sexta-feira, 12 de junho de 2015

11º Domingo do Tempo Comum, parábolas, grãos de sementes, grãos de mostarda, o Reino de Deus

11º Domingo do T. Comum (Diácono Ismael ) 14/06/2015
TEMA: “Eu, o Senhor, digo e faço!”; É Deus quem nos conduz para vida plena.
Primeira leitura: Ezequiel diz que Deus não esqueceu a Aliança, nem as promessas que fez no passado. Deus, que é fiel, não desistirá de oferecer ao seu Povo um futuro de tranquilidade, de justiça e de paz sem fim.
Evangelho:  É uma catequese sobre o Reino de Deus. Sem pressa, a semente lançada por Jesus fará com que esta realidade vá, aos poucos, dando lugar ao novo céu e à nova terra que Deus quer oferecer a todos.
Segunda leitura: a vida nesta terra, marcada pela finitude, deve ser vivida como uma peregrinação ao encontro de Deus. O Reino de Deus só atingirá a sua plenitude no final dos tempos.

6. PRIMEIRA LEITURA (Ez 17,22-24) Leitura da profecia de Ezequiel.
Assim diz o Senhor: “Eu tirarei um galho do cedro; ...e ...Vou plantá-lo sobre o alto monte de Israel. Ele produzirá folhagem, dará frutos e se tornará um cedro majestoso. Debaixo dele pousarão todos os pássaros... E todos as árvores do campo saberão que eu sou o Senhor, que abaixo a árvore alta e elevo a arvore baixa; faço secar a árvore verde e brotar a arvore seca. Eu, o Senhor, digo e faço”.

AMBIENTE - No ano de 609 a. C., o faraó Necao derrotou o rei Josias e colocou no trono de Judá Joaquim. Contudo, em 605 a.C., Nabucodonosor derrotou as tropas assírias e egípcias e assumiu o controlo da Palestina. Joaquim ficou pagando tributos aos babilônios. Em 601, Joaquim se voltou contra o domínio babilônico. Nabucodonosor reagiu sitiando Jerusalém, em 598 a.C. e Joaquim foi deportado para a Babilônia. Nabucodonosor colocou no trono de Judá Sedecias. Ao fim de algum tempo, Sedecias aliou-se com os egípcios e deixou de pagar o tributo. Nabucodonosor cercou Jerusalém e Sedecias, foi feito prisioneiro, foi levado para a Babilônia. Ezequiel, o “profeta da esperança”, exerceu o seu ministério na Babilônia no meio dos exilados judeus.  Ezequiel anuncia que Deus não abandonou o seu Povo, mas irá construir com ele uma história nova, de salvação e de graça.

MENSAGEM - Deus não esqueceu a promessa feita, através do profeta Natan, na qual assegurou a David a continuidade do seu trono. Ele próprio vai tomar um “ramo novo”, plantá-lo na montanha de Israel, fazê-lo dar frutos e torná-lo uma árvore resistente e de grande porte – ou seja, irá restabelecer a dinastia davídica em Jerusalém, assegurando ao seu Povo um futuro pleno de vida, de felicidade e de paz sem fim.
    O poder dos impérios humanos nada pode contra Deus que é o Senhor da história e que, com paciência e amor, vai concretizando o seu projeto. Deus não falha, não esquece os seus compromissos, não abandona esse Povo com quem se comprometeu. Mesmo na angústia e no sofrimento, Israel tem de aprender a confiar nesse Deus que é sempre fiel às suas promessas. Deus torna aquilo que é pequeno aos olhos dos homens (“um ramo novo”) e, através dele, vence o orgulho e a prepotência, e exalta os humildes. Deus prefere os pequenos, os débeis, os pobres (aqueles que na sua humildade e simplicidade estão sempre disponíveis para acolher os desafios e os dons de Deus); e é através deles que concretiza os seus projetos de salvação e de graça.

ATUALIZAÇÃO **¨ Deus conduz sempre a história humana de acordo com o seu projeto de salvação e mantém-se fiel às promessas feitas ao seu Povo. Não estamos abandonados à nossa sorte; Deus não desistiu desta humanidade que Ele ama e continua a querer salvar. Deus continua a acompanhar cada passo que damos e a apontar-nos caminhos de vida. A última palavra será sempre de Deus. Temos de vencer o medo e dar aos homens um testemunho de esperança, de confiança.

10. EVANGELHO (Mc 4,26-34) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Jesus disse à multidão: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. A terra por si mesma produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou”. E Jesus continuou: “Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para apresentá-lo? O Reino de Deus é como o grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. Quando é semeado, cresce e se torna maior que todas as hortaliças e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra”. Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.

AMBIENTE - Para fazer chegar a todos a sua proposta, Jesus utiliza uma linguagem acessível, viva, pedagógica. Estamos na Galileia, nos primeiros tempos do anúncio do Reino. As “parábolas” são uma linguagem habitual na literatura dos povos do Oriente Médio: A parábola é um bom instrumento de diálogo, sobretudo em contextos polêmicos.

MENSAGEM - A primeira parábola interessa apenas que, entre o plantio e a colheita, a semente vá crescendo e amadurecendo, sem que o homem intervenha para impedir ou acelerar o processo. A questão essencial não é o que o agricultor faz, mas o dinamismo vital da semente. O resultado final não depende dos esforços e da habilidade do homem, mas sim do dinamismo da semente que foi lançada à terra. Desta forma, o narrador ensina que o Reino de Deus (a semente) é uma iniciativa divina: é Deus quem atua no silêncio da noite, no tumulto do dia ou na turbulência da história para que o Reino aconteça; e nenhum obstáculo poderá frustrar o seu plano. Provavelmente, a parábola é dirigida contra todas as frentes que pretendiam forçar a vinda do Reino – a dos zelotas que queriam instaurar o Reino através da violência das armas, a dos fariseus que pretendiam forçar o aparecimento do Reino com a obediência a uma disciplina legal, a dos apocalípticos que faziam cálculos precisos sobre a data da irrupção do Reino. Não adianta forçar o tempo ou os resultados: é Deus que dirige a marcha da história e que fará com que o Reino aconteça, de acordo com o seu tempo e o seu projeto. Desta forma, a parábola convida à serenidade e à confiança nesse Deus que não dorme nem se demite e que não deixará de realizar, a seu tempo e de acordo com a sua lógica, o seu plano para o mundo.
A segunda parábola é a do grão de mostarda. O narrador põe em relevo o contraste entre a pequenez da semente e a grandeza da árvore. A comparação serve para dizer que a semente do Reino lançada pelo anúncio de Jesus pode parecer insignificante, mas  atingirá todos os cantos do mundo. Além disso, a parábola retoma um tema: Deus serve-Se de algo que é pequeno e insignificante aos olhos do mundo para concretizar os seus projetos de salvação e de graça em favor dos homens.
A parábola é um convite à esperança, à confiança e à paciência. Nos fatos aparentemente irrelevantes, na simplicidade e normalidade de cada dia, na insignificância dos meios, esconde-se o dinamismo de Deus que atua na história e que oferece aos homens caminhos de salvação e de vida plena.

ATUALIZAÇÃO **¨ Deus tem um projeto destinado a oferecer aos homens a vida e a salvação. Pode parecer que a nossa história caminha entregue ao acaso ou aos caprichos dos líderes; mas é Deus que conduz a história. Deus caminha conosco e, leva-nos pela mão ao encontro de um final feliz.
**¨ Jesus propôs um caminho novo; lançou a semente da transformação dos corações, de forma a que a vida dos homens se construa de acordo com os esquemas de Deus. Essa semente não foi lançada em vão: está entre nós e cresce por ação de Deus. Resta-nos acolher essa semente e deixar que Deus realize a sua ação. Resta nos também, como discípulos de Jesus, continuar a lançar essa semente do Reino, a fim de que ela encontre lugar no coração de cada pessoa.
**¨ Os que, continuando a missão de Jesus, anunciam a Palavra (que lançam a semente) não devem preocupar-se com a forma como ela cresce e se desenvolve. Devem, apenas, confiar na eficácia da Palavra anunciada, conformar-se com o tempo e o ritmo de Deus, confiar na ação de Deus e no dinamismo intrínseco da Palavra semeada. Isso equivale a respeitar o crescimento de cada pessoa, o seu processo de maturação, a sua busca de caminhos de vida e de plenitude. Não nos compete exigir que os outros caminhem ao nosso ritmo, que pensem como nós, que passem pelas mesmas experiências e exigências que para nós são válidas. Há que respeitar a consciência e o ritmo de caminhada de cada homem ou mulher – como Deus sempre faz.
**¨ Por vezes, é naquilo que é pequeno, débil e aparentemente insignificante que Deus Se revela. Deus está nos pequenos, nos humildes, nos pobres, nos que renunciaram a esquemas de triunfalismo e de ostentação; e é deles que Deus Se serve para transformar o mundo. Atitudes de arrogância, de ambição desmedida, de poder a qualquer custo, não são sinais do Reino. Sempre que nos deixamos levar por tentações de grandeza, de orgulho, de prepotência, de vaidade, estamos a frustrar o projeto de Deus, a impedir que o Reino de Deus se torne realidade no mundo e nas nossas vidas.

Sinopse: A Palavra de Deus age dentro do cristão por uma força própria, graças ao Espírito Santo que a acompanha. Cientista nenhum consegue fabricar uma semente, e nós não entendemos o segredo dela. O mesmo acontece com a Palavra de Deus. Nós não entendemos a ação do Espírito Santo. No caso da semente de mostarda, ficamos admirados com o contraste entre a pequenez da semente e a grandeza do arbusto, que chega a dois metros de altura. As nossas Comunidades cristãs são às vezes pequenas, fracas e crescem devagar. Pouca gente participando, a maioria pobres, humildes e sem grandes capacidades. Mas a sua força transformadora é enorme.
Por outro lado, o reino do mal cresce rápido, tem poder e força diante das estruturas opressoras.
Por isso, muitos cristãos são tentados a desanimar, a desacreditar nos critérios cristãos e passam a ser lobos no meio de lobos. Em vez de virar a outra face, dar também a túnica para quem lhe toma a capa, passam a usar a violência. Ao invés da verdade e da paz, passam a usar as armas do mundo: A mentira, a violência... Colocam a eficácia, isto é, os resultados, acima do testemunho e do exemplo de vida. Isso significa uma aliança com os corruptos, abandonando os critérios cristãos. Isto é falta de fé na força de Deus, que age através da pequenez e da fraqueza humana. O que Jesus quis com a parábola da semente de mostarda foi dar-nos ânimo, confiança, esperança e perseverança, para anunciarmos com transparência e sem “rabo preso” o Reino de Deus.

8. SEGUNDA LEITURA (2Cor 5,6-10) Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, estamos sempre cheios de confiança e bem lembrados de que, enquanto moramos no corpo, somos peregrinos longe do Senhor; pois caminhamos na fé e não na visão clara. Mas estamos cheios de confiança e preferimos deixar a moradia do nosso corpo, para ir morar junto do Senhor. Por isso, também nos empenhamos em ser agradáveis a ele, quer estejamos no corpo, quer tenhamos deixado essa morada. Aliás, todos nós temos de comparecer às claras perante o tribunal de Cristo, para cada um receber a devida recompensa – prêmio ou castigo – do que tiver feito ao longo de sua vida corporal.

AMBIENTE - Paulo reflete sobre a grandeza e as dificuldades do ministério apostólico. Vale a pena acolher os desafios de Deus: no final do caminho nesta terra, espera-nos uma vida nova, uma vida plena e eterna.

MENSAGEM - A vida terrena, para Paulo, é um exílio “longe do Senhor”; é o tempo da fé. Para Paulo, os crentes enquanto “habitam este corpo” mortal, devem viver de acordo com as exigências de Deus e caminhar à luz da fé; o destino final de todos é o encontro com o Senhor, a vida plena e definitiva.

ATUALIZAÇÃO *¨ A cultura atual é uma cultura do provisório, do imediato e do momento. É também uma cultura do bem-estar material: o reinado do “ter” sobre o “ser”, escraviza o homem e relativiza a sua busca de eternidade. É necessário que tenhamos sempre diante dos olhos a nossa condição de “peregrinos” nesta terra e que aprendamos a dar valor àquilo que tem a marca da eternidade. O fim último da nossa existência não está nesta terra; o nosso horizonte deve apontar para a vida plena e definitiva.
*¨ Contudo, o fato de vivermos a olhar para o mais além não pode levar-nos a ignorar as realidades terrenas e os compromissos com a construção da cidade dos homens. O Reino de Deus  começa a ser construído nesta terra e exige o nosso compromisso pleno com a construção de um mundo mais justo, mais fraterno, mais verdadeiro. Não há comunhão com Cristo se nos demitimos das nossas responsabilidades em testemunhar os gestos e os valores de Cristo.
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A Semente

A Liturgia desse domingo nos oferece a oportunidade  de refletir sobre a Vida e a Ação da Igreja de hoje.  As reações e atitudes são as mais diversas…

- Uns tradicionais, preocupados com as mudanças, desabafam:
"A Igreja não é mais aquela… Se a Igreja não fizer alguma coisa logo, vai perder seus adeptos… "
- Outros, que se dizem progressistas, lutam impacientes com todos os meios, até violentos, para introduzir transformações mais eficientes…

A Palavra de Deus de hoje afirma que o Reino de Deus não é obra dos homens, é obra de Deus e
que a Comunidade Cristã deve ter confiança total na ação de Deus.

A 1ª Leitura lembra que a árvore nasce de um pequeno REBENTO. (Ez 17,22-24)

O Povo vivia no exílio e na escravidão, sem perspectivas de libertação.
Ao profeta Ezequiel Deus transmite uma mensagem de ESPERANÇA:
Deus não se esqueceu do seu povo.
Ele irá até a Babilônia, tomará um ramo da dinastia de Davi e o plantará no alto de uma montanha da terra de Israel.
O pequeno rebento crescerá e se tornará um cedro magnífico, no qual os passarinhos farão seus ninhos.
- Jesus será o rebento do majestoso cedro que Deus plantou na Terra.
As aves, que vêm pousar em seus ramos, representam todos os povos do mundo, convidados a encontrar sua morada nas suas ramagens.

Na 2ª Leitura, Paulo, no final de sua vida, cansado pelos anos e pelas provações, deseja repousar para sempre com Deus e com Cristo. Mas está disposto a continuar na luta com todas as suas forças, enquanto Deus quiser. (2Cor 5,6-10)

No Evangelho Jesus compara o Reino de Deus a uma SEMENTE. (Mc 4,26-34)

- Jesus iniciara com sucesso sua atividade missionária.
Todavia o primeiro entusiasmo foi cedendo espaço ao desânimo dos discípulos e às hostilidades dos adversários. Qual seria o futuro da missão de Jesus?

- O texto reflete também a situação vivida pelas primeiras comunidades cristãs.
Após o entusiasmo inicial, sentem-se dominados pelo desânimo, pelas dúvidas, pelas crises e pelo abandono da fé.

Marcos usa DUAS PARÁBOLAS de Jesus para superar essas crises da comunidade:
A Semente e o Grão de Mostarda.
Elas revelam a natureza e a dinâmica do Reino, que está acontecendo na vida de Jesus e continua se realizando na comunidade da Igreja.
1. A Parábola da Semente fixa o ritmo de crescimento do Reino de Deus: o processo é lento. O colono semeia e aguarda com paciência. A semente vai germinando e crescendo lentamente, mesmo sem a participação do lavrador.
 * A força vital de Deus age, garantindo o sucesso da colheita, da Missão. Os frutos não dependem de quem a semeou, mas da força da semente. O crescimento do Reino depende da ação gratuita de Deus.

2. O Grão de Mostarda destaca o grandioso resultado da ação de Deus.
A proposta do Reino, uma semente pequena e insignificante no começo, torna-se proposta universal, aberta a todas as nações e povos, que vão aderindo ao projeto de Deus, semeado por Jesus.
Assim o Reino de Deus é uma árvore frondosa, ampla e acolhedora.

+ O que dizem essas Parábolas para nós, hoje?

- Certas pessoas andam preocupadas porque os grupos são pequenos.
  As comunidades conscientes e comprometidas são cada vez mais raras, as equipes reduzidas, as pastorais caminhando com pouca gente.
  Elas têm como referência uma religião de sucesso, com estádios cheios, celebrações pomposas...
- Certos pais e educadores gostariam que a semente da Palavra produzisse logo os frutos da sua eficiência. E não enxergam o resultado...
  E angustiados se perguntam: "Vale a pena continuar semeando?"

  Nas parábolas, Jesus dá uma resposta, que nos restitui a alegria e o otimismo.

+ Após ter semeado, o que nos resta fazer?
   Ser paciente e perseverar… SEMEAR E SABER ESPERAR… confiando plenamente que o que foi feito, não foi em vão.
   Depois de anunciada, a Palavra penetra nas mentes e nos corações, e quem já a escutou nunca mais consegue permanecer o mesmo.
   O tempo da colheita virá, mas só Deus sabe o dia e a hora. Ninguém pode apressar o Reino de Deus.

+ Qual é a nossa atitude diante do agricultor, que SEMEIA com generosidade e sabe ESPERAR com paciência?

   - Temos FÉ na força íntima da semente, mesmo quando não vemos os frutos?
   - Estamos convencidos de que o Reino de Deus é mais obra de DEUS, do que fruto do trabalho humano?

O Reino de Deus é uma pequena semente. Somos convidados a continuar semeando com fé e confiança.
- Vale a pena semear!... Só assim poderemos colher!...


                                                                                  Pe. Antônio

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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Meus irmãos e irmãs, Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas e quando estava sozinho, explicava tudo aos discípulos. Eu tenho certeza de que aqui ninguém tem dúvidas de que somos discípulos do Senhor. Por isso, aquilo que é dito em forma de parábolas para o mundo, para nós, somos convidados a atentar um pouco mais o ouvido, porque para nós, Ele explica em detalhes. Não é que Deus nos trata com privilégio, mas é que nos é exigido um pouco mais. Hoje, temos um grande convite da parte de Deus, que é confiar na sua Palavra. A primeira Leitura se conclui dizendo: “Eu falo e Eu faço”. Como é que eu posso constatar isso? Na medida em que eu crio o hábito em confrontar o que Deus fala, com o que se realiza. Isto não é uma prática de todo ser humano, mas somente daqueles que crêem em Deus, que crêem em sua Palavra. Mas Ele se parece com o lavrador, pois se o lavrador não tivesse esperança e fé, de que a semente vai dar frutos, ele não plantaria. Ninguém trabalha esperando nenhum resultado. Qualquer trabalho é na esperança de algum resultado. Se eu sei que não vai germinar nada, para que gastar minha energia lançando semente? O lavrador confia na terra. O lavrador confia na semente. O lavrador confia no seu trabalho. Quando Jesus lança mão dessa realidade, é para ajudar toda a humanidade a compreender, que por menor que seja o gesto que eu realizo, ele dará frutos. Como é que eu vou comparar isso? Com o grão de mostarda. Ela é tida como a menor das sementes, entretanto, ela quando frutifica, até os pássaros se abrigam ali. A Palavra de Deus nos convida a pensar; não é necessário eu ser um grande cedro, uma grande árvore. Também não preciso ser uma árvore pequenina, simplesmente sou convidado a ser sinal da vida para a humanidade. Quando olho para uma árvore viçosa, bonita, eu digo: esta árvore, de fato, é uma árvore bonita. Ora, é assim que somos chamados a ser. Este sinal da beleza de Deus, que no fundo retrata  toda beleza do Criador. Quando eu me dou conta quando lanço a semente e dali brotam os frutos, eu me dou conta que Deus continua realizando a sua obra como Criador. Também me dou conta, que o mesmo pedido que foi feito a Adão, é feito para cada um de nós: “crescei, multiplicai e dominai a terra”. Dominar não significa impor-se sobre a terra ou sobre qualquer outra coisa. Dominar significa ter a mesma atitude do Senhor, dominar; ter atitude de senhor. Ora, o Senhor cuida de cada planta, Ele cuida da produção de cada semente, sem que o homem saiba como, diz o Evangelho. Ele sabe que primeiro vem a folhagem, depois a espiga e depois os grãos da espiga. Assim também, se nós confiamos na palavra de Deus e se nós estamos dispostos a ter a atitude de Deus, somos chamados a semear o Reino e o restante é por conta de Deus. Assim como a semente brota, sem que o homem faça todo o processo, o homem somente semeia, assim é o Reino de Deus. Porque o Reino é de Deus. Agora, como realizar tudo isso? São Paulo nos deixa um questionamento profundo; enquanto nós estamos neste mundo, porque não vamos estar sempre aqui não, ele diz, é bom realizar as obras que Deus espera de nós, porque um dia virá a nossa recompensa; virá um prêmio ou um castigo. Aqui, entramos num entrave muito complicado; porque se nós aprendemos que Deus não castiga ninguém, como é que Paulo fala de castigo? Agora, nós precisamos ter uma visão do conjunto. Se eu não quero viver em comunhão com Deus, se eu não aceito Jesus Cristo, ou seja, não aceito amar, se eu não aceito ser bom, se eu não quero ser ajuda para o irmão, se eu quero pensar somente em mim, ora, quando eu me encontrar com Deus, será um inferno. Você já imaginou viver eternamente perto de quem você não suporta? Eternamente? Esse é um grande castigo. Por que? Porque o próprio Evangelho diz que Ele veio para que ninguém se perca. Então, todos estarão reunidos ao lado de Deus. Só que, aquele que procurou a vida inteira viver os ensinamentos de Deus, isto é um prêmio, viver ao lado de Deus, finalmente eu vou poder experimentar tudo aquilo que procurei construir ao longo de minha vida. Mas, aquele que sempre foi contrário, vai dizer: agora eu preciso viver eternamente o amor, a comunhão, aquilo que eu nunca aceitei a vida inteira? O castigo, bem entendido por nós, é viver o amor, quando eu não quero amar. Agora, convenhamos, de cada dez que diz que não crê em Deus, nove, na realidade, não crê na imagem de Deus que lhe foi transmitida. Por que? Porque custa acreditar que alguém não queira viver o amor, custa acreditar que alguém não queira ser amado. O grande problema do ser humano, qual é? Ele se sentir infeliz quando não é amado. Como é que ele pode dizer que não aceita Deus, se Deus é amor. É que na realidade, a visão que ele tem de Deus, nem sempre corresponde a visão verdadeira de Deus. Muitas vezes, no entanto, ele se alegra com tudo aquilo que Jesus realiza. Eu nunca vi alguém contestar um gesto de Jesus, mesmo quem não crê em Jesus, todo mundo reconhece que Jesus só realizou o bem. Entretanto, por que não aceitar Jesus? Porque, muitas vezes, lhe foi transmitido uma imagem, uma visão tão distorcida, que ele diz: esse Jesus eu não quero. Quando ele se dá conta de que Jesus é o amor em pessoa, de que Ele veio para revelar o amor de Deus, de que de fato, Jesus quer que todos tenham vida e vida em plenitude, abundância, que todos se realizam como ser humano, é claro que dificilmente alguém rejeitará essa proposta. Então, não há o que temer. Na realidade, aquilo que é chamado de castigo, é exatamente, nos darmos conta de que prevaleceu o amor. Nem sempre o amor é cultivado no mundo. É evidente que o julgamento existe. Se Deus sempre promove o amor e se alguns, a sociedade promove o ódio, como o amor vencerá, então, aqueles que promoviam o contrário, se sentirão derrotados. Esse é o castigo. Então, não é, realmente que Deus castiga, mas é que as pessoas acabam experimentando o amor de Deus e por conta de não terem apostado no amor, se sentirão perdedores. É assim que São Paulo procura explicar. Da nossa parte, como seria bom se pudéssemos adotar o provérbio “zumis” como proposta de vida. O provérbio diz: “assim como a árvore está plantada ao lado do rio e dali retira todo o seu sustento, assim também nós, queremos nos plantar na Palavra de Deus, para dessa Palavra tirarmos tudo aquilo que é necessário para vivermos com alegria e felicidade, de que um pequeno gesto, como o grão de mostarda, pode dar muitos frutos no mundo.
Que jamais percamos, em primeiro, a fé,  de que um pequeno gesto, como o grão de mostarda, pode dar muitos frutos no mundo.
Segundo, que jamais percamos a esperança. O Pai Nosso diz: não nos deixes cair em tentação. A grande tentação é achar que o bem nunca vai vencer, quando na realidade, já venceu a muito tempo.
Terceiro, e aqui é um ponto muito importante; os primeiros cristãos eram todos missionários. Hoje, somente os missionários são cristãos. Então, que possamos ser missionários, semear a semente no mundo, para que, a exemplo da árvore que nos chama a atenção, o sinal do amor chame o mundo à alegria e ao amor de Deus.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO


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Homilia de D. Henrique Soares

Mc 4,26-34
Ação de Deus
Haverá um tempo de colheita
Englobará todos os povos
Tão simples o evangelho de hoje; tão doce, tão cheio de sabedoria! Estejamos atentos, porque o Senhor nos falado Reino de Deus, Reino que começa aqui, experimentado quando nos abrimos para o anúncio de Jesus; Reino que será pleno na glória, quando cada um de nós e toda a humanidade, com a sua história, entrar, um dia, na plenitude do coração da Trindade santa.
O que nos diz o Senhor? Diz-nos que o Reino de Deus não é daquelas coisas vistosas, midiáticas, de sucesso humano. O Reino vem de modo humilde e se manifesta nas coisas pequenas… Pequenas como um grãozinho jogado na terra, como uma semente de mostarda, como um brotinho frágil e sem aparente valor… Quantas vezes buscamos os sinais da força de Deus na força humana, nos grandes eventos, nas realidades grandiloqüentes. Não, na é aí que se encontra o Reino. O Reino é como o próprio Jesus: aquele brotinho, retirado da ponta da grande árvore da dinastia de Davi… aquele brotinho pobre, da carpintaria de Nazaré, donde nada que prestasse poderia vir… Ah, irmãos! Os modos de Deus, a lógica de Deus, o jeito de Deus! Como tudo é tão diverso de nossas expectativas!
Outra lição de hoje: o Reino vem aos poucos. Inaugurado e plantado definitivamente no chão deste mundo pelo nosso Jesus, ele irá crescendo como a semente, como o grão de mostarda, aos poucos. Somos tão impacientes, gostaríamos tanto que Deus respeitasse nossos prazos. Mas, não! Se os pensamentos do Senhor não são os nossos, tampouco seus tempos são iguais aos da gente! Atentos, irmãos, porque somente perseverará na paciência aquele que souber adequar-se aos tempos de Deus. E Deus contempla o tempo na perspectiva da eternidade e não das nossas pressas… Assim vai o Reino, brotando humildemente na história e no coração do mundo, de um modo que somente quem reza e contempla pode perceber…
Ainda uma outra lição do Senhor: Nós, filhos de um mundo tão pragmático e auto-suficiente, temos tanta dificuldade em perceber a ação de Deus. Coitados que somos! Pensamos que nós é que fazemos, que nós é que somos os sujeitos últimos do mundo e da história! Presunçosa ilusão! É Deus quem, humilde, forte e fielmente, faz o Reino desenvolver-se na potência do Espírito. Que diz o Senhor? “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece!” Que imagem doce, bela, delicada… Nós, com a graça de Deus, vamos plantando o Reino que Cristo trouxe. Como plantamo-lo? Plantamos quando nos abrimos à graça, plantamos com nosso exemplo, plantamos com nossa palavra, plantamos com nossa ação… Mas, cuidado! É o próprio Deus, com a energia do Santo Espírito, quem faz o Reino crescer: é obra dele, não nossa. São Paulo não nos dizia? Um é o que planta, outro, o que rega, mas é Deus quem faz crescer… É assim, caríssimos, que, num mundo aparentemente esquecido por Deus, Deus vai agindo, tomando nossas pobres sementes e fazendo-as desabrochar no seu Reino, vigor, paciência e suavidade…
Um dia, diz Jesus, chegará o momento da colheita. Haverá um fim na história humana, caríssimos e, então,“todos deveremos comparecer às claras ante o tribunal de Cristo, para cada um receber a devida recompensa – prêmio ou castigo – do que tiver feito na sua vida corporal”. Não adiante querer esquecer, de nada serve fingir que não sabemos: aqui estamos de passagem, aqui, vamos semeando o Reino que Jesus trouxe e que Deus mesmo faz crescer; mas, a colheita definitiva não será nesta vida, pois o Reino que começa no tempo, haverá de espraiar-se na eternidade; o Reino que deve fecundar a história somente será pleno e definitivo na glória. Quanta é grande a tentação, hoje em dia, de nos ocuparmos com tantas futilidades, esquecendo que aqui estamos de passagem e somente lá é que permaneceremos para sempre! Como seríamos mais livres, equilibrados, seremos, se recordássemos essa realidade. Como teríamos o cuidado de viver de tal modo, que não perdêssemos o Reino. Sim, caros, porque é possível ficar fora do Reino! Não entrará no Reino quem não permitir que o Reino entre em si. Em certo sentido, não somos nós quem entramos no Reino, mas o Reino que entra em nós! Abrir-se para o Reino, é abrir-se para o Cristo Jesus! Abramo-nos para ele e ele nos abrirá o sue Reino!
Uma última lição de Jesus para nós, hoje: o seu sonho é que todos entrem no seu Reino, naquela casa do Pai, na qual há muitas moradas! É por isso que, na primeira leitura, pousarão todos os pássaros à sombra da ramagem da árvore que é o Messias, e as aves aí farão ninhos. O mesmo Jesus diz do Reino, comparado ao pequeno grão de mostarda que germina e se torna arvora frondosa. Eis, caríssimos, o Senhor nos ama a todos, nos deseja a todos, nos chama a todos! Se lhe dermos ouvidos, se aprendermos o compasso do seu coração, experimentaremos a alegria do Reino já nesta vida, com provações, e, um dia, haveremos de saboreá-lo por toda a eternidade! – Senhor Jesus, dá-nos, pois, a graça de abrir as portas do nosso coração e do coração do mundo para o Reino do Pai que anunciaste e inauguraste! Venha o Reino na potência do teu Espírito que habita em nós e no coração da Igreja! E que através de nós, ele se faça sempre mais presente no mundo. Amém.
 D. Henrique Soares

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Momento de Louvor (para os Diáconos e Ministros Extraordinários da Palavra):

Louvor: (quando o Pão consagrado estiver sobre o altar)
- O senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor Nosso Deus...

àElevemos ao Pai o nosso louvor dizendo:
Povo: Por nós fez maravilhas, louvemos o Senhor!
à: Nós vos damos graças, ó Pai, por toda a vossa criação e por tudo o que fizestes no meio de nós, por meio de Jesus Cristo, vosso Filho e nosso irmão.
Povo: Por nós fez maravilhas, louvemos o Senhor.
Min.: Enviai sobre nós, aqui reunidos, o vosso Espírito e dai a esta terra que nos sustenta uma nova face. Que haja paz em nossas famílias e cresça em nossa comunidade a alegria de sermos vossos.
Povo: Por nós fez maravilhas, louvemos o Senhor.
Min.: Pela palavra do Evangelho de vosso Filho, fazei que as Igrejas do mundo inteiro caminhem na unidade e sejam sinais da presença do Cristo ressuscitado. Tornai esta comunidade cada vez mais sinal da vossa bondade.
Povo: Por nós fez maravilhas, louvemos o Senhor.
Min. Lembrai-vos, ó Pai, dos nossos irmãos, que morreram na paz do Cristo, e de todos os falecidos, cuja fé vós conheceis: acolhei-os na luz da vossa infinita misericórdia.
Povo: Por nós fez maravilhas, louvemos o Senhor.
Min.: Ó Deus, criador do céu e da terra, os nossos louvores e nossas preces cheguem a vós pelas mãos daquele que é nosso único mediador, Jesus Cristo nosso Senhor.
Povo: Por nós fez maravilhas, louvemos o Senhor.
à PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO....



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