2º DOMINGO DA QUARESMA ANO A 2017 (Diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema:
“Levantai-vos e não tenhais medo!” Caminho
do discípulo É seguir os projetos do Pai para alcançarmos a felicidade plena e
eterna.
Primeira leitura:
Abraão é nosso exemplo de homem de fé, que sabe ler
os sinais de Deus e responde com a obediência total.
Evangelho:
Na transfiguração de Jesus, o autor apresenta-nos
uma catequese sobre Jesus, o dom da vida.
Segunda leitura:
O discípulo é chamado a dar testemunha, sem medo,
do projeto de Deus ao mundo.
PRIMEIRA LEITURA (Gn 12,1-4a) ...o Senhor disse a Abrão: “Sai da tua terra, e vai para a terra que eu te vou mostrar. Farei de ti um grande povo. E Abrão partiu, como o Senhor lhe havia dito.
AMBIENTE - É um texto das tradições patriarcais
durante o 2º milênio A.C. e reflexões teológicas posteriores destinadas a
apresentar modelos de vida e de fé.
MENSAGEM – A humanidade que escolheu o pecado; agora, o autor vai
apresentar um novo ponto de partida: Para isso, Deus chamou Abraão a
deixar a sua terra e ele pôs-se a caminho, confiando na Palavra de Deus. O Povo
nascido de Abraão será uma fonte de bênção para todas as nações: Israel será testemunha da salvação a todos os povos.
Não é um privilégio concedido a Israel, mas uma responsabilidade.
ATUALIZAÇÃO
• Abraão é o homem que encontra Deus, que está atento aos seus sinais e responde aos desafios com uma obediência total.
•
Abraão questiona o homem comodista, que prefere apostar na segurança do que já
tem, em vez de arriscar na novidade de Deus.
• Deus tem um projeto para os homens e continua a vir ao seu encontro com
novas propostas.
SALMO RESPONSORIAL / Sl 32 (33)
Sobre nós venha,
Senhor, a vossa graça, venha a vossa salvação!
• Pois reta é a palavra do Senhor, / e tudo o que ele faz
merece fé. / Deus ama o direito e a justiça, / transborda em toda a terra a sua
graça.
• Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem / e que
confiam esperando em seu amor, / para da morte libertar as suas vidas / e
alimentá-los quando é tempo de penúria.
• No Senhor, nós esperamos confiantes, / porque Ele é
nosso auxílio e proteção! / Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça / da mesma
forma que em vós nós esperamos!
EVANGELHO (Mt 17,1-9) Jesus tomou
consigo Pedro, Tiago e João e os levou a sobre uma alta montanha. E foi
transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol, e as suas roupas
ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando
com Jesus. Então Pedro disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou
fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”.
Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra.
E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu
agrado. Escutai-o!” Quando ouviram isto, os discípulos ficaram assustados e
caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse:
“Levantai-vos e não tenhais medo”. Os discípulos ergueram os olhos e não viram
mais ninguém, a não Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não
conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos
mortos”.
AMBIENTE - É uma catequese
sobre Jesus. Depois de terem ouvido falar do “caminho da cruz”, os discípulos
estão desanimados, pois parece um fracasso. É neste contexto que Mateus coloca
a transfiguração. A cena constitui uma palavra de ânimo para os discípulos,
pois nela manifesta-se a glória de Jesus e atesta-se que Ele é o Filho amado
de Deus. O projeto que Jesus apresenta é um projeto que vem de Deus; e
recebem esperança que lhes permite apostar nesse projeto.
A
transfiguração é uma teofania – uma manifestação de Deus. O autor coloca
todos os ingredientes que acompanham as manifestações de Deus (nos relatos
teofânicos do Antigo Testamento): o monte, a voz do céu, as aparições, as
vestes brilhantes, a nuvem e mesmo o medo daqueles que presenciam o encontro
com o divino. Isto quer dizer: não estamos diante de um relato fotográfico
de acontecimentos, mas de uma catequese a ensinar que Jesus é o Filho amado
de Deus, que traz um projeto de Deus.
MENSAGEM - Esta
catequese está construída sobre elementos simbólicos tirados do Antigo
Testamento: é sempre num monte que Deus Se revela; e, faz uma aliança
com o seu Povo. A mudança do rosto e as vestes recordam o resplendor de
Moisés, ao descer do Sinai. A nuvem indica a presença de Deus quando
conduzia o seu Povo através do deserto. Moisés e Elias representam a Lei
e os Profetas. Além disso, são personagens que,
de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando
se manifestasse a salvação definitiva.
O temor e a perturbação são a reação de qualquer homem diante da majestade de
Deus.
As tendas parecem aludir à “festa das tendas”, em
que se celebrava o tempo do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em
“tendas”, no deserto.
A mensagem
deixa claro que Jesus é o Filho amado de Deus e também o Messias libertador e
salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas
(Elias): ele é um novo Moisés através de quem o próprio Deus dá a nova lei
e uma nova aliança.
Da ação
libertadora de Jesus irá nascer um novo Povo de Deus. Com esse novo Povo, Deus
vai fazer uma nova aliança; e vai conduzi-lo através do “deserto” que leva da
escravidão à liberdade.
Esta apresentação tem como destinatários os discípulos de Jesus (grupo
frustrado porque no horizonte está a cruz e porque o mestre exige que aceitem
caminho semelhante). Ela aponta para
a ressurreição, aqui anunciada pela glória de Deus que se manifesta em Jesus,
pelas vestes resplandecentes (que lembram as
vestes dos anjos – e pelas palavras finais de Jesus (“não conteis a
ninguém”): diz-lhes que a cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho
de Jesus (e dos discípulos) está a ressurreição, a vida plena, a vitória sobre
a morte.
Pedro quer
construir três tendas. Os discípulos queriam deter-se nesse momento de
revelação gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus. Jesus nem
responde à proposta: Ele sabe que o projeto de Deus tem de passar pelo amor até
às últimas consequências.
ATUALIZAÇÃO
• A transfiguração revela Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projeto salvador e libertador. Pela transfiguração, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada – mesmo na cruz.
• A transfiguração revela Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projeto salvador e libertador. Pela transfiguração, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada – mesmo na cruz.
• A transfiguração grita-nos: não desanimeis, pois a lógica de Deus não
conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à felicidade sem fim.
• Os três discípulos parecem não ter vontade de “descer” e enfrentar o
mundo e os problemas. Representam todos aqueles que vivem de olhos postos no
céu, alheios a realidade do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e
transformar. Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar com o dom da
vida; A religião é um compromisso com Deus, que se faz amor com o mundo.
Com a TRANSFIGURAÇÃO, Mateus quer duas
coisas: - Revelar: QUEM É JESUS: É "o Filho amado do Pai" e
- Convidar: "Escutem o que ele diz".
SEGUNDA LEITURA (2Tm 1,8b-10) Paulo a
Timóteo. Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às
nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada
em Cristo Jesus. Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso
Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a
vida e a imortalidade por meio do Evangelho.
AMBIENTE - Timóteo
recebeu a “imposição das mãos” para anunciar o Evangelho. Estão começando as
grandes perseguições; muitos estão desanimados e vacilam na fé. É preciso que
mantenham o ânimo e ajudem as comunidades.
MENSAGEM - Mesmo no
meio das perseguições e dificuldades, todos não podem desistir da missão que
Deus lhes confiou… Têm de ser testemunhas vivas, entusiastas e corajosas do
projeto amoroso de Deus.
ATUALIZAÇÃO • Nós somos as testemunhas vivas de Deus e do seu projeto para o mundo. O comodismo não pode distrair-nos dessa responsabilidade. Temos a missão de animar e orientar a comunidade – sinais vivos de Deus, do seu amor, da sua bondade e ternura, da sua preocupação com os homens.
• As dificuldades não podem ser uma desculpa para fugirmos das nossas
responsabilidades e de levarmos a sério a vocação a que Deus nos chama.
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No
Domingo passado, meditamos sobre as tentações de Jesus. Jesus deseja preparar o
seus para as dores da paixão. Pedro, Tiago e João, o três que estão no Tabor
são os mesmos que estarão no Jardim das Oliveiras. Também somos chamados, como
Abraão, a sair: sair de nós mesmos, transfigurados à imagem do Cristo Jesus!
Tenhamos a coragem de atravessar o deserto interior, enfrentar o deserto do
nosso coração! Somente assim chegaremos ao nosso destino. Paulo diz: “Sofre comigo pelo Evangelho. Deus nos salvou e nos chamou a uma vocação
santa… Nunca esqueçamos: este mundo mergulhado na violência
(violência da injustiça, violência do desrespeito à dignidade humana, violência
da fome, violência dos atentados à paz, violência das drogas e das mentiras,
violência dos meios de comunicação, violência da negação de Deus)… este mundo
precisa de nosso testemunho e de nossa palavra, mesmo quando nos rejeita,
quando despreza o nome de Cristo, quando deseja esquecer o seu Senhor e pisar
os valores do Evangelho!
Deixemo-nos,
portanto, transfigurar pelo Senhor e sejamos luz para o mundo!
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Do
Tabor ao Calvário
A Vida cristã pode ser comparada a uma
caminhada que deve ser percorrida na escuta atenta de Deus, na observância
total aos seus planos.
Na
1a Leitura, vemos a
Caminhada de Abraão: (Gen 12,1-4)
- Deus chama Abraão, convida-o a
deixar a terra e a família e a partir ao encontro de uma outra terra, para ser
um sinal de Deus no meio dos homens.
- Deus lhe oferece a sua bênção e a
promessa de uma família numerosa, que será testemunha da Salvação de Deus
diante de todos os povos.
- Diante do desafio de Deus, Abraão
pôs-se a caminho.
Abraão percebe o projeto de Deus e o segue de todo o coração.
Na 2ª leitura, Paulo
exorta Timóteo a superar a sua timidez e a ser um modelo de fidelidade no
testemunho da fé. (2Tm 1,8b-10)
No
Evangelho, vemos
a
Caminhada de Jesus: (Mt 17,1-9)
A caminho de Jerusalém, Jesus faz o
primeiro anúncio da Paixão.
O caminho da salvação esperado pelos
discípulos é bem diferente.
Por isso, ficam profundamente
desanimados e frustrados.
A aventura parece encaminhar-se para
um grande fracasso.
- Para fortalecer o ânimo
profundamente abalado dos discípulos, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e
revela-lhes no Monte Tabor a glória da divindade.
Após um momento de medo, eles reencontram
a paz e a alegria.
Com a TRANSFIGURAÇÃO, Mateus quer duas
coisas:
- Revelar: QUEM É JESUS: É
"o Filho amado do Pai" e
- Convidar: "Escutem o que ele diz".
* Pela Transfiguração, Deus demonstra
que uma existência feita dom não é fracassada, mesmo quando termina na cruz.
A vida plena e definitiva espera, no
final do caminho, todos os que forem capazes de pôr sua vida a serviço dos
irmãos, como Jesus.
A Nossa caminhada para Deus:
Também nós somos chamados a uma
caminhada, que começa com o BATISMO.
No final dessa viagem, seremos
envolvidos pela mesma "nuvem
luminosa", que envolveu o Mestre e brilharemos como o sol no reino do
Pai.
O Papa enviou uma linda Mensagem
Quaresmal,
que vou tentar resumir. Inicia com as palavras de Paulo (Cl 2,12):
"Sepultados com ele no BATISMO,
foi também com ele que ressuscitastes".
A Quaresma, que nos conduz à celebração da
Santa Páscoa, é um tempo litúrgico muito precioso e importante... para
intensificar o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais
abundância do mistério da Redenção a Vida nova em Cristo Senhor.
Essa vida já nos foi transmitida no
dia do nosso Batismo, quando iniciou para nós a aventura jubilosa do discípulo.
Um vínculo particular liga o Batismo
com a Quaresma, como momento favorável para experimentar a Graça que salva.
A Igreja associa sempre a Vigília
Pascal à celebração do Batismo.
Os textos evangélicos da Quaresma nos
guiam para um encontro intenso com o Senhor, fazendo percorrer as etapas do
caminho da Iniciação cristã.
- O Primeiro domingo evidencia a nossa
condição de homens nesta terra.
O combate vitorioso contra as Tentações é um convite a tomar
consciência da própria fragilidade, para acolher a Graça que liberta do pecado
e infunde nova força em Cristo.
- A Transfiguração do Senhor antecipa a Ressurreição e anuncia a
divinização do homem. Conduz-nos a um alto Monte para acolher de novo em
Cristo, como filhos do Filho, o dom da Graça de Deus: "Este é o meu Filho amado: Escutai-o".
- O pedido de Jesus à Samaritana "Dá-me de beber" exprime a paixão de Deus por todos os
homens e quer suscitar em nosso coração o desejo dessa água que jorra para a
vida eterna. É o dom do Espírito Santo, que faz dos cristãos verdadeiros "adoradores do Pai, em espírito e
verdade..."
- A Cura do Cego de Nascença apresenta Cristo como Luz do Mundo.
O Evangelho nos interpela: "Tu crês no Filho do Homem?" "Creio, Senhor", afirmou com
alegria o cego... fazendo-se voz de todos os crentes.
- No 5º domingo, a Ressurreição de Lázaro nos põe
diante do último mistério da nossa existência: "Eu sou a ressurreição e a Vida... crês tu isto?"
A resposta de Marta deve ser a nossa:
"Sim, eu creio que tu és o Filho de Deus".
Na grande Vigília Pascal, renovamos as promessas batismais e
reafirmamos que Cristo é o Senhor de nossa vida, daquela vida que Deus nos
comunicou no Batismo e reconfirmamos...
Mediante o encontro pessoal com o
nosso Redentor e através do Jejum, da Esmola e da Oração, o caminho de
conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Batismo.
Renovemos nessa Páscoa o acolhimento
da graça, que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas
as nossas ações.
Pe.
Antônio Geraldo
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Homilia
de D. Henrique Soares da Costa
No
Domingo passado, primeiro da Quaresma, meditamos sobre as tentações de Jesus. O
Senhor no deserto, lutando contra o diabo, convidava-nos ao combate espiritual,
próprio do deserto quaresmal. Sim, porque é isso que o tempo santo que estamos
vivendo deseja ser: tempo de retiro no deserto do coração para combater nossos
demônios interiores e, pela oração, a penitência, a caridade fraterna, a escuta
da Palavra de Deus e a reconciliação sacramental, caminharmos para a santa
Páscoa.
Na
liturgia de hoje, ladeado por Moisés e Elias, que também enfrentaram durante
quarenta dias e quarenta noites o combate no deserto para experimentarem o
fulgor da glória de Deus, Jesus nos mostra qual a finalidade do nosso caminho
quaresmal, Jesus nos revela aonde nos leva nosso combate espiritual. Qual o
objetivo? Qual a finalidade? Ei-los: celebrar com ele a sua Páscoa, sendo com
ele transfigurado em glória! Nosso objetivo, nosso escopo, o feliz e gozoso fim
do nosso caminho é o Cristo envolto na sua glória pascal que nos transfigura
também a nós! Mais que Moisés e Elias, nós seremos envolvidos da glória de
Cristo, aquela glória que é o Espírito Santo que o Pai derramou sobre ele na
sua ressurreição! Passaremos, portanto, do roxo quaresmal, tão sóbrio, para o
esfuseante branco pascal, sinal da glória e da imortalidade, transfigurados em
Jesus e por Jesus, o homem perfeito, modelo de todo ser humano que vem a este
mundo. Um dia, meus caros em Cristo, passaremos do roxo das lágrimas desta
vida, para o branco da glória eterna dos que, revestidos da glória do Cordeiro,
haverão de segui-lo para sempre! De Quaresma em Quaresma e de Páscoa em Páscoa,
passaremos da Quaresma deste mundo para a Páscoa da glória eterna!
Mas,
detenhamo-nos um pouco no Tabor do Evangelho hodierno. Ele é prenúncio, uma
misteriosa antecipação da ressurreição. Com sua bendita Transfiguração, Jesus
deseja preparar o seus para as dores da paixão – do mesmo modo que a Igreja nos
deseja alentar e motivar para as renúncias e observâncias quaresmais. Por isso
mesmo, Pedro, Tiago e João, o três que estão no Tabor são os mesmos que estarão
no Jardim das Oliveiras. Por isso também o Evangelho de hoje termina com uma
alusão à ressurreição de Jesus dentre os mortos e, o relato da transfiguração
em Lucas afirma que “Jesus
falava de sua partida que iria consumar-se em Jerusalém” (9,30).
Eis: Moisés e Elias, a Lei e os Profetas dão testemunho da paixão do Senhor:
tudo estava no misterioso desígnio de Deus! Após a ressurreição, isso ficará
claro: “’Não era
preciso que o Cristo sofresse tudo isso e entrasse em sua glória?’ E começando
por Moisés e por todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o
que a ele dizia respeito” (Lc 34,26-27). Eis que mistério: a Lei
(Moisés) e os Profetas (Elias) dão testemunho de Jesus e aparecem iluminados
por ele. Somente nele, na luz da sua cruz e ressurreição, o Antigo Testamento
encontra sua plenitude e sua luz!
Sendo
assim, levantemo-nos! Tornemos, generosos, nosso caminho quaresmal! Também nós
somos chamados, como nosso pai Abraão o foi, a sair: sair de nós mesmos, sair
de nós velhos para nós renovados, transfigurados à imagem do Cristo Jesus!
Tenhamos a coragem de atravessar o deserto interior, enfrentar o deserto do
nosso coração, como Moisés e Elias, como o povo de Israel, como o próprio
Senhor Jesus, que por nós quis ser tentado no seu período de deserto! Somente
assim chegaremos renovados e purificados ao nosso destino. Este destino não é
um lugar, mas uma situação, uma realidade: é o homem novo, transfigurado à
imagem do Cristo que, após o tormento imenso da cruz, foi glorificado pelo
Espírito do Pai. Eis o caminho quaresmal: do homem velho ao homem novo, do
pecado à graça, do vício à virtude, da preguiça espiritual à generosidade, da
morte à vida, da tristeza à alegria… trazendo em nós, na nossa vida, o reflexo
da glória do próprio Cristo Jesus! Não é este o significado das palavras de São
Paulo, na segunda leitura de hoje? “Sofre
comigo pelo Evangelho. Deus nos salvou e nos chamou a uma vocação santa… em virtude
da graça que nos foi dada em Jesus Cristo. Esta graça foi revelada agora, pela
manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como
também fez brilhar a vida e a imortalidade”. Eis! Os sofrimentos e
lutas desta vida não são pesados se compararmos com o objetivo tão alto que nos
preparam!
Caríssimos,
que as práticas quaresmais, vividas com generosa fidelidade, arrancando o
pecado que nos torna opacos, possam revelar em nós o resplendor da glória de
Cristo a que somos chamados e que já está presente em nós desde o nosso
batismo!
Mais
ainda: que a novidade de nossa vida transborde para o mundo, que tanto tem
necessidade do testemunho dos cristãos. Nunca esqueçamos: este mundo mergulhado
na violência (violência da injustiça, violência do desrespeito à dignidade
humana, violência da fome, violência dos atentados à paz, violência das drogas
e das mentiras, violência dos meios de comunicação, violência da negação de
Deus)… este mundo precisa de nosso testemunho e de nossa palavra, mesmo quando
nos rejeita, quando despreza o nome de Cristo, quando deseja esquecer o seu
Senhor e pisar os valores do Evangelho!
Deixemo-nos,
portanto, transfigurar pelo Senhor e sejamos luz para o mundo! Como pede a
oração inicial da Missa hodierna: Senhor, “que purificado o olhar da nossa fé, nos alegremos
com a visão da vossa glória!” Por Cristo, nosso único Senhor. Amém.
–
D.
Henrique Soares
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Homilia
do Mons. José
Maria Pereira
ENCONTRAR
E OUVIR O FILHO!
O
Evangelho (Mt 17, 1-9) relata-nos o que aconteceu no Tabor.
A
caminho de Jerusalém, Jesus faz o primeiro anúncio da Paixão. Disse que iria
sofrer e padecer em Jerusalém, e que morreria às mãos dos príncipes dos
sacerdotes, dos anciãos e dos escribas. Os apóstolos tinham ficado aflitos e
tristes com a notícia. O caminho da salvação esperado pelos discípulos é bem
diferente! Para fortalecer o ânimo profundamente abalado dos discípulos, Jesus
toma consigo Pedro, Tiago e João e leva-os a um lugar à parte para orar. Aí, no
Monte Tabor, revela-lhes a glória da divindade. “Enquanto orava, o seu rosto
transformou-se e as suas vestes tornaram-se resplandecentes” (Lc 9, 29).
São
Leão Magno diz que “a finalidade principal da Transfiguração foi desterrar das
almas dos discípulos o escândalo da Cruz.”
Pela
Transfiguração, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada,
mesmo quando termina na Cruz. Também nos revela que Jesus é “o Filho amado do
Pai” e nos convida a escutar o que Ele diz.
A
Transfiguração do Senhor antecipa a Ressurreição e anuncia a divinização do
homem. Conduz-nos a um alto Monte para acolher de novo, em Cristo, como filhos
do Filho, o dom da Graça de Deus: “Este é o meu Filho amado: Escutai-O.”
A
Transfiguração foi uma centelha de glória divina que inundou os apóstolos de
uma felicidade tão grande que fez Pedro exclamar: “Senhor, é bom ficarmos aqui.
Se queres, vou fazer aqui três tendas…” (Mt 17, 4). Pedro quer prolongar aquele
momento. Mas, Pedro não sabia o que dizia; pois o que é bom, o que importa, não
é estar aqui ou ali, mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-lo
por trás das circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos com Ele, tanto
faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou prostrados no leito
de um hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é somente isto: vê-lo
e viver sempre com Ele! Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante
na vida presente e na outra. Desejo ver-te, Senhor, e procurarei o teu rosto
nas circunstâncias habituais da minha vida!
São
Beda diz que o Senhor, “numa piedosa autorização, permitiu que Pedro, Tiago e
João fruíssem durante um tempo muito curto da contemplação da felicidade que
dura para sempre, a fim de fortalecê-los perante a adversidade”. A lembrança
desses momentos ao lado do Senhor, no Tabor, foi sem dúvida uma grande ajuda
nas várias situações difíceis em que estes três Apóstolos viriam a passar.
A
Transfiguração leva-nos a pensar no Céu, que é a nossa morada. O Senhor quer
confortar-nos com a esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros
ou quando se torna mais patente a fraqueza da nossa condição: “à hora da
tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança,
que não é falta de generosidade” (Caminho, 139).
O
pensamento da glória que nos espera deve animar-nos na nossa luta diária. Nada
vale tanto como ganhar o Céu. Ensina Santa Teresa: “E se fordes sempre avante
com essa determinação de antes morrer do que desistir de chegar ao termo da
jornada, o Senhor, mesmo que vos mantenha com alguma sede nesta vida, na outra,
que durará para sempre, vos dará de beber com toda abundância e sem perigo de
que vos venha a faltar.”
“Este
é o meu Filho amado: ouvi-O”. Deus Pai fala através de Jesus Cristo a todos os
homens, de todos os tempos. Ensinava o papa João Paulo II: “procura
continuamente as vias para tornar próximo do gênero humano o mistério do seu
Mestre e Senhor: próximo dos povos, das nações, das gerações que se sucedem e
de cada um dos homens em particular” (Encíclica Redemptor Hominis, 7). A sua
voz faz-se ouvir em todas as épocas, sobretudo através dos ensinamentos da
Igreja.
Nós
devemos encontrar Jesus na nossa vida corrente, no meio do trabalho, na rua,
nos que nos rodeiam, na oração, quando nos perdoa no Sacramento da Penitência
(Confissão), e sobretudo na Eucaristia, onde se encontra verdadeira, real e
substancialmente presente. Devemos aprender a descobri-Lo nas coisas
ordinárias, correntes, fugindo da tentação de desejar o extraordinário.
Mons.
José Maria Pereira
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PARA A CELEBRAÇÃO
DA PALAVRA (Diáconos ou ministros
da Palavra):
LOUVOR: (quando o Pão
Sagrado estiver sobre o altar) Mt 17, 1-9
- O Senhor esteja com todos vocês...
Demos graças ao Senhor, o nosso Deus...
- Com Jesus, por Jesus e em Jesus, na
força do Espírito Santo Louvemos ao Pai:
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de
bondade!
- Pai! Nós Vos damos
graças por Abraão, que escolhestes e chamastes para constituir um novo povo.
Somos o vosso povo. Recebemos o Batismo e somos profetas em vosso Filho; Nós
Vos pedimos por todas as famílias para que sejam abençoadas.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de
bondade!
- Deus da vida, nós
Vos bendizemos, porque fizestes resplandecer a vida e a imortalidade pelo
anúncio do Evangelho. Vós nos salvastes e nos destes a Dignidade de filhos
vossos. Vos pedimos pelos que sofrem no
testemunho do Evangelho. Sustentai-os com a força do vosso Espírito.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de
bondade!
- Deus da luz, nós
Vos damos graças pela transfiguração do vosso Filho, quando manifestes vossa
glória. Nós Vos pedimos; curai os nossos corações para que acolhamos as
palavras do Vosso Filho. Estabelecei a Vossa tenda nas nossas casas e em nossos
corações.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de
bondade!
- PAI
NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...
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