18º DOMINGO DO
TEMPO COMUM ANO C 2016 (Adaptação Diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema: Que lugar ocupa os bens deste mundo em nossa vida?
Primeira
leitura:
uma reflexão do “Cohélet” (Eclesiástico) sobre o sem sentido em acumular bens terrenos.
Evangelho: Jesus denuncia a
falência de uma vida voltada apenas para os bens materiais.
Segunda
leitura: convida-nos
à identificação com Cristo e renascermos ao Homem Novo, deixando os deuses que
nos escravizam.
PRIMEIRA LEITURA (Ecl 1,2;2,21-23) Leitura do Livro do Eclesiastes.
“Vaidade
das vaidades”, diz o Eclesiastes, “vaidade das vaidades! Tudo é vaidade”. Por
exemplo: um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso, vê-se
obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou. Também isso é
vaidade e grande desgraça. De fato, que resta ao homem de todos os trabalhos e
preocupações que o desgastam debaixo do sol? Toda a sua vida é sofrimento; sua
ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração. Também isso é
vaidade.
AMBIENTE - O Livro de Qohélet é um livro de caráter
sapiencial, escrito pelos finais do séc. III a.C.. O nome “Eclesiastes” é do
grego “ekklesiastes”: significa “aquele que fala na assembleia” (“ekklesia”). O
autor nega qualquer possibilidade de encontrar um sentido para a vida… Não é um
livro de respostas; é um livro que denuncia o fracasso da sabedoria tradicional
e onde se não compreende a razão de viver.
MENSAGEM – O texto
proclama a inutilidade de qualquer esforço humano. Que adianta trabalhar e
deixar tudo a outro que nada fez? A lição que o “qohélet” nos deixa a
demonstração da incapacidade de o homem, por si só, encontrar uma saída, um
sentido para a sua vida. O “qohélet” leva-nos a reconhecer a nossa impotência,
o sem sentido de uma vida voltada apenas para o humano e para o material. A
reflexão deste livro força-nos a olhar para o mais além. Para onde? O “qohélet”
não vai tão longe; mas nós, iluminados pela fé, já podemos concluir: para Deus.
Só em Deus e com Deus seremos capazes de encontrar o sentido da vida e
preencher a nossa existência.
ATUALIZAÇÃO • Quase que o “qohélet” é o precursor
dos filósofos existencialistas modernos que refletem sobre o sentido da vida e
constatam a futilidade da existência que acompanha a vida do homem, a
inutilidade da busca da felicidade, o fracasso que é a vida condenada à morte
(Jean Paul Sartre, Albert Camus, André Malraux…). As conclusões, quer do
“qohélet”, quer das filosofias existencialistas agnósticas, seriam
desesperantes se não existisse a fé. Para nós, os crentes, a vida não é absurda
porque ela não termina neste mundo… A nossa caminhada nesta terra está cheia de
limitações; mas nós sabemos que esta vida caminha para a sua realização plena,
para a vida eterna: só aí encontraremos o sentido pleno do nosso ser e da nossa
existência.
• Quem vive,
apenas para acumular, pode encontrar pleno significado à vida? Quem vive
obcecado com a conta bancária, com o carro novo, ou com a casa com piscina num
empreendimento de luxo, encontrará aí aquilo que o realiza plenamente? Para
mim, o que é que dá sentido pleno à vida? Para que é que eu vivo?
SALMO RESPONSORIAL / 89 (90)
Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.
• Vós fazeis voltar
ao pó todo mortal, / quando dizeis:
“Voltai ao pó, filhos
de Adão!” / Pois mil anos para vós
são como ontem, /
qual vigília de uma noite que passou.
• Eles passam como o
sono da manhã, / são iguais à erva
verde pelos campos: /
de manhã ela floresce vicejante,
/ mas à tarde é
cortada e logo seca. (...)
• Saciai-nos de manhã
com vosso amor, / e exultaremos
de alegria todo o
dia! / Que a bondade do Senhor e
nosso Deus / repouse
sobre nós e nos conduza! / Tornai
fecundo, ó Senhor,
nosso trabalho.
EVANGELHO (Lucas 12,13-21)
Alguém disse a Jesus:
“Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. Jesus respondeu:
“Homem, quem me encarregou de dividir vossos bens?” E disse-lhes: Tomai cuidado
contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida
não consiste na abundância de bens. E contou lhes uma parábola: “A terra de um
homem rico deu uma grande colheita. Ele pensava: ‘O que vou fazer? Então
resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores;
neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer
a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa,
come, bebe, aproveita!’ Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão
de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ Assim acontece
com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus.
AMBIENTE - Um homem queixa-se uma herança. Segundo as tradições judaicas, o filho primogênito recebia dois terços das posses e intacto o patrimônio da família, a casa e as terras.
MENSAGEM
- Cristo
denuncia a cobiça e a preocupação exagerada pelos bens terrenos... E adverte: "Tomai cuidado contra todo tipo de GANÂNCIA... A vida de um homem não consiste na
abundância de bens..."
Jesus
não toma posição de um irmão contra outro. O que estava em questão era a cobiça
pelos bens. Jesus explica: o dinheiro não é a fonte da verdadeira vida. A cobiça insaciável de ter é idolatria:
não conduz à vida plena. Viver para acumular bens é, aos olhos de Deus, “insensatez”.
Jesus
nos diz que não podemos viver escravos do dinheiro e dos bens materiais, como
se eles fossem a coisa mais importante da nossa vida. A preocupação excessiva
com os bens é egoísmo, que centra o homem em si próprio e o impede de
estar disponível para os valores importantes – os valores do Reino. Quando o
coração está cheio de cobiça, de avareza, de egoísmo, o homem torna-se
insensível aos outros e a Deus; é capaz de explorar, de escravizar o irmão, de
cometer injustiças. Torna-se orgulhoso e auto suficiente, incapaz de amar, de
partilhar, de se preocupar com os outros. Atenção: esta parábola destina-se a
todos que (tendo muito ou pouco) vivem obcecados com os bens.
Todos buscamos segurança: segurança econômica,
segurança quanto à saúde, segurança afetiva, segurança profissional... sempre
segurança. O problema é que nesta vida e neste mundo nada é seguro e toda
segurança não passa de uma ilusão, que cedo ou tarde desaba. O Eclesiastes é de
um realismo cortante: "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”.
– Em outras palavras: pó do pó, tudo é pó; tudo passa, tudo é transitório... E
o Salmista diz: “Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, quando dizeis: ‘Voltai
ao pó, filhos de Adão!’ Eles passam como o sono da manhã, são iguais à erva
verde pelos campos. De manhã ela floresce vicejante, mas à tarde é cortada e
logo seca”. O Autor do Eclesiastes coloca a questão tão dramática:
será que tudo caminha para o nada? “Toda a sua vida é sofrimento, sua
ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração!”
Mas, não é assim: o Autor nos quer acordar do marasmo, para que demos melhor
sentido à nossa vida e olhemos mais adiante.
Então, onde apostar nossa vida, para que tenha um sentido? É interessante observar hoje a preocupação com a estética, com a saúde, com a satisfação dos desejos, ser vip, ter poder... A Palavra de Deus nos adverte: tudo passa, tudo é vaidade; não consiste nisso a vida de uma pessoa!
Então, em que consiste a vida? Como usar as coisas que passam de modo a abraçar as que não passam? Os cristãos têm uma resposta, que para o mundo é incompreensível. Escutemos o Apóstolo: "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Para o cristão, a vida verdadeira é Cristo, aquele que morreu e ressuscitou, aquele que se encontra à direita do Pai. Nós cremos que tudo quanto vivamos com ele e de modo coerente com o seu Evangelho, é vida e nos faz felizes, livres e maduros. Cremos que viver de verdade a vida é apostar nele a existência, pois somente nele, no Cristo Senhor, está a vida verdadeira. Cremos que viver é viver como ele viveu. Ora, como foi a vida do Cristo? Foi total doação ao Pai e aos outros, por amor do Pai. Total despojamento, numa total liberdade – foi assim que o Cristo passou entre nós. Pois bem, é nisso que consiste a vida verdadeira; é nisto que consiste o que Jesus chama no Evangelho de ser “rico diante de Deus” e não ajuntar tesouros para si apenas.
Pensemos bem: num mundo que já não mais sabe olhar para o alto, num mundo que desaprendeu a ouvir aquele que tem palavra de vida eterna, não é fácil viver este caminho de Jesus. E, no entanto, esta é a condição para ser cristão de verdade e para encontrar a verdadeira vida.
ATUALIZAÇÃO • Muitos vivem escravos do
trabalho e dos bens, que têm tempo para as coisas importantes – Deus, a
família, os irmãos que nos rodeiam. Quantas pessoas escolhem prescindir dos
filhos, para poder dedicar-se a uma carreira de êxito profissional que as torne
milionárias … Quantas pessoas esquecem as suas familias, porque é mais
importante assegurar o dinheiro suficiente para as férias… Quantas pessoas
renunciam à sua dignidade e aos seus direitos, para aumentar a conta bancária…
Tornamo-nos, assim, mais felizes e mais humanos? É aí que está o verdadeiro
sentido da vida?
• O que Jesus
denuncia aqui não é a riqueza, mas a deificação da riqueza. Jesus recomenda:
“cuidado com os falsos deuses; não deixem que o acessório vos distraia do
fundamental”.
- Todos nós desejamos
segurança, felicidade... Mas onde a podemos encontrar?
Muitos
a procuram nas COISAS, nos bens terrenos e, para isso, se dedicam febrilmente
em empreendimentos grandiosos e lucrativos. Às vezes basta a simples visita de
um ladrão, um fracasso nos negócios, o desemprego, uma doença... e lá se vai o
que acumularam... Só Deus pode nos tornar plenamente felizes...
*
O pecado foi "acumular apenas para si". Não agradeceu a Deus, nem
partilhou com os irmãos.
A
ganância pelos bens terrenos é a causa de muitos males...
-
Quantas brigas e divisões em família... na divisão da herança!
-
Quantas lutas... para vencer o concorrente... e ter mais!
-
Quantas fraudes, injustiças e corrupção... no desejo insaciável de bens!
-
Quantas discriminações: porque as pessoas valem pelo que têm!
Pura
ilusão:
A fonte da vida está só em Deus... E a
morte nos convence dessa dura realidade...
Esta parábola não se destina apenas àqueles que têm muitos bens; mas
destina-se a todos aqueles que (tendo muito ou pouco) vivem obcecados com os
bens, orientam a sua vida no sentido do "ter" e fazem dos bens
materiais os deuses, que condicionam a sua vida e o seu agir.
SEGUNDA LEITURA
(Colossenses 3,1-5.9-11)
Se ressuscitastes com
Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto; aspirai às coisas celestes
e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida,
com Cristo, em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então
vós aparecereis também com ele, revestidos de glória. Portanto, fazei morrer o
que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria. Não mintais
uns aos outros. Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir e
vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu
Criador, em ordem ao conhecimento. Aí não se faz distinção entre grego e judeu,
circunciso e incircunciso, inculto e selvagem, escravo e livre, mas Cristo é
tudo em todos.
AMBIENTE - Paulo polemiza contra os “doutores” para
quem a fé em Cristo devia ser complementada com o conhecimento dos anjos e com
certas práticas legalistas e ascéticas. Paulo procura demonstrar que a fé em
Cristo (entendida como adesão a Cristo) basta para chegar à salvação. Paulo
convoca os Colossenses a viverem de acordo com essa vida nova que os
identificou com Cristo.
MENSAGEM - Paulo apresenta, como base sólida da vida
cristã, a união com Cristo ressuscitado. Os cristãos, pelo batismo,
identificaram-se com Cristo ressuscitado; dessa forma, morreram para o pecado e
renasceram para uma vida nova. Essa vida deve crescer progressivamente, mas
manifestar-se-á em plenitude, quando Cristo “aparecer”.
O cristão deve fazer morrer em si a imoralidade, a impureza, as paixões, os maus desejos, numa palavra, todos esses falsos deuses que enchem a vida do homem velho; e, por outro lado, deve revestir-se do Homem Novo – ou seja, deve renovar-se continuamente até que nele se manifeste a “imagem de Deus”. Quando isso acontecer, desaparecerão as velhas diferenças de povo, de raça, de religião e todos serão iguais, isto é, “imagem de Deus”. Foi isso que Cristo veio fazer: criar uma comunidade de homens novos, que sejam no mundo a “imagem de Deus”. A identificação com Cristo ressuscitado –pelo Batismo – é um renascimento contínuo que deve levar-nos a parecer-nos cada vez mais com Deus.
O cristão deve fazer morrer em si a imoralidade, a impureza, as paixões, os maus desejos, numa palavra, todos esses falsos deuses que enchem a vida do homem velho; e, por outro lado, deve revestir-se do Homem Novo – ou seja, deve renovar-se continuamente até que nele se manifeste a “imagem de Deus”. Quando isso acontecer, desaparecerão as velhas diferenças de povo, de raça, de religião e todos serão iguais, isto é, “imagem de Deus”. Foi isso que Cristo veio fazer: criar uma comunidade de homens novos, que sejam no mundo a “imagem de Deus”. A identificação com Cristo ressuscitado –pelo Batismo – é um renascimento contínuo que deve levar-nos a parecer-nos cada vez mais com Deus.
ATUALIZAÇÃO • Ser batizado é identificar-se com
Cristo e, portanto, renunciar aos mecanismos que geram egoísmo, ambição,
injustiça, orgulho, morte – os mesmos que Jesus rejeitou como diabólicos; e é,
em contrapartida, escolher uma vida de doação, de entrega, de serviço, de amor
– os mecanismos que levaram Jesus à cruz, mas que também o levaram à
ressurreição.
• O objetivo da
nossa vida é a renovação contínua da nossa vida, a fim de que nos tornemos
“imagem de Deus”.
• A comunidade é
essa família de irmãos onde as diferenças são ilusórias, porque o fundamental é
que todos caminham para ser “imagem de Deus”.
• A construção
do “Homem Novo” é uma tarefa constante: cada instante apresenta-nos novos
desafios, que podem ser vencidos ou que podem vencer-nos.
Hoje
em dia é muito comum pôr tudo no seguro...
Há
seguro de vida para carros, roubos, incêndios, acidentes pessoais...
A
nossa vida, que continua na eternidade, também deve ser assegurada. Mas a vida
eterna não pode ser assegurada com as riquezas desse mundo... e sim com os
tesouros reconhecidos por Deus.
O
dinheiro nos dá a falsa sensação de segurança. O único fundamento seguro de nossa existência é Deus...
E, nele, o próprio
dinheiro adquire outro sentido: Não será mais instrumento de SEPARAÇÃO entre os homens, mas
sim de COMUNHÃO, um sinal de amor...
Não
nos esqueçamos: nosso coração foi feito por Deus, e apenas em Deus encontrará a
verdadeira e plena felicidade...
O necessitado, o desempregado vê no dinheiro sua
sobrevivência o rico vê a possibilidade de ter mais.; Meu trigo, meu celeiro,
acumular, ter mais. Ele não pensa em ajudar sequer seus empregados. Este homem
perdeu seu trabalho e sua existência correndo atrás do ter.
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A Ganância
Todos nós desejamos segurança, felicidade... Mas onde a
podemos encontrar?
- Muitos a procuram nas COISAS, nos bens terrenos e, para
isso, se dedicam febrilmente em empreendimentos grandiosos e lucrativos.
Às vezes basta a simples visita de um ladrão, um fracasso
nos negócios, o desemprego, uma doença... e lá se vai o que acumularam...
- Outros buscam segurança e felicidade nas PESSOAS, e
quantas vezes acabam depois profundamente decepcionados... Percebem que, o que
este mundo oferece, não é suficiente para estancar a sede de felicidade.
Só Deus pode nos tornar plenamente felizes...
As Leituras bíblicas aprofundam essa Verdade:
A 1a Leitura lembra
a situação insuportável do povo de Deus pela ganância dos poderosos de então.
Isso levou o autor sagrado a afirmar:
"Vaidade das
vaidades, tudo é vaidade". (Ecle
1,2; 2,21-23)
Na 2a Leitura, São
Paulo nos exorta a mesma coisa: "Se
ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto...
e não as da terra...
" (Cl 3, 1-5.9-11)
No Evangelho, Cristo denuncia a
cobiça e a preocupação exagerada pelos bens terrenos... (Lc 12,13-21)
- Um desconhecido pede a Jesus para resolver um problema de
herança.
- Jesus se recusa, porque é difícil fazer justiça quando
existe cobiça.
E adverte: "Tomai cuidado contra todo tipo de GANÂNCIA... a vida de um homem não consiste na
abundância de bens..."
- Para ilustrar essa verdade, conta a Parábola do RICO
INSENSATO, que construiu grandes
celeiros para armazenar a colheita abundante,
pensando assim ter segurança para viver tranqüilamente.
Pura ilusão: Naquela
mesma noite veio a morrer... e se
apresentou de mãos vazias diante de Deus...
- E Jesus conclui: "Assim
acontece com quem guarda tesouros para
si e não é rico diante de Deus."
* O pecado foi "acumular apenas para si". Não
agradeceu a Deus, nem partilhou com os irmãos.
A ganância pelos bens terrenos é a causa de muitos males...
- Quantas brigas e divisões em família... na divisão da
herança!
- Quantas lutas... para vencer o concorrente... e ter mais!
- Quantas fraudes, injustiças e corrupção... no desejo
insaciável de bens!
- Quantas discriminações: porque as pessoas valem pelo que
têm!
Pura ilusão: A fonte da vida está só em Deus... E a morte nos convence dessa dura
realidade...
Esta parábola não se destina apenas àqueles que têm muitos
bens; mas destina-se a todos aqueles que (tendo muito ou pouco) vivem obcecados
com os bens, orientam a sua vida no sentido do "ter" e fazem dos bens
materiais os deuses, que condicionam a sua vida e o seu agir.
+ A Palavra de Deus nos questiona.
O ensinamento de Jesus toca em cheio os cristãos encantados
com o capitalismo neoliberal e sua apologia do lucro e do acúmulo de bens.
Ficam anestesiados diante das necessidades dos irmãos.
Cristãos vivendo na riqueza, enquanto muitos irmãos na fé
vivem na indigência, sem experimentarem a solidariedade dos seus irmãos e irmãs
na fé abastados.
Hoje em dia é muito comum pôr tudo no seguro...
Há seguro de vida para carros, roubos, incêndios, acidentes
pessoais...
A nossa vida, que continua na eternidade, também deve ser
assegurada. Mas a vida eterna não pode ser assegurada com as riquezas desse
mundo... e sim com os tesouros reconhecidos por Deus.
O dinheiro nos dá a falsa sensação de segurança. O único
fundamento seguro de nossa existência é Deus...
E, nele, o próprio dinheiro adquire outro sentido: Não será
mais instrumento de SEPARAÇÃO entre os homens,
mas sim de COMUNHÃO, um sinal de amor...
Não nos esqueçamos: nosso coração foi feito por Deus, e
apenas em Deus encontrará a verdadeira e plena felicidade...
Estamos celebrando o mês vocacional. Nesse domingo,
queremos lembrar de modo especial a
Vocação Sacerdotal e Diaconal. Aos nossos Padres e Diáconos, a nossa gratidão e a
nossa prece!...
Pe.
Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, eu gostaria de perguntar para as
crianças que vão fazer a primeira comunhão: o que temos que fazer para que a
semente dê frutos? – água, o que mais? – luz, então eu preciso do sol, o que
mais? – terra. Então, terra, sol, água. Que mais? Faltam mais algumas coisas
ainda. Adubo se a terra não for boa. Ar e falta mais uma coisa muito
importante! – plantar. Claro! Não adianta eu ter água, terra, sol, semente e se
eu não plantar, não nasce. Agora, quem é que fabricou a terra, o sol, o ar, a
água, a semente? Deus. O ser humano não
conseguiu fazer isto.
Outra pergunta: quando
é que eu me torno imagem e semelhança de Deus? Quando eu junto todos estes
elementos e planto. Quando eu planto, eu
completo a obra do Criador. Ele já providenciou o sol, a terra, o ar e a
água e espera que eu plante, que eu junte estes elementos. É assim, que somos
imagem e semelhança de Deus. Veja, que Deus nos deu todas as riquezas
necessárias. Todas e Ele disse assim: “Crescei,
multiplicai e dominai a terra”. Significa: sede o jardineiro. Seja aquele
que cuida do jardim do Édem. Quem é que cumpriu esta ordem que Deus nos deu?
Quem será? Quem é que foi um verdadeiro jardineiro? Quem é que na bíblia, é
chamado de jardineiro? – Jesus. E você respondeu pelo óbvio, porque é sempre
Jesus o certo, ou você se lembra de alguma passagem na Bíblia? Você não se
lembra, claro, foi pelo óbvio. Ótimo! É Jesus mesmo. Lembra, quando Maria
Madalena vai ao túmulo e não encontra o corpo de Jesus e pensando que fosse
quem? – o Jardineiro. Ela diz a Jesus: “Senhor, se foi você que levou o corpo
de Jesus, me diga onde o colocou”. Jesus diz: “Maria”! Aí, ela se dá conta de
que é Jesus.
Jesus é o
jardineiro, que conseguiu cuidar do
jardim do Édem. Adão não conseguiu. Por
que eu estou falando isso? Porque a segunda leitura diz: Já vos despojastes do
homem velho e da sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do
seu Criador, em ordem ao conhecimento. O
homem velho e o homem novo. Quem é o homem velho? Adão. Quem é o homem novo?
Jesus. Como Ele se tornou o Homem novo? Ele cuidou do mundo na forma como Deus
gostaria que cuidasse. E, mais ainda: Ele, de verdade, no mostrou o que é ser
imagem de Deus. Olha, não adianta, se você quer ser a imagem de Deus, você tem
que entender, que o trabalho é a maneira como eu completo a obra do criador.
Comer feijão cru não dá, mas na medida em que eu ponho para cozinhar o feijão,
eu completei a obra do criador. Você juntar a sêda, não resolve. Isto, o
bichinho da sêda faz. Mas, eu tecer a sêda, transformo em pano, tecido, para me
cobrir, completo a obra do Criador. E, assim, canalizar a água, assim,
construir as coisas, então, o trabalho é dom de Deus, é benção.
Quando é que se torna maldição? A primeira leitura
diz: quando eu trabalho para o outro desfrutar. Às vezes, a gente acha que o
trabalho é um peso na vida. Ele é um peso, se um trabalha e outro é que desfruta.
Claro, que há divisões de trabalho. Às vezes, um vai fora de casa para
conseguir o dinheiro, para honrar os compromissos e o outro fica em casa para
dar o suporte para que a pessoa possa conseguir o trabalho e trabalhar com
tranquilidade. Há aqueles que dependem do salário da gente, é evidente! As
crianças, por exemplo. Não é disso, que a primeira leitura diz. A primeira
leitura diz sobre a exploração, onde um trabalha, se dedica, e o outro, que nada fez, desfruta do
trabalho que foi realizado. Isto é
maldição! Isto é vaidade.
A segunda leitura fala de idolatria. Aqui, eu gostaria de chamar a atenção. Portanto, fazei
morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus
desejos e a cobiça, que é idolatria. Idolatria e
vaidade, são sinônimos. O que é que
eu aprendi, que é vaidade? O pessoal fala que vaidade é tingir o cabelo,
vaidade é pintar as unhas, vaidade é passar perfume! Não! Vaidade é explorar o irmão.
O que é que falam de idolatria? Falam que a nossa devoção para com os santos é
uma idolatria. Hanhãm. Idolatria é a
cobiça. Idolatria é eu querer tudo
para mim. É isto que fala o Evangelho. O fulano não estava errado. Estava
feliz! Ele trabalhou! Conseguiu uma grande colheita. Mas, não passou na cabeça
dele dividir com alguém. Ele quis tudo para si, para guardar num depósito, para
ele não ter que trabalhar mais. Olhe aí. Quem deixa de trabalhar, deixa de ser
imagem de Deus. Quem pensa só em si,
é um egoísta, portanto, é um idólatra.
De fato, quem vai viver do trabalho do outro, isto é vaidoso. Cobiça, vaidade,
são todos pecados. Aí é que está. O problema não é termos bens e recursos. O
problema é quando isto é a razão da minha vida. O papa Francisco dizia: o
problema do mundo qual é? O problema do mundo está em ser alimentado pela
vaidade e a cobiça, onde eu me sinto eternamente frustrado, porque, quando vou
mostrar um novo celular para o outro, o outro já me mostra um celular mais novo
do que o meu. Sinto-me frustrado quando eu não consegui trocar o meu carro.
Sinto-me frustrado, porque a viagem dos meus sonhos não consegui fazer. O papa
diz: sempre você vai estar escravizado, porque isto é escravidão. É viver só
para o consumo, quando a vida consiste em cultivar valores, que não são ultrapassados:
o amor, a solidariedade, ajudar o próximo e assim por diante os valores do Evangelho. Estes, nunca são
ultrapassados. O restante pode ultrapassar à vontade. Não tem problema
nenhum.
Para nossa conclusão: eu tenho certeza, não vou dizer
todos, mas a maioria é muito consciente disto, dos presentes aqui. Então, por
que estou falando tudo isto? Porque tem gente que não ouve a Palavra de Deus e
se sente amargurado porque não consegue acompanhar o ritmo do consumo. Ajudar a
estas pessoas, mostrando a elas, que a verdadeira felicidade consiste nos
valores do alto. E, os valores do alto são os valores do homem novo, de Jesus,
porque Ele nos traz, de fato, razões para viver. Vamos lembrar da frase do Papa
Francisco: “Não te trago ouro nem prata;
te trago Jesus Cristo, porque este é o verdadeiro valor”. O restante pode
ajudar, na medida em que soubermos utilizar. Pode atrapalhar na medida em que
nos embriagarmos com o efeito, que eventualmente, ele venha a se demonstrar.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.
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HOMILIA DE D. HENRIQUE SOARES DA COSTA
Em que consiste a vida do ser humano?
Como o homem pode, de verdade, ganhar a vida? O Jesus nos adverte: “A
vida do homem não consiste na abundância de bens!” Esta outra: “O
homem não vive somente de pão!” (Mt 4,4). Ao contrário do que o mundo nos
coloca na cabeça, não se pode medir o valor de uma vida pelos bens materiais ou
pelo sucesso de alguém.
Todos buscamos segurança: segurança econômica, segurança quanto à saúde, segurança afetiva, segurança profissional... sempre segurança. O problema é que nesta vida e neste mundo nada é seguro e toda segurança não passa de uma ilusão, que cedo ou tarde desaba. O Eclesiastes é de um realismo cortante: "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”. – Em outras palavras: pó do pó, tudo é pó; tudo passa, tudo é transitório... E o Salmista diz: “Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, quando dizeis: ‘Voltai ao pó, filhos de Adão!’ Eles passam como o sono da manhã, são iguais à erva verde pelos campos. De manhã ela floresce vicejante, mas à tarde é cortada e logo seca”. O Autor do Eclesiastes coloca a questão tão dramática: será que tudo caminha para o nada? “Toda a sua vida é sofrimento, sua ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração!” Mas, não é assim: o Autor nos quer acordar do marasmo, para que demos melhor sentido à nossa vida e olhemos mais adiante.
Então, onde apostar nossa vida, para que tenha um sentido? É interessante observar hoje a preocupação com a estética, com a saúde, com a satisfação dos desejos, ser vip, ter poder... A Palavra de Deus nos adverte: tudo passa, tudo é vaidade; não consiste nisso a vida de uma pessoa!
Então, em que consiste a vida? Como usar as coisas que passam de modo a abraçar as que não passam? Os cristãos têm uma resposta, que para o mundo é incompreensível. Escutemos o Apóstolo: "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Para o cristão, a vida verdadeira é Cristo, aquele que morreu e ressuscitou, aquele que se encontra à direita do Pai. Nós cremos que tudo quanto vivamos com ele e de modo coerente com o seu Evangelho, é vida e nos faz felizes, livres e maduros. Cremos que viver de verdade a vida é apostar nele a existência, pois somente nele, no Cristo Senhor, está a vida verdadeira. Cremos que viver é viver como ele viveu. Ora, como foi a vida do Cristo? Foi total doação ao Pai e aos outros, por amor do Pai. Total despojamento, numa total liberdade – foi assim que o Cristo passou entre nós. Pois bem, é nisso que consiste a vida verdadeira; é nisto que consiste o que Jesus chama no Evangelho de ser “rico diante de Deus” e não ajuntar tesouros para si apenas.
Pensemos bem: num mundo que já não mais sabe olhar para o alto, num mundo que desaprendeu a ouvir aquele que tem palavra de vida eterna, não é fácil viver este caminho de Jesus. E, no entanto, esta é a condição para ser cristão de verdade e para encontrar a verdadeira vida.
D. HENRIQUE
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (DIÁCONOS E MINISTROS
DA PALAVRA):
LOUVOR: (QUANDO O
PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA
COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, POR
JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI: TODOS REPITAM:
T: Bendito seja o Senhor nosso Deus.
1- “Deus nosso Pai, nós
Vos bendizemos por toda a criação. Mesmo as flores, que hoje existem e depois
passam, ensinam-nos que sois o Criador soberano. Bendito sejais, porque nos
chamas a participar da Vossa eternidade.
T: Bendito seja o Senhor nosso Deus.
2- Pai, sois bondade e misericórdia. Nós vos louvamos
pelo vosso grande amor por nós. Imenso é o vosso amor nos criando e nos
propondo participar de vossa glória. Agradecemos nos ter enviado vosso Filho
para nos ensinar o caminho da salvação.
T: Bendito seja o Senhor nosso Deus.
3- “Jesus Cristo, o Vosso
Filho, nos fez filhos vossos. Pai, ouvindo Jesus Cristo, caminhamos nos
transformando em novas pessoas todo dia. Esperamos ansiosos habitar em vossa
casa por toda a eternidade. Ajudai-nos para que não nos desviemos de vossos
caminhos.
T: Bendito seja o Senhor nosso Deus.
4- Deus nosso Pai, Vosso
Filho Jesus nos ensina a renunciar as coisas passageiras e valorizar as
riquezas do alto. Ter olhos para os atos que constroem o Vosso Reino e não
colocar nosso coração apenas nas coisas que são terrenas. Pai, dai-nos o
Espírito da fortaleza para que saibamos ver os valores do alto e saibamos
partilhar as riquezas desta terra.
T: Bendito seja o Senhor nosso Deus.
à= Pai nosso... Oração da Paz... Eis
o cordeiro de Deus...