quinta-feira, 18 de junho de 2015

12º Domingo do Tempo Comum, Jesus dorme na barca dos apóstolos

12º Domingo do Tempo Comum (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:
TEMA: Deus preocupa-se com os homens, caminha ao seu lado, oferecendo-lhe a vida e a salvação.
A primeira leitura: Deus onipotente, que domina a natureza, tem um plano para o mundo. O homem nem sempre entende a lógica de Deus; resta-lhe entregar-se nas mãos de Deus com humildade e com confiança.
No Evangelho: nunca estamos sozinhos a enfrentar as tempestades da vida… Os discípulos nada têm a temer, porque Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer as forças que se opõe à vida e à salvação.
A segunda leitura: Deus não é indiferente e deixa os homens abandonados à sua sorte. A vinda de Jesus ao mundo para nos libertar do egoísmo que escraviza e para nos propor a liberdade do amor mostra que o nosso Deus nos ama e que quer ensinar-nos o caminho.

LEITURA I – Jó 38,1.8-11
Leitura do Livro de Jó. O Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade, e disse: “Quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas; quando marquei seus limites, coloquei portas e trancas e disse: ‘Até aqui chegarás, e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas?’”

AMBIENTE - A história serve de pretexto para refletir sobre certos temas, como a questão do sofrimento do justo.
Jó interroga-se acerca da origem do sofrimento que o atingiu e do papel de Deus no seu drama pessoal. Alguns dos amigos de Jó respondem: o sofrimento é o resultado do pecado; Jó recusa conclusões tão simplistas e demonstra a falência da doutrina oficial para explicar o seu drama pessoal. Deus não pode ser só contabilista; e o caso de Jó prova-o. Rejeitada a explicação tradicional, Jó dirige-se diretamente ao próprio Deus. Quando Deus enfrenta Jó, recorda-lhe o seu lugar de criatura, limitada e finita; mostra-lhe como só Ele conhece as leis que regem o universo e a vida, mostra-lhe a sua preocupação e o seu amor com cada ser criado; convida-o a ocupar o seu lugar de criatura e a não pôr em causa os desígnios de Deus para o mundo, já que  esses desígnios ultrapassam a capacidade de compreensão de qualquer criatura. Deus tem uma lógica,  um projeto que ultrapassa aquilo que cada homem poderá entender. A história termina com Jó a perceber o seu lugar, a reconhecer a transcendência de Deus e a incompreensibilidade dos seus projetos, a entregar-se nas mãos de Deus com humildade e confiança.
Nesse discurso, Deus coloca a Jó questões sobre a terra, o mar, os grandes mistérios da natureza e da vida; a finalidade não é obter respostas de Jó, mas levá-lo a perceber os seus limites, a sua incapacidade para entender o mistério insondável de Deus.

MENSAGEM
O nosso texto começa por apresentar Jahwéh a responder a Jó “do meio da tempestade”. É o quadro habitual das teofanias (cf. Ex 19,16); serve para a manifestação aos homens do Deus todo-poderoso, o soberano de toda a terra.
Jahwéh refere-se ao seu papel no sentido de controlar o mar. Foi Ele quem “encerrou o mar entre dois batentes” (vers. 8) e que lhe “fixou os limites” (vers. 10).
As antigas lendas mesopotâmicas sobre a criação apresentavam as “águas salgadas”
(representadas pela deusa Tiamat) como um monstro criador do caos e da desordem na sua luta para organizar o cosmos, Marduk, o deus mesopotâmico da ordem lutou contra o mar, venceu-o e pôs-lhe limites. O Povo bíblico viu no mar uma realidade assustadora, onde residiam os poderes caóticos que o homem não conseguia controlar… No entanto, os catequistas de Israel sempre asseguraram que a Palavra criadora de Jahwéh impôs às águas tumultuosas do mar, de uma vez para sempre, os seus limites (“Deus disse: ‘reúnam-se as águas que estão debaixo dos céus num único lugar, a fim de aparecer a terra seca’. E assim aconteceu” – Gn 1,9). Jahwéh não precisou de lutar furiosamente contra o mar, como Marduk, o deus dos mitos mesopotâmicos; mas limitou-Se a organizar o mundo impondo às águas, com o seu poder, um limite que elas não poderão nunca atravessar sem ordem divina. O mar, controlado e encerrado dentro dos seus limites naturais, é um testemunho do poder supremo de Deus; mostra o domínio perfeito de Deus sobre toda a criação. Ao recordar a Jó a sua ação criadora sobre o mar, Jahwéh apresenta-Se, antes de mais, intocável na sua transcendência e majestade; e mostra que tem um plano estável, amadurecido, irrevogável… Quem é Jó para pôr em causa os desígnios desse Deus criador que, com a sua Palavra, controlou o mar? Jó  é convidado a aceitar que um Deus tem uma solução para os problemas e dramas do homem… O homem, na sua situação de criatura finita e limitada, é que nem sempre consegue ver e perceber o alcance dos projetos de Deus.
Em conclusão: só Deus tem todas as respostas; ao homem resta reconhecer os seus limites de criatura e entregar-se nas mãos desse Deus onipotente e majestoso, que tem um projeto para o mundo. Ao homem finito resta confiar em Deus e ver n’Ele a sua esperança e a sua salvação.

ATUALIZAÇÃO O terrorismo e a violência trazem-nos sofrimento e insegurança; as novas doenças geram medo e inquietação; as catástrofes naturais fazem-nos sentir impotentes e  indefesos; Por vezes, criticamos a sua indiferença face aos dramas do mundo; outras vezes, sentimos a tentação de Lhe mostrar como é que Ele devia atuar para que o mundo fosse melhor… A leitura do Livro de Jó convida-nos a não exigirmos a Deus que atue segundo as nossas lógicas humanas.
**¨ Na verdade, o Deus que criou tudo o que existe, que conhece os segredos de cada uma das suas criaturas, que mil vezes manifestou na história o seu amor e a sua bondade, não pode ignorar os problemas do homem. O nosso Deus está presente na história humana e sabe para onde caminhamos. Ele tem um projeto coerente para o mundo … Deus sabe para onde caminhamos e conduz-nos ao encontro da realização plena, da vida definitiva.
**¨ O verdadeiro crente é aquele que reconhece a pequenez e finitude da humanidade,  e mesmo sem entender totalmente os projetos de Deus, entrega-se a Ele como a razão última da sua vida e da sua esperança.

EVANGELHO – Mc 4,35-41
Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele. Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”

AMBIENTE - A “outra margem” (do lago de Tiberíades) é o território pagão da Decápole. As “dez cidades” eram helenísticas e não estavam sujeitas às leis judaicas. Era território pagão, considerado à margem dos caminhos da salvação.
O “mar”, para a mentalidade judaica,  significava uma realidade assustadora, indomável, orgulhosa, desordenada, onde residiam os poderes caóticos que o homem não conseguia controlar e onde estavam os poderes maléficos que queriam destruir os homens… Só Deus, com o seu poder e majestade, podia pôr limites ao mar, dar-lhe ordens e libertar os homens dessas forças descontroladas do caos que o mar encerrava.
A narração que Marcos nos apresenta deve ser vista como uma catequese. Usando elementos com uma forte carga simbólica (o mar, o barco, a tempestade, a noite, o sono de Jesus), Marcos apresenta-nos uma reflexão sobre a comunidade dos discípulos em marcha pela história. Marcos escreve numa época em que a Igreja de Jesus enfrenta sérias “tempestades” (perseguição de Nero, problemas internos entre judeu-cristãos e pagão-cristãos …); e pretende dar sugestões aos crentes acerca do caminho a percorrer.

MENSAGEM
Situar o barco com Jesus e os discípulos “no mar”, é colocá-los num ambiente hostil, adverso, perigoso, caótico, rodeados pelas forças que lutam contra Deus e contra a felicidade do homem. Por outro lado, a “noite” é o tempo das trevas, da falta de luz; aparece como elemento ligado com o medo, com o desânimo, com a falta de perspectivas. O “barco” é, na catequese cristã, o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história. Jesus está no “barco”, mas são os discípulos que se encarregam da navegação. O “barco” dirige-se “para a outra margem” ao encontro dos pagãos. À missão é ir ao encontro de todos os homens para lhes levar Jesus e a sua proposta libertadora.
Durante a travessia, Jesus “dorme” (vers. 38). O “sono” de Jesus durante a viagem refere-se, possivelmente, à sua aparente ausência ao longo da “viagem” que a comunidade cristã faz pela história. os discípulos têm a sensação de que estão sós, abandonados à sua sorte e que Jesus não está com eles. Na verdade, Jesus está com eles no “barco”; Ele prometeu ficar com eles “até ao fim do mundo”.
A “tempestade” significa as dificuldades que o mundo opõe à missão dos discípulos.
Jesus, despertado, acalma o mar e do vento. Já dissemos que, na teologia judaica, só Deus era capaz de dominar o mar e as forças hostis. Jesus aparece assim, como o Deus que acompanha a difícil caminhada dos discípulos pelo mundo e que cuida deles no meio das dificuldades e da hostilidade do mundo.
Jesus repreende-os pela sua falta de fé: “porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?”). Eles não podem esquecer que, em todas as circunstâncias, Jesus vai com eles no mesmo “barco” e que, por isso, nada têm a temer. O nosso texto termina com o “temor” dos discípulos e a pergunta que eles fazem uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”. O “temor” define o estado de espírito do homem diante da divindade. No universo bíblico, este “temor” não apresenta caráter de pânico ou de medo servil, mas encerra um misterioso poder de atração que se traduz em obediência, entrega, confiança, entusiasmo. A resposta à questão já está, portanto, dada: o “temor” dos discípulos significa que eles reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio dos homens, e a quem os homens são convidados a aderir, a confiar, a obedecer com total entrega.
A catequese que Marcos garante-nos que Cristo está sempre com os discípulos, mesmo quando parece ausente. Os discípulos nada têm a temer, porque Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer as forças que se opõem à vida e à salvação dos homens.

ATUALIZAÇÃO
**¨ A comunidade que nasce de Jesus é uma comunidade missionária, cuja tarefa é ir ao encontro dos homens prisioneiros do egoísmo e do pecado para lhes apresentar a Boa Nova da libertação. Os discípulos de Jesus tem de ser uma comunidade empenhada na transformação do mundo, que se preocupa em levar aos homens, com palavras e com gestos, a proposta libertadora do Reino.
**¨ O caminho percorrido pela comunidade é, muitas vezes, um caminho marcado por duras tempestades. Quando a comunidade procura ser fiel e levar a libertação aos homens, confronta-se com as forças da injustiça, da opressão e do pecado.  Essas forças disfarçam-se com as roupagens da “moda”, do “politicamente correto” ou do “socialmente aceitável”…   Por isso, a comunidade de Jesus conhece a oposição, a incompreensão, a perseguição, as calúnias e até a morte…
**¨ Muitas vezes parece que Jesus nos abandonou. O Evangelho deste domingo garante-nos que Jesus nunca abandona o barco dos discípulos. Nos momentos de crise, de medo, os discípulos têm de ser capazes de descobrir a presença  de Jesus no mesmo barco.
**¨ A intervenção de Jesus provoca o “temor”. os discípulos reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio dos homens e a quem os homens são convidados a aderir, a confiar, a obedecer com total entrega.

LEITURA II – 2 Cor 5,14-17 - Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, o amor de Cristo nos pressiona, pois julgamos que um só morreu por todos e que, logo, todos morreram. De fato, Cristo morreu por todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim, doravante, não conhecemos ninguém conforme a natureza humana. E, se uma vez conhecemos Cristo segundo a carne, agora já não o conhecemos assim. Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo.

AMBIENTE - A Primeira Carta aos Coríntios (que criticava atitudes) provocou uma reação organizada no sentido de desacreditar Paulo. Essa campanha foi instigada por missionários itinerantes da Palestina, que se diziam representantes dos Doze e que minimizavam o trabalho de Paulo. Paulo, informado, dirigiu-se para Corinto e teve um confronto.
Depois, retirou-se para Éfeso. Tito, amigo de Paulo, fino negociador, partiu para Corinto, a fim de tentar a reconciliação. Paulo, entretanto, partiu para Troade. Foi aí que reencontrou Tito, regressado de Corinto. As notícias trazidas por Tito eram animadoras coríntios estavam, outra vez, em comunhão com Paulo.
Reconfortado, Paulo escreveu uma tranquila apologia do seu apostolado. Essa é a Segunda Carta de Paulo aos Coríntios. Estamos nos anos 56/57. O texto que nos é proposto integra a primeira parte da Carta, onde Paulo analisa as suas relações com a comunidade de Corinto e explica os princípios que sempre nortearam a sua ação pastoral (cf. 2 Cor 1,3-7,16).

MENSAGEM
O que é que realmente “move” Paulo? Qual a razão do seu ministério? Porque é que Paulo  insiste em anunciar Jesus? - Paulo fez a experiência do amor de Cristo e deixou-se absorver por esse amor. A sua ação apostólica tem como objetivo levar o amor de Cristo ao conhecimento de todos os homens. Cristo morreu por todos, a fim de que os homens, aprendendo a lição do amor, deixassem a vida velha, de egoísmo e de pecado. Contemplando o Cristo que oferece a sua vida ao Pai e aos irmãos, os homens viverão como Cristo, com o coração aberto a Deus e aos outros homens. Paulo admite que depois de se ter encontrado com Cristo ressuscitado na estrada de Damasco, Paulo passou a ver as coisas de forma diferente (vers. 16). Paulo quer anunciar que a adesão a Cristo faz desaparecer o homem velho do egoísmo e do pecado e faz surgir uma nova criatura (vers. 17). Identificado com Cristo, ele corre ao encontro do Homem Novo, da vida plena e verdadeira. Paulo experimentou o amor de Cristo e tornou-se uma nova criatura. Agora, ele sente que Deus o manda testemunhar essa experiência diante de todos os homens.

ATUALIZAÇÃO
**¨ A vinda de Jesus ao mundo, a sua luta contra o egoísmo e o pecado, o seu amor incondicional, a sua morte na cruz, pretendeu libertar os homens dos velhos esquemas de escravidão que impediam os homens de ter acesso à vida plena e verdadeira. Jesus assegura-nos que Deus Se preocupa conosco e que está sempre atento à nossa felicidade. O nosso Deus é um Deus interveniente, que nos ama e que, a cada instante, está presente ao nosso lado, a indicar-nos os caminhos da vida.
**¨ O objetivo de Deus é fazer aparecer o Homem Novo e a Nova Humanidade. Aos homens, é pedido que aceitem a proposta de Deus, que aceitem renunciar o egoísmo e que aceitem nascer para o amor que nos torna livres.
**¨ Paulo, depois de ter encontrado Jesus, tornou-se testemunha, diante dos homens, do projeto salvador e libertador de Deus para os homens.  Quem encontra Jesus, tem de tornar-se arauto das propostas de Deus e de anunciar aos seus irmãos, com gestos concretos, essa oferta de vida nova e verdadeira que Deus nos faz.

Pe. Joaquim - Pe. Manuel - Pe. Ornelas


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A Tempestade

Olhando o mundo em que vivemos, muitas vezes temos a sensação de estar num mar agitado e perturbado.
Onde está Deus nesses momentos de tempestade?

As Leituras bíblicas de hoje nos dizem que o homem não está sozinho, abandonado à própria sorte;
Deus está sempre presente e atento na "barca" de nossa vida,mesmo quando parece estar "dormindo".
Basta acreditar nessa presença constante e atuante.

Na 1a Leitura, temos a experiência de Jó. (Jó 38, 1.8-11)

- Jó foi um homem bom e justo, que de repente foi atingido pela desgraça, que lhe rouba a riqueza, a família e a própria saúde.
  Jó questiona o sofrimento do justo inocente e o papel de Deus nele.
- O texto é uma Resposta de Deus ao desespero de Jó:
Deus fala com Jó no meio da tempestade, revelando a eficácia de sua palavra criadora que organiza e conduz o universo com sabedoria, fixando os limites do mar, controlando as forças dominadoras do mal e do caos.

Essa leitura nos prepara para entender o evangelho de hoje, em que Jesus "domina até as ondas do mar e elas lhe obedecem..."

O Salmista convida a agradecer ao Senhor, que ouviu o clamor  e transformou a tempestade em brisa suave. (Sl 107)

Na 2ª Leitura Paulo afirma que o nosso Deus não é um Deus indiferente, que deixa os homens abandonados à sua sorte. Seu amor sustenta a vida e a missão dos cristãos... (2 Cor 5,14-17)

No Evangelho, temos a experiência dos Apóstolos:
Jesus está na barca dos discípulos e acalma a TEMPESTADE. (Mc 4, 35-41)

- É noite… Jesus está cansado… dorme… Surge a tempestade…
- Os Apóstolos apavorados… o acordam…
- Jesus está presente no barco dos discípulos, acalma a tempestade  e os questiona: "Por que estais com medo, homens de pouca fé?"
- E eles: "Quem é esse homem a quem até o vento e o mar obedecem?"

* Detalhes a aprofundar:
- "Mar" e "noite" significam uma realidade de medo, sem perspectivas...
- O "barco" é o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história...
- Jesus está no "barco", mas é conduzido pelos discípulos...
- Para a "outra margem", ao encontro dos pagãos...
- Jesus "dorme": é a sua aparente ausência ao longo da "viagem".
- A "tempestade" significa as dificuldades que o mundo opõe à missão...
- Jesus aparece como o Deus que é capaz de dominar o mar e as forças hostis.
- "Quem é esse homem?"
    Os discípulos reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio dos homens,  e a quem são convidados a aderir, confiar e obedecer com total entrega.

+ O texto não é uma crônica de viagem de Jesus com os discípulos no lago.
É uma Catequese sobre a caminhada dos discípulos em missão no mundo, escrita numa época em que a Igreja enfrentava sérias "tempestades"...
Para enfrentá-las, os discípulos não devem temer, porque não estão sozinhos...
A Palavra de Jesus acalma a tempestade, fortalece a fé dos discípulos e assegura a vitória sobre  todas as forças hostis.

+ Nós também às vezes no mar agitado da vida   nos sentimos sós e incapazes de reagir.
  
- Na Barca de nossa vida: desanimados… preocupados…
  "Deus se esqueceu de mim!"  Esquecemos que Cristo está conosco…
- Na Barca de nossa família: com ondas agitadas de problemas familiares:
  O Cristo está presente nela? Ele tem um lugar nela?
- Na Barca da Igreja: preocupados com as seitas... os escândalos...
  Cristo nos garante: "Estarei convosco até o fim dos tempos…"
  "As portas do inferno não terão vez contra ela"
- No Barco dos migrantes e refugiados, que partem esperançosos e   percebem que "o Mundo não é a Pátria de todos".  E são recebidos com indiferença, ou até com violência,   porque NÃO EXISTE JUSTIÇA PARA TODOS.

Nessas horas, nossa fé fica transtornada e murmuramos como Jó….
Ou trememos como os discípulos no lago...
"Onde está Deus?" Parece que está dormindo... Deve ser acordado...

O silêncio de Deus nos desconcerta e nos incute medo... Deus deixa as coisas aconteceram e no momento oportuno manifesta o seu poder.

+ Jesus censura a falta de fé dos apóstolos:
   "Por que duvidastes, homens de pouca fé?"
    Eles só se lembram dele quando se encontram numa situação desesperadora. 
* Quantos cristãos que só pensam em Deus, na hora de "tempestade"...

+ No final da narrativa, os discípulos se perguntam:
"Quem é este homem, a quem até o vento e mar obedecem?"

Na Bíblia, aparece que só Deus tem o poder de dominar as ondas do mar.
Essa narrativa de Marcos, que no evangelho deseja mostrar "quem é Jesus", revela que em Jesus reside a mesma força de Deus. É uma Resposta à pergunta: "Quem é Jesus" e uma Profissão de fé de Marcos na divindade de Cristo.
Ele se manifesta com poder divino. Podemos confiar Nele!...
-  Renovemos também nossa fé em Jesus e dele receberemos novo vigor
   para enfrentar as tempestades da vida.

                                      Pe. Antônio Geraldo

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Homilia de D. Henrique Soares

 Hoje, o Evangelho nos apresenta Jesus na barca, dormindo, cansado, ao anoitecer. Tão doce, essa imagem... Essa barca é a Igreja e pode ser considerada também como figura da nossa própria vida. Como quer que seja, o cenário é desolador e apavorante: é noite, no meio do Mar da Galiléia, e, de repente, levanta-se uma tempestade de vento muito forte, com as ondas lançando-se barco a dentro. 
            Pensemos, caríssimos, que muitas vezes é assim que percebemos, seja a realidade da Igreja, seja a realidade de nossa própria existência. Tanta vez é noite e nada podemos enxergar com clareza; tanta vez as ondas parecem agitar tudo, e as torrentes ameaçam nossa pobre barquinha, de modo que nos sentimos pequenos e impotentes, como os navegadores descritos pelo Salmo de hoje: “Ele ordenou, e levantou-se o furacão, arremessando grandes ondas para o alto; aos céus subiam e desciam aos abismos, seus corações desfaleciam de pavor”. Ai! Que tantas vezes encontramo-nos nessa situação, tantas vezes vemos a Igreja encontrar-se assim! E o Senhor, como no Evangelho de hoje, parece dormir, parece alheio à nossa aflição, distante da nossa angústia, incapaz de nos salvar... quantas vezes temos de dizer: “Senhor, por que dormes? Por que não respondes? Por que parece que não vês a dor e o sofrimento?” 
            Não é ruim que gritemos ao Senhor, caríssimos, pois gritar-lhe, pedir-lhe e até queixar-se a ele é sinal de fé. Só quem crê e considera realmente Deus como Alguém e não como uma idéia abstrata, é que reza realmente! Então, gritemos, então, rezemos, então supliquemos! Só não o façamos com a atitude de descrença dos apóstolos. O mal deles não foi acordar o Senhor, não foi suplicar por socorro. Não! Seu mal foi duvidar do seu amor! Vede, caros meus, como eles dizem: “Não te importas que estejamos perecendo?” Duvidam da solicitude do Senhor, duvidam de seu cuidado por eles, duvidam do seu amor pela humanidade e por cada um de nós: “Não te importas?” Aconteça o que acontecer conosco, meus caros, não temos o direito de duvidar do amor de Cristo, da sua presença, do seu cuidado para conosco. Olhemos a cruz! Conhecemos o amor de Deus para conosco, sabemos o quando Cristo nos quer bem, o quanto é nosso amigo, pois que não há maior prova de amor que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13), e ele deu a sua vida por nós... São Paulo nos recorda, na segunda leitura de hoje, que “um só morreu por todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. E então, meus caros? Aquele que vai na nossa barca, na barca da Igreja e na barca da nossa vida, é o mesmo que se deu todo a nós e todo por nós; aquele que por nós morreu e ressuscitou! Gritar por ele, sim; clamar por ele, sim; suspirar pelo socorro dele, sim também; mas duvidar e reclamar com soberba descrença, não! 
            Será que não cremos de verdade que ele é o Senhor, que ele está vivo? Será que não sabemos com todo o nosso coração que ele é o Deus que domina o orgulho das ondas do mar? Vede como ele impera, como ordena: “Silêncio, mar! Cala-te!” E, que diz o Evangelho? “O vento cessou e houve uma grande calmaria”. E, então, Jesus perguntou aos Doze, e nos pergunta a nós: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” – Então, Senhor, por que tenho medo, se nada é impossível para ti? Por que me entristeço tanto, se nada é impossível para ti? Por que me sinto sozinho, abandonado na vida, inseguro, preso pelo destino, se podes tudo, se venceste a morte; se sei que nada é impossível para ti? 
            Para a mentalidade bíblica, era muito claro que somente Deus pode domar o mar. E ainda hoje, o homem da tecnologia, tão prepotente e metido a auto-suficiente, treme de medo diante da potência do oceano. Por isso, a pergunta assustada dos Doze: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” Pois bem, este é o próprio Deus! Isso mesmo: Jesus é Deus, Jesus acalma o mar! Hoje, caríssimos, temos a ilusão que podemos controlar nossa vida e nosso destino. É mentira, é ilusão, é soberba idolatria! A barquinha de nossa vida, que atravessa o mar borrascoso deste mundo, está nas mãos do Senhor. Então, entreguemo-nos a ele, confiemo-nos em suas mãos! E, se ele parece dormir, não temamos, porque estará sempre conosco e, se olharmos bem a sua cruz, saberemos com toda certeza que, venha o que vier, ele nos ama, ele faz conta de nós, ele não nos esquece! Aliás, esta é a grande diferença entre quem crê e quem não crê: para aquele que de verdade acredita no Senhor e nele coloca sua confiança, venha o que vier, ele espera e confia, ele sabe que está nas mãos de Alguém que nos ama. Afinal, o que sabemos da vida? Que sabemos do modo como Deus dirige o mundo e nossa existência? Será que não percebemos que o Senhor está presente no silêncio tanto quanto está presente quando nos fala? Será que não vemos que ele está ao nosso lado no sorriso como também no pranto? Será que esquecemos que mesmo a treva para ele não é escura? – Ele é a luz e, com ele, a própria noite resplandece como o dia! Pensemos ainda nas palavras do Salmista: “Gritaram ao Senhor na aflição, e ele os libertou daquela angústia. Transformou a tempestade em bonança, e as ondas do oceano se calaram. Alegraram-se ao ver o mar tranqüilo, e ao porto desejado os conduziu. Agradeçam ao Senhor por seu amor e por suas maravilhas entre os homens!” – Senhor Jesus, perdoa porque ainda somos medrosos, ainda temos tantos temores! Quantas vezes juramos confiaça em ti; quantas vezes dizemos que te amamos... Mas, na tempestade e na treva do mar bravio e profundo, tememos e duvidamos e, ainda, raivosos, temos queixas de ti e a ti acusamos... Perdoa nossa insensatez, perdoa nossa descrença, perdoa nossa cegueira! Conduze tu mesmo, como bem quiseres, a barquinha da Igreja, o barco pequenino da nossa vida! Dá-nos a confiança de que tu és o fiel condutor e o porto bendito, no qual um dia ancoraremos para sempre a pobre barca da nossa existência. Amém.

D. Henrique Soares.

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Para a Celebração da Palavra (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):

LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
à SENHOR, NOSSO DEUS E PAI, SOIS ETERNO  E GRANDIOSO EM VOSSAS OBRAS. SOIS PODEROSO E REPLETO DE AMOR. SOIS O NOSSO DEUS E SOMOS O VOSSO POVO.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
à SENHOR, NOSSO DEUS E PAI, SEJA LOUVADO  E SANTIFICADO O VOSSO NOME, POIS SOIS  O SENHOR DO UNIVERSO. MUITO NOS AMAIS NOS ENVIANDO VOSSO FILHO PARA NOS LIBERTAR E NOS GUIAR EM VOSSOS CAMINHOS.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
à SENHOR, NOSSO DEUS E PAI, SANTO É O VOSSO NOME. QUE O VOSSO REINO VENHA A NÓS E QUE A VOSSA VONTADE SEJA FEITA.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
à SENHOR, NOSSO DEUS E PAI, NOS MOMENTOS DE DIFICULDADE, AUMENTAI A NOSSA FÉ E A NOSSA ESPERANÇA. SOIS A NOSSA FORÇA E A NOSSA LUZ.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
à SENHOR, NOSSO DEUS E PAI, ENVIAI-NOS O ESPÍRITO SANTO PARA SEJAMOS FORTALECIDOS NA VOSSA GRAÇA E POSSAMOS TESTEMUNHAR O VOSSO AMOR AO MUNDO NA JUSTIÇA, NO PERDÃO E NA PAZ. T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA CONOSCO.
/ PAI NOSSO/ A PAZ / Eis o CORDEIRO...


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