3º DOMINGO DA
QUARESMA ANO A 23/03/2017 (Diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema: “Senhor, dá-me dessa água,
para que eu não tenha mais sede!” Só Ele nos oferece a vida eterna.
Primeira leitura:
Deus acompanhou o povo pelo deserto e respondeu às suas necessidades
Evangelho:
Quem aceita Jesus torna-se um Homem Novo e caminha ao encontro da vida plena e
eterna.
Segunda leitura:
Repete noutros termos, que Deus acompanha o seu Povo apesar da infidelidade.
PRIMEIRA LEITURA (Ex 17, 3-7) Naqueles dias, o povo, sedento de água, murmurava contra Moisés. O
Senhor disse a Moisés: “Toma a tua vara. Ferirás a pedra e dela sairá água para
o povo beber”. Moisés deu àquele lugar o nome de Massa e Meriba, porque
tentaram o Senhor, dizendo: “O Senhor está no meio de nós, ou não?”.
AMBIENTE - Uma catequese. A questão é a sobrevivência no deserto do Sinai; mas o importante é que Israel viu no fato um sinal da presença e do amor do Deus libertador.
MENSAGEM Jahwéh manifestou, de mil formas, o seu
amor por Israel… (passagem do mar, água amarga em água doce, maná e codornizes).
Diante das dificuldades, o Povo esquece tudo o que Jahwéh já fez e entra em
contenda com Moisés e Acusam Deus de ter um projeto de morte. Deus responde
mais uma vez com a água da vida.
ATUALIZAÇÃO
• A caminhada
dos hebreus espelha nossa caminhada. Deus nunca nos abandona.
• À medida que
acolhemos a Deus, tornando-nos um Povo mais responsável, mais consciente e mais
santo.
• As dificuldades
não são um castigo; são pedagogia de Deus para ir mais além E crescer.
SALMO RESPONSORIAL / Sl 94 (95)
Hoje não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do
Senhor!
• Vinde,
exultemos de alegria no Senhor; / aclamemos o Rochedo que nos salva! /
Ao seu
encontro caminhemos com louvores / e com cantos de alegria o celebremos!
• Vinde,
adoremos e prostremo-nos por terra / e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! /
Porque ele
é o nosso Deus, nosso Pastor, / e nós somos o seu povo e seu rebanho, /
as ovelhas
que conduz com sua mão.
• Oxalá
ouvísseis hoje a sua voz: / “Não fecheis os corações como em Meriba, /
como em
Massa, no deserto, aquele dia, / em que outrora vossos pais me provocaram, /
apesar de
terem visto as minhas obras”.
EVANGELHO (Jo 4,5-42) Jesus sentou-se junto ao poço ao meio-dia. Chegou a
mulher da Samaria para tirar água. Jesus lhe disse: “Dá-me de beber”. Os
discípulos tinham ido comprar alimentos. A samaritana disse: “Como é que tu,
sendo judeu, pedes de beber a mim?” Respondeu-lhe Jesus: “Se tu conhecesses
quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te
daria água viva”. “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem
beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede”. A mulher disse: “Senhor,
dá-me dessa água”. Disse-lhe Jesus: “Vai chamar teu marido”. A mulher
respondeu: “Eu não tenho marido”. Jesus disse: “não tens marido, pois tiveste
cinco maridos, e o que tens agora não é o teu marido. A mulher disse a Jesus: “Senhor,
vejo que sois um profeta! Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis
que em Jerusalém é que se deve adorar”. Disse-lhe Jesus: “Vós adorais o que não
conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. Mas
está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o
Pai em espírito e verdade”. A mulher disse a Jesus: “Sei que o Messias (que se
chama Cristo) vai chegar”. Disse-lhe Jesus: “Sou eu, que estou falando
contigo”. Então a mulher deixou o seu cântaro e foi à cidade, dizendo ao
povo: “Vinde ver um homem. Será que ele não é o Cristo?” O povo foi ao encontro
de Jesus. Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus: “Mestre, come”.
Disse-lhes Jesus: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e
realizar a sua obra. Muitos samaritanos abraçaram a fé em Jesus e pediram que
permanecesse com eles. Jesus permaneceu aí dois dias. E muitos outros creram
por causa da sua palavra.
AMBIENTE - A Samaria era de religião sincretista. A divisão começou em
MENSAGEM - A mulher (sem nome) representa a Samaria, que procura a água de vida plena. O “poço” representa a Lei. Onde encontrar essa vida? Na Lei? Noutros deuses? A mulher/Samaria dá conta: eles podem “matar a sede” por curtos instantes; voltará a ter sede. Jesus senta-se “junto do poço”, ocupa o seu lugar; e propõe uma “água viva”, que matará definitivamente a sua sede de vida eterna. Jesus é o “novo poço”, onde todos os que têm sede de vida plena encontrarão resposta para a sua sede. A mulher fica confusa. (“nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar”)? Jesus nega que se trate do Templo de pedra de Jerusalém ou do Templo do monte Garizim que Deus está… O que se trata é de acolher a novidade do próprio Jesus, aderir a Ele e aceitar a sua proposta de vida (isto é, aceitar o Espírito). A mulher/Samaria responde abandonando o cântaro (agora inútil), e corre a anunciar o desafio que Jesus lhe faz. Jesus é reconhecido como “o salvador do mundo” – isto é, como Aquele que dá ao homem a vida plena e definitiva.
ATUALIZAÇÃO •
Jesus Cristo oferece a água que mata definitivamente a sede de vida e de
felicidade do homem.
• O “cântaro”, abandonado representa
tudo que nos dá acesso limitado de felicidade. O abandono do “cântaro”
significa o romper com todos os esquemas de felicidade egoísta.
• A samaritana, depois de encontrar o
“salvador do mundo”, partiu propondo a verdade que tinha encontrado.
# Cada um
de nós tem o seu poço. S. Agostinho diz: “O meu coração só terá sossego quando
repousar em Deus.
# Sem a
água viva, a vida está ameaçada. A mulher
precisava de água de verdade e Ele era a fonte.
# Jesus
manda comprar alimentos para que seus discípulos também rompam a barreira do
ódio.
# Aquele que pedia água fria estava oferecendo água viva, a
saber, a Si mesmo.
# Um judeu preferia morrer de sede a tomar água da mão de um
samaritano, muito menos de uma mulher samaritana, sobretudo pecadora. Haja
vista a surpresa dos discípulos (v27).
# Os cinco maridos evocam os cinco ídolos dos samaritanos (2 Rs
17,29-30). O sexto a que Jesus alude, talvez seja João Batista. O Quarto
Evangelho sugere que o sétimo é o próprio Jesus, o messias.
# A samaritana
largou o balde. Já não precisava da água do poço de Jacó, da antiga Lei. Ela
havia encontrado a fonte da água que brotava dentro dela para a vida eterna (Jo
4,14).
SEGUNDA LEITURA (Rm 5,1-2.5-8) Irmãos, o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos pecadores.
AMBIENTE - Estamos no
ano 58. Paulo diz que o Evangelho deve unir todo o crente, sem distinção de
judeu, grego
MENSAGEM - Paulo
parte da idéia de que todos foram justificados pela fé. Ora, se Jahwéh se
manifestou na história do seu Povo como o Deus da bondade, da misericórdia e do
amor, dizer que Deus é justo significa que a bondade, a misericórdia e o
amor próprios do ser de Deus se manifestam em todas as circunstâncias, mesmo
quando o homem não foi correto no seu proceder. Ao homem é pedido somente
que acolha, com humildade e confiança, uma graça que não depende dos seus
méritos e que se entregue nas mãos de Deus. Este homem, objeto da graça de
Deus, é uma nova criatura que é filho de Deus e co-herdeiro com Cristo.
Em primeiro lugar,
a paz. Esta paz não deve ser entendida em sentido psicológico (tranqüilidade,
serenidade), nem em sentido político (ausência de guerra), mas no sentido
teológico, de plenitude de bens, já que Deus é a fonte de todo o bem.
Em segundo, a esperança, que nos permite superar as
dificuldades da caminhada. Trata-se de encontrar um sentido novo para a vida
presente, na certeza de que as forças da morte não terão a última palavra.
Em terceiro
lugar, o amor de Deus ao homem. Paulo garante-nos hoje: Deus
nunca abandona o seu Povo em caminhada pela história… Ele está ao nosso lado,
em cada passo da caminhada, para nos oferecer gratuitamente e com amor a água
que mata a nossa sede de vida e de felicidade (a paz, a esperança, o seu amor).
ATUALIZAÇÃO • Deus nunca desistiu dos homens e caminha conosco com novas
propostas.
• A vinda de Jesus Cristo é a expressão plena do amor de Deus, a fim de nos tornarmos “filhos de Deus” e herdeiros da vida em plenitude.
• A vinda de Jesus Cristo é a expressão plena do amor de Deus, a fim de nos tornarmos “filhos de Deus” e herdeiros da vida em plenitude.
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OBS. Fazer a ligação entre os
temas:
1º domingo da quaresma: Adão e Eva
escolhem o projeto pessoal e pecam; morte
Jesus é tentado e escolhe
o projeto do pai; vida = novo Adão.
2º domingo: Deus chama Abraão a
constituir novo povo = ele obedece e este povo será luz para as nações.
Jesus no monte Tabor é
transfigurado = é Filho de Deus enviado: ouvi-o; Ele é a
verdade.
3º domingo: O povo libertado se
revolta no deserto; Deus acompanha o povo e faz a água sair da rocha.
Jesus e a
Samaritana: Ele é a fonte da vida, é a água viva; Deus tem sede e quer saciar a
todos; Ele é a Vida..
4º
domingo - Jesus é a Luz, na
cura do cego; Ele é o caminho.
5º
domingo - Jesus é a Vida, na
ressurreição de Lázaro; Ele é o Deus libertador;
Jesus
é a agua viva que sacia a sede do
Ser
humano. Todos têm sede. Porém, em que poço se busca a água?
Muitos
são os poços que o mundo oferece: o poço do materialismo exacerbado, do
consumismo, do prazer etc.
Mas
esses poços oferecem uma água que torna o ser Humano cada vez mais sedento.
Leva-o Ao profundo vazio e, às vezes, a certas enfermidades interiores.
Eles
são incapazes de saciar o coração humano. Jesus nos oferece A verdadeira água,
que sacia nossa sede, que preenche nossos vazios, Que cura nossas enfermidades
e nos tornam “fonte de água que jorra para a vida eterna”
Aquele
que bebe dessa água faz o mesmo que a samaritana, abandona o Cântaro e vai....
Leva Jesus ao povo e o povo a Jesus
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Sugestão: A equipe litúrgica
procure preparar bem um gesto, para que signifique o acolhimento da palavra de
Deus, através do símbolo da água. (entrar com um jarro com água, abençoar e
aspergir o povo durante o rito penitencial)
RITO PARA BÊNÇÃO E ASPERSÃO DA ÁGUA
(Sugestão
de substituição do Ato Penitencial. Missal p. 1001).
Presidente: Invoquemos o
Senhor nosso Deus, para que se digne abençoar esta água que vai ser aspergida
sobre nós, recordando o nosso batismo. Que ele se digne ajudar-nos, para
permanecermos fiéis ao Espírito que recebemos.
(E,
após um momento de silêncio, continua)
Deus eterno e todo-poderoso, quisestes
que pela água, fonte de vida e princípio de purificação, as nossas almas
fossem purificadas e recebessem o
prêmio da vida eterna. Abençoai + esta água, para que nos proteja neste dia que
vos é consagrado, e renovai em nós a fonte viva de vossa graça, a fim de que
nos livre de todos os males e possamos nos aproximar de vós com o coração puro
e receber a vossa salvação. Por Cristo, nosso Senhor.
T. Amém.
(Enquanto
o povo é aspergido canta-se: Cd da CF 2017)
Ou (Canta-se: Solo/Todos)
:Lavai-me, Senhor, lavai-me, / e bem
limpo eu vou ficar!:
: Senhor, vós me lavareis; / de tão
limpo eu vou brilhar!:
(Todos
rezam juntos)
T.
Misericórdia de mim, Deus de bondade, / Misericórdia por tua compaixão! / Vem
me lavar das sujeiras do pecado, / vem me livrar de tamanha perdição! /
Reconheço toda a minha maldade; / diante de mim a vastidão de minha ofensa. /
Foi contra ti, meu Senhor, o meu pecado / e pratiquei o que é mau em tua
presença.
Solo/Todos
(Canta-se
novamente no mesmo ritmo: Solo/Todos)
:Mostrai-nos vossa bondade; /
salvai-nos, ó Redentor!:
:Senhor, eu peço, escutai-me; / a vós
chegue o meu clamor!:
Pres. Que Deus
todo-poderoso nos purifique dos nossos pecados e, pela celebração desta
Eucaristia, nos torne dignos da mesa de seu reino.
T. Amém.
4.
ORAÇÃO
S. Oremos: (pausa) Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós
nos indicastes o jejum, a esmola e
a oração como remédios contra o
pecado. Acolhei esta confissão de nossa fraqueza, para que, humilhados pela
consciência de nossas faltas, sejamos
confortados pela vossa misericórdia. P.N.S.J.C.
T. Amém.
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"Dá-me de beber"
A Quaresma, na Igreja primitiva, além
de ser um tempo de penitência e de conversão, era um tempo de preparação para
os batizados, que aconteciam no sábado santo, na Vigília Pascal.
Por isso, nesses três domingos, que
antecedem a semana santa, aparece o tema batismal com os símbolos:
- da Água, no diálogo com a
Samaritana,
- da Luz, na cura do cego;
- da Vida, na ressurreição de Lázaro.
Hoje nos apresenta o símbolo mais
importante, a ÁGUA, que
exprime o milagre renovado da VIDA.
Na 1a Leitura,
o povo pede ÁGUA (Ex 17,3-7)
No deserto, o povo reclama revoltado
contra Moisés, pedindo água, para manter-se vivo: "Dá-nos água para beber..." E Deus intervém, fazendo
brotar milagrosamente água da rocha de Horeb.
* Moisés dá de beber a seu povo. É
imagem de Cristo, que no futuro dará a água da vida, que é o Espírito Santo.
Na 2ª Leitura, São
Paulo reafirma que Deus derrama sempre seu Amor em nossos corações, como
aconteceu com a Samaritana. (Rm
5,1-2.5-8)
No Evangelho, Jesus
pede e oferece ÁGUA à Samaritana. (Jo 4,5-42)
- Jesus cansado... sedento... senta-se
ao lado do poço de Jacó...
Uma mulher anônima... balde vazio... coração vazio... busca água...
- JESUS quebra preconceitos de raça,
de sexo, de religião... e toma a
iniciativa: "Dá-me de beber".
- A Mulher estranha... (os apóstolos
também): falar com samaritana e mulher...
- Do diálogo nasce a mútua
compreensão.
A mulher descobre em si mesma uma sede mais profunda de amor, pois
apesar dos 5 maridos que já tivera, vivia um grande vazio... E Jesus se revela como água viva, capaz de
saciar qualquer sede humana...
- Inicialmente ela fica confusa... no
final ela pede "dessa água". Reconhece
Jesus como "Salvador do Mundo",
O Templo onde Deus "deve ser adorado em espírito e verdade".
Abandona o "Velho balde" e corre para a cidade, para anunciar
ao povo a verdade que tinha encontrado.
+ O Caminho da Samaritana:
Esse
Diálogo mostra a grande pedagogia de Jesus, que se revela aos poucos,
até chegar à manifestação plena.
- No começo, a mulher só pensa na água material (seus desejos, os
maridos...)
- Aos poucos começa a compreender e aceitar a proposta de Jesus:
Inicialmente, ela vê nele apenas um judeu viajante; depois, o
chama de "Senhor"; em seguida, reconhece que é um Profeta;
No final, descobre nele o Messias esperado pelo povo.
- Abandona então o balde que dá acesso às suas propostas limitadas de
felicidade, e corre até a cidade para anunciar a sua descoberta.
Essa mulher desprezada, após escutá-lo como DISCÍPULA, torna-se
MISSIONÁRIA de Cristo, antes mesmo dos apóstolos...
+
A água do poço é símbolo de todas as satisfações
humanas, na esperança de encontrar nelas a nossa felicidade,
mas que no fim deixam sempre muito vazio e muitas desilusões...
= Essa água não satisfaz plenamente,
todos os dias precisamos voltar ao poço...
+
A água de Jesus é o espírito de Deus, o amor que
enche os corações.
Só Cristo mata definitivamente a sede de vida e felicidade do homem.
Essa água nos faz pensar também no BATISMO,
que foi o nosso primeiro encontro com Jesus.
+ O
nosso caminho...
- No passado, o POÇO sempre foi um lugar de ENCONTRO.
- Os homens continuam ainda hoje
procurando um Poço, para saciar sua sede profunda de vida.
Buscam cada vez mais "coisas" para saciá-la e nada os
satisfaz.
- Cristo continua vindo ao nosso encontro.
Senta perto do nosso poço e nos diz: "Quem
tiver sede... venha a mim... e beba..."
- Antes de nos encontrar com Cristo,
também nós estávamos preocupados com nossos problemas, desejos, ambições, e o
nosso coração estava sempre repleto de tristeza e insatisfação.
Precisávamos todos os dias voltar ao poço e encher o nosso balde...
- Um belo dia, o encontro com Cristo
aconteceu...
A conversa com esse "Jesus" despertou em nós uma
curiosidade, que nos levou a conhecer melhor a pessoa de Cristo e sua mensagem.
- No final da caminhada, encontramos
essa água viva, prometida por Jesus.
Abandonamos então o "velho Balde" e sentimos a necessidade de
correr para anunciar a todos, como Missionários, a nossa descoberta e a nossa
felicidade...
Façamos nosso o pedido da Samaritana: "Senhor,
dá-nos sempre dessa água!"
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Françoá Costa
Sede de Deus
“O pedido de Jesus à
Samaritana: «Dá-Me de beber» (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro
domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso
coração o desejo do dom da «água a jorrar para a vida eterna» (v. 14): é o dom
do espírito Santo, que faz dos cristãos «verdadeiros adoradores» capazes de
rezar ao Pai «em espírito e verdade» (v. 23). Só esta água pode extinguir a
nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo
Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, «enquanto não
repousar em Deus», segundo as célebres palavras de Santo Agostinho” (Bento XVI,
Mensagem para a Quaresma de 2011).
Deus está apaixonado pelo ser
humano, tem sede do pobre amor dos nossos corações. Nós pedimos de beber a
alguém que afirma claramente que tem sede. Essa sede de Deus por cada pessoa
humana ficou claramente expressada naquele grito que somente o evangelista João
conservou no Evangelho: “Tenho sede” (Jo 19,28). Deus tem sede de que nós
tenhamos sede do seu Espírito, da sua vida, da sua graça, da sua glória. Ele
tem água abundante, mas tem sede de que nós a bebamos.
“Dá-me de beber” (Jo 4,7) é a
expressão daquilo que todo ser humano tem: sede de Deus, que pode ser saciada:
aqui pela graça e no céu pela glória. André Frossard no famoso relato da sua
conversão, “Deus existe. Eu encontrei-o”, terminava com essas palavras:
“l’éternité sera courte” – a eternidade será curta. Trata-se de uma maneira
poética de afirmar que diante da grandeza de Deus, a mesma eternidade –um
presente sem começo nem fim– será “curta” para deliciar-nos com a presença do
Senhor.
Essa sede de viver conforme
aquilo que Deus pensou para nós, de apetecer aquilo que constrói realmente uma
existência cheia de sentido, de contemplar todas as coisas com a visão
purificada e descobrir o esplendor de cada criatura, é uma sede existencial, é
uma insatisfação da alma que não encontra sentido fora de Deus. Santo Tomás de
Aquino fez uma análise cientificamente rigorosa sobre a felicidade do ser
humano (cfr. S.Th. II-II, q. 2–5), na qual começava por estudar o fato de que a
felicidade não pode consistir nas riquezas, nem na honra, na fama ou na glória;
tampouco consiste no poder, no bem do corpo, no prazer, nalgum bem da alma ou
num bem criado qualquer. Talvez, na sociedade atual, vale a pena enfatizar que
a felicidade não consiste nas riquezas nem nos prazeres. Penso somente nessas
duas questões porque, infelizmente, os nossos tempos não se destacam pelo
cultivo das coisas do espírito e, por tanto, a honra, a glória, os bens da alma
e o conhecimento das dimensões mais profundas dos elementos criados geralmente
importam pouco.
Como poderia consistir a
felicidade do homem nas riquezas, naturais ou artificiais, se estas são sempre
finitas? A uma riqueza sempre se pode acrescentar outra. Como se pode ver,
podemos passar a vida acumulando riquezas sem saciar-nos. Por outro lado, como
poderia consistir a felicidade do ser humano nos prazeres se esses são apenas
um principio de conhecimento? “O apetite veemente pelo deleite sensível deve-se
ao fato de que as operações dos sentidos são mais perceptíveis, porque são
princípios do nosso conhecimento. É por isso que a maioria deseja os deleites
sensíveis” (Santo Tomás de Aquino). Logicamente, o prazer, quando surge de um
bem real, é bom. Sem dúvida, é bom e agradável a Deus o prazer que os membros
de uma família experimentam numa deliciosa comida dominical num ambiente
festivo e moderado pela virtude; é bom e agradável a Deus o prazer que o homem
e a mulher, unidos por santo matrimônio, sentem ao gerar os filhos; é bom e
muito agradável a Deus o prazer que podemos sentir ao cumprir os nossos deveres
de estado. Não obstante, o prazer, quando procede dos desejos desordenados,
pode absorver de tal maneira as faculdades superiores, inteligência e vontade,
que poderia cegar-nos. Os prazeres desordenados poderiam levar ao desprezo da
virtude, inclusive poderia levar ao pior pecado que dar-se pode: o ódio a Deus.
Neste caso, Deus seria odiado porque apareceria aos olhos do pecador como
inimigo da sua vida desordenada de prazeres.
A leitura atenta descobre
facilmente a importância da água para S. João. É somente nesse Evangelho que
nós lemos o relato das bodas de Caná, onde Jesus transforma a água em vinho
(cfr. Jo 2,1-12); no capítulo seguinte encontramos aquela afirmação que sempre
nos comove: “quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino
de Deus” (Jo 3,5); depois a passagem, que acabamos de escutar, que nos relata o
encontro de Jesus com a Samaritana (cfr. Jo 4,1-42); era pelo movimento da água
que os enfermos eram curados na piscina de Betesda (cfr. Jo 5,1-18). De fato, o
Catecismo da Igreja Católica afirma que o simbolismo da água significa a ação
do Espírito Santo, que brota do lado aberto de Cristo crucificado (cfr. Cat
694).
É no Coração de Deus que nós
encontramos o nosso descanso, a nossa paz, os nossos prazeres, a nossa
felicidade, a nossa bem-aventurança. Distanciar-nos daí é sair do caminho da
felicidade, é correr pelos prados da insensatez, é viver uma vida que só pode
levar à escuridão mais profunda e ao pior absurdo da vida humana, não ser
feliz. –
Pe. Françoá Costa
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Homilia de D. Henrique Soares da Costa
A Quaresma é tempo de caminho
para a santa Páscoa, Páscoa de Cristo e nossa. Ora, é pelo Batismo e a
Eucaristia que entramos misteriosamente na Páscoa do Senhor, no seu mistério de
morte e ressurreição. Por isso celebramos a Noite Santa de Páscoa com o Batismo
e a Eucaristia! Pois bem, o Evangelho de hoje é uma belíssima catequese
batismal!
Acompanhemos passo a passo este
texto belíssimo.
“Chegou uma mulher da Samaria para buscar água”. Essa mulher, essa
samaritana, essa pagã, representa os povos não-judeus, os que ainda não conheciam
o Deus verdadeiro. Eles vêm, sedentos, procurando uma água que não sacia
definitivamente; eles têm de voltar sempre ao poço, buscam saciar a sede de
tantos modos, e continuam sempre com sede: “Todo aquele que bebe desta água terá sede de
novo”. Consumismo, sexo, liberdade desenfreada, droga, poder,
dinheiro, ciência sem ética nem limites, facilidades… nada disso sacia de modo
definitivo o nosso coração! Jesus provoca a mulher:“Se conhecêsseis o dom de Deus e quem é que te
pede ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”.
Frase estupenda! O Dom de Deus é o Espírito Santo; é ele á água que jorra para
a vida eterna. Em Jo 7,37, Jesus convidou: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba aquele
que crê em mim”. E o Evangelista recorda que do seio do Messias
sairão rios de água viva, o Espírito Santo (cf. Jo 7,38). E quem é que pede de
beber? O Messias, isto é, o Ungido com o Espírito, o doador do Espírito, da
água que nos sacia de vida eterna!
Diante disso, a Samaritana – e
nós também – suplica: “Senhor,
dá-me dessa água!” Esta água só pode ser recebida no sacramento do
Batismo! Como aquele outro pedido:
“Senhor, dá-nos deste pão” (Jo 6,34). Eis o Batismo; eis a
Eucaristia! É assim que a vida de Jesus nos chega! Mas, não se pode receber o
Batismo sem primeiro se reconhecer pecador, sem primeiro confessar seu pecado e
buscar a remissão no Espírito Santo que Jesus dá! Quem não se humilha diante do
Senhor, quem não se reconhece pecador, não beberá dessa água! Por isso, Jesus
revela o pecado da mulher, toca seu ponto fraco, fá-la reconhecer-se indigna,
não para envergonhá-la, mas para libertá-la com a verdade: “Vai chamar teu marido!”
A mulher era adúltera, com vários maridos, como os pagãos, com seus vários
deuses! Jesus, então, revela que os pagãos adoram o que não conhecem,
porque “a
salvação vem dos judeus!” Interessante o ecumenismo de Jesus: não
mascara a verdade, não nega a verdadeira fé, em nome de um falso diálogo! A
salvação vem dos judeus, porque é dos judeus que Cristo vem – ele, o único
verdadeiro Salvador, fora do qual não há nem pode haver salvação alguma! Há
tanto teólogo sabido esquecendo isso! Por outro lado, o judaísmo vai ser
superado: “Está
chegando a hora em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em Espírito e
Verdade” e não mais em Jerusalém! Eis: quando Cristo der o seu
Espírito, é nesse Espírito de Verdade, Espírito de Cristo, recebido nas águas
do Batismo, que a humanidade encontrará a Deus! Esses são os adoradores que o
Pai procura, pois a salvação definitiva vem de Cristo, presente nos sacramentos
da sua Igreja católica, sobretudo no Batismo e na Eucaristia! É nele que judeus
e pagãos são chamados a formar um só povo de verdadeiros adoradores!
Finalmente, o misterioso
diálogo de Jesus com os apóstolos: “Tenho
um alimento que não conheceis: o meu alimento é fazer a vontade daquele que me
enviou e realizar a sua obra”. O alimento de Jesus é levar o Reino
do Pai a todos os povos, judeus e pagãos! É o que Jesus acabara de fazer com a
Samaritana… e ela está chamando outros até Jesus. Por isso, Jesus diz: “Levantai os olhos e vede os
campos: eles estão dourados para a colheita! O ceifeiro já está recebendo o
salário e recolhe fruto para a vida eterna! Um é o que semeia, outro o que
colhe!” O Senhor está semeando para que os Apóstolos colham depois
da Páscoa! Mas, a conversão daqueles samaritanos é já um sinal e uma
antecipação da colheita, da conversão dos pagãos.
Que dizer mais? Somos a
colheita de Cristo! “Estamos
em paz com Deus por Jesus Cristo”. Porque fomos batizados nele,
vivemos na esperança, pois já experimentamos em nós a vida eterna, pois “o amor de Deus foi derramado
como água em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado!” E
tudo isso, graças ao que Cristo semeou com sua morte, tornando-se grão que dá fruto
para a vida eterna! Eis que prova de amor tão grande o Pai nos deu! Eis em que
consiste o Reino que Jesus veio anunciar e trazer! Eis a obra do Pai, que é o
alimento de Jesus!
Eis! Na sede do nosso caminho
de vida e de Quaresma, olhemos para Jesus, aproximemo-nos dele, o Rochedo que,
ferido na cruz, de lado aberto, faz jorrar a água do Espírito para o seu povo
peregrino e sedento. O mundo, tão sedento, procura matar a sede em tantas águas
sujas, envenenadas, águas que matam! Que nós matemos nossa sede no Cristo, novo
Rochedo, que jorra a água do Espírito, que dura para a vida eterna! Que ele
alimente nosso caminho quaresmal até a Páscoa da glória! Amém.
D. Henrique Soares da Costa
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Louvor:
(Quando
o Pão consagrado estiver sobre o altar)
- o senhor esteja com todos vocês... demos
graças ao senhor...com jesus, por jesus e em jesus, na força do E. santo,
louvemos ao Pai
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai
de bondade.
- Pai, Nós vos bendizemos porque
habitais no meio de nós. Tirastes o povo escravo no Egito e por meio de Moisés
fizestes jorrar água do rochedo. Nós vos pedimos: dái-nos mais confiança na
vossa presença em nosso meio de nós.
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai
de bondade.
- Nós vos damos graças por Jesus,
vosso Filho, que aceitou morrer por nós e pelo Espírito Santo que nos foi
derramado em nosso batismo. Nós vos pedimos por todos que atravessam períodos
de dúvida, por causa das provações e sofrimentos. Pai, olhai por eles dando
força e coragem para fiquem cheios de vossa graça.
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai
de bondade.
- Bendito sejais, Senhor, porque nos
revelais a água viva da presença de vosso Filho e do Espírito Santo no meio de
nós. Fortificados pela graça do batismo, aumentai a nossa fé e fazei que sempre
tenhamos sede de vos conhecer e amar.
T: Louvor e glória a Vós, ó Pai
de bondade.
- Pai
Nosso... A Paz de cristo... eis o cordeiro...
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