4º DOMINGO DA
QUARESMA ANO A 2017 (Adaptado pelo Diácono
Ismael)
Tema: O tema de hoje é a Luz; “E o fruto da luz de Deus, chama-se: bondade, justiça, verdade.”
Primeira
leitura: A escolha de Davi para rei de Israel e
a sua unção.
No
Evangelho: Jesus apresenta-se como “a luz do
mundo”. Tendo a luz podemos caminhar; Jesus é o caminho.
Segunda leitura: Paulo explica que viver na “luz” é praticar as obras de Deus (a bondade,
a justiça e a verdade).
PRIMEIRA LEITURA (1Sm 16,1b.6-7.10-13a) Leitura do Primeiro Livro de
Samuel.
Naqueles dias, o Senhor disse a Samuel: “Enche o chifre
de óleo e vem para que eu te envie à casa de Jessé de Belém, pois escolhi um
rei para mim entre os seus filhos”. Assim que chegou, Samuel viu Eliab e disse
consigo: “Certamente é este o ungido do Senhor!” Mas o Senhor disse-lhe: “Não
olhes para a sua aparência nem para a sua grande estatura, porque eu o
rejeitei. Não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências,
mas o Senhor olha o coração”. Jessé fez vir seus sete filhos à presença de
Samuel, mas Samuel disse: “O Senhor não escolheu a nenhum deles”. E
acrescentou: “Estão aqui todos os teus filhos?” Jessé respondeu: “Resta ainda o
mais novo que está apascentando as ovelhas”. E Samuel ordenou a Jessé: “Manda
buscá-lo, pois não nos sentaremos à mesa enquanto ele não chegar”. Jessé mandou
buscá-lo. Era Davi, ruivo, de belos olhos e de formosa aparência. E o Senhor
disse: “Levanta-te, unge-o: é este!” Samuel tomou o chifre com óleo e ungiu a
Davi na presença de seus irmãos. E a partir daquele dia o Espírito do Senhor se
apoderou de Davi.
AMBIENTE - Na segunda metade do séc. XI a.C., os filisteus constituíam uma ameaça bastante séria para as tribos do Povo de Deus. A necessidade de uma liderança única e forte levou os anciãos das tribos a equacionar, pela primeira vez, a possibilidade da união política das tribos sob a autoridade de um rei.
A primeira experiência monárquica
aconteceu com Saul. Essa experiência terminou, de forma dramática: Saul e seu
filho Jônatas morreram na luta contra os filisteus, por volta do ano 1010 a.C.
Era preciso encontrar um outro “herói”. A escolha dos anciãos – tanto das
tribos do norte, como das tribos do sul – recaiu, então, num jovem chamado
Davi.
O Livro de Samuel apresenta três tradições sobre a entrada de David em cena. A primeira apresenta David como um admirável guerreiro, cuja valentia chamou a atenção de Saúl, sobretudo após a sua vitória sobre o gigante filisteu Golias. A segunda tradição apresenta David como um poeta, que vai para a corte de Saul para cantar e tocar harpa. Aos poucos, o poeta/cantor foi ganhando adeptos na corte, tornando-se amigo de Jônatas, o filho de Saul, e casando com Mical, a filha do rei. A terceira tradição – a menos verificável historicamente, mas a de maior importância teológica – apresenta a realeza de David como uma escolha de Jahwéh. É esta terceira tradição que o nosso texto nos apresenta.
O Livro de Samuel apresenta três tradições sobre a entrada de David em cena. A primeira apresenta David como um admirável guerreiro, cuja valentia chamou a atenção de Saúl, sobretudo após a sua vitória sobre o gigante filisteu Golias. A segunda tradição apresenta David como um poeta, que vai para a corte de Saul para cantar e tocar harpa. Aos poucos, o poeta/cantor foi ganhando adeptos na corte, tornando-se amigo de Jônatas, o filho de Saul, e casando com Mical, a filha do rei. A terceira tradição – a menos verificável historicamente, mas a de maior importância teológica – apresenta a realeza de David como uma escolha de Jahwéh. É esta terceira tradição que o nosso texto nos apresenta.
MENSAGEM - O autor do texto pretende mostrar que a lógica de Deus é bem diferente da lógica dos homens. Davi é apresentado como o eleito de Jahwéh. É sempre Jahwéh que escolhe aqueles a quem quer confiar uma missão. A eleição não resulta da iniciativa do homem, mas sim da iniciativa e da vontade livre de Deus. Samuel percebe que a escolha de Deus recai sobre David – o filho mais novo de Jessé. A eleição de David quer sublinhar a lógica de Deus, que escolhe sem ter em conta os méritos, qualidades humanas que impressionam os homens. Pelo contrário, Deus escolhe e chama, com frequência, os pequenos, os mais fracos, aqueles que o mundo marginaliza e considera insignificantes; e é através deles que age no mundo. Fica, assim, claro que quem leva a cabo a obra da salvação é Deus; os homens são apenas instrumentos, através dos quais Deus realiza a sua obra.
ATUALIZAÇÃO
• Somos convidados a olhar mais além e a ver Deus por detrás
de cada gesto de amor, de bondade, de coragem, de compromisso com a construção
de um mundo melhor. O nosso Deus continua a construir, dia a dia, a história da
salvação; e chama homens e mulheres para colaborarem com Ele na salvação do
mundo.
• Deus tem critérios diferentes dos critérios humanos. “O Senhor vê o coração”. É preciso entrar na lógica de Deus e aprender a ver, para além da aparência; ver com o coração e a descobrir a riqueza que se esconde por detrás daqueles que parecem insignificantes e sem pretensões… É preciso, sobretudo, aprender a respeitar a dignidade de cada homem e de cada mulher, mesmo quando não parecem pessoas importantes ou influentes.
• Deus tem critérios diferentes dos critérios humanos. “O Senhor vê o coração”. É preciso entrar na lógica de Deus e aprender a ver, para além da aparência; ver com o coração e a descobrir a riqueza que se esconde por detrás daqueles que parecem insignificantes e sem pretensões… É preciso, sobretudo, aprender a respeitar a dignidade de cada homem e de cada mulher, mesmo quando não parecem pessoas importantes ou influentes.
SALMO RESPONSORIAL / Sl 22 (23)
O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta
coisa alguma.
• O Senhor
é o pastor que me conduz; / não me falta coisa alguma. /
Pelos prados e campinas verdejantes / ele me
leva a descansar. /
Para as
águas repousantes me encaminha / e restaura as minhas forças.
• Ele me
guia no caminho mais seguro, / pela honra do seu nome. /
Mesmo que
eu passe pelo vale tenebroso, / nenhum mal eu temerei. /
Estais
comigo com bastão e com cajado, / eles me dão a segurança!
• Preparais
à minha frente uma mesa, / bem à vista do inimigo; /
com óleo
vós ungis minha cabeça, / e o meu cálice transborda.
•
Felicidade e todo bem hão de seguir-me, / por toda a minha vida; /
e, na casa
do Senhor, habitarei / pelos tempos infinitos
EVANGELHO (Jo 9,1-41) Proclamação do
Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele
tempo, ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. Os discípulos
perguntaram a Jesus: “Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele ou os seus
pais?” Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso serve para que
as obras de Deus se manifestem nele. É necessário que nós realizemos as obras
daquele que me enviou, enquanto é dia. Vem a noite, em que ninguém pode
trabalhar. Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo”. Dito isto, Jesus
cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego. E
disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé” (que quer dizer: Enviado). O cego
foi, lavou-se e voltou enxergando. Os vizinhos e os que costumavam ver o cego –
pois ele era mendigo – diziam: “Não é aquele que ficava pedindo esmola?” Uns
diziam: “Sim, é ele!” Outros afirmavam: “Não é ele, mas alguém parecido com
ele”. Ele, porém, dizia: “Sou eu mesmo!” Então lhe perguntaram: “Como é que se
abriram os teus olhos?” Ele respondeu: “Aquele homem chamado Jesus fez lama, colocou-a nos meus olhos e disse-me:
‘Vai a Siloé e lava-te’. Então fui, lavei-me e comecei a ver”. Perguntaram-lhe:
“Onde está ele?” Respondeu: “Não sei”.
Levaram então aos fariseus o homem que tinha sido cego. Ora, era sábado, o dia
em que Jesus tinha feito lama e aberto os olhos do cego. Novamente, então, lhe
perguntaram os fariseus como tinha recuperado a vista. Respondeu-lhes: “Colocou
lama sobre meus olhos, fui lavar-me e agora vejo!” Disseram, então, alguns dos
fariseus: “Esse homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado”. Mas outros
diziam: “Como pode um pecador fazer tais sinais?” E havia divergências entre
eles. Perguntaram outra vez ao cego: “E tu, que dizes daquele que te abriu os
olhos?” Respondeu: “É um profeta”.
Então, os judeus não acreditaram que ele tinha sido cego e que tinha recuperado
a vista. Chamaram os pais dele e perguntaram-lhes: “Este é o vosso filho, que
dizeis ter nascido cego? Como é que ele agora está enxergando?” Os seus pais
disseram: “Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego. Como agora está
enxergando, isso não sabemos. E quem lhe abriu os olhos também não sabemos.
Interrogai-o, ele é maior de idade, ele pode falar por si mesmo”. Os seus pais
disseram isso, porque tinham medo das autoridades judaicas. De fato, os judeus
já tinham combinado expulsar da comunidade quem declarasse que Jesus era o
Messias. Foi por isso que seus pais disseram: “É maior de idade. Interrogai-o a
ele”. Então, os judeus chamaram de novo o homem que tinha sido cego.
Disseram-lhe: “Dá glória a Deus! Nós sabemos que esse homem é um pecador”.
Então ele respondeu: “Se ele é pecador, não sei. Só sei que eu era cego e agora
vejo”. Perguntaram-lhe então: “Que é que ele te fez? Como te abriu os olhos?”
Respondeu ele: “Eu já vos disse, e não escutastes. Por que quereis ouvir de
novo? Por acaso quereis tornar-vos discípulos dele?” Então insultaram-no,
dizendo: “Tu, sim, és discípulo dele! Nós somos discípulos de Moisés. Nós
sabemos que Deus falou a Moisés, mas esse, não sabemos de onde é”.
Respondeu-lhes o homem: “Espantoso! Vós não sabeis de onde ele é? No entanto,
ele abriu-me os olhos! Sabemos que Deus não escuta os pecadores, mas escuta
aquele que é piedoso e que faz a sua vontade. Jamais se ouviu dizer que alguém
tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se este homem não viesse de Deus, não poderia fazer nada”. Os
fariseus disseram-lhe: “Tu nasceste todo em pecado e estás nos ensinando?” E
expulsaram-no da comunidade. Jesus soube que o tinham expulsado. Encontrando-o,
perguntou-lhe: “Acreditas no Filho do
Homem?” Respondeu ele: “Quem é, Senhor, para que eu creia nele?” Jesus disse:
“Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo”. Exclamou ele: “Eu creio,
Senhor!” E prostrou-se diante de Jesus. Então, Jesus disse: “Eu vim a este
mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não vêem, vejam, e os que
vêem se tornem cegos”. Alguns fariseus, que estavam com ele, ouviram isto e lhe
disseram: “Porventura, também nós somos cegos?” Respondeu-lhes Jesus: “Se
fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como dizeis: ‘Nós vemos’, o vosso pecado
permanece”.
AMBIENTE - João procura apresentar Jesus como o Messias, Filho de Deus, enviado pelo Pai para criar um Homem Novo. No chamado “Livro dos Sinais” (Jo 4,1-11,56), o autor apresenta – recorrendo aos “sinais” da água (cf. Jo 4,1-5,47), do pão (cf. Jo 6,1-7,53), da luz (cf. Jo 8,12-9,41), do pastor (cf. Jo 10,1-42) e da vida (cf. Jo 11,1-56) – um conjunto de catequeses sobre a ação criadora do Messias.
O nosso texto é, exatamente, a
terceira catequese (a da luz) do “Livro dos Sinais”: através do “sinal” da
“luz”, o autor vai descrever a ação criadora e vivificadora de Jesus. Os
“cegos” faziam parte do grupo dos excluídos da sociedade palestina de então. As
deficiências físicas eram consideradas como resultado do pecado. Segundo a
concepção da época, Deus castigava de acordo com a gravidade da culpa. A
cegueira era considerada o resultado de um pecado grave: uma doença que
impedisse o homem de estudar a Lei era considerada uma maldição de Deus por
excelência. Pela sua condição de impureza notória, os cegos eram impedidos de
servir de testemunhas no tribunal e de participar nas cerimônias religiosas no
Templo.
MENSAGEM - O “cego” da história é um símbolo de todos que vivem na escuridão que os impedem de chegar à plenitude da vida. Jesus apresenta-se como “a luz do mundo”. Jesus nega qualquer relação entre pecado e sofrimento e aproveita para mostrar que a missão que o Pai lhe confiou é ser “a luz do mundo” e encher de “luz” a vida dos que vivem nas trevas. Jesus passa das palavras aos atos, cuspindo no chão, fazendo lodo com a saliva e ungindo com esse lodo os olhos do cego. O gesto de fazer lodo reproduz o gesto criador de Deus de Gn 2,7 (quando Deus modelou o homem). A saliva transmitia, pensava-se, a própria força ou energia vital (equivale ao sopro de Deus, que deu vida a Adão – Gn 2,7). Assim, Jesus juntou ao barro a sua própria energia vital, repetindo o gesto criador de Deus. A missão de Jesus é criar um Homem Novo, animado pelo Espírito. No entanto, a cura não é imediata: requer-se a cooperação do enfermo. “Vai lavar-te na piscina de Siloé” – diz-lhe Jesus. A disponibilidade do cego em obedecer à ordem de Jesus é um elemento essencial na cura e sublinha a sua adesão à proposta que Jesus lhe faz. A referência ao banho na piscina do “enviado” (o autor deste texto tem o cuidado de explicar que Siloé significa “enviado”) é, evidentemente, uma alusão à água de Jesus (o enviado do Pai), essa água que torna os homens novos, livres das trevas/escravidão. A comunidade joanina pretende, certamente, fazer aqui uma catequese sobre o batismo: quem quiser sair das trevas para viver na luz, como Homem Novo, tem de aceitar a água do batismo – isto é, tem de optar por Jesus e acolher a proposta de vida que Ele oferece.
Os
fariseus sabem que Jesus oferece a “luz”; mas recusam-na. Para eles, interessa continuar
com o esquema das “trevas”. Eles têm conhecimento da novidade de Jesus, mas
não estão dispostos a acolhê-la. Sentem-se mais confortáveis nos seus esquemas
de escravidão e autossuficiência e não estão dispostos a renunciar às “trevas”.
Mais: opõem-se à “luz” que Jesus oferece e não aceitam que alguém queira sair
da escravidão para a liberdade. Quando constatam que o homem curado por Jesus
não está disposto a voltar atrás e a regressar aos esquemas de escravidão, expulsam-no
da sinagoga.
Os
pais do cego limitam-se a constatar o acontecimento (o filho nasceu cego e
agora vê), mas evitam comprometer-se. Transparece o medo de quem é escravo
e não tem coragem de passar das “trevas” para a “luz”. “tinham medo de ser
expulsos da sinagoga”. A “sinagoga” designava o local do encontro da comunidade
israelita; mas designava, também, a própria comunidade do Povo de Deus. Ser
expulso da “sinagoga” significava o risco de ser declarado herege, de perder os
pontos de referência comunitários, o cair na solidão, no descrédito e na
marginalidade.
Referem
à segurança da ordem estabelecida – embora injusta e opressora – do que os
riscos da vida livre. Representam todos aqueles que, por medo, preferem
continuar na escravidão, não provocar os dirigentes ou a opinião pública, do
que correr o risco de aceitar a proposta transformadora de Jesus.
Antes
de se encontrar com Jesus, é um homem prisioneiro das “trevas”, dependente e
limitado. Depois, encontra-se com Jesus e recebe a “luz” (do encontro
com Jesus resulta sempre uma proposta de vida nova para o homem). O homem vai
sofrendo uma transformação progressiva. Nos momentos imediatos à cura, ele não
tem ainda grandes certezas (quando lhe perguntam por Jesus, responde: “não
sei”; e quando lhe perguntam quem é Jesus, ele responde: “é um profeta”); mas a
“luz” que agora brilha na sua vida o vai amadurecendo progressivamente.
Confrontado com os dirigentes e intimado a renegar a “luz” e a liberdade
recebidas, ele torna-se, em dado momento, o homem das certezas, das convicções;
argumenta com agilidade e inteligência, joga com a ironia, recusa-se a
regressar à escravidão: mostra o homem adulto, maduro, livre, sem medo… É isso
que a “luz”, que Jesus oferece, produz no homem. Finalmente, o texto descreve o
estágio final dessa caminhada progressiva: a adesão plena a Jesus. Encontrando
o ex-cego, Jesus convida-o a aderir ao “Filho do Homem” (“acreditas no Filho do
Homem?”; a resposta do ex-cego é a adesão total: “creio, Senhor”. O título
“Senhor” (“kyrios”) era o título com que a comunidade cristã primitiva
designava Jesus, o Senhor glorioso. Diz, ainda, o texto, que o ex-cego se prostrou
e adorou Jesus: adorar significa reconhecer Jesus como o projeto de
Homem Novo que Deus apresenta aos homens para todos aderir a Ele e segui-lo.
A
missão de Jesus é aqui apresentada como criação de um Homem Novo. Deus criou o
homem para ser livre e feliz; mas o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência,
dominaram o coração do homem, prenderam-no num esquema de “cegueira” e
frustraram o projeto de Deus. A missão de Jesus consistirá em destruir essa
“cegueira”, libertar o homem e fazê-lo viver na “luz”. Trata-se de uma nova
criação… Assim, da ação de Jesus irá nascer um Homem Novo, liberto do egoísmo e
do pecado, vivendo na liberdade, a caminho da vida em plenitude.
ATUALIZAÇÃO • A catequese que João nos propõe hoje garante-nos: a realização plena do homem continua a ser a prioridade de Deus. Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao encontro dos homens e mostrou-lhes a luz libertadora: convidou-os a renunciar ao egoísmo e autossuficiência que geram “trevas”, sofrimento, escravidão e a fazerem da vida um dom, por amor. Aderir a esta proposta é viver na “luz”.
• Há aqueles que se
opõem à proposta de Jesus porque estão instalados na mentira e a “luz” de Jesus
só os incomoda; há aqueles que têm medo de enfrentar as críticas, que se deixam manipular pela
opinião dominante, e que, por medo, preferem continuar escravos do que arriscar
ser livres; há aqueles que, apesar de reconhecerem as vantagens da “luz”,
deixam que o comodismo e a inércia os prendam numa vida de escravos…
• A Palavra de Deus
convida-nos, neste tempo de Quaresma, a um processo de renovação que nos leve a
deixar tudo o que nos escraviza, nos aliena, nos oprime – no fundo, tudo o que
impede que brilhe em nós a “luz” de Deus e que impede a nossa plena realização.
• Receber a “luz” que
Cristo oferece é, também, acender a “luz” da esperança no mundo.
SEGUNDA LEITURA (Ef 5,8-14) Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios.
Irmãos,
outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E
o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade. Discerni o que agrada ao
Senhor. Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a nada; antes,
desmascarai-as. O que essa gente faz em segredo, tem vergonha até de dizê-lo.
Mas tudo que é condenável torna-se manifesto pela luz; e tudo o que é manifesto
é luz. É por isso que se diz: “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os
mortos e sobre ti Cristo resplandecerá”.
AMBIENTE - Estamos por volta dos anos 60. Paulo sente ter terminado a sua missão apostólica na Ásia e não sabe o que o futuro próximo lhe reserva (ele está prisioneiro).
Nessa exortação, Paulo convida os
crentes a deixarem a antiga forma de viver para assumirem a nova, revestindo-se
de Cristo, imitando Deus e passando das trevas à luz.
MENSAGEM - A imagem da “luz” e das “trevas” é uma imagem frequente na catequese primitiva, sobretudo em João e Paulo. O símbolo “luz/trevas” aparece, também, nos escritos de Qûmran para definir o mundo de Deus (luz) e o mundo que se opõe a Deus (trevas).
Para
Paulo, viver nas “trevas” é viver à margem de Deus, recusar as suas propostas,
viver prisioneiro das paixões e dos falsos valores, no egoísmo e na
autossuficiência. Ao contrário, viver na “luz” é acolher o dom da salvação que
Deus oferece, aceitar a vida nova que Ele propõe, escolher a liberdade,
tornar-se “filho de Deus”.
Os cristãos são aqueles que escolheram viver na “luz” como Homens Novos, e a praticarem as obras de bondade, justiça e verdade. O cristão não deve só escolher a luz, mas deve também desmascarar as obras das “trevas”, de forma aberta e decidida.
Os cristãos são aqueles que escolheram viver na “luz” como Homens Novos, e a praticarem as obras de bondade, justiça e verdade. O cristão não deve só escolher a luz, mas deve também desmascarar as obras das “trevas”, de forma aberta e decidida.
ATUALIZAÇÃO • O cristão é aquele que optou por “viver na luz” e dar testemunho da “luz”. É preciso denunciar as “trevas” que mantêm os homens escravos.
•
O cristão não pode ficar de braços cruzados diante da maldade, do egoísmo, da
injustiça, da exploração, dos contra-valores que enegrecem a vida dos homens. O
cristão tem de manter uma atitude de vigilância atenta e de denúncia ousada e
corajosa.
==========---------------========
SUGESTÃO: FAZER UMA PROCISSÃO DA LUZ.
Para
pôr em evidência a passagem das trevas à luz proclamada por todos os textos
deste domingo, poder-se-á organizar uma procissão da luz para entrada da
celebração e cantar um cântico com referência à Luz. Os portadores das luzes
(velas acesas) poderão juntar-se à volta do Evangeliário para a PLOCLAMAÇÃO do
Evangelho: Cristo é a Luz do mundo!
================------------------=========================
Filhos da Luz
A Liturgia de hoje continua a
CATEQUESE BATISMAL da Quaresma.
- Vimos o símbolo da ÁGUA, com o episódio da Samaritana.
- Hoje prossegue o tema da LUZ, com a cura do cego.
- E veremos o tema da VIDA, com a ressurreição de Lázaro...
As Leituras nos lembram a Luz da fé recebida no Batismo com a vela
acesa na mão, e também nos exortam a "viver na Luz".
Na 1ª leitura Davi é
UNGIDO para rei de Israel. (1Sm
16,1b.6-7.10-13a)
* A Unção de Davi, eleito pessoalmente
por Deus, é figura profética da Unção Batismal dos cristãos.
Na 2ª Leitura, Paulo
salienta a necessidade de viver como filhos da "Luz", renunciando as
obras das trevas e
produzindo frutos de bondade, justiça
e verdade (Ef 5,8-14)
No Evangelho, Jesus
UNGE um cego com "Barro", revelando-se como a "Luz do
Mundo", que veio libertar os
homens das trevas. (Jo 9,1-41)
São João costuma tomar um fato da vida
de Jesus como ponto de partida para desenvolver um tema básico da mensagem
cristã.
A cura do cego descreve o processo de
fé de um homem, que vai passando das trevas da cegueira, para a luz da visão, e
desta para a Luz da fé em Cristo.
O "Cego" é símbolo de todos
os homens que renascem pela fé, acolhendo a Jesus (no Batismo) e deixando-se
conduzir pela sua palavra.
+ Tudo
começa com uma PERGUNTA dos discípulos a Jesus:
- "Por que esse homem
nasceu cego?" Seria castigo de Deus? Quem pecou?
- Jesus RESPONDE: "Nem
ele, nem seus Pais pecaram..."
E continua a sua resposta, passando das palavras aos atos.
Na CURA, para dar a "Luz" ao cego, Jesus usa um método
estranho:
Com saliva faz "barro" na
terra, unge com esse barro os olhos do cego e manda lavar-se na piscina de
Siloé.
A cura não é imediata: requer a
cooperação do enfermo.
- A disponibilidade do cego sublinha a
sua adesão à proposta de Jesus.
- O banho na piscina do
"enviado" é uma alusão à "Água de Jesus".
- Lembra também a água do BATISMO para quem quiser sair das
trevas para viver na luz, como Filhos de Deus...
Depois, o Evangelho coloca em cena
vários PERSONAGENS:
- Os VIZINHOS percebem o
dom da vida que vem de Jesus, mas não dão o passo definitivo para ter acesso à
Luz.
Representam os que percebem a proposta
libertadora de Jesus, mas não estão dispostos a sair da sua vidinha, para ir ao
encontro da "Luz".
- Os FARISEUS conhecem a
"luz", mas se recusam em aceitá-la.
Acusam-no de transgredir a lei do
sábado e expulsam o cego da sinagoga.
Representam aqueles que conhecem a
novidade de Jesus, mas não estão dispostos a acolhê-lo e até hostilizam os seus
seguidores.
- Os PAIS constatam o
fato, mas evitam comprometer-se...
É a atitude de MEDO dos que não tem
coragem de passar das trevas para a Luz.
Preferem a segurança da ordem
estabelecida, do que correr riscos...
- O CEGO é questionado pelas AUTORIDADES sobre a origem
de Jesus.
E ele, como "pessoa iluminada",
mostra-se: Livre (diz o que pensa...); corajoso (não se intimida); sincero (não
renuncia à verdade); suporta a violência (é expulso da sinagoga).
- JESUS reaparece no
fim: vai ao seu encontro, inicia um DIÁLOGO, que culmina com um belo ato de fé
do cego: "Eu creio, Senhor".
+ A Transformação do cego é
progressiva:
- Antes de se encontrar com Jesus, é um homem
prisioneiro das "trevas",
dependente e limitado. "Não
sabe quem o curou"...
- Depois, a "luz" vai
brilhando aos poucos na sua vida.
Forçado pelos dirigentes a renegar a "luz" e a liberdade
recebida, recusa-se a regressar à
escravidão...
- Finalmente, encontrando-se com
Jesus, que lhe pergunta: "Acreditas
no Filho do Homem", manifesta sua adesão total: "Creio, Senhor". Prostra-se e o adora.
* O Caminho de fé do cego é um
itinerário para todo cristão:
O Encontro com Jesus ... a Adesão
à "Luz" e um progressivo amadurecimento no Conhecimento de
Cristo.
Esse caminho desemboca na adesão total
a Jesus, ao ser lavado pelas águas batismais.
Nesta Quaresma, somos convidados a
viver a experiência catecumenal, renovando o nosso Batismo, mediante o
Sacramento da Penitência.
Quanto mais buscamos Jesus como
"Luz", mais nossa vida terá sentido.
Com Jesus, a Luz da Vida jamais
perderá o seu brilho.
-
Pe Antônio Geraldo
================---------------==============
Homilia
do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, domingo passado
Jesus se apresenta (Evangelho da Samaritana) coo sendo a água viva: “Se tu
soubesse quem é que te pede água, tu é que lhe pediria, pois a água que eu lhe
der é água da vida eterna. Quem beber dessa água, nunca mais terá sede”.
A água viva é o Batismo, que nos leva
até a eternidade. A luz do mundo é a capacidade que eu tenho de dizer: Eu
Creio. Este Evangelho de hoje é toda a catequese de São João para quem quer ser
Crismado.
O que é ser cego de nascença? – alguém
que nasce cego. Quem é cego de nascença? Todos nós. Jesus se apresenta como
sendo a LUZ do mundo. “Eu sou a luz do mundo”. Ninguém nasce conhecendo Jesus.
Se não abrirmos os olhos, não vamos conhecer Jesus, não vamos conhecer a LUZ do
mundo. Cego de nascença é a pessoa que não conhece Jesus, não conhece a luz.
Quem nasceu cego não tem noção do que é luz. Então, não fazer como os pais do
cego de nascença: “ah, eu não me envolvo. Ele é maior de idade pergunte para
ele”. Tem muito pai e mãe fazendo isto: “vou deixar meu filho crescer e aí ele
escolhe o que ele quer”. Se você não abre os olhos dele, ele não vai conhecer
Jesus. É ilusão achar que depois ele vai conhecer. É interessante, este cego de
nascença. Primeiro, acham que ele está pagando pecado: “Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele ou os seus
pais?” Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso serve para que
as obras de Deus se manifestem nele”.
Até hoje, tem gente que acha que comete
pecado e Deus castiga. Tem gente que diz: o que eu fiz para Deus para ficar
doente? Onde eu errei para agora sofrer isto? Olhe aí! Pior ainda quando dizem:
o fulano na vida passada deve ter pecado muito e agora está pagando. Já não
basta os problemas em nossa vida e ainda querem imputar coisas de uma outra
vida que nunca existiu. Que Deus é este? Jesus apresenta um outro Deus; um Deus
que vai nos ajudando a enxergar a realidade.
Para que serve o Flesch numa foto? – para
deixar a foto clara? Para deixar a foto em auto definição? Ah! Para deixar a
foto em auto definição. É isto mesmo. Quando você lança a luz, deixa o objeto
ou a pessoa a ser fotografada com uma nitidez maior, fica mais definido os
contornos e a foto sai com uma qualidade muito melhor. Isto é o Flesch.
Ora, se Jesus é a luz do mundo, alguém
sabe como se fala luz em grego? É FLESCH. Se Jesus é o Flesch do mundo, Ele vem
para me ajudar a dar uma auto definição para a realidade do mundo. É muito
interessante! Jesus me ajuda a enxergar a realidade. Só que as pessoas
confundem Jesus Luz do mundo com Jesus trator do mundo. Qual é papel do trator?
Ir abrindo caminho, derrubando o que está na frente... não é assim? E é o que
agente espera de Jesus. Ele não diz que é isso não! Ele diz: “Eu sou a luz do
mundo”. Jesus me ajuda a ver a realidade, me ajuda a ver onde estão os
obstáculos, me ajuda a ver quais são as possibilidades: ou para vencer os
obstáculos, ou contorná-los. Me ajuda a caminhar com segurança sem me machucar
ou machucar os outros, mas Ele NÃO TIRA OS OBSTÁCULOS PARA MIM. EU É QUE DEVO
ENFRENTAR OS OBSTÁCULOS.
É este o problema: nós dizemos: se apega
com Jesus, que Ele vai resolver isto para você. E, a pessoa reza, reza e nada.
É que te mostraram um Jesus errado! Não! Você vai se apegar a Jesus para ter
força e coragem de enfrentar os obstáculos. É você que vai ter que caminhar.
Olhe o fulano cego de nascença. Que problemão Jesus arrumou para ele. Por que
se incomodaram com ele? Porque ele passou a enxergar. Tem gente que não gosta
que agente enxergue. Ah, aí ficam importunando, criando caso! Por três vezes
vão lhe perguntar: “como ele te abriu os olhos”? Até que ele diz: “além de
cegos, vocês estão ficando surdos? Eu já falei e vocês não me escutam. Foi assim,
assim...” É interessante porque as pessoas não gostam quando agente abre os
olhos! Tem gente que quer que agente fique cego a vida inteira. Não é
assim. Jesus nos ajuda a enxergar a vida, a realidade. Agora, por isso eu digo
que é um bom trecho para se preparar para a Crisma: primeira coisa que ele faz:
“quem foi que te abriu os olhos”? “Um fulano chamado Jesus”. “onde Ele está”?
“não sei”.
É a primeira coisa que agente ouve: um
tal Jesus, quando agente ainda é criança. Depois, com a caminhada vai
melhorando a compreensão dele. “Quem é Jesus”? Ele vai dizer: “é um profeta”.
Por que? Porque o profeta ajuda a entendermos o que Deus fala e a confrontar o
que Deus fala com o que eu faço. Ele estimula, se for o caso, a mudar de vida.
Tem o terceiro passo depois, onde ele
diz: “Bom, este Jesus, que eu acho que é um profeta, Ele vem de Deus”. Este é o
Evangelho. O Evangelho é para nos mostrar que Jesus vem de Deus, que é Deus
feito Homem.
Por fim, Jesus pergunta: “Você crê no
Filho do Homem”? – “Me diga quem é para que eu creia”. – “Sou Eu que estou
falando contigo”. – “Eu creio” e se prostra.
Ser crismado é dizer publicamente, que
Jesus é o Filho de Deus feito Homem, que Jesus é Deus.
Veja, que recebemos a água do Batismo e
somos ungidos ali. Depois, recebemos uma vela onde ouvimos: “Recebei a luz de
Cristo, pais e padrinhos, esta luz vos é entregue para que vos alimenteis. Por
isso, esforçai-vos para que esta criança caminhe na vida iluminada por Cristo,
que é a Luz do mundo”. Aí é que está! Esta é a caminhada. Ora, recebemos a vela
acesa e na Crisma somos ungidos, como foi Davi.
Jesus é a Luz do mundo, mas em outro
Evangelho Ele diz uma palavrinha: “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do
mundo”. São Paulo vai dizer: “Nós somos filhos da Luz, portanto, somos chamados
a sermos luz para o irmão”. Este é o papel de cada um de nós e de um modo muito
especial dos catequistas, os que vão ajudar as pessoas a enxergar Jesus, que é
a Luz do mundo, pois caminhamos para a eternidade.
Uma última palavra. O Salmo diz: • Felicidade e todo bem hão de seguir-me, / por toda a minha vida; /
e, na casa
do Senhor, habitarei / pelos tempos infinitos.
Mais uma vez, eu aproveito para dizer: as
pessoas quando vão dizer algo de pessoas que já morreram dizem: “onde quer que
ele esteja”. Quem fala isto, não conhece a Palavra de Deus, porque o endereço
para onde vamos depois da morte está aqui. Para onde vamos, depois que
morremos? Para a casa do Senhor, pelos tempos infinitos. Ou seja, para a
eternidade. O nosso encontro com Jesus, vai se dar neste passo: no momento em
que nós morremos. Até lá, vamos caminhando, seguindo a LUZ, que é Jesus, pois
ele nos ilumina, e ajudando os outros a caminharem também. Nesta caminhada,
vamos celebrar a ressurreição daqui um pouco. Que Deus nos ajude.
Louva do seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
===========----------------==============
Homilia de D. Henrique Soares da Costa
O Evangelho de hoje é mais uma
belíssima catequese batismal que nos prepara para a santa Páscoa. Não esqueçamos
que em muitas paróquias adultos estão terminando seus preparativos para o
Batismo.
No Domingo passado, no
Evangelho da Samaritana, vimos que Jesus é o Messias que dá a verdadeira água
do Espírito Santo, água que jorra para a vida eterna.
Neste hoje, “ao passar, Jesus viu um homem
cego de nascença”. Esse homem simboliza os judeus; pode simbolizar
também a humanidade toda. Os discípulos, apegados a uma crença popular antiga,
tão combatida por Jeremias e Ezequiel, pensavam que o cego estava pagando pelos
pecados seus ou dos seus antepassados. É a uma crença errada, semelhante à
superstição da reencarnação: “Quem
pecou para que nascesse cego: ele ou seus pais?” Não há resposta,
não há explicação! Os segredos da vida pertencem a Deus! Se crermos no seu
amor, se nos abandonarmos nas suas mãos, a maior dor, o mais inexplicável
sofrimento pode ser confortado pela certeza de que Deus está conosco e nos
fortalece: “Nem
ele nem seus pais pecaram: isso serve para que as obras de Deus se manifestem
nele!” Até na dor e no sofrimento Deus está presente quando somos
abertos à sua presença. Pena que nosso mundo superficial e incrédulo não
compreenda isso… Se se abrisse para Jesus, o Inocente crucificado e morto… Na
sua luz, contemplamos a luz da vida: “Enquanto
estou no mundo, eu sou a luz do mundo!” Mas, o nosso mundo se fecha
na sua racionalidade cega e orgulhosa…
Jesus cospe no chão e faz lama.
A saliva, para os judeus, continha o espírito; simboliza, então, como a água, o
dom do Espírito. Depois, Jesus ordena: “Vai
lavar-te na piscina de Siloé!” É a piscina do Enviado de Deus, do
Messias, imagem da piscina do nosso Batismo, na qual somos iluminados pelo
Senhor que é luz do mundo! Por isso o homem vai e retorna vendo. Eis o que é o
cristão, o discípulo de Cristo: aquele que era cego, foi lavado na piscina
batismal e voltou vendo. Porque ele vê, os judeus o expulsam da sinagoga, como
o mundo também nos expulsa de sua amizade a apreço! Não somos do mundo, como o
Senhor nosso não é do mundo; ele nos separou do mundo! Agora, curado da
cegueira, aquele que foi iluminado pode ver Jesus; ver com a fé, ver a
realidade mais profunda, ver que ele é o Senhor, Filho de Deus: “’Acreditas no filho do Homem?’
‘Quem é, Senhor para que eu creia nele?’ Jesus disse: ‘Tu o estás vendo; é
aquele que está falando contigo!’” Para isso te curei, para isso
fiz-te enxergar! “’Eu
creio, Senhor!’ E prostrou-se diante de Jesus!”
Também nós fomos iluminados
pelo Cristo no Batismo. Para nós valem as palavras de São Paulo:“Outrora éreis treva, mas agora
sois luz no Senhor! Vivei como filhos da luz! Não vos associeis às obras
das trevas!” Eis, caros irmãos: iluminados por Cristo não podemos
pensar como o mundo, sentir como o mundo, agir como o mundo! Devemos viver na
luz e ser luz para o mundo! Mas, não é fácil; não basta querer! Sem a graça do
Senhor, nada conseguiremos, a não ser sermos infiéis! Por isso a necessidade
dos exercícios quaresmais; por isso a oração, a penitência e a caridade
fraterna, por isso a necessidade da confissão de nossos pecados! Não nos
esqueçamos: não poderemos zombar de Cristo: seremos julgados na sua luz: “Eu vim a este mundo para
exercer um julgamento, a fim de que os que não vêem vejam e os que vêem se
tornem cegos!” – Eu vim para revelar a luz aos humildes, aos que se
abrem à minha Palavra e à minha Presença, e vim revelar a cegueira do mundo
confiado na sua própria razão, na prepotência de seus próprios caminhos! Porque
este mundo diz que vê, que sabe, que está certo, seu pecado permanece! Somente
se abrir-se para a luz do Cristo, caminhará na luz e enxergará de verdade!
E nós, caminhamos na luz ou
permanecemos nas trevas? Que o Senhor ilumine a nossa vida.
D. Henrique Soares
----------------===============----------------
Homilia do Mons. José Maria Pereira
Jesus e o Cego
Celebrando o 4º Domingo da
Quaresma, o Evangelho (Jo 9, 1-41) nos apresenta o tema da Luz.
Jesus unge os olhos do cego de nascença com lama feita a partir da saliva. Jesus como que inicia com um rito. Toca os olhos do cego, concedendo-lhe a visão. E, aos poucos no diálogo com ele, vai-lhe despertando a fé. E o cego acaba vendo, à luz da fé, que Jesus é o Filho do Homem. Acaba dando testemunho dele.
Jesus unge os olhos do cego de nascença com lama feita a partir da saliva. Jesus como que inicia com um rito. Toca os olhos do cego, concedendo-lhe a visão. E, aos poucos no diálogo com ele, vai-lhe despertando a fé. E o cego acaba vendo, à luz da fé, que Jesus é o Filho do Homem. Acaba dando testemunho dele.
A cura do cego descreve o
processo da fé de um homem, que vai passando das trevas da cegueira, para a luz
da visão, e desta para a Luz da fé em Cristo. O “Cego” é um símbolo de todos os
homens que renascem pela fé, acolhendo Jesus (no Batismo) e deixando-se
conduzir pela sua palavra.
Tudo começa por uma pergunta
dos discípulos a Jesus: “Por que esse homem nasceu cego?” ”Quem pecou para que
nascesse cego: ele ou seus pais?” (Jo 9,2). Jesus responde: “Nem ele, nem seus
pais pecaram…” (Jo 9,3). Com essa resposta Jesus lembra o que os profetas já
combatiam que era uma crença popular antiga que pensavam que o cego estava
pagando pelos seus pecados ou dos seus antepassados. Trata-se de uma crença
errada, semelhante ao absurdo da reencarnação. Esta é uma crença espírita, não
é cristã. A Palavra de Deus nos diz: “os homens morrem uma só vez, depois vem o
juízo” (Hb 9,27). A reencarnação é uma injustiça! É negar a obra redentora de
Cristo e afirmar que é o próprio homem que se salva, por etapa, cada vez mais
que se reencarna. É a onda do reciclável, como lixo.
“Nem ele, nem seus pais
pecaram…”. Com isso Jesus quer nos ensinar que os segredos da vida pertencem a
Deus! Se crermos no seu amor, se nos abandonarmos nas suas mãos, a maior dor, o
mais inexplicável sofrimento pode ser confortado pela certeza de que Deus está
conosco e nos fortalece. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Até na dor
e no sofrimento Deus está presente.
O mundo hedonista, consumista e
superficial não compreende isso! O cego é questionado pelas autoridades sobre a
origem de Jesus. E ele mostra-se livre (diz o que pensa…); corajoso (não se
intimida); sincero (não renuncia à verdade); suporta a violência (é expulso da
Sinagoga). Antes de se encontrar com Jesus, o cego é um homem prisioneiro das
“trevas”, dependente e limitado. “Não sabe quem o curou…” Finalmente,
encontrando-se com Jesus, que lhe pergunta: “Acreditas no Filho do Homem”,
manifesta a sua adesão total: “Creio, Senhor”. Prostra-se e O adora. O caminho
de fé do cego é um itinerário para todo cristão! São Jose Maria Escrivá, em
Amigos de Deus, nº 193, diz: “Que belo exemplo de firmeza na fé nos dá este
cego! Uma fé viva, operativa. É assim que te comportas com os mandatos de Deus,
quando muitas vezes estás cego, quando nas preocupações da tua alma se oculta a
luz? Que poder continha a água, para que os olhos ficassem curados ao serem
umedecidos? Teria sido mais adequado um colírio desconhecido, um
medicamento precioso preparado no laboratório de um sábio alquimista. Mas
aquele homem crê, põe em prática o que Deus lhe ordena e volta com os
olhos cheios de claridade”. Nesta Quaresma, somos convidados a viver a
experiência catecumenal, renovando o nosso Batismo, mediante o Sacramento da Penitência
(Confissão).
Quanto mais buscamos Jesus como
Luz, mais nossa vida terá sentido. O nosso comportamento de cristão deve ser
testemunho do Batismo recebido; devemos testemunhar com as obras que Cristo é
para nós, não apenas luz da mente, mas também luz da vida. Não são as obras das
trevas – o pecado- as que correspondem a um batizado, mas sim as obras da luz.
Como o cego, após o encontro
com Jesus, iluminado, manifestemos a alegria de sermos cristãos! “A alegria do
discípulo não é um sentimento de bem estar egoísta, mas uma certeza que brota
da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de
Deus. Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber;
tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas e fazê-lo conhecido
com nossa palavra e obras é a nossa alegria” (DA, 29).
“ Ó Deus, luz de todo o ser
humano que vem a este mundo, iluminai nossos corações com o esplendor da vossa
graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração.”
Mons. José Maria Pereira
================------------------------==============
Homilia do Pe. Françoá Costa
Fé mais
profunda
As passagens do Evangelho que a
Igreja oferece para esse ciclo litúrgico são uma verdadeira catequese. No
primeiro domingo, escutamos o Evangelho das tentações e pensamos nas provas,
lutas e dificuldades da vida. No segundo, o da Transfiguração, no qual fomos
iluminados com a contemplação, na fé, do rosto do Senhor e meditamos na nossa
filiação divina. No terceiro, aparecia a Samaritana pedindo a água que sacia
sem saciar, o Espírito Santo. Hoje, quarto domingo, o cego que começa a ver por
iniciativa de Jesus; no entanto, depois a iniciativa seria do cego, pois ele
procuraria Jesus e o adoraria. Finalmente, no domingo que vem, escutaremos a
narração da ressurreição de Lázaro e nos recordaremos tanto da nossa
ressurreição espiritual no Batismo e na Confissão sacramental quanto da
ressurreição da carne que experimentaremos na consumação dos últimos tempos nos
quais vivemos.
O Papa Bento XVI dizia que “o
domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho
interpela cada um de nós: «Tu crês no Filho do Homem?». «Creio, Senhor» (Jo 9,
35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes.
O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o
nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e
possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as
obscuridades da vida e leva o homem a viver como «filho da luz»” (Bento XVI,
Mensagem para a Quaresma de 2011).
Deus conceda que a nossa fé
seja mais profunda. Nós, como aquele que fora cego, começamos a ver somente
pela iniciativa e pelo poder de Jesus; também foi pela ação misteriosa da graça
que nós continuamos a buscar a Cristo e a adorá-lo. Há uma antiga oração da
Igreja que pede a Deus que as nossas ações sejam precedidas, ajudadas e
terminadas com o auxilio divino mostrando, dessa maneira, a nossa dependência
total do Senhor. Seria terrível se algum dia nos invadisse uma espécie de
autossuficiência espiritual. Seria o momento no qual Jesus nos diria, como
outrora aos fariseus, que a nossa pretensão é o que nos cega (cfr. Jo 9,41).
Não nos consideremos grande
coisa só porque participamos de uma determinada pastoral ou de determinado
grupo; nem pensemos que seremos salvos porque somos desse ou daquele movimento;
tampouco nos apoiemos numas obras que sabemos que são boas, mas que
frequentemente estarão manchadas pelo egoísmo e pelo orgulho. A caminhada junto
ao Senhor, as contínuas quedas no caminho rumo à santidade, a aparente
repetição das lutas interiores que nós não sabemos explicar, deveriam levar-nos
a uma profunda humildade, a confiar sempre mais na iniciativa de Jesus, a combater
os nossos próprios defeitos em total dependência da ação divina e a adorar a
Deus com todo o nosso ser.
Livre-nos Deus de toda
pretensão. Ao contrário, devemos reconhecer constantemente que Jesus é o nosso
único Salvador. É esse reconhecimento que nos faz fortes e audaciosos, não por
nossa própria virtude, mas confiando em Jesus. Aprofundar na fé nos fará ver,
cada vez mais, a importância de sermos pequenos diante de Deus. Essa pequenez é
totalmente compatível com a visão de águia, ampla e audaciosa, que nós devemos
ter. Uma criança, deixada às suas próprias forças, cairá; verá pouco porque é
de baixa estatura, ou seja, terá uma visão demasiado limitada da realidade. No
caso de que essa criança seja levantada pelos braços poderosos do seu Pai do
céu, terá outra visão das coisas. Nos braços de Deus e, portanto, das alturas,
veremos diferente. Surgirá um panorama antes insuspeitável, um horizonte jamais
contemplado e uns campos jamais ceifados. A profundidade da fé que nos leva à
humildade, a cavar profundamente no nosso nada, nos leva também à
magnanimidade, ao desejo de realizar grandes ações, ao desejo de “comer o
mundo” por Deus, a ser apóstolo, a evangelizar, a trazer muitas pessoas à casa
de Deus. Tudo isso é resultado de ir aprofundando cada vez mais na fé. Isso é
graça, mas também é responsabilidade pessoal: rezar, fazer penitência,
confessar-se, ler assiduamente o Evangelho, pedir a Nossa Senhora e a São José
que nos ensinem a conviver com Jesus, lutar por extirpar defeitos e pecados.
Esses são os meios que o Senhor coloca à nossa disposição para que alcancemos o
fim.
Não podemos ficar
lamentando-nos: “sou um pobre pecador”, “não posso nada”, “pobre de mim”. Não
podemos paralisar-nos! Enquanto isso os inimigos de Deus e de sua Igreja
trabalhariam para dominar. Não! Sabedores das nossas fraquezas, confiaremos na
graça de Deus; conscientes da nossa pobreza, nos enriqueceremos com os tesouros
imperecíveis do nosso Pai do céu. O cristão deve ser uma pessoa de fé cada vez
mais profunda, humilde, simples; deve ser pequeno diante de Deus. Mas um filho
de Deus deve ser também alguém que anda com a cabeça erguida, consciente da sua
nobre condição e do seu dever de “comer o mundo”. Um maior crescimento na fé
implica uma visão mais ampla das coisas e uma audácia antes não experimentada.
Deus conta conosco!
Pe. Françoá Costa
=================---------------------------==================
PARA A CELEBRAÇÃO DA
PALAVRA (Diáconos
ou Ministros da Palavra):
MOMENTO
DE LOUVOR
(QUANDO O PÃO SAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO DEUS...
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA
FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI.
T:
Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade.
- Nós Vos
louvamos, ó Pai, porque nos julgais não segundo as aparências, mas olhais o
coração.
Nós vos
bendizemos pelo Espírito Santo que nos dais e que fazeis de nós um povo profético,
real e sacerdotal.
T:
Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade.
Vós que soubestes escolher vosso servo
Davi, não olhando as aparências, mas o coração, nós vos pedimos
pelos pais, pelos educadores E pelas autoridades na nossa sociedade.
T:
Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade.
- Nós vos damos
graças, Ó Pai, por nos enviar o Cristo, Luz do mundo. Nós vos pedimos: arrancai-nos
das trevas do egoísmo, da injustiça e do ódio. Faça-nos viver como filhos da
justiça, da verdade e do amor.
T:
Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade.
- Nós vos bendizemos
pela nova criação realizada pelo vosso Filho. Curai nossos olhos fechados ao amor
ao irmão e ao vosso louvor.
T:
Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade.
- PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO DE DEUS
Nenhum comentário:
Postar um comentário