sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Finados, XXXI Domingo ano A 2014

Finados, XXXI Domingo ano A 2014

Homilia do D. Henrique Soares da Costa – Finados
 “Comemoração de todos os fiéis defuntos”. É um dia no qual nós, cristãos, rezamos principalmente pelos nossos irmãos na fé, ou seja, os batizados em Cristo, que já morreram. Claro que toda a humanidade – e não só os cristãos – são objeto da oração e solicitude da Igreja, que é Corpo de Cristo, o Salvador de todos! Diariamente, na Santa Missa, a Igreja recorda não somente os “nossos irmãos que partiram desta vida”, mas também “todos aqueles cuja fé só vós conheceis”!
Seja como for, o Dia de Finados coloca-nos diante de uma questão fundamental para nossa existência: a questão da morte. Nosso modo de enfrentar a vida depende muito do modo como encaramos a morte, e vice-versa! Atualmente, há quatro modos possíveis de encará-la, de colocar-se diante da realidade da morte. Senão vejamos:
Há aqueles – e não são poucos – que cinicamente a ignoram. Vivem como se um dia não tivessem que morrer: preocupam-se tão somente com esta vida: comamos e bebamos! Em geral, quando vão a um sepultamento, conversam o tempo todo sobre futebol, política ou quaisquer outros assuntos banais e rasteiros. São pessoas rasas, essas; pessoas que nunca pararam de verdade para se perguntar sobre o sentido da vida e, por isso mesmo, não vivem; sobrevivem, apenas! Estas, quando tiverem que enfrentar a própria morte, que vazio, que absurdo encontrarão! É o preço a pagar pelo modo leviano com que viveram a vida! Isto é triste porque quando o homem não pensa na morte, esquece que é finito, passageiro, fugaz e, assim, começa a julgar-se Deus de si mesmo e tudo que consegue é infernizar sua vida e a dos outros. São tantos os exemplos atuais…
Há ainda aqueles que diante da morte se angustiam, apavoram-se até ao desespero. A morte os amedronta: parece-lhes uma insensatez sem fim, pois é a negação de todo desejo de vida, de felicidade e eternidade que cresce no coração do homem. Estes sentem-se esmagados pela certeza de um dia ter que encarar, frente a frente, tão fria, tirana e poderosa adversária. Assim, querendo ou não, podem afirmar como Sartre, o filósofo francês: “A vida é uma paixão inútil!”
Há também um terceiro grupo: o dos otimistas ingênuos. Vemo-los nessas seitas esotéricas de inspiração oriental e em todas as doutrinas reencarnacionistas. A Seicho-no-iê, por exemplo, afirma que o mal, a doença, a morte, são apenas ilusão: a meditação, o autocontrole, a purificação contínua, podem libertar o homem de tais ilusões; o Espiritismo, proclama, bêbado de doce ilusão: “A morte não existe. Não há mortos!” – É esta a afirmação existente num monumento ao nascimento do Espiritismo moderno, em Hydesville, Estados Unidos. Não há morte para nos agredir; há somente uma desencarnação!
Mas, há ainda um último modo de encarar a morte, tipicamente cristão. A morte existe sim! E dói! E machuca! Não somente existe, como também marca toda a nossa existência: vivemos feridos por ela, em cada dor, em cada doença, em cada derrota, em cada medo, em cada tristeza… até a morte final! Não se pode fazer pouco caso dela: ela nos magoa e nos ameaça; desrespeita-nos e entristece-nos, frustra nossas expectativas sem pedir permissão! O cristão é realista diante da morte; recorda-se da palavra de Gn 2,17: “De morte morrerás!” Então, os discípulos de Cristo somos pessimistas? Não! Nós simplesmente não nos iludimos: sabemos que a morte é uma realidade e uma realidade que não estava no plano de Deus para nós: não fomos criados para a ela, mas para a vida! Deus não é o autor da morte, não a quer nem se conforma com ela! Por isso mesmo enviou-nos o seu Filho, aquele mesmo que disse: ”Eu sou a Vida; eu sou a Ressurreição!” Ele morreu da nossa morte para que nós não morramos sozinhos, mas morramos com ele e como ele, que venceu a morte! Para nós, cristãos, a morte, que era como uma caverna escura, sem saída, tornou-se um túnel, cujo final é luminoso. Isto mesmo: Cristo arrombou as portas da morte! Ela tornou-se apenas uma passagem, um caminho para a nossa Páscoa, nossa passagem deste mundo para o Pai: “Ainda que eu passe pelo vale da morte, nenhum mal temerei, porque está comigo!” Em Cristo a morte pode ser enfrentada e vencida! Certamente ela continua dolorosa, ela nos desrespeita; mas se no dia a dia aprendermos a viver unidos a Cristo e a vivenciar as pequenas mortes de cada momento em comunhão com Senhor que venceu a morte, a morte final será um “adormecer em Cristo”.
Por tudo isso, o Dia de Finados é sempre excelente ocasião não somente para rezar pelos nossos irmãos já falecidos, mas também para pensarmos na nossa morte e na nossa vida, pois “tal vida, tal morte!
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Comemoração de Todos os fiéis Defuntos
A Igreja, acolhendo uma tradição monástica que vem do século XI, dedica o dia 2 de Novembro à memória dos fiéis defuntos. Depois de ter celebrado a glória e a felicidade dos Santos, no dia 1 de Novembro, a Igreja dedica o dia 2 à oração de sufrágio pelos “irmãos que adormeceram na esperança da ressurreição”. Assim fica perfeita a comunhão de todos os crentes em Cristo.

5. PRIMEIRA LEITURA
(Jó 19,1.23-27a) – Lecionário 1. p. 1052
Leitura do Livro de Jó.
Jó tomou a palavra e disse: 23Gostaria que minhas palavras fossem escritas e gravadas numa inscrição 24com ponteiro de ferro e com chumbo, cravadas na rocha para sempre! 25Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; 26e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. 27Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros. - Palavra do Senhor


O diálogo entre Job e os três amigos chega ao auge no capítulo 19. Os amigos não se tinham cansado de repetir que as provações que atingiam Job eram prova evidente das suas culpas diante de Deus. Job, pelo contrário, teimava em afirmar a sua inocência. O seu maior sofrimento era, agora, resistir às palavras dos amigos. Sentia-se e dizia-se inocente, mas não conseguia prová-lo, nem diante de Deus, nem diante dos amigos. Estava completamente extenuado: «Grito contra essa violência e ninguém responde, levanto a voz e não há quem me faça justiça. Deus fechou-me o caminho, para eu não passar, e encheu de trevas as minhas veredas» (19, 7-8).
Então Job pensa escrever a sua defesa para que, um dia, alguém, talvez nós que lemos as suas palavras, pudesse fazer-lhe justiça: «Quem me dera que as minhas palavras se escrevessem e se consignassem num livro, 24ou gravadas em chumbo com estilete de ferro, ou se esculpissem na pedra para sempre!» (v 23 s.). Mas esta solução não o convence. Então apela para o supremo “vingador” para que lhe faça justiça: «Eu sei que o meu redentor vive» (v. 35). Depois de ter insultado a Deus, chama-o “Vingador, Redentor”. Nós, que conhecemos o Evangelho, apelamos para o amor, para a caridade, para Deus omnipotente, misericordioso, salvador.
Os amigos de Job tentam consolá-lo, recorrendo a uma sabedoria superficial, expressa em frases feitas e lugares comuns. É o que tantas vezes acontece quando pretendemos confortar alguém que sofre. As palavras de Job são muito diferentes. No meio do sofrimento, vendo-se às portas da morte e trespassado pela solidão, compreende que Deus é o seu redentor, aquele parente próximo que, segundo os costumes hebreus, deve comprometer-se a resgatar, à sua própria custa, ou a vingar, o seu familiar em caso de escravidão, de pobreza, de assassínio. Job sente Deus como o seu último e definitivo defensor, como alguém que está vivo e se compromete em favor do homem que morre, porque entre Deus e o homem há uma espécie de parentesco, um vínculo indissolúvel. Job afirma-o com vigor: os seus olhos contemplarão a Deus com a familiaridade de quem não é estranho à sua vida.

O silêncio é a melhor atitude perante a morte. Introduzindo-nos no diálogo da eternidade e revelando-nos a linguagem do amor, põe-nos em comunhão profunda com esse mistério imperscrutável. Há um laço muito forte entre os que deixaram de viver no espaço e no tempo e aqueles que ainda vivem neles. É verdade que o desaparecimento físico dos nossos entes queridos nos causa grande sofrimento, devido à intransponível distância que se estabelece entre eles e nós. Mas, pela fé e pela oração, podemos experimentar uma íntima comunhão com eles. Quando parece que nos deixam, é o momento em que se instalam mais solidamente na nossa vida, permanecem presentes, fazem parte da nossa interioridade. Encontramo-los na pátria que já levamos no coração, lá onde habita a Santíssima Trindade.

Evangelho Segundo João 11. 17-27

Para o cristão, o sofrimento é um tempo de “disponibilidade pura”, de “pura oblação” e, ao mesmo tempo, uma forma eminente de apostolado, em união a Cristo vítima, na comunhão dos santos, para salvação do mundo. Vivendo assim, prepara-se, assim, para o supremo ato de oblação, para o último apostolado, o da morte: configurados “a Cristo na morte” (Fil 3, 10) (Cf. Cst n. 69).Se a morte de Cristo na Cruz é o ato de apostolado mais eficaz, que remiu o mundo, o mesmo se pode dizer da morte do cristão em união com a morte de Cristo. Não se quer com isto dizer que, sob o ponto de vista humano, a morte do cristão deva ser uma “morte bonita”, tal como não foi bonita, com certeza, a morte de Cristo aos olhos dos homens. Foi, pelo contrário, uma “liturgia esquálida”, de abandono e de desolação. O importante é que seja uma morte “para Cristo e em Cristo” (S. Inácio de Antioquia, SC 10, 132).

2ª Leitura Romanos 6, 3-9


O homem pode ter esperança diante da morte. Como intuiu Job, Deus é, de verdade, o nosso Redentor, porque nos ama. Empenhou-se em resgatar-nos da escravidão do pecado e da morte com o preço do sangue do seu Filho (vv. 6-9) e de modo absolutamente gratuito. De facto, nós éramos pecadores, ímpios, inimigos; mas o Senhor reconheceu-nos como “seus”, e morreu por nós arrancando-nos à morte eterna. Acolhemos esta graça por meio do batismo, participando no mistério pascal de Cristo. A sua morte reconciliou-nos com o Pai, e a sua ressurreição permite-nos viver como salvos. Quebrando os laços do pecado, e deixando-nos guiar pelo Espírito derramado em nossos corações, atualizamos cada dia a graça do nosso novo nascimento.



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10. EVANGELHO (Mt 5,1-12a) Naquele tempo, Jesus subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem- aventurados os aflitos, porque serão consolados. Bem- aventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem- aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.

AMBIENTE - Mateus nos lembra a montanha da Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu ao seu Povo a antiga Lei. Agora é Jesus, que, numa montanha, oferece ao novo Povo a nova Lei que deve guiar a todos.
MENSAGEM - Jesus proclama “bem-aventurados” os que acolhem a proposta que Deus lhes oferece em Jesus; não colocam sua confiança na riqueza, no poder, no êxitos, mas sua esperança em Deus.
1- «Os pobres em espírito». atitude humilde, pecador, necessitado do perdão divino, da misericórdia de Deus. Daí que: pobre não é o sem bens, mas o que não se apega a ele; tudo é de Deus; partilha; não explora, não mente e sente compaixão dos necessitados.
***• Jesus diz: “felizes os pobres em espírito”; o mundo diz: “felizes os que tem dinheiro, comodidade, poder, segurança, bem-estar, pois é o dinheiro que faz andar o mundo e nos torna mais poderosos, mais livres e mais felizes”.
2 «Os humildes». Os “mansos” não são os fracos, mas os que não aceitam as injustiças dos poderosos, mas agem com amor, sem violência, para a construção da paz; Sabe compreender, perdoar.
***• Jesus diz: “felizes os mansos”; o mundo diz: “felizes os que sabem responder com força ainda maior a uma violência e a injustiça. 
3 «Os que choram», os que têm o coração cheio de mágoa por terem ofendido a Deus e que vivem no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; O cristão se aflige, mas nem por isso perde a alegria, a esperança e a felicidade. O egoísta fala: “Senhor, obrigado por eu ter comida na mesa, quando há tantos que não tem”. O cristão fala o contrário: “Senhor, eu lhe agradeço este alimento, mas me preocupo com os que não tem”
***• Jesus diz: “felizes os que choram”; o mundo diz: Feliz quem  faz da vida uma festa chic,  alta sociedade, amigos poderosos, uma boa conta bancária e um bom emprego arranjado pelo amigo político”.
4 «Fome e sede de justiça». Os que anseiam o projeto de Deus. O justo é aquele que cumpre a vontade de Deus. Ele anseia por uma sociedade nova e luta por ela, para que todos tenham o que lhe é necessário.
***• Jesus diz: “felizes os que têm sede de justiça”; o mundo diz: feliz quem não está bitolado por uma religião. Religião já era. Felizes os que não dependem de preconceitos ultrapassados e não acreditam num deus que diz o que deveis e não deveis fazer; Sois livres.
 5 Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se pelos sofrimentos dos outros; sentem como suas as alegrias e as tristezas dos irmãos e Deus também terá misericórdia dele.
***• Jesus diz: “felizes os que têm misericórdia”; o mundo diz: “felizes os que ficam longe dos miseráveis, pois quem tem misericórdia dos outros nesse mundo competitivo nunca será grande”. 
6 «Os puros de coração» agem com honestidade.   Não é falso nem engana ninguém. Estes verão a Deus porque Deus é assim.
***• Jesus diz: “felizes os sinceros de coração”; o mundo diz: A lei é dos espertos. “A verdade e a sinceridade destroem muitas carreiras e esperanças de sucesso”. 
7 «Os que promovem a paz» procuram ser instrumentos de reconciliação. Ele une os separados e integra os excluídos.
***• Jesus diz: “felizes os que constroem a paz”; o mundo diz: o que vale é a força e o poder. Cada um por si. “Quem pode mais chora menos, pois só assim podereis ser homens e mulheres de sucesso”.
8- Os “que são perseguidos por causa da justiça” são os que sofrem a injustiça dos homens. São agredidos, por aqueles que praticam a injustiça.
***• Jesus diz: “felizes os que são perseguidos por cumprirem a vontade de Deus”; o mundo diz: Feliz é quem faz o jogo dos poderosos, pois sobe na carreira e tem êxito na vida.
As “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; a libertação está  chegando.
 O pobre é aquele que “tem fé” em Deus. Pobre é o que reconhece a sua limitação. Ele vê que existe alguém mais poderoso e acredita na bondade desse Criador. Acreditando, parte em direção a este Deus no meio de seu sofrimento. É aquele que confia sempre em Deus, pois se sente pequeno.
 O pobre é também aquele que espera.
O rico não espera. O pobre está sempre a espera de um futuro melhor. O pobre aceita ser criticado pela Palavra de Deus, sabe de sua pequenez e espera pela misericórdia de Deus, pois só terá a plenitude da felicidade.
 O pobre é aquele que ama.
vê no próximo o irmão. Sabendo de sua limitação, imita o criador na bondade e serve ao irmão com o que lhe foi dado.; ouve os gritos dos seus irmãos e abre as suas mãos do pouco que tem para àquele que tem necessidade. Quem é pobre Crê, confia, espera e ama seu Criador e seu irmão.

AMBIENTE - Mateus nos lembra a montanha da Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu ao seu Povo a antiga Lei. Agora é Jesus, que, numa montanha, oferece ao novo Povo a nova Lei que deve guiar a todos.
MENSAGEM
Jesus proclama “bem-aventurados” os que estão de espírito aberto para acolher a proposta que Deus lhes oferece em Jesus; não colocam sua confiança na riqueza, no poder, no êxitos, mas sua esperança em Deus.
1- «Os pobres em espírito». Quem se apresenta diante de Deus com uma atitude humilde, sem méritos pessoais, pecador, necessitado do perdão divino, da misericórdia de Deus. Daí que: pobre não é o sem bens, mas o que não se apega a ele; tudo é de Deus. Se colocou nas mãos de Deus, para servir os irmãos e partilhar tudo com eles; partilha; não explora, não mente e sente compaixão dos necessitados.
***• Jesus diz: “felizes os pobres em espírito”; o mundo diz: “felizes os que tem dinheiro, comodidade, poder, segurança, bem-estar, pois é o dinheiro que faz andar o mundo e nos torna mais poderosos, mais livres e mais felizes”.
2 «Os humildes». Os “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, mas os que não aceitam as injustiças dos poderosos, mas agem com amor, sem violência, para a construção da paz; Sabe compreender, perdoar.
***• Jesus diz: “felizes os mansos”; o mundo diz: “felizes os que sabem responder com força ainda maior a uma violência e a injustiça. 
3 «Os que choram», os que têm o coração cheio de mágoa por terem ofendido a Deus e que vivem na aflição, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; O cristão não se conforma diante do sofrimento dos outros. Ele se aflige, mas nem por isso perde a alegria, a esperança e a felicidade. O egoísta fala: “Senhor, obrigado por eu ter comida na mesa, quando há tantos que não tem”. O cristão fala o contrário: “Senhor, eu lhe agradeço este alimento, mas me preocupo com os que não tem.  Senhor, Abra o nosso coração à partilha!”
***• Jesus diz: “felizes os que choram”; o mundo diz: Feliz quem  faz da vida uma festa chic,  alta sociedade, amigos poderosos, uma boa conta bancária e um bom emprego arranjado pelo amigo político”.
4 «Fome e sede de justiça». Os que anseiam o projeto de Deus. A idéia de justiça é uma idéia de natureza religiosa: justo é aquele que cumpre a vontade de Deus. Ele anseia por uma sociedade nova e luta por ela, para que todos tenham o que lhe é necessário.
***• Jesus diz: “felizes os que têm sede de justiça”; o mundo diz: feliz quem não está bitolado por uma religião. Religião já era. Felizes os que não dependem de preconceitos ultrapassados e não acreditam num deus que diz o que deveis e não deveis fazer; Sois livres.
 5 Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, que se deixam tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros; sentem como suas as alegrias e as tristezas dos irmãos e Deus também terá misericórdia dele.
***• Jesus diz: “felizes os que têm misericórdia”; o mundo diz: “felizes os que ficam longe dos miseráveis e sofredores, pois quem se comove e tem misericórdia dos outros nesse mundo competitivo nunca será grande”. 
6 «Os puros de coração» são aqueles que agem com honestidade e não enganando.   Não é falso nem engana ninguém, mas é verdadeiro e transparente. Estes verão a Deus porque Deus é assim.
***• Jesus diz: “felizes os sinceros de coração”; o mundo diz: A lei é dos espertos. “A verdade e a sinceridade destroem muitas carreiras e esperanças de sucesso”. 
7 «Os que promovem a paz» (pacíficos): Os que procuram ser instrumentos de reconciliação. Se recusam a aceitar que a violência e a lei do mais forte rejam as relações humanas; Na família, nos vizinhos, na Comunidade, no País, no mundo. Ele une os separados e integra os excluídos.
***• Jesus diz: “felizes os que constroem a paz”; o mundo diz: o que vale é a força e o poder. Cada um por si. “Quem pode mais chora menos, pois só assim podereis ser homens e mulheres de sucesso”.
8- Os “que são perseguidos por causa da justiça” são os que sofrem a injustiça dos homens. São os que lutam pela instauração do “Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos, por aqueles que praticam a injustiça.
***• Jesus diz: “felizes os que são perseguidos por cumprirem a vontade de Deus”; o mundo diz: Feliz é quem faz o jogo dos poderosos, pois sobe na carreira e tem êxito na vida.
As “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; a libertação está  chegando.

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Bem-aventurados vós, os pobres de coração, porque vosso é o Reino de Deus!”.
Jesus Fala da pobreza que permite crer, esperar e amar (fé, esperança e caridade).
 O pobre é aquele que “tem fé” em Deus.
Pobre é o que reconhece a sua limitação, faz a leitura de toda realidade criada e de sua própria existência, e vê a sua limitação, pois tudo foi criado e ele próprio é um ser criado, não por sua vontade, mas por outro projeto que não foi o seu. Ele vê que existe alguém mais poderoso, mais capaz e deparando com sua fragilidade de criatura, acredita na bondade desse Criador. Acreditando, parte e grita em direção a este Deus no meio de seu sofrimento ou da sua confusão. É aquele que confia sempre em Deus, pois se sente pequeno.
 O pobre é também aquele que espera.
O rico não pode esperar, está plenamente satisfeito. O pobre, esse, está sempre virado para um futuro que espera que seja melhor; depois, ele procura, porque pensa nunca ter totalmente encontrado. A sua vida é uma procura e todos os sinais que ele encontra enchem-no de alegria e fazem-no avançar. O pobre é aquele que aceita ser criticado pela Palavra de Deus, sabe de sua pequenez e espera pela misericórdia desse Deus que o criou, pois só nele e com ele terá a plenitude da felicidade.
 O pobre é aquele que ama.
Por não estar plenamente satisfeito consigo mesmo, crendo no Deus Criador de tudo e de todos, vê no próximo o irmão. Sabendo de sua limitação, pois tudo que tem lhe foi dado, imita o criador na bondade e serve ao irmão com o que lhe foi dado. Não centra em si o interesse, mas abre os olhos e vê aqueles que esperam os seus gestos de amor; ouve os gritos dos seus irmãos e abre as suas mãos do pouco que tem para àquele que tem necessidade. Quem é pobre Crê, confia, espera e ama seu Criador e seu irmão.

As bem-aventuranças nos diz que: “Sois do mundo, e ao mesmo tempo não sois do mundo… Vós não sois do mundo do cada um para si, do consumo, da violência, da vingança, do comprometimento… E face a este mundo deveis dizer: não estou de acordo! É certo que sereis perseguidos ou, pelo menos, rir-se-ão de vós, ou procurarão fazer-vos calar. Sereis felizes, porque fareis ver onde está a verdadeira felicidade. Chamar-vos-ão santos”. Queremos experimentar ser já felizes? Basta-nos ter um coração de pobre.

8. SEGUNDA LEITURA (1Jo 3,1-3) Leitura da Primeira Carta de São João.
Caríssimos, vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai. Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é. Todo o que espera nele, purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.

Breve comentário - Deus, no seu imenso amor, faz de nós seus filhos.
1 «E o somos de fato». S. João não se contenta com dizer que somos chamados filhos de Deus, pois para ele ser chamado (por Deus) equivalia a ser. 
2 A filiação divina capacita-nos para a glória do Céu, pois não é uma mera adoção legal e extrínseca, como a adoção humana de um filho. A adoção divina implica uma participação da natureza divina (cf. 2 Pe 1, 4) pela graça. «Semelhantes a Deus», mas só na glória celeste se tornará patente o que já «agora somos».
3 «Purifica-se a si mesmo». A certeza da filiação divina conduz-nos à purificação e à imitação de Cristo, o Filho de Deus por natureza: «como Ele é puro»; efetivamente, os puros de coração hão-de ver a Deus (cf. Evangelho de hoje: Mt 5, 8).
Pelo baptismo fomos identificados com Cristo, filho de Deus. Logo também, nós o somos de direito e de fato. A nossa preocupação na terra há-de ser a de imitarmos Jesus Cristo. É uma luta todos os dias porque ainda se não nos manifestou o que havemos de ser pois que só no céu o conseguiremos. A multidão incontável de que nos fala S. João, são os nossos irmãos que venceram o que temos a vencer, lutaram como temos que lutar. Em Jesus Cristo fomos chamados por Deus à filiação divina, chamados a ser herdeiros no Céu. O mistério da nossa salvação é uma realidade a construir. É um trabalho árduo que, depende da nossa fé, do nosso querer. Deus quer contar com a nossa colaboração, com o nosso querer. A única dificuldade está na nossa liberdade que Deus respeita. Deus não nos falta com a Sua ajuda e por isso teremos o prêmio, seremos bem-aventurados.
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram nem o homem pode imaginar o que Deus preparou para aqueles que o ama" (1 Cor2,9). "Agora vemos como num espelho, mas depois veremos face a face" (13,12).

A santidade tem duas dimensões:
A Santidade não é fruto do esforço humano. É ação de Deus Espírito Santo e resposta do cristão.
A nossa fé nos ensina que somente Deus é Santo. Na Bíblia, “santo” significa, “separado”. São João: “Quando Cristo se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”.
Nesta perspectiva Eis quem são os santos: aqueles que atravessaram as lutas desta vida, unidos a Cristo; são os que venceram em Cristo –;se caíram, se erraram, foram lavando e alvejando suas vestes no sangue de Cristo: só em Cristo somos santificados, pois somente Cristo derrama sobre nós o Espírito de santidade. O nosso único trabalho é lutar para acolher esse Espírito, deixando-nos guiar por ele e por ele sermos transfigurados em Cristo!
Realmente, o que faz feliz o coração humano não são as coisas desse mundo, mas o sentido na vivencia e na utilização dessas coisas. A mulher que vai ao salão de beleza e espera durante algumas horas para que a deixem bem bonita, é feliz; ela se submete a esse pequeno sacrifício por um bem maior.
Há coisas que levam à autêntica felicidade e outras que levam a uma aparente felicidade
Existe também uma “educação para a felicidade”. Há fases árduas, “chatas” que nos fazem felizes, como tomar um remédio amargo ou ir à escola. No momento não se percebe que é assim, mas com o passar do tempo estamos felizes e agradecidos por estar sadios e por não sermos burros.
Nossos heróis e modelos venceram e correram para o Cristo! Que eles roguem por nós, pois o que eles foram, nós somos e o que eles são, todos nós somos chamados a ser. Todos os Santos e Santas de Deus, rogai por nós!
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Todos os Santos

A Solenidade de TODOS OS SANTOS é a festa da Vida e celebra a plenitude da Vida cristã e a Santidade de Deus manifestada em seus filhos, os santos da Igreja.

Celebramos, como uma antecipação e em comunhão com a liturgia celeste,
a vitória daqueles irmãos nossos que superaram "a grande tribulação",
e estão marcados com o selo do Deus vivo.
Recordamos aqueles que vivem para sempre diante de Deus,
entre os quais, se encontram nossos entes queridos que já faleceram.
Nossa fé é culto à Vida, porque o nosso Deus é um Deus dos vivos e
pelo Espírito nos dá a Vida em Cristo Jesus ressuscitado dentre os mortos.
Por isso a festa de hoje é um convite total à alegria esperançosa,
que nasce das profundezas da Vida, da aspiração da felicidade sem ocaso.

A Fonte da santidade cristã é Deus:  
A santidade tem seu início, seu crescimento e consumação
na graça de Deus, no amor gratuito do Senhor, que derrama seu Espírito
em nossos corações para que possamos chamá-lo "Pai",
pois nos faz seus filhos em seu Filho Jesus Cristo (LG 14,2).
Portanto, a santidade não é mero produto de nosso esforço somente,
nem tão pouco resultado automático da graça, mas efeito da ação de Deus.

A santidade tem duas dimensões:
A Santidade não é fruto do esforço humano,
que procura alcançar Deus com suas forças.
É ação de Deus em nós pelo dom do Espírito Santo e
resposta do cristão a esse dom e presença de Deus.
A Santidade cristã manifesta-se como uma participação na vida de Deus,
que se realiza com os meios que a Igreja nos oferece,
especialmente com os Sacramentos.

A Morada dos Santos será o CÉU, que não é um lugar, mas um estado de felicidade
na presença e companhia de Deus, dos anjos e dos santos.
Em que consiste, supera a nossa imaginação e entendimento:
"Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram nem o homem pode imaginar
o que Deus preparou para aqueles que o ama" (1 Cor2,9).
"Agora vemos como num espelho, mas depois veremos face a face" (13,12).
E a ETERNIDADE não um "eterno descanso", mas vida ativa e intensa com Deus.

Quem é santo?
SANTO significa que não tem nada de imperfeito, de fraco, de precário.
Neste sentido, só Deus é santo. No entanto, por graça de Deus,
participamos da sua Santidade e nos unimos a todos os irmãos.
Essa doutrina era tão viva nos primeiros séculos,
que os membros da Igreja não hesitavam em chamar-se: "Santos"
e a própria Igreja era chamada de "Comunhão dos Santos".

O que é a Comunhão dos Santos?
- "Essa expressão indica em primeiro lugar a comum participação   de todos os membros da Igreja nas COISAS SANTAS:  a fé, os Sacramentos, os Carismas e outros dons espirituais". (CCIC 194)
- "Designa também a comunhão entre as PESSOAS SANTAS,   ou seja, entre as que pela graça estão unidas a Cristo morto e ressuscitado. 
  Alguns são peregrinos na terra; outros, tendo deixado essa vida,   estão se purificando ajudados também pelas nossas orações;   outros enfim já gozam da glória de Deus e intercedem por nós.
  Todos juntos formamos em Cristo uma só família, a Igreja, para a glória da Trindade." (CCIC 195)

Quem são os santos?
- Não são apenas aqueles que estão nos altares, declarados santos pela Igreja.
  Não são apenas pessoas privilegiadas do passado, que já nasceram santas...
- São todas aquelas pessoas que vivem unidas a Deus, construindo o bem.
  São pessoas normais, que no passado e no presente dão testemunho de fidelidade a Cristo.

As Leituras de hoje revelam o projeto de Deus a respeito do homem: quer torná-lo participante da sua Santidade.

A 1ª Leitura afirma que uma grande multidão de pessoas, de todos os povos,
são os santos que participam da glória celeste, junto de Deus. (Ap 7,2-4.9-14)

O texto fala de 144 mil eleitos. O Número é simbólico e indica a totalidade da comunidade cristã. (12x12x mil:12 tribos do AT + 12 apóstolos do NT + mil)

A 2ª leitura recorda que a Vida divina, que se manifestará no final da vida,
já está presente em nós desde agora. (1Jo 3,1-3)

No Evangelho, Jesus apresenta uma proposta de Santidade, resumida nas BEM-AVENTURANÇAS: (Mt 5,1-12)

* O melhor CAMINHO para a Santidade é a vivência das Bem aventuranças.

+ A Festa de hoje pretende homenagear todos os santos, conhecidos ou não,
e apresentar o ideal da santidade como possível hoje e desejado por Deus.
"Todos os fiéis são chamados à Santidade cristã. Ela é a plenitude da vida cristã e perfeição da caridade, realiza-se na união íntima ao Cristo e, nele, com a Santíssima Trindade". (CCIC 428)
Portanto, SANTOS podemos e devemos ser também nós...

Acolhamos o apelo de Deus à Santidade...
e que os Santos sejam modelos e intercessores nossos, nessa caminhada...
                                  
                                Pe. Antônio
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:


LOUVOR: Quando o Pão consagrado estiver sobre o altar:
à O senhor esteja com todos vocês... demos graças ao senhor, nosso Deus: ...
à Com Jesus, por jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo, louvemos ao Pai:
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de Bondade!
à Ó Pai, nós Vos bendizemos pela Vossa paciência e pela Vossa bondade. Quando nos afastamos do caminho da justiça, Vós nos recordais de vossos preceitos.  Senhor, purificai-nos da mentira, do egoísmo e fazei-nos mais justos e humildes.
 T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de Bondade!
àDeus de infinita sabedoria, nós Vos damos graças, porque nos chamastes; escolheis aqueles que se reconhecem pobres, para lhes dar a Vossa sabedoria. Senhor, Pomos em Vós a nossa confiança, a nossa esperança e estendemos as mãos para o Vosso Filho: Ele é a nossa justiça, a nossa santificação e a nossa redenção. Só em Cristo somos fortes.
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de Bondade!
à Bendito sejais, Vós que abris ao Vosso povo o Reino dos céus, Vós que o saciais com a Vossa justiça, Vós que nos chamais Vossos filhos. Fazei-nos corações puros, amáveis com os irmãos e testemunhas do Vosso Reino.
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de Bondade!
à: PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro de Deus...



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A 2014, O maior mandamento

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A 2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Tema: “Amar a Deus e ao próximo!” O que Deus exige de cada crente é que saiba amar como ele ama a cada ser criado.
A primeira leitura:  Deus não aceita injustiça,  opressão, desrespeito pelos mais pobres: qualquer injustiça praticada contra um irmão é um crime grave contra Deus e nos coloca fora da Aliança.
O Evangelho: Toda a revelação de Deus se resume no amor – amor a Deus e amor aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: “amar a Deus” é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida.
A segunda leitura: Uma comunidade cristã (Tessalônica) que, apesar da perseguição, aprendeu o caminho do amor; Dessa experiência comum, nasceu uma imensa família de irmãos, unida à volta do Evangelho e espalhada por todo o mundo grego.

6. PRIMEIRA LEITURA (Ex 22,20-26) Leitura do Livro do Êxodo.
Assim diz o Senhor: Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois foste estrangeiro na terra do Egito. Não façais mal algum à viúva nem ao órfão. Se os maltratardes, gritarão por mim, e eu ouvirei o seu clamor. Minha cólera, então, se inflamará e eu vos matarei à espada; vossas mulheres ficarão viúvas e órfãos os vossos filhos. Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, a um pobre que vive ao teu lado, não sejas um usurário, dele cobrando juros. Se tomares como penhor o manto do teu próximo, deverás devolvê-lo antes do pôr-do-sol. Pois é a
única veste que tem para o seu corpo e coberta que ele tem para dormir. Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso.

AMBIENTE – “Os dez mandamentos” eram relativamente gerais e não consideravam todos os casos e situações… Em conseqüência, surgiram novas normas, que regulavam o dia a dia do Povo de Deus.
Logo a seguir ao “Decálogo”, em lugar de honra, os catequistas de Israel colocaram um bloco heterodoxo de leis, que se convencionou chamar “Código da Aliança” (cf. Ex 20,22-23,19). São leis que os autores do Livro do Êxodo apresentam como ditadas por Deus a Moisés, no Sinai; na realidade, trata-se de leis de proveniência diversa, que a maioria dos comentadores faz remontar ao tempo dos “juízes” (séc. XII a.C.).
O “Código da Aliança” é um bloco legislativo que regula vários aspectos da vida do Povo de Deus, desde o culto até às relações sociais. Nele sobressai, não só uma consciência muito viva de que Israel é chamado à comunhão com Deus, mas também um forte sentido social. Revela um Povo preocupado em concretizar os compromissos da Aliança na vida do dia a dia. Sugere que a fé de Israel não é uma realidade abstrata, mas uma realidade bem viva, que se deve viver em cada sector da vida prática. O texto que hoje nos é proposto é um extrato do “Código da Aliança”.

MENSAGEM - A leitura apresenta formas como lidar com três realidades de carência: a do estrangeiro, a do órfão e da viúva, e a do pobre que foi obrigado a pedir dinheiro emprestado. Trata-se de pessoas em situação difícil, quer em termos sociais, quer em termos econômicos. O “estrangeiro”, obrigado a deixar a sua terra e o seu quadro de relações familiares, atirado para um ambiente cultural e social adverso, e onde as leis locais nem sempre protegem os seus direitos e a sua dignidade. A sua situação de debilidade é aproveitada  por pessoas sem escrúpulos que os exploram. O “órfão” e a “viúva” integram a categoria das vítimas dos poderosos. Desprotegidos, ignorados pelos juízes e pelos dirigentes, sem defesa diante das arbitrariedades dos mais fortes, vítimas de toda a espécie de injustiças, têm em Jahwéh o seu único defensor. O “pobre que pede dinheiro” é, quase sempre, esse camponês carregado de impostos, arruinado por anos de más colheitas, que tem de pedir dinheiro emprestado para pagar as dívidas e para sustentar a família. A sua necessidade é explorada pelos especuladores sem escrúpulos, que o obrigam a deixar como penhor os seus bens mais básicos. Sufocado por juros altíssimos, acaba por tudo perder e por ficar na miséria. A sensibilidade de Israel diz-lhe que Deus não aceita a injustiça, a arbitrariedade, a opressão, o desrespeito pelos direitos dos mais pobres e fracos. Se Israel pretende viver em comunhão com Deus, tem de banir do meio da comunidade as injustiças e as arbitrariedades cometidas sobre os mais débeis – nomeadamente sobre os estrangeiros, os órfãos, as viúvas e os pobres. Essa é uma das condições para a manutenção da Aliança.

ATUALIZAÇÃO • O apelo a não prejudicar nem oprimir um irmão que Deus colocou ao nosso lado e que temos de cuidar, proteger e amar.
• O apelo a não maltratar à viúva e ao órfão convida-nos  a acolhermos os nossos irmãos mais débeis, sem defesa … São as crianças, exploradas, usadas, e impedidas de viver a infância; são os idosos, atirados para lares, subtraídos ao seu ambiente familiar; são os doentes incuráveis, condenados à solidão, que escondemos e que evitamos para não perturbar a nossa boa disposição e o mito de uma vida isenta de sofrimento e de morte… Precisamos aprender que todos – particularmente os mais débeis, os mais abandonados – devem ser respeitados, protegidos e amados.

7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 17 (18)
Eu vos amo, ó Senhor; sois minha força e salvação.
• Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, / minha rocha, meu refúgio e Salvador! /
Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, / minha força e poderosa salvação.
• Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, / sois meu escudo e proteção: em vós espero! /
Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! / Dos meus perseguidores serei salvo!
• Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo! / E lou vado seja Deus, meu Salvador! /
Concedeis ao vosso rei grandes vitórias / e mostrais misericórdia ao vosso ungido.

10. EVANGELHO (Mt 22,34-40) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em
grupo, e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Jesus respondeu: “’Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento!’ Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.

AMBIENTE - Os líderes judaicos já fizeram a sua escolha e têm ideias definidas acerca da proposta de Jesus: é uma proposta que não vem de Deus e que deve ser rejeitada… Jesus, por sua vez, deve ser denunciado, julgado e condenado de forma exemplar. Para conseguir concretizar esse objetivo, os responsáveis judaicos procuram argumentos de acusação contra Jesus. - É neste ambiente que Mateus situa três controvérsias entre Jesus e os fariseus. Essas controvérsias apresentam-se como armadilhas bem organizadas, capazes de ser usadas em tribunal para conseguir a sua condenação. Depois da controvérsia sobre o tributo a César (cf. Mt 22,15-22) e da controvérsia sobre a ressurreição dos mortos (cf. Mt 22,23-33), chega a controvérsia sobre o maior mandamento da Lei (cf. Mt 22,34-40). Ao perguntar a Jesus qual é o maior mandamento da Lei, os fariseus procuram demonstrar que Jesus não sabe interpretar a Lei e que, portanto, não é digno de crédito. A questão do maior mandamento da Lei não era uma questão pacífica e era, no tempo de Jesus, objeto de debates entre os fariseus e os doutores da Lei. A preocupação em atualizar a Lei, de forma a que ela respondesse a todas as questões que a vida do dia a dia, tinha levado os doutores da Lei a deduzir um conjunto de 613 preceitos, dos quais 365 eram proibições e 248 ações a pôr em prática. Esta “multiplicação” dos preceitos legais lançava, evidentemente, a questão das prioridades: todos os preceitos têm a mesma importância, ou há algum que é mais importante do que os outros? É esta a questão que é posta a Jesus.

MENSAGEM - A resposta de Jesus supera o horizonte estreito da pergunta e vai muito além… O importante, na perspectiva de Jesus, não é definir qual o mandamento mais importante, mas encontrar a raiz de todos os mandamentos. E, na perspectiva de Jesus, essa raiz gira à volta de duas coordenadas: o amor a Deus e o amor ao próximo. A Lei e os Profetas são apenas comentários a estes dois mandamentos. Dizer, portanto, que “nestes dois mandamentos se resumem a Lei e os Profetas”, significa que eles encerram toda a revelação de Deus, que eles contêm a totalidade da proposta de Deus para os homens. As idéias de amor a Deus a ao próximo, são bem conhecidas do Antigo Testamento: Jesus limita-Se a citar Dt 6,5 (no que diz respeito ao amor a Deus) e Lv 19,18 (no que diz respeito ao amor ao próximo). A originalidade deste ensinamento está, por um lado, no fato de Jesus os aproximar um do outro, pondo-os em perfeito paralelo e, por outro, no fato de Jesus simplificar e concentrar toda a revelação de Deus nestes dois mandamentos. Portanto, o compromisso religioso  resume-se no amor a Deus e no amor ao próximo. A grande preocupação de Jesus foi discernir a vontade do Pai e a cumpri-la com fidelidade e amor. “Amar a Deus” é, na perspectiva de Jesus, estar atento aos projetos do Pai e procurar concretizar, na vida do dia a dia, os seus planos. Ora, na vida de Jesus, o cumprimento da vontade do Pai passa por fazer da vida uma entrega de amor aos irmãos, se necessário até ao dom total de si mesmo.
Assim, na perspectiva de Jesus, “amor a Deus” e “amor aos irmãos” estão intimamente associados. Não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda. “Amar a Deus” é cumprir o seu projeto de amor, que se concretiza na solidariedade, na partilha, no serviço, no dom da vida aos irmãos.
Como é que deve ser esse “amor aos irmãos”? Este texto só explica que é preciso “amar o próximo como a si mesmo”. As palavras “como a si mesmo” significam que é preciso amar totalmente, de todo o coração.
Noutros textos de Mateus, Jesus explica que é preciso amar os inimigos e orar pelos perseguidores (cf. Mt 5,43-48). Trata-se, portanto, de um amor sem limites, sem medida e que não distingue entre bons e maus, amigos e inimigos. Aliás, Lucas, ao contar este mesmo episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta, acrescenta-lhe a história do “bom samaritano”, explicando que esse “amor aos irmãos” pedido por Jesus é incondicional e deve atingir todo o irmão que encontrarmos nos caminhos da vida, mesmo que ele seja um estrangeiro ou inimigo (cf. Lc 10,25-37).

ATUALIZAÇÃO • Hoje, continuamos a ter dificuldade em discernir o essencial da proposta de Jesus. O Evangelho deste domingo põe as coisas de forma clara: o essencial é o amor a Deus e o amor aos irmãos. Nisto se resume toda a revelação de Deus e a sua proposta de vida plena para os homens.
• O que é “amar a Deus”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor a Deus passa, antes de mais, pela escuta da sua Palavra, pelo acolhimento das suas propostas e pela obediência total aos seus projetos – para mim próprio, para a Igreja, para a minha comunidade e para o mundo.
• O que é “amar os irmãos”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor aos irmãos passa por prestar atenção a cada homem ou mulher com quem me cruzo pelos caminhos da vida (seja ele branco ou negro, rico ou pobre, nacional ou estrangeiro, amigo ou inimigo), por sentir-me solidário com as alegrias e sofrimentos de cada pessoa, por partilhar as desilusões e esperanças do meu próximo, por fazer da minha vida um dom total a todos. O mundo em que vivemos precisa redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida…

“Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16). O amor é a maior força que existe no mundo, pois é o próprio Deus.
“Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e seu amor em nós é perfeito” (1Jo 4,12).
“Se alguém disser ‘eu amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é um mentiroso, pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20). A ligação íntima entre o amor a Deus e ao próximo desautoriza certas formas alienantes de “espiritualidade” que muitas vezes não passam de uma busca disfarçada de auto realização, mas que jamais leva a um compromisso com a transformação do mundo em que vivemos. Não é possível amar a Deus sem amar o próximo.
S. João nos explica o que é amor: Jesus deu a vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos. Se alguém possui riquezas neste mundo e vê o seu irmão passar necessidade, mas diante dele fecha o seu coração, como pode o amor de Deus permanecer nele?” (1Jo 3,16-17).
Quem ama só faz o bem e só deseja o bem. Quem ama lê no coração o que as palavras não conseguem expressar.
O pecado rebaixa, avilta e corrói o amor, desviando-o do seu sentido. Basta ver o sentido dessa palavra na maioria das novelas e filmes.

8. SEGUNDA LEITURA (1Ts 1,5c-10) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
Irmãos: Sabeis de que maneira procedemos entre vós, para o vosso bem. E vós vos tornastes imitadores nossos e
do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações. Assim vos tornastes
modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia. Com efeito, a partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte. Assim, nós já nem precisamos de falar, pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e verdadeiro, esperando dos céus o seu Filho, a quem ele
ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra do castigo que está por vir

AMBIENTE - Depois de ter anunciado o Evangelho em Tessalônica, Paulo teve de deixar a cidade, para fugir às maquinações dos judeus (ano 49/50). Preocupado, Paulo enviou Timóteo, a fim de saber notícias. Quando Timóteo regressou de Tessalônica e apresentou o seu relatório. As notícias eram animadoras: os tessalonicenses eram uma comunidade exemplar e viviam o seu compromisso cristão, apesar das dificuldades. Paulo, feliz e confortado, escreveu aos tessalonicenses animando-os a prosseguir no caminho da fidelidade a Jesus e ao Evangelho.


MENSAGEM - Paulo continua a longa ação de graças porque os tessalonicenses responderam com o acolhimento entusiasta do Evangelho.; Paulo imitou Cristo e anunciou o Evangelho no meio de dificuldades e perseguições; os tessalonicenses imitaram Paulo e receberam jubilosamente o Evangelho, apesar da hostilidade dos seus concidadãos; os crentes de toda a Grécia (“da Macedônia e da Acaia”, as duas províncias romanas da Grécia) imitaram os tessalonicenses e sofreram alegremente pelo Evangelho… Dessa forma, fica manifesto que o Senhor, os apóstolos e toda a Igreja partilham o mesmo destino: todos percorrem o mesmo caminho, iluminados pelo Evangelho, no meio da alegria e do sofrimento.


ATUALIZAÇÃO • Muitas vezes entendemos a fé como um acontecimento pessoal e que não nos compromete com os outros. Na realidade, a fé liga-nos a uma longa cadeia que vem de Jesus até nós e que inclui uma imensa família de irmãos espalhados pelo mundo inteiro.
• Nenhuma comunidade cristã é uma ilha. É preciso que estabeleçam laços que se ajudem, se animem mutuamente… É nesse diálogo e partilha que o projeto de Deus vai tornando-se mais claro para todos.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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Pe. Antônio; O Maior Mandamento

Nesse Dia Mundial das Missões, a Igreja nos lembra que todo cristão deve ser missionário...

A Liturgia focaliza a mensagem principal que devemos anunciar e testemunhar: o AMOR.

A 1a Leitura afirma que o maior Mandamento é o Amor concretizado através da defesa dos mais necessitados e desprotegidos: Estrangeiros (migrantes), viúvas, órfãos, endividados, pobres. (Ex 22,20-26)

* Já no Antigo Testamento, o Amor ao próximo era visto em relação a Deus, como respeito à sua lei e como reflexo do seu amor para com os homens...

Na 2ª leitura, São Paulo destaca o exemplo de Amor vivido pelos cristãos de Tessalônica. (1Ts, 5c-10)

No Evangelho, Jesus resume toda a LEI no Amor: Amor a Deus e aos irmãos. (Mt 22,34-40)

Os fariseus apresentam armadilhas para poder acusar a Jesus e condená-lo.

- Os fariseus perguntam: "Qual é o maior dos mandamentos?"
Era uma questão muito polêmica entre os líderes religiosos daquele tempo. Alguns afirmavam que o maior de todos os mandamentos era guardar o sábado. Outros diziam que todos os mandamentos tinham o mesmo valor. Ademais os judeus tinham 613 mandamentos.

Jesus responde:
- Deuteronômio: "Amarás o Senhor teu Deus com todas..." (Dt 6,5)
- Levítico: "Amarás teu próximo como a ti mesmo..." (Lv 19,18)

- Unifica e equipara os dois mandamentos: "O segundo é semelhante a esse".
Portanto, não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda.

O que esse Evangelho tem a nos dizer, hoje?
Ao longo dos dois mil anos de cristianismo fomos criando muitos mandamentos, preceitos, proibições, exigências, opiniões, pecados e virtudes, que arrastamos pela história. 
E acabamos perdendo a noção do que é verdadeiramente importante.
Hoje, ficamos discutindo certas questões secundárias, sem discernir muitas vezes o essencial da proposta de Jesus.

O Evangelho deste domingo é claro: o essencial é o amor a Deus e o amor aos irmãos.
Para o cristão, o Amor é fundamental, porque Deus é amor e ama o homem, e o homem é um ser criado para amar.

"O Dia Mundial das Missões reavive em cada um o desejo e a alegria
 de “ir” ao encontro da humanidade levando Cristo a todos".  (Bento XVI - 2011)   

"Amor não tem fronteiras, a vida é uma missão.             Amor é para todos, Deus quer um mundo irmão". (Igreja em Missão)                  

 Pe. Antônio

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O amor é difusivo; ele não fica só na pessoa que ama, mas passa para os demais, e vai criando uma Comunidade de amor, que chamamos de ágape.  Está portanto diante de nós o desafio de amar sempre, tanto a Deus como ao próximo, e através do amor transformar o mundo. Na Terra Santa, existem dois mares bem conhecidos. Embora alimentados pelo mesmo Rio Jordão, eles são completamente diferentes um do outro.
O primeiro é o Mar da Galiléia, cuja água é doce e contém muitos peixes. Seu litoral tem muitas cidades e vilas lindas, por causa do verde das lavouras, das árvores e dos jardins, tudo irrigado pelo Mar da Galiléia.
O outro é o Mar Morto, que é célebre pela sua densidade de sais minerais. Ele não tem peixe e nem os vegetais conseguem viver de suas águas. Seus arredores são desertos. Não existe área verde. O Mar Morto apresenta um aspecto desolador. De onde vem essa diferença, se os dois são alimentados pelo mesmo Rio Jordão? A explicação é simples: O Mar da Galiléia recebe o Rio Jordão pelo Norte, porém não o guarda para si; toda a água bela e fértil que ele recebe, ele a solta pelo Sul. E o Rio Jordão prossegue o seu caminho, irrigando e semeando vida por onde passa. O Mar da Galiléia não vive para si, ele reparte tudo o que recebe. Já o Mar Morto não; ele recebe o Rio Jordão, mas o retém para si. Ele não possui saída. Enquanto as águas se evaporam, todos os sais minerais se acumulam no enorme recipiente fechado. E a excessiva saturação torna-se veneno, que mata qualquer espécie de vida. É um mar que mata. E mata porque é fechado. O que ele recebe é bom e saudável. É ele que, por ser fechado, transforma em veneno. Existem também duas classes de pessoas: as abertas e as fechadas, as que amam e as que não amam. Encontramos pessoas que nada guardam para si mesmas. A sua felicidade está em dar, em servir. Essas pessoas são uma bênção dentro da família, na sua Comunidade e no bairro onde vivem. São pessoas vivificadores, como o Mar da Galiléia. Seu calor humano contagia. Sua disponibilidade irradia confiança, alegria e vida. Mas infelizmente encontramos pessoas totalmente diferentes. Elas vivem para si mesmas. Vão acumulando para si tudo o que recebem e possuem de bom. Guardam tudo para si. E esses bens e dons se transformam em veneno. Veneno que até mata! Essas pessoas misturam três ingredientes nos dons que recebem: ambição, vaidade e dominação. Eles seguem um caminho oposto ao plano de Deus. Por isso são infelizes e fazem os outros sofrerem ao redor delas. Vamos aprender a lição desses dois mares. Se formos Mar da Galiléia, certamente o Senhor gostará de passear de barco conosco, de anunciar a Boa Nova em nossas praias, de abençoar e de fazer milagres. Mais: ele vai querer morar conosco, como morou na casa de Pedro, em Cafarnaum, ao lado do Mar da Galiléia. E se um dia o nosso Mar estiver agitado, certamente ele vai acalmá-lo.
Maria Santíssima cumpriu com generosidade esses dois mandamentos: o amor a Deus e ao próximo. Mãe do Belo Amor, rogai por nós! Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e ao teu próximo como a ti mesmo.

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Homilia de D. Enrique Soares

No passado Domingo, o Senhor Jesus ordenava: “Dai a Deus o que é de Deus!” De Deus é tudo, ainda que tudo pareça nosso: “Tudo pertence a vós: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus” (1Cor 3,21-23). Esta é, precisamente, a dificuldade, a miopia ou, mais ainda, a cegueira, o triste pecado do mundo atual: não perceber Deus, não enxergar com a razão, com o afeto, com o coração que Deus é o Tudo, o Substrato, o Sentido da nossa existência. Sem ele, nada tem sentido perene, nada tem valor duradouro, nada tem valor absoluto… nem a vida humana, que somente pode ser respeitada de modo absoluto quando é compreendida como imagem de Deus.
Pois bem, a Palavra deste Domingo prolonga a de oito dias atrás. “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”, da Lei de Moisés – perguntam ao Senhor para novamente tentar apanhá-lo em armadilha. Qual o preceito que, sendo observado, resume a observância de toda Lei? Jesus responde prontamente: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!” Como bom judeu, o Senhor Jesus nada mais faz que retomar o preceito do Antigo Testamento. Amar a Deus! Amá-lo significa fazer dele o tudo da nossa existência, significa viver a vida aberta para ele, buscando sinceramente a sua santa vontade. Amá-lo é não conceber a vida como algo que é meu em sentido absoluto, mas um dom que recebi de Deus, que em diante de Deus devo viver e a Deus devo, um dia, devolver com frutos. Amá-lo é não viver na minha vontade, mas buscando a sua santa vontade, mesmo que esta não seja o que eu esperaria ou desejaria… Amá-lo é sair de mim para encontrar-me nele!
Mas, para que este amor a Deus não seja algo abstrato, teórico, meramente feito de palavras ou sentimentos superficiais, o Senhor Jesus nos aponta uma medida concreta desse amor. Seguindo ainda a tradição judaica do Antigo Testamento, ele liga, condiciona o amor a Deus ao amor aos outros, aos próximos, àqueles que a providência divina coloca no nosso caminho: “’Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”. Eis, portanto: a medida da verdade do amor a Deus é o amor, a dedicação para com os outros; e não os outros teoricamente, mas os próximos: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo!” Notemos que aqui Jesus não ensina nada de novo. Este preceito já valia para um bom judeu. Jesus está respondendo a um fariseu, um escriba judeu. Basta recordar como a primeira leitura de hoje, tirada da Torah, da Lei de Moisés, já ligava os dois amores, a Deus e ao próximo. O Senhor, já no Antigo Testamento, deixava claro que estará sempre do lado do nosso próximo, sobretudo se ele for débil e necessitado: “Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso.” Estejamos, portanto, atentos: o amor concreto para com o nosso próximo é a medida do nosso amor a Deus! O Evangelho – como todo o Novo Testamento e a reta e sadia Tradição da Igreja – desconhece uma relação com Deus baseada numa fé sem obras que nasçam do amor. Basta recordar o belíssimo hino ao amor, da Primeira Carta aos Coríntios: “Ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria” (13,2). Que ninguém se iluda com um vazio discurso sobre uma fé vã sem as obras que dela nascem e a revelam! A fé sem amor a Deus e ao próximo, aquela fé que gosta de dizer “estou salvo” de se compraz em decretar a condenação dos outros é uma fé inútil, vazia, falsa e morta!
Caríssimos, se o Senhor Jesus respondeu ao escriba fariseu, dizendo que ele deveria amar a Deus e ao próximo como a si mesmo, a nós, seus discípulos, a nós, cristãos, ele aponta um ideal muito mais alto! Ouso afirmar que não basta, de modo algum para um cristão, amar os outros como a si mesmo! Recordai-vos todos que, na véspera de sua paixão santíssima, quando sentou-se à Mesa santa conosco, para dar-se a nós na Eucaristia, como maior dom de amor, o Senhor nosso e Deus nosso, Jesus Cristo, deu-nos, então, o mandamento pleno, completo: “Amai-vos como eu vos amei!” (Jo 13,34); “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,15). Agora, às vésperas da cruz, agora, à Mesa da Eucaristia, agora, lavando-nos os pés, dando-se totalmente a nós, Jesus poderia ser compreendido! Ele é o amor verdadeiro, ele é a medida e o modelo do amor: “Não há maior prova de amor que dar a vida!” (Jo 15,13) Amai-vos como eu vos amei!
Eis, caríssimos, como é grande a tarefa que o Senhor nos confia! Quem poderá realizá-la? Onde poderemos conseguir um amor assim? Eu vos digo: contemplando Jesus na oração, escutando Jesus na Escritura, comungando com Jesus na Eucaristia, procurando Jesus nos irmãos! É assim que teremos os mesmos sentimentos do Cristo Jesus (cf. Fl 2,5) e viveremos a vida no amor total que ele, nosso Senhor, teve para com Deus, o Pai e para com os próximos. Fora disso, toda conversa sobre amor não passa de teoria, de ideologia que de cristã tem pouco ou nada. Que o Senhor nos conceda, então, por esta Eucaristia, o dom do verdadeiro amor. Amém.

D. Henrique Soares

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Homilia do Pe. Françoá Costa


Amar de fato

O padre católico Georges Lemaître propôs, lá pelo ano 1927, o que hoje se conhece como a teoria do Big Bang ou – na linguagem do próprio Lemaître – teoria do átomo primordial.  Segundo essa teoria, o Universo derivou-se de um átomo com temperatura e densidade altamente elevadas. Este átomo, devido à compressão de energia, se teria explodido há uns 13 bilhões de anos atrás. A partir de então, o Universo está em constante expansão e a sua temperatura continua diminuindo.
Tal hipótese é bastante coerente. Ela não contradiz a Sagrada Escritura quando esta afirma que “No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gn 1,1). A Escritura fala de Deus que cria todas as coisas, todas em absoluto. Trata-se de um começo primordial. O Big Bang nos fala de um começo que não exclui o Criador do Big Bang. Ou seja, esse átomo primordial pressupõe uma causa externa a si mesmo.
Mas, porque eu estou falando do Big Bang se o Evangelho de hoje nos fala de amor a Deus e ao próximo? É simples. Quando nós fomos conquistados pela graça de Deus começou a existir em nós, que somos um microcosmo, um átomo de caridade inicial: potente, com temperatura e densidade altamente elevadas. No dia do nosso Batismo começou uma explosão de graças em constante expansão até o momento presente. Se tivéssemos morrido naquele mesmo dia iríamos ao céu sem passar pelo purgatório, teríamos visto a glória de Deus já que a graça é o começo da vida eterna em nós.
A Escritura diz que “Deus é amor” (1 Jo 4,8.16). Ele é o amor perfeito. Nós somos uma espécie de universo em desenvolvimento, em expansão, rumo ao ato perfeito do amor segundo a nossa própria capacidade de criaturas.
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração” (Mt 22,37). Mas, como amar? O Catecismo nos diz que a maneira concreta de amar a Deus é viver as virtudes teologais: fé, esperança e caridade (cfr. Cat. 2086). Quando a graça de Deus atingiu a nossa vida, nós, sendo o que somos, passamos a ser o que não éramos: filhos no Filho. Todo o nosso ser foi elevado à vida sobrenatural. A partir daquele momento, o Pai começou a gerar o seu Verbo (eternamente gerado) e a espirar o seu Amor (eternamente espirado) em nós, dentro de nós; nós passamos a ser templos de Deus, moradas do Altíssimo. Consequentemente, as nossas faculdades superiores também foram elevadas: a inteligência foi potencializada pela fé, a vontade foi fortificada pela caridade, e ambas foram revigoradas pela esperança. Se nós percebêssemos de verdade o que vale a nossa vida em Deus, não a trocaríamos por nada nesse mundo; as coisas temporais guardariam uma relação profunda com as realidades eternas. Talvez já seja assim, mas, caso contrário, pensemos no quanto estamos perdendo ao não buscar a intimidade com a vida íntima do Deus uno e trino.
A pessoa que ama a Deus de todo o coração o adora, conversa com ele, oferece-lhe tudo buscando uma comunhão de vida cada vez mais perfeita com ele. O cristão tem que amar verdadeiramente o Senhor com exclusividade: Deus é o único Deus! Há que evitar, por conseguinte, a superstição, a idolatria, a adivinhação, a magia, os horóscopos, o pôr Deus à prova, o sacrilégio, a simonia, o ateísmo e o agnosticismo. Poderíamos fazer uma reflexão sobre cada um desses pecados citados. No entanto, de momento, basta saber que todas essas coisas tiram a Deus do centro das nossas vidas e fazem com que a criatura ocupe o lugar de Deus no nosso coração.
Mas, pode a criatura ocupar algum lugar no nosso amor? O Evangelho de hoje responde com toda propriedade: “Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39). Como? A essa pergunta se responde com os seguintes mandamentos: honrar pai e mãe, não matar, não pecar contra a castidade, não furtar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo e não cobiçar as coisas alheias. Como se pode ver, todos os mandamentos continuam válidos e o cristianismo sempre os ensinou. Não obstante, a vida cristã não consiste em cumprir mandamentos, mas em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Em que medida? Na medida de Cristo. A nossa moral, a nossa ética, não é uma moral de mandamentos, mas a vida nova em Cristo, moral de amor e de virtudes. De fato, diz o Catecismo: “Os mandamentos propriamente ditos vêm em segundo lugar; exprimem as implicações da pertença a Deus, instituída pela Aliança. A existência moral é resposta à inciativa amorosa do Senhor” (Cat. 2062). Dito de outra maneira, a nossa existência cristã é vida no amor de Deus cujas implicações são, basicamente, o cumprimento dos mandamentos.
Quem ama a Deus, ama o próximo. O amor do cristão, mergulhado no amor que Deus tem por todos os seres humanos, se compadece e vai ao encontro das necessidades dos outros. Somente o amor de Deus no coração explica ações como essas: “o rei S. Luís visitava e cuidava dos doentes com tanto desvelo como se fosse sua própria obrigação. (…) S. Gregório muito folgava de dar agasalho aos peregrinos, a exemplo do patriarca Abraão, e, como ele, recebeu um dia o Rei da glória na forma de um peregrino. Tobias exercia a caridade, sepultando os mortos. Santa Isabel, sendo uma augusta princesa, achava a sua alegria em humilhar-se a si mesma. Santa Catarina de Gênova, tendo perdido o seu marido, dedicou-se ao serviço num hospital. Cassiano refere que uma jovem virtuosa, que muito desejava se exercer na paciência, recorreu a Santo Atanásio, que a encarregou de uma pobre viúva melancólica, colérica, enfadonha e mesmo insuportável, de sorte que, como a viúva estivesse constantemente ralhando, a jovem tinham ocasião bastante de praticar a brandura e a condescendência” (S. Francisco de Sales, Filotéia ou Introdução à vida devota, III, 1). Chegaremos lá? Com a graça de Deus e o esforço pessoal, amaremos de fato.

Pe. Françoá Costa

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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:


LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)                                                30º D.T. C
- COM JESUS, por Jesus e com Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Bendito seja Deus que é bondade e misericórdia
à Senhor, nosso Deus, nós vos louvamos e vos agradecemos. Santificado seja o Vosso nome. Vos agradecemos pela vida, pelo batismo, pela família e por tudo que nos destes. Pai, transformai-nos em pessoas de mais amor para convosco e para com o próximo.
T: Bendito seja Deus que é bondade e misericórdia
àSenhor, Vós libertastes Vosso povo da escravidão do Egito. Como povo livre nos ensinastes a justiça para com os mais fracos. Penetrai em nossos corações para que pratiquemos o amor para com todos, para sermos uma comunidade mais fraterna.
T: Bendito seja Deus que é bondade e misericórdia
àSenhor, nós queremos seguir os exemplos de vosso Filho Jesus Cristo. Queremos amar, perdoar e servir a quem estiver próximo de nós. Dai-nos força para que pratiquemos o vosso amor e sejamos exemplo de comunidade.
T: Bendito seja Deus que é bondade e misericórdia
àSenhor, o maior mandamento é amar-vos sobre todas as coisas e o segundo e amar ao nosso próximo como a nós mesmos. Isto não nos é fácil, Principalmente quando estes não são nossos amigos. Pai, transformai-nos para que saibamos amar a todos, mesmo àqueles que nos tem ofendido.
T: Bendito seja Deus que é bondade e misericórdia
à: PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O Cordeiro...