26º Domingo T. Comum. – 2015
ano B
SINOPSE:
TEMA: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta!” Reconhecer a ação
do Espírito através de pessoas que não pertencem à Igreja, mas que são sinais
vivos do amor de Deus.
Primeira
leitura: O crente, como
Moisés, reconhece a presença de Deus nos gestos proféticos que vê acontecer à
sua volta.
Evangelho: Jesus convida-nos a viver sem
arrogância da verdade e convida-nos a não excluir os outros.
Segunda leitura: Não colocar a
esperança nos bens materiais, pois eles são perecíveis.
LEITURA I – Nm 11,25-29 Leitura
do Livro dos Números.
Naqueles dias, o Senhor... Retirou
um pouco do espírito que Moisés possuía e o deu aos setenta anciãos... puseram-se a profetizar, mas não continuaram.
Dois homens, porém, tinham ficado no acampamento.. Josué disse: “Moisés, manda que eles se calem!” Moisés respondeu:
“Tens ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que
o Senhor lhe concedesse o seu espírito!”
AMBIENTE
O Livro dos Números É um livro de
catequese. Pretende mostrar que a essência de Israel é ser um Povo reunido à
volta de Jahwéh e da Aliança. Os autores vão descrevendo como, Jahwéh, esse
grupo de nômades libertado do Egito foi ganhando uma consciência nacional e
religiosa, até formar a “assembleia de Deus”. Ao longo do deserto, Israel vai
fazendo uma caminhada espiritual, vai libertando da mentalidade de escravo,
para adquirir liberdade e maturidade. Israel vai amadurecendo, tornando-se um Povo
mais responsável e mais santo. Moisés queixou-se de não aguentar o fardo da
condução deste Povo; então, Jahwéh propôs a Moisés escolher setenta anciãos que
ungidos pelo Espírito de Deus, ajudariam Moisés .
MENSAGEM
Os “anciãos” são o “conselho” da comunidade.
Eles recebem o Espírito de Deus para colaborar no governo do Povo. Moisés
dirigiu sozinho o Povo de Deus; porém, quando a responsabilidade de governo foi
dividida com os setenta anciãos, também o Espírito foi repartido por todos. A
presença do Espírito de Deus nos anciãos manifesta-se na capacidade de profetizar;
criar um clima de fervor e de exaltação religiosa. Dois anciãos da lista não
estavam presentes no momento da recepção do Espírito, começaram também a
profetizar. Josué crê que se trata de um abuso e propõe a Moisés que tome uma
atitude… Moisés não está preocupado com poder, mas com a vida e a felicidade do
seu Povo: “Estás com ciúmes por causa de mim? Quem me dera que todo o Povo
fosse profeta e que o Senhor infundisse o seu Espírito sobre eles”. A resposta
de Moisés será um anúncio profético do dia do Pentecostes, quando o Espírito de
Deus se derramou sobre a totalidade do Povo da Nova Aliança.
ATUALIZAÇÃO
♦ O Espírito não é privilégio da hierarquia;
está em todos aqueles que abrem o coração aos dons de Deus.
♦ O Espírito de
Deus é livre e atua onde quer e como quer. Nenhuma Igreja tem o monopólio do
Espírito. Temos é de reconhecer a presença de Deus nos gestos de amor, de paz,
de justiça, de solidariedade, de partilha que todos os dias testemunhamos
(mesmo naqueles que se dizem ateus).
♦ Moisés foi capaz
de reconhecer a sua incapacidade de “fazer tudo” e aceitou a ajuda da
comunidade. Não teve ciúmes, nem inveja, nem medo de perder o controle do
processo, nem dificuldade em aceitar a partilha das tarefas que o Senhor lhe
confiou. Por vezes, sentimos que a intervenção de outras pessoas é uma ameaça
ao nosso poder, porque não estamos dispostos a renunciar aos nossos projetos
pessoais…
EVANGELHO – Mc 9,38-43.45-47-48
João disse a Jesus: «Mestre, nós
vimos um homem expulsar os demônios em teu nome e procuramos impedir-lhe,
porque ele não anda conosco». Jesus respondeu: «Não o proibais; porque ninguém
pode fazer um milagre em meu nome e depois dizer mal de Mim”. Quem não é contra
nós é por nós. Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em
verdade vos digo que não perderá a sua recompensa. Se alguém escandalizar algum
destes pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao
pescoço uma pedra de moinho e o lançassem ao mar. Se a tua mão é para ti
ocasião de escândalo, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do que
ter as duas mãos e ir para a Geena, para esse fogo que não se apaga. E se o teu
pé é para ti ocasião de escândalo, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida
do que ter os dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é para ti
ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só
com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme
não morre e o fogo não se apaga».
AMBIENTE - A ida para Jerusalém está próxima e os
discípulos continuam a não absorver os valores do Reino. Para eles, Jesus é uma
opção que trará poder, grandeza e prestígio… Por isso, sentem ciúmes quando
encontram algo que possa colocar em causa os seus interesses, a sua autoridade,
os seus “privilégios”.
MENSAGEM - A comunidade deve ser
aberta, tolerante, capaz de aceitar como sinais de Deus os gestos libertadores
que acontecem no mundo. João queixa-se de encontrar alguém “expulsando
demônios” em nome de Jesus, embora não fosse do grupo. A atitude mostra,
arrogância, intolerância, ciúmes de monopolizar Jesus, presunção de serem os donos exclusivos da verdade… Mas, por detrás está
a preocupação com os projetos pessoais de prestígio e grandeza que eles
alimentavam. Pouco antes, discutiam quem seria o maior no Reino; agora estão preocupados, porque alguém de fora do
grupo atua em nome de Jesus e que pode, disputar os lugares na política do
Reino. Jesus procura ultrapassar esta visão egoísta da missão. Quem luta pela
justiça e faz obras em favor do homem, está do lado de Jesus, mesmo que não
esteja dentro da estrutura eclesial. A comunidade de Jesus não pode sentir
ciúmes quando alguém de fora faz o bem; nem pode sentir-se atingida nos
direitos pelo fato do Espírito atuar
fora das fronteiras da Igreja… A comunidade de Jesus sabe acolher, apoiar e
estimular todos aqueles que atuam em favor dos irmãos.
Na segunda parte desses “ditos”
é um aviso àqueles que “escandalizam” os “pequeninos”. Na nossa cultura,
“escandalizar” é dar mau exemplo. Na linguagem de Marcos, escandalizar” é não
fazer nada, é a ação de desistir de seguir Jesus, de não ter coragem para
assumir a proposta de Jesus.
Os “pequeninos” são os que estão numa
situação de dependência, de necessidade… Fazer algo que afaste as pessoas de
Cristo é inadmissível e impensável.
O outro “dito” de Jesus em cortar a mão ou de cortar o pé ou de arrancar o
olho que é ocasião de pecado, está falando da necessidade de atuar na fonte
do mal.
Há ainda, mais outro “dito”,
referências um castigo na “Geena. “Geena” refere-se a um vale onde eram
enterrados os mortos e onde, dia e noite, era queimado o lixo produzido na
cidade. Era, um lugar maldito, impuro, que convinha evitar. Quem não for capaz
de cortar o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, é como se estivesse
condenado a viver num lugar horrível.
A Igreja pertence a Cristo, mas Cristo
não é propriedade da Igreja! Ele manifesta sua ação também fora da estrutura
visível da Igreja católica. Pensemos nos nossos irmãos protestantes. Eles têm
elementos da Igreja de Cristo: a Palavra de Deus, a confissão de Jesus como
Senhor e Salvador, o amor a Jesus, a caridade fraterna. Tudo isso é causa de
alegria. Ainda que falte-lhes elementos essenciais da Igreja de Cristo, eles
não estão fora da salvação! Hoje, Jesus nos convida à tolerância e ao amor a
esses irmãos.
Isto não significa que está tudo bem,
que tanto faz ser católico como não ser, que o importante é a fé em Jesus e
pronto. Não! É preciso recordar que a divisão na Igreja é um pecado grave e
contraria o desejo de unidade que o Senhor deixou como testamento: “Pai, não rogo somente por eles, mas
pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a fim de que sejam um.
Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o
mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,20s). É também falso afirmar que as questões de
doutrina não são importantes. O Novo Testamento está repleto de advertências
contra os que ensinam doutrinas erradas e contrárias à fé dos apóstolos e são
Paulo mesmo exorta a separar da Comunidade quem pregar um evangelho diferente
do dele (cf. Gl 1,6-9). A busca de recompor a unidade visível da Igreja em
torno de Cristo, com os mesmos sacramentos e a mesma doutrina é dever de todos os
cristãos! Mas, também é necessário deixar claro o dever que todos nós temos da
tolerância respeitosa e amorosa para com os irmãos separados. Se nos entristece
ouvi-los falar mal da Igreja –caluniando-a e mentindo contra ela -, deve
alegrar-nos ouvi-los falar bem de Cristo e pregar o Evangelho. Ainda mais: até
para com os não-cristãos, como os
espíritas, muçulmanos, budistas, adeptos da seicho-no-iê… temos o dever do
respeito e da tolerância. Deles, o Senhor afirma no evangelho de hoje: “Quem
vos der a beber um copo da água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber
a sua recompensa”. Então, que fique bem claro o dever da tolerância que nós,
discípulos de Cristo, temos para com os demais.
Mas, a Palavra de Deus também fala hoje
de Tolerância para com os outros;
radicalidade para conosco! Vejamos: (1)
Radicalidade no respeito pelos pequeninos e fracos na fé: “Se alguém
escandalizar um destes pequeninos que crêem, melhor seria que fosse jogado no
mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço”. (2) Radicalidade para cortar o que em nós o que em nós leva ao
pecado e ao afastamento de Cristo: “Se tua mão te leva a pecar, corta-a… Se teu
olho te leva a pecar, arranca-o!” Hoje, a tendência é arrancar o Evangelho para
não termos que arrancar nada em nós, para não mudar de vida! Jesus é claro: não
entrará na vida quem não combater aquilo que o faz tropeçar no caminho cristão.
(3) Finalmente, a radicalidade de
apoiar-se somente não nas nossas posses materiais: nunca pensar que
somos proprietários do Senhor e da salvação São Tiago nos adverte: triste
de quem é rico para si, desprezando os outros! Que o Senhor nos dê
tolerância com os irmãos e toda intolerância com nossas manhas!
ATUALIZAÇÃO ♦ Os discípulos
ainda raciocinam com a lógica do mundo e têm dificuldade em libertar-se dos
seus interesses egoístas, de grandeza e poder…
♦ a comunidade do Reino não pode ser arrogante,
intolerante, fanática, que se arroga a posse exclusiva de Deus e das suas
propostas. O verdadeiro discípulo não tem inveja do bem que outros fazem, não
sente ciúmes se Deus atua através de outras pessoas, não pretende ter o
monopólio da verdade nem ter o exclusivo de Jesus. O verdadeiro discípulo testemunha
os valores do Reino e alegra-se com os sinais da presença de Deus em tantos
irmãos com outros percursos religiosos, que lutam por um mundo mais justo.
♦ Os discípulos
estão preocupados com alguém que não é do grupo, pois temem pelos seus sonhos
pessoais de poder e de grandeza.
♦ O discípulo renuncia ao egoísmo, ao comodismo,
ao orgulho, aos esquemas pessoais de poder e de domínio, ao êxito, ao aplauso
das multidões.
♦ O apelo de Jesus
de não “escandalizar” (afastar da comunidade do Reino) os pequenos, faz-nos
pensar na forma como lidamos com os pobres, os que falharam, os que têm
atitudes moralmente reprováveis, aqueles que têm uma fé pouco consistente,
aqueles que a vida marcou negativamente, aqueles que a sociedade marginaliza e
rejeita… Quem vê o nosso testemunho tem razões para aderir a Cristo?
LEITURA II – Tg 5,1-6
Agora, vós, ó ricos, chorai e
lamentai-vos, por causa das desgraças que vão cair sobre vós. As vossas
riquezas estão apodrecidas... O vosso ouro e a vossa prata enferrujaram-se...
Acumulastes tesouros no fim dos tempos. Privastes do salário os trabalhadores
que ceifaram as vossas terras. O seu salário clama; e os brados dos ceifeiros
chegaram aos ouvidos do Senhor do Universo. Levastes na terra uma vida regalada
e libertina, cevastes os vossos corações para o dia da matança. Condenastes e
matastes o justo e ele não vos resiste.
AMBIENTE
Para o autor, o acesso à vida plena depende das opções que o homem faz. Os
crentes devem evitar: viver para os bens materiais e praticar injustiças. Os
crentes devem: ter paciência, perseverança, oração e auxiliar o irmão que anda
afastado.
MENSAGEM
Aqueles cujo objetivo na vida foi o acumular bens, no final toda a sua
segurança e esperança perderão todo o valor; ou, pior ainda, serão uma
testemunha de acusação, que denunciará o amor descontrolado dos bens materiais,
o orgulho e a autossuficiência, as injustiças praticadas contra os pobres. O
destino final dos bens perecíveis é a destruição; e quem tiver os bens
materiais como o seu deus, não terá vida plena.
Para o autor, a riqueza provém da exploração dos pobres. Trata-se de um
pecado que Deus castigará duramente. Deus não pode pactuar com a injustiça. O
clamor dos injustiçados faz com que Deus atue. Os ricos, vivendo no luxo e nos
prazeres à custa do sangue dos pobres, estão preparando seu próprio castigo:
quem vive para os bens materiais, dificilmente acolherá os dons de Deus e a vida plena que Deus oferece. Deus não
tolera a exploração; quem conduzir a sua vida na injustiça, não fará parte da
família de Deus.
ATUALIZAÇÃO ♦ O autor critica
os ricos porque eles vivem apenas para acumular bens materiais, esquecendo os
verdadeiros valores. Fazem do ouro e da prata os seus deuses. No final vão
perceber que gastaram a vida a correr atrás de algo que não dá felicidade nem
conduz o homem à vida plena. O ouro, a conta bancária, dão-nos satisfações imediatas e talvez, certo status; mas não saciam a nossa sede de
vida eterna.
♦ frequentemente a riqueza é resultado da exploração e da injustiça. Acumular
bens à custa da miséria e da exploração dos irmãos é um crime que Deus não
deixará impune. Não é cristão quem não paga o salário justo, mesmo que
ofereça depois somas polpudas para a construção de uma igreja; não é cristão
quem se aproveita da ignorância e da miséria para realizar negócios rentáveis,
mesmo que pense repartir com Deus os frutos das suas rapinas…
♦ O crime cometido contra os pobres é um crime
contra Deus.
Pecado não é
ser rico, mas ser sovina, não querer repartir o que tem.
Temos o direito de viver bem, mas temos que nos preocupar
com o outro.
Quanto mais se tem, maior a responsabilidade.
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Palavra sem "Dono"
Celebramos hoje o DIA
DA BÍBLIA.
A Palavra de Deus sempre nos oferece uma luz para as mais
diversas situações de nossa vida. Ela pode ser proclamada por quem Deus quer, não
é propriedade exclusiva de ninguém...
Na 1ª Leitura, vemos que a Palavra
não é Monopólio de ninguém. (Nm 11,25-29)
- Moisés já idoso
sente-se incapaz de continuar dirigindo o povo: "Sozinho não posso mais carregar esse povo".
- O Senhor lhe propõe a escolher 70 anciãos que, depois de
ungidos pelo Espírito, o ajudariam nessa tarefa.
- Deus derramou o seu espírito sobre 70 anciãos, que se
puseram logo a profetizar, mas não continuaram.
E dois, que não
estavam no grupo, começaram a profetizar…
- Josué vê nisso um abuso intolerável e propõe a Moisés: "Manda que eles se calem".
- Moisés, pelo contrário, alegra-se com o fato e afirma: "Oxalá todos recebessem o Espírito e
profetizassem!"
Moisés, longe de ter
ciúmes, sente-se feliz em compartilhar com outros sua responsabilidade…
O perigo é querer
fazer tudo sozinho, ou pior não dar vez a ninguém…
* Em nossas comunidades, podemos também nos deixar levar
- pela tentação de Moisés de querer fazer tudo sozinho,
- ou pelo ciúme de Josué, de impedir o trabalho de quem
não for do "grupo".
Pelo Batismo, todos recebemos a missão de ser profetas,
sacerdotes e reis.
Todos somos chamados a falar em nome de Deus, anunciar o seu
Reino.
Todos os batizados receberam a missão de santificar os ambientes
onde vivem e trabalham. Todos somos reis e devemos usar o poder para cuidar com
retidão de tudo e de todos como criaturas de Deus.
Na 2ª Leitura, Tiago denuncia o
acúmulo de riquezas de alguns, a custa da miséria de muitos. (Tg 5,1-6)
O Evangelho mostra que ninguém
tem o Monopólio de Cristo. (Mc 9,38-43.47-48)
- Os apóstolos não conseguem expulsar o espírito mudo de uma
pessoa...
- Pelo contrário, uma pessoa "fora" ao grupo
consegue, em nome de Jesus...
- Os Discípulos, aborrecidos, manifestam sua insatisfação.
- JESUS rejeita o exclusivismo: "Não lhe proíbam... Quem não está contra, está a nosso
favor".
As Leituras lembram DUAS
VERDADES:
1) A PALAVRA
de Deus não é monopólio de ninguém:
deve ser anunciada
por todos: "Oxalá todo o povo
profetizasse"
2) O NOME
de Jesus não é monopólio de ninguém: Mais do que pertencer ao grupo de
Cristo,
o importante é
estar "em sintonia" com Jesus…
No dizer do Papa:
"Devemos ser amigos de Jesus, não donos".
- As Igrejas
separadas, que também falam em nome de Jesus, devemos combatê-las como
inimigas,
ou enxergá-las
como possíveis parceiras no trabalho do Reino?
O REINO não pode ser um grupo fechado e fanático, que se
arroga a posse exclusiva de Deus e de suas propostas. Deve ser uma comunidade
que reconhece não ter o exclusivo do bem e da verdade e se alegra com tantas
pessoas, que buscam a Deus com sinceridade, praticam com lealdade o Bem, a
Verdade e a Justiça, mesmo sem pertencer ao "nosso" grupo.
- Por que ter inveja daqueles que cumprem gestos generosos que
talvez nós não tivemos a coragem para fazer?
Jesus não quer que sua IGREJA seja um gueto fechado, mas um
rebanho aberto a outras ovelhas, que ainda não são do seu rebanho. Deve estar
sempre atenta aos sinais dos tempos, para uma perene renovação, guiada pelo
Espírito do Senhor...
- O apelo de Jesus no sentido de não "escandalizar"
os pequenos lembra a atitude que as pessoas e as comunidades devem ter para com
os "pequenos", os pobres, os que falharam, os que se afastaram, os
que têm fé sem profundidade, os marginalizados pela sociedade...
Eles olham para seus líderes, esperando verdadeiro testemunho
de fé e amor.
Os Donos da Igreja, o que
fazer deles?
Em nossas comunidades cristãs, há pessoas capazes de gestos
incríveis de doação, de entrega, de serviço;
mas há, também, pessoas, preocupadas em proteger o espaço de
poder e de prestígio, que conquistaram.
São verdadeiros
donos do santo e das coisas da comunidade. Essas pessoas são responsáveis de
muita gente se afastar da comunidade. Só elas sabem, só elas são capazes, só
elas dão o palpite certo. Essa gente não está servindo à comunidade, mas sim a
si mesmo, a seu orgulho, a sua vaidade.
- Em nosso serviço
na Comunidade, estamos protegendo os
interesses de Deus, ou os nossos projetos e interesses?
Deus sempre se
serviu de pessoas para anunciar a sua Palavra e assim realizar os seus Planos
de Salvação... - Sentimo-nos
"donos" ou instrumentos da Palavra de Deus?
Pe.
Antônio Geraldo
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HOMILIA DO
PE. PEDRINHO
A Igreja
comemora neste ano 53 anos do Concílio Vaticano II, momento importante para
nossa Igreja, porque, como o próprio Papa João XXIII disse: Foi um momento de “abrir
as portas e janelas do Vaticano, para que o Espírito de Deus pudesse arejar
nossa Igreja”. É muito interessante, pois até hoje o Concílio Vaticano II é
pouco conhecido. Precisamos fazer o Concílio ser mais conhecido. Um exemplo, um
exemplo só, que falo com caridade e não com deboche: volta e meia chega alguém dizendo:
sou católico, mas sou do tempo antigo. Gostaria que o “padre” fizesse o
batizado e não o diácono. Eu digo: mas, se você é antigo, se há de convir
comigo, que você é o primeiro a aceitar e a querer o diácono, porque está lá na
bíblia os diáconos, porque a Igreja só retomou o serviço dos diáconos depois do
Concílio Vaticano II. Ainda 53 ano
depois do concílio, tem gente que acha que diácono não vale para nada. Quer
dizer; é negar toda a Bíblia e negar toda a Palavra. Por que é que estou
dizendo isso? O que tem a ver com as leituras de hoje? Tem muito a ver. Porque,
de fato, até o Concílio, quem mandava era o Papa e todo mundo obedecer. A partir
do Concílio Vaticano II, os padres conciliares foram reler o livro dos Números
e aí se deram conta de que era a vontade de Deus, que as decisões não ficassem
na mão de somente uma pessoa, mas na mão de um colegiado; Deus vai dizer a
Moisés: “escolha setenta homens para que eu possa iluminá-los e eles possam
também a ajuda-lo a governar o povo de Deus. Assim que então, que o Concílio
nos ajudou a entender que a Igreja não é
somente o Papa e os padres, mas a Igreja de Deus é o povo reunido, onde cada um
tem a sua responsabilidade. Cada um tem seu papel diferenciado, mas todos a
mesma missão. Há um tempo atrás, a gente ouvia dizer que a igreja é do padre. Eu
digo Não. A igreja era do padre até o concílio. Depois do Concílio, a Igreja é
do povo de Deus. Assim como o padre deve cuidar da igreja, todo cristão, todo
pertencente a comunidade deve cuidar. Que bom se cada um assumisse para si a
responsabilidade da Evangelização. É aquilo que fala Moisés na primeira leitura
e o que fala Jesus hoje. Veja que São João é santo, mas também com as suas
dificuldades. Isto nos anima, pois também temos nossas dificuldades, mas
poderemos ser santos também. São João disse a Jesus: tem um fulano aí pregando
e curando, mas não acompanha a gente. Quer que vamos lá e mande ele calar a
boca? Jesus diz: não. Quem está a nosso favor e prega, por que impedi-lo? Assim,
ninguém precisa ser mandado, ter uma autorização por escrito para pregar a
Palavra e pregando a Palavra realizar as obras que ajudem as pessoas a conhecer
a Deus. Conhecer a Deus, deve ser para nós, o objetivo de cada dia. Como posso
conhecer a Deus? A partir de sua Palavra. O salmo de hoje diz que a lei do
Senhor é perfeita e alegria ao coração. Ora, que alegria a Palavra de Deus pode
nos trazer? Primeiro, a certeza de que somos orientados todos os dias. Basta que
queiramos ouvir a Palavra. Basta que estejamos dispostos a seguir os preceitos
do Senhor. Segundo, que estamos caminhando com segurança, porque Deus já provou,
mais de uma vez, que, de fato, Ele pode e conhece todas as coisas e não vai nos
deixar distanciar dos bons caminhos. Terceiro ponto, que de verdade, a Palavra
de Deus nos garante felicidade, não somente neste mundo, mas também para a vida
eterna. Então, contrapondo a Palavra de Deus, é ver a vida só com a
possibilidade de ganhar dinheiro. O dinheiro, diz a segunda leitura, a traça
corrói, a ferrugem acaba destruindo. O dinheiro ninguém leva consigo após a
morte. Agente chora pelo morto, mas não coloca o seu dinheiro no caixão. Agente
sabe a diferença entre o dinheiro e o amor. Nem sempre onde há dinheiro há
amor. Aonde há amor, o dinheiro nem sempre é importante. Claro que ele ajuda. Aqui,
São Tiago não é contra o dinheiro não. Ele é contra quem faz fortuna a custa
dos outros. Está muito claro: o dinheiro que você deixou de pagar os seus
empregados, clamam por justiça. Cada um que sabe: o pouco ou muito que tenho é
fruto da justiça? Louvado seja Deus. É fruto da corrupção, do pecado, da
injustiça? Senhor, misericórdia e aí fazer como o Zaqueu: vou devolver quatro
vezes mais. Olha lá. Ele devolveu com juros. Vamos ver se o congresso devolve
com juros também. Então, a Palavra de Deus nos ajuda em nosso caminho na vida. Que
possamos assumir o conhecer a Deus como
missão e fazer a partilha com todos.
Resta uma
pequena Palavra, não podemos entender ao pé da letra. Me preocupa muito isso;
quando diz: se sua mão te faz pecar, corte-a. Calma, por favor. Se teu pé te
faz pecar, corte-o. Se teu olho te faz pecar, tire-o fora. Vamos com calma. É muito
importante entender que para São Marcos simboliza o “instrumento de trabalho”. Ora,
se teu trabalho te faz pecar, mude de emprego. Corta. Não é cortar a mão física.
A mão é o instrumento de trabalho. Se o teu pé te impede de caminhar, busque
outro caminho, porque somos chamados a caminhar. Se teu olho não o deixa
enxergar como Deus enxerga o mundo, tem que trocar de olho. Então, seria muito
simples conseguir a vida eterna cortando um pé, uma mão ou arrancando um olho. Seria
muito simples, mas não é assim. Aquilo que nós realizamos te ajuda ou te
atrapalha? Se atrapalha, precisa ser mudado.
Esta é uma
Palavra de ânimo a conversão do que outro tipo de mensagem.
Louvado seja
Nosso Senhor Jesus Cristo.
PE. PEDRINHO –
PARÓQUIA SÃO JOSÉ OPERÁRIO, SANTO
ANDRÉ, SP.
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Homilia de D.
Henrique Soares
Hoje, a Palavra de Deus apresenta alguns elementos
importantes que nos precisam ser continuamente recordados. Tanto a primeira
leitura quanto o Evangelho, recordam-nos que Deus não é propriedade de ninguém.
Ante o zelo mesquinho de João, Jesus afirma:
“Quem não é contra nós é a nosso favor”. É preciso
compreender bem a afirmação do Senhor. Certamente, ele é o Caminho e a Verdade
da humanidade; certamente ele fundou a Igreja, comunidade de seus discípulos;
dotou essa Igreja do seu Espírito, de pastores e de toda uma estrutura visível.
Esta Igreja de Cristo, nós cremos que permanece de modo pleno na Igreja
católica. Isto significa que os elementos essenciais da Igreja de Cristo
permanecem, por graça e fidelidade do Senhor, naquela Comunidade que ele fundou
desde o início, a Igreja una, santa, católica e apostólica. Quais são esses
elementos essenciais? A Palavra de Deus, pregada e interpretada segundo a
Tradição apostólica, a Eucaristia como banquete e sacrifício, os sete
sacramentos, o ministério de Pedro, presente nos seus sucessores, os Papas de
Roma, o ministério episcopal, no qual se concretiza a sucessão apostólica, a
caridade fraterna, os vários dons e carismas da comunidade, o sentido da missão
de anunciar Jesus ao mundo como Senhor e Salvador, o martírio como testemunho
máximo de Cristo, a presença materna da Virgem Maria e dos Santos, amigos de
Cristo. A Igreja católica é, portanto, Igreja de Cristo, pertence a Cristo e,
por graça de Cristo, conserva e conservará sempre, sem poder perder, estes
elementos. Mas, isso não significa que a Igreja seja proprietária de Cristo.
Aqui é preciso dizer claramente: a Igreja pertence a Cristo, mas Cristo não é
propriedade da Igreja! De fato, na força do seu Espírito Santo, ele manifesta
sua ação também fora da estrutura visível da Igreja católica. Pensemos nos
nossos irmãos separados, de tradição protestante. Eles têm tantos elementos da
Igreja de Cristo: a Palavra de Deus, a confissão de Jesus como Senhor e
Salvador, tantos dons e carismas, o amor sincero a Jesus, a caridade fraterna,
o ela missionário. Tudo isso deve ser, para nós, católicos, causa de alegria.
Ainda que não estejam em comunhão plena com a Igreja de Cristo e falte-lhe
elementos essenciais da Igreja de Cristo, eles não estão fora do caminho da
salvação! Hoje, Jesus nos convida à tolerância e ao amor a esses irmãos.
Isto não significa de modo algum dizer que está tudo bem,
que tanto faz ser católico como não ser, que o importante é a fé em Jesus e
pronto. Não! É preciso recordar que a divisão na Igreja é um pecado grave e
contraria o desejo de unidade que o Senhor deixou como testamento: “Pai, não
rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a
fim de que sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em
nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,20s). É também
absolutamente falso afirmar que as questões de doutrina não são importantes. O
Novo Testamento está repleto de advertências contra os que ensinam doutrinas
erradas e contrárias à fé dos apóstolos e são Paulo mesmo exorta a separar da
Comunidade quem pregar um evangelho diferente do dele (cf. Gl 1,6-9). A busca
de recompor a unidade visível da Igreja em torno de Cristo, com os mesmos
pastores, os mesmos sacramentos e a mesma doutrina é dever de todos os
cristãos! Mas, também é necessário deixar claro o dever que todos nós temos da
tolerância respeitosa e amorosa para com os irmãos separados. Se nos entristece
ouvi-los falar mal da Igreja – às vezes até caluniando-a e mentindo contra ela
-, deve alegrar-nos ouvi-los falar bem de Cristo e pregar o Evangelho. Ainda
mais: até para com os não-cristãos, como os espíritas, muçulmanos, budistas,
adeptos da seicho-no-iê… temos o dever do respeito e da tolerância. Deles, o
Senhor afirma no evangelho de hoje: “Quem vos der a beber um copo da água,
porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa”. Então, que
fique bem claro o dever da tolerância que nós, discípulos de Cristo, temos para
com os demais.
Mas, a Palavra de Deus também fala hoje de radicalidade.
Tolerância para com os outros; radicalidade para conosco, no nosso ser
cristãos! Vejamos: (1) Radicalidade no respeito pela debilidade dos pequeninos
e fracos na fé: “Se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem, melhor
seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço”.
Deus nos livre de escandalizar, Deus nos livre de, por nossas atitudes, ser
causa de tropeço para os irmãos mais fracos na fé! (2) Radicalidade para cortar
o que em nós é escândalo, isto é, o que em nós leva ao pecado e ao afastamento
de Cristo: “Se tua mão te leva a pecar, corta-a… Se teu pé te leva a pecar,
corta-o… Se teu olho te leva a pecar, arranca-o!” Hoje, a tendência é arrancar
o Evangelho para não termos que arrancar nada em nós, para não termos que nos
incomodar nem mudar de vida! Jesus é claro: não entrará na vida quem
sinceramente não combater aquilo que o faz tropeçar no caminho cristão. (3)
Finalmente, a radicalidade de apoiar-se somente no Senhor e não nas nossas
posses espirituais e materiais: espiritualmente, nunca pensar que somos
proprietários do Senhor e da salvação e, materialmente, recordar que nossas
riquezas apodrecem e nosso outro enferruja. São Tiago nos adverte duramente na
segunda leitura de hoje: triste de quem é rico para si, desprezando os outros,
mas não é rico para Deus!
Que o Senhor, pela sua graça, nos dê toda tolerância e toda
intolerância. Toda tolerância com os irmãos e toda intolerância com o nosso
pecado e as nossas manhas,! Que o Senhor nos converta, ele que é bendito para
sempre. Amém.
D.
Henrique Soares da Costa
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PARA O MOMENTO DE LOUVOR (Diáconos
e Ministros da Palavra):
LOUVOR (QUANDO O PÃO
CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO
SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, nós vos louvamos e vos
bendizemos.
à1-
Senhor, nosso Deus, imensa é vossa
sabedoria. Sabemos que soprais o vosso Espírito onde e quando queres. Muitas
vezes vemos bons exemplos naqueles que não estão em nossa igreja, mas que sabem
praticar a justiça e o amor, sendo exemplos para nós.
T: Senhor, nós vos louvamos e
vos bendizemos.
à2- Senhor, muitas vezes pensamos
que só nós temos a verdade e com isso desprezamos os pequeninos em nossa
comunidade. Pai, dai-nos mais humildade e sabedoria.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à3- Senhor, muitas vezes colocamos
nossos interesses, acima dos vossos; nos apegamos com o ter, com a quantia de
nossos bens, nos orgulhamos do nosso saber e o reconhecimento dos outros. Pai,
fazei-nos conscientes de que tudo o que temos sois vós que nos concedeis. Vós
sois a nossa força e nosso amparo.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à4- Senhor, nosso Deus e Pai,
muitas vezes não reconhecemos o valor do trabalho de nossos irmãos e só vemos o
nosso esforço e queremos o nosso mérito. Pai, ajudai-nos a ver os valores no
trabalho de nossos irmãos e irmãs e tornai-nos filhos agradecidos pelos dons
que nos concedeis.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à PAI
NOSSO... A Paz... CORDEIRO DE DEUS...