29º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano 2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)
Tema; “A Deus o que é de Deus!”; é
a Ele que devemos subordinar toda a nossa existência.
A primeira leitura
sugere que Deus é o verdadeiro Senhor da história e que é Ele quem conduz seu
Povo à felicidade e à realização plena. Os homens na história são apenas os
instrumentos de Deus para concretizar os seus projetos de salvação.
O Evangelho: O homem
pertence a Deus. Tudo o resto deve ser relativizado.
A segunda leitura
apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã que colocou Deus no centro do
seu caminho, vive numa fé ativa, numa caridade e numa esperança
inabalável.
6. PRIMEIRA LEITURA (Is 45,1.4-6) Leitura
do Livro do Profeta Isaías.
Isto
diz o Senhor sobre Ciro, seu Ungido: “Tomei-o pela mão para submeter os povos ao
seu domínio, dobrar o orgulho dos reis, abrir todas as portas à sua marcha e para
não deixar trancar os portões. Por causa de meu servo Jacó e de meu eleito
Israel, chamei-te pelo nome; reservei-te, e não me reconheceste. Eu sou o
Senhor, não existe outro: fora de mim não há deus. Armei-te guerreiro, sem me
reconheceres, para que todos saibam, do Oriente ao Ocidente, que fora de mim
outro não existe. Eu sou o Senhor, não há outro”.
AMBIENTE - O texto é do Deutero-Isaías (cf. Is 40-55), um profeta anônimo da escola de Isaías, que cumpriu a sua missão profética na Babilônia entre 550 e
Durante o
reinado de Nabônides, rei da Babilônia, desponta na Pérsia em 553 a .C., Ciro, rei dos
Persas, conquista a capital da Média (Ecbátana) e junta no mesmo império os
Medos e os Persas. Depois (547
a .C.), marcha contra a Lídia, conquista Sardes e
apodera-se da maior parte da Ásia Menor. Nos anos seguintes, uma série de
vitórias dão-lhe o domínio do Irã oriental, do Afeganistão e do Turquestão, até
à Índia. Dirige, em seguida, os seus exércitos contra a Babilônia e, em 539 a .C., entra vitorioso na
capital babilônica onde, sem qualquer oposição, é recebido como libertador.
As notícias
que chegam sobre as vitórias de Ciro fazem os exilados sonhar com a proximidade
da libertação do cativeiro. À alegria pela libertação iminente junta-se, no
entanto, alguma confusão e perplexidade… Então o libertador não vai sair do
meio do Povo de Deus, mas é um rei estrangeiro? E quando a libertação acontecer,
a quem deve ser atribuída: a Jahwéh, o Deus dos exilados judeus, ou a Marduk, o
deus de Ciro? Jahwéh ter-se-á desinteressado do seu Povo? Ou terá perdido o seu
poder?
Trata-se de
um problema teológico sério que, em última análise, pode determinar a manutenção
ou não da fé do Povo em Jahwéh. O Deutero-Isaías vai procurar esclarecer
esta questão e explicar o papel de Jahwéh nos acontecimentos.
MENSAGEM - O Deutero-Isaías não tem
dúvidas: Jahwéh é o verdadeiro condutor de todo o processo que vai culminar na
libertação do Povo de Deus. Ciro, o grande rei que se apresta para derrubar o
poderio babilônico, é “o ungido” ( “o messias”; “o cristo”) de Jahwéh. Dizer
que Ciro é “o ungido” significa dizer que ele recebeu a “unção” com óleo; e
que, através dessa “unção”, Ciro recebeu o Espírito de Deus e foi investido
para uma missão. Portanto, Deus escolheu Ciro, derramou sobre ele o seu
Espírito e concedeu-lhe poder (“cingi-te”) para que ele,
desempenhando
a sua missão real, se tornasse o instrumento de Deus no mundo.Ciro foi
designado por Deus para “subjugar as nações”. No entanto, o que é aqui
preponderante é que essa missão deve concretizar-se em benefício do Povo de
Deus: se Deus chamou Ciro “pelo nome”, lhe deu “um título glorioso” e lhe
confiou o poder sobre as nações foi, nas palavras de Jahwéh, “por causa de
Jacob, meu servo, e de Israel, meu eleito…”. Ciro aparece, claramente, como o
instrumento através do qual Deus atua no mundo e na história e realiza os seus
projetos de salvação e de libertação do seu Povo. É através dos homens que
Deus intervém no mundo. O
Deutero-Isaías deixa claro que só Jahwéh é o Senhor da
história e que, fora d’Ele, não há Deus. Ciro ainda não conhece Jahwéh; mas,
sem o saber, ele está a realizar o projeto do Senhor. Portanto, é a Jahwéh e
não a Marduk que os exilados devem agradecer a sua libertação. Embora
servindo-se de um rei estrangeiro, Jahwéh vai mostrar a Judá que é esse Deus
salvador e libertador, em quem o Povo pode sempre confiar.
ATUALIZAÇÃO - • Também nós ficamos, tantas
vezes, perplexos diante dos acontecimentos do nosso tempo. Não percebemos o
significado nem o alcance de certos eventos e não conseguimos saber para onde é
que a história nos conduz. Sentimo-nos perdidos, assustados, à deriva, como
barco sem leme… E, para além disso, Deus parece manter-se em silêncio, sem
mexer um dedo, aos dramas que marcam nossa caminhada. Perguntamo-nos: onde está
Deus, quando a história humana parece percorrer caminhos difíceis? Porque é que
Ele deixa que os homens destruam o planeta, cultivem a exploração e a
injustiça, mantenham tantos homens, mulheres e crianças amarrados à miséria e à
escravidão? A primeira leitura deste domingo garante-nos: Deus nunca abandona
os homens. Ele encontra sempre formas de intervir na história e de concretizar
os seus projetos de vida, de salvação, de libertação… Talvez as intervenções de
Deus nem sempre sejam à luz da lógica dos homens; talvez nem sempre consigamos
perceber o verdadeiro alcance dos projetos de Deus; mas Deus lá está, como Senhor
da história, conduzindo o mundo de acordo com o projeto de vida que Ele tem
para os homens e para o mundo. Resta-nos, mesmo quando não percebemos os seus
critérios, confiarmos e entregarmo-nos em suas mãos.
• Normalmente, Deus não intervém na história através de manifestações impressionantes, espetaculares, caídas do céu, que se impõem como verdades infalíveis e que deixam os homens espantados… Deus atua no mundo com simplicidade e discrição, através de pessoas – muitas vezes pessoas limitadas, pecadoras, “normais” – a quem Ele chama e a quem Ele confia uma missão. O que é fundamental é que cada homem ou cada mulher que Deus chama esteja disponível para acolher esse chamamento e para aceitar ser instrumento de Deus na construção de um mundo novo.
• Deus pode servir-Se daquele que é pecador e marginal aos olhos do mundo para oferecer aos homens a vida e a salvação. O que interessa não são as “qualidades” do intermediário, mas a força de Deus. É necessário ter isto presente… Se conseguimos fazer algo para tornar o mundo um pouco melhor, isso não se deve às nossas brilhantes qualidades, mas a esse Deus que age por nosso intermédio.
• Normalmente, Deus não intervém na história através de manifestações impressionantes, espetaculares, caídas do céu, que se impõem como verdades infalíveis e que deixam os homens espantados… Deus atua no mundo com simplicidade e discrição, através de pessoas – muitas vezes pessoas limitadas, pecadoras, “normais” – a quem Ele chama e a quem Ele confia uma missão. O que é fundamental é que cada homem ou cada mulher que Deus chama esteja disponível para acolher esse chamamento e para aceitar ser instrumento de Deus na construção de um mundo novo.
• Deus pode servir-Se daquele que é pecador e marginal aos olhos do mundo para oferecer aos homens a vida e a salvação. O que interessa não são as “qualidades” do intermediário, mas a força de Deus. É necessário ter isto presente… Se conseguimos fazer algo para tornar o mundo um pouco melhor, isso não se deve às nossas brilhantes qualidades, mas a esse Deus que age por nosso intermédio.
7.
SALMO RESPONSORIAL / Sl 95 (96)
Ó família das nações, dai ao Senhor poder e glória!
•
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, /cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! /
Manifestai
a sua glória entre as nações / e entre os povos do universo seus prodígios!
•
Pois Deus é grande e muito digno de louvor, / o mais terrível e maior que os
outros deuses, /
porque um nada são os deuses dos pagãos. / Foi
o Senhor e nosso Deus quem fez os céus.
• Ó
família das nações, dai ao Senhor, / ó nações, dai ao Senhor poder e glória, /
dai-lhe
a glória que é devida ao seu nome! / Oferecei um sacrifício nos seus átrios.
•
Adorai-o no esplendor da santidade, / terra inteira, estremecei diante dele! /
Publicai
entre as nações: “Reina o Senhor!”, / pois os povos ele julga com justiça.
10. EVANGELHO (Mt 22,15-21) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele
tempo, os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. Então
mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes, para dizerem
a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho
de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem
pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a
César?” Jesus percebeu a
maldade
deles e disse: “Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? Mostrai-me a
moeda do imposto!” Levaram-lhe então a moeda. E Jesus disse: “De quem é a
figura e a inscrição desta moeda?” Eles responderam: “De César”. Jesus então
lhes disse: “Dai pois a César oque é de César, e a Deus o que é de Deus”.
AMBIENTE - No confronto final entre Jesus
e os dirigentes judeus, Jesus conta-lhes três parábolas (que lemos e meditamos
nos últimos três domingos). Na primeira, identifica-os com o filho que disse
“sim” ao seu pai, mas que não foi trabalhar no campo (cf. Mt 21,28-32); na
segunda, equipara-os aos vinhateiros maus que tiveram a ousadia de matar o
filho (cf. Mt 21,33-46); na terceira, compara-os com os convidados para o
banquete que rejeitaram o convite (cf. Mt 22,1-14). Irritados com a ousadia de
Jesus e questionados pelas suas comparações, os líderes judaicos procuram um
pretexto para o acusar.
É neste
contexto que Mateus nos vai apresentar três controvérsias entre Jesus e os
fariseus (cf. Mt 22,15-22.23-33.34-40). Em qualquer caso, o objetivo é
encontrar argumentos para apresentar em tribunal contra Jesus.
A primeira questão que os fariseus põem a Jesus é muito delicada. Diz respeito à obrigação de pagar os tributos ao imperador de Roma…
A primeira questão que os fariseus põem a Jesus é muito delicada. Diz respeito à obrigação de pagar os tributos ao imperador de Roma…
Além dos
impostos indiretos (portagens, direitos alfandegários, taxas várias), as
províncias romanas pagavam ao Império o tributo, que era uma quantia estipulada
por Roma e que todos os habitantes do Império deviam pagar. Era considerado um
sinal da sujeição a Roma. A questão que põem a Jesus é, portanto, esta: é
lícito pactuar com esse sistema gerador de escravidão e de injustiça?
Os
partidários de Herodes e os saduceus (a alta aristocracia sacerdotal) estavam
de acordo com o tributo, pois aceitavam a sujeição a Roma. Os movimentos
revolucionários, no entanto, estavam frontalmente contra, pois consideravam o
imperador um usurpador do poder que só pertencia a Jahwéh e interditavam aos
seus partidários o pagamento do dito tributo. Os fariseus, embora não aceitando
o tributo, tinham uma posição intermediária e não propunham uma solução
violenta para a questão… Se Jesus se pronunciasse a favor do pagamento do
tributo, seria acusado de defender a usurpação pelos romanos do poder que
pertencia a Jahwéh; mas se Jesus se pronunciasse contra o pagamento do imposto,
seria acusado de revolucionário, inimigo da ordem romana…
MENSAGEM -Confrontado com a questão,
Jesus convidou os seus interlocutores a mostrar a moeda do imposto e a
reconhecerem a imagem gravada na moeda (a imagem de César). Depois, Jesus
concluiu: “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
Provavelmente, Jesus quis sugerir que o homem não pode nem deve alhear-se das
suas obrigações para com a comunidade em que está integrado. Em qualquer
circunstância, ele deve ser um cidadão exemplar e contribuir para o bem comum.
A isso, chama-se “dar a César o que é de César”. No entanto, o que é mais
importante é que o homem reconheça a Deus como o seu único senhor. As moedas
romanas têm a imagem de César: que sejam dadas a César. O homem, no entanto,
não tem inscrita em si próprio a imagem de César, mas sim a imagem de Deus (cf.
Gn 1,26-27: “Deus disse: ‘façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança’…
Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus”): portanto, o
homem pertence somente a Deus, deve entregar-se a Deus e reconhecê-lo como o
seu único senhor.
Jesus vai
muito além da questão que Lhe puseram… Recusa-Se a entrar num debate de caráter
político e coloca a questão a um nível mais profundo e mais exigente. Na
abordagem de Jesus, a questão deixa de ser uma simples discussão acerca do
pagamento ou do não pagamento de um imposto, para se tornar um apelo a que o
homem reconheça Deus como o seu senhor e realize a sua vocação essencial de
entrega a Deus (ele foi criado por Deus, pertence a Deus e transporta consigo a
imagem do seu senhor e seu criador). Jesus deixa claro que o homem só pertence
a Deus e deve entregar toda a sua existência nas mãos de Deus. Tudo o resto
deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político.
ATUALIZAÇÃO • A questão essencial que o
nosso texto aborda é esta: o homem pertence a Deus e deve considerar Deus o seu
único senhor e a sua referência fundamental. No entanto, embriagados pelo
turbilhão das liberdades e das novas descobertas, os homens do nosso tempo
consideraram que eram capazes de descobrir, por si próprios, os caminhos da
vida e da felicidade e que podiam prescindir de Deus… Instalaram-se no orgulho
e na auto-suficiência e deixaram Deus de fora das suas vidas. É preciso
voltarmos a Deus e redescobrirmos a sua centralidade na nossa existência. Fomos
criados para a comunhão com Deus e só nos sentiremos felizes e realizados
quando nos entregarmos nas suas mãos e fizermos d’Ele o centro da nossa
caminhada.
• Em muitos casos, Deus foi apenas substituído por outros “deuses”: o dinheiro, o poder, o êxito, a realização profissional, a ascensão social, o clube de futebol… tomaram o lugar de Deus e passaram a dirigir e a condicionar a vida de tantos dos nossos contemporâneos. Quase sempre, no entanto, essa troca trouxe, apenas, escravidão, alienação, frustração e sentimentos de solidão e de orfandade…
• Em muitos casos, Deus foi apenas substituído por outros “deuses”: o dinheiro, o poder, o êxito, a realização profissional, a ascensão social, o clube de futebol… tomaram o lugar de Deus e passaram a dirigir e a condicionar a vida de tantos dos nossos contemporâneos. Quase sempre, no entanto, essa troca trouxe, apenas, escravidão, alienação, frustração e sentimentos de solidão e de orfandade…
• O homem e a
mulher foram criados à imagem de Deus. Eles não são, portanto, objetos que
podem ser usados, explorados e alienados, mas seres revestidos de uma suprema
dignidade, de uma dignidade divina. Apesar da Declaração Universal dos Direitos
do Homem, há milhões de homens, mulheres e crianças que continuam, todos os
dias, a ser maltratados, humilhados, explorados, desprezados, diminuídos na sua
dignidade. Destruir a imagem de Deus que existe em cada criança, mulher ou homem,
é um grave crime contra Deus. Devemos sentir-nos responsáveis sempre que algum
irmão ou irmã é privado dos seus
direitos e da sua dignidade; e temos o dever de lutar contra todos os sistemas que atentem contra a
vida e a dignidade de qualquer pessoa.
• Para o
cristão, Deus é a referência fundamental e está sempre em primeiro lugar; mas
isso não significa que o cristão viva à margem do mundo e se demita das suas
responsabilidades na construção do mundo. O cristão deve ser um cidadão
exemplar, que cumpre as suas responsabilidades e que colabora na construção da
sociedade humana. Ele respeita as leis e cumpre pontualmente as suas obrigações
tributárias, com coerência e lealdade. Não foge aos impostos, não aceita
esquemas de corrupção, não infringe as regras legalmente definidas. Vive de
olhos postos em Deus; mas não se escusa a lutar por um mundo melhor e por uma
sociedade mais justa e mais fraterna.
8. SEGUNDA LEITURA
(1Ts 1,1-5b) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
Paulo,
Silvano e Timóteo, à Igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus Pai e no
Senhor Jesus Cristo: a vós, graça e paz! Damos graças a Deus por todos vós,
lembrando vos sempre em nossas orações. Diante de Deus, nosso Pai, recordamos
sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da
vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus,
que sois do número dos escolhidos. Porque o nosso evangelho não chegou até vós
somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito
Santo;
e isso, com toda a abundância.
AMBIENTE – Tessalônica era, no século I da nossa era, a cidade mais importante da Macedônia. Importante porto marítimo e cidade de intenso comércio, era uma encruzilhada religiosa, na qual os cultos locais coexistiam lado a lado com todo o tipo de propostas religiosas vindas de todo o Mediterrâneo.
Tessalônica
foi evangelizada por Paulo durante a sua segunda viagem missionária,
provavelmente no Inverno dos anos 49-50. Paulo chegou a Tessalônica acompanhado
de Silvano e Timóteo, depois de ter sido forçado a deixar a cidade de Filipos.
O tempo de evangelização foi curto – talvez uns três meses; mas foi o
suficiente para fazer nascer uma comunidade cristã numerosa e entusiasta,
constituída majoritariamente por pagãos convertidos. No entanto, a obra de
Paulo foi brutalmente interrompida pela reação da colônia judaica… Os judeus
acusaram Paulo de agir contra os decretos do imperador e levaram alguns
cristãos diante dos magistrados da cidade (cf. At 17,5-9). Paulo teve de deixar
a cidade às pressas, de noite (cf. At 17,10-15).
Entretanto,
Paulo tinha a consciência de que a formação doutrinal da comunidade cristã de
Tessalônica ainda deixava muito a desejar. A jovem comunidade, fundada há pouco
tempo e ainda insuficientemente catequizada, estava quase desarmada nesse
contexto adverso de perseguição e de provação (cf. 1 Tes 3,1-10). Preocupado,
Paulo enviou Timóteo a Tessalônica, a fim de saber notícias e encorajar os
tessalonicenses na fé (cf. 1 Tes 3,2-5). Quando Timóteo voltou e apresentou o
seu relatório, Paulo estava em Corinto. Confortado pelas informações dadas por
Timóteo, o apóstolo decidiu escrever aos cristãos de Tessalônica,
felicitando-os pela sua fidelidade ao Evangelho. Aproveitou também para
esclarecer algumas dúvidas doutrinais que inquietavam os tessalonicenses e para
corrigir alguns aspectos menos exemplares da vida da comunidade.
MENSAGEM - Paulo, Silvano e Timóteo
estão profundamente agradecidos a Deus, pela ação de Deus na vida da comunidade
cristã de Tessalônica. Diante da proposta do Evangelho, os tessalonicenses
responderam generosamente, com uma fé ativa, uma caridade esforçada e uma
esperança firme. A “fé ativa” traduz a realidade de uma adesão ao
Evangelho que não se manifesta só em palavras, mas também em atitudes concretas
de transformação; a “caridade esforçada” dá conta de um amor que não é
teórico mas é efetivo, e que se traduz em gestos de entrega, de partilha, de
doação; e a “esperança firme” define essa confiança inabalável dos
tessalonicenses em Deus e na vida nova que Ele reserva àqueles que O amam –
confiança que, nem a hostilidade do mundo, nem as dificuldades da vida
conseguem deitar por terra. Na verdade, tudo isto resulta do fato de os
tessalonicenses terem sido “escolhidos” por Deus. No Antigo Testamento, a
“eleição” é um privilégio de Israel, escolhido por Deus de entre os outros
povos, não em virtude dos seus méritos particulares, mas como resultado da
graça e do amor de Deus; agora, são as comunidades cristãs de origem pagã que
são objeto do mesmo privilégio, que tem a sua fonte no amor gratuito do Deus
salvador.
O Evangelho
que Paulo, Silvano e Timóteo anunciaram aos tessalonicenses não foi um discurso
feito de belas palavras, mas foi uma Boa Nova de Deus, poderosa e transformadora,
que encontrou eco no coração dos tessalonicenses que, pela ação do Espírito
Santo, deu frutos de fé, de amor e de esperança. É por tudo isto que Paulo,
Silvano e Timóteo louvam o Senhor.
ATUALIZAÇÃO • Hoje, uma comunidade cristã
que viva, com fidelidade, a fé, a esperança e a caridade, não será notícia; em
contrapartida, os meios de comunicação social explorarão os escândalos …
• O nosso
texto convida-nos a potenciar o louvor e o agradecimento a Deus.
Pe.
Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho
==========------------------==========
Pe.
Antônio
: Deus e César
O Cristão é um cidadão como todos os
outros: desfruta dos mesmos direitos e tem os mesmos deveres. E os impostos,
ele é obrigado a pagar?
As Leituras nos dão uma resposta...
Na 1aLeitura, um rei pagão
foi "instrumentos de Deus"
para libertar o seu povo da escravidão da Babilônia. (Is 45,1.4-6)
Ciro, Rei da Pérsia, foi um excelente
comandante e político iluminado. Conquistou todos os impérios do oriente,
inclusive a Babilônia.
No ano 538, depois de conquistar a
Babilônia, permitiu aos judeus voltarem à própria terra e
começarem a reconstruir o templo e a
cidade de Jerusalém.
O profeta chama o rei pagão de "ungido do Senhor".
Ciro torna-se instrumento de Deus,
mesmo sem o conhecer, sem mesmo ser membro do povo da Aliança.
* O texto sugere que Deus é o verdadeiro
"Senhor da História" e que é Ele quem conduz a caminhada do
seu Povo. Deus pode se servir de qualquer pessoa para realizar seus projetos.
Pode se servir de dirigentes até sem
religião, desde que sejam competentes,
honestos e saibam promover o bem-estar e a paz.
- O contrário também pode acontecer:
Nem toda pessoa "religiosa" e bem intencionada tem a necessária
competência para uma função pública.
No Evangelho, Jesus responde a
uma pergunta política. (Mt
22,34-40)
Discípulos dos fariseus e herodianos, favoráveis ao poder romano,
fazem uma pergunta capciosa: "É permitido ou não pagar o TRIBUTO a
César?"
- Se dissesse SIM: apareceria como
colaborador da dominação romana.
Se dissesse NÃO: seria denunciado às autoridades romanas como subversivo.
- Jesus percebe a armadilha. Pede uma
moeda e pergunta: "De quem é essa imagem?
"Dai pois a César o que é de César..." e acrescenta: "...e a Deus
o que é de Deus"
+ "Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus":
"Dar" significa aqui "devolver"
a cada um o que lhe pertence.
Não deve dar a César o que não lhe
pertence: a ADORAÇÃO, devida unicamente a Deus (não aos imperadores...).
* Jesus não nega o pagamento do
tributo imperial.
O amor a Deus não tira as obrigações
para com a nação.
Mas questiona a pretensão de César de
se nivelar a Deus e exigir dos súbditos culto só devido a Deus.
+ Um Perigo: Tirar o lugar de Deus.
- Uns reconhecem a autoridade do
império, por isso servem aos interesses dele, pagando o imposto;
- Outros querem reconhecer a
autoridade de Deus, mas deixam de lado o que é de Deus.
O dinheiro, o poder, o êxito, a realização profissional, a ascensão
social, o clube de futebol… podem tomar o lugar de Deus e passam a dirigir e a
condicionar a vida de muitas pessoas.
* Deus é, de fato, nosso único
"Senhor", a quem servimos?
+ Conclusões
da resposta de Jesus:
- "Dar a César..." (a imagem de César)
O Cristão tem obrigações com a Sociedade
em que vive. Nenhum país funciona se a população não der a César o que é de
César... O cristão deve ser um bom cidadão. É uma obrigação moral, além de
civil, contribuir para o bem comum com o pagamento de impostos justos.
- "Dar a Deus"
(o homem foi criado à "imagem" de Deus) Por isso, seus direitos e sua
dignidade devem ser respeitados por todos. Nós somos o "seu Povo", que não pode
ser vendido a nenhum César.
Tudo
o que temos é Deus que nos deu; devemos “devolver” em gratidão, oração, amor e
ser auxílio a todos os seus filhos, os nossos irmãos e irmãs que conosco vivem
neste mundo.
- Dar à Comunidade cristã (devemos ser membro vivo e atuante...)
A Igreja no Brasil nos pede que todos devemos:
"EVANGELIZAR, a partir de
Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e
profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da
evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino
definitivo". (DGAE)
- Colaborar pela sua manutenção, com
o Dízimo...
A Bíblia fala e condena os que "sonegam" o tributo do templo...
+ Estamos, de fato, dando a César o que é de César e a Deus o que é de Deus?
Não podemos "sonegar" o nosso tributo nem a Deus, nem à Nação,
nem à Comunidade...
Pe.
Antônio
=======---------=======
Homilia
de D. Henrique Soares Mt 22,15-21
"Dai a César o que é de César, e a Deus o
que é de Deus".
Eis, caríssimos irmãos no Senhor, a frase que resume perfeitamente a Liturgia
da Palavra deste Domingo. Frase tão conhecida, tão repetida e tão poucamente
compreendida! E, no entanto, uma das frases mais radicais e revolucionárias do
Evangelho; frase que bem serve de bandeira para os crentes do mundo descrente
de hoje.
Recordemos o contexto. Os inimigos de
Jesus prepararam-lhe uma inteligente armadilha. Primeiro o elogiaram com um
elogio hipócrita, mas, fiel à realidade, que nos mostra bem a grandeza de
caráter do Senhor nosso: "Mestre,
sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te
deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas
aparências". Que belo elogio! Que belo exemplo a ser seguido!
Mas, eis que vem a armadilha: "É
lícito ou não pagar o imposto a César?" Se Jesus respondesse
"sim", seria acusado de peleguismo, de colaboracionismo com os
opressores pagãos romanos, impuros e odiados pelo povo; se respondesse
"não", seria acusado de revoltoso anti-romano diante de Pôncio
Pilatos pelos seus próprios inimigos; se respondesse "não sei", seria
desmoralizado como um rabi incompetente e estulto. Eis, pois: a armadilha era
perfeita! Mas, a resposta de Jesus foi mais perfeita ainda, verdadeiramente
admirável! Pediu uma moeda, perguntou de quem era a inscrição... "Então,
se usais a moeda de César, é porque César é quem manda de fato! Dai, pois, a
César o que é de César!" E, então vem o complemento. Impressionante:
"Mas, dai a Deus o que é de Deus!"
Que significa tal resposta? À primeira
vista, Jesus estaria dividindo o mundo, as realidades, em duas áreas: uma para
Deus e outra para César. Deus e César, lado a lado... Nada disso! Ao ensinar a dar a César o que é de César,
o Senhor nos convida a respeitar as estruturas da sociedade em que vivemos, a
levá-las a sério, a bem viver nelas. César, aqui, significa o mundo em que
vivemos, com toda sua riqueza e complexidade. César é a política, César é a
Pátria, a família; César é o trabalho, o emprego, o esporte que praticamos;
César são os amigos e os sonhos nossos... Tudo quanto é humano e legítimo pode
e deve ser apreciado e respeitado pelos cristãos. Podemos dar a César o que
é de César, sem medo nem temor! Mas, ao ensinar e exortar a dar a Deus o que é
de Deus, o Senhor nos recorda com toda seriedade que somente Deus é Deus. E o que se deve dar a Deus? Tudo;
absolutamente, tudo! De Deus é a nossa vida, de Deus é a nossa morte, de Deus é
tudo quanto temos, vivemos e somos: Dai a César o que é de César, mas recordai
que também César pertence a Deus! César não é Deus! E aqui está o genial e
admirável da resposta de Nosso Senhor. César se julgava Deus, era chamado
"Divino César", considerava-se senhor da vida e da morte! Ora, Jesus
nega a César tal pretensão! César é somente César e, como César, morrerá!
Somente o Senhor é Deus! A ciência não é Deus, a tecnologia não é Deus, os
grandes do mundo não são Deus! Só o Senhor é Deus! São Paulo faz eco a
essas palavras de Jesus ao nos afirmar: "Tudo
pertence a vós: Paulo, Apolo, Cefas, o
mundo, a vida, a morte, as coisas presentes e as futuras.Tudo é vosso; mas vós
sois de Cristo e Cristo é de Deus" (1Cor 3,21-23).
A
grande tentação nossa é colocar no lugar de Deus os tantos césares da vida. Não se
endeusa a ciência? Não se absolutiza a tecnologia, não se adora o sexo? Os
grandes do mundo – grandes pelo poder, ou pela riqueza, ou pelo sucesso – não
se acham divinos, sem reconhecer, como Ciro, na primeira leitura de hoje, que
tudo vem de Deus, que estamos nas suas mãos, que tudo é, misteriosamente, fruto
da sua providência?
Cristão, tu deves participar da vida
da humanidade, deves ser homem entre os homens, deves participar da construção da
sociedade... Tu deves saber apreciar o que de bom e de belo existe no mundo...
Mas, não te esqueças: nada disso é Deus, nada
disso merece tua adoração, nada disso deve prender teu coração: nem família,
nem pátria, nem amigos, nem posse, idéias ou poder! Só o Senhor é Deus! A
César, o que é de César; a Deus tudo, pois tudo é de Deus! Viver assim é
crer de verdade, é levar Deus a sério de verdade! Grande ilusão nossa é pensar
que podemos colocar Deus no meio de tantos e tantos amores, de tantas e tantas
paixões, fazendo dele apenas mais uma, entre tantas realidades da vida. Não!
Ele é tudo, ele é o Tudo, como dizia São Francisco de Assis: "Tu és o Bem,
todo o Bem, o Bem universal!"
Caríssimos,
que na oração, na experiência da vida sacramental e na escuta da Palavra do
Senhor nós aprendamos e reconhecer Deus como Deus na nossa vida. Para que, como aconteceu com os cristãos de
Tessalônica, na segunda leitura de hoje, estejam diante de Deus sem cessar "a atuação da vossa fé, o esforço da vossa
caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus
Cristo".
D. HENRIQUE SOARES
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Homilia do Pe. Françoá Costa
Sem cera!
“Mestre, sabemos que és
verdadeiro e ensinas o caminho de Deus em toda a verdade, sem te preocupares
com ninguém, porque não olhas para a aparência dos homens” (Mt 22,16). Os
homens que falam são aduladores! E Jesus não se deixa conquistar pela
duplicidade da linguagem, nem pela malícia daqueles homens. O Evangelho
descobre a falsidade deles logo no começo da narração; eram discípulos daqueles
fariseus que tinham deliberado “sobre a maneira de surpreender Jesus nas suas
próprias palavras” (Mt 22,15).
Afirmava um amigo meu que cada
um de nós leva dentro um “pequeno fariseu” ou um “discípulo de fariseu”. E tem
razão! Frequentemente, podemos procurar parecer o que não somos para agradar,
para subir na vida, para alcançar uma posição social, para… Desta maneira, se
pode passar a vida com um disfarce no rosto, ocultando assim o que há de mais
belo em nós ou não permitindo que as coisas sejam curadas porque não mostramos
ao médico divino as nossas feridas.
Deus realmente não gosta da
falta de sinceridade. “Os discípulos de Cristo “revestiram-se do homem novo,
criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade” (Ef 4,24). “Livres da
mentira” (Ef 4,25), devem “rejeitar toda maldade, toda mentira, todas as formas
de hipocrisia, de inveja e maledicência” (1 Pd 2,1)” (Cat. 2475).
Explica um autor que “os
romanos, na sua paixão pelo belo e pelo autêntico, admiravam as expressões
artísticas mais perfeitas e genuínas, e não admitiam defeitos nas obras de arte.
Por isso, quando um escultor falhava, procurava dissimular o defeito cobrindo a
irregularidade com cera. E quando a estátua saía perfeita das suas mãos,
dizia-se que estava completa, íntegra, autêntica, sine cera – “sem cera”. Daí
deriva a expressão sincera” (R. Llano Cifuentes, Vidas sinceras).
Devemos ser assim diante de
Deus, “sem cera”, isto é, sinceros; é preciso que sejamos sinceros, bem
sinceros: com o nosso confessor, com o diretor espiritual, com aquelas pessoas
que tem como encargo saber aquilo que devem saber sobre nós para ajudar-nos.
Nós, os cristãos, não participamos das festas de disfarces espirituais porque
sabemos que diante de Deus somos o que somos, e nada mais. A máscara que as
vezes queremos fazer para nós e que talvez até chamaria a atenção dos outros,
nada vale diante de Deus. Jesus conhece até o mais profundo do ser humano, nada
se pode esconder dele, muito menos continuar com um disfarce que vele o rosto.
Caso contrário, podemos escutar do Senhor aquela palavra que é bastante forte:
“hipócritas” (Mt 22,18).
A sinceridade nos leva à
autenticidade, a sermos nós mesmos. Também nos leva à simplicidade: nada temos
que esconder, somos sempre o que somos e nos mostramos como somos diante dos
outros. A pessoa sincera é simples, não anda com complicações, com cavilações
inúteis. Uma pessoa sincera é humilde, virtude esta que muito agrada a Deus e
atrai novas graças.
Gostaria de insistir num
aspecto da sinceridade que é capital. Trata-se daquela sinceridade total que
devemos ter no sacramento da confissão. Lá vamos para dizer as podridões, os
pecados; para mostrar as feridas, as chagas, as coisas feias. Nenhum padre
espera que cheguemos ao confessionário para dizer as nossas virtudes, as coisas
boas que fizemos ou como somos pessoas “nota 10” . Não! Para isso não é o
sacramento da confissão. Vamos confessar-nos para dizer os pecados, ser
perdoados e ficar reconciliados com Deus e com sua Igreja. Devemos ser,
portanto, bem sinceros. Melhor ainda se começarmos a falar aquelas coisas que
nos parecem mais difíceis de dizer, as que nos causam maior vergonha. Deus nos
livre de esconder por vergonha algum pecado, neste caso a nossa confissão seria
inválida e nenhum pecado seria perdoado. Outra coisa é quando a gente se
esquece de dizer algum pecado. Neste caso, todos os pecados ficam perdoados,
podemos ficar bem tranquilos depois da confissão e continuar comungando; na
próxima que nos confessarmos diremos aquilo que tínhamos esquecido.
Sinceridade! Sinceridade!
Sinceridade! Desta maneira tudo se resolverá, mais cedo ou mais tarde.
Confiemos no Senhor, digamos-lhe o que está acontecendo conosco e ele nos dirá
aquilo que ele quer de nós. Sejamos sinceros com Deus, pois ele sempre o é
conosco.
Homilia do Pe. Françoá Costa
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HOMILIA DO Mons. José Maria
Pereira: Os
Cristãos e a Política
No Evangelho (Mt22, 15-21)
Jesus responde a uma pergunta política.
Discípulos dos fariseus e
herodianos, favoráveis ao poder romano, fazem uma pergunta capciosa: “é
permitido ou não pagar o tributo o César?”;
Se dissesse sim: apareceria
como colaborador da dominação romana.
Se dissesse não: seria
denunciado às autoridades romanas como subversivo.
Jesus percebe a armadilha. Pede
uma moeda e pergunta: “De quem é essa imagem? Daí a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus”.
Jesus dá uma resposta cheia de
profundidade divina, que soluciona com toda a exatidão o problema que lhe
tinham proposto, mas ao mesmo tempo vai muito além do que lhe tinham
perguntado. Não se limita ao sim ou ao não. Dai a César o que é de César,
diz-lhes. Quer dizer, dai-lhe aquilo que lhe corresponde, mas não mais do que
isso, porque o Estado não tem poder e domínio absolutos.
As autoridades públicas estão
gravemente obrigadas a servir o bem comum sem buscar o proveito pessoal; a
legislar e governar com o mais pleno respeito pela lei natural e pelos direitos
da pessoa: em favor da vida desde o momento da sua concepção, que é o primeiro
de todos os direitos; da família, que é a origem da sociedade; da liberdade
religiosa; do direito dos pais à educação dos filhos… “Ai daqueles que fazem
leis injustas!” (Is 10,1), clama o senhor pela boca do profeta Isaías. Rezar
pelos que estão constituídos em autoridade é um dever de todos os cristãos,
pois é muito grande a responsabilidade que pesa sobre eles.
Por sua vez, como cidadãos
iguais aos outros, os cristãos devem ser homens e mulheres que cumprem
escrupulosamente os seus deveres para com a sociedade, para com o Estado, para
com a empresa em que trabalham… Esta fidelidade é para os cristãos um dever de
consciência, pois diz respeito a prestações que se enquadram no seu caminho de
santidade. O pagamento dos impostos justos, o exercício responsável do voto, a
colaboração nas iniciativas que têm em vista o bem público, a intervenção na
política quando a pessoa se sente chamada a isso…, são tarefas próprias de qualquer
cidadão, mas no cristão tornam-se veículos para o exercício das virtudes da
justiça e da caridade; são portanto meio de santificação.
Quando o cristão atua na vida
pública, no ensino, em qualquer iniciativa cultural…, não pode ocultar a sua
fé, pois “a distinção estabelecida por Cristo não significa, de modo algum, que
a religião tenha que ser relegada ao templo – à sacristia -, nem que a
ordenação dos assuntos humanos deva ser feita à margem de toda a lei divina e
cristã” (São Josemaría Escrivá). Antes pelo contrário, os cristãos devem ser
sal e luz no lugar onde se encontram, devem converter o mundo num lugar mais
humano, habitável, onde os homens encontrem com facilidade o caminho que leva a
Deus.
Os fiéis leigos cumprem “esta
missão da Igreja no mundo, antes de tudo por aquela coerência da vida com a fé,
pela qual se transformam em luz do mundo; pela honestidade em qualquer negócio,
honestidade que atrai todos os homens para o amor da verdade e do bem e afinal
para Cristo e a Igreja; pela caridade fraterna, pela qual participam das
condições de vida, trabalho, dores e aspirações dos irmãos, dispondo
insensivelmente os corações de todos para a ação salutar da graça…” (Concílio
Vaticano II, A.A, nº13).
Dar a Deus o que é de Deus!
Conseguiremos com o testemunho de uma vida coerente, sentindo-nos filhos de
Deus, tanto na praça pública como na conversa amável na casa de alguns amigos,
persuadidos de que só no seio da Igreja se guardam os valores que podem
preencher o tremendo vazio moral e religioso que encontramos na sociedade. Uma
sociedade sem esses valores está voltada para uma crescente agressividade e
também uma progressiva desumanização. Deus não é uma estrela longínqua,
inoperante, mas uma poderosa luz que dá sentido a todos os afazeres humanos.
Diante das tentativas de
afastar Deus da vida dos homens contemporâneos na pressuposição que Ele diminua
a sua liberdade e a responsabilidade, o Papa Bento XVI durante a recente visita
apostólica à Alemanha, afirmou com renovado vigor: “Onde Deus está presente, há
esperança e abrem-se perspectivas novas e, freqüentemente, inesperadas que vão
para além do hoje e das coisas efêmeras”. Como membro vivo e atuante nas nossas
comunidades somos chamados a participar na vida e ação evangelizadora e
missionária da Igreja. A Igreja no Brasil, nas suas diretrizes gerais, nos pede
que todos devemos: “ Evangelizar, a partir de Jesus Cristo e na força do
Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela
Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos
pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo” (DGAE).
Mons. José Maria Pereira
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:
LOUVOR (QUANDO PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR) MT
22, 15-24
- COM JESUS, POR
JESUS E EM JESUS,NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Grande é o senhor, imensa a sua misericórdia.
à Ó Senhor,
nosso Deus e Pai, Vós sois o Senhor que nos conduz pela mão em vossos caminhos.
Pai, somos o vosso povo e sois nosso Deus. Queremos cumprir a missão que nos
destes. Vinde sempre em nosso auxílio.
T: Grande é o senhor, imensa a sua misericórdia.
à Ó Senhor,
nosso Deus, nós vos louvamos e agradecemos; pela vida, pelo batismo, pela
família e por tudo que nos destes. Sempre necessitamos de vossa ajuda. Muitas
coisas teríamos a lhe pedir, mas Vós conheceis nosso íntimo e sabeis de nossas
necessidades. Vinde sempre em nosso auxílio.
T: Grande é o senhor, imensa a sua misericórdia.
àSenhor, nós
também queremos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Ajudai-nos para que saibamos amar e respeitar ao nosso irmão e irmã que vivem
ao nosso lado e ser ajuda aos que a nós recorrem. Que vejamos em todos a vossa
imagem e semelhança
T: Grande é o senhor, imensa a sua misericórdia.
à PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o
Cordeiro...
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