sexta-feira, 26 de junho de 2015

13º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A 2015, SOLENIDADE DE S. PEDRO E S. PAULO, festa de são pedro e são paulo, Homilias

13º DOMINGO DO TEMPO COMUM  ANO A 2015

SOLENIDADE DE S. PEDRO E S. PAULO

SINOPSE:
Tema: Pedro e Paulo; exemplos de fidelidade e testemunho a Jesus Cristo. Ambos deram a vida por Jesus.
Evangelho: À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus.
Primeira leitura: Deus cuida dos discípulos quando o mundo os rejeita.
Segunda leitura: Paulo apresenta o “testamento”, “balanço final” do seu compromisso com o Evangelho.

10. EVANGELHO (Mt 16,13-19) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens
ser o Filho do Homem?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros, ainda, que é
Jeremias ou algum dos profetas”. Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu é o Messias, o Filho do Deus vivo”. Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, por que não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.

AMBIENTE - A proposta de Jesus não é acolhida, senão por um pequeno grupo. Jesus pergunta aos discípulos não para ver sua popularidade, mais para tornar as coisas mais claras.

MENSAGEM – Muitos vêem Jesus um homem enviado como os profetas… Pedro diz: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus”. Ele é o enviado por Deus para libertar o seu Povo. Jesus não é, apenas, o Messias: é, também, o “Filho de Deus”; significa reconhecer a unidade e intimidade entre Jesus e o Pai e que Jesus realiza os projetos do Pai no meio dos homens.
Na segunda parte, Jesus elogia Pedro (a comunidade) pela fé. Pedro é “a rocha”, pela fé que tem em Jesus, sobre a qual vai assentar a sua Ekklesia. Jesus promete a Pedro “as chaves do Reino dos céus” e o poder de “ligar e desligar”. “atar e desatar” designava interpretar a Lei com autoridade. Assim, Jesus nomeia Pedro como “administrador” da Igreja, com autoridade para interpretar, adaptar, atualizar as palavras de Jesus e para acolher ou não novos membros na comunidade do Reino (todos são chamados; mas aqueles que não aceitam as propostas de Jesus não podem ser admitidos).
Pedro é o protótipo do discípulo; nele, está representada essa comunidade que proclama a sua fé em Jesus como o “Messias” e o “Filho de Deus”. É a essa comunidade, representada por Pedro, que Jesus confia as chaves do Reino e o poder de acolher ou excluir.
Por isso, nesse dia celebramos também o DIA DO PAPA, o chefe visível da Igreja na terra.
Em dois mil anos de Cristianismo, até hoje, Pedro teve 265 sucessores! Podemos dizer, ontem Pedro, hoje Francisco.

ATUALIZAÇÃO ** Muitos vêem em Jesus um homem bom, “mestre” de moralrevolucionário, que procurou promover os pobres e que foi eliminado pelos poderosos, preocupados em manter o “statu quo”.
• Para os discípulos, é “o Messias, o Filho de Deus”, capaz de  dar vida plena da felicidade sem fim.
•  A Igreja é a comunidade dos discípulos que reconhecem Jesus como “o Messias, o Filho de Deus”.

6. PRIMEIRA LEITURA (At 12, 1-11) Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, o rei Herodes prendeu alguns membros da Igreja, para torturá-los. Mandou matar à espada Tiago, irmão
de João. E, vendo que isso agradava aos judeus, mandou também prender Pedro. Eram os dias dos pães ázimos. Depois de prender Pedro, Herodes colocou-o na prisão, guardado por quatro grupos de soldados, com quatro soldados cada um. Herodes tinha a intenção de apresenta-lo ao povo, depois da festa da Páscoa. Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele. Herodes estava para apresentá-lo. Naquela mesma noite, Pedro dormia entre dois soldados, preso com duas correntes; e os guardas vigiavam as portas da prisão. Eis que apareceu o anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela. O anjo tocou o ombro de Pedro, acordou-o e disse: “Levanta-te depressa!” As correntes caíram-lhe das mãos. O anjo continuou: “Coloca o cinto e calça tuas sandálias!” Pedro obedeceu e o anjo lhe disse: “Põe tua capa e vem comigo!” Pedro acompanhou-o e não sabia que era realidade o que estava acontecendo por meio do anjo, pois pensava que aquilo era uma visão. Depois de passarem pela primeira e segunda guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade. O portão abriu-se sozinho. Eles saíram, caminharam por uma rua e logo depois o anjo o deixou. Então Pedro caiu em si e disse: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava!”

AMBIENTE –Pedro foi preso, e libertado. É uma catequese de como Deus cuida dos discípulos.

MENSAGEM 1. A morte de Tiago e a prisão de Pedro mostram como o projeto de Deus gera confronto.
2. “A Igreja orava por ele”, mostra a unidade da Igreja e que Deus escuta a oração da comunidade.
3. A libertação de Pedro mostra que Deus está com sua igreja e cuida daqueles que dão testemunho.

ATUALIZAÇÃO • O projeto de Deus gera oposição. • Deus não nos abandona.
• A importância da solidariedade com os irmãos que estão em sofrimento.

7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 33 (34)
De todos os temores me livrou o Senhor Deus.
 • Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor estará sempre em minha boca. / Minha alma se gloria no Senhor; / que ouçam os humildes e se alegrem!
• Comigo engrandecei ao Senhor Deus, / exaltemos todos juntos o seu nome! / Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu / e de todos os temores me livrou.
• Contemplai a sua face e alegrai-vos, / e vosso rosto não se cubra de vergonha! / Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido; / e o Senhor o libertou de toda a angústia.
• O anjo do Senhor vem acampar / ao redor dos que o temem e os salva. / Provai e vede quão suave é o Senhor! / Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!

8. SEGUNDA LEITURA (2Tim 4,6-8. 17-18) Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo.
Caríssimo, quanto a mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida.
Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a
sua manifestação gloriosa. Mas o Senhor esteve ao meu lado e me deu forças, ele fez com que a mensagem fosse
anunciada por mim integralmente e ouvida por todas as nações; e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me libertará de todo o mal e me salvará para o seu Reino celeste. A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém.

AMBIENTE - Paulo convida a redescobrir o entusiasmo por Jesus e pelo testemunho da Boa Nova.

MENSAGEM Paulo doou sua vida ao Evangelho. Resta-lhe receber a coroa de glória, reservada aos vencedores.  Há duas maneiras de dar a vida por Cristo: uma é gastá-la dia a dia; outra é derramar o sangue por causa da fé. Paulo conheceu as duas modalidades; imitar Paulo é um desafio. O autor pede: apesar das dificuldades, descubram a presença de Deus, confiem, mantenham-se fiéis ao Evangelho: assim recebereis a salvação que Deus reserva a quem combateu o bom combate da fé.

ATUALIZAÇÃO • Paulo é modelo. O caminho não é fácil, mas vale a pena, pois conduz à vida plena.
• Aquele que escolhe Cristo não está só; o Senhor está ao seu lado, dá-lhe força, e livra-o de todo o mal.
Olhando a escolha de Pedro para conduzir a Igreja, podemos perceber que Jesus fundou a sua Igreja sobre a fragilidade humana, ela foi fundada sobre a responsabilidade de um homem sujeito a falhas!
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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Alguns pontos:

A resposta da comunidade representada por Pedro é uma profissão de fé no “Cristo, Filho do Deus vivo”. 
Essa profissão de fé não é fruto da lógica e do esforço humano, mas é revelação divina, pois quem o revela à comunidade é o próprio Pai, que está no céu. Foi a abertura da comunidade à revelação divina que possibilitou reconhecer o Cristo e confessar a fé nele. E é sobre a fé confessada no Cristo, Filho do Deus vivo, que a Igreja é edificada. A expressão “esta pedra” refere-se à confissão de fé e é um trocadilho com a palavra “Pedro”, por cujos lábios ela é pronunciada. O fundamento da Igreja é Jesus, pedra angular (Mt. 21,42), confessado por Messias/Cristo pela comunidade de seus seguidores.

1. Pedro recebe a revelação de que Jesus é o Messias: “não foi alguém de carne e sangue que te revelou isso, e sim meu Pai do céu” (v. 17b). Mas para Pedro Jesus não passa por um humano a ponto de enfrentar a morte. Pedro está ligado ainda a um Messias glorioso e poderoso (mentalidade da época).
2. Tanto que, logo após Jesus confirmar que Pedro será a pedra sobre a qual edificará a sua Igreja (v. 18-19), Jesus vai dizer-lhe que ele é pedra de tropeço (satanás), porque não pensa do modo de Deus, mas do modo humano (v. 22-23).
3. Jesus mostra as conseqüências como Messias (vv. 24-28: tomar a cruz … perder a vida … que adianta ganhar o mundo inteiro …). O reconhecimento de Jesus-Messias conduz ao testemunho e à cruz. Pedro vai fazer um longo processo de conversão para identificar sua vida com a do Mestre. Vai deixar de lado um Messias à moda humana (à nossa imagem e semelhança) para tornar-se discípulo à imagem e semelhança de Jesus-Messias-Servo (1ª leitura).
4. Pedro recebe o título de satanás, porque não é inspirado pelo Pai, a pedra que se transforma em tropeço (cf. Is. 8,14-15). Pedro não aceita a paixão do Mestre porque não compreende o valor que ela tem.

7. Pedagogicamente Jesus leva os discípulos para longe de Jerusalém, centro do poder político, econômico e ideológico. Cesaréia de Filipe é uma espécie de “periferia” e terra que espera um anúncio qualificado acerca de quem é Jesus. Assim, a partir dessa realidade, – longe das influências ideológicas do centro, – é que os discípulos são convidados a dar uma resposta plena de quem é Jesus.

9. Pedro responde: “Tu és o Messias (o Cristo), o Filho do Deus vivo!”(v. 16). Jesus é a realização das expectativas messiânicas, o portador da justiça que cria sociedade e história novas. Ele supera, portanto, a barreira do velho e introduz a grande “novidade” (o novo).
10. Reconhecer Jesus desse modo é ser bem-aventurado (v. 17), porque é o projeto de Deus. Ninguém chega a entender “quem é Jesus” a não ser no compromisso com suas propostas (a justiça do Reino) que são as mesmas do Pai.
11. O reconhecimento de Jesus é fruto da vivência de seu projeto (prática da justiça). E a partir de pessoas que, como Pedro, o reconhecem e o confessam é que nasce a comunidade (v. 18a).
12 Pedro, antes pedra de edificação, se torna “satanás”, pois propõe um messianismo diferente (já rejeitado por Jesus nas tentações – cf. 4,1-11).
13. Confessar é aderir a ele com todas as conseqüências que o testemunho acarreta. O Mestre não é do jeito que Pedro imagina. O Mestre não é do jeito que nós imaginamos. O Mestre quer que nós sejamos do jeito que ele é.
14. E o cristianismo, o que é? É o prolongamento da ação de Cristo que promove a justiça.
16. O poder da comunidade das testemunhas de Cristo é o poder do mesmo Cristo: é o próprio Jesus quem age na comunidade, permitindo-lhe ligar e desligar. É Jesus quem construirá e dará do que é seu. A comunidade administra esse poder a partir do testemunho que vive e anuncia.
17. E Pedro? Sua liderança leva a comunidade ao discernimento e aceitação de tudo o que promove a vida e ao discernimento e rejeição de tudo o que patrocina e provoca a morte.

No livro dos Atos dos Apóstolos vemos a comunidade que sofre por causa dos conflitos e perseguições.
21. Herodes mata por interesses políticos: agradar aos judeus.
22.1. Acontece com Pedro o mesmo que acontecera com Jesus. Há inclusive coincidência de datas: a referência à festa dos pães sem fermento (v. 3 com Lc. 22,1). Assim como o Pai libertou Jesus da morte, o anjo do Senhor liberta Pedro da prisão.
23. Face à perseguição, Deus é aquele que liberta a comunidade dos seus seguidores. Da mesma forma que libertou Jesus da morte, também conduzirá a comunidade através dos conflitos. E a comunidade, por sua vez, reproduzirá em sua vida a paixão e a páscoa de Jesus, que é uma “paixão” por um mundo novo e libertado.

25. O chamado ‘testamento de Paulo’. Chegou o momento de dar o grande testemunho. Seu sangue derramado, ele interpreta como sacrifício de valor expiatório: “já fui oferecido em libação” (v.6a). A libação de vinho, água ou óleo era, nos sacrifícios judaicos, derramado sobre a vítima (Ex. 29,40; Nm. 28,7). A morte não é o fim, mas o início da nova viagem. É o último gesto de auto-entrega, a porta de entrada para a meta definitiva. Qual meta? “O Senhor… me levará para o seu Reino eterno” (4,18b).
27. Olhando o passado, Paulo tem consciência de ter cumprido sua missão de forma exemplar, com garra e constância. Usa o exemplo do soldado: “combati o bom combate”, e do atleta que corre no estádio: “terminei minha corrida”. Mas o fundamental para ele é ter corrido em vista da evangelização: “guardei a fé!” (v. 7).
28. Olhando para o futuro tem esperança de receber a coroa da justiça.
30. A paixão de Paulo é o prolongamento da paixão de Jesus (cf. Cl. 2,14: “completo em minha carne o que falta nas tribulações de Cristo”).
31. - Abandonado por todos, sua única esperança é Jesus. E isso se torna motivo de profunda alegria, que o leva a render graças e a dar glória a Deus enquanto viver (v. 18b).

R e f l e t i n d o
1. Nos santos se manifesta o que Deus faz por nós e como ele é admirável. Este é o significado da festa para nossa comunidade.
2. Os santos não foram isentos de limitações e pecados (não eram anjos!). O que importa realmente é que fizeram opção radical por seguir Jesus Cristo, confiantes na graça do Espírito e na misericórdia do Pai.
7. A verdade da resposta de Pedro revela a identidade de Jesus: “o Cristo, o Filho do Deus vivo!” Essa resposta comprometeu Pedro com Jesus, pois reconheceu quem ele é e a ele aderiu. Jesus o chama de bem-aventurado.
8. Quando não conhecemos (ou reconhecemos) “quem é Jesus”, não podemos segui-lo. Seguiremos as opiniões dos outros, as convicções dos outros, talvez o caminho dos outros, … mas não o caminho de Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo!
9. Apesar dessa confissão de fé, Pedro continua com suas limitações. Não aceita que Jesus fale de sua paixão (e Jesus o chama de satanás); não queria que Jesus lhe lavasse os pés; usa a espada no monte das oliveiras; negou Jesus três vezes… e fica indeciso diante dos problemas dos não-judeus e das tradições judaicas.
10. Entretanto, Ele será o responsável por manter unidos aqueles homens (tão diferentes) no seguimento de Jesus, o Mestre. Ele não é melhor que ninguém, talvez um dos mais “fracos” dos discípulos, pois, além de abandonar Jesus no pior momento, também o renegou. Por que Jesus o escolheu? Porque Pedro (apesar dos seus pecados) se entregou totalmente no seguimento de Jesus: “tu sabes que eu te amo! Tu sabes o quanto eu te amo! Tu sabes que eu sou fraco… mas tu sabes também o quanto te amo!”
11. Pedro é um homem comum, de carne e osso, “humano” como todos nós. Pedro é um homem verdadeiro, espontâneo, honesto. Quando reconhece que errou volta atrás, se arrepende e continua seu comprometimento com o Mestre. Comprometimento que levou até às últimas conseqüências: perseguido, preso e martirizado.
12. Pedro foi um homem muito parecido conosco, muito humano nas suas limitações e quedas. Mas foi um homem verdadeiro (honesto consigo mesmo!) que descobriu a verdadeira identidade de Jesus e o seguiu (entrega total, de corpo e alma) … até o fim!
13. Paulo de Tarso relembra as dificuldades por que passou, reafirma sua adesão a Cristo.
15. O encontro com Jesus muda a sua vida: de perseguidor para evangelizador (ai de mim se não evangelizar!).

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Na pessoa de Pedro, destaca-se a fé. Na pessoa de Paulo, o Missionário, que forma comunidades.
- O testemunho dos discípulos gera oposição e morte.
- A Comunidade cristã é unida e solidária, na Oração e Deus escuta a oração da Comunidade...
- Mostra a presença de Deus na caminhada da Igreja e Deus não nos abandona...

Paulo está preso e faz um balanço final de sua vida:  " combati o bom combate ...  terminei a corrida... conservei a fé... O Senhor esteve comigo... a ele GLÓRIA..." * Paulo está consciente do dever cumprido..

Paulo disse: “Escolheu-nos antes da constituição do mundo” (Ef 1, 4). A vocação é um dom que Deus preparou desde toda a eternidade. Todos nós o Senhor chama à santidade; e é uma vocação aproximar os outros de Cristo, fonte de alegria, da paz e da plenitude. Relembrando o ardor Pedro e Paulo que o Senhor nos conceda o mesmo entusiasmo para sermos discípulos e missionários de Cristo.
Pedro, generoso e frágil, chegou a negar o Mestre e, após a ressurreição, teve confirmada a missão de apascentar o rebanho de Cristo. Pregou o Evangelho e deu seu último testemunho em Roma, onde foi crucificado sob o Imperador Nero. Paulo pregou o Evangelho pelas cidades do Império Romano e fundou inúmeras igrejas. Por fim, foi preso e decapitado em Roma, sob o Imperador Nero.
Ambos foram perseverantes e generosos na missão que o Senhor lhes confiara: entre provações e lágrimas, eles plantaram a Igreja de Cristo,  buscando não o próprio interesse, mas o de Jesus Cristo. Ambos viveram o que pregaram: pregaram o Cristo com a palavra e a vida. Pedro disse com acerto: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”; Paulo exclamou com verdade: “Para mim, viver é Cristo”. Em Jesus eles apostaram tudo; por Jesus, gastaram a própria vida.
Finalmente, ambos derramaram o Sangue pelo Senhor. Hoje também nos voltamos para Roma, aquela que foi regada com o sangue de Pedro e Paulo. Quando surgem tantas seitas cristãs, nossa comunhão com Pedro é garantia de permanência segura na verdadeira fé. Rezemos, hoje, pelo nosso Papa Francisco. Que Deus lhe conceda firmeza na fé.

Que dizer de São Paulo? São Paulo foi um homem que na pregação do Evangelho colocou todas as suas potencialidades a serviço. Um homem totalmente entregue às coisas de Deus. De perseguidor de cristãos tornou-se um dos cristãos mais fervorosos, homem inflamado de zelo apostólico. Como não identificar por detrás dessas frases um homem magnânimo e cheio do amor de Deus?

o    “Estou pregado à cruz de Cristo” (Gl 2,19).
o    “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20).
o    “Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6,14).
o    Nos exorta: “não persistais em viver como os pagãos, que andam à mercê de suas idéias frívolas. Têm o entendimento obscurecido. Sua ignorância e o endurecimento de seu coração mantêm-nos  afastados da vida de Deus. Indolentes, entregaram-se à dissolução, à prática apaixonada de toda espécie de impureza” (Ef 17-19).
o    “Contanto que de todas as maneiras, por pretexto ou por verdade, Cristo seja anunciado, nisto não só me alegro, mas sempre me alegrarei” (Fl 1,18).
o    Em Cristo “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2,3).
o    “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé” (2 Tim 4,7).

Jesus não edificou a sua igreja sobre homens considerados grandes aos olhos do mundo, mas sobre Pedro, um homem de origem simples, que representa os homens de toda história da Igreja: homens santos e pecadores!

Ambos foram perseverantes na missão que o Senhor lhes confiara: entre lágrimas plantaram a Igreja de Cristo. Finalmente, ambos derramaram o Sangue pelo Senhor.

Ambos viveram profundamente o que pregaram: pregaram o Cristo com a palavra e a vida, tudo dando por Cristo. Pedro disse com acerto: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”; Paulo exclamou com verdade: “Para mim, viver é Cristo. Minha vida presente na carne, eu a vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Dois homens, um amor apaixonado: Jesus Cristo! Duas vidas, um só ideal: anunciar Jesus Cristo! Eles apostaram tudo por Jesus, gastaram a própria vida; da loucura da cruz e da esperança da ressurreição de Jesus, eles fizeram seu tesouro e seu critério de vida.
Finalmente, ambos derramaram o Sangue pelo Senhor. Eis a maior de todas a honras e de todas as glórias para serem herdeiros de sua glória. Eis por que eles são modelo para todos os cristãos! Que eles intercedam por nós na glória de Cristo, para que sejamos fiéis como eles foram.
Sabemos com certeza de fé que a missão de Pedro perdura nos seus sucessores em Roma. Hoje, a missão de Pedro é exercida por Francisco. Nossa comunhão com Pedro é garantia na verdadeira fé. Rezemos, hoje, pelo nosso Santo Padre, Francisco. Que Deus lhe conceda firmeza na fé.


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Reflexões do Pe. Antônio

Toda Igreja unida

Celebrando hoje a festa de Pedro e Paulo, exaltamos seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e seu ardoroso testemunho no projeto libertador de Deus.

Na pessoa de Pedro, destaca-se o Pastor das Comunidades, aquele que é referência da fé para os irmãos.
Na pessoa de Paulo, aparece mais o líder Missionário, que forma comunidades e faz expandir a fé em todas as nações.
Pedro recorda mais a instituição... Paulo, o carisma...

As Leituras bíblicas nos falam dos dois Apóstolos:

Na 1ª Leitura, vemos PEDRO: (At 12,1-11)

Preso pelas autoridades... "para agradar os judeus"...
Guardado como "perigoso" por 16 homens... e libertado por Deus...
- O texto mostra que o testemunho dos discípulos gera oposição e morte.
  Mas a oposição não pode calar esse testemunho.
- Mostra uma Comunidade cristã unida e solidária, na Oração.
  E Deus escuta a oração da Comunidade...
- Mostra a presença efetiva de Deus na caminhada da Igreja e  o cuidado de Deus para os que lhe dão testemunho.
  O nosso Deus não nos abandona...

Na 2ª Leitura vemos PAULO: (2Tm 4, 6-8.17-18)

Também está preso, pela última vez: Está ciente da própria condenação.
Faz um balanço final de sua vida a serviço do Evangelho:
- "Estou pronto... chegou a minha hora... combati o bom combate ...  terminei a corrida... conservei a fé...
- E agora aguardo o prêmio dos justos...
 - O Senhor esteve comigo... a ele GLÓRIA..."
A própria Morte ele a vê como a Libertação definitiva...

* Suas palavras são um "testamento espiritual" sereno e alegre, consciente do dever cumprido..
   Modelo de Missionário ardoroso e entusiasta...

No Evangelho, Pedro faz a Profissão de Fé e recebe o Primado. (Mt 16, 13-19)

O texto tem duas Partes:
- A primeira de caráter cristológico: centra-se em CRISTO e na definição de sua identidade:
  "Tu é o Cristo, o Filho de Deus Vivo".
- Na segunda de caráter eclesiológico: centra-se na IGREJA que Jesus convoca à volta de Pedro:
  "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja".
A base ("Rocha") firme sobre a qual vai se assentar a Igreja de Jesus é a fé que Pedro e a Comunidade dos discípulos professaram: a fé em Jesus como o "Messias, Filho de Deus vivo".

Dessa adesão, nasce a Igreja, a Comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro.
A Pedro e à Comunidade dos discípulos é confiado o poder das chaves, isto é, a autoridade para interpretar as palavras de Jesus, às novas necessidades e situações e para acolher ou não novos membros na Comunidade dos discípulos do Reino. Pedro torna-se assim uma figura de referência para os primeiros cristãos e desempenha um papel de primeiro plano na animação da igreja nascente.

+ PEDRO E PAULO são figuras gigantescas da Igreja primitiva, que tinha a missão de continuar a OBRA salvadora de Cristo...

Na Igreja, Pedro recebe poderes para desempenhar a sua missão:
Por isso, nem o poder do inferno terá vez contra ela...

E essa promessa de Cristo não é apenas à pessoa de Pedro.
Se a Igreja deve permanecer, mesmo depois da morte de Pedro,
devemos admitir que os poderes concedidos a Pedro, 
passem também aos seus legítimos sucessores, que são os PAPAS...

Por isso, nesse dia celebramos também o DIA DO PAPA, que ainda hoje continua sendo sinal de unidade e de comunhão na fé.

O Papa é o chefe visível da Igreja na terra.
Sua missão é espinhosa, sobretudo hoje, com mudanças rápidas e violentas...
com contestações dentro e fora da Igreja...
Como é difícil saber discernir, no meio de tantas turbulências!...

Ele merece o nosso amor...
mas que não seja um amor só de palavras, mas um amor concreto...
Rezando por ele... escutando a sua voz... e praticando seus ensinamentos...

Relembrando as figuras de São Pedro e São Paulo, perguntemo-nos:
- Damos testemunho de Cristo, como eles, no ambiente em que vivemos?
- Acreditamos que somos responsáveis pela continuação do Projeto de Deus?

Relembrando a figura do Papa,
continuemos a nossa oração, pedindo a Deus que lhe dê:
- MUITA LUZ... para apontar sempre o melhor caminho para a Igreja... e
- MUITA FORÇA... para enfrentar com otimismo e alegria
  as contestações do mundo moderno...

A Igreja é um corpo vivo, que se constrói com pedras vivas.
Todos colaboramos na construção, mas sob a guia e supervisão dos que
são sucessores de Pedro (o Papa) e dos demais Apóstolos (os bispos).

                                       Pe. Antônio
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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Meus irmãos e irmãs, nós sabemos que o dia de São Pedro e São Paulo é dia 29 de junho, mas como no Brasil não é feriado, celebramos neste domingo.
São duas testemunhas, duas colunas muito importantes para nossa igreja. Quando eu digo nossa igreja, é para nós. Nós é que somos a igreja. São duas testemunhas importantes, porque elas podem nos animar a sermos fiéis na fé que professamos. Quando temos oportunidade, a acolhida que nós damos para quem vai ser batizado, é a cruz de Cristo. A nossa igreja, católica, apostólica, romana, ela não engana ninguém. O que podemos oferecer é a cruz de Cristo. Quem oferece outra coisa, está fora do projeto de igreja. Porque é através da cruz de Jesus Cristo, que a humanidade pode ser salva. Nós não adoramos a cruz, mas adoramos quem morreu na cruz para nos salvar. Isto é importante nós compreendermos. Importante porque hoje celebramos Pedro e Paulo. Alguém poderia dizer: isto é obra do passado. No entanto, muitos dos que professam a fé, são ainda hoje martirizados. Vejam que há casos na África e no Oriente médio, onde igrejas são destruídas e muita gente morre por esta fé. Muitos que professam a fé são martirizados. É importante observar isto. Desde Jesus até hoje, as pessoas acham que matando cristãos vai impedir o cristianismo de continuar, mas a Palavra de Jesus é uma só; ele diz: as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela. De tal maneira, que celebrando São Pedro e São Paulo, é nos prepararmos, nos perguntarmos se também eu estaria preparado para o martírio. Porque preparado para ser ajudado, preparado para receber um emprego, para isto buscamos Jesus Cristo. E para o martírio? Eu vou dizer com franqueza; ninguém sabe se está preparado ou não. Isto é um momento que nos ajuda a refletir. Se olharmos a caminhada de São Pedro, nós vamos ver o porque é importante celebrar o seu martírio. São Pedro é alguém que sempre se apresentou com muito medo das coisas. Às vezes alegava ignorância, às vezes mentia mesmo, o fato é que, quando percebia que algo era exigido dele, algo que pudesse comprometê-lo, ele dava um jeito de escapar. “você não é do grupo desse galileu? Nunca vi, não sei do que você fala”. Ou então: “Seu mestre paga imposto? Paga”.  Ou então; “Quem não deixar eu lavar os pés, não terá parte comigo. Então, lava a cabeça também”. Então, São Pedro sempre procurou evitar problemas. Olha que interessante; ele sempre caminhava COM JESUS. Nós vemos no Evangelho de hoje, que no caminho de Cesaréia que Jesus vai dialogar com ele. Jesus, várias vezes, falou para os discípulos, inclusive para ele; “vocês querem ir embora? A quem iremos, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna”. Então, de fato, São Pedro, apesar de suas dificuldades, NUNCA  se negou a caminhar com Jesus. E quem se coloca para caminhar com Jesus, vai amadurecendo a sua fé. É por isso que agente diz; o batismo é somente encontrar qual é a estrada, mas depois precisa caminhar. Porque se nós não caminharmos, nós acabamos não estando preparados para aquilo que nossa fé exige. O que nossa fé exige? Viver o Evangelho, sermos fiéis a Deus. O salmo de hoje diz com muita clareza: “Contemplai a sua face e alegrai-vos, / e vosso rosto não se cubra de vergonha! / Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido; / e o Senhor o libertou de toda a angústia”. • Comigo engrandecei ao Senhor Deus, / exaltemos todos juntos o seu nome! / Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu / e de todos os temores me livrou”.
Ora, isto parece uma ironia. Desde quando Deus ouviu Pedro, se morreu na cruz? Mas desde quando Deus ouviu Jesus, se Ele morreu na cruz? Ora, por este caminho nós não chegamos a nada. O que é necessário é entendermos o diálogo de Jesus com Pedro. É o tipo de verdade que homem nenhum nos revela, mas só o Pai que está no Céu. Aparentemente, não foi ouvido nem Jesus, nem São Pedro. Entretanto, se nós observarmos, eles venceram a morte e puderam experimentar a VIDA, que é a última Palavra, Palavra que vem de Deus. Então, quem aposta na morte está derrotado. Talvez, por um pequeno tempo, não vai vencer, mas vai perceber que foi em vão a tentativa de resolver as coisas a partir da morte.
E por outro lado, celebramos São Paulo que também começou apostando na morte. Ele, inclusive, matou cristãos. E não foi por maldade. Ele acreditava estar servindo a Deus, quando defendia a existência de um só Deus. Quando ouviu falar que Jesus era Deus feito homem, ele disse; não é possível dois deuses. Eu preciso eliminar estes que estão criando esta confusão. Agora, ele se dá conta de algo que ele não conhecia; ele não conhecia o perdão. Perdão é próprio de Jesus Cristo. Por mais que se procure, vamos verificar que é a única proposta que inclui o perdão, é a proposta cristã. Nem os mulçumanos, nem os judeus, nem o hindu, nenhuma outra religião propõe o perdão. Só o cristianismo. É isto que chamou a atenção de Paulo. Ele soubera que Jesus, mesmo na cruz, tinha dito: “Pai, perdoai porque não sabem o que fazem”. Ele preside a morte de Estevão e este também diz: “Pai, perdoai porque não sabem o que fazem”. O que que isto? Estamos matando fulano e este está pedindo perdão pelos que estão lhe matando?  É aí, que São Paulo descobre a grandeza de Jesus Cristo. É evidente, que ele caindo por terra, isto é, se dando conta do que Jesus está propondo, ele muda totalmente de vida.
Então, meus irmãos e irmãs, seria muito difícil nós respondermos com segurança; “eu estou pronto para testemunhar minha fé”. Entretanto, não é difícil caminhar. Se for preciso, vamos testemunhar. Se não for preciso, certamente não vamos perder o tempo, porque esta caminhada nos leva ao Pai e Deus consegue, a quem procura, a vida eterna. Celebrar São Pedro e São Paulo é celebrar nossa caminhada. Caminhada de Igreja. De fato, Deus não medirá esforços para nos manter nesta trilha. Ele não vai criar obstáculos para que possamos continuar firmes. Mas, para isto é necessário todo dia perguntar; quem é Jesus com quem eu caminho? Porque se houver dificuldades, no primeiro obstáculo vamos desistir. Mas, se eu souber que Ele é o Messias, o Salvador, não terei dificuldade de caminhar com Ele. Posso ter exigências, mas jamais obstáculos, porque Deus já nos livrou de tudo aquilo que poderia impedir de acompanha-lo.
Que nós possamos continuar firmes na fé e ajudar a outros nesta caminhada.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO.


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Homilia de D. Henrique Soares   Mt 16,13-19

“Eis os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”. – Estas palavras que o missal propõe como antífona de entrada desta solenidade, resumem admiravelmente o significado de São Pedro e são Paulo. A Igreja chama a ambos de “corifeus”, isto é líderes, chefes, colunas. E eles o são.

 Primeiramente, porque são apóstolos. Isto é, são testemunhas do Cristo morto e ressuscitado. Sua pregação plantou a Igreja, que vive do testemunho que eles deram. Pedro, discípulo da primeira hora, seguiu Jesus nos dias de sua pregação, recebeu do Senhor o nome de Pedra e foi colocado à frente do colégio dos Doze e de todos os discípulos de Cristo. Generoso e ao mesmo tempo frágil, chegou a negar o Mestre e, após a ressurreição, teve confirmada a missão de apascentar o rebanho de Cristo. Pregou o Evangelho e deu seu último testemunho em Roma, onde foi crucificado sob o Imperador Nero. Paulo não conhecera Jesus segundo a carne. Foi perseguidor ferrenho dos cristãos, até ser alcançado pelo Senhor ressuscitado na estrada de Damasco. Jesus o fez se apóstolo. Pregou o Evangelho incansavelmente pelas principais cidades do Império Romano e fundou inúmeras igrejas. Combateu ardentemente pela fidelidade à novidade cristã, separando a Igreja da Sinagoga. Por fim, foi preso e decapitado em Roma, sob o Imperador Nero.
O que nos encanta nestes gigantes da fé não é somente o fruto de sua obra, tão fecunda. Encanta-nos igualmente a fidelidade à missão. As palavras de Paulo servem também para Pedro: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”. Ambos foram perseverantes e generosos na missão que o Senhor lhes confiara: entre provações e lágrimas, eles fielmente plantaram a Igreja de Cristo, como pastores solícitos pelo rebanho, buscando não o próprio interesse, mas o de Jesus Cristo. Não largaram o arado, não olharam para trás, não desanimaram no caminho… Ambos experimentaram também, dia após dia, a presença e o socorro do Senhor. Paulo, como Pedro, pôde dizer: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar…”
Ambos viveram profundamente o que pregaram: pregaram o Cristo com a palavra e a vida, tudo dando por Cristo. Pedro disse com acerto: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”; Paulo exclamou com verdade: “Para mim, viver é Cristo. Minha vida presente na carne, eu a vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Dois homens, um amor apaixonado: Jesus Cristo! Duas vidas, um só ideal: anunciar Jesus Cristo! Em Jesus eles apostaram tudo; por Jesus, gastaram a própria vida; da loucura da cruz e da esperança da ressurreição de Jesus, eles fizeram seu tesouro e seu critério de vida.
Finalmente, ambos derramaram o Sangue pelo Senhor: “Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”. Eis a maior de todas a honras e de todas as glórias de Pedro e de Paulo: beberam o cálice do Senhor, participando dos seus sofrimentos, unido a ele suas vidas até o martírio em Roma, para serem herdeiros de sua glória. Eis por que eles são modelo para todos os cristãos; eis por que celebramos hoje, com alegria e solenidade o seu glorioso martírio junto ao altar de Deus! Que eles intercedam por nós na glória de Cristo, para que sejamos fiéis como eles foram.
Hoje também, nossos olhos e corações voltam-se para a Igreja de Roma, aquela que foi regada com o sangue dos bem-aventurados Pedro e Paulo, aquela, que guarda seus túmulos, aquela, que é e será sempre a Igreja de Pedro. Alguns loucos, dizem, deturpando totalmente a Escritura, que ela é a Grande Prostituta, a Babilônia. Nós sabemos que ela é a Esposa do Cordeiro, imagem da Jerusalém celeste. Conhecemos e veneramos o ministério que o Senhor Jesus confiou a Pedro e seus sucessores em benefício de toda a Igreja: ser o pastor de todo o rebanho de Cristo e a primeira testemunha da verdadeira fé naquele que é o “Cristo, Filho do Deus vivo”. Sabemos com certeza de fé que a missão de Pedro perdura nos seus sucessores em Roma. Hoje, a missão de Pedro é exercida por Bento XVI. Ao Santo Padre, nossa adesão filial, por fidelidade a Jesus, que o constituiu pastor do rebanho. Não esqueçamos: o Papa será sempre, para nós, o referencial seguro da comunhão na verdadeira fé apostólica e na unidade da Igreja de Cristo. Quando surgem, como ervas daninhas, tantas e tantas seitas cristãs e pseudo-cristãs, nossa comunhão com Pedro é garantia de permanência seguríssima na verdadeira fé. Quando o mundo já não mais se constrói nem se regula pelos critérios do Evangelho, a palavra segura de Pedro é, para nós, uma referência segura daquilo que é ou não é conforme o Evangelho.
Rezemos, hoje, pelo nosso Santo Padre, Bento. Que Deus lhe conceda saúde de alma e de corpo, firmeza na fé, constância na caridade e uma esperança invencível. E a nós, o Senhor, por misericórdia, conceda permanecer fiéis até a morte na profissão da fé católica, a fé de Pedro e de Paulo, pala qual, em nome de Jesus, “Cristo Filho do Deus vivo”, os Santos Apóstolos derramaram o próprio sangue.
Ao Senhor, que é admirável nos seus santos e nos dá a força para o martírio, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
D. Henrique Soares

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OUTRA HOMILIA DE D. HENRIQUE

Hoje celebramos o glorioso martírio dos santos Apóstolos Pedro e Paulo, aqueles “santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”. Pedro, aquele a quem o Senhor constituiu como fundamento da unidade visível da sua Igreja e a quem concedeu as chaves do Reino; Paulo, chamado para ser Apóstolo de um modo único e especial, tornou-se o Doutor das nações pagãs, levando o Evangelho aos povos que viviam nas trevas. Um pela cruz e o outro pela espada, deram o testemunho perfeito de Cristo, derramando seu sangue e entregando a vida em Roma, por volta do ano 67 da nossa era.
Caríssimos, esta Solenidade hodierna dá-nos a oportunidade para algumas ponderações importantes.
A Igreja é apostólica. Esta é uma sua propriedade essencial. João, no Apocalipse, vê a Jerusalém celeste fundada sobre doze alicerces com os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro (cf. 21,14). Eis: a Igreja não pode ser fundada por ninguém, a não ser pelo próprio Senhor, que a estabeleceu sobre o testemunho daqueles Doze primeiros que ele mesmo escolheu. Seu alicerce, portanto, sua origem, seu fundamento são o ministério e a pregação apostólicas que, na força do Espírito Santo, deverão perdurar até o fim dos tempos graças à sucessão apostólica dos Bispos católicos, transmitida na Consagração episcopal. Dizer que nossa fé é apostólica significa crer firmemente que a fé não pode ser inventada nem tampouco deixada ao bel-prazer das modas de cada época; crer que a Igreja tem como fundamento os Apóstolos significa afirmar que não somos nós, mas o Cristo no Espírito Santo, quem pastoreia e santifica a Igreja pelo ministério dos legítimos sucessores dos Apóstolos. O critério daquilo que cremos, a regra da nossa adesão ao Senhor Jesus, a norma da nossa fé é aquilo que recebemos dos santos Apóstolos uma vez para sempre. Só a eles e aos seus legítimos sucessores o Senhor confiou a sua Igreja, concedendo-lhes a autoridade com a unção do Espírito para desempenharem o ofício de guiar o seu rebanho pelos séculos a fora. Olhemos, irmãos amados, para Pedro e Paulo e renovemos nosso firme propósito de nos manter alicerçados na fé católica e apostólica que eles plantaram juntamente com os demais discípulos do Senhor. Hoje, quando surgem tantas comunidades cristãs que se auto-intitulam “igrejas” e se auto-denominam “apostólicas”, estejamos atentos para não perder a comunhão com a verdadeira fé, transmitida de modo ininterrupto e fiel na única Igreja de Cristo, santa, católica e apostólica.
Um outro aspecto importante, caríssimos, é o significado de ser Apóstolo: ele não é somente aquele que prega Jesus, mas, sobretudo, aquele que, escolhido pelo Senhor, com ele conviveu, nele viveu e, por ele, entregou sua vida. Os apóstolos testemunharam Jesus não somente com a palavra, mas também com o modo de viver e com a própria morte. Por isso mesmo, seu martírio é uma festa para a Igreja, pois é o selo de tudo quanto anunciaram. O próprio São Paulo reconhecia: “Não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor. Trazemos, porém, este tesouro em vasos de argila para que esse incomparável poder seja de Deus e não nosso. Incessantemente trazemos em nosso corpo a agonia de Jesus, a fim de que a vida de Jesus seja também manifestada em nosso corpo. Assim, a morte trabalha em nós; a vida, porém, em vós” (2Cor 4,5.7.10.12). Eis o sinal do verdadeiro Apóstolo: dar a vida pelo rebanho, com Jesus e como Jesus, gastando-se, morrendo, pra que os irmãos vivam no Senhor! Por isso, caríssimos meus, a alegria da Igreja na Festa de hoje: Pedro e Paulo não só falaram, não só viveram, mas também morreram pelo seu Senhor; e já sabemos pelo próprio Cristo-Deus que não há maior prova de amor que dá a vida por quem amamos! Bem-aventurado é Pedro, bendito é Paulo, que amaram tanto o Senhor a ponto de darem a vida por ele! Nisto são um exemplo, um modelo, uma norma de vida para todos nós. Aprendamos com eles!
Um terceiro aspecto que hoje podemos considerar é a ação fecunda da graça de Cristo na vida dos seus servos. O exemplo de Pedro, o exemplo de Paulo servem muito bem para nós. Bento XVI, ao ser eleito, afirmou humildemente que se consolava com o fato de Deus saber trabalhar com instrumentos insuficientes: Quem era Simão, chamado Pedro? Um pescador sincero, mas rude, impulsivo e de temperamento movediço. No entanto, foi fiel à graça, e tornou-se Pedra sólida da Igreja, tão apegado ao seu Senhor, a ponto de exclamar, cheio de tímida humildade: “Senhor tu sabes tudo; tu sabes que te amo” (Jo 21,17). Quem era Saulo de Tarso, chamado Paulo? Um douto, mas teimoso e radical fariseu, inimigo de Cristo. Tendo sido fiel à graça, tornou-se o grande Apóstolo de Jesus Cristo, tão apaixonado pelo seu Senhor, a ponto de nos desafiar: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo!” (1Cor 11,1). Eis, caros meus, abramo-nos também nós à graça que o Senhor nos concede para a edificação da sua obra, para a construção do seu Reino, e digamos como São Paulo: “Pela graça de Deus sou o que sou, e sua graça em mim não foi em vão” (1Cor 15,10).
Ainda um derradeiro aspecto, amados no Senhor. Nesta hodierna Solenidade somos chamados a refletir sobre o ministério de Pedro na Igreja. Simão por natureza foi feito Pedro pela graça. Pedro quer dizer pedra. Eis, portanto, Simão Pedra. “Tu és Pedro e sobre esta Pedra eu edificarei a minha Igreja. Eu te darei as chaves do Reino” (Mt 16,16ss). Caríssimos, o ministério petrino é mais que a pessoa de Pedro. Seu serviço será sempre o de confirmar os irmãos na fé em Cristo, Filho do Deus vivo, mantendo a Igreja unida na verdadeira fé apostólica e na unidade católica. É este o ministério que até o fim dos tempos, por vontade do Senhor, estará presente na Igreja na pessoa do Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, a quem chamamos carinhosamente de Papa, pai. O Papa é o Pastor supremo da Igreja de Cristo porque somente a ele o Senhor entregou de modo supremo o seu rebanho. Aquilo que entregou aos Doze e a seus sucessores, os Bispos, entregou de modo especial a Pedro e a seus sucessores, o Papa: “Tu me amas mais que estes? Apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21,15). Estejamos atentos, caríssimos: nossa obediência, nossa adesão, nosso respeito, nossa veneração pelo Santo Padre não é porque o achamos simpático, sábio, ou de pensamento igual ao nosso, mas porque ele é aquele a quem o Senhor confiou a missão de confirmar os irmãos. Nossa certeza de que ele nos guia em nome de Cristo vem da promessa do próprio Senhor: “Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; eu, porém, orei por ti, a fim de que a tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22,31-32). É porque temos certeza da eficácia da oração de Jesus por Pedro e seus sucessores, que aderimos com fé ao ensinamento do Santo Padre. Estejamos certos de uma coisa: quem não está em comunhão com o Papa está fora da plena comunhão visível com a Igreja de Cristo, que é a Igreja católica.
Assim, rezemos hoje pelo Papa Bento XVI. E acompanhemos nossa oração com um gesto concreto: a esmola, o óbolo de São Pedro, aquela contribuição que no dia de hoje os católicos do mundo inteiro devem dar para as obras de caridade do Papa por todo o mundo. Assim, com as mãos e com o coração rezemos pelo Santo Padre, o Papa Bento: Que o Senhor nosso Deus que o escolheu para o Episcopado na Igreja de Roma, o conserve são e salvo à frente da sua Igreja, governando o Povo de Deus, de modo que o povo cristão a ele confiado possa sempre mais crescer na fé. Amém.
 D. Henrique Soares da Costa
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)                                             Mt 16, 13-19
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O NOSSO DEUS.
à Por Jesus, com Jesus e em Jesus, na força do espírito santo, louvemos ao Pai:
T:  louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
1 Senhor, nosso Deus, nós vos louvamos pela vossa bondade. Vos agradecemos pelo carinho com que nos criastes e pelo ardor com que nos sustentais. Sabemos que não nos abandonais em nossas dificuldades e em nossas lutas do dia a dia.
T :  louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
2 Pai, hoje nos falastes, através de Pedro, que Jesus é o messias, o vosso Filho enviado para que possamos, através dele, alcançar o Vosso Reino.
T:  louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
3 Pai, dai-nos força e coragem para que possamos, um dia, dizer como Paulo: “Combati um bom combate”. Sabemos que é difícil anunciar o Vosso Reino neste mundo de injustiças, de poder opressor, de ganância pelo lucro e cheio de corrupção. Dai-nos a coragem de Paulo e o ardor de Pedro para que sejamos corajosos em construir o Vosso Reino.
T:  louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!  
à PAI NOSSO... A Paz de Cristo...  Eis o Cordeiro...









quinta-feira, 18 de junho de 2015

12º Domingo do Tempo Comum, Jesus dorme na barca dos apóstolos

12º Domingo do Tempo Comum (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:
TEMA: Deus preocupa-se com os homens, caminha ao seu lado, oferecendo-lhe a vida e a salvação.
A primeira leitura: Deus onipotente, que domina a natureza, tem um plano para o mundo. O homem nem sempre entende a lógica de Deus; resta-lhe entregar-se nas mãos de Deus com humildade e com confiança.
No Evangelho: nunca estamos sozinhos a enfrentar as tempestades da vida… Os discípulos nada têm a temer, porque Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer as forças que se opõe à vida e à salvação.
A segunda leitura: Deus não é indiferente e deixa os homens abandonados à sua sorte. A vinda de Jesus ao mundo para nos libertar do egoísmo que escraviza e para nos propor a liberdade do amor mostra que o nosso Deus nos ama e que quer ensinar-nos o caminho.

LEITURA I – Jó 38,1.8-11
Leitura do Livro de Jó. O Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade, e disse: “Quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas; quando marquei seus limites, coloquei portas e trancas e disse: ‘Até aqui chegarás, e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas?’”

AMBIENTE - A história serve de pretexto para refletir sobre certos temas, como a questão do sofrimento do justo.
Jó interroga-se acerca da origem do sofrimento que o atingiu e do papel de Deus no seu drama pessoal. Alguns dos amigos de Jó respondem: o sofrimento é o resultado do pecado; Jó recusa conclusões tão simplistas e demonstra a falência da doutrina oficial para explicar o seu drama pessoal. Deus não pode ser só contabilista; e o caso de Jó prova-o. Rejeitada a explicação tradicional, Jó dirige-se diretamente ao próprio Deus. Quando Deus enfrenta Jó, recorda-lhe o seu lugar de criatura, limitada e finita; mostra-lhe como só Ele conhece as leis que regem o universo e a vida, mostra-lhe a sua preocupação e o seu amor com cada ser criado; convida-o a ocupar o seu lugar de criatura e a não pôr em causa os desígnios de Deus para o mundo, já que  esses desígnios ultrapassam a capacidade de compreensão de qualquer criatura. Deus tem uma lógica,  um projeto que ultrapassa aquilo que cada homem poderá entender. A história termina com Jó a perceber o seu lugar, a reconhecer a transcendência de Deus e a incompreensibilidade dos seus projetos, a entregar-se nas mãos de Deus com humildade e confiança.
Nesse discurso, Deus coloca a Jó questões sobre a terra, o mar, os grandes mistérios da natureza e da vida; a finalidade não é obter respostas de Jó, mas levá-lo a perceber os seus limites, a sua incapacidade para entender o mistério insondável de Deus.

MENSAGEM
O nosso texto começa por apresentar Jahwéh a responder a Jó “do meio da tempestade”. É o quadro habitual das teofanias (cf. Ex 19,16); serve para a manifestação aos homens do Deus todo-poderoso, o soberano de toda a terra.
Jahwéh refere-se ao seu papel no sentido de controlar o mar. Foi Ele quem “encerrou o mar entre dois batentes” (vers. 8) e que lhe “fixou os limites” (vers. 10).
As antigas lendas mesopotâmicas sobre a criação apresentavam as “águas salgadas”
(representadas pela deusa Tiamat) como um monstro criador do caos e da desordem na sua luta para organizar o cosmos, Marduk, o deus mesopotâmico da ordem lutou contra o mar, venceu-o e pôs-lhe limites. O Povo bíblico viu no mar uma realidade assustadora, onde residiam os poderes caóticos que o homem não conseguia controlar… No entanto, os catequistas de Israel sempre asseguraram que a Palavra criadora de Jahwéh impôs às águas tumultuosas do mar, de uma vez para sempre, os seus limites (“Deus disse: ‘reúnam-se as águas que estão debaixo dos céus num único lugar, a fim de aparecer a terra seca’. E assim aconteceu” – Gn 1,9). Jahwéh não precisou de lutar furiosamente contra o mar, como Marduk, o deus dos mitos mesopotâmicos; mas limitou-Se a organizar o mundo impondo às águas, com o seu poder, um limite que elas não poderão nunca atravessar sem ordem divina. O mar, controlado e encerrado dentro dos seus limites naturais, é um testemunho do poder supremo de Deus; mostra o domínio perfeito de Deus sobre toda a criação. Ao recordar a Jó a sua ação criadora sobre o mar, Jahwéh apresenta-Se, antes de mais, intocável na sua transcendência e majestade; e mostra que tem um plano estável, amadurecido, irrevogável… Quem é Jó para pôr em causa os desígnios desse Deus criador que, com a sua Palavra, controlou o mar? Jó  é convidado a aceitar que um Deus tem uma solução para os problemas e dramas do homem… O homem, na sua situação de criatura finita e limitada, é que nem sempre consegue ver e perceber o alcance dos projetos de Deus.
Em conclusão: só Deus tem todas as respostas; ao homem resta reconhecer os seus limites de criatura e entregar-se nas mãos desse Deus onipotente e majestoso, que tem um projeto para o mundo. Ao homem finito resta confiar em Deus e ver n’Ele a sua esperança e a sua salvação.

ATUALIZAÇÃO O terrorismo e a violência trazem-nos sofrimento e insegurança; as novas doenças geram medo e inquietação; as catástrofes naturais fazem-nos sentir impotentes e  indefesos; Por vezes, criticamos a sua indiferença face aos dramas do mundo; outras vezes, sentimos a tentação de Lhe mostrar como é que Ele devia atuar para que o mundo fosse melhor… A leitura do Livro de Jó convida-nos a não exigirmos a Deus que atue segundo as nossas lógicas humanas.
**¨ Na verdade, o Deus que criou tudo o que existe, que conhece os segredos de cada uma das suas criaturas, que mil vezes manifestou na história o seu amor e a sua bondade, não pode ignorar os problemas do homem. O nosso Deus está presente na história humana e sabe para onde caminhamos. Ele tem um projeto coerente para o mundo … Deus sabe para onde caminhamos e conduz-nos ao encontro da realização plena, da vida definitiva.
**¨ O verdadeiro crente é aquele que reconhece a pequenez e finitude da humanidade,  e mesmo sem entender totalmente os projetos de Deus, entrega-se a Ele como a razão última da sua vida e da sua esperança.

EVANGELHO – Mc 4,35-41
Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele. Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”

AMBIENTE - A “outra margem” (do lago de Tiberíades) é o território pagão da Decápole. As “dez cidades” eram helenísticas e não estavam sujeitas às leis judaicas. Era território pagão, considerado à margem dos caminhos da salvação.
O “mar”, para a mentalidade judaica,  significava uma realidade assustadora, indomável, orgulhosa, desordenada, onde residiam os poderes caóticos que o homem não conseguia controlar e onde estavam os poderes maléficos que queriam destruir os homens… Só Deus, com o seu poder e majestade, podia pôr limites ao mar, dar-lhe ordens e libertar os homens dessas forças descontroladas do caos que o mar encerrava.
A narração que Marcos nos apresenta deve ser vista como uma catequese. Usando elementos com uma forte carga simbólica (o mar, o barco, a tempestade, a noite, o sono de Jesus), Marcos apresenta-nos uma reflexão sobre a comunidade dos discípulos em marcha pela história. Marcos escreve numa época em que a Igreja de Jesus enfrenta sérias “tempestades” (perseguição de Nero, problemas internos entre judeu-cristãos e pagão-cristãos …); e pretende dar sugestões aos crentes acerca do caminho a percorrer.

MENSAGEM
Situar o barco com Jesus e os discípulos “no mar”, é colocá-los num ambiente hostil, adverso, perigoso, caótico, rodeados pelas forças que lutam contra Deus e contra a felicidade do homem. Por outro lado, a “noite” é o tempo das trevas, da falta de luz; aparece como elemento ligado com o medo, com o desânimo, com a falta de perspectivas. O “barco” é, na catequese cristã, o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história. Jesus está no “barco”, mas são os discípulos que se encarregam da navegação. O “barco” dirige-se “para a outra margem” ao encontro dos pagãos. À missão é ir ao encontro de todos os homens para lhes levar Jesus e a sua proposta libertadora.
Durante a travessia, Jesus “dorme” (vers. 38). O “sono” de Jesus durante a viagem refere-se, possivelmente, à sua aparente ausência ao longo da “viagem” que a comunidade cristã faz pela história. os discípulos têm a sensação de que estão sós, abandonados à sua sorte e que Jesus não está com eles. Na verdade, Jesus está com eles no “barco”; Ele prometeu ficar com eles “até ao fim do mundo”.
A “tempestade” significa as dificuldades que o mundo opõe à missão dos discípulos.
Jesus, despertado, acalma o mar e do vento. Já dissemos que, na teologia judaica, só Deus era capaz de dominar o mar e as forças hostis. Jesus aparece assim, como o Deus que acompanha a difícil caminhada dos discípulos pelo mundo e que cuida deles no meio das dificuldades e da hostilidade do mundo.
Jesus repreende-os pela sua falta de fé: “porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?”). Eles não podem esquecer que, em todas as circunstâncias, Jesus vai com eles no mesmo “barco” e que, por isso, nada têm a temer. O nosso texto termina com o “temor” dos discípulos e a pergunta que eles fazem uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”. O “temor” define o estado de espírito do homem diante da divindade. No universo bíblico, este “temor” não apresenta caráter de pânico ou de medo servil, mas encerra um misterioso poder de atração que se traduz em obediência, entrega, confiança, entusiasmo. A resposta à questão já está, portanto, dada: o “temor” dos discípulos significa que eles reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio dos homens, e a quem os homens são convidados a aderir, a confiar, a obedecer com total entrega.
A catequese que Marcos garante-nos que Cristo está sempre com os discípulos, mesmo quando parece ausente. Os discípulos nada têm a temer, porque Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer as forças que se opõem à vida e à salvação dos homens.

ATUALIZAÇÃO
**¨ A comunidade que nasce de Jesus é uma comunidade missionária, cuja tarefa é ir ao encontro dos homens prisioneiros do egoísmo e do pecado para lhes apresentar a Boa Nova da libertação. Os discípulos de Jesus tem de ser uma comunidade empenhada na transformação do mundo, que se preocupa em levar aos homens, com palavras e com gestos, a proposta libertadora do Reino.
**¨ O caminho percorrido pela comunidade é, muitas vezes, um caminho marcado por duras tempestades. Quando a comunidade procura ser fiel e levar a libertação aos homens, confronta-se com as forças da injustiça, da opressão e do pecado.  Essas forças disfarçam-se com as roupagens da “moda”, do “politicamente correto” ou do “socialmente aceitável”…   Por isso, a comunidade de Jesus conhece a oposição, a incompreensão, a perseguição, as calúnias e até a morte…
**¨ Muitas vezes parece que Jesus nos abandonou. O Evangelho deste domingo garante-nos que Jesus nunca abandona o barco dos discípulos. Nos momentos de crise, de medo, os discípulos têm de ser capazes de descobrir a presença  de Jesus no mesmo barco.
**¨ A intervenção de Jesus provoca o “temor”. os discípulos reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio dos homens e a quem os homens são convidados a aderir, a confiar, a obedecer com total entrega.

LEITURA II – 2 Cor 5,14-17 - Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, o amor de Cristo nos pressiona, pois julgamos que um só morreu por todos e que, logo, todos morreram. De fato, Cristo morreu por todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim, doravante, não conhecemos ninguém conforme a natureza humana. E, se uma vez conhecemos Cristo segundo a carne, agora já não o conhecemos assim. Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo.

AMBIENTE - A Primeira Carta aos Coríntios (que criticava atitudes) provocou uma reação organizada no sentido de desacreditar Paulo. Essa campanha foi instigada por missionários itinerantes da Palestina, que se diziam representantes dos Doze e que minimizavam o trabalho de Paulo. Paulo, informado, dirigiu-se para Corinto e teve um confronto.
Depois, retirou-se para Éfeso. Tito, amigo de Paulo, fino negociador, partiu para Corinto, a fim de tentar a reconciliação. Paulo, entretanto, partiu para Troade. Foi aí que reencontrou Tito, regressado de Corinto. As notícias trazidas por Tito eram animadoras coríntios estavam, outra vez, em comunhão com Paulo.
Reconfortado, Paulo escreveu uma tranquila apologia do seu apostolado. Essa é a Segunda Carta de Paulo aos Coríntios. Estamos nos anos 56/57. O texto que nos é proposto integra a primeira parte da Carta, onde Paulo analisa as suas relações com a comunidade de Corinto e explica os princípios que sempre nortearam a sua ação pastoral (cf. 2 Cor 1,3-7,16).

MENSAGEM
O que é que realmente “move” Paulo? Qual a razão do seu ministério? Porque é que Paulo  insiste em anunciar Jesus? - Paulo fez a experiência do amor de Cristo e deixou-se absorver por esse amor. A sua ação apostólica tem como objetivo levar o amor de Cristo ao conhecimento de todos os homens. Cristo morreu por todos, a fim de que os homens, aprendendo a lição do amor, deixassem a vida velha, de egoísmo e de pecado. Contemplando o Cristo que oferece a sua vida ao Pai e aos irmãos, os homens viverão como Cristo, com o coração aberto a Deus e aos outros homens. Paulo admite que depois de se ter encontrado com Cristo ressuscitado na estrada de Damasco, Paulo passou a ver as coisas de forma diferente (vers. 16). Paulo quer anunciar que a adesão a Cristo faz desaparecer o homem velho do egoísmo e do pecado e faz surgir uma nova criatura (vers. 17). Identificado com Cristo, ele corre ao encontro do Homem Novo, da vida plena e verdadeira. Paulo experimentou o amor de Cristo e tornou-se uma nova criatura. Agora, ele sente que Deus o manda testemunhar essa experiência diante de todos os homens.

ATUALIZAÇÃO
**¨ A vinda de Jesus ao mundo, a sua luta contra o egoísmo e o pecado, o seu amor incondicional, a sua morte na cruz, pretendeu libertar os homens dos velhos esquemas de escravidão que impediam os homens de ter acesso à vida plena e verdadeira. Jesus assegura-nos que Deus Se preocupa conosco e que está sempre atento à nossa felicidade. O nosso Deus é um Deus interveniente, que nos ama e que, a cada instante, está presente ao nosso lado, a indicar-nos os caminhos da vida.
**¨ O objetivo de Deus é fazer aparecer o Homem Novo e a Nova Humanidade. Aos homens, é pedido que aceitem a proposta de Deus, que aceitem renunciar o egoísmo e que aceitem nascer para o amor que nos torna livres.
**¨ Paulo, depois de ter encontrado Jesus, tornou-se testemunha, diante dos homens, do projeto salvador e libertador de Deus para os homens.  Quem encontra Jesus, tem de tornar-se arauto das propostas de Deus e de anunciar aos seus irmãos, com gestos concretos, essa oferta de vida nova e verdadeira que Deus nos faz.

Pe. Joaquim - Pe. Manuel - Pe. Ornelas


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A Tempestade

Olhando o mundo em que vivemos, muitas vezes temos a sensação de estar num mar agitado e perturbado.
Onde está Deus nesses momentos de tempestade?

As Leituras bíblicas de hoje nos dizem que o homem não está sozinho, abandonado à própria sorte;
Deus está sempre presente e atento na "barca" de nossa vida,mesmo quando parece estar "dormindo".
Basta acreditar nessa presença constante e atuante.

Na 1a Leitura, temos a experiência de Jó. (Jó 38, 1.8-11)

- Jó foi um homem bom e justo, que de repente foi atingido pela desgraça, que lhe rouba a riqueza, a família e a própria saúde.
  Jó questiona o sofrimento do justo inocente e o papel de Deus nele.
- O texto é uma Resposta de Deus ao desespero de Jó:
Deus fala com Jó no meio da tempestade, revelando a eficácia de sua palavra criadora que organiza e conduz o universo com sabedoria, fixando os limites do mar, controlando as forças dominadoras do mal e do caos.

Essa leitura nos prepara para entender o evangelho de hoje, em que Jesus "domina até as ondas do mar e elas lhe obedecem..."

O Salmista convida a agradecer ao Senhor, que ouviu o clamor  e transformou a tempestade em brisa suave. (Sl 107)

Na 2ª Leitura Paulo afirma que o nosso Deus não é um Deus indiferente, que deixa os homens abandonados à sua sorte. Seu amor sustenta a vida e a missão dos cristãos... (2 Cor 5,14-17)

No Evangelho, temos a experiência dos Apóstolos:
Jesus está na barca dos discípulos e acalma a TEMPESTADE. (Mc 4, 35-41)

- É noite… Jesus está cansado… dorme… Surge a tempestade…
- Os Apóstolos apavorados… o acordam…
- Jesus está presente no barco dos discípulos, acalma a tempestade  e os questiona: "Por que estais com medo, homens de pouca fé?"
- E eles: "Quem é esse homem a quem até o vento e o mar obedecem?"

* Detalhes a aprofundar:
- "Mar" e "noite" significam uma realidade de medo, sem perspectivas...
- O "barco" é o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história...
- Jesus está no "barco", mas é conduzido pelos discípulos...
- Para a "outra margem", ao encontro dos pagãos...
- Jesus "dorme": é a sua aparente ausência ao longo da "viagem".
- A "tempestade" significa as dificuldades que o mundo opõe à missão...
- Jesus aparece como o Deus que é capaz de dominar o mar e as forças hostis.
- "Quem é esse homem?"
    Os discípulos reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio dos homens,  e a quem são convidados a aderir, confiar e obedecer com total entrega.

+ O texto não é uma crônica de viagem de Jesus com os discípulos no lago.
É uma Catequese sobre a caminhada dos discípulos em missão no mundo, escrita numa época em que a Igreja enfrentava sérias "tempestades"...
Para enfrentá-las, os discípulos não devem temer, porque não estão sozinhos...
A Palavra de Jesus acalma a tempestade, fortalece a fé dos discípulos e assegura a vitória sobre  todas as forças hostis.

+ Nós também às vezes no mar agitado da vida   nos sentimos sós e incapazes de reagir.
  
- Na Barca de nossa vida: desanimados… preocupados…
  "Deus se esqueceu de mim!"  Esquecemos que Cristo está conosco…
- Na Barca de nossa família: com ondas agitadas de problemas familiares:
  O Cristo está presente nela? Ele tem um lugar nela?
- Na Barca da Igreja: preocupados com as seitas... os escândalos...
  Cristo nos garante: "Estarei convosco até o fim dos tempos…"
  "As portas do inferno não terão vez contra ela"
- No Barco dos migrantes e refugiados, que partem esperançosos e   percebem que "o Mundo não é a Pátria de todos".  E são recebidos com indiferença, ou até com violência,   porque NÃO EXISTE JUSTIÇA PARA TODOS.

Nessas horas, nossa fé fica transtornada e murmuramos como Jó….
Ou trememos como os discípulos no lago...
"Onde está Deus?" Parece que está dormindo... Deve ser acordado...

O silêncio de Deus nos desconcerta e nos incute medo... Deus deixa as coisas aconteceram e no momento oportuno manifesta o seu poder.

+ Jesus censura a falta de fé dos apóstolos:
   "Por que duvidastes, homens de pouca fé?"
    Eles só se lembram dele quando se encontram numa situação desesperadora. 
* Quantos cristãos que só pensam em Deus, na hora de "tempestade"...

+ No final da narrativa, os discípulos se perguntam:
"Quem é este homem, a quem até o vento e mar obedecem?"

Na Bíblia, aparece que só Deus tem o poder de dominar as ondas do mar.
Essa narrativa de Marcos, que no evangelho deseja mostrar "quem é Jesus", revela que em Jesus reside a mesma força de Deus. É uma Resposta à pergunta: "Quem é Jesus" e uma Profissão de fé de Marcos na divindade de Cristo.
Ele se manifesta com poder divino. Podemos confiar Nele!...
-  Renovemos também nossa fé em Jesus e dele receberemos novo vigor
   para enfrentar as tempestades da vida.

                                      Pe. Antônio Geraldo

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Homilia de D. Henrique Soares

 Hoje, o Evangelho nos apresenta Jesus na barca, dormindo, cansado, ao anoitecer. Tão doce, essa imagem... Essa barca é a Igreja e pode ser considerada também como figura da nossa própria vida. Como quer que seja, o cenário é desolador e apavorante: é noite, no meio do Mar da Galiléia, e, de repente, levanta-se uma tempestade de vento muito forte, com as ondas lançando-se barco a dentro. 
            Pensemos, caríssimos, que muitas vezes é assim que percebemos, seja a realidade da Igreja, seja a realidade de nossa própria existência. Tanta vez é noite e nada podemos enxergar com clareza; tanta vez as ondas parecem agitar tudo, e as torrentes ameaçam nossa pobre barquinha, de modo que nos sentimos pequenos e impotentes, como os navegadores descritos pelo Salmo de hoje: “Ele ordenou, e levantou-se o furacão, arremessando grandes ondas para o alto; aos céus subiam e desciam aos abismos, seus corações desfaleciam de pavor”. Ai! Que tantas vezes encontramo-nos nessa situação, tantas vezes vemos a Igreja encontrar-se assim! E o Senhor, como no Evangelho de hoje, parece dormir, parece alheio à nossa aflição, distante da nossa angústia, incapaz de nos salvar... quantas vezes temos de dizer: “Senhor, por que dormes? Por que não respondes? Por que parece que não vês a dor e o sofrimento?” 
            Não é ruim que gritemos ao Senhor, caríssimos, pois gritar-lhe, pedir-lhe e até queixar-se a ele é sinal de fé. Só quem crê e considera realmente Deus como Alguém e não como uma idéia abstrata, é que reza realmente! Então, gritemos, então, rezemos, então supliquemos! Só não o façamos com a atitude de descrença dos apóstolos. O mal deles não foi acordar o Senhor, não foi suplicar por socorro. Não! Seu mal foi duvidar do seu amor! Vede, caros meus, como eles dizem: “Não te importas que estejamos perecendo?” Duvidam da solicitude do Senhor, duvidam de seu cuidado por eles, duvidam do seu amor pela humanidade e por cada um de nós: “Não te importas?” Aconteça o que acontecer conosco, meus caros, não temos o direito de duvidar do amor de Cristo, da sua presença, do seu cuidado para conosco. Olhemos a cruz! Conhecemos o amor de Deus para conosco, sabemos o quando Cristo nos quer bem, o quanto é nosso amigo, pois que não há maior prova de amor que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13), e ele deu a sua vida por nós... São Paulo nos recorda, na segunda leitura de hoje, que “um só morreu por todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. E então, meus caros? Aquele que vai na nossa barca, na barca da Igreja e na barca da nossa vida, é o mesmo que se deu todo a nós e todo por nós; aquele que por nós morreu e ressuscitou! Gritar por ele, sim; clamar por ele, sim; suspirar pelo socorro dele, sim também; mas duvidar e reclamar com soberba descrença, não! 
            Será que não cremos de verdade que ele é o Senhor, que ele está vivo? Será que não sabemos com todo o nosso coração que ele é o Deus que domina o orgulho das ondas do mar? Vede como ele impera, como ordena: “Silêncio, mar! Cala-te!” E, que diz o Evangelho? “O vento cessou e houve uma grande calmaria”. E, então, Jesus perguntou aos Doze, e nos pergunta a nós: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” – Então, Senhor, por que tenho medo, se nada é impossível para ti? Por que me entristeço tanto, se nada é impossível para ti? Por que me sinto sozinho, abandonado na vida, inseguro, preso pelo destino, se podes tudo, se venceste a morte; se sei que nada é impossível para ti? 
            Para a mentalidade bíblica, era muito claro que somente Deus pode domar o mar. E ainda hoje, o homem da tecnologia, tão prepotente e metido a auto-suficiente, treme de medo diante da potência do oceano. Por isso, a pergunta assustada dos Doze: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” Pois bem, este é o próprio Deus! Isso mesmo: Jesus é Deus, Jesus acalma o mar! Hoje, caríssimos, temos a ilusão que podemos controlar nossa vida e nosso destino. É mentira, é ilusão, é soberba idolatria! A barquinha de nossa vida, que atravessa o mar borrascoso deste mundo, está nas mãos do Senhor. Então, entreguemo-nos a ele, confiemo-nos em suas mãos! E, se ele parece dormir, não temamos, porque estará sempre conosco e, se olharmos bem a sua cruz, saberemos com toda certeza que, venha o que vier, ele nos ama, ele faz conta de nós, ele não nos esquece! Aliás, esta é a grande diferença entre quem crê e quem não crê: para aquele que de verdade acredita no Senhor e nele coloca sua confiança, venha o que vier, ele espera e confia, ele sabe que está nas mãos de Alguém que nos ama. Afinal, o que sabemos da vida? Que sabemos do modo como Deus dirige o mundo e nossa existência? Será que não percebemos que o Senhor está presente no silêncio tanto quanto está presente quando nos fala? Será que não vemos que ele está ao nosso lado no sorriso como também no pranto? Será que esquecemos que mesmo a treva para ele não é escura? – Ele é a luz e, com ele, a própria noite resplandece como o dia! Pensemos ainda nas palavras do Salmista: “Gritaram ao Senhor na aflição, e ele os libertou daquela angústia. Transformou a tempestade em bonança, e as ondas do oceano se calaram. Alegraram-se ao ver o mar tranqüilo, e ao porto desejado os conduziu. Agradeçam ao Senhor por seu amor e por suas maravilhas entre os homens!” – Senhor Jesus, perdoa porque ainda somos medrosos, ainda temos tantos temores! Quantas vezes juramos confiaça em ti; quantas vezes dizemos que te amamos... Mas, na tempestade e na treva do mar bravio e profundo, tememos e duvidamos e, ainda, raivosos, temos queixas de ti e a ti acusamos... Perdoa nossa insensatez, perdoa nossa descrença, perdoa nossa cegueira! Conduze tu mesmo, como bem quiseres, a barquinha da Igreja, o barco pequenino da nossa vida! Dá-nos a confiança de que tu és o fiel condutor e o porto bendito, no qual um dia ancoraremos para sempre a pobre barca da nossa existência. Amém.

D. Henrique Soares.

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Para a Celebração da Palavra (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):

LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
à SENHOR, NOSSO DEUS E PAI, SOIS ETERNO  E GRANDIOSO EM VOSSAS OBRAS. SOIS PODEROSO E REPLETO DE AMOR. SOIS O NOSSO DEUS E SOMOS O VOSSO POVO.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
à SENHOR, NOSSO DEUS E PAI, SEJA LOUVADO  E SANTIFICADO O VOSSO NOME, POIS SOIS  O SENHOR DO UNIVERSO. MUITO NOS AMAIS NOS ENVIANDO VOSSO FILHO PARA NOS LIBERTAR E NOS GUIAR EM VOSSOS CAMINHOS.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
à SENHOR, NOSSO DEUS E PAI, SANTO É O VOSSO NOME. QUE O VOSSO REINO VENHA A NÓS E QUE A VOSSA VONTADE SEJA FEITA.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
à SENHOR, NOSSO DEUS E PAI, NOS MOMENTOS DE DIFICULDADE, AUMENTAI A NOSSA FÉ E A NOSSA ESPERANÇA. SOIS A NOSSA FORÇA E A NOSSA LUZ.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
à SENHOR, NOSSO DEUS E PAI, ENVIAI-NOS O ESPÍRITO SANTO PARA SEJAMOS FORTALECIDOS NA VOSSA GRAÇA E POSSAMOS TESTEMUNHAR O VOSSO AMOR AO MUNDO NA JUSTIÇA, NO PERDÃO E NA PAZ. T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
/ PAI NOSSO/ A PAZ / Eis o CORDEIRO...