quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Todos os Santos, Solenidade de Todos os Santos, Homilias, Subsídios para Homilias.

Todos os Santos  2015 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:
TEMA: Todos os Santos; “É assim a geração dos que procuram o Senhor; ”Dia de contemplar os nossos heróis na fé.
Todos os Santos é a festa de todos aqueles que procuram, em cada dia, amar a Deus e os seus irmãos.
Primeira leitura: João recorre a uma visão para descrever nossos heróis na fé.
Evangelho: Jesus nos fala das bem-aventuranças no Reino.
Segunda leitura: João nos diz que pelo batismo somos filhos de Deus e nós nem podemos imaginar a felicidade que nos aguarda.

6. PRIMEIRA LEITURA (Ap 7,2-4.9-14) Leitura do Livro do Apocalipse de São João.
...marcado na fronte ...eram cento e quarenta e quatro mil, ...multidão imensa ...quatro seres vivos ...ele me disse: “Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro”.

Breve comentário – Em meio às perseguições o profeta traz esperança. É uma linguagem codificada, que evoca Roma (Babilônia). Proclama a vitória do Cordeiro que transformou o caminho de morte em caminho de vida para todos aqueles que O seguem, e eles são numerosos; participam do seu triunfo, numa festa eterna.
1- «O selo (o sinete de marcar); nesta marca, em forma de cruz, o caráter batismal.
2- «Cento e quarenta e quatro mil» é simbólico; 12 x 12 x 1000 e são a mesma «multidão imensa que ninguém podia contar» (v. 9).
3 «Os (24) Anciãos».12 as tribos de Israel e 12 todas as tribos do mundo.
4- «Os 4 Viventes», os quatro pontos cardeais, ou os quatro elementos do mundo (terra, fogo, água e ar), isto é, a totalidade do Universo; única adoração e louvor a Deus.
6- «A grande tribulação»; perseguição violenta no curso da história da Igreja.
7- «Lavaram as suas túnicas no sangue do Cordeiro». Todos alcançaram a purificação através do sangue do crucificado, pois aceitaram Jesus e sua vida foi um esforço contínuo de conversão na imitação do Mestre Divino.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 23 (24)
É assim a geração dos que procuram o Senhor.
• Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, / o mundo inteiro com os seres que o povoam, / porque ele a tornou firme sobre os mares, / e sobre as águas a mantém inabalável.
• “Quem subirá até o monte do Senhor, / quem ficará em sua santa habitação?” / “Quem tem mãos puras e inocente coração, / quem não dirige sua mente para o crime.
 • Sobre este desce a bênção do Senhor / e a recompensa de seu Deus e Salvador”. / “É assim a geração dos que o procuram / e do Deus de Israel buscam a face”.

10. EVANGELHO (Mt 5,1-12a) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
...: “Bem-aventurados os pobres em espírito, ...os aflitos serão consolados. os mansos... fome e sede de justiça, ...os misericordiosos, ...os puros de coração, ...os que promovem a paz, ...os que são perseguidos quando vos injuriarem e perseguirem... Alegrai-vos..., porque será grande a vossa recompensa nos céus”.

AMBIENTE - Mateus nos lembra da montanha da Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu ao seu Povo a antiga Lei. Agora é Jesus, que, numa montanha, oferece ao novo Povo a nova Lei que deve guiar todos.
MENSAGEM
Jesus proclama “bem-aventurados” os que estão de espírito aberto para acolher a proposta que Deus lhes oferece em Jesus; não colocam sua confiança na riqueza, no poder, no êxitos, mas sua esperança em Deus.
1- «Os pobres em espírito». Quem se apresenta diante de Deus com uma atitude humilde, sem méritos pessoais, pecador, necessitado do perdão divino, da misericórdia de Deus. Daí que: pobre não é o sem bens, mas o que não se apega a ele; tudo é de Deus. Se colocaram nas mãos de Deus, para servirem os irmãos e partilharem tudo com eles; partilham; não explora, não mente e sente compaixão dos necessitados.
***• Jesus diz: “felizes os pobres em espírito”; o mundo diz: “felizes os que tem dinheiro, comodidade, poder, segurança, bem-estar, pois é o dinheiro que faz andar o mundo e nos torna mais poderosos, mais livres e mais felizes”.
2 «Os humildes». Os “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, mas os que não aceitam as injustiças dos poderosos, mas agem com amor, sem violência, para a construção da paz; Sabe compreender, perdoar.
***• Jesus diz: “felizes os mansos”; o mundo diz: “felizes os que sabem responder com força ainda maior a uma violência e a injustiça. 
3 «Os que choram», os que têm o coração cheio de mágoa por terem ofendido a Deus e que vivem na aflição, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; O cristão não se conforma diante do sofrimento dos outros. Ele se aflige, mas nem por isso perde a alegria, a esperança e a felicidade. O egoísta fala: “Senhor, obrigado por eu ter comida na mesa, quando há tantos que não tem”. O cristão fala o contrário: “Senhor, eu lhe agradeço este alimento, mas me preocupo com os que não tem.  Senhor, Abra o nosso coração à partilha!”
***• Jesus diz: “felizes os que choram”; o mundo diz: Feliz quem  faz da vida uma festa chic,  alta sociedade, amigos poderosos, uma boa conta bancária e um bom emprego arranjado pelo amigo político”.
4 «Fome e sede de justiça». Os que anseiam o projeto de Deus. A idéia de justiça é uma idéia de natureza religiosa: justo é aquele que cumpre a vontade de Deus. Ele anseia por uma sociedade nova e luta por ela, para que todos tenham o que lhe é necessário.
***• Jesus diz: “felizes os que têm sede de justiça”; o mundo diz: feliz quem não está bitolado por uma religião. Religião já era. Felizes os que não dependem de preconceitos ultrapassados e não acreditam num deus que diz o que deveis e não deveis fazer; Sois livres.
 5 Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, que se deixam tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros; sentem como suas as alegrias e as tristezas dos irmãos e Deus também terá misericórdia dele.
***• Jesus diz: “felizes os que têm misericórdia”; o mundo diz: “felizes os que ficam longe dos miseráveis e sofredores, pois quem se comove e tem misericórdia dos outros nesse mundo competitivo nunca será grande”. 
6 «Os puros de coração» são aqueles que agem com honestidade e não enganando.   Não é falso nem engana ninguém, mas é verdadeiro e transparente. Estes verão a Deus porque Deus é assim.
***• Jesus diz: “felizes os sinceros de coração”; o mundo diz: A lei é dos espertos. “A verdade e a sinceridade destroem muitas carreiras e esperanças de sucesso”. 
7 «Os que promovem a paz» (pacíficos): Os que procuram ser instrumentos de reconciliação. Se recusam a aceitar que a violência e a lei do mais forte rejam as relações humanas; Na família, nos vizinhos, na Comunidade, no País, no mundo. Ele une os separados e integra os excluídos.
***• Jesus diz: “felizes os que constroem a paz”; o mundo diz: o que vale é a força e o poder. Cada um por si. “Quem pode mais chora menos, pois só assim podereis ser homens e mulheres de sucesso”.
8- Os “que são perseguidos por causa da justiça” são os que sofrem a injustiça dos homens. São os que lutam pela instauração do “Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos, por aqueles que praticam a injustiça.
***• Jesus diz: “felizes os que são perseguidos por cumprirem a vontade de Deus”; o mundo diz: Feliz é quem faz o jogo dos poderosos, pois sobe na carreira e tem êxito na vida.
As “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; a libertação está  chegando.
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Bem-aventurados vós, os pobres de coração, porque vosso é o Reino de Deus!”.
Jesus Fala da pobreza que permite crer, esperar e amar (fé, esperança e caridade).
 O pobre é aquele que “tem fé” em Deus.
Pobre é o que reconhece a sua limitação, faz a leitura de toda realidade criada e de sua própria existência, e vê a sua limitação, pois tudo foi criado e ele próprio é um ser criado, não por sua vontade, mas por outro projeto que não foi o seu. Ele vê que existe alguém mais poderoso, mais capaz e deparando com sua fragilidade de criatura, acredita na bondade desse Criador. Acreditando, parte e grita em direção a este Deus no meio de seu sofrimento ou da sua confusão. É aquele que confia sempre em Deus, pois se sente pequeno.
 O pobre é também aquele que espera.
O rico não pode esperar, está plenamente satisfeito. O pobre, esse, está sempre virado para um futuro que espera que seja melhor; depois, ele procura, porque pensa nunca ter totalmente encontrado. A sua vida é uma procura e todos os sinais que ele encontra enchem-no de alegria e fazem-no avançar. O pobre é aquele que aceita ser criticado pela Palavra de Deus, sabe de sua pequenez e espera pela misericórdia desse Deus que o criou, pois só nele e com ele terá a plenitude da felicidade.
 O pobre é aquele que ama.
Por não estar plenamente satisfeito consigo mesmo, crendo no Deus Criador de tudo e de todos, vê no próximo o irmão. Sabendo de sua limitação, pois tudo que tem lhe foi dado, imita o criador na bondade e serve ao irmão com o que lhe foi dado. Não centra em si o interesse, mas abre os olhos e vê aqueles que esperam os seus gestos de amor; ouve os gritos dos seus irmãos e abre as suas mãos do pouco que tem para àquele que tem necessidade. Quem é pobre Crê, confia, espera e ama seu Criador e seu irmão.

As bem-aventuranças nos diz que: “Sois do mundo, e ao mesmo tempo não sois do mundo… Vós não sois do mundo do cada um para si, do consumo, da violência, da vingança, do comprometimento… E face a este mundo deveis dizer: não estou de acordo! É certo que sereis perseguidos ou, pelo menos, rir-se-ão de vós, ou procurarão fazer-vos calar. Sereis felizes, porque fareis ver onde está a verdadeira felicidade. Chamar-vos-ão santos”. Queremos experimentar ser já felizes? Basta-nos ter um coração de pobre.

SEGUNDA LEITURA (1Jo 3,1-3) Leitura da Primeira Carta de São João.
Caríssimos, vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai. Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é. Todo o que espera nele, purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.

Breve comentário - Deus, no seu imenso amor, faz de nós seus filhos.
1 «E o somos de fato». S. João não se contenta com dizer que somos chamados filhos de Deus, pois para ele ser chamado (por Deus) equivalia a ser. 
2 A filiação divina capacita-nos para a glória do Céu, pois não é uma mera adoção legal e extrínseca, como a adoção humana de um filho. A adoção divina implica uma participação da natureza divina (cf. 2 Pe 1, 4) pela graça. «Semelhantes a Deus», mas só na glória celeste se tornará patente o que já «agora somos».
3 «Purifica-se a si mesmo». A certeza da filiação divina conduz-nos à purificação e à imitação de Cristo, o Filho de Deus por natureza: «como Ele é puro»; efetivamente, os puros de coração hão-de ver a Deus (cf. Evangelho de hoje: Mt 5, 8).
Pelo baptismo fomos identificados com Cristo, filho de Deus. Logo também, nós o somos de direito e de fato. A nossa preocupação na terra há-de ser a de imitarmos Jesus Cristo. É uma luta todos os dias porque ainda se não nos manifestou o que havemos de ser pois que só no céu o conseguiremos. A multidão incontável de que nos fala S. João, são os nossos irmãos que venceram o que temos a vencer, lutaram como temos que lutar. Em Jesus Cristo fomos chamados por Deus à filiação divina, chamados a ser herdeiros no Céu. O mistério da nossa salvação é uma realidade a construir. É um trabalho árduo que, depende da nossa fé, do nosso querer. Deus quer contar com a nossa colaboração, com o nosso querer. A única dificuldade está na nossa liberdade que Deus respeita. Deus não nos falta com a Sua ajuda e por isso teremos o prêmio, seremos bem-aventurados.
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram nem o homem pode imaginar o que Deus preparou para aqueles que o ama" (1 Cor2,9). "Agora vemos como num espelho, mas depois veremos face a face" (13,12).

A santidade tem duas dimensões:
A Santidade não é fruto do esforço humano. É ação de Deus Espírito Santo e resposta do cristão.
A nossa fé nos ensina que somente Deus é Santo. Na Bíblia, “santo” significa, “separado”. São João: “Quando Cristo se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”.
Nesta perspectiva Eis quem são os santos: aqueles que atravessaram as lutas desta vida, unidos a Cristo; são os que venceram em Cristo –;se caíram, se erraram, foram lavando e alvejando suas vestes no sangue de Cristo: só em Cristo somos santificados, pois somente Cristo derrama sobre nós o Espírito de santidade. O nosso único trabalho é lutar para acolher esse Espírito, deixando-nos guiar por ele e por ele sermos transfigurados em Cristo!
Realmente, o que faz feliz o coração humano não são as coisas desse mundo, mas o sentido na vivencia e na utilização dessas coisas. A mulher que vai ao salão de beleza e espera durante algumas horas para que a deixem bem bonita, é feliz; ela se submete a esse pequeno sacrifício por um bem maior.
Há coisas que levam à autêntica felicidade e outras que levam a uma aparente felicidade
Existe também uma “educação para a felicidade”. Há fases árduas, “chatas” que nos fazem felizes, como tomar um remédio amargo ou ir à escola. No momento não se percebe que é assim, mas com o passar do tempo estamos felizes e agradecidos por estar sadios e por não sermos burros.
Nossos heróis e modelos venceram e correram para o Cristo! Que eles roguem por nós, pois o que eles foram, nós somos e o que eles são, todos nós somos chamados a ser. Todos os Santos e Santas de Deus, rogai por nós!
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Todos os Santos    Caminho da Santidade

Na reza do "Creio", professamos uma verdade: "Creio na Comunhão dos Santos".
Hoje, na festa de TODOS OS SANTOS, vamos aprofundar essa Verdade.

Os textos bíblicos nos falam dessa realidade:

A 1a leitura nos garante que os Santos são muitos. (Ap 7,2-4.9-14)

O número 144.000 é simbólico: 12x12 mil: significa todo povo de Israel...
e mais uma grande multidão de todos os povos e línguas...
O Caminho da santidade está aberto a todos que vivem os valores do Reino.

A 2a Leitura afirma que somos Filhos de Deus:
O Amor de Deus como Pai nos transforma em filhos e nos chama a viver como irmãos.  (1 Jo 3,1-3)
Ser Santo é viver em comunhão com o Pai e o Filho.

No Evangelho, Cristo nos aponta o caminho para ser Santo: Viver as Bem-aventuranças…  (Mt 5,1-12)

+ Quem são os santos:

- Para muitos, Santos são pessoas já mortas, que realizaram no passado fatos surpreendentes na vivência da fé.
  Pessoas privilegiadas que já nasceram santas...  milagreiras...  declaradas santas pela Igreja e hoje homenageadas em nossos altares...

- Na Bíblia, no princípio, o título de santo era só para Deus.
  Ainda hoje no Glória, recitamos: "Porque só vós sois santo".

- Em Cristo repousa o Espírito de Santidade…
  Ele irradia a Santidade de Deus e transmite a sua santidade à Igreja por meio dos Sacramentos, que trazem ao homem a vida de Deus.

- Esta doutrina era tão viva nos primeiros séculos, que os membros da Igreja não hesitaram em chamar-se "os santos" e a própria Igreja era chamada de "Comunhão dos Santos".

- A SANTIDADE cristã manifesta-se, assim, como uma participação na vida de Deus, que se realiza com os meios que a Igreja oferece, em particular com os Sacramentos.

- A SANTIDADE: não é fruto do esforço humano, que procura alcançar Deus com suas forças,
  Ela é Dom do Amor de Deus e Resposta do homem à iniciativa de Deus.
  É GRAÇA recebida e TAREFA a cumprir...

- A SANTIDADE não é uma realidade conseguida apenas no passado por umas pessoas privilegiadas, vivendo longe do mundo...
 
- SANTOS são pessoas como nós, que ainda hoje vivem a santidade de Deus, pelo testemunho de sua fé e fidelidade ao projeto de Jesus; homens e mulheres que lutam para serem justos e pacificadores, pobres e compassivos, puros de coração, segundo o espírito das Bem-aventuranças.

-  Ninguém será santo depois de morto, se não o foi quando vivo.

+ A Festa de hoje nos lembra duas realidades:

1) O Mundo da Santidade:
Mundo imenso, onde os santos são inumeráveis.
- Mundo maravilhoso, onde muitos desses santos são nossos parentes, nossos amigos, gente grande e crianças que conhecemos.
- Mundo feliz realizando-se na vida de trabalho e sofrimento, de sonhos e realizações.
- Mundo de portas abertas, que cresce sem parar, e, cada dia que passa, vê chegar novos eleitos.

2) A Nossa vocação à Santidade
O Mundo dos santos não é estranho para nós.
Pelo contrário, todos somos chamados à Santidade, todos somos chamados a alcançar no mundo de hoje a plenitude da vida, que está nessa íntima união com Deus, fonte de toda a vida.
 "Todos os cristãos são chamados pelo Senhor à perfeição da santidade". (LG31)

+ O Objetivo dessa Festa:

- Homenagear todos os Santos que morreram no Senhor, conhecidos ou não...
- Apresentar o ideal da SANTIDADE, como possível ainda hoje e ardentemente desejado por Deus:
  "Esta é a vontade de Deus, a nossa Santificação". (1 Ts 4,3)

+ A Santidade é participar da vida de Deus, que é "o Santo".
   E sendo nós pecadores, supõe um processo de conversão permanente...

- Para sermos santos, Cristo nos deixou alguns meios:
  à Os Sacramentos... a Igreja... a Oração … a Palavra de Deus


                                     P. Antônio Geraldo
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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Creio que a maioria sabe que dia primeiro de Novembro é o dia em que celebramos todos os Santos. O fato é, que no Brasil esta data não é feriado. Esta é uma solenidade importante, porque fala muito próximo para cada um de nós. No brasil esta festa é sempre no primeiro domingo do mês de novembro. É evidente, que celebrar todos os santos, está muito próximo de celebrar os mortos. Por isso, dia primeiro de novembro celebra-se todos os santos e dia dois de novembro celebramos os nossos falecidos. Mas, por que isto? Porque nem todos os santos se torna conhecido de todos. São muitas as pessoas santas, mas que não ganharam lugar nos alteres das igrejas. Por que? Porque temos muitos santos, de fato, anônimos. Pessoas que procuram viver a sua fé e viver, assim, com muita determinação, entretanto, somente Deus sabe. Somente Deus conhece. Agora, não poderíamos celebrar primeiro os mortos e depois os santos. Por que? Porque não nos tornamos santos na hora em que morremos, não. Nos tornamos santos na hora que fomos batizados. Porque com Cristo morremos para com Cristo ressuscitarmos. Isto se dá no Batismo.
O que você quer da Igreja? A pessoa não diz: eu quero o batismo, mas eu quero a fé. A fé nos leva a caminharmos em direção a Deus. Por isso, comtemplar a Deus face a face, é tornar-se santo. Veja, que é uma caminhada feita passo a passo. Somos chamados a ir cultivando a santidade a cada dia. Então, como fazer para ser santo? O salmo vai nos dizer: • “Quem subirá até o monte do Senhor, / quem ficará em sua santa habitação?” / “Quem tem mãos puras e inocente coração, / quem não dirige sua mente para o crime.
Então, se não tivermos mãos puras, não quer dizer sujeira que a água pode lavar, mas mãos puras é honestidade, retidão, é de fato, justiça, é de fato, você trabalhar para um mundo melhor; isto são mãos puras. Ora, coração puro. Coração puro não se trata de coração inocente, mas um coração onde você pode cultivar os valores do Evangelho, a ética, a moral. Isto tudo, é de fato mãos puras e inocente coração. Agora, “quem não dirige sua mente para o crime”. Aqui não precisa nem comentar, porque vivemos um momento que tem sido uma grande realidade  em todos os lugares. Então, veja, que para ser santo é necessário estas coisas. Curioso é que aqui não diz que para ser santo precisa rezar. Não diz, que para ser santo, tem que rezar. É interessante, porque tem gente que pensa que para ser santo é necessário rezar o dia inteiro. Aqui, em nenhum momento diz rezar. Ora, então, para que serve a reza? Para que serve a oração? Aqui, vamos precisar compreender bem. Não é tirar conclusões precipitadas, não.  São João, na segunda leitura de hoje, ele diz: veja que coisa maravilhosa: o Pai nos concedeu de sermos filhos de Deus, e de fato, o somos. Agora, se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu a Deus. Então, São João nos mostra que com a ajuda de Jesus nós podemos ter as mãos puras e inocente o coração. Muitas vezes no mundo, encontramos pessoas que nos levam ao contrário: nos levam a praticar a injustiça, a “passar a perna” nos outros, a conquistar todo os seus objetivos ainda que tenha que burlar a lei, portanto criminosos, pessoas que não está, nem um pouso, preocupado se as pessoas vivem ou não na justiça. Esta é a proposta do mundo. E, nós que queremos caminhar na retidão para encontrar a Deus, muitas vezes, acabamos desanimados. Porque você faz o bem e “leva paulada” e assim por diante. Então, é a ORAÇÃO que nos mantém perseverantes e firmes. Quer dizer, a oração vazia, não vale de nada, mas uma oração de intimidade com Deus, pode ser em casa, no carro, pode ser na hora que está lavando roupa ou fazendo comida, é um momento de nos dirigirmos a Deus dizendo: Senhor, sabes que eu não estou totalmente fortalecido para enfrentar as tentações que o mundo me apresenta. Por isso, olha, me ajuda, porque eu também quero ser santo, mas nem sempre tenho a força necessária. Ou, então, quando nós celebramos juntos, e, aqui é a oração por excelência, a Celebração da Eucaristia, porque eu não só ouço o que Deus fala através das leituras, como eu me alimento do seu Corpo e do Seu Sangue. Assim tenho forças para enfrentar mais uma semana de caminhada. Esta caminhada termina o dia em que eu me encontro face a face com Deus. Isto se dá no momento da morte. Então, é importante nós termos clareza disto, que a caminhada de fé é sempre um passo a passo a cada dia para chegar até Deus. Se não chegar a Deus, morre na praia. Celebrar a festa de todos os santos é celebrar a caminhada de cada um de nós. São João nos mostra algo que também podemos experimentar. Ele descreve na primeira leitura, a visão que ele teve. Claro, que esta visão é num ambiente litúrgico. Certamente é num momento de celebração da Eucaristia. Onde ele se dá conta, que na Celebração Eucarística  reunimos todos, aqueles que estão caminhando, chamado igreja peregrina, mais aqueles que já triunfaram, aqueles que já estão junto de Deus. Então, vai desde os anjos, passando pelos anciãos, e, aí há uma multidão que ninguém pode contar. Ele diz: “cento e quarenta e quatro mil”. É doze vezes doze que dá cento e quarenta e quatro. Doze representando todo o povo do antigo testamento. Outros doze representando as comunidades fundadas pelos apóstolos. E, uma multidão que não posso contar, mas para que não haja dúvidas, e não interpretem como uma matemática, que só cento e quarenta e quatro vão ser salvos, ele diz: “vi uma grande multidão, que ninguém pode contar, de todas as raças e nações. Portanto, inclui a nós também. Quantos de nós somos santos! Somos pessoas que tentam caminhar seguindo os passos de Jesus. Hoje é dia de celebrar esta luta, esta caminhada. Não vamos pensar que ser santo é imitar algum santo. Não adianta. Você vai tentar e não vai conseguir, porque Deus não faz duas pessoas iguais. Cada um tem a sua natureza, sua personalidade, cada um tem o seu modo. Somos chamados a ser santos, a partir de nossa própria realidade. Para que servem os santos que temos na igreja? Como estímulo, como exemplo. Eles tinham as mesmas dificuldades que nós e conseguiram. Por que nós não vamos conseguir também? É no exemplo de luta que eles são importantes para nós. Que tenhamos perseverança nesta caminhada. Que Maria nos ajude nessa caminhada.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO – DIOCESE DE SANTO ANDRÉ – SP.

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Homilia do D. Henrique Soares da Costa
Hoje, a Igreja volta seu olhar e seu coração para o céu e enche-se de alegria ao contemplar uma multidão que participa da glória e da plenitude do Deus Santo.
A nossa fé nos ensina que somente Deus é Santo. Na Bíblia, “santo” significa, iteralmente, “separado”. Deus é aquele que é separado, absolutamente diferente de tudo quanto exista no céu e na terra: Ele é único, Ele é absoluto, Ele sozinho se basta, sozinho é pleno, sozinho é infinitamente feliz. Ele é Deus! Por isso, Santo, em sentido absoluto, é somente o Deus uno e trino, Pai, Filho e Espírito Santo. A Jesus, o Filho eterno feito homem, nós proclamamos em cada missa: “Só vós sois o Santo”; ao Pai nós dizemos: “Na verdade, ó Pai, vós sois Santo e fonte de toda santidade”; ao Espírito nós chamamos de Santo.
Mas, a nossa fé também nos ensina que este Deus santo e pleno, dobra-se carinhosamente sobre a humanidade – sobre cada um de nós – para nos dar a sua própria vida, para nos fazer participantes de sua própria plenitude, sua própria santidade. Foi assim que o Pai, cheio de imenso amor, enviou-nos seu Filho único até nós, e este, morto e ressuscitado, infundiu no mais íntimo de nós e de toda a Igreja o seu Espírito de santidade. Eis, quanta misericórdia: Deus, o único Santo, nos santifica pelo Filho no Espírito: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” É isto a santidade para nós: participar da vida do próprio Deus, sermos separados, consagrados por ele e para ele desde o nosso Batismo, para vivermos sua própria vida, vida de filhos no Filho Jesus! É assim que todo cristão é um santificado, um separado para Deus. Mas, esta santidade que já possuímos deve, contudo, aparecer no nosso modo de viver, nas nossas ações e atitudes. E o modelo de toda santidade é Jesus, o Bem-aventurado. Ele, o Filho, foi totalmente aberto para o Pai no Espírito Santo e, por isso, foi totalmente pobre, totalmente manso, totalmente puro e abandonado a Deus no pranto, na fome de justiça e na misericórdia. Então, ser santo, é ser como Jesus, deixando-se guiar e transformar pelo seu Espírito em direção ao Pai. Esta santidade é um processo que dura a vida toda e somente será pleno na glória. São João nos fala disso na segunda leitura de hoje: “Quando Cristo se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”.
Nesta perspectiva, podemos contemplar a estupenda leitura do Apocalipse que escutamos como primeira leitura. O que se vê aí? Uma multidão. Primeiro, cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos de Israel. Isto simboliza todo o Israel. Recordemos: 12 é o número do Povo do Antigo Testamento. Pois bem, cento e quarenta e quatro mil equivale a 12 x 12 x 1000, isto é, à totalidade de Israel. Deus não se cansou de chamar o povo da antiga aliança: Israel haverá de ser salvo pelo sangue de Cristo. Mas, há ainda mais: “Depois disso, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro”. Essa multidão são todos os povos da terra, chamados por Cristo, na Igreja, para a salvação, para a santificação que Deus nos oferece. Notemos bem: “uma multidão que ninguém podia contar”. A salvação é para todos, a santidade não é para um grupinho de eleitos, para uma elite espiritual. Todos são chamados a essa vida divina que Deus quer partilhar conosco, todos são chamados à santidade! “Trajavam vestes brancas e traziam palmas nas mãos. São os que vieram da grande tribulação e lavaram e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro”. Eis quem são os santos: aqueles que atravessaram as lutas desta vida, as tribulações desta nossa pobre existência, unidos a Cristo; são os que venceram em Cristo – por isso trazem a palma da vitória; são os que não tiveram medo de viver e, se caíram, se erraram, foram, humildemente, lavando e alvejando suas vestes no sangue precioso de Cristo: são santos não com sua própria santidade, mas com a santidade do Cristo-Deus. Nunca esqueçamos: ninguém é santo com suas forças, ninguém é santo por sua própria santidade: só em Cristo somos santificados, pois somente Cristo derrama sobre nós o Espírito de santidade. O nosso único trabalho é lutar para acolher esse Espírito, deixando-nos guiar por ele e por ele sermos transfigurados em Cristo!
Olhemos para o céu: lá estão Pedro e Paulo, lá estão os Doze, lá estão os mártires de Cristo, os santos pastores e doutores, lá estão as santas virgens e os santos homens, lá estão tantos e tantos – uns, conhecidos e reconhecidos pela Igreja publicamente, outros, cujo nome somente Deus conhece; lá está a Santíssima e Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe e discípula perfeita do Cristo, toda plena do Espírito, toda obediente ao Pai. Eles chegaram lá, eles intercedem por nós, eles são nossos modelos, eles nos esperam.
Num mundo que vive estressado, que corre sem saber para onde… num mundo que já não crê nos verdadeiros valores, porque já não crê em Deus, contemplar hoje todos os santos é recordar para onde vamos e qual é o sentido da nossa vida! Não tenhamos medo de ser de Deus, não tenhamos medo de testemunhar o Evangelho, não tenhamos medo de alimentar nossa visa com o Cristo, na sua Palavra e na sua Eucaristia para sermos inebriados da vida do próprio Deus.
Infelizmente, muitos hoje têm como heróis os atletas, os atores, os cantores e tantos outros que não têm muito e até nada para ensinar. Quanto a nós, que nossos heróis e modelos sejam os santos e santas de Cristo, que foram heróis porque se venceram e correram para o Cristo! Que eles roguem por nós, pois o que eles foram, nós somos e o que eles são, todos nós somos chamados a ser.
Todos os Santos e Santas de Deus, rogai por nós!
Dom Henrique Soares da Costa
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):

à O senhor esteja com todos vocês... demos graças ao senhor, nosso Deus:
à Com Jesus, por jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo, louvemos ao Pai:
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de Bondade!
à Ó Pai, nós Vos bendizemos pela Vossa paciência e pela Vossa bondade. Quando nos afastamos do caminho da justiça, Vós nos recordais de vossos preceitos.  Senhor, purificai-nos da mentira, do egoísmo e fazei-nos mais justos e humildes.
 T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de Bondade!
àDeus de infinita sabedoria, nós Vos damos graças, porque nos chamastes; escolheis aqueles que se reconhecem pobres, para lhes dar a Vossa sabedoria. Senhor, Pomos em Vós a nossa confiança, a nossa esperança e estendemos as mãos para o Vosso Filho: Ele é a nossa justiça, a nossa santificação e a nossa redenção. Só em Cristo somos fortes.
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de Bondade!
à Bendito sejais, Vós que abris ao Vosso povo o Reino dos céus, Vós que o saciais com a Vossa justiça, Vós que nos chamais Vossos filhos. Fazei-nos corações puros, amáveis com os irmãos e testemunhas do Vosso Reino.
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai de Bondade!
à: PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro de Deus...



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

30° Domingo do Tempo Comum, XXX Domingo do Tempo Comum, Subsídios para homilias, homilias

30° Domingo do Tempo Comum B (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:
Tema: “No Caminho da Fé”. Aderindo-nos a Jesus, que é a luz, teremos a vida verdadeira.
Primeira leitura: Nos momentos difíceis de Israel, Deus sempre esteve presente.
Evangelho: Marcos nos diz: Se nos levantarmos de nosso comodismo, deixarmos nosso egoísmo e irmos a Jesus, veremos os caminhos de nossa salvação.
Segunda leitura: Jesus é o enviado do Pai como o sumo-sacerdote. Acreditando e aderindo a Jesus, construiremos o Reino e teremos a vida verdadeira
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6. PRIMEIRA LEITURA (Jr 31,7-9) Jeremias. Isto diz o Senhor: “Exultai de alegria, cantai e dizei: ‘Salva, Senhor, teu povo, o resto de Israel’. Eis que eu os trarei e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes: São uma grande multidão os que retornam. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces; eu os conduzirei por torrentes d’água, por um caminho reto onde não tropeçarão, pois tornei-me um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito”.

AMBIENTE – A mensagem poderia situar-se na primeira fase de Jeremias (reinado de Josias) e dirigir-se-ia aos israelitas do Reino do Norte que estava sob o domínio assírio. Para outros, será da época de Sedecias, entre a primeira e a segunda deportação do Povo para a Babilónia (597-586 a.C.). Jeremias começa a refletir sobre um tempo novo que Deus irá oferecer ao seu Povo uma nova Aliança.

ENSAGEM – É convite à alegria e ao louvor. Jahwéh vai reunir o seu Povo (disperso na Assíria, Na Babilónia?), vai conduzi-lo através do deserto e vai fazê-lo retornar à sua pátria. Deste Novo Êxodo farão parte "o cego e o coxo, a mulher grávida e a que deu à luz". O cego e o coxo relembram a situação de necessidade e de carência dos exilados. Na mulher grávida e na mulher que deu à luz, o profeta representa a dor e o sofrimento, mas também a fecundidade, a alegria, a esperança num futuro novo e cheio de vida.  Jahwéh apresenta-Se como um pai cheio de amor pelo seu filho/Povo. Esse amor irá traduzir-se no fim do Exílio e no regresso dos exilados à sua terra. Jahwéh vai oferecer ao seu Povo vida abundante e fecunda. Mesmo nos momentos mais dramáticos da histórica de Israel, quando o Povo parecia privado de luz e de liberdade (o "cego" e o "coxo"), Deus estava lá, preocupando-se em libertar o seu Povo e em conduzi-lo pela mão, com amor de pai, ao encontro da liberdade e da vida plena.

ATUALIZAÇÃO• Deus é atento com cuidados de pai: não estamos sozinhos frente aos sofrimentos; Deus vai ao nosso lado e, com amor de pai, cuida de nós, conduz-nos ao encontro da vida eterna e verdadeira.
• os "coxos" e os "cegos representam situação de fragilidade e que são incapazes, por si sós, de deixar essa condição. Também com esses Deus quer caminhar. Deus não marginaliza ninguém. Nós ver em cada "coxo", no "cego", velho, doente, um irmão que Deus ama e a quem quer oferecer, por nosso intermédio, a vida plena. 
• Por vezes, as dificuldades económicas, as doenças, a fome, a miséria nos faz desanimados. A Palavra de garante-nos: Deus caminha conosco pela história e, como um pai que ensina o filho a caminhar, há-de conduzir-vos pela mão ao encontro da vida verdadeira. Há um futuro para nós, pois Deus ama-nos e caminha conosco.

SALMO RESPONSORIAL / SI 125 (126)
Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!
• Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, / parecíamos sonhar; / encheu-se de sorriso nossa boca; / nossos lábios, de canções.
• Entre os gentios se dizia: “Maravilhas / fez com eles o Senhor!” / Sim, maravilhas fez conosco o Senhor; / exultemos de alegria!
• Mudai a nossa sorte, ó Senhor, / como torrentes no deserto. / Os que lançam as sementes entre lágrimas / ceifarão com alegria.
• Chorando de tristeza sairão, / espalhando suas sementes; / cantando de alegria voltarão, / carregando os seus feixes!

 10. EVANGELHO (Mc 10,46-52) Marcos. Jesus saiu com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. Quando ouviu dizer que Jesus estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda. Então Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Então Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!” Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho.

AMBIENTE - Bartimeu ("filho de Timeu"). Os "cegos" eram excluídos. A cegueira era considerada o resultado de um pecado grave. Os cegos não eram testemunhas e não entravam no Templo.

MENSAGEM - Marcos construiu uma catequese. O cego representa todos os pecadores, impuros, marginais, longe de Deus e da sua proposta de salvação.  O cego está sentado à beira do caminho, significa acomodação, conformismo. Ele está privado da luz e da liberdade e está conformado com a situação, sabendo que, por si só, é incapaz de sair dela. O pedir esmola indica escravidão e dependência.  Contudo, a passagem de Jesus dá ao cego a consciência da sua miséria. A passagem de Jesus na vida de alguém é sempre um momento de tomada de consciência, de questionamento, de desafio. Bartimeu está consciente da sua debilidade e sente que, sem a ajuda de Jesus, continuará na dependência, na escravidão. Por isso, pede: "Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim". Bartimeu vê em Jesus esse Messias libertador que havia de vir para dar vida em plenitude ao Povo de Deus. Os discípulos repreendiam o cego e queriam fazê-lo calar. Quando alguém encontra Jesus encontra sempre resistências (familiares, amigos, colegas). Jesus parou e mandou chamar o cego. Os mediadores dizem-lhe: "coragem, levanta-te que Ele chama-te". Ou seja: deixa a tua miséria, escravidão e dependência, porque Jesus chama-te. O chamamento é sempre  a tornar-se discípulo, a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida.
Em resposta, o cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. A capa é tudo o que um mendigo possui, a única coisa de que ele pode separar-se (outros deixaram o barco, as redes ou a banca onde recolhiam impostos). O deitar fora a capa significa, portanto, o deixar tudo o que se possui para ir ao encontro de Jesus. É um corte radical com o passado, a fim de começar uma vida nova ao lado de Jesus. Jesus perguntou ao cego: "que queres que te faça?". É a mesma pergunta que, pouco antes, Jesus fizera a João e Tiago (cf. Mc 10,36). A pergunta acentua, contudo, a diferença da resposta ... Os dois irmãos queriam sentar-se ao lado de Jesus e ver concretizados os seus sonhos de grandeza e de poder; o cego Bartimeu, ao contrário, cansado de estar sentado numa vida de escravidão e de cegueira, quer encontrar a luz para seguir Jesus. Jesus responde a Bartimeu: "vai, a tua fé te salvou". A fé é a adesão a Jesus e à sua proposta de salvação. Por isso, Marcos termina a sua história dizendo que o cego recuperou a vista e seguiu Jesus - isto é, fez-se discípulo. Bartimeu encontrou a salvação. Bartimeu representava os pecadores que viviam longe de Deus e à margem da salvação. Depois de encontrar Jesus, Bartimeu transforma-se e torna-se o protótipo do verdadeiro discípulo. É com Bartimeu que os discípulos de Jesus são convidados a identificar-se.

ATUALIZAÇÃO
♦ O cego é aquele que se sente a sua incapacidade em romper, por si só, as cadeias que o impedem de ser livre.
♦ Jesus tem uma proposta de libertação destinada a todos. É preciso deixar o egoísmo e a auto-suficiência com os valores efêmeros não nos distraiam do essencial …
♦ O Ser discípulo é aderir à sua pessoa, acolher os seus valores, viver na obediência aos projetos do Pai, fazer da vida um dom de amor aos irmãos; é solidarizar-se com os pequenos, os pobres, os perseguidos, os marginalizados e lutar por um mundo onde todos sejam iguais em direitos e em dignidade; é lutar contra as estruturas que geram injustiça, opressão e morte; é ser testemunha, com palavras e com gestos, da verdade, da justiça, da paz.
♦ Bartimeu atirou fora a sua capa e correu ao encontro de Jesus. O gesto representa, a renúncia ao egoísmo, ao comodismo, à escravidão.
♦ Há pessoas que nos ajudam a ir ao encontro de Cristo e pessoas que tentam impedir-nos de encontrar Cristo.
♦ Quem encontra Cristo e aceita o desafio para viver como discípulo, abandona a vida cômoda; enfrenta as críticas, incompreensões; percorre, dia a dia, o difícil caminho do amor, do serviço, do dom da vida… o discípulo está consciente de que o caminho de Jesus é a cruz, mas é um caminho que leva à ressurreição, à vida eterna.

8. SEGUNDA LEITURA (Hb 5,1-6) Carta aos Hebreus. - Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Sabe ter compaixão, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. Por isso, oferece sacrifícios tanto pelos pecados do povo, quanto pelos seus. Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão. Deste modo, também Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo sacerdote, mas foi aquele que lhe disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”. Como diz em outra passagem: “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec”

AMBIENTE- Carta aos Hebreus – uma reflexão destinada a comunidades desanimadas. O objetivo é redescobrir o entusiasmo inicial com Cristo. O autor convida a apreciar o mistério de Cristo, o sacerdote por excelência, que o Pai enviou com a missão de integrar a comunidade do Povo sacerdotal (pelo batismo). O autor apresenta Jesus como o sacerdote fiel e misericordioso que o Pai enviou para mudar os corações dos homens e para os aproximar de Deus.

MENSAGEM - há três elementos à figura do sumo sacerdote. Em primeiro lugar, ele é um escolhido de Deus:
Em segundo lugar, é um homem tomado de entre os homens: a sua fragilidade que resulta da sua humanidade, tornam-no apto para compreender os erros e os pecados dos outros homens por quem intercede.
Em terceiro, o sumo-sacerdote tem uma função mediadora: “oferecer dons e sacrifícios pelos pecados”, e trazendo o perdão de Deus. Na Carta aos Hebreus, Jesus é o sumo-sacerdote por excelência. Em primeiro lugar, porque Ele foi chamado e destinado por Deus a esta missão; o fato de ser Filho de Deus dá ao seu sacerdócio uma dignidade e uma qualidade suprema; é íntimo com o Pai. Em segundo lugar, porque Ele foi homem, também. Ele experimentou a nossa fragilidade e tornou-Se capaz de entender as nossas fraquezas. A sua intimidade com o Pai e a sua humanidade tornam-no o perfeito mediador e intercessor. Ele veio ao nosso encontro, mostrou-nos o amor do Pai, convidou-nos a eliminar o egoísmo e o pecado que nos afastavam da comunhão com Deus, chamou-nos a integrar a família de Deus e ensinou-nos o que fazer para sermos filhos de Deus.

ATUALIZAÇÃO ♦ Ao apresentar Jesus como o sumo-sacerdote, a Carta aos Hebreus convida-nos a contemplar a grandeza do amor que Deus nos dedica. incarnação e de tudo o que Ele realizou e que culmina na entrega total, na cruz. A nós resta-nos olhar para Jesus, escutá-lo, aceitar a sua proposta e segui-lo nesse caminho que irá nos a integrar a família de Deus.
♦ Jesus experimentou  a nossa fragilidade; compreende os nossos erros: junto de Deus, temos um intercessor: a solidariedade de Cristo conosco convida-nos à solidariedade com os pequenos; convida-nos a identificarmo-nos com os sofrimentos e angústias, com as alegrias e esperanças de cada homem ou mulher.
1 QUEM É O CEGO  -
2 A BEIRA DO CAMINHO
3 A PASSAGEM DE JESUS DESPERTA CONSCIÊNCIA P/ MUDANÇA –
4 SOZINHO NÃO DÁ PARA MUDAR; PEDE= JESUS, FILHO DE DAVI..
5 QUEREM FAZÊ-LO CALAR (OBSTÁCULOS) – ELE NÃO DESANIMA
6 JESUS PAROU E MANDOU CHAMAR (INTERMEDIÁRIOS; CORAGEM)
7 ATIRA A CAPA, DEU UM SALTO (MUDANÇA)
8 QUE QUERES QUE EU FAÇA? (DIFERENTE RESPOSTA)
9 “QUE EU VEJA P/ TE SEGUIR” – TUA FÉ TE SALVOU! –
10  E ELE SEGUIU JESUS. (VEIO P/ O MEIO)

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"Eu quero ver"
Nos momentos de trevas em nossa vida, a Palavra de Deus é sempre uma Luz, que ilumina a nossa caminhada na fé.
Na 1ª Leitura, Jeremias anuncia um sinal de luz  para o povo sofrido, que vivia nas trevas do exílio:  "Coxos e cegos, mulheres grávidas e que deram à luz" retornam à pátria, guiados por Deus, que cuida deles com cuidados de pai. (Jr 31,7-9)
- É um apelo à esperança e confiança em Deus.
A 2ª Leitura destaca que Jesus é o Sumo Sacerdote, mediador entre Deus e a Humanidade. (Hb 5,1-6)

No Evangelho, Jesus dá a um cego a luz da visão e da fé. (Mc 10,46-52)
O núcleo central do evangelho de Marcos, que refletimos nesse ano, é uma caminhada de Jesus para Jerusalém, onde será morto e ressuscitará. No texto de hoje, temos o último Milagre e última Catequese de Jesus, encerrando sua caminhada para Jerusalém.  

Os APÓSTOLOS estavam "cegos" e necessitavam de "Luz": aceitavam Jesus como Messias, mas não aceitavam a cruz.
- Perto de Jericó, um cego, sentado "à beira da estrada", informou-se de que Jesus estava passando e gritou por socorro: "Filho de Davi, tem piedade de mim". ("Filho de Davi": título messiânico)
- CRISTO parou e chamou-o.
- O cego jogou longe o manto e as moedas, e "saltou" ao encontro de Jesus.
- Cristo tomou a iniciativa: "O que você está querendo?"
- "Mestre, eu quero ver de novo", respondeu o cego.
- E Jesus afirmou: "Vai, a tua fé te salvou".
- E o cego, duplamente "iluminado" por Cristo, tornou-se um seguidor de Jesus no caminho a Jerusalém.

Esse episódio, mais do que uma crônica, é uma CATEQUESE BATISMAL:
   - JESUS se manifesta, passa pelo caminho do cego...
   - O CEGO não vê, mas percebe a presença do Senhor e acolhe o convite...
   - Trava-se o diálogo...
   - O cego recebe a visão da fé e segue Jesus pelo caminho até o Calvário.
+ Quem era o cego Bartimeu?
Um cego, à beira do caminho, marginalizado como tantos ainda hoje...
O encontro aconteceu "ao longo do CAMINHO". ("Caminho": cristianismo)
O cego não estava no caminho, estava à margem da religião e da vida.
No final, também Bartimeu seguiu Jesus "no caminho".
* A Cura de Bartimeu é mais do que a história de um cego...   É o caminho da FÉ, dos que querem VER e SEGUIR Jesus.
+ O que faz o cego?
- Está atento à passagem de Cristo...
- Toma consciência de sua situação e decide sair dela.
- Supera o medo, a vergonha, começa a gritar, pede ajuda:
- Não desanima diante das contrariedades, continua procurando a Luz… mesmo quando o povo manda que se cale…
- E quando Jesus o chama: dá um pulo, joga o manto para longe e corre ao encontro daquele que podia restituir a vista.
- Saiu da margem do caminho e se pôs no caminho com o Mestre.

* Joga fora o Manto, em que recolhia as esmolas...
   Para o pobre mendigo, o manto era a sua riqueza, a sua casa, o seu abrigo.
- Quais são os obstáculos que impedem tanta gente, que quer enxergar, de se aproximar mais de Cristo e de sua Igreja?
  Talvez as nossas discórdias internas, a falta de unidade dos cristãos, talvez uma falta de acolhimento, também uma linguagem complicada, talvez um chamado mais carinhoso?
* Dá um "Salto" ao encontro de Jesus:
   É um gesto significativo "pular" para um cego que "não vê"...
   Mas Bartimeu entendeu que Cristo podia curá-lo.
   Por isso, jogou o manto, deu um "Pulo" e se aproximou de Jesus.

+ Que tipos de pessoas o cego encontra?
- Uns atrapalham: tentam abafar o seu grito... mandam que se cale...
- Outros ajudam, animam: "Coragem, ele TE CHAMA..."
- Jesus ESCUTA o grito sofrido e confiante do cego, PÁRA e LIBERTA:  Da margem, Jesus o coloca no centro do caminho.  Dá a luz da VISÃO e a luz da .
+ E Nós o que podemos fazer?

 1) Descobrir as nossas cegueiras:
     Cegos são todos os que "não vêem" no seu coração as coisas importantes,  não reconhecem a presença e o amor de Deus e vivem na escuridão.
      - Quais são as nossas cegueiras, que devemos apresentar a Cristo,  para que ele nos cure e nos dê a verdadeira Luz?

2) Perseverar na Oração como Bartimeu.   - Somos pacientes e perseverantes na oração?

3) Seguir Jesus no Caminho:
   Na Igreja primitiva, "o Caminho" significava o cristianismo. Os "seguidores do Caminho" eram os cristãos.
   O cego curado seguiu Jesus pelo caminho, tornou-se um "Discípulo".   Para ser "Discípulo" precisa querer VER e decidir CAMINHAR.   Não basta a euforia do primeiro encontro.
Façamos nossa, a oração do cego: "Mestre, eu quero ver!…"

                                                Pe. Antônio Geraldo

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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Meus irmãos e irmãs, hoje a liturgia nos chama a atenção para a nossa caminhada como missionários. Nossa missão começa desde criança. Às vezes, a criança lê com dificuldade, tremendo, mas ela vai emprestar a voz para que Deus possa se comunicar. Assim, desde cedo, aprende a anunciar a fé. O profeta Jeremias é um profeta muito especial: Ele, inclusive, lamentou que falava e ninguém ouvia. Nós temos as lamentações de Jeremias, onde ele diz para Deus: O que adianta falar, eu falo e sou uma voz que ninguém ouve. Eu me lembro de várias pessoas, que estão aqui hoje, que já me falaram isto; falo tanto e ninguém me ouve. Agora, Jeremias nunca desanimou. Ele disse para o povo: vocês não estão me ouvindo? Vocês vão para o Egito e lá serão escravos novamente. E, as pessoas não “deram bola”. O rei ainda falou: parece que você não gosta do Egito! Quer saber de uma coisa? Você vai para o Egito. Você vai viver lá até o fim de tua vida. Porque eu sou amigo do Faraó e tenho certeza de ele não fará nada contra nós. Jeremias foi, não “arredou o pé”. O povo não foi para o Egito. Foi para Babilônia, porque o rei da Babilônia vendo que o faraó estava fraco, invadiu Israel e levou todo mundo embora. Chegando lá, na Babilônia, o povo disse: o que fizemos da nossa vida,  por que não ouvimos Jeremias? Aí, Jeremias disse: fica tranquilo, vocês vão passar só um tempo lá na Babilônia. Não se preocupa não! Quanto tempo? Ah, uns setenta anos. Imagina, a idade média das pessoas era de quarente, cinquenta anos! De maneira disfarçada está dizendo: vocês vão morrer lá e pronto. Mas, Deus é sempre fiel. Portanto, Deus vai conduzi-los de volta. Veja a primeira leitura. Bom, esperaram... o rei Ciro, um dia disse: todo judeu volte para casa. Aí, eles voltaram felizes da vida, cantando o salmo que nós cantamos: • Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, / parecíamos sonhar; / encheu-se de sorriso nossa boca; / nossos lábios, de canções.
• Entre os gentios se dizia: “Maravilhas / fez com eles o Senhor!” / Sim, maravilhas fez conosco o Senhor; / exultemos de alegria! – e assim por diante.
O que aprendemos disto? Às vezes, somos “cabeça dura” e acabamos indo, justamente para onde não queríamos ir. Nem por isso, somo autorizados a dizer: “Deus me castigou”. Porque não. Normalmente o que acontece conosco, é resultado do que nós escolhermos. Agora, agradando a Deus ou não, Ele sempre está disposto a estender a mão para nos conduzir pro caminho seguro. É tão bonito ver nos para-choques dos caminhões: Deus é fiel. É bonito, mas isto não é suficiente. É preciso identificar como Deus é fiel na minha, na nossa vida de comunidade. Caso contrário, eu só estou falando da boca para fora. Mas, se fosse para você contar o que Deus já realizou na sua vida, que você, de fato, não merecia, mas lhe foi concedido. Porque Deus não parte do merecimento nosso, mas parte da nossa necessidade. Quer um exemplo? Jesus insistia o tempo todo: “Meu reino não é deste mundo, Eu e o Pai somos um”.  Falou o tempo todo que Ele e Deus é a mesma pessoa. Veio um fulano e disse: Jesus, filho de Davi. Dá a impressão que ele não entendeu nada do que Jesus disse até agora. O fulano só consegue enxergar Jesus como um líder político e os outros dizem: cala a boca, você está “dando um fora”. Mas, no fundo, todos eles pensavam da mesma maneira. Lembra do Evangelho do domingo passado? Quando estiver na sua glória, um a direita e outro a sua esquerda? Então, este “fileu” está cego. Nós não vamos enxergar os cegos, estou falando de propósito, no Evangelho, como aquele que não tem a visão física, a visão dos olhos. Este cego está cego é no coração. Ele não consegue enxergar Jesus além de um ser humano, que tem lá suas qualidades, mas que no máximo é um bom líder político. Não. Jesus quer que nós compreendamos além disto. Quando é que ele conseguiu compreender isto? Quando caminhou com Jesus. O encontro com Jesus, diz o papa Bento XVI, só se dá no momento em que eu caminho com Ele. É por isso, que nós, que já nos encontramos com Jesus, somos chamados a ensinar os outros a caminhar. Mas, quem é Jesus? A carta aos Hebreus vai nos ensinar: Jesus é o sumo sacerdote, mas não conforme Aarão. Aarão era um sacerdote muito respeitado, mas era do templo de Jerusalém. Ele é segunda a ordem de Melquisedeque. Melquisedeque é um nome muito bonito, apesar de eu só conhecer duas pessoas com este nome até hoje; Melquisedeque. Melquisedeque significa rei da justiça. Significa rei da paz. Ele é o sacerdote que nos traz a justiça e a paz. “Justiça e paz se abraçarão”. Ele, Melquisedeque, não tem começo nem fim. Não tem genealogia de Melquisedeque. Do mesmo jeito que Ele aparece, assim, na bíblia, aparece do nada, não sabemos quem é o pai, quem é a mãe, ele some também. O que significa que Melquisedeque é eterno. Porque quem não nasceu e não morreu, mas existe, é porque é eterno. Então, Jesus é Sumo Sacerdote porque é eterno. Junto com o Espírito, nos ajuda a construirmos a justiça e a paz. Este é o Deus que nós cremos. Este é o Jesus, ao qual somos convidados a caminhar com Ele. Aquele fulano, Bartimeu, que significa filho de Timeu, estava sentado. Com certeza, na calçada, porque Jesus estava caminhando pela rua. Eu pergunto às crianças da catequese: o que é que ele fez para ficar em pé? Porque o pessoal diz: levante, coragem, ele te chama. O que ele fez para ficar em pé? Está aí no Evangelho de hoje. – deu um pulo. Antes disso ele fez alguma coisa. – jogou o manto. – jogou o manto, outros dizem capa. O que significa isso? Hoje uma senhora me disse: eu não tenho tempo de ir na igreja, porque faço isso, isso, isso... agora, se precisar, os meus netos podem ir para tocar e ajudar a cantar. Como os netos podem vir se a vó não vem? Ah, não. Eles não têm nada a ver comigo. Então, fala para eles virem, precisando ou não. Ah, mas agora eles estão na faculdade. Tem que esperar eles terminarem o curso. – eu compreendo, mas não aceito. Ou você joga o que te impede de caminhar com Jesus, ou você vai ficar sentado a beira do caminho se lamentando a vida inteira. Porque vai dizer: quando eu me aposentar, quando não sei o que, sabe que hora vai se lembrar de Jesus? Quando estiver enfermo, numa cama. Quando não der pra fazer mais nada é que vai se lembrar de Jesus. Quem quiser caminhar com Jesus, tem que jogar fora tudo o que atrapalha, o que nos impede. Tudo. Aquele fulano jogou a capa, ficou em pé e saiu caminhando em direção de Jesus. É para abandonar escola, trabalho, para ir com Jesus? Não, mas você deve levar Jesus aonde você está. Para levar Jesus aonde eu estou, eu preciso me abastecer de Jesus. Agora, se eu não consigo partilhar uma hora com Jesus, que é o nosso encontro Eucarístico, como é que eu vou falar de Jesus para os outros? Aonde está o meu exemplo? Aonde está a minha parcela na responsabilidade missionária? É evidente que não estou julgando, mas estou ilustrando como há um desejo grande de encontrar-se com Jesus, mas há uma resistência profunda, porque estamos amarrados em muitas coisas. Que Deus nos ajude e nos liberte para podermos caminhar. E, caminhando, fazer esta experiência do ressuscitado.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO – Diocese de Santo André, SP


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Homilia de D. Henrique Soares

Primeira leitura. Muitas vezes o povo de Deus experimentou a escravidão, o exílio e a opressão. Muitas vezes Israel viu-se na escuridão. em 722 aC, os assírios varreram do mapa o reino do Norte, Israel e, em 597 e 587 aC, os israelitas do Reino de Judá foram levados para o exílio em Babilônia. A história do povo de Deus é uma história de dor e de angústia! Pois é no meio de tal angústia e escuridão que o Profeta fala hoje e diz palavras de esperança, de ânimo e de alegria: “Exultai de alegria, aclamai a primeira entre as nações! Eis que os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra”. No meio da desgraça, Deus consola o seu povo: irá salvá-lo, reuni-lo, fazê-lo reviver. Mas, quem é esse povo? Quem somos nós, povo de Deus? “Entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces, eu os conduzirei por torrentes d’água por um caminho reto onde não tropeçarão… tornei-me um pai para Israel e Efraim é o meu primogênito”. O Israel que vai experimentar a salvação de Deus é um povo pobre, capenga, humilde… um povo que não conta nada aos olhos do mundo! Como não recordar as palavras de São Paulo aos coríntios? “Vede quem sois, irmãos, vós que recebestes o chamado de Deus; não há entre vós muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de família prestigiosa. Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e, o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte; e o que no mundo é vil e desprezado, o que não é, Deus escolheu para reduzir a nada o que é” (1Cor 1,26-28).
Quando pensamos na nossa civilização atual, nos nossos valores, exaltando a eficiência, a riqueza, o conforto, o bem-estar, o vigor e forma física, a saúde… Como os critérios de Deus são diferentes! Israel é imagem da Igreja e é imagem de cada um de nós, membro do povo de Deus da nova Aliança. À medida que descobrirmos nossas pobrezas pessoais e eclesiais, podemos também ter certeza que o Senhor não nos abandona: ele nos chama, ele nos reúne, ele nos salva: “Entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes”, gente fraca, gente sem força, gente incapaz de se defender… Mas, Deus é nossa defesa: defesa da Igreja, defesa de cada um de nós! Se caminharmos, muitas vezes, chorando, semeando com lágrimas o caminho de nosso seguimento de Cristo, haveremos de voltar cantando, na força e na graça do Senhor: “Mudai a nossa sorte, ó Senhor, como torrentes no deserto. Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria. Chorando de tristeza sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes”. Somente pode experimentar isso aqueles que sabem e experimentam que são pobres diante de Deus, aqueles que sentem sua própria fraqueza! Esta é a experiência que o cristão deve fazer sempre na sua vida, seja pessoalmente, seja como Igreja! Somos pobres, mas Deus é nossa riqueza; somos fracos, mas Deus é nossa força!
O Evangelho de hoje, que mostra essa experiência cristã de ser salvo por Deus em Jesus Cristo. Jesus já está perto de Jerusalém, onde morrerá. Uma multidão o acompanha: À beira do caminho, havia um cego mendigo… Ele era ninguém, nem nome tinha… Marcos só diz que era o “bar-Timeu”, o filho de Timeu… Cego, incapaz de caminhar sozinho, esmolando, sentado à margem do caminho e da vida. Este cego é a humanidade; este cego é cada um de nós! Mas, ele ouve o rumor e quando ouviu dizer que Jesus estava passando, não perde tempo; é a chance de sua vida! Ele grita alto: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” Repreendem o cego, mas ele grita com voz mais forte! Ele sabe que é a chance da sua vida. O grito do cego é já um grito de fé. Chamando Jesus “filho de Davi”, o Bartimeu está dizendo que crê que Jesus é o messias: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” Repreendem o cego… como o mundo quer nos repreender, quer nos impedir e ridicularizar quando nos reconhecemos cegos, pobres e coxos e gritamos por Jesus: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” Mas o cego insiste; grita mais alto ainda! Então, apesar da distância, apesar da multidão, Jesus escuta o clamor do cego! Como não recordar, comovidos, as palavras do salmo 129? “Das profundezas eu clamo a vós, Senhor; escutai a minha súplica!” Ninguém grita pelo Senhor do fundo da sua miséria e fica sem ser ouvido! “Então, Jesus parou e disse: ‘Chamai-o’. O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus”. Cego esperto, esse: não perde tempo, dá um pulo, deixa tudo, desembaraça-se do manto e corre para Jesus! Ele segue o conselho do Autor da Carta aos Hebreus: “Também nós, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos pra Jesus”.
E Jesus? Que delicadeza! Não vai logo curando, como esses curadores de televisão! O Senhor deseja encontrar as pessoas, ouvi-las, com todo respeito: “O que queres que eu te faça?” O pedido do cego é comovente; é o nosso pedido: “’Mestre, que eu veja!’ Jesus disse: ‘Vai, a tua fé te curou’”. Este deve ser o nosso pedido, mas, para isso é necessário ter a humildade de se reconhecer cego, pobre, necessitado! “Senhor, eu sou o cego do caminho! Cura-me, eu te quero ver!”
O cego foi curado… “e seguia Jesus pelo caminho”. Curado, iluminado por Jesus, agora seguia Jesus como discípulo, caminhando com ele para Jerusalém, para com ele morrer e com ele ressuscitar. Esta é a nossa vocação, este deve ser o nosso itinerário, a nossa experiência de fé!

Tu somente és nossa força! Salva-nos, Senhor! Reúne-nos, Senhor! Ilumina-nos, Senhor! Dá-nos a graça de reconhecer que somente na tua luz poderemos ver a luz!
O mundo chama luz, sabedoria e esperteza a coisas que são inaceitáveis aos teus olhos! Senhor, abre nossos olhos para caminharmos na tua luz até a cruz, até a ressurreição, até à vida. Senhor, arranca-nos da nossa cegueira. Amém”.

D. Henrique Soares

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MOMENTO DE LOUVOR: (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):




LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)                                      Mc 10, 46-52
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, por Jesus e em Jesus,  NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, sois a nossa proteção e a nossa esperança.
à Ó Deus de bondade, Sois amor e misericórdia. Bendito sejais para sempre. Vos agradecemos pela vida e por tudo que nos concedeis.
T: Senhor, sois a nossa proteção e a nossa esperança.
à Se olharmos a história, poderemos ver que sempre estais atento em socorrer o vosso povo em suas necessidades e sofrimentos. Senhor, somos o vosso povo e sois o nosso Deus.
T: Senhor, sois a nossa proteção e a nossa esperança.
à Muitas vezes somos cegos aos vossos ensinamentos e desanimados nos sentamos a beira do caminho. Ouvindo a Palavra de Jesus, vosso filho, nós também clamamos a vossa luz para nos guiar rumo ao vosso Reino.
T: Senhor, sois a nossa proteção e a nossa esperança.
à Vós enviastes vosso Filho para nos ensinar a fazer a vossa vontade. Jesus nos enviou pelo nosso batismo para que vossa Palavra chegue a todos os povos. Pai, Vinde sempre em nosso auxílio.
T: Senhor, sois a nossa proteção e a nossa esperança.

: Pai nosso...  A Paz...  Eis o cordeiro de Deus...