12º Domingo do Tempo Comum (Adaptado e postado pelo Diácono
Ismael)
SINOPSE:
TEMA: Deus preocupa-se com os homens, caminha ao seu
lado, oferecendo-lhe a vida e a salvação.
A primeira leitura: Deus onipotente, que domina a natureza,
tem um plano para o mundo. O homem nem sempre entende a lógica de Deus;
resta-lhe entregar-se nas mãos de Deus com humildade e com confiança.
No Evangelho: nunca estamos sozinhos a enfrentar as
tempestades da vida… Os discípulos nada têm a temer, porque Cristo vai com
eles, ajudando-os a vencer as forças que se opõe à vida e à salvação.
A segunda leitura: Deus não é indiferente e deixa os homens
abandonados à sua sorte. A vinda de Jesus ao mundo para nos libertar do egoísmo
que escraviza e para nos propor a liberdade do amor mostra que o nosso Deus nos
ama e que quer ensinar-nos o caminho.
LEITURA I – Jó 38,1.8-11
Leitura do Livro de Jó. O Senhor respondeu a Jó, do meio
da tempestade, e disse: “Quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com
ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas
por faixas; quando marquei seus limites, coloquei portas e trancas e disse:
‘Até aqui chegarás, e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas?’”
AMBIENTE - A história serve de pretexto para refletir
sobre certos temas, como a questão do sofrimento do justo.
Jó interroga-se acerca da origem do sofrimento que o atingiu e do
papel de Deus no seu drama pessoal. Alguns dos amigos de Jó respondem: o
sofrimento é o resultado do pecado; Jó recusa conclusões tão simplistas e
demonstra a falência da doutrina oficial para explicar o seu drama pessoal.
Deus não pode ser só contabilista; e o caso de Jó prova-o. Rejeitada a
explicação tradicional, Jó dirige-se diretamente ao próprio Deus. Quando Deus
enfrenta Jó, recorda-lhe o seu lugar de criatura, limitada e finita; mostra-lhe
como só Ele conhece as leis que regem o universo e a vida, mostra-lhe a sua
preocupação e o seu amor com cada ser criado; convida-o a ocupar o seu lugar de
criatura e a não pôr em causa os desígnios de Deus para o mundo, já que esses desígnios ultrapassam a capacidade de
compreensão de qualquer criatura. Deus tem uma lógica, um projeto que ultrapassa aquilo que cada
homem poderá entender. A história termina com Jó a perceber o seu lugar, a
reconhecer a transcendência de Deus e a incompreensibilidade dos seus projetos,
a entregar-se nas mãos de Deus com humildade e confiança.
Nesse discurso, Deus coloca a Jó questões sobre a terra, o mar, os
grandes mistérios da natureza e da vida; a finalidade não é obter respostas de
Jó, mas levá-lo a perceber os seus limites, a sua incapacidade para entender o
mistério insondável de Deus.
MENSAGEM
O nosso texto começa por apresentar Jahwéh a responder a Jó “do
meio da tempestade”. É o quadro
habitual das teofanias (cf. Ex 19,16); serve para a manifestação aos homens do
Deus todo-poderoso, o soberano de toda a terra.
Jahwéh refere-se ao seu papel no sentido de controlar o mar. Foi
Ele quem “encerrou o mar entre dois batentes” (vers. 8) e que lhe “fixou os
limites” (vers. 10).
As antigas lendas mesopotâmicas sobre a criação apresentavam as
“águas salgadas”
(representadas pela deusa Tiamat) como um monstro criador do caos
e da desordem na sua luta para organizar o cosmos, Marduk, o deus mesopotâmico
da ordem lutou contra o mar, venceu-o e pôs-lhe limites. O Povo bíblico viu no
mar uma realidade assustadora, onde residiam os poderes caóticos que o homem
não conseguia controlar… No entanto, os catequistas de Israel sempre
asseguraram que a Palavra criadora de Jahwéh impôs às águas tumultuosas do mar,
de uma vez para sempre, os seus limites (“Deus disse: ‘reúnam-se as águas que
estão debaixo dos céus num único lugar, a fim de aparecer a terra seca’. E
assim aconteceu” – Gn 1,9). Jahwéh não precisou de lutar furiosamente contra o
mar, como Marduk, o deus dos mitos mesopotâmicos; mas limitou-Se a organizar o
mundo impondo às águas, com o seu poder, um limite que elas não poderão
nunca atravessar sem ordem divina. O mar, controlado e encerrado dentro dos
seus limites naturais, é um testemunho do poder supremo de Deus; mostra o
domínio perfeito de Deus sobre toda a criação. Ao recordar a Jó a sua ação
criadora sobre o mar, Jahwéh apresenta-Se, antes de mais, intocável na sua
transcendência e majestade; e mostra que tem um plano estável, amadurecido,
irrevogável… Quem é Jó para pôr em causa os desígnios desse Deus criador
que, com a sua Palavra, controlou o mar? Jó
é convidado a aceitar que um Deus tem uma solução para os problemas e
dramas do homem… O homem, na sua situação de criatura finita e limitada, é que
nem sempre consegue ver e perceber o alcance dos projetos de Deus.
Em conclusão: só Deus tem todas as respostas; ao homem resta
reconhecer os seus limites de criatura e entregar-se nas mãos desse Deus
onipotente e majestoso, que tem um projeto para o mundo. Ao homem finito resta
confiar em Deus e ver n’Ele a sua esperança e a sua salvação.
ATUALIZAÇÃO O terrorismo e a violência trazem-nos
sofrimento e insegurança; as novas doenças geram medo e inquietação; as
catástrofes naturais fazem-nos sentir impotentes e indefesos; Por vezes, criticamos a sua
indiferença face aos dramas do mundo; outras vezes, sentimos a tentação de Lhe
mostrar como é que Ele devia atuar para que o mundo fosse melhor… A leitura do
Livro de Jó convida-nos a não exigirmos a Deus que atue segundo as nossas
lógicas humanas.
**¨ Na verdade, o Deus que
criou tudo o que existe, que conhece os segredos de cada uma das suas
criaturas, que mil vezes manifestou na história o seu amor e a sua bondade, não
pode ignorar os problemas do homem. O nosso Deus está presente na história
humana e sabe para onde caminhamos. Ele tem um projeto coerente para o mundo …
Deus sabe para onde caminhamos e conduz-nos ao encontro da realização plena, da
vida definitiva.
**¨ O verdadeiro crente é
aquele que reconhece a pequenez e finitude da humanidade, e mesmo sem entender totalmente os projetos
de Deus, entrega-se a Ele como a razão última da sua vida e da sua esperança.
EVANGELHO – Mc 4,35-41
Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus
discípulos: “Vamos para a outra margem!” Eles despediram a multidão e levaram
Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele.
Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da
barca, de modo que a barca já começava a se encher. Jesus estava na parte de
trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram:
“Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” Ele se levantou e ordenou ao
vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande
calmaria. Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos?
Ainda não tendes fé?” Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros:
“Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”
AMBIENTE - A “outra margem” (do lago de Tiberíades) é o
território pagão da Decápole. As “dez cidades” eram helenísticas e não estavam
sujeitas às leis judaicas. Era território pagão, considerado à margem dos
caminhos da salvação.
O “mar”, para a mentalidade judaica, significava uma realidade assustadora,
indomável, orgulhosa, desordenada, onde residiam os poderes caóticos que o
homem não conseguia controlar e onde estavam os poderes maléficos que queriam
destruir os homens… Só Deus, com o seu poder e majestade, podia pôr limites ao
mar, dar-lhe ordens e libertar os homens dessas forças descontroladas do caos
que o mar encerrava.
A narração que Marcos nos apresenta deve ser vista como uma
catequese. Usando elementos com uma forte carga simbólica (o mar, o barco, a
tempestade, a noite, o sono de Jesus), Marcos apresenta-nos uma reflexão sobre
a comunidade dos discípulos em marcha pela história. Marcos escreve numa
época em que a Igreja de Jesus enfrenta sérias “tempestades” (perseguição de
Nero, problemas internos entre judeu-cristãos e pagão-cristãos …); e pretende
dar sugestões aos crentes acerca do caminho a percorrer.
MENSAGEM
Situar o barco com Jesus e os discípulos “no mar”, é
colocá-los num ambiente hostil, adverso, perigoso, caótico, rodeados pelas
forças que lutam contra Deus e contra a felicidade do homem. Por outro lado, a “noite”
é o tempo das trevas, da falta de luz; aparece como elemento ligado com o medo,
com o desânimo, com a falta de perspectivas. O “barco” é, na catequese
cristã, o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história. Jesus está
no “barco”, mas são os discípulos que se encarregam da navegação. O “barco”
dirige-se “para a outra margem” ao encontro dos pagãos. À missão é ir ao
encontro de todos os homens para lhes levar Jesus e a sua proposta libertadora.
Durante a travessia, Jesus “dorme” (vers. 38). O “sono” de
Jesus durante a viagem refere-se, possivelmente, à sua aparente ausência
ao longo da “viagem” que a comunidade cristã faz pela história. os discípulos
têm a sensação de que estão sós, abandonados à sua sorte e que Jesus não está
com eles. Na verdade, Jesus está com eles no “barco”; Ele prometeu ficar com
eles “até ao fim do mundo”.
A “tempestade” significa as dificuldades que o mundo opõe à
missão dos discípulos.
Jesus, despertado, acalma o mar e do vento. Já dissemos que, na
teologia judaica, só Deus era capaz de dominar o mar e as forças hostis. Jesus
aparece assim, como o Deus que acompanha a difícil caminhada dos discípulos
pelo mundo e que cuida deles no meio das dificuldades e da hostilidade do
mundo.
Jesus repreende-os pela sua falta de fé: “porque estais tão
assustados? Ainda não tendes fé?”). Eles não podem esquecer que, em todas as
circunstâncias, Jesus vai com eles no mesmo “barco” e que, por isso, nada têm a
temer. O nosso texto termina com o “temor” dos discípulos e a pergunta que eles
fazem uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”. O
“temor” define o estado de espírito do homem diante da divindade. No
universo bíblico, este “temor” não apresenta caráter de pânico ou de medo
servil, mas encerra um misterioso poder de atração que se traduz em
obediência, entrega, confiança, entusiasmo. A resposta à questão já está,
portanto, dada: o “temor” dos discípulos significa que eles reconhecem que
Jesus é o Deus presente no meio dos homens, e a quem os homens são convidados a
aderir, a confiar, a obedecer com total entrega.
A catequese que Marcos garante-nos que Cristo está sempre com os
discípulos, mesmo quando parece ausente. Os discípulos nada têm a temer, porque
Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer as forças que se opõem à vida e à
salvação dos homens.
ATUALIZAÇÃO
**¨ A comunidade que nasce de
Jesus é uma comunidade missionária, cuja tarefa é ir ao encontro dos homens
prisioneiros do egoísmo e do pecado para lhes apresentar a Boa Nova da
libertação. Os discípulos de Jesus tem de ser uma comunidade empenhada na
transformação do mundo, que se preocupa em levar aos homens, com palavras e com
gestos, a proposta libertadora do Reino.
**¨ O caminho percorrido pela
comunidade é, muitas vezes, um caminho marcado por duras tempestades. Quando a
comunidade procura ser fiel e levar a libertação aos homens, confronta-se com
as forças da injustiça, da opressão e do pecado. Essas forças disfarçam-se com as roupagens da
“moda”, do “politicamente correto” ou do “socialmente aceitável”… Por isso, a comunidade de Jesus conhece a
oposição, a incompreensão, a perseguição, as calúnias e até a morte…
**¨ Muitas vezes parece que
Jesus nos abandonou. O Evangelho deste domingo garante-nos que Jesus nunca
abandona o barco dos discípulos. Nos momentos de crise, de medo, os discípulos
têm de ser capazes de descobrir a presença
de Jesus no mesmo barco.
**¨ A intervenção de Jesus
provoca o “temor”. os discípulos reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio
dos homens e a quem os homens são convidados a aderir, a confiar, a obedecer
com total entrega.
LEITURA II – 2 Cor 5,14-17 - Leitura da Segunda Carta
de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, o amor de Cristo nos pressiona, pois julgamos que
um só morreu por todos e que, logo, todos morreram. De fato, Cristo morreu por
todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por
eles morreu e ressuscitou. Assim, doravante, não conhecemos ninguém conforme a
natureza humana. E, se uma vez conhecemos Cristo segundo a carne, agora já não
o conhecemos assim. Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O
mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo.
AMBIENTE - A Primeira Carta aos Coríntios (que criticava
atitudes) provocou uma reação organizada no sentido de desacreditar Paulo. Essa
campanha foi instigada por missionários itinerantes da Palestina, que se diziam
representantes dos Doze e que minimizavam o trabalho de Paulo. Paulo,
informado, dirigiu-se para Corinto e teve um confronto.
Depois, retirou-se para Éfeso. Tito, amigo de Paulo, fino
negociador, partiu para Corinto, a fim de tentar a reconciliação. Paulo,
entretanto, partiu para Troade. Foi aí que reencontrou Tito, regressado de
Corinto. As notícias trazidas por Tito eram animadoras coríntios estavam, outra
vez, em comunhão com Paulo.
Reconfortado, Paulo escreveu uma tranquila apologia do seu
apostolado. Essa é a Segunda Carta de Paulo aos Coríntios. Estamos nos anos
56/57. O texto que nos é proposto integra a primeira parte da Carta, onde Paulo
analisa as suas relações com a comunidade de Corinto e explica os princípios
que sempre nortearam a sua ação pastoral (cf. 2 Cor 1,3-7,16).
MENSAGEM
O que é que realmente “move” Paulo? Qual a razão do seu
ministério? Porque é que Paulo insiste em anunciar Jesus ? -
Paulo fez a experiência do amor de Cristo e deixou-se absorver por esse amor. A
sua ação apostólica tem como objetivo levar o amor de Cristo ao conhecimento
de todos os homens. Cristo morreu por todos, a fim de que os homens,
aprendendo a lição do amor, deixassem a vida velha, de egoísmo e de pecado.
Contemplando o Cristo que oferece a sua vida ao Pai e aos irmãos, os homens
viverão como Cristo, com o coração aberto a Deus e aos outros homens. Paulo
admite que depois de se ter encontrado com Cristo ressuscitado na estrada de
Damasco, Paulo passou a ver as coisas de forma diferente (vers. 16). Paulo
quer anunciar que a adesão a Cristo faz desaparecer o homem velho do
egoísmo e do pecado e faz surgir uma nova criatura (vers.
17). Identificado com Cristo, ele corre ao encontro do Homem Novo, da
vida plena e verdadeira. Paulo experimentou o amor de Cristo e tornou-se uma
nova criatura. Agora, ele sente que Deus o manda testemunhar essa experiência
diante de todos os homens.
ATUALIZAÇÃO
**¨ A vinda de Jesus ao mundo,
a sua luta contra o egoísmo e o pecado, o seu amor incondicional, a sua morte
na cruz, pretendeu libertar os homens dos velhos esquemas de escravidão que
impediam os homens de ter acesso à vida plena e verdadeira. Jesus assegura-nos
que Deus Se preocupa conosco e que está sempre atento à nossa felicidade. O
nosso Deus é um Deus interveniente, que nos ama e que, a cada instante, está
presente ao nosso lado, a indicar-nos os caminhos da vida.
**¨ O objetivo de Deus é fazer
aparecer o Homem Novo e a Nova Humanidade. Aos homens, é pedido
que aceitem a proposta de Deus, que aceitem renunciar o egoísmo e que aceitem
nascer para o amor que nos torna livres.
**¨ Paulo, depois de ter
encontrado Jesus, tornou-se testemunha, diante dos homens, do projeto salvador
e libertador de Deus para os homens.
Quem encontra Jesus, tem de tornar-se arauto das propostas de Deus e de
anunciar aos seus irmãos, com gestos concretos, essa oferta de vida nova e
verdadeira que Deus nos faz.
Pe. Joaquim - Pe. Manuel - Pe. Ornelas
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A Tempestade
Olhando o mundo em que vivemos, muitas vezes temos a
sensação de estar num mar agitado e perturbado.
Onde está Deus nesses momentos de tempestade?
As Leituras bíblicas de hoje nos dizem que o homem não está
sozinho, abandonado à própria sorte;
Deus está sempre presente e atento na "barca" de
nossa vida,mesmo quando parece estar "dormindo".
Basta acreditar nessa presença constante e atuante.
Na 1a Leitura, temos
a experiência de Jó. (Jó 38, 1.8-11)
- Jó foi um homem bom e justo, que de repente foi atingido
pela desgraça, que lhe rouba a riqueza, a família e a própria saúde.
Jó questiona o
sofrimento do justo inocente e o papel de Deus nele.
- O texto é uma Resposta de Deus ao desespero de Jó:
Deus fala com Jó no meio da tempestade, revelando a eficácia
de sua palavra criadora que organiza e conduz o universo com sabedoria, fixando
os limites do mar, controlando as forças dominadoras do mal e do caos.
Essa leitura nos prepara para entender o evangelho de hoje, em
que Jesus "domina até as ondas do
mar e elas lhe obedecem..."
O Salmista convida a agradecer
ao Senhor, que ouviu o clamor e
transformou a tempestade em brisa suave. (Sl 107)
Na 2ª Leitura Paulo afirma que o
nosso Deus não é um Deus indiferente, que deixa os homens abandonados à sua
sorte. Seu amor sustenta a vida e a missão dos cristãos... (2 Cor
5,14-17)
No Evangelho, temos a experiência
dos Apóstolos:
Jesus está na barca dos discípulos e acalma a TEMPESTADE. (Mc 4, 35-41)
- É noite… Jesus está cansado… dorme… Surge a tempestade…
- Os Apóstolos apavorados… o acordam…
- Jesus está presente no barco dos discípulos, acalma a
tempestade e os questiona: "Por que estais com medo, homens de pouca
fé?"
- E eles: "Quem é
esse homem a quem até o vento e o mar obedecem?"
* Detalhes a aprofundar:
- "Mar" e "noite" significam uma realidade de medo, sem perspectivas...
- O "barco" é o símbolo da
comunidade de Jesus que navega pela história...
- Jesus está no
"barco", mas é conduzido pelos discípulos...
- Para a "outra margem", ao encontro
dos pagãos...
- Jesus "dorme": é a sua aparente ausência
ao longo da "viagem".
- A "tempestade" significa as
dificuldades que o mundo opõe à missão...
- Jesus aparece como
o Deus que é capaz de dominar o mar e as forças hostis.
- "Quem é esse homem?"
Os discípulos reconhecem que Jesus é o Deus
presente no meio dos homens, e a quem
são convidados a aderir, confiar e obedecer com total entrega.
+ O texto não é uma crônica de viagem de Jesus com os
discípulos no lago.
É uma Catequese sobre a caminhada dos discípulos em
missão no mundo, escrita numa época
em que a Igreja enfrentava sérias "tempestades"...
Para enfrentá-las, os discípulos não devem temer, porque não
estão sozinhos...
A Palavra de Jesus acalma a tempestade, fortalece a fé dos
discípulos e assegura a vitória sobre
todas as forças hostis.
+ Nós
também às vezes no mar agitado da vida nos sentimos sós e incapazes de reagir.
- Na Barca de nossa vida: desanimados… preocupados…
"Deus se esqueceu de mim!" Esquecemos que Cristo está conosco…
- Na Barca de nossa família: com ondas agitadas de
problemas familiares:
O Cristo está
presente nela? Ele tem um lugar nela?
- Na Barca da Igreja: preocupados com as seitas... os
escândalos...
Cristo nos garante:
"Estarei convosco até o fim dos
tempos…"
"As portas do inferno não terão vez
contra ela"
- No Barco dos migrantes e refugiados, que partem
esperançosos e percebem que "o
Mundo não é a Pátria de todos". E
são recebidos com indiferença, ou até com violência, porque NÃO EXISTE JUSTIÇA PARA TODOS.
Nessas horas, nossa fé fica transtornada e murmuramos como
Jó….
Ou trememos como os discípulos no lago...
"Onde está Deus?"
Parece que está dormindo... Deve ser acordado...
O silêncio de Deus nos desconcerta e nos incute medo... Deus
deixa as coisas aconteceram e no momento oportuno manifesta o seu poder.
+ Jesus censura a falta de fé dos apóstolos:
"Por que duvidastes, homens de pouca
fé?"
Eles só se lembram
dele quando se encontram numa situação desesperadora.
* Quantos cristãos que só pensam em Deus, na hora de
"tempestade"...
+ No final da narrativa, os discípulos se perguntam:
"Quem é este homem, a quem até o vento e mar obedecem?"
Na Bíblia, aparece que só Deus tem o poder de dominar as
ondas do mar.
Essa narrativa de Marcos, que no evangelho deseja mostrar
"quem é Jesus", revela que em Jesus reside a mesma força de Deus. É
uma Resposta à pergunta: "Quem
é Jesus" e uma Profissão de fé de Marcos na divindade de
Cristo.
Ele se manifesta com poder divino. Podemos confiar Nele!...
- Renovemos também
nossa fé em Jesus e dele receberemos novo vigor
para enfrentar as
tempestades da vida.
Pe.
Antônio Geraldo
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Homilia de D. Henrique Soares
Hoje, o
Evangelho nos apresenta Jesus na barca, dormindo, cansado, ao anoitecer. Tão
doce, essa imagem... Essa barca é a Igreja e pode ser considerada também como
figura da nossa própria vida. Como quer que seja, o cenário é desolador e
apavorante: é noite, no meio do Mar da Galiléia, e, de repente, levanta-se uma
tempestade de vento muito forte, com as ondas lançando-se barco a dentro.
Pensemos, caríssimos, que muitas vezes é assim que percebemos, seja a realidade
da Igreja, seja a realidade de nossa própria existência. Tanta vez é noite e
nada podemos enxergar com clareza; tanta vez as ondas parecem agitar tudo, e as
torrentes ameaçam nossa pobre barquinha, de modo que nos sentimos pequenos e
impotentes, como os navegadores descritos pelo Salmo de hoje: “Ele
ordenou, e levantou-se o furacão, arremessando grandes ondas para o alto; aos
céus subiam e desciam aos abismos, seus corações desfaleciam de pavor”. Ai! Que tantas vezes encontramo-nos
nessa situação, tantas vezes vemos a Igreja encontrar-se assim! E o Senhor,
como no Evangelho de hoje, parece dormir, parece alheio à nossa aflição,
distante da nossa angústia, incapaz de nos salvar... quantas vezes temos de
dizer: “Senhor, por que dormes? Por que não respondes? Por que parece que não
vês a dor e o sofrimento?”
Não é ruim que gritemos ao Senhor, caríssimos, pois gritar-lhe, pedir-lhe e até
queixar-se a ele é sinal de fé. Só quem crê e considera realmente Deus como
Alguém e não como uma idéia abstrata, é que reza realmente! Então, gritemos,
então, rezemos, então supliquemos! Só não o façamos com a atitude de descrença
dos apóstolos. O mal deles não foi acordar o Senhor, não foi suplicar por
socorro. Não! Seu mal foi duvidar do seu amor! Vede, caros meus, como eles
dizem: “Não te importas que estejamos
perecendo?” Duvidam
da solicitude do Senhor, duvidam de seu cuidado por eles, duvidam do seu amor
pela humanidade e por cada um de nós: “Não te importas?” Aconteça o que acontecer conosco, meus
caros, não temos o direito de duvidar do amor de Cristo, da sua presença, do
seu cuidado para conosco. Olhemos a cruz! Conhecemos o amor de Deus para
conosco, sabemos o quando Cristo nos quer bem, o quanto é nosso amigo, pois que não
há maior prova de amor que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13), e ele deu a sua vida por nós... São
Paulo nos recorda, na segunda leitura de hoje, que “um
só morreu por todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para
aquele que por eles morreu e ressuscitou”. E então, meus caros? Aquele que vai na
nossa barca, na barca da Igreja e na barca da nossa vida, é o mesmo que se deu
todo a nós e todo por nós; aquele que por nós morreu e ressuscitou! Gritar por
ele, sim; clamar por ele, sim; suspirar pelo socorro dele, sim também; mas
duvidar e reclamar com soberba descrença, não!
Será que não cremos de verdade que ele é o Senhor, que ele está vivo? Será que
não sabemos com todo o nosso coração que ele é o Deus que domina o orgulho das
ondas do mar? Vede como ele impera, como ordena: “Silêncio,
mar! Cala-te!” E,
que diz o Evangelho? “O vento cessou e houve uma grande
calmaria”. E, então,
Jesus perguntou aos Doze, e nos pergunta a nós: “Por
que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” – Então, Senhor, por que tenho medo,
se nada é impossível para ti? Por que me entristeço tanto, se nada é impossível
para ti? Por que me sinto sozinho, abandonado na vida, inseguro, preso pelo
destino, se podes tudo, se venceste a morte; se sei que nada é impossível para
ti?
Para a mentalidade bíblica, era muito claro que somente Deus pode domar o mar.
E ainda hoje, o homem da tecnologia, tão prepotente e metido a auto-suficiente,
treme de medo diante da potência do oceano. Por isso, a pergunta assustada dos
Doze: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” Pois bem, este é o próprio
Deus! Isso mesmo: Jesus é Deus, Jesus acalma o mar! Hoje, caríssimos, temos a
ilusão que podemos controlar nossa vida e nosso destino. É mentira, é ilusão, é
soberba idolatria! A barquinha de nossa vida, que atravessa o mar borrascoso
deste mundo, está nas mãos do Senhor. Então, entreguemo-nos a ele, confiemo-nos
em suas mãos! E, se ele parece dormir, não temamos, porque estará sempre
conosco e, se olharmos bem a sua cruz, saberemos com toda certeza que, venha o
que vier, ele nos ama, ele faz conta de nós, ele não nos esquece! Aliás, esta é
a grande diferença entre quem crê e quem não crê: para aquele que de verdade
acredita no Senhor e nele coloca sua confiança, venha o que vier, ele espera e
confia, ele sabe que está nas mãos de Alguém que nos ama. Afinal, o que sabemos
da vida? Que sabemos do modo como Deus dirige o mundo e nossa existência? Será
que não percebemos que o Senhor está presente no silêncio tanto quanto está
presente quando nos fala? Será que não vemos que ele está ao nosso lado no
sorriso como também no pranto? Será que esquecemos que mesmo a treva para ele
não é escura? – Ele é a luz e, com ele, a própria noite resplandece como o dia!
Pensemos ainda nas palavras do Salmista: “Gritaram ao Senhor na aflição, e
ele os libertou daquela angústia. Transformou a tempestade em bonança, e as
ondas do oceano se calaram. Alegraram-se ao ver o mar tranqüilo, e ao porto
desejado os conduziu. Agradeçam ao Senhor por seu amor e por suas maravilhas
entre os homens!” –
Senhor Jesus, perdoa porque ainda somos medrosos, ainda temos tantos temores!
Quantas vezes juramos confiaça em ti; quantas vezes dizemos que te amamos...
Mas, na tempestade e na treva do mar bravio e profundo, tememos e duvidamos e,
ainda, raivosos, temos queixas de ti e a ti acusamos... Perdoa nossa
insensatez, perdoa nossa descrença, perdoa nossa cegueira! Conduze tu mesmo,
como bem quiseres, a barquinha da Igreja, o barco pequenino da nossa vida!
Dá-nos a confiança de que tu és o fiel condutor e o porto bendito, no qual um
dia ancoraremos para sempre a pobre barca da nossa existência. Amém.
D. Henrique Soares.
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Para a Celebração da Palavra (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO
ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- COM
JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA
CONOSCO.
à SENHOR,
NOSSO DEUS E PAI, SOIS ETERNO E
GRANDIOSO EM VOSSAS OBRAS. SOIS
PODEROSO E REPLETO DE AMOR. SOIS O NOSSO DEUS E SOMOS O VOSSO POVO.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA
CONOSCO.
à SENHOR,
NOSSO DEUS E PAI, SEJA LOUVADO E
SANTIFICADO O VOSSO NOME, POIS SOIS O
SENHOR DO UNIVERSO. MUITO NOS AMAIS NOS ENVIANDO VOSSO FILHO PARA NOS LIBERTAR
E NOS GUIAR EM VOSSOS
CAMINHOS.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA
CONOSCO.
à SENHOR,
NOSSO DEUS E PAI, SANTO É O VOSSO NOME. QUE O VOSSO REINO VENHA A NÓS E QUE A
VOSSA VONTADE SEJA FEITA.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA
CONOSCO.
à SENHOR,
NOSSO DEUS E PAI, NOS MOMENTOS DE DIFICULDADE, AUMENTAI A NOSSA FÉ E A NOSSA
ESPERANÇA. SOIS A NOSSA FORÇA E A NOSSA LUZ.
T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA
CONOSCO.
à SENHOR,
NOSSO DEUS E PAI, ENVIAI-NOS O ESPÍRITO SANTO PARA SEJAMOS FORTALECIDOS NA
VOSSA GRAÇA E POSSAMOS TESTEMUNHAR O VOSSO AMOR AO MUNDO NA JUSTIÇA, NO PERDÃO
E NA PAZ. T: SENHOR, SOIS O DEUS QUE CAMINHA
CONOSCO.
/ PAI NOSSO/ A PAZ / Eis o CORDEIRO...
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