quinta-feira, 28 de julho de 2016

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM, subsídios homiléticos, homilias

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2016 (Adaptação Diácono Ismael)

SINOPSE:

Tema: Que lugar ocupa os bens deste mundo em nossa vida?
Primeira leitura: uma reflexão do “Cohélet” (Eclesiástico) sobre o sem sentido  em acumular bens terrenos.
Evangelho: Jesus denuncia a falência de uma vida voltada apenas para os bens materiais.
Segunda leitura: convida-nos à identificação com Cristo e renascermos ao Homem Novo, deixando os deuses que nos escravizam.

PRIMEIRA LEITURA (Ecl 1,2;2,21-23) Leitura do Livro do Eclesiastes.
“Vaidade das vaidades”, diz o Eclesiastes, “vaidade das vaidades! Tudo é vaidade”. Por exemplo: um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso, vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou. Também isso é vaidade e grande desgraça. De fato, que resta ao homem de todos os trabalhos e preocupações que o desgastam debaixo do sol? Toda a sua vida é sofrimento; sua ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração. Também isso é vaidade.

AMBIENTE - O Livro de Qohélet é um livro de caráter sapiencial, escrito pelos finais do séc. III a.C.. O nome “Eclesiastes” é do grego “ekklesiastes”: significa “aquele que fala na assembleia” (“ekklesia”). O autor nega qualquer possibilidade de encontrar um sentido para a vida… Não é um livro de respostas; é um livro que denuncia o fracasso da sabedoria tradicional e onde se não compreende a razão de viver.

MENSAGEM – O texto proclama a inutilidade de qualquer esforço humano. Que adianta trabalhar e deixar tudo a outro que nada fez? A lição que o “qohélet” nos deixa a demonstração da incapacidade de o homem, por si só, encontrar uma saída, um sentido para a sua vida. O “qohélet” leva-nos a reconhecer a nossa impotência, o sem sentido de uma vida voltada apenas para o humano e para o material. A reflexão deste livro força-nos a olhar para o mais além. Para onde? O “qohélet” não vai tão longe; mas nós, iluminados pela fé, já podemos concluir: para Deus. Só em Deus e com Deus seremos capazes de encontrar o sentido da vida e preencher a nossa existência.

ATUALIZAÇÃO • Quase que o “qohélet” é o precursor dos filósofos existencialistas modernos que refletem sobre o sentido da vida e constatam a futilidade da existência que acompanha a vida do homem, a inutilidade da busca da felicidade, o fracasso que é a vida condenada à morte (Jean Paul Sartre, Albert Camus, André Malraux…). As conclusões, quer do “qohélet”, quer das filosofias existencialistas agnósticas, seriam desesperantes se não existisse a fé. Para nós, os crentes, a vida não é absurda porque ela não termina neste mundo… A nossa caminhada nesta terra está cheia de limitações; mas nós sabemos que esta vida caminha para a sua realização plena, para a vida eterna: só aí encontraremos o sentido pleno do nosso ser e da nossa existência.
•  Quem vive, apenas para acumular, pode encontrar pleno significado à vida? Quem vive obcecado com a conta bancária, com o carro novo, ou com a casa com piscina num empreendimento de luxo, encontrará aí aquilo que o realiza plenamente? Para mim, o que é que dá sentido pleno à vida? Para que é que eu vivo?

SALMO RESPONSORIAL / 89 (90)

Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.
• Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, / quando dizeis:
“Voltai ao pó, filhos de Adão!” / Pois mil anos para vós
são como ontem, / qual vigília de uma noite que passou.
• Eles passam como o sono da manhã, / são iguais à erva
verde pelos campos: / de manhã ela floresce vicejante,
/ mas à tarde é cortada e logo seca. (...)
• Saciai-nos de manhã com vosso amor, / e exultaremos
de alegria todo o dia! / Que a bondade do Senhor e
nosso Deus / repouse sobre nós e nos conduza! / Tornai
fecundo, ó Senhor, nosso trabalho.

EVANGELHO (Lucas 12,13-21)
Alguém disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de dividir vossos bens?” E disse-lhes: Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida não consiste na abundância de bens. E contou lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. Ele pensava: ‘O que vou fazer? Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus.

AMBIENTE - Um homem queixa-se uma herança. Segundo as tradições judaicas, o filho primogênito recebia dois terços das posses e intacto o patrimônio da família, a casa e as terras.

MENSAGEM - Cristo denuncia a cobiça e a preocupação exagerada pelos bens terrenos... E adverte: "Tomai cuidado contra todo tipo de GANÂNCIA...    A vida de um homem não consiste na abundância de bens..."
Jesus não toma posição de um irmão contra outro. O que estava em questão era a cobiça pelos bens. Jesus explica: o dinheiro não é a fonte da verdadeira vida. A cobiça insaciável de ter é idolatria: não conduz à vida plena. Viver para acumular bens é, aos olhos de Deus, “insensatez”.
Jesus nos diz que não podemos viver escravos do dinheiro e dos bens materiais, como se eles fossem a coisa mais importante da nossa vida. A preocupação excessiva com os bens é egoísmo, que centra o homem em si próprio e o impede de estar disponível para os valores importantes – os valores do Reino. Quando o coração está cheio de cobiça, de avareza, de egoísmo, o homem torna-se insensível aos outros e a Deus; é capaz de explorar, de escravizar o irmão, de cometer injustiças. Torna-se orgulhoso e auto suficiente, incapaz de amar, de partilhar, de se preocupar com os outros. Atenção: esta parábola destina-se a todos que (tendo muito ou pouco) vivem obcecados com os bens.

Todos buscamos segurança: segurança econômica, segurança quanto à saúde, segurança afetiva, segurança profissional... sempre segurança. O problema é que nesta vida e neste mundo nada é seguro e toda segurança não passa de uma ilusão, que cedo ou tarde desaba. O Eclesiastes é de um realismo cortante: "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”. – Em outras palavras: pó do pó, tudo é pó; tudo passa, tudo é transitório... E o Salmista diz: “Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, quando dizeis: ‘Voltai ao pó, filhos de Adão!’ Eles passam como o sono da manhã, são iguais à erva verde pelos campos. De manhã ela floresce vicejante, mas à tarde é cortada e logo seca”. O Autor do Eclesiastes coloca a questão tão dramática: será que tudo caminha para o nada? “Toda a sua vida é sofrimento, sua ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração!”  Mas, não é assim: o Autor nos quer acordar do marasmo, para que demos melhor sentido à nossa vida e olhemos mais adiante.

Então, onde apostar nossa vida, para que tenha um sentido? É interessante observar hoje a preocupação com a estética, com a saúde, com a satisfação dos desejos, ser vip, ter poder... A Palavra de Deus nos adverte: tudo passa, tudo é vaidade; não consiste nisso a vida de uma pessoa!

Então, em que consiste a vida? Como usar as coisas que passam de modo a abraçar as que não passam? Os cristãos têm uma resposta, que para o mundo é incompreensível. Escutemos o Apóstolo: "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”.  Para o cristão, a vida verdadeira é Cristo, aquele que morreu e ressuscitou, aquele que se encontra à direita do Pai. Nós cremos que tudo quanto vivamos com ele e de modo coerente com o seu Evangelho, é vida e nos faz felizes, livres e maduros. Cremos que viver de verdade a vida é apostar nele a existência, pois somente nele, no Cristo Senhor, está a vida verdadeira. Cremos que viver é viver como ele viveu. Ora, como foi a vida do Cristo? Foi total doação ao Pai e aos outros, por amor do Pai. Total despojamento, numa total liberdade – foi assim que o Cristo passou entre nós. Pois bem, é nisso que consiste a vida verdadeira; é nisto que consiste o que Jesus chama no Evangelho de ser “rico diante de Deus” e não ajuntar tesouros para si apenas.

Pensemos bem: num mundo que já não mais sabe olhar para o alto, num mundo que desaprendeu a ouvir aquele que tem palavra de vida eterna, não é fácil viver este caminho de Jesus. E, no entanto, esta é a condição para ser cristão de verdade e para encontrar a verdadeira vida.

ATUALIZAÇÃO •  Muitos vivem escravos do trabalho e dos bens, que têm tempo para as coisas importantes – Deus, a família, os irmãos que nos rodeiam. Quantas pessoas escolhem prescindir dos filhos, para poder dedicar-se a uma carreira de êxito profissional que as torne milionárias … Quantas pessoas esquecem as suas familias, porque é mais importante assegurar o dinheiro suficiente para as férias… Quantas pessoas renunciam à sua dignidade e aos seus direitos, para aumentar a conta bancária… Tornamo-nos, assim, mais felizes e mais humanos? É aí que está o verdadeiro sentido da vida?
• O que Jesus denuncia aqui não é a riqueza, mas a deificação da riqueza. Jesus recomenda: “cuidado com os falsos deuses; não deixem que o acessório vos distraia do fundamental”.

- Todos nós desejamos segurança, felicidade... Mas onde a podemos encontrar?
Muitos a procuram nas COISAS, nos bens terrenos e, para isso, se dedicam febrilmente em empreendimentos grandiosos e lucrativos. Às vezes basta a simples visita de um ladrão, um fracasso nos negócios, o desemprego, uma doença... e lá se vai o que acumularam... Só Deus pode nos tornar plenamente felizes...


* O pecado foi "acumular apenas para si". Não agradeceu a Deus, nem partilhou com os irmãos.
A ganância pelos bens terrenos é a causa de muitos males...
- Quantas brigas e divisões em família... na divisão da herança!          
- Quantas lutas... para vencer o concorrente... e ter mais!
- Quantas fraudes, injustiças e corrupção... no desejo insaciável de bens!
- Quantas discriminações: porque as pessoas valem pelo que têm!

Pura ilusão: A fonte da vida está só em Deus...  E a morte nos convence dessa dura realidade...

Esta parábola não se destina apenas àqueles que têm muitos bens; mas destina-se a todos aqueles que (tendo muito ou pouco) vivem obcecados com os bens, orientam a sua vida no sentido do "ter" e fazem dos bens materiais os deuses, que condicionam a sua vida e o seu agir.

SEGUNDA LEITURA (Colossenses 3,1-5.9-11)
Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória. Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria. Não mintais uns aos outros. Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador, em ordem ao conhecimento. Aí não se faz distinção entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, inculto e selvagem, escravo e livre, mas Cristo é tudo em todos.

AMBIENTE - Paulo polemiza contra os “doutores” para quem a fé em Cristo devia ser complementada com o conhecimento dos anjos e com certas práticas legalistas e ascéticas. Paulo procura demonstrar que a fé em Cristo (entendida como adesão a Cristo) basta para chegar à salvação. Paulo convoca os Colossenses a viverem de acordo com essa vida nova que os identificou com Cristo.

MENSAGEM - Paulo apresenta, como base sólida da vida cristã, a união com Cristo ressuscitado. Os cristãos, pelo batismo, identificaram-se com Cristo ressuscitado; dessa forma, morreram para o pecado e renasceram para uma vida nova. Essa vida deve crescer progressivamente, mas manifestar-se-á em plenitude, quando Cristo “aparecer”.
O cristão deve fazer morrer em si a imoralidade, a impureza, as paixões, os maus desejos, numa palavra, todos esses falsos deuses que enchem a vida do homem velho; e, por outro lado, deve revestir-se do Homem Novo – ou seja, deve renovar-se continuamente até que nele se manifeste a “imagem de Deus”. Quando isso acontecer, desaparecerão as velhas diferenças de povo, de raça, de religião e todos serão iguais, isto é, “imagem de Deus”. Foi isso que Cristo veio fazer: criar uma comunidade de homens novos, que sejam no mundo a “imagem de Deus”. A identificação com Cristo ressuscitado –pelo Batismo – é um renascimento contínuo que deve levar-nos a parecer-nos cada vez mais com Deus.

ATUALIZAÇÃO • Ser batizado é identificar-se com Cristo e, portanto, renunciar aos mecanismos que geram egoísmo, ambição, injustiça, orgulho, morte – os mesmos que Jesus rejeitou como diabólicos; e é, em contrapartida, escolher uma vida de doação, de entrega, de serviço, de amor – os mecanismos que levaram Jesus à cruz, mas que também o levaram à ressurreição.
• O objetivo da nossa vida é a renovação contínua da nossa vida, a fim de que nos tornemos “imagem de Deus”.
• A comunidade é essa família de irmãos onde as diferenças são ilusórias, porque o fundamental é que todos caminham para ser “imagem de Deus”.
• A construção do “Homem Novo” é uma tarefa constante: cada instante apresenta-nos novos desafios, que podem ser vencidos ou que podem vencer-nos.

Hoje em dia é muito comum pôr tudo no seguro...
Há seguro de vida para carros, roubos, incêndios, acidentes pessoais...
A nossa vida, que continua na eternidade, também deve ser assegurada. Mas a vida eterna não pode ser assegurada com as riquezas desse mundo... e sim com os tesouros reconhecidos por Deus.
O dinheiro nos dá a falsa sensação de segurança. O único fundamento seguro de nossa existência é Deus...
E, nele, o próprio dinheiro adquire outro sentido: Não será mais instrumento de SEPARAÇÃO entre os homens, mas sim de COMUNHÃO, um sinal de amor...

Não nos esqueçamos: nosso coração foi feito por Deus, e apenas em Deus encontrará a verdadeira e plena felicidade...
O necessitado, o desempregado vê no dinheiro sua sobrevivência o rico vê a possibilidade de ter mais.; Meu trigo, meu celeiro, acumular, ter mais. Ele não pensa em ajudar sequer seus empregados. Este homem perdeu seu trabalho e sua existência correndo atrás do ter.

==========------------==========
A Ganância

Todos nós desejamos segurança, felicidade... Mas onde a podemos encontrar?

- Muitos a procuram nas COISAS, nos bens terrenos e, para isso, se dedicam febrilmente em empreendimentos grandiosos e lucrativos.
Às vezes basta a simples visita de um ladrão, um fracasso nos negócios, o desemprego, uma doença... e lá se vai o que acumularam...

- Outros buscam segurança e felicidade nas PESSOAS, e quantas vezes acabam depois profundamente decepcionados... Percebem que, o que este mundo oferece, não é suficiente para estancar a sede de felicidade.
Só Deus pode nos tornar plenamente felizes...

As Leituras bíblicas aprofundam essa Verdade:

A 1a Leitura lembra a situação insuportável do povo de Deus pela ganância dos poderosos de então.
Isso levou o autor sagrado a afirmar:
"Vaidade das vaidades, tudo é vaidade". (Ecle 1,2; 2,21-23)


Na 2a Leitura, São Paulo nos exorta a mesma coisa: "Se ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto...
e não as da terra... " (Cl 3, 1-5.9-11)

No Evangelho, Cristo denuncia a cobiça e a preocupação exagerada pelos bens terrenos... (Lc 12,13-21)

- Um desconhecido pede a Jesus para resolver um problema de herança.
- Jesus se recusa, porque é difícil fazer justiça quando existe cobiça.
  E adverte: "Tomai cuidado contra todo tipo de GANÂNCIA...    a vida de um homem não consiste na abundância de bens..."

- Para ilustrar essa verdade, conta a Parábola do RICO INSENSATO,   que construiu grandes celeiros para armazenar a colheita abundante,   pensando assim ter segurança para viver tranqüilamente.
  Pura ilusão: Naquela mesma noite veio a morrer...   e se apresentou de mãos vazias diante de Deus...

- E Jesus conclui: "Assim acontece com quem  guarda tesouros para si e não é rico diante de Deus."

* O pecado foi "acumular apenas para si". Não agradeceu a Deus, nem partilhou com os irmãos.
A ganância pelos bens terrenos é a causa de muitos males...
- Quantas brigas e divisões em família... na divisão da herança!              
- Quantas lutas... para vencer o concorrente... e ter mais!
- Quantas fraudes, injustiças e corrupção... no desejo insaciável de bens!
- Quantas discriminações: porque as pessoas valem pelo que têm!

Pura ilusão: A fonte da vida está só em Deus...  E a morte nos convence dessa dura realidade...

Esta parábola não se destina apenas àqueles que têm muitos bens; mas destina-se a todos aqueles que (tendo muito ou pouco) vivem obcecados com os bens, orientam a sua vida no sentido do "ter" e fazem dos bens materiais os deuses, que condicionam a sua vida e o seu agir.

+ A Palavra de Deus nos questiona.
O ensinamento de Jesus toca em cheio os cristãos encantados com o capitalismo neoliberal e sua apologia do lucro e do acúmulo de bens.
Ficam anestesiados diante das necessidades dos irmãos.
Cristãos vivendo na riqueza, enquanto muitos irmãos na fé vivem na indigência, sem experimentarem a solidariedade dos seus irmãos e irmãs na fé abastados.

Hoje em dia é muito comum pôr tudo no seguro...
Há seguro de vida para carros, roubos, incêndios, acidentes pessoais...
A nossa vida, que continua na eternidade, também deve ser assegurada. Mas a vida eterna não pode ser assegurada com as riquezas desse mundo... e sim com os tesouros reconhecidos por Deus.
O dinheiro nos dá a falsa sensação de segurança. O único fundamento seguro de nossa existência é Deus...
E, nele, o próprio dinheiro adquire outro sentido: Não será mais instrumento de SEPARAÇÃO entre os homens,
mas sim de COMUNHÃO, um sinal de amor...

Não nos esqueçamos: nosso coração foi feito por Deus, e apenas em Deus encontrará a verdadeira e plena felicidade...

Estamos celebrando o mês vocacional. Nesse domingo, queremos lembrar de modo especial a
Vocação Sacerdotal e Diaconal. Aos nossos Padres e Diáconos, a nossa gratidão e a nossa prece!...

                                       Pe. Antônio Geraldo
======--------------=============

Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, eu gostaria de perguntar para as crianças que vão fazer a primeira comunhão: o que temos que fazer para que a semente dê frutos? – água, o que mais? – luz, então eu preciso do sol, o que mais? – terra. Então, terra, sol, água. Que mais? Faltam mais algumas coisas ainda. Adubo se a terra não for boa. Ar e falta mais uma coisa muito importante! – plantar. Claro! Não adianta eu ter água, terra, sol, semente e se eu não plantar, não nasce. Agora, quem é que fabricou a terra, o sol, o ar, a água,  a semente? Deus. O ser humano não conseguiu fazer isto.
Outra pergunta: quando é que eu me torno imagem e semelhança de Deus? Quando eu junto todos estes elementos e planto. Quando eu planto, eu completo a obra do Criador. Ele já providenciou o sol, a terra, o ar e a água e espera que eu plante, que eu junte estes elementos. É assim, que somos imagem e semelhança de Deus. Veja, que Deus nos deu todas as riquezas necessárias. Todas e Ele disse assim: “Crescei, multiplicai e dominai a terra”. Significa: sede o jardineiro. Seja aquele que cuida do jardim do Édem. Quem é que cumpriu esta ordem que Deus nos deu? Quem será? Quem é que foi um verdadeiro jardineiro? Quem é que na bíblia, é chamado de jardineiro? – Jesus. E você respondeu pelo óbvio, porque é sempre Jesus o certo, ou você se lembra de alguma passagem na Bíblia? Você não se lembra, claro, foi pelo óbvio. Ótimo! É Jesus mesmo. Lembra, quando Maria Madalena vai ao túmulo e não encontra o corpo de Jesus e pensando que fosse quem? – o Jardineiro. Ela diz a Jesus: “Senhor, se foi você que levou o corpo de Jesus, me diga onde o colocou”. Jesus diz: “Maria”! Aí, ela se dá conta de que é Jesus.
Jesus é o jardineiro, que conseguiu cuidar do jardim do Édem.  Adão não conseguiu. Por que eu estou falando isso? Porque a segunda leitura diz: Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador, em ordem ao conhecimento. O homem velho e o homem novo. Quem é o homem velho? Adão. Quem é o homem novo? Jesus. Como Ele se tornou o Homem novo? Ele cuidou do mundo na forma como Deus gostaria que cuidasse. E, mais ainda: Ele, de verdade, no mostrou o que é ser imagem de Deus. Olha, não adianta, se você quer ser a imagem de Deus, você tem que entender, que o trabalho é a maneira como eu completo a obra do criador. Comer feijão cru não dá, mas na medida em que eu ponho para cozinhar o feijão, eu completei a obra do criador. Você juntar a sêda, não resolve. Isto, o bichinho da sêda faz. Mas, eu tecer a sêda, transformo em pano, tecido, para me cobrir, completo a obra do Criador. E, assim, canalizar a água, assim, construir as coisas, então, o trabalho é dom de Deus, é benção.
Quando é que se torna maldição? A primeira leitura diz: quando eu trabalho para o outro desfrutar. Às vezes, a gente acha que o trabalho é um peso na vida. Ele é um peso, se um trabalha e outro é que desfruta. Claro, que há divisões de trabalho. Às vezes, um vai fora de casa para conseguir o dinheiro, para honrar os compromissos e o outro fica em casa para dar o suporte para que a pessoa possa conseguir o trabalho e trabalhar com tranquilidade. Há aqueles que dependem do salário da gente, é evidente! As crianças, por exemplo. Não é disso, que a primeira leitura diz. A primeira leitura diz sobre a exploração, onde um trabalha, se dedica, e o outro, que nada fez, desfruta do trabalho que foi realizado. Isto é maldição! Isto é vaidade.
A segunda leitura fala de idolatria. Aqui, eu gostaria de chamar a atenção. Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria. Idolatria e vaidade, são sinônimos. O que é que eu aprendi, que é vaidade? O pessoal fala que vaidade é tingir o cabelo, vaidade é pintar as unhas, vaidade é passar perfume! Não! Vaidade é explorar o irmão. O que é que falam de idolatria? Falam que a nossa devoção para com os santos é uma idolatria. Hanhãm. Idolatria é a cobiça. Idolatria é eu querer tudo para mim. É isto que fala o Evangelho. O fulano não estava errado. Estava feliz! Ele trabalhou! Conseguiu uma grande colheita. Mas, não passou na cabeça dele dividir com alguém. Ele quis tudo para si, para guardar num depósito, para ele não ter que trabalhar mais. Olhe aí. Quem deixa de trabalhar, deixa de ser imagem de Deus. Quem pensa só em si, é um egoísta, portanto, é um idólatra. De fato, quem vai viver do trabalho do outro, isto é vaidoso. Cobiça, vaidade, são todos pecados. Aí é que está. O problema não é termos bens e recursos. O problema é quando isto é a razão da minha vida. O papa Francisco dizia: o problema do mundo qual é? O problema do mundo está em ser alimentado pela vaidade e a cobiça, onde eu me sinto eternamente frustrado, porque, quando vou mostrar um novo celular para o outro, o outro já me mostra um celular mais novo do que o meu. Sinto-me frustrado quando eu não consegui trocar o meu carro. Sinto-me frustrado, porque a viagem dos meus sonhos não consegui fazer. O papa diz: sempre você vai estar escravizado, porque isto é escravidão. É viver só para o consumo, quando a vida consiste em cultivar valores, que não são ultrapassados: o amor, a solidariedade, ajudar o próximo e assim por diante os valores do Evangelho. Estes, nunca são ultrapassados. O restante pode ultrapassar à vontade. Não tem problema nenhum.
Para nossa conclusão: eu tenho certeza, não vou dizer todos, mas a maioria é muito consciente disto, dos presentes aqui. Então, por que estou falando tudo isto? Porque tem gente que não ouve a Palavra de Deus e se sente amargurado porque não consegue acompanhar o ritmo do consumo. Ajudar a estas pessoas, mostrando a elas, que a verdadeira felicidade consiste nos valores do alto. E, os valores do alto são os valores do homem novo, de Jesus, porque Ele nos traz, de fato, razões para viver. Vamos lembrar da frase do Papa Francisco: “Não te trago ouro nem prata; te trago Jesus Cristo, porque este é o verdadeiro valor”. O restante pode ajudar, na medida em que soubermos utilizar. Pode atrapalhar na medida em que nos embriagarmos com o efeito, que eventualmente, ele venha a se demonstrar.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.   

===========------------------===============

HOMILIA DE D. HENRIQUE SOARES DA COSTA

Em que consiste a vida do ser humano? Como o homem pode, de verdade, ganhar a vida? O Jesus nos adverte: “A vida do homem não consiste na abundância de bens!” Esta outra: “O homem não vive somente de pão!” (Mt 4,4). Ao contrário do que o mundo nos coloca na cabeça, não se pode medir o valor de uma vida pelos bens materiais ou pelo sucesso de alguém.

Todos buscamos segurança: segurança econômica, segurança quanto à saúde, segurança afetiva, segurança profissional... sempre segurança. O problema é que nesta vida e neste mundo nada é seguro e toda segurança não passa de uma ilusão, que cedo ou tarde desaba. O Eclesiastes é de um realismo cortante: "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”. – Em outras palavras: pó do pó, tudo é pó; tudo passa, tudo é transitório... E o Salmista diz: “Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, quando dizeis: ‘Voltai ao pó, filhos de Adão!’ Eles passam como o sono da manhã, são iguais à erva verde pelos campos. De manhã ela floresce vicejante, mas à tarde é cortada e logo seca”. O Autor do Eclesiastes coloca a questão tão dramática: será que tudo caminha para o nada? “Toda a sua vida é sofrimento, sua ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração!”  Mas, não é assim: o Autor nos quer acordar do marasmo, para que demos melhor sentido à nossa vida e olhemos mais adiante.

Então, onde apostar nossa vida, para que tenha um sentido? É interessante observar hoje a preocupação com a estética, com a saúde, com a satisfação dos desejos, ser vip, ter poder... A Palavra de Deus nos adverte: tudo passa, tudo é vaidade; não consiste nisso a vida de uma pessoa!

Então, em que consiste a vida? Como usar as coisas que passam de modo a abraçar as que não passam? Os cristãos têm uma resposta, que para o mundo é incompreensível. Escutemos o Apóstolo: "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”.  Para o cristão, a vida verdadeira é Cristo, aquele que morreu e ressuscitou, aquele que se encontra à direita do Pai. Nós cremos que tudo quanto vivamos com ele e de modo coerente com o seu Evangelho, é vida e nos faz felizes, livres e maduros. Cremos que viver de verdade a vida é apostar nele a existência, pois somente nele, no Cristo Senhor, está a vida verdadeira. Cremos que viver é viver como ele viveu. Ora, como foi a vida do Cristo? Foi total doação ao Pai e aos outros, por amor do Pai. Total despojamento, numa total liberdade – foi assim que o Cristo passou entre nós. Pois bem, é nisso que consiste a vida verdadeira; é nisto que consiste o que Jesus chama no Evangelho de ser “rico diante de Deus” e não ajuntar tesouros para si apenas.

Pensemos bem: num mundo que já não mais sabe olhar para o alto, num mundo que desaprendeu a ouvir aquele que tem palavra de vida eterna, não é fácil viver este caminho de Jesus. E, no entanto, esta é a condição para ser cristão de verdade e para encontrar a verdadeira vida.

D. HENRIQUE

=============---------------=============

PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (DIÁCONOS E MINISTROS DA PALAVRA):

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:  TODOS REPITAM:
T: Bendito seja o Senhor nosso Deus.
1- “Deus nosso Pai, nós Vos bendizemos por toda a criação. Mesmo as flores, que hoje existem e depois passam, ensinam-nos que sois o Criador soberano. Bendito sejais, porque nos chamas a participar da Vossa  eternidade.
T: Bendito seja o Senhor nosso Deus.
2- Pai, sois bondade e misericórdia. Nós vos louvamos pelo vosso grande amor por nós. Imenso é o vosso amor nos criando e nos propondo participar de vossa glória. Agradecemos nos ter enviado vosso Filho para nos ensinar o caminho da salvação.
T: Bendito seja o Senhor nosso Deus.
3- “Jesus Cristo, o Vosso Filho, nos fez filhos vossos. Pai, ouvindo Jesus Cristo, caminhamos nos transformando em novas pessoas todo dia. Esperamos ansiosos habitar em vossa casa por toda a eternidade. Ajudai-nos para que não nos desviemos de vossos caminhos.
T: Bendito seja o Senhor nosso Deus.
4- Deus nosso Pai, Vosso Filho Jesus nos ensina a renunciar as coisas passageiras e valorizar as riquezas do alto. Ter olhos para os atos que constroem o Vosso Reino e não colocar nosso coração apenas nas coisas que são terrenas. Pai, dai-nos o Espírito da fortaleza para que saibamos ver os valores do alto e saibamos partilhar as riquezas desta terra.
T: Bendito seja o Senhor nosso Deus.
à= Pai nosso...  Oração da Paz... Eis o cordeiro de Deus...


quinta-feira, 21 de julho de 2016

17º Domingo do Tempo Comum, subsídios homiléticos, homilias

XVII D. Tempo Comum (adaptado pelo diácono Ismael)

SÍNTESE:
TEMA: A Palavra de Deus mostra-nos a importância da oração.
Primeira leitura: Oração é um diálogo, no qual o homem – com humildade e confiança – apresenta a Deus seus anseios e tenta perceber os projetos de Deus para o mundo.
Evangelho: Jesus ensina que a oração deve ser um diálogo confiante de uma criança com o seu “papá”.
Segunda leitura: convida a fazer de Cristo a referência fundamental (Cristo tem de ser o modelo: quer na frequência com que se dirige ao Pai, quer na forma como dialoga com o Pai).

PRIMEIRA LEITURA (Gn 18, 20-32)
Naqueles dias, o Senhor disse a Abraão: “O clamor contra Sodoma e Gomorra cresceu, e agravou-se muito o seu pecado. ...Partindo dali, os homens dirigiram-se a Sodoma, enquanto Abraão ficou na presença do Senhor. Então... disse Abraão: “Vais realmente exterminar o justo com o ímpio? ... O Senhor respondeu: “Se eu encontrasse em Sodoma cinquenta justos, pouparia por causa deles a cidade inteira”. Abraão prosseguiu...: “Estou sendo atrevido em falar a meu Senhor, eu que sou pó e cinza. ... “E se houvesse  quarenta?” ...E se houvesse trinta justos?” Ele respondeu: “Também não o faria, se encontrasse trinta”. Tornou Abraão a insistir: “Já que me atrevi a falar a meu Senhor, e se houver vinte justos?” Ele respondeu: “Não a iria destruir por causa dos vinte”. Abraão disse: “Que o meu Senhor não se irrite, se eu falar só mais uma vez: e se houvesse apenas dez?” Ele respondeu: “Por causa dos dez, não a destruiria”.

AMBIENTE - Este texto vem na sequência da primeira leitura do domingo passado. Depois de terem deixado a tenda de Abraão, os três personagens dirigiram se para a cidade de Sodoma, a fim de constatar “in loco” o pecado dos habitantes da cidade. Abraão acompanhou os seus visitantes divinos durante algum tempo. Sodoma era uma cidade antiga, que se supõe ter existido nas margens do Mar Morto, ao sul da península de El-Lisan. De acordo com as lendas, foi uma das cidades destruídas por um cataclismo que ficou na memória do povo bíblico. Alguns estudiosos modernos têm procurado uma explicação para a lenda na geologia da área: a região fica situada na falha do vale do Jordão, numa zona sujeita a terremotos e a atividades vulcânicas. Depósitos de betume e de petróleo têm sido descobertos nesta região; e alguns escritores antigos atestam a presença de gases que, uma vez inflamados, poderiam causar uma terrível destruição, do tipo relatado em Gn 19. Terá sido isso que aconteceu nessa zona? É, provavelmente, essa recordação de um antigo cataclismo que destruiu a área, que originou a reflexão que esta leitura nos apresenta. Poder-se-ia pensar que um acontecimento tenha excitado a fantasia religiosa, no sentido de procurar as causas de uma tão terrível catástrofe. Os autores jahwistas aproveitaram o ensejo para propor uma catequese sobre o peso que o justo e o pecador têm diante de Deus.

MENSAGEM - O autor jahwista resolve inserir essa pergunta que o inquieta: Deus vai castigar toda a comunidade se nela houver justos? Será que um punhado de justos vale tanto que, por amor deles, Deus esteja disposto a perdoar o castigo a uma multidão de culpados? A ideia de que um punhado de “justos” possa salvar a cidade pecadora é, em pleno séc. X a.C. (a época do jahwista), uma ideia revolucionária. Para a mentalidade religiosa dos israelitas desta altura, todos os membros de uma comunidade (família, cidade, nação) eram solidários no bem e no mal; se alguém falhasse, o castigo devia derramar-se sobre o grupo. No entanto, os catequistas jahwistas atrevem-se a sugerir que talvez a “justiça” de uns tantos seja, para Deus, mais importante do que o pecado da maioria. Apesar de tudo, ainda estamos longe da perspectiva da retribuição e da responsabilidade individuais: essas ideias só serão consagradas pela catequese de Israel a partir do séc. VI a.C. (época do exílio na Babilônia). O problema que Abraão procura resolver é, portanto, se aos olhos de Deus um grupo de “justos” tem tal peso que, por amor deles, Deus esteja disposto a suspender o castigo que pesa sobre toda a coletividade. Os números sucessivamente avançados por Abraão (em forma descendente, de 50 até 10) fazem parte do folclore do “regateio” oriental; mas servem, também, para pôr em relevo a misericórdia e a “justiça de Deus”: a descida até aos dez “justos” e as sucessivas manifestações da vontade de Deus em suspender o castigo mostram que, n’Ele, a misericórdia é maior do que vontade de castigar, que a vontade de salvar é infinitamente maior do que a vontade de perder.
É um diálogo “face a face” no qual Abraão se apresenta com humildade, com respeito, pois sente-se “pó e cinza” diante da onipotência de Deus. No entanto, à medida que o diálogo avança e que Abraão se confronta com a benevolência de Deus, vai surgindo a confiança. Abraão chega a ser importuno na sua insistência e ousado no seu regateio. Recordando a Deus os seus compromissos, ele aparece como o “intercessor”, que consegue da misericórdia de Deus que um número insignificante de justos tenha mais peso do que um número muito elevado de culpados. É possível dialogar com Deus desta forma familiar, confiante, insistente, ousada? Certamente, pois o Deus de Abraão é esse Deus que veio ao encontro do homem, que entrou na sua tenda, que Se sentou à sua mesa, que estabeleceu com ele comunhão, que realizou os sonhos desse homem que O acolheu, que aceitou partilhar com Ele os seus projetos. Um Deus que Se revela dessa forma é um Deus com quem o homem pode dialogar, com amor e sem temor.

ATUALIZAÇÃO O diálogo entre Abraão e Deus a propósito de Sodoma confirma esse Deus da comunhão, que vem ao encontro do homem, que entra na sua casa, que Se senta à mesa com ele, que escuta os seus anseios e que lhes dá resposta; e mostra, além disso, um Deus cheio de bondade e de misericórdia, cuja vontade de salvar é infinitamente maior do que a vontade de condenar. É esse Deus “próximo”, cheio de amor, que quer vir ao nosso encontro e partilhar a nossa vida que temos de encontrar: só será possível rezar, se antes tivermos descoberto este “rosto” de Deus.
A “oração” de Abraão é paradigmática da “oração” do crente: é um diálogo com Deus – um diálogo humilde, reverente, respeitoso, mas também cheio de confiança, de ousadia e de esperança. Não é uma repetição de palavras ocas, gravadas e repetidas, mas um diálogo espontâneo e sincero, no qual o crente se expõe e coloca diante de Deus tudo aquilo que lhe enche o coração.

EVANGELHO (Lc 11, 1-13)
Jesus estava rezando..., um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação”. E Jesus acrescentou: “Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer’, e se o outro responder lá de dentro: ‘Não me incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos e eu já estamos deitados; não me posso levantar para te dar os pães’; eu vos declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los porque é seu amigo, vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e lhe dará quanto for necessário. Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá. Será que algum de vós que é pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora, se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”

AMBIENTE - Jesus apresenta aos discípulos a forma de dialogar com Deus. Não se trata tanto de ensinar uma fórmula fixa, que os discípulos devem repetir de memória, mas mais de propor um “modelo”. De resto, o “Pai nosso” conservado por Lucas é um tanto diferente do “Pai nosso” conservado por Mateus (cf. Mt 6,9-13). A versão de Mateus condiz com um meio judeu-cristão, enquanto que a de Lucas – mais breve e com menos embelezamentos litúrgicos – está mais próxima (provavelmente) da oração original. Nenhuma destas versões pretende, na realidade, reproduzir literalmente as palavras de Jesus, mas mostrar às comunidades cristãs qual a atitude que se deve assumir no diálogo com Deus.

MENSAGEM - Como é que os discípulos devem, então, rezar? Primeiro diz respeito à “forma”: deve ser um diálogo de um filho com o Pai; segundo diz respeito ao “assunto”: o diálogo incidirá na realização do plano do Pai, no advento do mundo novo. Tratar Deus como “Pai” não é novidade nenhuma. No Antigo Testamento, Deus é “como um pai” que manifesta amor e solicitude pelo seu Povo (cf. Os 11,1-9). No entanto, na boca de Jesus, a palavra “Pai” referida a Deus não é usada em sentido simbólico, mas em sentido real: para Jesus, Deus não é “como um pai”, mas é “o Pai”.
A própria linguagem com que Jesus Se dirige a Deus mostra isto: a expressão “Pai” usada por Jesus traduz o original aramaico “abba” (cf. Mc 14,36), tomada da maneira comum e familiar como as crianças chamavam o seu “papá”. Ao referir-se a Deus desta forma, Jesus manifesta a intimidade, o amor, a comunhão de vida, que o ligam a Deus. No entanto, o aspecto mais surpreendente reside no fato de Jesus ter aconselhado os seus discípulos a tratarem a Deus da mesma forma, admitindo-os à comunhão que existe entre Ele e Deus. Porque é que os discípulos podem chamar “Pai” a Deus? Porque, ao identificarem-se com Jesus e ao acolherem as propostas de Jesus, eles estabelecem uma relação íntima com Deus (a mesma relação de comunhão, de intimidade, de familiaridade que unem Jesus e o Pai). Tornam-se, portanto, “filhos de Deus”. Sentir-se “filho” desse Deus que é “Pai” significa outra coisa: implica reconhecer a fraternidade que nos liga a uma imensa família de irmãos. Dizer a Deus “Pai” implica sair do individualismo que aliena, superar as divisões e destruir as barreiras que impedem de amar e de ser solidários com os irmãos, filhos do mesmo “Pai”. Desta forma, Cristo convida os discípulos a assumirem, na sua relação e no seu diálogo com Deus, a mesma atitude de Jesus: a atitude de uma criança que, com simplicidade, se entrega confiadamente nas mãos do pai, acolhe naturalmente a sua ternura e o seu amor e aceita a proposta de intimidade e de comunhão que essa relação pai/filho implica; convida, também, os discípulos a assumirem-se como irmãos e a formarem uma verdadeira família, unida à volta do amor e do cuidado do “Pai”. Definida a “atitude”, falta definir o “assunto” ou o “tema” da oração.

Na perspectiva de Jesus, o diálogo do crente com Deus deve abordar o tema do advento do Reino, do nascimento desse mundo novo que Deus nos quer oferecer. A referência à “santificação do nome” expressa o desejo de que Deus se manifeste como salvador aos olhos de todos os povos e o reconhecimento por parte dos homens, da justiça e da bondade do projeto de Deus para o mundo; a referência à “vinda do Reino” expressa o desejo de que esse mundo novo que Jesus veio propor se torne uma realidade definitivamente presente na vida dos homens; a referência ao “pão de cada dia” expressa o desejo de que Deus não cesse de nos alimentar com a sua vida (na forma do pão material e na forma do pão espiritual); a referência ao “perdão dos pecados” pede que a misericórdia de Deus não cesse de derramar-se sobre as nossas infidelidades e que, a partir de nós, ela atinja também os outros irmãos que falharam; a referência à “tentação” pede que Deus não nos deixe seduzir pelo apelo das felicidades ilusórias, mas que nos ajude a caminhar ao encontro da felicidade duradoura, da vida plena… Duas parábolas finais completam o quadro. O acento da primeira (vers. 5-8) não deve ser posto tanto na insistência do “amigo importuno”, mas mais na ação do amigo que satisfaz o pedido; o que Jesus pretende dizer é: se os homens são capazes de escutar o apelo de um amigo importuno, ainda mais Deus atenderá gratuitamente aqueles que se Lhe dirigem. A segunda parábola (vers. 9-13) convida à confiança em Deus: Ele conhece-nos bem e sabe do que necessitamos; em todas as circunstâncias Ele derramará sobre nós o Espírito, que nos permitirá enfrentar todas as situações da vida com a força de Deus.

ATUALIZAÇÃO A forma como Jesus Se dirige a Deus mostra a existência de uma relação de intimidade, de amor, de confiança, de comunhão entre Ele e o Pai (de tal forma que Jesus chama a Deus “papá”); e Ele convida os seus discípulos a assumirem uma atitude semelhante quando se dirigem a Deus… É essa a atitude que eu assumo na minha relação com Deus? Ele é o “papá” a quem amo, a quem confio, a quem recorro, com quem partilho a vida, ou é o Deus distante, inacessível, indiferente?
A minha oração é uma oração egoísta, de “pedinchice” ou é, antes de mais, um encontro, um diálogo, no qual me esforço para escutar Deus, por estar em comunhão com Ele, por perceber os seus projetos e acolhê-los?
A minha oração é uma “negociata” entre dois parceiros comerciais (“dou-te isto, se me deres aquilo”) ou é um encontro com um amigo de quem preciso, a quem amo e com quem partilho as preocupações, os sonhos e as esperanças?

SEGUNDA LEITURA (Cl 2, 12-14) Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses.
Irmãos: Com Cristo fostes sepultados no batismo; com ele também fostes ressuscitados por meio da fé no poder de Deus, que ressuscitou a Cristo dentre os mortos. Ora, vós estáveis mortos por causa dos vossos pecados, e vossos corpos não tinham recebido a circuncisão, até que Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo, e a todos nós perdoou os pecados. Existia contra nós uma conta a ser paga, mas ele a cancelou, apesar das obrigações legais, e a eliminou, pregando-a na cruz.

AMBIENTE - Paulo defende a absoluta suficiência de Cristo para a salvação do homem. Paulo polemiza contra os “falsos doutores” que confundiam os cristãos de Colossos com exigências acerca de anjos, de ritos e de práticas ascéticas (cf. Col 2,4-3,4). Depois de exortar os Colossenses à firmeza na fé frente aos erros dos “falsos doutores” (cf. Col 2,4-8), Paulo afirma que Cristo basta, pois é n’Ele que reside a plenitude da divindade; Ele é a cabeça de todo o principado e potestade e foi Ele que nos redimiu com a sua morte (cf. Col 2,9-15).

MENSAGEM - A questão fundamental é a afirmação da supremacia de Cristo e da sua suficiência na salvação do crente. Pelo Batismo, o crente aderiu a Cristo e identificou-se com Cristo; a vida de Cristo passou a circular nele: por isso, o crente morreu para o pecado e nasceu para a vida nova do Homem Novo. Em Cristo encontramos a vida em plenitude, sem que seja necessário recorrer a mais nada (poderes angélicos, ritos, práticas) para ter acesso à salvação. Para representar, de forma mais explícita, o que significa este “morrer” e “ressuscitar”, Paulo refere-se a um “documento de dívida” que a morte de Cristo teria “anulado”. Este “documento” em que se reconhece a nossa dívida para com Deus pode designar aqui, quer a Lei de Moisés (com as suas leis, exigências, prescrições, impossíveis de cumprir na totalidade e constituindo, portanto, um documento de acusação contra as falhas dos homens), quer o “registro” onde, de acordo com as tradições judaicas da época, Deus inscreve as contas da humanidade (cf. Sal 139,16). De uma forma ou de outra, não interessa acentuar demasiado esta imagem do “documento de dívida”: ela é, apenas, uma linguagem, utilizada para significar que Cristo anulou os nossos débitos (no sentido em que o nosso egoísmo e o nosso pecado morreram, no instante em que Ele nos libertou); e, através de Cristo, começou para nós uma vida nova, liberta de tudo o que nos oprime, nos escraviza, nos rouba a felicidade, nos impede o acesso à vida plena.

ATUALIZAÇÃO  É por Cristo que o nosso pecado e o nosso egoísmo são saneados e temos acesso à salvação, à vida nova do Homem Novo. É nisto que se deve centralizar a nossa existência de cristãos. Ao denunciar a atitude dos Colossenses (mais preocupados com os poderes dos anjos e com certas práticas e ritos do que com Cristo), Paulo adverte-nos para não nos deixarmos afastar do essencial por aspectos secundários. O critério deve ser este: tudo o que contribui para nos levar até Cristo é bom; tudo o que nos distrai de Cristo é dispensável.
Pelo Batismo nos identificamos com Jesus e partimos para uma vida vivida ao jeito de Jesus, na doação, no serviço, na entrega da vida por amor. A minha vida caminha em direção ao Homem Novo, ou mantém-me no homem velho do egoísmo, do orgulho e do pecado?

Dehonianos

==========------------========

"Pai Nosso..."

A Liturgia nos convida a refletir sobre um dos elementos essenciais da vida cristã e do seguimento de Cristo: a ORAÇÃO.
Mas o que é Oração? Como fazê-la?

A leituras nos dão dois exemplos concretos: Abraão e Jesus.

Na 1a Leitura, ABRAÃO reza, intercedendo por Sodoma e Gomorra. (Gn 18,20-32)

É a primeira vez na Bíblia que um homem inicia uma conversa com Deus.
Sua oração é um DIÁLOGO com Deus, humilde, reverente, respeitoso,
mas também cheio de confiança, de ousadia e de esperança.
Não foi a repetição de fórmulas decoradas ou lidas, mastigadas às pressas,
mas um diálogo no qual apresenta a Deus as suas inquietações, dúvidas, anseios
e tenta perceber os projetos de Deus para o mundo e para os homens.

A 2ª Leitura convida a viver de forma renovada, pois fomos libertados
pela obra redentora de Cristo na cruz. (Cl 2,12-14)

No Evangelho, JESUS reza e ensina a rezar. (Lc 11,1-13)

Lucas é o evangelista da oração de Jesus.
O texto não quer ensinar uma fórmula fixa, que os discípulos devem repetir de cor, mas propor um modelo, o espírito que deve estar presente em todas as orações.
Uma conversa de filho para Pai.  (em Lucas 5 pedidos; em Mateus 7)

1. A Introdução apresenta o contexto em que Jesus ensinou o Pai Nosso.
   - Jesus estava rezando...
   - Os Apóstolos, impressionados, pedem: "Ensina-nos a rezar..."
   - Jesus responde: "Quando rezardes, dizei: PAI NOSSO..."

2. A Oração:

 - "Pai nosso..."
     - Que imagem temos de Deus?
       De um patrão exigente, um juiz severo, do qual se deve ter medo?
     = Deus é PAI... é Nosso (não apenas meu)...
 - "Santificado seja o vosso nome..."
     "Glorificado seja o vosso Santo nome" seria uma tradução mais exata...
      Quando? Quando é ovacionado com salva de palmas? 
      ou quando a Salvação alcança o coração de todos os homens?
  - "Venha a nós o vosso Reino.."
     - Reino de Justiça, de Amor e Paz, de Liberdade, de Fraternidade...
 - "Dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento..."
     - Todos precisamos do pão... e as coisas necessárias para uma vida digna.
        Isso não dispensa o nosso esforço e o nosso trabalho.
     - "Nosso" = "de todos..."
 - "Perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos..."
     - Não é possível rezar o Pai Nosso, tendo ódio no coração...
       Muitas vezes, o amor e a união só são possíveis pelo caminho do perdão...

 - "Não nos deixeis cair em tentação...":  
     - Sobretudo o abandono da fé... dos projetos de Deus...
       para abraçar o espírito do mundo...

3. Duas Parábolas completam o quadro:
    - A 1ª salienta a eficácia da Oração perseverante:
      O "Amigo inoportuno" é atendido: "Pedi e recebereis..."

   - A 2ª convida à Confiança em Deus: lembra o amor de pai para os filhos...
     "Se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos,
      quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem..."

+ Não basta rezar... devemos rezar como convém...
   A Oração deve unificar a vida de um homem com Deus...
   deve impregnar a vida de cada dia... não é uma "gaveta" isolada.  
   - Que dizer de fórmulas "milagrosas", das "orações de poder?"
   - Das orações comerciais: "dou, se me deres?"
   - Dos decepcionados, quando não são atendidos?

+ O Valor da Oração não está condicionado:
   - Ao comprimento das velas... - Ao número de vezes que repetimos...
   - Ao comprimento da fita...     - Ao número de nós no barbante...
   - À fórmula milagrosa - Ao lugar em que fazemos... - Ao Santo que invocamos.
   = Mas sim ao espírito de FÉ e AMOR com que a fazemos...

REZAR: É um DIÁLOGO familiar com Deus,
que brota de um ato de fé e de um ato de amor e
que nos leva a entrar no Plano de Deus: "Seja feita a vossa vontade..."

REZAR: Não é apenas orar com os lábios,
mas também com a inteligência, com o coração e com toda a nossa vida...

* Temos tempo para rezar? Quando é que nos lembramos de rezar?
   Só nos momentos de apuro, como um pronto-socorro?

E Você, Pai (ou mãe) reza profundamente com o seu Deus,
a ponto provocar em seu filho o pedido: "Pai (Mãe), ensina-me a rezar?"

Estamos aqui reunidos, porque acreditamos na Oração...
- Ela está marcando de fato a nossa vida,
de modo a impressionar também os que aqui não vem,
percebendo em nós a alegria de alguém se encontrou com Deus na oração?

Se ainda não o conseguimos... façamos nossa, a oração dos apóstolos:
"Senhor, ensina-nos a rezar..."

No dia dedicado ao Agricultor e ao Motorista, nossa prece e reconhecimento
àqueles que cultivam a terra e aos que transportam os frutos.
Que São Cristóvão abençoe os motoristas e proteja todos os agricultores...

                            Pe. Antônio Geraldo
==============-------------=========

Homilia de D. Henrique Soares da Costa

Basta recordar a primeira leitura e o evangelho para ver claramente que a Palavra de Deus deste domingo fala da oração. Abraão reza, intercedendo por Sodoma e Gomorra; Cristo ensina seus discípulos a rezar. Portanto, a oração.

É impressionante não somente o fato de Jesus nos ter mandado rezar, nos ter ensinado a rezar, mas sobretudo, o fato de ele mesmo ter rezado com muitíssima frequência. Basta recordar o início do evangelho de hoje: “Jesus estava rezando num certo lugar”. Nós sabemos que ele passava noites inteiras em oração, que rezava antes dos grandes momentos de sua vida, que morreu rezando.
Afinal, por que rezar? Para nos abrir para Deus, para nos fazer tomar consciência dele com todo o nosso ser, para que percebamos com cada fibra do nosso ser, do nosso consciente e do nosso inconsciente que não nos bastamos a nós mesmos, mas somos seres chamados a viver a vida em comunhão com o Infinito, em relação com o Senhor. Sem a oração, perderíamos nossa referência viva a Deus, cairíamos na ilusão que somos o centro da nossa vida e reduziríamos o Senhor Deus a uma simples idéia abstrata, distante e sem força. Todo aquele que não reza, seja leigo, seja religioso, seja padre, perde Deus, perde a relação viva com ele. Pode até falar dele, mas fala como quem fala de uma idéia, de uma teoria e não de alguém vivo e próximo, que enche a vida de alegria, ternura, paz e amor. Sem a oração, Deus morre em nós. Sem a oração é impossível uma experiência verdadeira e profunda de Deus e, portanto, é impossível ser cristão. Por tudo isso, a oração tem que ser diária, perseverante e fiel.
Assim, quando agradecemos, reconhecemos que tudo recebemos de Deus; quando suplicamos, reconhecemos e aprendemos que dependemos dele e da sua providência; quando intercedemos, aprendemos e experimentamos que tudo e todos estão nas mãos amorosas de Deus; quando pedimos perdão, reconhecemos que nossa vida é vivida diante dele e a ele devemos prestar contas da existência que recebemos. Portanto, a oração nos abre, nos educa, nos amadurece, nos faz viver em parceria com o Senhor.
Quanto aos modos de rezar, são variados. A melhor forma é com a Sagrada Escritura: tomando a Palavra de Deus, lendo-a com os lábios, meditando-a com o coração e procurando vivê-la na existência. Tome diariamente a Bíblia, leia-a com fé, repita as palavras ou frases que tocaram seu coração e derrame sua alma diante do Senhor. Nunca esqueçamos que essa Palavra de Deus é viva e eficaz, transformando a nossa vida e dando-lhe um novo sentido. Também é importante a oração espontânea, com nossas palavras e a oração vocal, aquela decorada, como o Pai-nosso e a Ave-Maria. Aqui, é bom recordar o terço, que tanto bem tem feito ao longo dos séculos. Mas, a oração por excelência é a própria Celebração Eucarística (missa). Aí, de modo pleno, nós somos unidos à própria oração de Cristo, participando do seu sacrifico pela salvação nossa e do mundo inteiro.
Mas, recordemos que a oração não é uma negociata com Deus nem é para dobrar Deus aos nossos caprichos. É, antes, para nos tornar disponíveis à vontade do Senhor a nosso respeito. Uma das coisas muito belas da oração é que, tendo rezado e pedido, o que acontecer depois podemos saber com certeza que é vontade de Deus! É nesse sentido que Nosso Senhor afirmou que tudo quanto pedirmos em seu nome, o Pai nos concederá. Ora, o que é pedir em nome de Jesus? É pedir como Jesus; “Pai, não se faça a minha, mas a tua vontade”. Rezar assim é entrar no cerne da oração de Jesus. Então, tudo que nos vier, saberemos que é vontade do Pai, pois sabemos que nossa oração foi atendida; e nisto teremos paz.
Que nesta Celebração Eucarística (Missa), nós peçamos, humildemente, como os primeiros discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar”. E aqui não se trata de fórmulas, mas de atitudes. Observemos que a oração que Jesus ensinou, o Pai-nosso, é toda ela centrada não em nós, mas no Pai: no seu Reino, na sua vontade, na santificação do seu nome. Somente depois, quando aprendermos a deixar que Deus seja tudo na nossa vida, é que experimentaremos que somos pessoas novas, transformadas pela graça do Senhor.
Cuidemos, pois de avaliar nossa vida de oração e retomar nosso caminho de busca de intimidade com o Senhor, ele que é a fonte e a razão de ser da nossa existência. Amém.
D. Henrique Soares da Costa


==========-----------=============

PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros da Palavra):
LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, NOS COLOQUEMOS NA PRESENÇA DO PAI:
T: Pai querido, santificado seja o vosso nome.
à “Deus de bondade, nós Vos damos graças pelo Vosso Filho Jesus; com sua morte de cruz nos mostrou como é grande o vosso amor por nós. Pai, iluminai-nos para que saibamos ser instrumentos desse amor na construção do Reino.
T: Pai querido, santificado seja o vosso nome.
à “Deus da vida e da ressurreição, nós Vos damos graças pelo nosso batismo. Estávamos destinados à morte e Vós nos deste vida nova quando nos enviastes vosso Filho, que nos tornou também filhos vossos. Somos um novo povo rumo à eternidade junto a Vós. 
T: Pai querido, santificado seja o vosso nome.
à “Pai, nós Vos damos graças pela oração, porque Jesus ensinou-nos a procurar-vos, a bater à vossa porta, a pedir-vos o pão e a falar-vos diretamente e com confiança, como filhos a seu Pai. Que vosso nome seja santificado e que vosso Reino seja edificado. Dai-nos o pão de vida e o Espírito da fortaleza para que vençamos nossas dificuldades.
T: Pai querido, santificado seja o vosso nome.
à Jesus nos fez irmãos; como Jesus orou ao seu “papá”, ao seu paizinho, rezemos a oração que Ele nos ensinou:
 PAI NOSSO... EIS O CORDEIRO.