23º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C
SINOPSE:
Odiar = sentir repugnância, detestar
Mateus 10 37 = amar
mais
Evangelho: O “Reino” deve
ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os
nossos próprios interesses e esquemas pessoais
Segunda leitura: recorda que o
amor é o valor fundamental
Lc 14,15-24) havia sugerido que o “banquete do Reino” estava
aberto a todos os que aceitassem o convite de Jesus, inclusive aos pobres,
estropiados, cegos e coxos… Agora, Lucas vai apresentar algumas exigências,
predominando o tema da renúncia
A primeira exige o preferir Jesus à própria família
A segunda, a renúncia à própria vida
A terceira exige a renúncia aos bens.
Reino” implica viver no amor
e partilha…
Colocarmos
o Senhor como o centro
Ser
discípulo de Cristo comporta mudança de mentalidade
Não
podemos ser cristãos fazendo política como o mundo faz, tendo uma vida sexual
como o mundo tem, pensando em questões como o divórcio, o aborto, o adultério
como o mundo pensa,
Tema: O caminho do Reino se dá na renúncia. “Qualquer um, se não renunciar a tudo, não pode ser meu discípulo!”
Primeira
leitura: só
em Deus é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido da vida.
Evangelho: O “Reino” deve
ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os
nossos próprios interesses e esquemas pessoais
Segunda leitura: recorda que o
amor é o valor fundamental; só ele permite descobrir a igualdade de todos os
homens, filhos do mesmo Pai e irmãos em Cristo.
PRIMEIRA LEITURA (Sabedoria 9,13-18b)
Qual é o homem que pode conhecer os desígnios
de Deus? Na verdade, os pensamentos dos
mortais são tímidos: porque o corpo corruptível
e a tenda de argila oprime a mente que pensa. Mal podemos conhecer o que
há na terra; quem investigará o que há nos céus? Acaso alguém teria conhecido o
teu desígnio, sem que lhe desses Sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo
espírito? Só assim se tornaram retos os caminhos dos que estão na terra, e os
homens aprenderam o que te agrada, e pela Sabedoria foram salvos.
AMBIENTE - O Livro da Sabedoria (a arte de bem viver, de ter êxito e de ser feliz). livro escrito na primeira metade do séc. I a.C. por um judeu de Alexandria. Dirige-se aos mergulhados na idolatria e na imoralidade, e mostra-lhes as vantagens de perseverar na fé e de viver na justiça; apresenta-lhes a superioridade da fé e dos valores israelitas.
MENSAGEM - A questão é: só essa sabedoria que é um dom de Deus permite ao homem compreender tudo, fazer o que agrada a Deus e ser salvo. O autor parte da nossa finitude, das nossas limitações: por nós, não conseguimos compreender o verdadeiro sentido da nossa vida. Como “conhecer os desígnios de Deus”? O homem tem de acolher a “sabedoria”, dom de Deus para dar um sentido à sua vida. Só a ação de Deus permite encontrar o sentido da vida e discernir o verdadeiro do falso, o importante do inútil.
ATUALIZAÇÃO • Face as teorias, ficamos
confusos como escolher. as nossas escolhas são condicionadas pelos
“mídia”, pela ideologia dominante, pelos
valores que as telenovelas impõem, pela filosofia … Será que esses caminhos nos
conduzem no sentido da vida plena?
• Para os crentes, o
critério para julgar é o Evangelho – apesar da contradição com os valores que a
sociedade propõe.
SALMO RESPONSORIAL / 89 (90)
Vós
fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.
• Vós fazeis voltar ao pó todo
mortal, / quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!” / Pois mil anos para
vós são como ontem, / qual vigília de uma noite que passou.
• Eles passam como o sono da
manhã, / são iguais à erva verde pelos campos. / De manhã ela floresce
vicejante, / mas à tarde é cortada e logo seca.
• Ensinai-nos a contar os nossos
dias / e dai ao nosso coração sabedoria! / Senhor, voltai-vos! Até quando
tardareis? / Tende piedade e compaixão de vossos servos!
• Saciai-nos de manhã com vosso
amor, / e exultaremos de alegria todo o dia! / Que a bondade do Senhor e nosso
Deus / repouse sobre nós e nos conduza! / Tornai fecundo, ó Senhor, nosso
trabalho.
EVANGELHO (Lc 14,25-33)
Grandes multidões acompanhavam Jesus. Ele
lhes disse: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua
mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não
pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim,
não pode ser meu discípulo. Com efeito: qual de vós, querendo construir uma
torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente
para terminar? Caso contrário, ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar.
Ou ainda: Qual o rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta
primeiro e examina bem se, com dez mil homens, poderá enfrentar o outro, que
marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, envia mensageiros para
negociar as condições de paz. Do mesmo modo, portanto, qualquer um, se não
renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”
AMBIENTE - Jesus dirige-se “às multidões”, quer dizer, a todos os presentes e futuros. A parábola anterior (cf. Lc 14,15-24) havia sugerido que o “banquete do Reino” estava aberto a todos os que aceitassem o convite de Jesus, inclusive aos pobres, estropiados, cegos e coxos… Agora, Lucas vai apresentar algumas exigências, predominando o tema da renúncia.
MENSAGEM - Jesus põe três
exigências. A primeira exige o preferir Jesus à própria família: (“quem
não odeia o pai, a mãe… não pode ser meu discípulo”). Odiar alguém? Não.
“odiar” significa “pôr em segundo lugar algo, porque apareceu um valor mais
importante”. Está, sim, a exigir que as relações familiares não nos impeçam de
aderir ao “Reino”. Se for necessário escolher, a prioridade deve ser do
“Reino”.
A segunda, a renúncia à
própria vida . O discípulo não faz opções egoístas, colocando em primeiro
lugar os seus interesses, aquilo que é melhor para ele; mas tem de colocar a
sua vida ao serviço do “Reino” e fazer da sua vida um dom de amor aos irmãos,
se necessário até à morte. Foi esse o caminho de Jesus; e o discípulo é
convidado a imitar o mestre.
A terceira exige a renúncia
aos bens. Pois os bens podem transformar-se em deuses, tornando-se uma
prioridade, escravizando o homem e levando-o a viver em função deles; dar
prioridade aos bens significa viver de forma egoísta, esquecendo as
necessidades dos irmãos; viver na dinâmica do “Reino” implica viver no amor
e partilha…
A opção pelo “Reino” não é
um caminho fácil.
A parábola do homem que,
antes de construir uma torre, pensa se tem com que terminá-la e a parábola do
rei que, antes de partir para a guerra, pensa se pode opor-se a outro rei com
forças superiores convidam os discípulos a tomar consciência da sua decisão em
corresponder aos desafios do Evangelho e em assumir as exigências do “Reino”.
ATUALIZAÇÃO ¨ • Jesus não faz promessas
para atrair multidões a qualquer preço. Ele é o Deus que veio ao nosso encontro
com uma proposta de salvação, de vida plena; essa proposta implica uma adesão
radical. O caminho de Jesus não é um caminho de “massas”, de “discípulos”: os
que fazem séria opção.
¨ • O caminho cristão é um
caminho exigente, onde só cabem aqueles que aceitam a radicalidade de Jesus. A
nossa pastoral deve facilitar tudo, ou ir pelo caminho da exigência?
¨ • A opção pelo batismo ou
pelo casamento religioso é uma opção séria e exigente, que só faz sentido no
quadro de um compromisso com o “Reino” e com a proposta de Jesus.
¨ • Outra exigência que Jesus
faz é a renúncia à própria vida e o tomar a cruz do amor, do serviço, do dom da
vida. O que é mais importante para mim: os meus interesses, os meus valores
egoístas, ou o serviço dos irmãos e o dom da vida?
¨ • Uma terceira exigência de
Jesus pede a renúncia aos bens. Os bens, as riquezas são, para mim, uma
prioridade fundamental? O que é mais importante: a partilha, a solidariedade, a
fraternidade, o amor aos outros, ou o ter mais, o juntar mais?
SEGUNDA LEITURA (Fm 9b-10.12-17) Leitura da Carta de São Paulo a Filêmon.
Caríssimo, eu, Paulo, velho como estou e
agora também prisioneiro de Cristo Jesus, faço-te um pedido em favor do meu
filho que fiz nascer para Cristo na prisão, Onésimo. Eu o estou mandando de
volta para ti. Ele é como se fosse o meu próprio coração. Gostaria de tê-lo
comigo, a fim de que fosse teu representante para cuidar de mim nesta prisão,
que eu devo ao evangelho. Mas, eu não quis fazer nada sem o teu parecer, para que
a tua bondade não seja forçada, mas espontânea. Se ele te foi retirado por
algum tempo, talvez seja para que o tenhas de volta para sempre, já não como
escravo, mas, muito mais do que isso, como um irmão querido, muitíssimo querido
para mim quanto mais ele o for para ti, tanto como pessoa humana quanto como
irmão no Senhor. Assim, se estás em comunhão de fé comigo, recebe-o como se
fosse a mim mesmo.
AMBIENTE - Onésimo, escravo de
Filêmon, fugiu de casa do seu senhor. Encontrou Paulo, ligou-se a ele e tornou-se
cristão. Paulo, que estava na prisão (em Éfeso? Em Roma?), manteve-o junto de
si. Onésimo corria o risco de ser preso e castigado. Paulo envia Onésimo a
Filêmon e intercede pelo escravo fugitivo. Paulo insinua a Filêmon que, sendo
possível, lhe devolva Onésimo, já que este lhe vem sendo de grande utilidade.
MENSAGEM - Para Paulo, o amor dirige as decisões
dos crentes. Ora, o amor tem consequências: o ver em cada homem um irmão. Nesta
perspectiva, Paulo solicita a Filêmon que receba Onésimo não como o que era
antes (um escravo), mas sim como é agora – um irmão em Cristo. Todos são
“filhos de Deus” e irmãos em Cristo. A conversão ao amor exige a igualdade de
todos, filhos do mesmo Deus e irmãos em Cristo; a partir do amor, o escravo
descobre a afirmação clara da sua dignidade de homem. É esta a questão
fundamental.
ATUALIZAÇÃO ¨• O amor exige a
igualdade de todas as pessoas.
¨• O amor exige que as
nossas comunidades sejam espaços de comunhão, de fraternidade, de acolhimento,
sejam quais forem os defeitos dos irmãos.
É
preciso que compreendamos que esta exigência tão radical do Senhor não é por
capricho, não é arbitrária, não é humilhante ou desumana para nós. O Senhor é
tão exigente porque nos quer libertar de nós mesmos, de nosso horizonte fechado
e limitado à nossa própria razão, ao nosso próprio modo de ver e pensar as coisas
e o mundo. O Senhor nos quer libertar da ilusão de que somos auto-suficientes e
sábios, de que somos deuses! Como têm razão, as palavras do Livro da Sabedoria: “Qual
é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Quem, portanto, investigará o
que há nos céus?” O
homem, sozinho, é incapaz de compreender o mistério da vida, que somente é
conhecido pelo coração de Deus! Isto valia para ontem, e continua valendo para
hoje e valerá ainda para amanhã, mesmo com todo o desenvolvimento da ciência e
com toda a ilusão de que nos bastamos a nós mesmos e podemos por nós mesmos
decidir o que é certo e o que é errado. O homem, fechado em si mesmo, jamais
poderá compreender de verdade o mistério de sua existência e o sentido profundo
da realidade. É preciso ter a coragem de abrir-se, de ser discípulo, de seguir
aquele que veio do Pai para ser nosso Caminho, nossa Verdade e nossa Vida!
Só quando nos renunciarmos, só quando
colocarmos o Senhor como o centro de nossa vida, do nosso modo de pensar e
de agir, somente quando ele for realmente o nosso Tudo, seremos discípulos de
verdade. Então mudaremos de vida, de valores, de modo de agir. É o que São
Paulo propõe a Filêmon, cristão, proprietário do escravo Onésimo. Ser
discípulo de Cristo comporta mudança de mentalidade: o escravo deve agora
ser tratado como irmão no Senhor. Não podemos ser cristãos, apegados à nossa
lógica e às coisas próprias do homem velho! Não podemos ser cristãos fazendo
política como o mundo faz, tendo uma vida sexual como o mundo tem, pensando em
questões como o divórcio, o aborto, o adultério como o mundo pensa, não
podemos ser cristãos comportando-nos como o mundo se comporta e fazendo o que o
mundo faz! Querer seguir o Senhor sem deixar-se, sem colocá-lo como eixo e
prumo da vida, é como construir uma torre sem dinheiro: não se chegará ao fim;
é como ir para uma guerra sem exército suficiente: seremos derrotados! “Do mesmo modo, portanto, qualquer
um de vós, se não renunciar a tudo que tem, não pode ser meu discípulo!”
Cuidemos bem, para que o nosso cristianismo
não seja inacabado quanto uma torre deixada pela metade ou uma guerra na qual a
derrota é certa. Que nos valha a misericórdia de nosso Senhor e nos ajude a
viver da sua Palavra, como disse o Autor sagrado, dirigindo-se a Deus, “só
assim se tornaram retos os caminhos dos que estão na terra e os homens
aprenderam o que te agrada, e pela Sabedoria foram salvos”. Que nos
salve o Cristo, Sabedoria de Deus. Amém. -
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O
Seguimento de Jesus
Estamos no Mês da BIBLIA. Hoje ela nos fala do Seguimento
de Jesus e suas EXIGÊNCIAS:
Não é um caminho de
facilidade, mas sim de renúncia...
A 1ª Leitura lembra
que só em DEUS é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido da
vida. (Sb 9,13-19)
Na 2ª Leitura, Paulo
aplica as conseqüências do seguimento de Jesus: intercede em favor de um
escravo fugitivo (Onésimo), junto a seu "dono" (Filêmon). (Fm 9b-10.12.17)
O Evangelho aponta o
"Caminho do Discípulo". (Lc
14,25-33)
- Jesus estava a caminho de
Jerusalém... onde iria ser morto numa Cruz...
- O Povo o seguia numeroso,
entusiasmado pela sua pessoa. Mas Cristo não era um demagogo, que fazia
promessas fáceis, para atrair multidões a qualquer preço. Ele sabia que entre
eles havia:
* Bons, desejosos da boa palavra...
que buscavam sinceramente o Messias...
* Curiosos: em satisfazer o desejo de
novidade...
* Interesseiros: na esperança de
participar da glória e da fama...
* Inimigos: à espreita de uma ocasião
para acusá-lo e condená-lo.
+ Sem medo de perder alguns
simpatizantes, Jesus aponta TRÊS CONDIÇÕES para segui-lo:
1. DESAPEGO
afetivo: aos familiares... até à própria vida: "Quem não 'odeia' o seu pai, sua mãe... até a própria vida, não
pode ser meu discípulo..."
* ODIAR
aqui não significa rejeitar os sagrados laços familiares, mas priorizar os valores do Reino.
2. DISPONIBILIDADE
em carregar a Cruz: "Quem
não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu
discípulo..."
* A
CRUZ é a imagem que melhor sintetiza
toda a vida de Cristo.
O "Discípulo" é convidado a
imitar o Mestre...
3. RENÚNCIA
aos bens materiais: "Quem não renunciar a tudo o que tem,
não pode ser meu discípulo..."
* Vivendo em função deles, não sobra
espaço para Deus, nem relações de partilha e solidariedade com os irmãos...
+ Seguir o Mestre, não deve ser uma atitude passageira,
nascida num momento de entusiasmo, mas sim, uma decisão amadurecida e coerente
até o fim.
+ Duas pequenas PARÁBOLAS, a TORRE
a construir e a GUERRA a conduzir, ilustram
a necessidade de planejar,
empenhando-se cada dia na vivência cristã.
* O Povo não podia se deixar levar pelo
entusiasmo momentâneo, pelo contrário, devia calcular bem, se está em condições
de perseverar...
* O seguimento de Cristo é...
- um caminho fácil, onde
cabe tudo? ou
- um caminho exigente, onde só cabem os que
aceitam a radicalidade de Jesus?
A nossa Pastoral deve facilitar tudo, ou
ir pelo caminho da exigência?
- A grande maioria no nosso
povo se diz "cristão"... seguidor de Cristo...
Recebe os Sacramentos de Iniciação...
Reconhece os valores de Deus e da Fé...
Mas
a vivência cristã deixa a desejar...
- Muitas vezes, ficamos
felizes, quando vemos a igreja lotada...
Mas qual é o verdadeiro motivo que leva
muitas pessoas à igreja?
Todos os que participam com entusiasmo das
cerimônias solenes, das procissões, das romarias... estão realmente conscientes
dos compromissos que a fé cristã envolve?
- O que nos diria a respeito,
o Evangelho de hoje?
Será que Cristo está mais interessado no
número, ou na qualidade?
+ Há dois tipos de Religião:
- As REVELADAS: como a nossa... em que a Bíblia é a fonte de
inspiração...
É Deus que se revela e nós aceitamos o que
essa revelação nos propõe...
- As CRIADAS: que foram inventadas pelos homens, segundo o modelo que
mais satisfaz seu modo de pensar e de agir...
Qual nos dá mais segurança de
realizar o Plano de Deus?
Uma religião mais fácil pode
até ser mais atraente... mas certamente não será a mais fiel à proposta de
Cristo...
à Estamos nós dispostos a ser verdadeiros Discípulos de
Cristo, pelo caminho duro e exigente, que o evangelho de hoje nos propõe?
Peçamos a Deus muita LUZ para compreender
essa verdade...
e muita FORÇA para sermos fiéis à escolha
feita...
Procuremos nesse mês dedicado
à Bíblia, valorizar ainda mais a Palavra de Deus, dedicando-lhe um tempo
especial dentro do nosso dia, para uma atenciosa LEITURA ORANTE DA BÍLIA.
Pe.
Antônio Geraldo
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Homilia
do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, o mês de setembro é um
mês muito rico para nossa fé; é o Mês da Bíblia.
A primeira leitura chama a atenção para algo
muito especial; nós sequer conhecemos tudo que existe na terra. É verdade! Esta
semana alguns jovens que vieram da Europa, que estão nos visitando, ficaram
encantados com a jabuticaba encontrada no mercado. Se nós formos aos seus
países, também ficaremos encantados com as frutas de lá e que nós não
conhecemos. Se formos ver, todo dia tem uma nova planta que é encontrada.
Quantas são as espécies de peixes que existem? Se formos ver, não conhecemos
tudo que há na terra. Passa-se uma vida inteira e não vai conhecer tudo. Aí, a
primeira leitura que vai disser isso. Que dirá conhecer os pensamentos de Deus!
Porque Deus é maior que todo o universo. Veja, que eu só posso conhecer os
pensamentos de Deus, na medida em que eu adquiro sabedoria. Sabedoria não é
estudo. Sabedoria não é diploma. Sabedoria é a arte de distinguir o bem do mal.
Só adquiro isto, lendo a Palavra de Deus. Por isso, a Palavra de Deus é tão
importante! É meditando na Palavra de Deus que vamos nos edificando.
Nós temos um grande desafio: um dos sinais de
Deus é a liberdade e nós não somos educados para a liberdade! Por exemplo; a
moda nos impõe um estilo de indumentária, de roupa e se eu quiser sair do jeito
que eu quero, todo mundo vai estranhar. Então, eu não sou livre para decidir. Também
não posso decidir quantos filhos vou ter. Posso querer dez, mas se o meu
salário permitir dois, está de bom tamanho. Não tenho espaço para abrigar todos
na casa, porque as casas só têm dois ou três quartos. Não somos livres. Não
somos educados para a liberdade. Normalmente os pais dizem: você é quem sabe,
mas pressiona para que escolha a profissão que ele acredita ser a melhor. Não
somos livres para viver o Evangelho e nem para fazer os outros viver. Ou é do
jeito que eu quero ou não vale.
São Paulo hoje vai dizer: Não! Em se tratando
de fazer o bem, somos livres sempre! Só, que eu não posso lhe obrigar a fazer o
bem; Eu posso lhe convidar para fazer o bem. Caso contrário, eu não transmito o
sinal de Deus. É a segunda leitura. São Paulo diz: olhe, Filêmon, eu gostaria
que você acolhesse o Onésimo, não mais como um escravo, mas como um irmão.
Agora, é você quem vai resolver. Pela lei, pela lei, Filêmon é dono de Onésimo,
porque ele comprou um escravo e faz o que ele quiser. Na medida em que Paulo o
encontrou na prisão e ele ficou sabendo porque Paulo estava preso, estava preso
porque falou em nome de Jesus Cristo, e, na época, falar de Jesus Cristo ia
para a cadeira, ele se interessou pela mensagem e foi batizado. Paulo diz: Ele
não é mais escravo. Ele é livre, porque o batismo deve me libertar de toda
escravidão! Olha a coerência; batismo e vida! Então, eu vou devolver a Filêmon,
mas é você que vai saber como você vai acolhê-lo. Talvez, se fosse um de nós,
diríamos: você tem que acolher de maneira diferente! Você tem que... Não! Você
vai decidir. Então, veja, que é a partir daí, que vamos entender o Evangelho. O
Evangelho diz que grandes multidões acompanhavam Jesus. Quando? Quando Jesus
fazia um milagre! Quando Jesus curava alguém! Quando Jesus deu de comer às
pessoas. Aí, Jesus diz: Não! Ele lhes disse: “Se alguém vem a mim, mas não se
desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas
irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega
sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. – Puxa vida!
Jesus quer exclusividade, quer ser o “Cara”. Não. Não é esta a questão! É que
eu não posso seguir a não ser o Evangelho. Caso contrário, eu não vou vier a
liberdade do Evangelho. Às vezes, a pressão para eu não viver o Evangelho
começa em casa. Então, eu não vou fazer que a opinião do pai, da mãe, da
esposa, dos filhos, prevaleça frente ao Evangelho. O Evangelho me ensina a
fazer o bem. Se qualquer outra pessoa me induzir ou tentar fazer com que eu
realize o mal, nada disso!
Segundo ponto: se agente vai atrás de Jesus
buscando glória, poder, fama, está enganado! Quem quiser me seguir, tome a sua
cruz e venha atrás de mim. Jesus não
diz: quem quer me seguir, eu elimino a cruz. Eu insisto neste ponto, porque o
que a gente mais ouve as pessoas dizer é: abrace a Jesus e a sua vida está
resolvida! Na disso! Você vai resolver é na caminhada, carregando a cruz. Você não vai ganhar mais dinheiro
porque tem fé em Jesus, você não vai ganhar isto ou aquilo porque tem fé em
Jesus e nem vai ser vitorioso, aos olhos do mundo, porque tem fé em Jesus. Não!
Você vai ser alguém, que vai continuar a carregando a sua cruz, que vai poder
contar com a AJUDA de Jesus, mas vai ter que caminhar. E, a caminhada, se for
seguir Jesus, vai até Jerusalém. A Jerusalém Celeste. Caminhada até o céu.
Por fim, Jesus fala de duas parábolas: uma de
construir a torre, outra, de vencer a guerra com dez mil contra um exército de
vinte mil. Tem que calcular bem. Quer ser meu discípulo, tem que calcular. Aí o
Papa Francisco dizia: não é que Jesus está falando que você tem que realizar as
guerras que matam pessoas. Há guerras muito mais profundas de serem travadas e
muito mais difíceis, porque você matou fulano, você eliminou o seu inimigo.
Você não tem mais quem te faça confronto. Você não tem mais quem te desgaste.
Agora, a guerra a ser travada e transformar as pessoas que apostam no ódio e
torna-las pessoas que apostam na misericórdia! Para esta guerra você precisa
fazer muitos cálculos. Porque é muito mais fácil dizer: fica no teu canto, que
eu fico no meu. No entanto, a guerra para transformar as pessoas em
misericordiosas, esta ninguém quer fazer. Daqueles que propõem guerra para cá e
para lá. Só Jesus que nos propõe. Estamos dispostos? Temos que calcular. Este
calculo, esta disposição, esta vontade, de acompanhar Jesus, nós vamos
adquirindo em cada encontro nosso, comungando, ouvindo a Palavra, rezando,
acreditando num mundo melhor.
Quanta coisa! Uma das pessoas que aceitaram, que
se dispôs a vier, resolveu seguir Jesus, foi Nossa Senhora, que acompanha
Jesus, desde sua concepção, durante sua vida e o segue até a cruz e
ressurreição. Que ela nos ajude a viver esta palavra.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.
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Homilia
de D. Henrique Soares
“Naquele
tempo, grandes multidões acompanhavam Jesus”. Eram muitos os que o admiravam, muitos os que o
escutavam... como hoje. Mas, Jesus voltando-se, lhes disse – e diz aos que o
querem acompanhar hoje -, com toda franqueza, quais as condições para serem
aceitos como seus discípulos: “Se alguém vem a mim, mas não se
desapega e seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas
irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega
sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. É
impressionante a sinceridade do Senhor! Olhemos bem que não são todos os que
podem ser seus discípulos! É certo que todos são chamados, pois “o
desejo de Deus é que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm
2,4), mas também é certo que nem todos estão dispostos a escutar de
verdade o convite do Senhor e a aceitar suas exigências. E Jesus é claríssimo:
ele somente aceita como discípulo quem
se dispõe, com sinceridade, a caminhar atrás dele, seguindo seus passos no
caminho! É ele quem dá as cartas, é ele quem dita as normas, é ele quem mostra
o caminho e quem diz o que é certo e o que é errado! Que palavra tão difícil
para cada um de nós, para o mundo atual, que se julga maduro e sábio o bastante
para fazer seu próprio caminho e até para julgar os caminhos de Deus! Quem
assim age, permanecendo fechado em si mesmo - diz Jesus -, “não
pode ser meu discípulo!”
E
o que é ser discípulo? É colocar-se no caminho dele, é renunciar a decidir por
si mesmo que rumo dar à sua vida, para seguir o caminho do Mestre, colocando os
pés nos seus passos; ser discípulo é se renunciar para ser em Jesus, pensando
como ele, vivendo como ele, agindo como ele... Ser discípulo é fazer de Jesus o
tudo, o fundamento da própria existência: “Qualquer um de vós, se não
renunciar a tudo que tem, a tudo que é, à sua própria segurança, ao seu próprio
modo de pensar, não pode ser meu discípulo!”
É
preciso que compreendamos que esta exigência tão radical do Senhor não é por
capricho, não é arbitrária, não é humilhante ou desumana para nós. O Senhor é
tão exigente porque nos quer libertar de nós mesmos, de nosso horizonte fechado
e limitado à nossa própria razão, ao nosso próprio modo de ver e pensar as
coisas e o mundo. O Senhor nos quer libertar da ilusão de que somos
auto-suficientes e sábios, de que somos deuses! Como têm razão, as palavras do
Livro da Sabedoria: “Qual é o homem que pode conhecer os
desígnios de Deus? Ou quem pode imaginar o desígnio do Senhor? Quem, portanto,
investigará o que há nos céus?” O
homem, sozinho, é incapaz de compreender o mistério da vida, que somente é
conhecido pelo coração de Deus! Isto valia para ontem, e continua valendo para
hoje e valerá ainda para amanhã, mesmo com todo o desenvolvimento da ciência e
com toda a ilusão de que nos bastamos a nós mesmos e podemos por nós mesmos
decidir o que é certo e o que é errado. O homem, fechado em si mesmo, jamais
poderá compreender de verdade o mistério de sua existência e o sentido profundo
da realidade. É preciso ter a coragem de abrir-se, de ser discípulo, de seguir
aquele que veio do Pai para ser nosso Caminho, nossa Verdade e nossa Vida! “Na
verdade, os pensamentos dos mortais são tímidos e nossas reflexões, incertas...
Mal podemos conhecer o que há na terra e, com muito custo compreendemos o que
está ao alcance de nossas mãos”. É por isso que o Salmista hoje nos
faz pedir com humildade: “Ensinai-nos a contar os nossos
dias, e dai ao nosso coração sabedoria!”
Só
quando nos renunciarmos, só quando colocarmos o Senhor como o centro de nossa
vida, do nosso modo de pensar e de agir, somente quando ele for realmente o
nosso Tudo, seremos discípulos de verdade. Então mudaremos de vida, de valores,
de modo de agir. É o que São Paulo propõe a Filêmon, cristão, proprietário do
escravo Onésimo. O Apóstolo recorda ao rico Filêmon que ser discípulo de Cristo
comporta exigências e mudança de mentalidade: o escravo deve agora ser tratado
como irmão no Senhor. Não podemos ser cristãos, apegados à nossa lógica e às
coisas próprias do homem velho! Não podemos ser cristãos fazendo política como
o mundo faz, tendo uma vida sexual como o mundo tem, pensando em questões como
o divórcio, o aborto, o adultério como o mundo pensa, não podemos ser cristãos
comportando-nos como o mundo se comporta e fazendo o que o mundo faz! Querer
seguir o Senhor sem deixar-se, sem colocá-lo como eixo e prumo da vida, é como
construir uma torre sem dinheiro: não se chegará ao fim; é como ir para uma
guerra sem exército suficiente: seremos derrotados! “Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não
renunciar a tudo que tem, não pode ser meu discípulo!”
Que
o mundo não compreenda esta linguagem, é de se esperar... Afinal, o homem
psíquico – homem entregue somente à sua própria razão – não pode mesmo
compreender as coisas do Espírito de Deus (cf. 1Cor 2,14). O triste mesmo é que
os cristãos, isto é, nós, tenhamos a pretensão de ser discípulos sem procurar
sinceramente nos renunciar, mortificando nossas tendências desordenadas,
educando nossos instintos desatinados e deixando que a luz do Evangelho ilumine
nossa razão e nosso modo de pensar...
Cuidemos bem, para que, no fim de tudo, o
nosso cristianismo não seja inacabado, tão inútil quanto uma torre deixada pela
metade ou uma guerra na qual a derrota é certa. Que nos valha a misericórdia de
nosso Senhor e nos ajude a viver da sua Palavra, porque, como disse hoje o
Autor sagrado, dirigindo-se a Deus, “só assim se tornaram retos os caminhos dos que
estão na terra e os homens aprenderam o que te agrada, e pela Sabedoria foram
salvos”. Que nos salve o Cristo, Sabedoria de Deus. Amém. –
D.
Henrique Soares
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA
(Diáconos e Ministros da Palavra):
LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR) XXIII DTC - Lc 14, 25-33
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO
SENHOR...
à COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO
ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Deus de amor, iluminai-nos com
a vossa Sabedoria.
à Senhor, nosso Deus, quem pode descobrir as
vossas intenções e a vossa vontade? Mas nós podemos bendizer-vos por Jesus, por
quem comunicastes a vossa Sabedoria e pelo Espírito Santo, que vós nos destes.
Nós vos pedimos por todos os que nos educam na fé; nossos pais, nossos
pregadores e nossos catequistas.
T: Deus de amor, iluminai-nos com
a vossa Sabedoria.
à Deus, nosso Pai, nós vos damos graças pelo
batismo, que é um novo nascimento. Por ele destes-nos a vida no vosso Filho
Jesus.
T: Deus de amor, iluminai-nos com
a vossa Sabedoria.
à Deus nosso Pai, como bom empreendedor Vós
construístes a nova torre que nos liga a Vós e une o céu e a terra. Pelo
Espírito Santo podemos nos unir ao vosso Filho e chamar-vos de Pai.
Iluminai-nos para que tenhamos a Sabedoria de nunca nos desviarmos de vossos
caminhos.
T: Deus de amor, iluminai-nos com
a vossa Sabedoria.
à Senhor, que saibamos valorizar os ensinamentos de
vosso Filho e possamos, um dia, chegar ao vosso Reino, participando de vossa
glória para sempre.
T: Deus de amor, iluminai-nos com
a vossa Sabedoria.
è Pai nosso... A Paz... Eis o Cordeiro de Deus...
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