrará que Deus é fiel às suas promessas e que nunca falha… Ele tem os seus planos; e a desobediência atual de Israel deverá fazer parte dos planos de Deus. Paulo acabará, no final da secção, por manifestar a sua convicção de que a misericórdia de Deus se derramará também sobre Israel.
ATUALIZAÇÃO • Paulo sente a infelicidade do seu
Povo. A obstinação de Israel em recusar a salvação fá-lo sentir “uma grande
tristeza”.
• Todos
conhecemos irmãos que vivem numa indiferença face à Vida plena que Deus lhes
quer dar.
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho
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Onde está Deus?
Muitas vezes nos perguntamos: "Onde está Deus?"
"Onde o podemos encontrar?"
As Leituras de hoje têm duas cenas muito bonitas, que
mostram como Deus SE REVELA.
Na 1a Leitura, Deus se revela a Elias, na BRISA suave. (1Rs
19,9a.11-13)
Cansado e
perseguido de morte por Jesabel, Elias foge para o deserto, a caminho do Monte
Horeb, onde Moisés se encontrara com Deus...
- Lá, Elias o esperava no vento, no terremoto, no fogo, mas
ele não estava lá.
Deus vai ao seu encontro de uma forma completamente
diferente: "no sopro suave de uma
BRISA..." e ali lhe fala...
* Deus geralmente se manifesta na humildade, na
simplicidade, na interioridade.
Por isso, é preciso calar o ruído excessivo, moderar a
atividade desenfreada, encontrar tempo para consultar o coração, para
interrogar a Palavra de Deus, para perceber a sua presença e as suas
indicações, nos sinais, quase sempre discretos, que ele deixa na história e em
nossa vida.
Na 2ª Leitura, Paulo fala que Deus se revelou,
oferecendo a todos uma proposta de Salvação, mas o seu povo
infelizmente a rejeitou. (Rm 9,1-5)
No Evangelho, Deus
se revela na TEMPESTADE. (Mt
14,22-33)
- Jesus envia os discípulos em missão na outra margem do
lago e, cansado, retira-se da
multidão... vai ao monte para rezar...
- Enquanto isso, os apóstolos navegam "de noite"
preocupados, na barca agitada pelos ventos contrários.
- Jesus interrompe o descanso... vai ao encontro, "caminhando sobre o MAR".
- Eles o confundem: "É
um fantasma..."
- E Jesus se identifica: "Coragem,
SOU EU, não tenham MEDO".
- Pedro o desafia: "Se
és Tu, manda-me caminhar sobre as águas".
- Jesus aceita: "Vem!"
- Pedro vai ao encontro de Jesus; mas, assustado pelo vento,
começa a duvidar e afundar. Então grita por socorro: "Salva-me, Senhor!".
- Jesus antes estende a mão e depois o questiona: "Por que duvidaste, homem de pouca
fé?"
- Jesus entra na Barca e a tempestade se acalma.
- Então todos se prostram em adoração diante de Jesus,
dizendo: "Verdadeiramente Tu és o
Filho de Deus".
* Deus se manifesta em meio às dificuldades, aos ventos da
tempestade.
Enquanto Jesus está em diálogo com o Pai, os discípulos estão sozinhos, em
viagem pelo lago. Essa viagem, no entanto, não é fácil e serena… É de noite; o
barco é açoitado pelas ondas e navega dificilmente, com vento contrário. Os
discípulos estão inquietos e preocupados, pois Jesus não está com eles…
Esse BARCO é a
COMUNIDADE CRISTÃ:
A "noite"
representa as trevas, a escuridão, a confusão, a insegurança em que tantas
vezes "navegam" através da história os discípulos de Jesus, sem
saberem exatamente que caminhos percorrer nem para onde ir…
As "ondas"
representam a hostilidade do mundo, que bate continuamente contra o barco em
que viajam os discípulos…
Os "ventos
contrários" representam as resistências ao projeto de Jesus.
Os discípulos de Jesus se
sentem perdidos, sozinhos, abandonados, desanimados, desiludidos, incapazes de
enfrentar as tempestades que as forças da morte e da opressão (o "mar")
lançam contra eles…
É precisamente aí, que
Jesus manifesta a sua presença.
Ele vai ao encontro dos
discípulos "caminhando sobre o mar".
O episódio reflete a
fragilidade da fé dos discípulos, quando tiveram de enfrentar as forças adversas,
sem a presença de Jesus na barca.
Os discípulos seguem a Jesus
de forma decidida, mas se deixam abalar quando chegam as perseguições, os
sofrimentos, as dificuldades…
Então, começam a afundar
e a ser submergidos pelo "mar" da morte, da frustração, do desânimo,
da desilusão…
No entanto, Jesus lá está
para lhes estender a mão e para os sustentar.
Finalmente, a
desconfiança dos discípulos transforma-se em fé firme: "Tu és
verdadeiramente o Filho de Deus".
Esse texto é uma CATEQUESE
sobre a caminhada da Comunidade de Jesus, enviada à "outra margem",
para convidar todos para o banquete do Reino e a oferecer-lhes o alimento com
que Deus mata a fome de vida e de felicidade dos seus filhos.
- A caminhada não é um caminho
fácil.
A comunidade (o
"barco") dos discípulos deve abrir caminho através de um mar de dificuldades,
pela hostilidade dos adversários do Reino e pela recusa do mundo em acolher os projetos
de Jesus.
- Os discípulos devem estar conscientes
da presença de Jesus.
O "fantasma" do
MEDO desvanece e as crises de fé são superadas, quando aceitamos a presença de
Deus em nossa vida pessoal e comunitária.
Ele continua a garantir: "Coragem!
Sou Eu. Não tenhais medo".
Quando Cristo entra
na BARCA, o vento e as ondas param... e volta a tranqüilidade... a paz.
Pe. Antônio
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Homilia do Pe.
Françoá Costa
Silêncio eloquente
Esforço, suor, dor nas pernas, sol quente, cansaço. São palavras que
expressam o final de um caminhar que chega ao cume de uma alta montanha e que
tem como resultado o sabor da vitória e da alegria. Lembro-me daquele rapaz
cheio de energia, mas pouco animado a escalar: a marcha custava-lhe muito e o
desejo de que chegasse logo ao fim daquilo que ele julgava um grande sacrifício
era colossal. Finalmente, passadas as cinco horas previstas, tudo era alegria e
o nosso jovem tinha uma expressão de vitória no rosto. Maravilhado com a vista
que a natureza lhe proporcionava, brotava de todo o seu ser um estremecimento
cheio de agradecimento. Tudo era grandeza ao seu redor e ele sentiu-se
realmente localizado na criação: era um ser quase insignificante, mas era o único
capaz de apreciar e explicar algo daquilo que ele admirava.Há muita poesia acerca das montanhas. Lembrava-me disso porque o Evangelho de hoje narra que Jesus “subiu à montanha para orar na solidão” (cfr. Mt 14,23). Ele ficou rezando lá naquela montanha até à quarta vigília, ou seja, até às três horas da madrugada, aproximadamente. Que medo! Ficar sozinho numa montanha até a essas altas horas deve ser terrível: o silêncio acompanhado de pequenas interrupções dos habitantes naturais daquele espaço, a escuridão iluminada apenas pela tênue luz duma noite pouco estrelada, a solidão que parece fazer-se acompanhada pela sensação de que a qualquer momento alguém poderia aparecer e fazer-nos dano. Enfim, a noite é misteriosa, mas numa montanha ela pode ser verdadeiramente pavorosa.
Além do mais, Jesus ficou rezando durante umas oito horas porque – diz o Evangelho – Jesus começou a rezar quando chegou a noite e ficou rezando até às três. Muita oração! Quando procuramos estar atentos à grande atividade de Jesus durante o dia junto aos sedentos da Palavra de Deus, junto aos enfermos e aos atormentados por maus espíritos, junto aos fariseus e junto às pessoas de má vida, ficamos admirados de que ele ainda tenha forças para estar durante tantas horas acordado em oração vigilante ao seu Pai do céu. Dá vontade de ficar detrás de uma daquelas grandes árvores e espiar a oração de Jesus com grande curiosidade. Certamente, ao estar lá ou no caso de que pudéssemos obter alguma resposta a respeito daqueles acontecimentos misteriosos, não duvidaríamos em perguntar até mesmo àquelas montanhas e árvores que testemunharam aqueles momentos intensos de diálogo entre o Pai, Jesus e o Espírito Santo.
Jesus não temia o silêncio nas montanhas porque a ausência de palavras daquela noite estava preenchida pelo diálogo com quem ele tanto amava: o seu Pai. Curiosamente, até para rezar se promove o ruído hoje
O silêncio é para que aprofundemos na palavra interior que levamos, para que falemos com Deus sobre essas coisas que estão no nosso coração, para que resolvamos as nossas dificuldades à luz da Palavra que sempre existiu no coração do Pai, o seu Filho que se fez carne.
A experiência da “solidão” acompanhada por Jesus é maravilhosa. As pessoas que cultivam uma autêntica vida interior sentem uma necessidade imperiosa de momentos de silêncio, de consideração e, em definitiva, de oração, que bem pode ser definida como um “falar com Deus”. E por que Jesus rezava tanto e durante tantas horas? Ora, simplesmente por que ele ama o Pai e gosta de estar muitas horas com a Pessoa amada. Não é esta uma luz para que descubramos o porquê do tédio que às vezes experimentamos na oração, o porquê da pressa para terminar a nossa meditação da Palavra de Deus, o porquê de tantas orações vocais sem a consideração do que estamos dizendo a Deus, o porquê rezamos pouco? Será que amamos de verdade o nosso Pai do céu? Esses momentos de oração durante o dia, constantes ainda que poucos, nos ajudarão a ser “contemplativos no meio do mundo”, isto é, no nosso trabalho, na nossa família, nas relações sociais do dia a dia.
Pe. Françoá Costa
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Homilia de D. Henrique Soares
Mt 14,22-23
A Escritura deste Domingo fala-nos de um Deus que é grande demais, misterioso demais, inesperado e surpreendente demais para que possamos enquadrá-lo na nossa lógica e no nosso modo de pensar. Eis, caríssimos! Uma grande tentação para o homem é achar que pode compreender o Senhor, enquadrar seu modo de agir e dirigir o mundo com a nossa pobre e limitada lógica… Mas, o Deus verdadeiro, o Deus que se revelou a Israel e mostrou plenamente o seu Rosto
Pensemos nesta misteriosa e encantadora primeira leitura, do Livro dos Reis. Elias, em crise, fugindo de Jezabel, caminha para o Horeb; ele quer encontrar suas origens, as fontes da fé de Israel. Recordem que o Horeb é o mesmo monte Sinai, a Montanha de Deus. Elias tem razão: nos momentos de dúvida, de crise, de escuridão, é indispensável voltar às origens, às raízes de nossa fé; é indispensável recordar o momento e a ocasião do nosso primeiro encontro com o Senhor e nele reencontrar as forças, a inspiração e a coragem para continuar. Pois bem, Elias volta ao Horeb procurando Deus. Lembrem que no caminho ele chegou a desanimar e pedir a morte: “Agora basta, Senhor! Retira-me a vida, pois não sou melhor que meus pais!” (1Rs 19,4). No entanto, o Senhor o forçou a continuar o caminho: “Levanta-te e come, pois tens ainda um longo caminho” (1Rs 19,7). Pois bem, Elias caminhou, teimou em procurar o seu Deus, mesmo com o coração cansado e em trevas; assim, chegou ao Monte de Deus! Mas, também aí, no seu Monte, Deus surpreende Elias – Deus sempre nos surpreende! O Profeta espera o Senhor e o Senhor se revela, vai passar… Mas, não como Elias o esperava: não no vento impetuoso que força tudo e destrói tudo quanto encontra pela frente, não no terremoto que coloca tudo abaixo, não no fogo que tudo devora… Eis: três fenômenos que significam força, que causam temor, que fazem o homem abater-se… E o Senhor não estava aí. Muito tempo antes, quando foi entregar a Moisés as tábuas da Lei, Deus se manifestara no fogo, no vento e no terremoto: “Houve trovões, relâmpagos e uma espessa nuvem sobre a montanha… E o povo estava com medo e pô-se a tremer… Toda a montanha do Sinai fumegava, porque o Senhor desceu sobre ela no fogo… e toda a montanha tremia violentamente” (Ex 19,16.18). Mas, agora, o Senhor não está no vento impetuoso nem no terremoto nem no fogo… Elias teve de reconhecê-lo, de descobrir sua Presença no murmúrio da brisa suave! – Ah, Senhor! Como teus caminhos são imprevisíveis! Quem pode te reconhecer senão quem a ti se converte? Quem pode continuar contigo se pensar em dobrar-te à própria lógica e à própria medida? Tu és livre demais, grande demais, surpreendente demais! Não há Deus além de ti; tu, que convertes e educas o nosso coração! Elias te reconheceu e cobriu o rosto com o manto, saiu ao teu encontro e te viu pelas costas… Pobres dos homens deste século XXI, que tão cheios de si mesmos, querem te enquadrar à própria medida e, por isso, não te vêem, não te reconhecem, não experimentam a alegria e a doçura da tua Presença!
E, no entanto, meus irmãos, as surpresas de Deus não param por aí! O mais surpreendente ainda estava por vir. Não havia chegado ainda a plenitude do tempo! Pois bem! Na plenitude do tempo, veio a plenitude da graça: Deus enviou o seu Filho ao mundo; ele veio pessoalmente! Não mais no vento, não mais no fogo, não mais no terremoto, não mais pelos profetas! Ele veio pessoalmente, ele, em Jesus: “Quem me vê, vê o Pai. Eu e o Pai somos uma coisa só” (Jo 14,9; 12,45). Por isso mesmo, São Paulo afirma hoje claramente que “Cristo, o qual está acima de todos, é Deus bendito para sempre!” É por essa fé que somos cristãos, meus irmãos! Jesus é Deus, o Deus Santo, o Deus Forte, o Deus Imortal, o Deus de nossos Pais! Nele o Pai criou todas as coisas, por Ele o Pai tirou Abraão de Ur dos Caldeus, por Ele o Pai abriu o Mar Vermelho, por Ele, deu o Maná ao seu povo, sobre Ele fez os profetas falarem e, na plenitude dos tempos no-lo enviou a nós! Surpreendente, o nosso Deus; surpreendente como vem a nós!
Lá vamos nós, lã vai a Igreja, no meio da noite deste mundo, navegando com dificuldade porque a barca da vida é agitada pelos ventos… e Jesus vem ao nosso encontro, caminhando sobre as águas! Em Jesus, Deus vem vindo ao nosso encontro, em Jesus, vem em nosso socorro… E, infelizmente, confundimo-lo com um fantasma, etéreo, irreal. E ele no diz mais uma vez: “Coragem! Sou eu! Não tenhais medo!” Atenção para esta frase do Senhor: “Coragem, EU SOU! Não tenhais medo!” EU SOU! É o nome do próprio Deus como se revelou no deserto! Deus de Moisés, de Elias, Deus feito pessoalmente presente para nós
Então, caríssimos, digamos como Pedro: “Senhor, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre á água!” Ir ao encontro de Jesus, caminhando sobre as águas do mar da vida! Todos temos de pedir isso, de fazer isso! Peçamos sim, como Pedro, mas não façamos como Pedro que, desviando o olhar de Jesus, colocando a atenção mais na profundeza do mar e na força do vento que no poder amoroso e fiel do Senhor, começou a afundar! Assim acontecerá conosco, acontecerá com a Igreja, se medrosos, olharmos mais para o mar e a noite que para o Senhor que vem a nós com amor onipotente! E Deus é tão bom que, ainda que às vezes, façamos a tolice de Pedro, podemos ainda como Pedro gritar de todo o coração: “Senhor, salva-me!” Salva-nos, Senhor, porque somos de pouca fé! Salva tua Igreja, salva cada um de nós das imensas águas do mar da vida, do sombrio e escuro mar encrepado na noite opaca de nossa existência! Tu, que durante a noite oravas e vias o barco navegando com dificuldade, do teu céu, olha para nós e vem ao nosso encontro! E tu vens! Sabemos que vens na graça da Palavra, no dom da Eucaristia e de tantos outros modos discretos… Cristo-Deus, ajuda-nos a reconhecer-te, a caminhar ao teu encontro, vencendo as águas do mar da vida! Amém.
D. Henrique Soares da Costa
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Homilia do Mons. José
“Salva-me, Senhor!”
O Evangelho (Mt 14,22-33) nos mostra Jesus enviando os discípulos em missão
na outra margem do lago e, cansado, retira-se da multidão… vai ao monte, para
orar a sós. Enquanto isso os apóstolos navegam, de noite, preocupados, na barca
agitada pelos ventos contrários. Jesus interrompe o descanso e vai ao encontro
deles, caminhando sobre o mar. Eles o confundem: É um fantasma…” .Jesus
se identifica: “Coragem! SOU EU, não tenham medo”. Pedro o desafia: “Se és Tu,
manda-me caminhar sobre as águas”. Jesus aceita: “Vem!”Pedro vai ao encontro de Jesus; mas, assustado pelo vento, começa a duvidar e afundar. Então grita por socorro: “Salva-me, Senhor!”. Jesus estende a mão e depois o questiona: “Por que duvidaste, homem de pouca fé?” Jesus entra na barca e a tempestade se acalma. Então todos se prostraram em adoração diante de Jesus, dizendo: “Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus”
O texto bíblico quer nos mostrar que a pouca fé do cristão torna-o medroso nos perigos, abatido nas dificuldades e, por isso, corre o risco de naufragar. Mas, ali onde a fé é viva, onde não se duvida do poder de Jesus e da sua presença contínua na Igreja, não há perigo de naufrágio, porque a mão do Senhor estende-se invisivelmente para salvar a barca da Igreja e cada cristão em particular.
Se a nossa vida se passar no cumprimento fiel do que Deus quer de nós, nunca nos faltará a ajuda divina. Na fraqueza, na fadiga, nas situações de maior dificuldade, Jesus irá se aproximar de nós, de modo inesperado, e nos dirá: “Sou Eu, na temais”. Ele nunca abandona os seus amigos, e muito menos quando o vento das tentações, do cansaço ou das dificuldades nos é contrário. Ensina Santa Teresa: “Se tiverdes confiança n’Ele e ânimo animosos, que Sua Majestade é muito amigo disso, não tenhais medo de que vos falte coisa alguma”.
Quando Pedro começou a afundar-se, para voltar à superfície, teve que segurar a mão forte do Senhor, seu Amigo e seu Deus. Não era muito, mas era o esforço que Deus lhe pedia; é a colaboração da boa vontade que o Senhor sempre nos pede.
Esse pequeno esforço que o Senhor pede aos seus discípulos de todos os tempos para tirá-los de uma má situação, pode ser muito diverso: intensificar a oração; cortar decididamente com uma ocasião próxima de pecar; obedecer com prontidão e docilidade de coração aos conselhos recebidos na confissão e na conversa com o diretor espiritual… Não nos esqueçamos nunca da advertência de São João Crisóstomo: “Quando falta a nossa cooperação, cessa também a ajuda divina”. Ainda que seja o Senhor quem nos tira da água.
Temos de aprender a nunca desconfiar de Deus, que não se apresenta apenas nos acontecimentos favoráveis, mas também nas tormentas dos sofrimentos físicos e morais da vida: “Tende confiança, sou Eu, não temais!”. Deus nunca chega tarde em nosso auxílio, e sempre nos ajuda nas nossas necessidades.
E se alguma vez sentimos que nos falta apoio, que submergimos, repitamos aquela súplica de Pedro:” Senhor, salva-me!” Não duvidemos do seu amor, nem da sua mão misericordiosa, não esqueçamos que “Deus não manda impossíveis, mas ao mandar pede que faças o que possas e peças o que não possas, e ajude para que possas” (Santo Agostinho).
Que enorme segurança nos dá o Senhor! Ensina S. João Crisóstomo: “Ele garantiu-me a sua proteção; não é nas minhas forças que eu me apoio. Tenho nas minhas mãos a sua palavra escrita.Este é o meu báculo. Esta é a minha segurança, este é o meu porto tranqüilo. Ainda que o mundo inteiro se perturbe, eu leio esta palavra escrita que trago comigo, porque ela é o meu muro e minha defesa. O que é que ela me diz? Eu estarei convosco até o fim do mundo.”
Junto de Cristo, ganham-se todas as batalhas, desde que tenhamos uma confiança seus limites na sua ajuda:”Cristo está comigo, que posso temer? Que venham assaltar-me as ondas do mar e a ira dos poderosos; tudo isso não pesa mais do que uma teia de aranha”(S. João Crisóstomo). Não larguemos a sua mão; Ele não larga a nossa!
Nesse dia do Padre rezemos para que todos os padres tenham uma verdadeira confiança no Cristo que nos chamou. Que escutemos sempre as palavras do Senhor: “Coragem! Sou Eu. Não tenhas medo!”
Mons. José
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Para a Celebração da Palavra:
LOUVOR: (quando o Pão consagrado estiver sobre o altar) – 19º
D.T. Comum Mt 12,22-33
à O Senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor, o nosso Deus...
à Por Jesus, Com Jesus e em Jesus, na força
do Espírito santo, louvemos ao Pai:
T: louvor e glória a Vós, ó Pai de
bondade.
à Bendito sejais, Deus todo-poderoso, porque nos convidais a
reconhecer-Vos no silêncio, como um sopro de vida, que renova a face da terra.
Nós Vos bendizemos, porque nos falais ao coração. Nós Vos pedimos pelos
pregadores e pelos catequistas. Guiai-os e iluminai-os!
T: louvor e glória a Vós, ó Pai de
bondade.
à Nós Vos damos graças, ó Pai, pois através de Jesus destes aos
homens a Lei da vida eterna. Com o apóstolo Paulo, nós vos pedimos pelo Nosso
povo, para que todos reconheçam a vossa Igreja como caminho para o vosso Reino.
T: louvor e glória a Vós, ó Pai de
bondade.
à
Senhor, nosso Deus e Pai. Mesmo quando somos ameaçados pelas
tempestades da terra e a barca da vossa Igreja é sacudida por falsas
ideologias, nós vos bendizemos, pela ressurreição de Jesus, pois como Ele, nós
também ressuscitaremos: Com Pedro, nós vos suplicamos: salvai-nos! Dái-nos o
vosso Espírito de confiança, para nos conduzir pelos caminhos da vida. T: louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade.
à PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...
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