sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

4º DOMINGO DO Tempo COMUM, subsídios homiléticos, homilias

4º DOMINGO DO T. COMUM ANO C 2016 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:
TEMA: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura.” O profeta sofre, mas tem paz e esperança.
Primeira leitura: Jeremias encara dificuldades, mas não desiste de sua missão.
Evangelho: Jesus é desprezado pelos habitantes de Nazaré.
Segunda leitura: O amor desinteressado e gratuito como a essência da vida cristã.

LEITURA I – Jer 1,4-5.17-19 [ ]«Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi;  [ ] e te constituí profeta entre as nações. [ ] Eles combaterão contra ti, mas não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te salvar».

AMBIENTE - Jeremias 626 a.C. até depois da queda de Jerusalém aos Babilônios (586 a.C.). reis multiplicaram altares aos deuses. Josias (640-609 a.C.): rei bom.

MENSAGEM - A vocação profética é um desígnio divino: foi Deus que escolheu, consagrou e constituiu como profeta, confiou uma missão que tem um alcance universal. Tudo é escolha, iniciativa de Deus e não escolha do homem. 
Ele deve ir “dizer o que o Senhor ordenar”, enfrentando os grandes da terra, armado apenas com a força de Deus. É o “caminho profético”; sofrimento, risco, solidão, conflito com todos os que se opõem à proposta de Deus. Jeremias denunciou, criticou, e os amigos marginalizaram-no,.

ATUALIZAÇÃO   ♦No Batismo, fomos ungidos como profetas, à imagem de Cristo.
♦O profeta vive de olhos postos em Deus e no mundo. Ele intervém, denuncia e anuncia.
♦A denúncia implica a perseguição, sofrimento, marginalização (O. Romero, L. King, Gandh

EVANGELHO – Lc 4,21-30 -  Jesus na sinagoga Nazaré: «Cumpriu-se a Escritura»: «Não é este o filho de José?»: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Muitas viúvas e Elias foi enviado a uma viúva de Sarepta. Havia muitos leprosos e Eliseu curou apenas o sírio Naamã». Levantaram-se, expulsaram Jesus e levaram-no até a colina para O precipitarem dali abaixo.
AMBIENTE - A reação dos habitantes de Nazaré à ação e às palavras de Jesus.
MENSAGEM - Lucas enuncia o programa que o Messias vai cumprir; libertação aos pobres, marginalizados e oprimidos. Os “seus” rejeitarão a proposta e tentarão eliminá-lo; e a evangelização segue o seu caminho, até atingir os dispostos a acolher a salvação/libertação. Lucas anuncia o caminho da Igreja: consciência de que, em continuidade com o caminho de Jesus, a missão é levar a Boa Nova – como Elias ou como Eliseu fez.

ATUALIZAÇÃO  ♦“Nenhum profeta é bem recebido na sua terra”.
♦ Profeta”: incompreensão, críticas, solidão, mas Deus chama à fidelidade da Palavra e está com ele.

LEITURA II – 1 Cor 12,31-13,13 Aspirai aos dons mais elevados.  [ ]Ainda que eu fale as línguas dos anjos, tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu possua a plenitude da fé e transporte montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Ainda que distribua todos os meus bens se não tiver caridade, de nada me aproveita. A caridade é paciente, benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse; [ ]; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.  [ ] Agora permanecem: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior é a caridade.

AMBIENTE: Paulo diz que só há um carisma absoluto: o amor.
MENSAGEM:  Paulo fala do amor (“ágape”): não é amor egoísta, mas gratuito, desinteressado, que se preocupa com o outro, sem esperar nada em troca. Sem amor, a fé, a ciência, a profecia, esmolas, são vazias.

ATUALIZAÇÃO –  ♦ O amor  desinteressado  é que leva a procurar o bem do outro.

- Crer não é fácil… sobretudo quando Deus nos visita de modo humildade. Santo de casa não faz milagre! Discernir a Palavra e o apelo do Senhor naqueles que nos são enviados e convivem conosco!
- A falta de fé fez os nazarenos expulsarem o Messias.
- Quem salva não é a fé, mas o amor que dá vida e sabor à fé! E o amor pode ser visto na paciência, na benignidade, na generosidade, na humildade, na gratuidade, na mansidão, na retidão, na verdade…
- Paulo recorda: Quem não ama é imaturo na fé, é criança que pensa e age como criança! Só o amor nos amadurece, só o amor nos faz ver os outros e a vida com os olhos de Deus

- Palavra de Deus hoje:
(1) uma fé, a capacidade de acolher o Senhor, de tal modo que reconheçamos que ele vem a nós na palavra e no testemunho de tantos irmãos que conosco convivem;
(2) uma fé capaz de suportar com paciência e alegria a missão que Deus nos confiou e
(3) uma fé capaz de desabrochar em amor aos irmãos; amor provado e revelado em atitudes concretas.
- Como você imagina o imagina um profeta hoje?: Cada cristão, pelo batismo, é sacerdote, profeta e rei!
- O Apóstolo não fala de um amor-sentimento, amor-simpatia, amor-amizade, mas do amor-caridade, o amor de Deus, amor que é capaz de dar a vida... Amor como aquele do Cristo que nos amou! Quem salva não é a fé, mas o amor que dá vida e sabor à fé!

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4º DOMINGO DO T. COMUM

Tema: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura.” O convida a refletir sobre o “caminho do profeta”:
Primeira leitura: Jeremias encara dificuldades, mas não desiste de sua missão.
Evangelho: Jesus é desprezado pelos habitantes de Nazaré.
Segunda leitura: Fala do amor desinteressado e gratuito como a essência da vida cristã.

6. PRIMEIRA LEITURA (Jr 1,4-5.17-19) Leitura do Livro do Profeta Jeremias.
Nos dias de Josias, rei de Judá, foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações. Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo o que eu te mandar dizer: não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles. Com efeito, eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze contra todo o mundo, frente aos reis de Judá e seus príncipes, aos sacerdotes e ao povo da terra; eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te”, diz o Senhor.

AMBIENTE - Jeremias começa atuar em 626 a.C. até depois da queda de Jerusalém aos Babilônios (586 a.C.). Em Judá reis multiplicaram altares aos deuses estrangeiros. Na época em que Jeremias começa o seu ministério profético, o rei de Judá é Josias (640-609 a.C.): trata-se de um rei bom, que procura eliminar o culto aos deuses estrangeiros.

MENSAGEM - trata-se de uma reflexão e de uma catequese sobre a “vocação”. A vocação profética, na perspectiva de Jeremias, é um encontro com Deus e com a sua Palavra (“a Palavra do Senhor foi-me dirigida…”). a vocação é um desígnio divino: foi Deus que escolheu, consagrou e constituiu como profeta. Deus “constituiu” o profeta “para as nações” significa que Deus lhe confiou uma missão, missão que tem um alcance universal. Tudo é escolha, iniciativa de Deus e não escolha do homem. 
Ele deve ir “dizer o que o Senhor ordenar”, enfrentando os grandes da terra, armado apenas com a força de Deus. É a definição do “caminho profético”, percorrido no sofrimento, no risco, na solidão, no conflito com todos os que se opõem à proposta de Deus. Jeremias denunciou, criticou, demoliu e destruiu, edificou e plantou. Não teve muito êxito: a família, os amigos, o povo, as autoridades, os sacerdotes, marginalizaram-no, perseguiram-no e maltrataram-no. Jeremias nunca renunciou a missão. 

ATUALIZAÇÃO No Batismo, fomos ungidos como profetas, à imagem de Cristo. Temos a noção de que somos a “boca” através da qual a Palavra de Deus se dirige aos homens?
O profeta é o homem que vive de olhos postos em Deus e de olhos postos no mundo. Ele intervém, em nome de Deus, para denunciar, para avisar, para corrigir.
♦A denúncia profética implica a perseguição, o sofrimento, a marginalização e, a própria morte (Óscar Romero, Luther King, Gandhi…).

7. SALMO RESPONSORIAL / 70 (71)
Minha boca anunciará todos os dias vossas graças incontáveis, ó Senhor.
Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: / que eu não seja envergonhado para sempre! /
Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! / Escutai a minha voz, vinde salvar-me!
Sede uma rocha protetora para mim, / um abrigo bem seguro que me salve! /
Porque sois a minha força e meu amparo, / o meu refúgio, proteção e segurança!/
Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.
Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, / em vós confio desde a minha juventude! /
Sois meu apoio desde antes que eu nascesse; / desde o seio maternal, o meu amparo.
Minha boca anunciará todos os dias / vossa justiça e vossas graças incontáveis. /
Vós me ensinastes desde a minha juventude, / e até hoje canto as vossas maravilhas.

10. EVANGELHO
(Lc 4,21-30) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, estando Jesus na sinagoga, começou a dizer: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?” Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”. E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. Levantaram-se e o expulsaram
da cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho. Palavra da Salvação.

AMBIENTE - Jesus Leu uma citação de Is 61,1-2 e “atualizou-o”, aplicando o que o profeta dizia, a Si próprio e à sua missão: “cumpriu-se hoje mesmo este trecho da Escritura que acabais de ouvir”. O Evangelho de hoje apresenta a reação dos habitantes de Nazaré à ação e às palavras de Jesus.

MENSAGEM - Lucas quer enunciar o programa que o Messias vai cumprir. O programa de Jesus é uma proposta de libertação aos pobres, marginalizados e oprimidos. Esse “caminho” não vai ser entendido, pois estão interessados num Messias milagreiro e espetacular. Os “seus” rejeitarão a proposta de Jesus e tentarão eliminá-lO (anúncio da morte na cruz); mas a liberdade de Jesus vence os inimigos (alusão à ressurreição) e a evangelização segue o seu caminho (“passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho”), até atingir  os que estão verdadeiramente dispostos a acolher a salvação/libertação (alusão a Elias e Eliseu que se dirigiram aos pagãos porque o seu próprio povo não estava disponível para escutar a Palavra de Deus). Neste texto Lucas anuncia o caminho da Igreja: a comunidade crente toma consciência de que, em continuidade com o caminho de Jesus, a sua missão é levar a Boa Nova aos pobres e marginalizados – como Elias fez com uma viúva de Sarepta ou como Eliseu fez com um leproso sírio. Se percorrer esse caminho, a Igreja viverá na fidelidade a Cristo.

O profeta tem o dom de falar a palavra certa, na hora certa, para a pessoa certa e do jeito certo. Ele fala aquilo que os ouvintes precisam ouvir, não o que querem ouvir. E é claro, quando se toca na ferida, dói. Diante do profeta, nós temos dois caminhos: Ou acolher a sua mensagem e mudar de vida, ou atacá-lo. Isso explica muitas críticas ao Papa, a bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e líderes cristãos. O profeta fala direto, sem perseguir ninguém, sem ódio, mas também sem camuflar a verdade. Ele denuncia com clareza as situações contrárias ao plano de Deus. Ele não se preocupa em agradar os ouvintes mas em levá-los à conversão, cujo primeiro passo é o reconhecimento do erro.

É mais fácil destruir o mensageiro do que acolher a mensagem. Os pecadores costumam atacar os profetas de Deus e ir procurar “profetas” que falem conforme o seu gosto, ou procura outra “Igreja” que aceita a sua vida errada. Há muitos modos de perseguir um profeta: Exagerando os seus pontos fracos, torcendo a sua mensagem...
Não conseguiram jogar Jesus no precipício. Deus protege os seus profetas. Tudo concorre para o bem daqueles que estão com Deus. Queriam matá-lo. Mas, passando pelo meio deles, Jesus continuou seu caminho. Nós recebemos no batismo, e principalmente na crisma, a missão de profetas. A sociedade está precisando de profetas, pois vive “tapando o sol com a peneira” em muitos pontos.

• Como na primeira leitura, o Evangelho propõe-nos uma reflexão sobre o “caminho do profeta”: é um caminho onde se lida, permanentemente, com a incompreensão, com a solidão, com o risco… É, no entanto, um caminho que Deus nos chama a percorrer, na fidelidade à sua Palavra. Temos a coragem de seguir este caminho? As “bocas” dos outros, as críticas que magoam, a solidão e o abandono, alguma vez nos impediram de cumprir a missão que o nosso Deus nos confiou?

ATUALIZAÇÃO “Nenhum profeta é bem recebido na sua terra”. Os habitantes de Nazaré julgam conhecer Jesus, mas não perceberam a profundidade do seu mistério.
♦“Faz também aqui na terra o que ouvimos dizer que fizestes em Cafarnaum”. Esta é a atitude de quem procura Jesus para ver o seu espetáculo ou para resolver os seus problemas pessoais. Esperamos espetáculo em nosso favor, ou o Deus que em Jesus nos apresenta uma proposta séria de salvação?
♦o “caminho do profeta”: é um caminho onde se lida com a incompreensão. É um caminho que Deus nos chama a percorrer, na fidelidade à sua Palavra. As críticas, a solidão, alguma vez nos impediram de cumprir a missão que o nosso Deus nos confiou?

8. SEGUNDA LEITURA (1Cor 12,31–13,13) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, aspirai aos dons mais elevados. Eu vou ainda mostrar-vos um caminho incomparavelmente superior. Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse caridade, eu seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine. Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, mas se não tivesse caridade, eu não seria nada. Se eu gastasse todos os meus bens para sustento dos pobres, se entregasse o meu corpo às chamas, mas não tivesse caridade, isso de nada me serviria. A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade. Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo. A caridade não acabará nunca. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá. Com efeito, o nosso conhecimento é limitado e a nossa profecia é imperfeita. Mas, quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança. Agora nós vemos num espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face. Agora, conheço apenas de modo imperfeito, mas, então, conhecerei como sou conhecido. Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade.

AMBIENTE: Há quem chame a este texto o “hino ao amor”. A verdade é que Paulo quer aqui dizer, sem meias palavras e de forma clara que só há um carisma absoluto: o amor.

MENSAGEM - O amor de que Paulo fala aqui é o amor (em grego, “ágape”) tal como ele é entendido pelos cristãos: não é o amor egoísta, que procura o próprio bem, mas o amor gratuito, desinteressado, sincero, fraterno, que se preocupa com o outro, que sofre pelo outro, que procura o bem do outro sem esperar nada em troca. Paulo sustenta que, sem amor, até as melhores coisas (a fé, a ciência, a profecia, a distribuição de esmolas pelos pobres) são vazias e sem sentido. Só o amor dá sentido a toda a vida e a toda a experiência cristã.
O amor é a fonte e a origem de todos os bens e qualidades. Paulo enumera quinze características ou qualidades do verdadeiro amor: sete positivas e as outras oito negativas; [
A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade. Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo.] mas todas elas se referem a coisas simples e quotidianas, que vivemos a todo os instante, a fim de que ninguém pense que este “amor” é algo que só diz respeito aos santos, aos sábios. Este amor – diz Paulo – não desaparecerá nunca. Ele é a única coisa perfeita; por isso permanecerá sempre. Fica, assim, confirmada a superioridade do amor frente a qualquer outro carisma.

ATUALIZAÇÃO
♦O amor cristão é o amor desinteressado que leva a procurar o bem do outro.
• Desse amor partilhado nasce a comunidade de irmãos a que chamamos Igreja. O amor que une os vários membros da nossa comunidade cristã é esse amor generoso e desinteressado de que Paulo fala? Quando a comunidade cristã é palco de lutas de interesses, de ciúmes, de rivalidades egoístas, que testemunho de amor está a dar?

Fonte: Dehonianos
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O Fracasso

No Domingo passado, vimos a importância da Palavra de Deus na vida do Povo.
E Deus precisa de gente, que proclame a sua Palavra.
São os PROFETAS.

As Leituras de hoje falam de DOIS PROFETAS,   que enfrentaram a rejeição e o desprezo, por serem fiéis à sua Missão...

Na 1a Leitura, JEREMIAS é chamado a ser Profeta das Nações. (Jr 1,4-5.17-19)

- Jeremias tentou recusar: "Eu não sei falar... sou apenas uma criança..."
- Deus não desiste: "Antes de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações.Não tenhas medo, não conseguirão te vencer, estarei contigo para te livrar".

Deus escolheu Jeremias para profeta e ele foi um exemplo de disponibilidade à Palavra de Deus. Sua fidelidade provocou muito sofrimento. Um aparente fracasso.
É o que ele revela em suas "lamentações". Mas Deus nunca o abandonou.

Na 2ª Leitura, Paulo afirma que a Caridade é a profecia permanente.

É o "Hino do Amor". Só o amor dá sentido à vida e à experiência cristã...
Sem amor até as melhores coisas ficam sem sentido. (1Cor 12,31-13,13)

* O Profeta deve deixar-se guiar pelo Amor e nunca pelo próprio interesse.
Só consegue ser um verdadeiro profeta, quem tiver uma profunda experiência do amor de Deus.

O Evangelho apresenta em Nazaré o Profeta JESUS, rejeitado pelos conterrâneos e até pelos próprios parentes. "Nenhum profeta é bem recebido na sua terra". (Lc 4,21-30)

+ Por que é rejeitado?

- Porque o conhecem muito bem: ''É o Filho de José".
  Mas esse conhecimento superficial não os levou a uma adesão a Jesus.
* E o nosso conhecimento de Jesus nos leva a acolhê-lo e VIVER com alegria e entusiasmo a sua mensagem?

- Porque não realiza milagres na sua cidade...
  "Faz também aqui, o que fizestes em Cafarnaum"!
  É a atitude de quem procura Jesus para ver espetáculo, ou para resolver problemas pessoais.

* Qual é o Deus que procuramos?
   O Deus dos milagres ou o Deus com uma proposta de salvação?

Diante dessa incredulidade, Jesus recorda Elias e Eliseu, que realizaram prodígios entre estrangeiros que acreditaram neles.

- A Reação é rápida e violenta: rejeitam Jesus e tentam matá-lo, jogando-o num precipício...
- Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho...

Quem são os Profetas?
A palavra "profeta" está em moda. Aplica-se à Igreja, ao cristão, às pessoas que se destacam por sua vida e mensagem, mesmo em âmbito político.
O verdadeiro profeta é a consciência crítica de um povo, uma consciência crítica não em nome de um sistema ou de uma ideologia, mas em nome da Palavra de Deus.
E por ser fiel a Deus e ao Povo, o Profeta nunca é um personagem aplaudido e elogiado pelas multidões.

O "Caminho do Profeta" é sempre um caminho de incompreensão, de sofrimento, de solidão, de risco...
É o que Jeremias revela em suas "Lamentações".
Foi o que também aconteceu com Jesus na própria terra...
Mas é também um caminho de paz e de esperança, porque pode contar com a graça divina que o preveniu e o acompanhará em todas as situações.

- Quem são profetas, hoje?
Os "profetas" não são apenas pessoas do passado.
No Batismo, nós fomos ungidos como profetas, à imagem de Cristo.
O profeta vive atento ao sonho de Deus e à realidade dos homens, e intervém, em nome de Deus, para denunciar, para avisar e para corrigir. 


* Estamos convencidos de que somos a "boca" através da qual a Palavra de Deus se dirige aos homens?
 - Temos coragem de nos envolver pela palavra do Senhor e pelo seu projeto?
    Ou temos medo de denunciar situações e atitudes contrárias ao Evangelho?
 - As críticas, a solidão e o abandono, nos impediram às vezes de cumprir a missão que Deus nos confiou?

+ Como acolhemos os profetas, de hoje?
   Como os habitantes de Nazaré?
   - Estamos convencidos, de que os santos de casa também podem fazer milagres,      quando encontrarem pessoas que acreditem neles?

Renovemos agora nossa fé, não apenas em DEUS, mas também nas PESSOAS, que convivem conosco... Assim, teremos a certeza de que também os santos de casa acabarão fazendo seus milagres...

                             Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho
As leituras de hoje são um convite a contemplarmos o sentido da vida. O próprio profeta Jeremias nos faz este convite: “Nos dias de Josias, rei de Judá, foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações”. Para nós, que olhamos Jeremias e também vemos Jesus, Jesus é outro, humanamente falando, que foi enviado por Deus para cumprir a missão. O próprio anjo anuncia a Maria e a partir do seu sim, que Jesus é gerado e depois apresentado à humanidade e depois salva a humanidade. Jeremias e Jesus são exemplos que ajudam a cada um de nós a compreendermos: nós não viemos ao mundo por acidente ou por acaso. Deus nos escolheu, desde o ventre materno. E como diz o próprio Salmo: “sois o meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal, sois o meu amparo”. Ele não somente nos escolhe, como nos ampara. Para que? Para realizarmos uma missão. Qual é a missão que Deus nos confia? Ele ama e quer cuidar de cada um. O Salmo fala isto o tempo todo. Nem adiantaria comentar o Salmo, porque tiraria o brilho que ele traz por si mesmo: Deus cuida de cada ser humano, mas Ele quer contar com a nossa colaboração, para que este cuidado e este amor, seja experimentado por todas as pessoas. Coincidente ou não, são tantas as pastorais que procuram levar vida plena para todos: desenvolvemos a pastoral do trabalho, que procura encaixar pessoas desempregadas no serviço, o amor exigente, que procura libertar as pessoas da dependência química, a promoção social, que procura amenizar a fome dos necessitados, farmácia, para quem não tem recurso financeiro e precisa de remédios, trabalhos manuais, assim como o serviço da escuta, espeço para quem não tem com quem conversar, possa vir conversar, desabafar, defesa da vida, para que não se faça o aborto, conselho econômico, já que o dinheiro da paróquia deve servir para a evangelização. Veja que temos, aqui na paróquia, muitos trabalhos, mas São Paulo vai chamar a atenção: “Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse caridade, eu seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine”. Ora, o que é caridade? Palavra sinônimo de amor. Só que, na língua portuguesa, a palavra amor é uma palavra muito desgastada. Mas, na realidade, existe o amor entre amigos, amor do casal e o amor de Deus. Não que um seja mais importante que o outro, mas o que Deus espera que possamos transmitir o amor de Deus para o outro. Tanto o amor de amizade quanto do amor de um casal exige reciprocidade. O amor de Deus não. Se eu te amo e você não reconhecer, não tem problema. Por que? Porque o amor de Deus, ele ama sem esperar algo em troca. Aí, Ele nos convida, através do nosso trabalho, a apresentar este amor.
Portanto, meus irmãos e irmãs, nós temos esta missão. Jesus, quando está na cruz, Ele diz: “Tudo está consumado”. Aí, Ele entrega o seu espírito a Deus. É assim que está no Evangelho. O que significa, que, nós morremos, no momento que completamos nossa missão. A morte é um mistério. Eu sempre digo, que não se deve associar enfermidade, idade e morte. São três coisas, que uma não depende da outra. A prova disso são os jovens que morreram em Santa Maria, cheios de vida, jovens, certamente não tinham enfermidades sérias e morreram. A morte é um mistério, mas da morte podemos aprender lições muito importantes: veja Jesus hoje. No Evangelho diz: “hoje se cumpriu a Escritura, que acabastes de ouvir”. “Eu vim para por em prática toda Escritura”. Ele acaba concluindo sua missão na morte. Ora, Jesus, com sua morte, resgata a vida de toda humanidade e garante para todos, de fato, vida eterna. Será muito difícil explicar a morte destes jovens, mas podemos daí, tirar lições importantes. Uma delas: não vimos nenhuma mãe ou pai dizendo: graças a Deus meu filho morreu. Todos lamentaram as mortes dos jovens. Não vi, mesmo pessoas que não eram parentes dizer: graças a Deus eles morreram. Todos lamentaram. Agente olhando as cenas, as lágrimas vêm aos olhos. O que significa? O que os pais não dariam para terem seus filhos vivos? Que isto sirva para quem apóia o aborto, porque só mudou a data da morte. Que isto sirva para quem acha que o aborto é uma solução. Então, estes jovens não morreram em vão, mas nos ajuda a perceber, que quem tem chance de nascer, é amado. Agora, se eu não dou chance para a pessoa nascer, como ela pode, depois, transmitir aos genitores o amor? Isto  para nossa reflexão. Poderemos pensar: “depois que o ladrão rouba, colocamos a tranca”. Quer dizer; estes jovens não podem ter morrido em vão, que não seja o ímpeto do momento, esta preocupação com segurança, porque no Brasil tudo vai pelo jeitinho e pelo provisório, que depois acaba no permanente. Não. A nossa acultura precisa ser mudada. Ora, mas eles precisavam morrer? Não. Nem Jesus precisava morrer, mas é através da morte que aprendemos grandes lições. Então, o que fazer? Hoje é um grande convite para renovar  a nossa disposição, a exemplo de Jeremias e de tantos outros, de ser um sinal do amor de Deus para o mundo. Ah, mas é tão difícil. Jeremias também se lamentou muito. Tem até um livro; o livro de Jeremias. Entretanto, ele cumpriu a sua missão. Mesmo com dificuldade mesmo, se pudéssemos cumprir a nossa, estaríamos cumprindo a expectativa de Deus. E, Ele vai nos amparar. Nem Jeremias, nem Jesus e certamente nenhum desses jovens se decepcionaram com Jesus. Por que? Porque Ele é o Deus feito homem e é promessa de Deus atender a todos que colocam sua esperança nele. Ora, Jesus na cruz disse: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes”? Será, que Jesus confiou em Deus até o fim? Claro, que sim, porque se nós olharmos o Salmo que Jesus está dizendo, só vem esta “partezinha”, porque as pessoas, na época em que foram escritos os Evangelhos, eles já sabiam os salmos de cor. Então, indicando a primeira frase, eles sabiam o restante. Se nós não estamos lembrados, é bom lembrarmos: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes” e aí, o salmo continua: “ mas vós jamais abandonais quem coloca em tu as suas esperanças. Estão, como leões, ao redor de mim para devorar-me, mas jamais permitirás que se quebre sequer um osso, porque sou teu filho, teu amado”. Todo um salmo de confiança. Nem Jesus se decepcionou, nem Jeremias se decepcionou, nem estes jovens que morreram. Por que? Porque quem deposita sua confiança e cumpre a sua missão, Deus os resgata para a vida e vida eterna.
Que Deus nos ajude a confiar em sua Palavra e que cumpramos a nossa missão.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO


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HOMILIA DE D. HENRIQUE SOARES:

Se procurarmos uma idéia que dê unidade as leituras da Missa de hoje, encontraremos a fé. Comecemos pelo Evangelho. Após ler o trecho do rolo de Isaías, “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor me ungiu… para levar a Boa Nova aos pobres e proclamar o Ano da graça do Senhor”, Jesus afirma, cheio de autoridade: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. É uma afirmação ousada. Somente quando o Messias viesse tal Escritura seria cumprida. Jesus, portanto, apresenta-se como o Messias. E o encanto de seu ensinamento dá testemunho de que ele é verdadeiro… Mas, infelizmente, crer não é fácil… sobretudo quando Deus nos visita de modo humildade, corriqueiro, nas coisas pequenas e banais. E, assim, os nazarenos se escandalizam com Jesus: “Não é este o filho de José?” Como pode alguém nosso, alguém tão do nosso meio ser o Messias? Como pode Deus se manifestar por este, que cresceu e viveu entre nós? Santo de casa não faz milagre! Gostamos do excepcional, da novidade, do exótico! O quanto é necessário sermos abertos para discernir a Palavra e o apelo do Senhor naqueles que nos são enviados e convivem conosco! O quanto precisamos aprender que Deus não é somente Deus de longe, mas também Deus de perto! A mesma experiência o profeta Jeremias fizera antes de Jesus. E o Senhor ordena que seu profeta fale e que não tenha medo, ainda que seja incompreendido e rejeitado pelo seu povo e seus parentes: “Não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles. Eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze… Eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque estou contigo para defender-te!
Por um lado, o Senhor exige fé e confiança absoluta daqueles que ele envia, de seus profetas; por outro lado, espera daqueles aos quais o profeta é enviado, espera do seu povo, a capacidade de discernir, de acolher, de crer! E quantas vezes não cremos: pensamos que Deus se calou, que não mais se manifesta, não mais nos dirige a Palavra. E, no entanto, o Senhor nos interpela por seus profetas, por aqueles que , tantas vezes, são na Comunidade e na vida uma palavra de Deus para nós! Caso não sejamos abertos à Palavra, corremos o risco de perdê-la. É o que Jesus recorda aos nazarenos: a viúva pagã de Sarepta e o leproso Naamã, também ele pagão, foram mais abençoados que as viúvas e os leprosos de Israel, porque foram abertos… Os nazarenos sentiram-se ofendidos porque Jesus insinuou que eles não tinham fé e não sabiam discernir nele Aquele que o Pai enviara… e terminam por expulsar Jesus de sua cidade. É dramático: a falta de fé fez os nazarenos expulsarem o Messias, o Enviado de Deus. A falta de fé e discernimento, a cegueira do coração, a dureza e o fechamento para as novidades de Deus, podem fazer o mesmo conosco: expulsar do coração e da vida aqueles que nos trazem a Palavra do Senhor e sua vontade a nosso respeito.
Mas, por sua vez, aqueles que são testemunhas do Senhor e ministros do Evangelho, devem estar preparados para a possibilidade de serem rejeitados. Somente os falsos pregadores, os malditos vendedores do Evangelho, os missionários de televisão, é que pregam uma adesão a Jesus fácil e que resolve nossos problemas. Na verdade, seguir o Cristo nos amadurece e nos faz, muitas vezes, enfrentar problemas e contradições. Qualquer um que queira colocar-se a serviço do Senhor, deve preparar-se para tal contradição: “Meu filho, se te ofereceres para servir o Senhor, prepara-te para a prova. Endireita teu coração e sê constante… Tudo o que te acontecer, aceita-o, e nas vicissitudes que te humilharem, sê paciente” (Eclo 2,1.4). Como Jesus e os profetas que vieram antes dele, o serviço e a fidelidade ao Evangelho nos colocam em dificuldades e provações! É a dor do Reino de Deus!
A mesma visão de fé que faz distinguir os profetas do Senhor, também nos abre os olhos para reconhecer nos outros irmãos de verdade, irmãos no Senhor, e amá-los de todo o coração. É este o verdadeiro dom, o maior carisma de que fala São Paulo na segunda leitura. Aí, o Apóstolo não fala de um amor-sentimento, amor-simpatia, amor-amizade, mas do amor-caridade, o amor de Deus, que é o Espírito Santo derramado em nossos corações, amor que é capaz de dar a vida… amor como aquele do Cristo que nos amou primeiro e amou-nos até o fim! É este amor, que nasce da raiz do amor a Deus, da abertura para Deus, da intimidade com Deus, que dá sentido a todas as coisas. E sem ele, nada tem sentido para o Reino de Deus… nem a fé! Em última análise, quem salva não é a fé, mas o amor que dá vida e sabor à fé! E o amor a Deus, que desabrocha no amor aos irmãos, é concreto, tem que ser concreto: pode ser visto na paciência, na benignidade, na generosidade, na humildade, na gratuidade, na mansidão, na retidão, na verdade… E São Paulo recorda que um amor assim é coisa de adultos na fé. Quem não ama é imaturo na fé, é criança que pensa e age como criança! Só o amor nos amadurece, só o amor nos faz ver os outros e a vida com os olhos de Deus
Eis, então, de modo resumido, o desafio, o convite da Palavra de Deus hoje: (1) uma fé, uma capacidade de acolher o Senhor, de tal modo que reconheçamos que ele vem a nós na palavra e no testemunho de tantos irmãos e irmãs que conosco convivem; (2) uma fé capaz de suportar com paciência e alegria os reveses da missão que Deus nos confiou e (3) uma fé capaz de desabrochar em amor aos irmãos; amor provado e revelado em atitudes concretas.
Creiamos: somos a Igreja, Comunidade do Senhor Jesus, continuamente vivificada e orientada pelo seu Espírito de amor! Arrisquemos crer; arrisquemos viver de amor… e experimentaremos a doçura do Senhor e a alegria de viver como irmãos.

D. Henrique Soares da Costa 


Homilia I
Se procurarmos uma idéia que dê unidade as leituras da Missa de hoje, encontraremos a fé. Comecemos pelo Evangelho. Após ler o trecho do rolo de Isaías, “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor me ungiu... para levar a Boa Nova aos pobres e proclamar o Ano da graça do Senhor”, Jesus afirma, cheio de autoridade: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir". É uma afirmação ousada. Somente quando o Messias viesse tal Escritura seria cumprida. Jesus, portanto, apresenta-se como o Messias. E o encanto de seu ensinamento dá testemunho de que ele é verdadeiro... Mas, infelizmente, crer não é fácil... sobretudo quando Deus nos visita de modo humildade, corriqueiro, nas coisas pequenas e banais. E, assim, os nazarenos se escandalizam com Jesus: “Não é este o filho de José?” Como pode alguém nosso, alguém tão do nosso meio ser o Messias? Como pode Deus se manifestar por este, que cresceu e viveu entre nós? Santo de casa não faz milagre! Gostamos do excepcional, da novidade, do exótico! O quanto é necessário sermos abertos para discernir a Palavra e o apelo do Senhor naqueles que nos são enviados e convivem conosco! O quanto precisamos aprender que Deus não é somente Deus de longe, mas também Deus de perto! A mesma experiência o profeta Jeremias fizera antes de Jesus. E o Senhor ordena que seu profeta fale e que não tenha medo, ainda que seja incompreendido e rejeitado pelo seu povo e seus parentes: “Não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles. Eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze... Eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque estou contigo para defender-te!
Por um lado, o Senhor exige fé e confiança absoluta daqueles que ele envia, de seus profetas; por outro lado, espera daqueles aos quais o profeta é enviado, espera do seu povo, a capacidade de discernir, de acolher, de crer! E quantas vezes não cremos: pensamos que Deus se calou, que não mais se manifesta, não mais nos dirige a Palavra. E, no entanto, o Senhor nos interpela por seus profetas, por aqueles que , tantas vezes, são na Comunidade e na vida uma palavra de Deus para nós! Caso não sejamos abertos à Palavra, corremos o risco de perdê-la. É o que Jesus recorda aos nazarenos: a viúva pagã de Sarepta e o leproso Naamã, também ele pagão, foram mais abençoados que as viúvas e os leprosos de Israel, porque foram abertos... Os nazarenos sentiram-se ofendidos porque Jesus insinuou que eles não tinham fé e não sabiam discernir nele Aquele que o Pai enviara... e terminam por expulsar Jesus de sua cidade. É dramático: a falta de fé fez os nazarenos expulsarem o Messias, o Enviado de Deus. A falta de fé e discernimento, a cegueira do coração, a dureza e o fechamento para as novidades de Deus, podem fazer o mesmo conosco: expulsar do coração e da vida aqueles que nos trazem a Palavra do Senhor e sua vontade a nosso respeito.
Mas, por sua vez, aqueles que são testemunhas do Senhor e ministros do Evangelho, devem estar preparados para a possibilidade de serem rejeitados. Somente os falsos pregadores, os malditos vendedores do Evangelho, os missionários de televisão, é que pregam uma adesão a Jesus fácil e que resolve nossos problemas. Na verdade, seguir o Cristo nos amadurece e nos faz, muitas vezes, enfrentar problemas e contradições. Qualquer um que queira colocar-se a serviço do Senhor, deve preparar-se para tal contradição: “Meu filho, se te ofereceres para servir o Senhor, prepara-te para a prova. Endireita teu coração e sê constante... Tudo o que te acontecer, aceita-o, e nas vicissitudes que te humilharem, sê paciente" (Eclo 2,1.4). Como Jesus e os profetas que vieram antes dele, o serviço e a fidelidade ao Evangelho nos colocam em dificuldades e provações! É a dor do Reino de Deus!
A mesma visão de fé que faz distinguir os profetas do Senhor, também nos abre os olhos para reconhecer nos outros irmãos de verdade, irmãos no Senhor, e amá-los de todo o coração. É este o verdadeiro dom, o maior carisma de que fala São Paulo na segunda leitura. Aí, o Apóstolo não fala de um amor-sentimento, amor-simpatia, amor-amizade, mas do amor-caridade, o amor de Deus, que é o Espírito Santo derramado em nossos corações, amor que é capaz de dar a vida... amor como aquele do Cristo que nos amou primeiro e amou-nos até o fim! É este amor, que nasce da raiz do amor a Deus, da abertura para Deus, da intimidade com Deus, que dá sentido a todas as coisas. E sem ele, nada tem sentido para o Reino de Deus... nem a fé! Em última análise, quem salva não é a fé, mas o amor que dá vida e sabor à fé! E o amor a Deus, que desabrocha no amor aos irmãos, é concreto, tem que ser concreto: pode ser visto na paciência, na benignidade, na generosidade, na humildade, na gratuidade, na mansidão, na retidão, na verdade... E São Paulo recorda que um amor assim é coisa de adultos na fé. Quem não ama é imaturo na fé, é criança que pensa e age como criança! Só o amor nos amadurece, só o amor nos faz ver os outros e a vida com os olhos de Deus
Eis, então, de modo resumido, o desafio, o convite da Palavra de Deus hoje: (1) uma fé, uma capacidade de acolher o Senhor, de tal modo que reconheçamos que ele vem a nós na palavra e no testemunho de tantos irmãos e irmãs que conosco convivem; (2) uma fé capaz de suportar com paciência e alegria os reveses da missão que Deus nos confiou e (3) uma fé capaz de desabrochar em amor aos irmãos; amor provado e revelado em atitudes concretas.
Creiamos: somos a Igreja, Comunidade do Senhor Jesus, continuamente vivificada e orientada pelo seu Espírito de amor! Arrisquemos crer; arrisquemos viver de amor... e experimentaremos a doçura do Senhor e a alegria de viver como irmãos.

D. Henrique Soares


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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA: (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):


LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, nós vos amamos e somos os vossos profetas.
à Senhor, vós nos conheceis. Sois a nossa força nesta caminhada e estais ao nosso lado. Nós vos agradecemos e vos pedimos por todos os profetas de hoje, por aqueles que resistem aos poderosos pedindo o respeito pelos pobres e pelos fracos e  por aqueles que mostram o caminho de uma vida mais justa e mais libertadora.
T: Senhor, nós vos amamos e somos os vossos profetas.
à Pai, nós vos agradecemos pelo vosso amor infinito, que nos revelastes em Jesus, vosso Filho, porque Ele não procurou o seu interesse, mas tudo suportou em vista da construção do Reino. Pai, Nós vos recomendamos todas as famílias cristãs: enchei-as do Vosso Espírito de amor.
T: Senhor, nós vos amamos e somos os vossos profetas.
à Senhor, Deus fiel e paciente, bendito sejais pela mensagem de amor que vosso Filho nos deixou. Nós vos bendizemos pelos profetas que enviastes, porque Vós quereis a salvação e a felicidade de todos os homens. Nós Vos pedimos por aqueles que rejeitam a mensagem de amor do vosso Filho. Pai, perdoai-lhes e vinde em nosso auxílio.
T: Senhor, nós vos amamos e somos os vossos profetas.
à Pai, fortalecei-nos e iluminai-nos com a luz do Espírito Santo para que possamos espelhar ao mundo o vosso amor.
T: Senhor, nós vos amamos e somos os vossos profetas.
- - - Pai nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

3º DOMINGO do tempo comum, subsídios homiléticos, homilias

3º DOMINGO DO TC C 2016 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:
TEMA: “Vossas palavras são espírito e vida!” A Palavra de Deus é o centro da vida.
Primeira leitura: a Palavra é geradora de alegria e de festa.
Evangelho: Jesus é a Palavra no meio dos homens; liberdade e esperança.
Segunda leitura: comunidade é uma família, os dons são para o bem comum.

LEITURA I – Ne 8,2-4a.5-6.8-10 ... Livro da Lei perante a assembleia leitura num estrado de madeira. Todos se levantaram. ...Os levitas liam, clara e distintamente e explicavam a leitura. Neemias, o sacerdote, os levitas, disseram: «Hoje é um dia do Senhor»... «Ide para vossas casas, comei uma boa refeição, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que não têm nada preparado. “ não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa fortaleza».

AMBIENTE - O Livro de Neemias segue ao regresso dos exilados da Babilônia.  Séculos V/IV a.C.; tempo de miséria e desolação, com a cidade sem muralhas e sem portas. Neemias, funcionário do rei Artaxerxes. Começa a reconstrução e o combate às injustiças. Depois, procura restaurar o culto. Recorda o compromisso que Israel assumiu com o seu Deus.

MENSAGEM – 1 toda a comunidade escuta a Palavra. 
2 leitor em plano superior, todos se levantam. 
3 lêem clara e distintamente; e explicam ao povo a Palavra.
Finalmente, tudo termina em festa: o dia “do Senhor” é um dia de alegria e de festa.

ATUALIZAÇÃO  a Palavra de Deus é o centro? 
 Proclamam a Palavra clara e distintamente? 
A Palavra interpela-nos, leva-nos à conversão, à mudança de vida?

EVANGELHO – Lc 1,1-4; 4,14-21 ... Também eu resolvi escrever do que te foi ensinado. Jesus voltou da Galileia, com a força do Espírito, e a sua fama propagou-se. Ensinava nas sinagogas e era elogiado. Foi então a Nazaré, entrou na sinagoga. Ao abrir o livro estava escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. “Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos e a proclamar o ano da graça do Senhor». Começou então a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir».

AMBIENTE década de 80, cristianismo defronta-se com heresias. Lucas recorda a doutrina de Jesus, através do testemunho dos apóstolos. Lucas coloca em Nazaré. O cenário é o do culto sinagogal, no sábado. Os leitores eram instruídos da comunidade ou, como no caso de Jesus, visitantes conhecidos pelo seu saber na explicação da Palavra de Deus. O centro é o Trito-Isaías () que descreve como é que o Messias concretizará a sua missão.

MENSAGEM - A finalidade da obra de Lucas é apresentar o programa de libertação que Jesus Se propõe realizar no meio dos homens: Ele apresenta-Se como o “profeta” que Deus ungiu com o seu Espírito, a fim de concretizar a missão libertadora. Lucas vai descrever a atividade de Jesus na Galileia como o anúncio (em palavras e em gestos) de uma “boa notícia” dirigida preferencialmente aos pobres e marginalizados, anunciando lhes que chegou o fim de todas as escravidões. Ungida pelo Espírito para esta missão, a Igreja cumpre o seguimento de Jesus.

ATUALIZAÇÃO Jesus manifesta que foi investido do Espírito de Deus e enviado para dar vida e a dignidade a todos.

LEITURA II – 1 Cor 12,12-30 - o corpo é um só e tem muitos membros. Assim todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos batizados num só Espírito para constituirmos um só corpo. Deste modo, se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se alegram com ele. Vós sois corpo de Cristo e seus membros, cada um por sua parte. Assim, Deus estabeleceu na Igreja em primeiro lugar apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores. Vêm a seguir os dons dos milagres, das curas, da assistência, de governar, de falar diversas línguas. Serão todos apóstolos? Todos profetas? Todos doutores? Todos farão milagres? Todos terão o poder de curar? Todos falarão línguas? Todos terão o dom de interpretá-las?

AMBIENTE Paulo está preocupado porque, na Igreja de Corinto, os “carismas” utilizados em benefício próprio, geravam individualismo, divisão, luta pelo poder, desprezo pelos que aparentemente não possuíam dons especiais.

MENSAGEM - Paulo compara a comunidade a um corpo, cada membro com a sua tarefa: é a variedade que permite a sobrevivência de todo o conjunto. necessitam uns dos outros. A comunidade cristã é o corpo de Cristo () sendo uma pluralidade de membros, respeitam-se, apóiam se, são solidários uns com os outros e amam se; todos os membros do corpo desempenham funções importantes para o equilíbrio e harmonia comum.

ATUALIZAÇÃO A Igreja é o corpo de Cristo onde se manifesta, na diversidade de membros e de funções, a unidade, a partilha, a solidariedade, que são as propostas que Cristo nos apresentou.
 somos membros e desempenhamos o nosso papel, ou somos acomodados?
Fonte: Dehonianos

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Santo Livro

A Liturgia de hoje nos lembra a importância da Palavra de Deus na vida do Povo de Deus.

Na 1ª Leitura, Deus convoca o Povo para escutar a Palavra e renovar a Aliança do Sinai.(Ne 8,2-4.5-6.8-10)

No retorno do exílio da Babilônia, Esdras e Neemias tentam reconstruir o país, recuperar a memória do passado e conservar a própria identidade como povo.
O instrumento encontrado para essa obra foi a PALAVRA DE DEUS.

O texto mostra a importância que a Palavra de Deus deve assumir na vida de uma comunidade.
- Toda comunidade é convocada para escutar a Palavra.
- O local da leitura é cuidadosamente preparado.
  O Livro é acolhido de pé, de forma solene e em atitude de respeito.
- A Palavra é aclamada pela assembléia, é proclamada claramente pelos levitas e explicada numa linguagem compreensível a todos.
- A Palavra interpela e provoca no povo uma atitude de conversão.
- Tudo termina numa grande festa: a Palavra é geradora de alegria e festa.
* É um Manual de como deve ser ainda hoje uma "Celebração da Palavra".

Na 2ª Leitura Paulo, falando dos carismas no "Corpo de Cristo" (Igreja), sublinha que a Comunidade cristã é gerada e alimentada, na unidade, pela PALAVRA DE DEUS. (1Cor 12,12-30)

No Salmo rezamos: "Vossas Palavras, Senhor, são espírito de vida". (Sl 18)

No Evangelho, Cristo proclama e atualiza a PALAVRA DE DEUS, numa reunião de sábado, na sinagoga de Nazaré. (Lc 1,1-4;4,14-21)

É o início do evangelho de São Lucas, que iremos estudar nesse ano litúrgico.
São dois textos diferentes:
- No primeiro, temos uma introdução ao Evangelho de São Lucas.
- No segundo, o início da Pregação de Jesus, anunciando a sua MISSÃO:  É o profeta que Deus ungiu para concretizar a missão libertadora.

A missão de Jesus é a nossa Missão...
Também nós fomos ungidos pelo Espírito Santo e enviados para anunciar uma Boa Nova de Esperança...
e levar os oprimidos a gozar a vida plena...
- FONTE: Palavra de Deus... que devemos conhecer e anunciar...
- ONDE: Na comunidade... (na Missa... nos Grupos... na vida pessoal)
- MODELO: Cristo: "O espírito do Senhor me ungiu e me enviou..."
- CONTEÚDO: a Boa Nova da Libertação: de esperança e alegria...
            + aos pobres: mais abertos a Deus...
+ aos presos: Libertar da miséria, vícios, injustiças, do pecado...
+ aos cegos: pela miséria, a exploração e estruturas anticristãs...
+ aos oprimidos: para a conquista dos seus direitos...
+ A Bíblia é a Palavra de Deus para nós.

- O Povo de Deus serviu-se da Palavra de Deus para reconstruir o país, quando voltou enfraquecido do exílio.

- Cristo com a Palavra de Deus iniciou sua Missão e apresentou seu programa.

- O Salmo diz: "Tua Palavra, Senhor, é lâmpada para meus pés, e luz para meu caminho". (Sl 119,105)

- Paulo afirma: "Toda Escritura inspirada por Deus é útil para instruir e refutar, para corrigir e formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja  perfeito, qualificado para toda a espécie de boas obrar". (2Tm 15,4)

- Em todas as épocas da história, sobretudo em épocas de crise, os homens voltaram a alimentar-se da Bíblia, procurando nela um sentido para a sua vida e o encontraram.

- A própria Igreja, no Concílio Vaticano II, redescobriu o valor da Bíblia e fez dela a fonte de inspiração para um profundo trabalho de renovação.
  Além de um documento dedicado à "Palavra de Deus", propôs maior espaço para a Bíblia na Liturgia, na Catequese, nas Comunidades, nos grupos e na vida pessoal dos cristãos...

- O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica afirma:
  "A Sagrada escritura dá suporte e vigor à vida da Igreja.
   É para seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de vida espiritual.
   É a alma da teologia e da pregação pastoral...
   A Igreja exorta por isso à freqüente leitura da Sagrada Escritura,porque a ignorância das escrituras é ignorância de Cristo". (CCIC 24)

O sentido da Bíblia

- O primeiro livro, que Deus escreveu para nós, é a NATUREZA, criada pela PALAVRA de Deus; são os fatos, os acontecimentos, a história, tudo que existe e acontece na vida do povo; é a realidade que nos envolve; é a vida que vivemos.

- O segundo livro é a BÍBLIA.
  "Ela foi escrita para nos ajudar a decifrar o mundo, para nos devolver o olhar da fé e da contemplação,
   e para transformar a realidade numa grande revelação de Deus". (S. Agostinho)
                                                                                            
- A Bíblia é isso para você?

  Ou Ela continua sendo apenas um objeto de enfeite na prateleira da sala, ou pior, permanece esquecida no fundo de uma gaveta?

- Cristo nos convoca com a sua Palavra, para que completemos a Obra iniciada por Ele...

                                                    Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, a Igreja orienta que aqueles que foram batizados sejam apresentados para a comunidade. Qual o motivo? Qual a razão? Por conta da segunda leitura que ouvimos hoje: pelo batismo somos integrados ao Corpo de Cristo. Alguém poderia dizer: mas, o corpo de Cristo não é a hóstia consagrada? Não é o vinho consagrado, o sangue de Cristo? Também. Mas, o Corpo de Cristo, vivo, que serve ao Pai todos os dias e em todos os lugares, é a Igreja reunida. Cada um de nós, forma este corpo. São Paulo dá, como exemplo, o corpo humano. Assim como os olhos têm uma função, o ouvido outra função, a boca outra função, todas as partes do corpo tem sua função, também nós, integrados e unidos pela Eucaristia, temos a nossa função, dentro do chamado “Corpo Místico de Cristo”. Nós sabemos muito bem, que quando, qualquer “partezinha” de nosso organismo não funciona bem, nós sentimos isto no corpo todo. Podemos estar totalmente preparados, sermos fortes, bem alimentados, sem nenhuma dificuldade, encrava uma unha e acabou tudo. Já não conseguimos ter uma vida normal. Se cada cristão, batizado, tivesse esta noção, ele não estaria em paz, por saber que pelo fato dele não funcionar, o corpo todo sofre. Nós vamos, aí, entender a afirmação de São Paulo: “ai de mim se eu não evangelizar”.  Porque não só eu que me prejudico, mas acabo prejudicando todo o corpo. Eis porque somos, cada vez mais, incentivados, dentro da sociedade do mundo, nos apresentar como o Cristo Vivo e realizar a obras que Ele realizou. Obras todas, que Jesus realizou, nos ajudou a compreender o amor de Deus. A lei de Deus Jesus a resumiu em dois mandamentos: quando o doutor da lei lhe perguntou qual era o maior dos mandamentos, Jesus disse: amarás a Deus de todo o teu coração, com todo o teu entendimento, com toda a tua alma e amarás o próximo como a ti mesmo. Nisto consiste a lei, os profetas e a sabedoria. Portanto, todo o Antigo Testamento, que é a Lei, os profetas e a Sabedoria, Jesus resumiu no amor a Deus e ao próximo. É esta Lei, que a primeira leitura faz referência hoje. Esdras e Neemias são duas figuras importantes do Antigo Testamento, que resgatou, recuperou a importância que a Lei, os profetas e a sabedoria merecem ter. O povo de Deus sempre esteve atendo à vontade de Deus, em determinado momento, deixou esta lei de lado. Aí, como que tentando resgatar a identidade do povo de Deus, acabou reunindo todo o povo e proclamando, de maneira solene, a Lei, como relata aqui a primeira leitura. Ora, a Celebração Eucarística (missa) é composta da liturgia da Palavra e da liturgia Eucarística. São dois rituais que tem o mesmo valor e se completam. A Liturgia da Palavra é nós ouvirmos o que Deus nos fala, como Esdras fez com o seu povo. Aqui ainda diz, que foi providenciado um tablado, para que a Leitura fosse feita de maneira solene e na hora da leitura da Lei, todos se levantaram, para externar a reverência que deveriam dar àquela leitura. É por isso, que no presbitério temos o ambão das leituras, porque dali se proclama a Palavra de maneira solene e durante o Evangelho nós ficamos em pé, imitando o povo do Antigo Testamento. Mas, porque só durante o Evangelho? Porque cremos que Jesus é a síntese. Ele é a Lei de Deus, os profetas e a sabedoria de Deus encarnado.  Nele, Deus e homem verdadeiro. Por isso, na proclamação do Evangelho nós ficamos em pé, porque ouvimos o próprio Jesus que nos orienta e para dizer quer estamos atentos e dispostos a seguir em frente com nossa missão. Ora, por que estas leituras acompanham a leitura do Evangelho de hoje? Aqui é bom nos lembrarmos, que a prática, a observância da Lei era o ponto central, para que cada um pudesse externar a sua fé no Deus vivo e verdadeiro.
Entretanto, no tempo de Jesus, eles acabaram interpretando assim as coisas: quem observa as Leis de Deus, este é abençoado por Deus. Então, nada de mal lhe acontece. A pessoa prospera no dinheiro, tem saúde e tudo lhe é abençoado. Em contrapartida, quem não observa a Lei, este fica pobre, contrai enfermidades. Se você quer ver se alguém é abençoado, basta ver se ele tem dinheiro, tem saúde e tem prestígio. O que aconteceu? Criaram a teologia da RETRIBUIÇÃO: onde você é fiel a Deus e Deus retribui com tudo que é bom. Não sendo fiel a Deus, Deus te amaldiçoa em tudo.
Infelizmente, esta mentalidade acompanha as pessoas até hoje. Muitas vezes, visitando doentes, tenho ouvido: o que fiz a Deus para merecer tanto sofrimento? É a idéia de que ele está pagando por algum erro cometido. Ou então, por que meu vizinho não vai na igreja e dá tudo certo? Eu vou na igreja e dá tudo errado: é a idéia da RETRIBUIÇÃO. Jesus quebrou com isto. Diante do cego de nascença, João 9, os discípulos perguntam a Jesus: quem pecou para que nascesse cego: ele ou seus pais? Jesus vai dizer: nem ele e nem seus pais. Isto acontece para que seja manifestado a glória de Deus. Jesus quebra com esta forma de pensar. Ele quebra de maneira solene: Ele chaga na sinagoga, abre o livro do profeta Isaías  e lá está: “O Espirito do Senhor está sobre mim, Ele me ungiu para Evangelizar os pobres”. Ora, por que isto? Porque se os ricos já estão abençoados, já estão na glória, porque estão próximos, unidos a Deus, é necessário resgatar os que são desgraçados, aqueles que não contam com a graça de Deus. Mas, Jesus não disse só isto. Ele diz: para libertar os cativos, um ano da graça no Senhor. Ora, se formos pensar nisto hoje, alguns, que tem um pouco de dinheiro aplicado no Banco, vão dizer: então, Jesus não gosta dos ricos? Não se trata disto. Jesus vem para aquele que é NECESSITADO, independente de ser rico ou pobre. Quem são os cativos hoje? Nós poderíamos falar de inúmeras situações. Desde a dependência química, dependências lícitas ou ilícitas, até pessoas que perderam, totalmente, os valores éticos, morais... então, teríamos muita gente para apresentar como cativos. Jesus vem para libertá-los. Que maravilha. Jesus vem para os que se sentem oprimidos, tristes, desanimados... Como é que Ele faz isto? Quem é o Corpo Místico de Cristo? Nós. É uma missão que é repartida conosco. A partir do Batismo, o Espírito Santo pousa, também, sobre nós. E, aí, somos convidados a realizar uma missão. Mas, sempre pensando nos outros? Eu não posso pensar em mim mesmo? É evidente que pode. Por isso, a gente vem à Celebração Eucarística (missa), para ser acariciado por Deus. Ele nos oferece o que Ele tem de mais precioso: ele mesmo, no corpo e no sangue, para dizer: nós estamos unidos. Nós somos um único corpo. E, o mais importante: Eu ofereço a você a Vida Eterna.
Cada domingo, cada encontro nosso, é motivo de alegria e esperança. Somos animados por Deus e somos chamados a animar, também, os outros. Que em cada realidade nossa possamos apresentar este Cristo, através de nossas obras e atitudes.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André - SP


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Homilia de D. Henrique Soares

Há três aspectos na Liturgia da Palavra de hoje dignos de particular atenção.
Primeiro. O evangelho apresenta-nos o início da obra de Lucas. Aí tem-se uma dedicatória e uma apresentação da obra a um certo “Teófilo”. E Lucas afirma expressamente que “após um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti... Deste modo poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste”. Estas palavras nos revelam a seriedade do testemunho dos evangelhos. Não são fábulas, não são delírios! São, isto sim, um testemunho de fé! Testemunho de quem crê, de quem tem razões para crer e querem fazer com que outros creiam e creiam com razão profunda!
Num mundo de tantas verdades, de tantas mentirinhas, de tantas seitas, lendas e mitos... Num mundo que virou um enorme coquetel de religiões, onde cada um faz a sua, na sua medida e do seu modo, na proporção e no gosto do seu comodismo, é preciso recordar que somente em Cristo Deus revelou-se plenamente; somente Cristo é a Verdade do Pai; somente ele, o Caminho para Deus; somente nele, a Vida em abundância! Mas, ainda aqui, é preciso dizer mais, por mais chato que possa parecer! Cristo é o único Caminho, Verdade e Vida... mas não qualquer Cristo! Não um Cristo inventado, não um Cristo “meu”, do meu tamainho e do meu gosto! O Cristo que o Pai revelou, o Cristo vivo e atuante, é aquele presente na Palavra guardada, pregada e testemunhada pela Igreja com a assistência do Espírito Santo; é aquele que se dá nos sacramentos da Igreja; é aquele presente na Igreja que no Credo professamos como sendo única, católica e apostólica. Num mundo de tantas dúvidas, Cristo presente na sua Igreja católica seja a nossa certeza, a nossa segurança, o nosso rochedo!
Um segundo aspecto. Ainda o evangelho de hoje, nos apresenta Jesus na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção”. Quando deu-se esta consagração? No batismo às margens do rio Jordão. Há quinze dias meditávamos sobre este mistério: o Pai, o Senhor, ungiu Jesus com o Espírito Santo como Messias de Israel. E qual a sua missão? “consagrou-me com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Eis a missão de Jesus, o Messias: acolher, consolar, perdoar, libertar, fazer viver. Mas, para que experimentemos Jesus assim, é necessário que nós mesmos descubramos que somos pobres, que somos tão carentes, tão limitados, tão pequenos. Quando descobrimos isso, quando vemos que o mundo é assim, então experimentamos também que, em Jesus, Deus veio a nós, Deus deu-se a nós, Deus estendeu-nos as mãos, abriu-nos os braços e aconchegou-nos no coração.
É por isso que a pessoa, os atos e as palavras de Jesus são Boa-nova, Boa-notícia, ou, em grego, Evangelho! E a Boa-nova é precisamente esta: Deus nos ama, está conosco em Jesus; veio para ficar, para permanecer para sempre na nossa vida e no coração do mundo!
Aqui entra, precisamente, o terceiro aspecto da Palavra deste domingo: este Jesus permanece conosco na potência sempre presente e atuante do seu Espírito Santo, presente de modo potente e soberano na Igreja que Jesus fundou. Já no domingo passado, vimos que a Igreja é a Esposa do Cristo, cheia do vinho abundante do Espírito Santo, que nela suscitava tantos dons, tantos carismas, tantos ministérios, tanta vida. Pois bem, a segunda leitura da missa de hoje insiste nesta idéia e aprofunda-a ainda mais.
Porque Cristo ressuscitou e nos deu o seu Espírito Santo, nós, como Igreja, desde o nosso Batismo, somos o Corpo de Cristo: “Vós, todos juntos, sois o Corpo de Cristo e, individualmente, sois membros deste Corpo”. É juntos, como Comunidade, como membros da Igreja, que somos o Corpo vivo do Cristo; Corpo vivificado pelo Espírito Santo! É uma idéia, esta, que deveria estar sempre diante de nós! A Igreja não existe por ela mesma: ela vive do Espírito do Cristo; a Igreja não escolheu o Cristo: ela foi por ele amada, por ele fundada, por ele escolhida e é por ele sustentada e vivificada; o Cristo não pertence a Igreja: a Igreja é que pertence a Cristo e, na força do Espírito é sempre amada e renovada por ele. Ele nunca vai abandoná-la, nunca vai traí-la, nunca vai renegá-la!
E mais ainda: no seu Amor, isto é, no seu Espírito, ele suscita no corpo da Igreja, que é o seu Corpo, tantos membros diferentes, com dons e carismas tão diversos! É o que São Paulo nos recorda na leitura de hoje. Ninguém pode ser cristão sozinho! Cristo não é salvador pessoal de ninguém! Ele é o Salvador do Corpo que é a Igreja (cf. Ef 5,23)! Nós somos salvos no Corpo de Cristo, enquanto membros do povo da Aliança, que é a Igreja. Nesta, quem nos une é o Amor de Cristo e nela, cada um de nós tem uma missão, uma função! Qual é a sua? Quais são as suas? Pai ou mãe de família, educando novos membros para o Corpo de Cristo? Agente de pastoral engajado diretamente na evangelização? Jovem que se esforça para dar um generoso testemunho de coerência e amor a Cristo? Empresário, funcionário público, empregado, que no seu trabalho procura ter um comportamento digno do Evangelho? Qual o seu papel na Igreja? Rico ou pobre, forte ou fraco, jovem ou ancião, todos temos como honra e dignidade ser membros do Corpo do Senhor, sustentados e vivificados pelo Espírito do Senhor, destinatários da salvação e da consolação que ele nos trouxe, do carinho e da ternura do Pai que ele derramou sobre nós.
Desde domingo passado que a Palavra vem nos questionando sobre o nosso modo de ser e viver nossa pertença a Cristo e à sua Igreja. Pensemos, e não recebamos em vão a graça de Deus, para que, um dia, possamos participar da vida plena daquele que Senhor que, feito homem por nós, vive e reina para sempre. Amém.
D. Henrique Soares 24 maio de 2009










 







PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:



LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Bendito seja o Senhor, o nosso Deus.
à Senhor, nosso Deus e pai! Vos agradecemos porque sempre nos apresentais a Palavra que salva e liberta. Nos tempos antigos ela nos veio através dos patriarcas e profetas. Na plenitude dos tempos, ela nos é apresentada pelo seu próprio Filho Jesus Cristo, que nos ensinou com palavras e gestos os caminhos de vosso Reino. Hoje ela nos é dirigida através de vossa Igreja que nos orienta e nos ilumina com a Luz do Espírito Santo. Pai, vos pedimos por todos os que pregam a vossa Palavra, por gestos e atitudes, para que sejam auxílio a todos os vosso filhos, que criastes.
T: Bendito seja o Senhor, o nosso Deus.
à Senhor, nós vos agradecemos pelo nosso batismo, pelo qual nos tornastes membros vivos do corpo de vosso Filho. Pai, vos pedimos pelo bispos, presbíteros, diáconos, ministros da Palavra, catequistas, para que o Espírito Santo os ilumine na missão de proclamar a vossa Palavra.
T: Bendito seja o Senhor, o nosso Deus.
à Bendito sejais, Senhor nosso Deus, porque realizastes em Jesus as palavras dos profetas. Agradecemos porque nos enviais o Espírito Santo para nos iluminar com a vossa Sabedoria. Pai, sois o nosso libertador; iluminai-nos para que anunciemos ao mundo o vosso Reino.
T: Bendito seja o Senhor, o nosso Deus.
- PAI NOSSO... A PAZ... EIS O CORDEIRO...