DOMINGO DE RAMOS ANO A 2017
Preparar: turíbulo, velas, asperge,
cruz com ramo e ramos para o povo
Primeira forma:
Procissão
À hora marcada, reúnem-se
todos numa igreja secundária ou noutro lugar apropriado fora da igreja para a
qual se dirige a procissão. Os fiéis levam ramos na mão. O sacerdote e o
diácono, revestidos de paramentos
vermelhos próprios da Missa, dirigem-se para o lugar onde o povo está
reunido.
Anim. Contemplemos esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou
a nossa humanidade, fez-
se servo dos homens, deixou-se matar para que o egoísmo e o pecado
fossem vencidos. A cruz, que a liturgia, hoje, coloca no horizonte próximo de
Jesus, apresenta-nos a lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova
que nele, Deus nos propõe: a doação da vida por amor. Cantemos:
I – ENTRADA DO SENHOR EM JERUSALÉM.
1. CANTO DE ABERTURA
//:Hosana hei, hosana ha, hosana hei,
hosana hei, hosana ha.://
1. Ele é o Santo, é o Filho de Maria, / é
o Deus de Israel,
é o Filho de Davi. / Santo é seu nome, é o
Senhor
Deus do Universo. / Glória a Deus de
Israel, nosso
Rei e Salvador.
2. Vamos a Ele com as flores dos trigais,
/ com os ramos
de oliveira, com alegria e muita paz. /
Santo é seu
nome, é o Senhor Deus do Universo. /
Glória a Deus
de
Israel, nosso Rei e Salvador.
O Presidente, ao chegar, saúda
o povo na forma habitual. Depois exorta os fiéis a participarem ativa e
conscientemente na celebração deste dia, dizendo estas palavras ou outras
semelhantes:
2. SAUDAÇÃO
S. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
T. Amém.
S. A vós, irmãos e irmãs, paz
e fé da parte de Deus, o Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
T. Bendito seja Deus, que nos
reuniu no amor de Cristo.
3. EXORTAÇÃO
S. Meus irmãos e minhas irmãs,
durante as cinco semanas da Quaresma preparamos os nossos corações pela oração,
pela penitência e pela caridade. Hoje aqui nos reunimos e vamos iniciar, com
toda a Igreja, a celebração da Páscoa de nosso Senhor. Para realizar o mistério
de sua morte e ressurreição, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando
com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador,
para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua
ressurreição e de sua vida.
Seguidamente, o Presidente, de
mãos juntas, diz uma das seguintes orações:
4. BÊNÇÃO DOS RAMOS
S. Oremos. (pausa) Ó Deus de bondade, aumentai a
fé dos que esperam em vós e ouvi as nossas preces.
Apresentando hoje ao Cristo os nossos ramos, possamos
frutificar em boas obras. P.C.N.S.
T. Amém.
(Terminada a oração, o presidente da celebração, sem nada
dizer, asperge os ramos com água benta.
Logo em seguida, proclama o
Evangelho que segue. ((Esta proclamação é feita do modo
habitual pelo diácono, ou, na
falta dele, pelo presbítero.)
ANO – A - (ANO B; MC 11, 1-10 ou Jo 12,
12-16 / ANO C Lc 19, 28-40))
5. EVANGELHO (Mt 21,1-11 –
Missal p. 221)
S. O Senhor esteja convosco.
T. Ele está no meio de nós.
S. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
T. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e
chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos,
dizendo-lhes: “Ide até o povoado que está ali na frente e logo encontrareis uma
jumenta amarrada e, com ela, um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! Se
alguém vos disser alguma coisa, direis: ‘O Senhor precisa deles, mas logo os devolverá’.
Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Dizei à filha de
Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho,
num potro de jumenta”. Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes
havia mandado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles suas
vestes, e Jesus montou. A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo caminho,
enquanto outros cortavam ramos das árvores e os espalhavam pelo caminho. As
multidões que iam à frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam: “Hosana ao
Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos
céus!” Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou, e diziam:
“Quem é este homem?” E as multidões respondiam: “Este é o profeta Jesus, de
Nazaré da Galiléia”. Palavra da Salvação.
T. Glória a vós, Senhor.
(Neste momento poderá haver breve homilia.)
Homilia do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, já no Natal nós lembramos a frase dos anjos:
“Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. Hoje
também, proclamamos uma frase importante: “Bendito o Rei que vem em nome do
Senhor, paz nos Céus e glória nas alturas”. A presença de Jesus é sempre paz,
embora entramos, nesta semana, na semana santa. É sempre paz. Ele derramou o
seu sangue para que NINGUÉM mais precisasse derramar o sangue. Ele é o Rei, mas
um rei montado em um jumentinho. Portanto, Ele não tem uma grande corte. Ele
não tem nada além das pessoas, que talvez, por falta de não ter algo a
oferecer, vão aclamá-lo com ramos. Ramos que podem ser pegos na natureza. Nós
benzemos os ramos e, portanto, também as árvores estão bentas. Veja que Deus
espera de nós coisas simples. Simplesmente Ele espera de nós disposição em
ajuda-lo a dar esperança ao mundo.
No início deste Evangelho temos uma proposta de reflexão para estes
dias: “Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram a Betfagé.
Jesus sabe, que chegando em Jerusalém, será um momento decisivo. Porque ali ele
será preso, julgado, condenado e crucificado. Entretanto, Ele já tinha dito:
“´É para esta hora que Eu vim”. Portanto, Ele tem clareza que deve entrar em
Jerusalém. São Marcos nos lembra, que ali você tem o caminho para Betfagé e
para Bethânia. Betfagé é a casa do figo. É a casa da doçura. É a casa do doce.
Quem é que não quer uma vida doce? Uma vida tranquila? Por outro lado, você tem
Bethânia, casa do perfume. Tanto um local quanto o outro, bastante agradável.
Jesus poderia ter mudado de idéia dizendo: eu não vou para Jerusalém, eu
vou para Bethânia, eu vou para Betfagé. Mas, Ele diz: eu vou justamente para o
caminho mais difícil. Isto deve nos ajudar a refletir: nem sempre o caminho
mais fácil é o caminho onde realizamos a vontade de Deus. Não que Deus goste de
complicar a vida das pessoas. É que o caminho mais fácil não exige compromisso.
Caminho mais fácil não exige resignação. Caminho mais fácil não exige de nós
abrirmos mão de certos privilégios ou conforto. Hoje, mais do que nunca, estas
palavras deve ganhar um sentido muito importante, porque o mundo nos mostra e
nos oferece facilidades, onde as pessoas devem conquistar a qualquer custo,
mesmo que para isto precise pisar, ignorar ou mesmo eliminar o irmão. O caminho
proposto por Betfagé e por Bethânia, é o
caminho onde as pessoas buscam através do dinheiro, ter tudo aquilo que é
possível ser comprado. Mas, Jesus alerta: olha, a ressurreição é uma conquista,
onde ninguém compra. A partir daí, decide ir para Jerusalém.
Outro aspecto que chama a nossa atenção: Ele entra montado num jumento,
filho de jumenta. Para os desavisados, um jumento nem sempre precisa ser filho
de uma jumenta. O filho de uma jumenta é um jumentinho pequeno e fraco. Não tem
força e nem serve para velocidade; serve muito pouco. Veja agora a ironia: o
Rei do Universo, o Senhor dos senhores entra na cidade de Jerusalém montado num
jumentinho! Isto é um fiasco a vista daqueles que se importam com a maneira de
se apresentar. Normalmente, uma pessoas importante entraria montado num cavalo
puro sangue de cor branca, como as éguas do Faraó. Era assim que os grandes
imperadores entravam.
Jesus entra num jumentinho, significa ridículo, onde entra para salvar a
humanidade.
Ainda tem esperança: vamos aclamá-lo para ver se ele tem força e coragem
para que possa desbancar o império romano. Mas, não é este o caminho de Jesus. Jesus
quer mostrar, que o caminho feito por Davi, Salomão e tantos outros reis, que
sempre levaram o povo à perdição. Ele tem como proposta: o “servo sofredor”.
Ele tem como proposta assumir como fez Jeremias. A missão agora é ser um sinal
de contradição. Que sinal é este? Ele, Rei e Senhor, será crucificado,
mostrando que o caminho da salvação vai pela fraqueza, o caminho da salvação
não vai pelo dinheiro, pelo prestígio, mas pela fidelidade a Deus. É assim, que
Ele vai assumir, em seus últimos dias em Jerusalém. Claro, que aqueles que
apostam no dinheiro, no poder como solução para tudo, ficaram indignados. É
assim que teremos a reação imediata do mesmo povo que o aclamou, para agora
crucifica-lo. Barrabás significa uma proposta mais imediata, uma proposta onde
eu consigo enxergar, aqui e agora, uma certa vitória. Jesus é uma proposta, que
quem sabe, que será longo e possível, que nem consiga ser conquistada.
Meus irmãos e irmãs, nós vivemos sempre com estas duas propostas. De um
lado, temos uma proposta imediata de vitória, regada pela doçura de tudo aquilo
que se pode comprar, regada pela parte simbolizada por Bethânia, pelo perfume
que nos leva a sentirmos confortáveis. Por outro lado, temos a proposta de
Jesus, que é aquela onde eu sou fiel a Deus, ainda que isto me custe certo
sacrifício.
Qual das duas propostas leva a vitória? A de Jesus, porque Deus o
resgatará da morte e Ele nos dará a ressurreição. Esta é uma proposta que eu só
enxergo com os olhos da fé. Por isso, esta semana se torna para nós uma semana
decisiva e ao mesmo tempo a semana central da nossa fé. Daí brotará toda a
nossa caminhada, também em vista da ressurreição. Que possamos fazer desta
semana, uma semana santa. A cada dia seremos convidados a comtemplar este
grande mistério a partir da liturgia que nos é oferecida.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
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HOMILIA
Durante 40 dias nos preparamos para entrarmos com Jesus em
Jerusalém. Devemos segui-lo com ramos nas mãos. Hoje, com esta solene liturgia,
damos inicio a Semana Santa, centro do grande acontecimento de nossa fé: o
mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, o Cristo que, a preço de sangue,
nos resgata para o Pai: morrendo, vence a morte e, com sua ressurreição, nos dá
a vida. Como cristãos temos a liberdade de participar deste mistério...
Entremos triunfantes com Jesus em Jerusalém.
Nos reunimo-nos para ir ao encontro de Cristo que vem. Não
se trata de uma celebração em que recordamos um acontecimento. Fazemos memória,
isto é, vivemos o mesmo mistério na celebração. Acolhemos Cristo. Nas
celebrações da Semana Santa não há diferença entre o que ocorreu no momento
histórico e o que vivemos na fé. Por isso, digamos levantando os ramos
espirituais: “Bendito o que vem em nome do Senhor”. TODOS: “Bendito o que
vem em nome do Senhor”.
Em todas as Celebrações nós repetimos estas palavras para
significar que Ele sempre vem ao nosso encontro e nós O acolhemos com alegria.
A liturgia do dia tem dois momentos: o alegre e festivo da
procissão e o doloroso da narrativa da Paixão. Pela Paixão chegamos à glória.
Jesus entra em Jerusalém como o rei prometido e o povo O identifica. Jesus
entra em confronto com os fariseus que dizem: Mestre, repreende teus
discípulos!. Ao que responde: Se eles se calarem as pedras gritarão.
A
Semana Santa é um tempo forte de reflexão para conhecer Jesus. Jesus é o
exemplo de humildade e obediência. Jesus era aberto ao Pai. O sentido da
humildade é o entendimento da Paixão. Ele se rebaixou ao extremo humilhando-se
até à morte de Cruz. Ele passa pelo abandono total. Sua morte é um serviço que
leva à glorificação.
A
entrada de Jesus em Jerusalém ilumina a Paixão que não é o fim, mas o meio de
chegar à glorificação. No mundo há oposição a Jesus. Não podemos perder de
vista que Cristo venceu e tudo será submetido a seu domínio. Que a contemplação
da morte de Jesus nos torne sensíveis às injustiças que, ainda hoje, se cometem
contra tantos inocentes.
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Homilia
de D. Henrique Soares
Mt 21,1-11
“Dizei à filha de Sião: ‘Eis que o teu rei vem a
ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta!” – Assim, caríssimos irmãos, o nosso
Jesus entra hoje em Jerusalém para sofrer sua paixão e fazer sua Páscoa deste
mundo para o Pai.
Jerusalém é a cidade do
Messias; nele deveria manifestar-se o Reino de Deus. O Senhor Jesus, ao entrar
nela de modo solene, realiza a esperança de Israel. Por isso o povo grita: “Hosana
ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos
céus!” Hoje, com
nossos ramos levados em procissão, fazemos solene memória desse acontecimento e
proclamamos com nossos cânticos que Jesus é o Messias prometido! Também nós
cantaremos daqui a pouco: Hosana ao Filho de Davi!
Mas, atenção! Este Messias não
vem como rei potente, num majestoso cavalo de guerra, símbolo de força e poder!
Ele vem num burrico, usado pelos servos nos seus duros trabalhos. Ele vem como
manso e humilde servo! Eis o escândalo que Israel não suporta! Esperava-se um
Messias que fosse Rei potente e Deus envia um servo humilde e frágil! Que
lógica, a de Deus! E, misteriosamente, Israel não consegue compreendê-la e refutará
Jesus! Mas, e nós, compreendemos de verdade essa lógica? Hoje, seguir o Cristo
em procissão é estar dispostos a aceita-lo como Messias que tem como trono a
cruz e como coroa os espinhos! Segui-lo pela rua é comprometer-se a segui-lo
pela vida! Caso contrário, nossa liturgia não passará de um teatro vazio...
Vamos com Jesus! Aclamemos
Jesus! E quando na vida, a cruz vier, a dor vier, os espinhos vierem, tomemos
nas mãos os ramos que levaremos hoje para nossas casas e recordemos que nos
comprometemos a seguir o Cristo até a morte e morte de cruz, para chegarmos à
Páscoa da Ressurreição!
à Imitemos a multidão que aclamava Jesus na cidade santa
de Jerusalém, e caminhemos em paz.
À frente vai o turiferário com o turíbulo aceso (com incenso); depois, no meio
de dois ministros com velas acesas, o cruciferário com a cruz ornamentada;
segue-se o presidente da Celebração com os ministros: finalmente, os fiéis com
os ramos na mão.
7.
CANTO DA PROCISSÃO
Os filhos dos hebreus, com ramos de palmeiras, /
correram ao encontro de Jesus, nosso Senhor, /
cantando
e gritando: “Hosana, ó Salvador” / Cantando e
gritando:
“Hosana, ó Salvador!”
1. O
mundo e tudo o que tem nele é de Deus, / a terra
e os
que aí vivem, todos seus! / Foi Deus que a terra
construiu
por sobre os mares, / no fundo do oceano, seus pilares!
2.
Quem vai morar no Templo de sua cidade? / Quem
pensa
e vive longe da vaidade! / Pois Deus, o Salvador,
o
abençoará, / no julgamento o defenderá!
3.
Assim, são todos os que prestam culto a Deus, / que
adoram
o Senhor, Deus dos hebreus! / Portões antigos,
se
escancarem; vai chegar. / Alerta! O Rei da glória vai entrar!
4.
Quem é, quem é, então, quem é o Rei da glória? / O
Deus,
forte Senhor da nossa história! / Portões antigos,
se
escancarem; vai chegar. / Alerta! O Rei da glória vai
entrar!
5.
Quem é, quem é, então, quem é o Rei da glória? / O
Deus
que tudo pode é o Rei da glória! / Aos Três: ao
Pai,
ao Filho e ao Consolador / da Igreja que caminha, o louvor!
Ao chegar ao altar, o presidente faz-lhe a devida
reverência e, conforme as circunstâncias, incensa-o (se o presidente for um
bispo ou presbítero ). Seguidamente, dirige-se para a sua cadeira (depõe o
pluvial e veste a casula ou se for diácono a dalmática) e, diz a oração coleta.
Terminada esta oração, a celebraçãocontinua na forma habitual.
8. ORAÇÃO
S. Oremos: (pausa) Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos homens um
exemplo de humildade, quisestes que o
nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos
aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória.
P.N.S.J.C.
T. Amém.
LITURGIA DA PALAVRA
Animador: A Palavra de Deus na missa de hoje nos insere na obediência absoluta de
Cristo ao Pai, entregando-se à cruz. Nesse ato sublime e oblativo, revela-
se o amor de Deus – esse amor que não guarda nada
para si, mas que se faz dom total. Redescubramos, pela escuta e meditação da
Palavra, o sentido da entrega d’Aquele Rei, cujo único trono
foi a cruz.
PRIMEIRA
LEITURA (Is 50,4-7) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras
de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido,
para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe
resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me
arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor
Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto
impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado. Palavra do Senhor.
AMBIENTE - Quem é este profeta? É Jeremias, o paradigma do profeta que sofre por causa da Palavra? É o próprio Deutero-Isaías, chamado a dar testemunho da Palavra no ambiente hostil do Exílio? É um profeta desconhecido? É uma figura coletiva, que representa o Povo exilado, humilhado, esmagado, mas que continua a dar testemunho de Deus, no meio das outras nações? Não sabemos; no entanto, a figura apresentada nesses poemas vai receber uma outra iluminação à luz de Jesus Cristo, da sua vida, do seu destino.
MENSAGEM - Em primeiro lugar, a missão que este “profeta” recebe de Deus tem
claramente a ver com o anúncio da Palavra. O profeta é o homem da Palavra,
através de quem Deus fala. O profeta é modelado por Deus; mas tem de estar,
continuamente, numa atitude de escuta de Deus, para que possa apresentar – com
fidelidade – essa Palavra de Deus para os homens.
Em
segundo lugar, a missão profética concretiza-se no sofrimento: o anúncio das
propostas de Deus provoca resistências que, para o profeta, se consubstanciam,
quase sempre, em dor e perseguição. No entanto, o profeta não se demite: a
paixão pela Palavra sobrepõe-se ao sofrimento.
Em terceiro lugar, o Senhor não abandona aqueles a quem chama. A certeza de que não está só, mas de que tem a força de Deus, torna o profeta mais forte do que a dor, o sofrimento, a perseguição. Por isso, o profeta “não será confundido”.
Em terceiro lugar, o Senhor não abandona aqueles a quem chama. A certeza de que não está só, mas de que tem a força de Deus, torna o profeta mais forte do que a dor, o sofrimento, a perseguição. Por isso, o profeta “não será confundido”.
ATUALIZAÇÃO • Jesus, o “servo” sofredor, que faz da sua vida um dom por amor, mostra aos seus seguidores o caminho: a vida, quando é posta ao serviço da libertação dos pobres e dos oprimidos, não é perdida mesmo que pareça, em termos humanos, fracassada e sem sentido.
SALMO RESPONSORIAL / SI 21 (22).
Meu Deus, meu Deus, por
que me abandonastes?
• Riem de mim todos aqueles que me veem, / torcem os
lábios e sacodem a cabeça: / “Ao Senhor se confiou, ele
o liberte / e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”
• Cães numerosos me rodeiam furiosos, / e por um
bando de malvados fui cercado. / Transpassaram
minhas mãos e os meus pés / e eu posso contar todos os meus ossos.
• Eles repartem entre si as minhas vestes / e sorteiam entre
si a minha túnica. / Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis
longe; / ó minha força, vinde logo em meu socorro!
• Anunciarei o vosso nome a meus irmãos / e no meio da
assembleia hei de louvar-vos! / Vós que temeis ao Senhor
Deus, dai-lhe louvores; glorificai-o, descendentes de
Jacó, / e respeitai-o, toda a raça de Israel!
SEGUNDA
LEITURA (Fl 2,6-11) Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses.
Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus
uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo
e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si
mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o
exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao
nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda
língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor” para a glória de Deus Pai.
AMBIENTE - A comunidade cristã, fundada por Paulo, era uma comunidade entusiasta, generosa, comprometida, sempre atenta às necessidades de Paulo e do resto da Igreja. Apesar destes sinais positivos, não era, no entanto, uma comunidade perfeita… O desprendimento, a humildade e a simplicidade não eram valores apreciados entre os altivos patrícios que compunham a comunidade.
Paulo convida os Filipenses a encarnar os valores de Cristo.
MENSAGEM - Adão (o homem que reivindicou ser como Deus e Lhe desobedeceu) e Cristo (o Homem Novo que, ao orgulho e revolta de Adão responde com a humildade e a obediência ao Pai). A atitude de Adão trouxe fracasso e morte; a atitude de Jesus trouxe exaltação e vida.
Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai. Não deixou de ser Deus; mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Jesus aceitou uma morte infamante – a morte de cruz – para nos ensinar a suprema lição do serviço, do amor radical, da entrega total da vida.
No
entanto, essa entrega completa ao plano do Pai não foi uma perda nem um
fracasso: a obediência e entrega de Cristo aos projetos do Pai resultaram em
ressurreição e glória.
O
cristão deve ter como exemplo esse Cristo, servo sofredor e humilde, que fez da
sua vida um dom a todos. Esse caminho não levará ao aniquilamento, mas à
glória.
ATUALIZAÇÃO • Também a nós é pedido, nestes últimos dias antes da Páscoa, um passo em frente neste difícil caminho da humildade, do serviço, do amor.
• O caminho do dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, à ressurreição. É um caminho que garante a vitória e a vida plena.
EVANGELHO (Mt 27,11-54 - forma breve)
ATUALIZAÇÃO • Também a nós é pedido, nestes últimos dias antes da Páscoa, um passo em frente neste difícil caminho da humildade, do serviço, do amor.
• O caminho do dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, à ressurreição. É um caminho que garante a vitória e a vida plena.
EVANGELHO (Mt 27,11-54 - forma breve)
N. Narrador / T. Todos
/ L. Leitor / J. Jesus.
S. Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus.
N. Naquele tempo, Jesus foi posto diante de Pôncio Pilatos, e este o
interrogou:
L. “Tu és o rei dos judeus?”
N. Jesus declarou:
J. “É como dizes”,
N. E nada respondeu, quando foi acusado pelos sumos sacerdotes e
anciãos. Então Pilatos perguntou:
L. “Não estás ouvindo de quantas coisas eles te acusam?”
N. Mas Jesus não respondeu uma só palavra; e o governador ficou muito
impressionado. Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar um prisioneiro
famoso, que a multidão quisesse. Naquela ocasião, tinham um preso famoso,
chamado Barrabás. Então Pilatos perguntou à multidão reunida:
L. “Quem vós quereis que eu solte: Barrabás ou Jesus, a quem chamam de
Cristo?”
N. Pilatos bem sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja.
Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele:
L. “Não te envolvas com esse justo! Porque esta noite, em sonho, sofri
muito por causa dele”.
N. Porém, os sumos sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões para
que pedissem Barrabás e que fizessem Jesus morrer. O governador tornou a
perguntar:
L. “Qual dos dois quereis que eu solte?”
N. Eles gritaram:
T. “Barrabás.”
N. Pilatos perguntou:
L. “Que farei com Jesus, que se chama Cristo?”
N. Todos gritaram:
T. “Seja crucificado!”
N. Pilatos, falou:
L. “Mas, que mal ele fez?”
N. Eles, porém, gritaram com mais força:
T. “Seja crucificado”
N. Pilatos viu que nada conseguia e que podia haver uma revolta. Então
mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão e disse:
L. “Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. Este é um problema
vosso!”
N. O povo todo respondeu:
T. “Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos”.
N. Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou
para ser crucificado. Em seguida, os soldados de Pilatos levaram Jesus ao
palácio do governador e reuniram toda a tropa em volta dele. Tiraram sua roupa
e o vestiram com um manto vermelho; depois teceram uma coroa de espinhos,
puseram a coroa em sua cabeça e uma vara em sua mão direita. Então se
ajoelharam diante de Jesus e zombaram, dizendo:
T. “Salve, rei dos judeus!”
N. Cuspiram nele e, pegando uma vara, bateram na sua cabeça. Depois de
zombar dele, tiraram-lhe o manto vermelho e, de novo, o vestiram com suas
próprias roupas. Daí o levaram para crucificá-lo. Quando saíam, encontraram um
homem chamado Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a carregar a cruz de
Jesus. E chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer, “lugar da
caveira”. Ali deram vinho misturado com fel para Jesus beber. Ele provou, mas
não quis beber. Depois de o crucificarem, fizeram um sorteio, repartindo entre
si as vestes. E ficaram ali sentados, montando guarda. Acima da cabeça de Jesus
puseram o motivo de sua condenação: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus”. Com ele
também crucificaram dois ladrões, um à direita e outro à esquerda de Jesus. As
pessoas que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:
T. “Tu, que ias destruir o Templo e construí-lo de novo em três dias,
salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”
N. Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, junto com os mestres da lei e os
anciãos, também zombavam de Jesus:
T. “A outros salvou... a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel...
desça agora da cruz! E acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre agora,
se é que Deus o ama! Já que ele disse: Eu Sou o Filho de Deus”.
N. Do mesmo modo também os dois ladrões, que foram crucificados com
Jesus, o insultavam. Desde o meio-dia até às três horas da tarde, houve
escuridão sobre toda a terra. Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte
grito:
J. “Eli, Eli, lamá sabactani?”
N. Que quer dizer:
J. “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”
N. Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o, disseram:
L. “Ele está chamando Elias!”.
N. E logo um deles, correndo, pegou uma esponja, ensopou-a em vinagre,
colocou-a na ponta de uma vara e de lhe para beber. Outros, porém, disseram:
L. “Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!”.
N. Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito.
(Todos se ajoelham
e faz-se uma pausa)
N. E eis que a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas
partes, a terra tremeu, as pedras se partiram. Os túmulos se abriram e muitos
corpos dos santos falecidos ressuscitaram! Saindo dos túmulos, depois da
ressurreição de Jesus, apareceram na Cidade Santa e foram vistos por muitas
pessoas. O oficial e os soldados que estavam com ele guardando Jesus, ao
notarem o terremoto e tudo que havia acontecido, ficaram com muito medo e
disseram:
T. “Ele era mesmo Filho de Deus!”.
S. Palavra da Salvação.
T. Glória a vós, Senhor.
AMBIENTE - O Evangelho Descreve como o anúncio do Reino choca com a
mentalidade da opressão e, portanto, conduz à cruz e à morte; no entanto, não
podemos dissociar os acontecimentos da paixão daqueles que celebraremos no
próximo domingo: a ressurreição é a prova de que Jesus veio de Deus e tinha um
mandato do Pai para tornar realidade no mundo o “Reino dos céus”.
MENSAGEM - Desde cedo, Jesus apercebeu-Se de que o Pai O chamava a uma missão: anunciar esse mundo novo, de justiça, de paz e de amor para todos os homens. Para concretizar este projeto, Jesus passou pelos caminhos da Palestina “fazendo o bem” e anunciando a proximidade de um mundo novo, de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem mesmo os pecadores; ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos, não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus; ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o “Reino”; e avisou os “ricos” (os poderosos), de que o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
O
projeto libertador de Jesus entrou em choque com a atmosfera de egoísmo, de má
vontade, de opressão que dominava o mundo. As autoridades políticas e
religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam
dispostas a renunciar a esses mecanismos que lhes asseguravam poder,
influência, domínio, privilégios; não estavam dispostas a desinstalar-se e a
aceitar a conversão proposta por Jesus. Por isso, prenderam Jesus,
julgaram-n’O, condenaram-n’O e pregaram-no numa cruz.
A
morte de Jesus é a consequência lógica do anúncio do “Reino”: resultou das
tensões e resistências que a proposta do “Reino” provocou entre os que dominavam
o mundo. Podemos, também, dizer que a morte de Jesus é o culminar da sua vida;
é a afirmação última, porém, mais radical e mais verdadeira, daquilo que Jesus
pregou com palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço.
Na cruz, vemos aparecer o Homem Novo, o protótipo do homem que ama radicalmente e que faz da sua vida um dom para todos. Porque ama, este Homem Novo vai assumir como missão a luta contra o pecado – isto é, contra todas as causas objetivas que geram medo, injustiça, sofrimento, exploração e morte. Assim, a cruz mantém o dinamismo de um mundo novo – o dinamismo do “Reino”.
Na cruz, vemos aparecer o Homem Novo, o protótipo do homem que ama radicalmente e que faz da sua vida um dom para todos. Porque ama, este Homem Novo vai assumir como missão a luta contra o pecado – isto é, contra todas as causas objetivas que geram medo, injustiça, sofrimento, exploração e morte. Assim, a cruz mantém o dinamismo de um mundo novo – o dinamismo do “Reino”.
• Ao longo do relato da paixão, Mateus insiste nos
acontecimentos estarem relacionados com o cumprimento das Escrituras (cf. Mt
26,24.30.54.56;27,9). Mateus liga os acontecimentos da paixão de Jesus com
figuras e fatos do Antigo Testamento, a fim de demonstrar que a paixão e morte
de Jesus faz parte do projeto de Deus, previsto desde sempre. Mateus escreve
para cristãos que vêm do judaísmo; Ele vai, portanto, fazer referência a
citações e promessas do Antigo Testamento – conhecidas de cor por todos os
judeus – a fim de demonstrar que Jesus era esse Messias anunciado pelos
profetas e cujo destino passava pelo dom da vida.
• Também Marcos (cf. Mc 14,47) e Lucas (cf. Lc 22,50-51) contam como, no Getsemani, na altura em que Jesus foi preso, um dos elementos do grupo de Jesus agrediu com uma espada um servo do sumo-sacerdote. No entanto, só Mateus apresenta Jesus a condenar explicitamente o gesto, explicando que o projeto do Pai não passa pela violência, mesmo contra os agressores (cf. Mt 26,51-54). O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom da vida; por isso, os discípulos de Jesus não podem recorrer à violência, mesmo que se trate de defender uma causa justa: o “Reino” de Deus nunca passará por esquemas de violência, de imposição, de poder e de prepotência. Na lógica do “Reino”, os fins nunca justificarão os meios.
• Só no Evangelho segundo Mateus aparece o relato da morte de Judas (cf. Mt 27,3-10. Temos uma outra versão do acontecimento em At 1,18-19). O episódio deixa clara a iniquidade do processo e a inocência de Jesus. A forma como Mateus sublinha o desespero e o arrependimento de Judas deixa clara a inocência de Jesus.
• São exclusivos de Mateus o sonho da mulher de Pilatos (cf. Mt 27,19) e a lavagem das mãos por parte do procurador romano (cf. Mt 27,24). Estes pormenores aparecem aqui com uma dupla finalidade: por um lado, Mateus quer deixar claro que Jesus é inocente e que os próprios romanos reconhecem o fato; por outro, Mateus sugere que não foi o império romano, mas sim o próprio judaísmo que rejeitou Jesus e a sua proposta de “Reino”. Os pagãos reconhecem a inocência de Jesus; mas o seu próprio Povo rejeita-O. A frase que, no contexto do julgamento de Jesus, Mateus atribui ao Povo (“o seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos” – Mt 27,25) deve também ser entendida neste enquadramento. Mateus explica dessa forma – aos cristãos que vêm do judaísmo – porque é que o judaísmo como conjunto está fora do “Reino”: o judaísmo rejeitou Jesus e quis eliminar a sua proposta.
• Também é exclusiva de Mateus a descrição dos fatos que acompanharam a morte de Jesus: “o véu do Templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram; e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade e apareceram a muitos” (Mt 27,51-53). Através destes elementos, Mateus quer sublinhar a importância do momento. É o tipo de sinais que, segundo a tradição apocalíptica, precederiam a manifestação de Deus, no final dos tempos. Estes sinais mostram que, apesar do aparente fracasso de Jesus, Deus está ali, a manifestar-Se como o salvador e libertador do seu Povo.
• Finalmente, só Mateus narra o episódio da “guarda” do sepulcro (cf. Mt 27,62-66). Provavelmente, o relato de Mateus tem uma finalidade apologética… Para os cristãos, o sepulcro vazio era a evidência de que Jesus tinha ressuscitado; mas alguns grupos judeus puseram a circular o rumor de que o corpo de Jesus tinha sido roubado pelos discípulos. Mateus trata de explicar a origem do rumor e de negá-lo veementemente.
ATUALIZAÇÃO • Por amor, o Filho de Deus veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu as tentações, tremeu perante a morte, suou sangue antes de aceitar a vontade do Pai; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartir conosco “até ao fim dos tempos”: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração dos crentes.
•
No Getsêmani, um dos elementos do grupo de Jesus agrediu com uma espada um
servo do sumo-sacerdote. o projeto do Pai não passa pela violência, mesmo
contra os agressores: o “Reino” de Deus nunca passará por esquemas de
violência, de imposição, de poder e de prepotência. Na lógica do “Reino”, os
fins nunca justificarão os meios.
• Contemplar a cruz, onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus, significa assumir a mesma atitude e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
* Jesus foi apaixonado de Deus seu Pai. Uma só coisa contava para Ele: fazer a sua vontade. Ora, a vontade de Deus não era que seu Filho morresse, mas que fosse até ao fim do amor. Com o risco de dar a sua vida… e foi o que Ele fez. Jesus foi um apaixonado dos homens seus irmãos. Uma só coisa contava para Ele: salvar a humanidade, arrancando-a do egoísmo, da violência, do orgulho, da riqueza, da idolatria, de tudo o que leva à morte e à infelicidade… para lhe propor o serviço, o acolhimento, o perdão, a pobreza, tudo o que leva à vida e à felicidade, e que tem um nome: o Amor.
• Contemplar a cruz, onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus, significa assumir a mesma atitude e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
* Jesus foi apaixonado de Deus seu Pai. Uma só coisa contava para Ele: fazer a sua vontade. Ora, a vontade de Deus não era que seu Filho morresse, mas que fosse até ao fim do amor. Com o risco de dar a sua vida… e foi o que Ele fez. Jesus foi um apaixonado dos homens seus irmãos. Uma só coisa contava para Ele: salvar a humanidade, arrancando-a do egoísmo, da violência, do orgulho, da riqueza, da idolatria, de tudo o que leva à morte e à infelicidade… para lhe propor o serviço, o acolhimento, o perdão, a pobreza, tudo o que leva à vida e à felicidade, e que tem um nome: o Amor.
Dehonianos
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Domingo
de Ramos
Celebramos hoje o DOMINGO
DE RAMOS.
A liturgia apresenta dois momentos bem distintos:
- A ENTRADA DE
JESUS EM JERUSALÉM, com a procissão de Ramos... num clima de alegria...
como GESTO de FÉ e
de COMPROMISSO.
- O INÍCIO DA
SEMANA SANTA, com a Leitura da Paixão do Senhor, na missa, relembrando
o caminho do sofrimento e da Cruz.
= Dois momentos
distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação.
Jesus se
apresenta em Jerusalém propondo a paz e recebe a violência...
As Leituras nos ajudam a viver o clima dos mistérios que
celebramos:
A 1ª leitura apresenta um Profeta anônimo, chamado por Deus, a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. (Is 50,4-7)
* Os primeiros cristãos viram neste "servo sofredor" a figura de Jesus.
Ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida
para trazer a salvação aos homens.
A 2ª Leitura é um lindo Hino Cristológico. (Fl 2,6-11)
Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas, exemplo de
toda criatura.
Enquanto a desobediência de Adão trouxe fracasso e morte, a
obediência de Cristo ao Pai trouxe exaltação e vida.
Ele se despojou de sua condição divina, assumiu com
humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar
totalmente aos homens o ser e o amor do Pai.
Esse caminho não levará ao fracasso, mas à glória, à vida
plena.
E é esse mesmo caminho de vida, que a Palavra de Deus nos
propõe.
O Evangelho convida a contemplar a PAIXÃO e MORTE de Jesus,
segundo São Mateus.
O texto nos introduz no clima espiritual da Semana Santa.
Não é apenas o relato dos fatos acontecidos com Jesus,
mas o anúncio de um mundo novo de justiça, de paz e de amor:
- Jesus passou pelos caminhos da Palestina "fazendo o
bem" e anunciando
um mundo novo de
vida, de liberdade, de paz e de amor para todos.
- Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem
os pecadores.
- Ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos,
não deviam ser
marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus.
- Ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de
Deus e
aqueles que tinham
um coração mais disponível para acolher o "Reino";
- E avisou os "ricos" (os poderosos, os
instalados), de que o egoísmo,
o orgulho, a
autossuficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
- Esse projeto libertador de Jesus entrou em choque com a
atmosfera de egoísmo e de opressão que dominava o mundo.
- As autoridades políticas e religiosas sentiram-se
incomodadas com a denúncia de Jesus:
não estavam
dispostas a renunciar aos mecanismos que lhes asseguravam poder, influência,
domínio, privilégios.
- Não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e a
aceitar a conversão proposta por Jesus.
- Por isso, prenderam e condenaram Jesus, pregando-o numa
cruz.
A morte de Jesus é a consequência do anúncio do "Reino", que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo.
A morte de Jesus é o
ponto mais alto de sua vida; é a afirmação mais radical de tudo aquilo que
pregou: o dom total.
Aprofundemos alguns dados que são exclusivos da PAIXÃO SEGUNDO SÃO MATEUS:
- Mateus relaciona os fatos da Paixão como Cumprimento das Escrituras:
Mateus escreve para cristãos, provenientes do judaísmo...
por isso, quer demonstrar que Jesus é o Messias anunciado
pelos profetas.
- No Getsêmani, Jesus condena a violência contra o servo do sacerdote...
O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom da vida.
Por isso, os discípulos não podem recorrer à violência.
- Só no Evangelho segundo Mateus aparece o relato da Morte
de Judas.
O episódio deixa clara a falsidade do processo e a inocência
de Jesus.
Mateus sublinha o desespero e o arrependimento de Judas, e deixa
clara a inocência de Jesus.
- Só Mateus fala do sonho da mulher de Pilatos e da lavagem das mãos.
Quer deixar claro que os pagãos reconhecem a inocência de
Jesus e o próprio povo o rejeita.
- Só Mateus descreve os fatos que acompanharam a morte de Jesus:
"O véu do Templo
rasgou-se em duas partes... a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se
os túmulos e muitos dos corpos, que tinham morrido saíram do sepulcro, entraram
na cidade e apareceram a muitos".
Para Mateus, são sinais de que Deus está ali como o salvador
e libertador do seu Povo, apesar do aparente fracasso de Jesus,
- Finalmente, só Mateus narra o episódio da "guarda"
do sepulcro.
Para os cristãos, o sepulcro vazio era a evidência de que
Jesus tinha ressuscitado.
Os Ramos
verdes, que hoje carregamos, recordam a saudação de acolhida do
Povo a Jesus, ao entrar em Jerusalém.
Nós também queremos
saudar a vida que ele trouxe e
a misericórdia que
encontramos em seu bondoso coração.
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia de D. Henrique Soares:
O mistério que hoje estamos
celebrando – a Paixão e Morte do Senhor – e vamos celebrar de modo mais pausado
e contemplativo nesses dias da Grande Semana, foi resumido de modo admirável na
segunda leitura desta Eucaristia: o Filho, sendo Deus, tomou a forma de servo e
fez-se obediente ao Pai por nós até a morte de cruz. E o Pai o exaltou e
deu-lhe um nome acima de todo nome, para nossa salvação! Eis o mistério! Eis a
salvação que nos foi dada!
Mas isso custou ao Senhor! É sempre
assim: os ideais são lindos; coloca-los na vida, na carne de nossa existência,
requer renúncia, lágrimas, sangue! O Filho, para nos salvar, teve que aprender
como um discípulo, teve que oferecer as costas aos verdugos e o rosto às
bofetadas! Que ideal tão alto; que caminho tão baixo! Que ideal tão sublime,
que meios tão trágicos!
Foi assim com o nosso Jesus; é
assim conosco! É na dor da carne da vida que o Senhor nos convida a participar
da sua cruz e caminhar com ele para a ressurreição. Infelizmente, nós, que aqui
nos sentamos à mesa com ele, tantas vezes o deixamos de lado: “Quem
vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato!” – Eis! É para nós esta palavra!
Comemos o seu Pão ao redor deste Altar sagrado e, no entanto, o abandonamos nas
horas de cruz: “Esta noite vós ficareis decepcionados
por minha causa!” –
Que pena! Queríamos um Messias fácil, um Messias que nos protegesse contra as
intempéries da vida, que fosse bonzinho para o mundo atual. Como seria bom um
Messias de acordo com o assassinato de embriões, com o aborto, com a
libertinagem reinante... Mas, não! Esse Messias prefere morrer a matar, esse
Messias exige que o sigamos radicalmente, esse Messias nos convida a receber a
mesma rejeição que ele recebe do mundo: Minha alma está triste até à
morte. Ficais aqui e vigiai comigo!”
Irmãos, que vos preparais para
celebrar estes dias sagrados, não vos acovardeis, não renegueis o nosso Senhor,
não o deixeis padecer sozinho, crucificado por um mundo cada vez mais infiel e
ateu, um mundo que denigre o nome de Cristo e de sua Igreja católica! Cuidado,
irmãos! Não é fácil, não será fácil a luta: “Vigiai e orai, para não
cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca!” Que nos sustente a força daquele que
por nós se fez fraco! Que nos socorra a intercessão daquele que orou por Pedro
para que sua fé não desfalecesse! E se, como Pedro cairmos, ao menos, como
Pedro, arrependamo-nos e choremos!
Nós vos adoramos, Senhor Jesus
Cristo, e vos bendizemos porque pela vossa santa cruz remistes o mundo!
===========----------------============
Mt
26,14 – 27,66
O
mistério que hoje estamos celebrando – a Paixão e Morte do Senhor – e vamos
celebrar de modo mais pausado e contemplativo nesses dias da Grande Semana, foi
resumido de modo admirável na segunda leitura desta Eucaristia: o Filho, sendo
Deus, tomou a forma de servo e fez-se obediente ao Pai por nós até a morte de
cruz. E o Pai o exaltou e deu-lhe um nome acima de todo nome, para nossa
salvação! Eis o mistério! Eis a salvação que nos foi dada!
Mas
isso custou ao Senhor! É sempre assim: os ideais são lindos; coloca-los na
vida, na carne de nossa existência, requer renúncia, lágrimas, sangue! O Filho,
para nos salvar, teve que aprender como um discípulo, teve que oferecer as
costas aos verdugos e o rosto às bofetadas! Que ideal tão alto; que caminho tão
baixo! Que ideal tão sublime, que meios tão trágicos!
Foi assim com o nosso Jesus; é assim
conosco! É na dor da carne da vida que o Senhor nos convida a participar da sua
cruz e caminhar com ele para a ressurreição. Infelizmente, nós, que aqui nos
sentamos à mesa com ele, tantas vezes o deixamos de lado: “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato!” –
Eis! É para nós esta palavra! Comemos o seu Pão ao redor deste Altar sagrado e,
no entanto, o abandonamos nas horas de cruz: “Esta noite vós ficareis
decepcionados por minha causa!” – Que pena! Queríamos um
Messias fácil, um Messias que nos protegesse contra as intempéries da vida, que
fosse bonzinho para o mundo atual. Como seria bom um Messias de acordo com o
assassinato de embriões, com o aborto, com a libertinagem reinante… Mas, não!
Esse Messias prefere morrer a matar, esse Messias exige que o sigamos
radicalmente, esse Messias nos convida a receber a mesma rejeição que ele
recebe do mundo: Minha alma está triste até à morte. Ficais
aqui e vigiai comigo!”
Irmãos, que vos preparais para
celebrar estes dias sagrados, não vos acovardeis, não renegueis o nosso Senhor,
não o deixeis padecer sozinho, crucificado por um mundo cada vez mais infiel e
ateu, um mundo que denigre o nome de Cristo e de sua Igreja católica! Cuidado,
irmãos! Não é fácil, não será fácil a luta: “Vigiai e orai, para não
cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca!” Que
nos sustente a força daquele que por nós se fez fraco! Que nos socorra a
intercessão daquele que orou por Pedro para que sua fé não desfalecesse! E se,
como Pedro cairmos, ao menos, como Pedro, arrependamo-nos e choremos!
Nós
vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos porque pela vossa santa
cruz remistes o mundo!
D. Henrique Soares da Costa
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Homilia Monsenhor José Maria
Com a celebração do
Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, a Igreja abre a Semana Santa. No
Evangelho (Mt 21, 1-11) vemos que o cortejo organizou-se rapidamente. Jesus faz
a sua entrada em Jerusalém, como Messias, montado num burrinho, conforme havia
sido profetizado muitos séculos antes (Zac. 9,9). Jesus aceita a homenagem, e
quando os fariseus, que também conheciam as profecias, tentaram sufocar aquelas
manifestações de fé e alegria, o Senhor disse-lhes: “Eu vos digo, se eles se
calarem, as pedras gritarão.” (Lc 19, 40). Hoje Jesus quer também entrar
triunfante na vida dos homens, sobre uma montaria humilde: quer que demos
testemunho d’Ele com a simplicidade do nosso trabalho bem feito, com a nossa
alegria, com a nossa serenidade, com a nossa sincera preocupação pelos outros.
Quer fazer-se presente em nós através das circunstâncias do viver humano.
Naquele cortejo triunfal, quando Jesus vê a cidade de Jerusalém, chora! Jesus
vê como Jerusalém se afunda no pecado, na ignorância e na cegueira. O Senhor vê
como virão outros dias que já não serão como estes, um dia de alegria e de
salvação, mas de desgraça e ruína. Poucos anos depois a cidade será arrasada.
Jesus chora a impenitência de Jerusalém. Como são eloquentes estas lágrimas de
Cristo. O Concílio Vaticano II, G.S,nº 22, diz: De certo modo, o próprio Filho
de Deus se uniu a cada homem pela sua Encarnação. Trabalhou com mãos humanas,
pensou com mente humana, amou com coração de homem. Nascido de Maria Virgem,
fez-se verdadeiramente um de nós, igual a nós em tudo menos no pecado. Cordeiro
inocente, mereceu-nos a vida derramando livremente o seu sangue, e n’Ele o
próprio Deus nos reconciliou consigo e entre nós mesmos e nos arrancou da
escravidão do demônio e do pecado, e assim cada um de nós pode dizer com o
Apóstolo: “Ele me amou e se entregou por mim (Gal. 2,20)”. A história de cada
homem é a história da contínua solicitude de Deus para com ele. Cada homem é
objeto da predileção do Senhor. Jesus tentou tudo com Jerusalém, e a cidade não
quis abrir as portas à misericórdia. É o profundo mistério da liberdade humana,
que tem a triste possibilidade de rejeitar a graça divina. Como é que estamos
correspondendo às inúmeras instâncias do Espírito Santo para que sejamos santos
no meio das nossas tarefas, no nosso ambiente? Quantas vezes em cada dia
dizemos sim a Deus e não ao egoísmo à preguiça, a tudo o que significa falta de
amor, mesmo em pormenores insignificantes? A entrada triunfal de Jesus foi
bastante efêmera para muitos. Os ramos verdes murcharam rapidamente. O hosana
entusiástico transformou-se, cinco dias mais tarde, num grito furioso:
Crucifica-o! Por que foi tão brusca a mudança, por que tanta inconsistência?
São Bernardo comenta: “Como eram diferentes umas vozes e outras! Fora, fora,
crucifica-o e bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas! Como são
diferentes as vozes que agora o aclamam Rei de Israel e dentro de poucos
dias dirão: Não temos outro rei além de César! Como são diferentes os ramos
verdes e a Cruz, as flores e os espinhos! Àquele a quem antes estendiam as
próprias vestes, dali a pouco o despojam das suas e lançam a sorte sobres elas.”
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém pede-nos coerência e perseverança, aprofundamento
da nossa fidelidade, para que os nossos propósitos não sejam luz que brilha
momentaneamente e logo se apaga. Muito dentro do nosso coração, há profundos
contrastes: somos capazes do melhor e do pior. Se queremos ter em nós a vida
divina, triunfar com Cristo, temos de ser constantes e matar pela penitência o
que nos afasta de Deus e nos impede de acompanhar o Senhor até a Cruz. A Igreja
nos lembra que a entrada triunfal vai perpassar todos os passos da Paixão de
Cristo. Terminada a procissão mergulha-se no mistério da Paixão de Jesus
Cristo: Em Is 50 4-7 descreve o Servo sofredor, na esperança da vitória final.
Vemos nele a própria pessoa de Jesus Cristo. Em Fl 2,6-11 temos a chave
principal de todo o mistério deste Domingo de Ramos: Jesus humilhou-se e por
isso Deus o exaltou! Em Mt 26, 14-27,66 somos chamados a contemplar a PAIXÃO e
a MORTE de Jesus. Que durante a Semana Santa possamos tirar muitos frutos da
meditação da Paixão de Cristo. Que em primeiro lugar tenhamos aversão ao
pecado; possamos avivar o nosso amor e afastar a tibieza!
Mons. José Maria Pereira
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Com
a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, a Igreja abre a Semana
Santa.
No
Evangelho ( Mt 27, 11 – 54 ) vemos que o cortejo organizou-se rapidamente.
Jesus faz a sua entrada em Jerusalém, como Messias, montado num burrinho,
conforme havia sido profetizado muitos séculos antes (Zac. 9,9). Jesus aceita a
homenagem, e quando os fariseus, que também conheciam as profecias, tentaram
sufocar aquelas manifestações de fé e alegria, o Senhor disse-lhes: “Eu vos
digo, se eles se calarem, as pedras gritarão.” (Lc 19, 40).
Nossa
celebração de hoje inicia-se com o Hosana! E culmina no crucifica-o! Mas este
não é um contrassenso; é, antes, o coração do mistério. O mistério que se quer
proclamar é este: Jesus se entregou voluntariamente a sua Paixão; não se sentiu
esmagado por forças maiores do que Ele (Ninguém me tira a vida, mas eu a dou
por própria vontade: Jo 10,18); foi Ele que, perscrutando a vontade do Pai,
compreendeu que havia chegado a hora e a acolheu com a obediência livre do
filho e com infinito amor para os homens: “… sabendo Jesus que tinha chegado a
sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que
estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).
Hoje
Jesus quer também entrar triunfante na vida dos homens, sobre uma montaria
humilde: quer que demos testemunho d’Ele com a simplicidade do nosso trabalho
bem feito, com a nossa alegria, com a nossa serenidade, com a nossa sincera
preocupação pelos outros. Quer fazer-se presente em nós através das
circunstâncias do viver humano.
Naquele
cortejo triunfal, quando Jesus vê a cidade de Jerusalém, chora! Jesus vê como
Jerusalém se afunda no pecado, na ignorância e na cegueira. O Senhor vê como
virão outros dias que já não serão como estes, um dia de alegria e de salvação,
mas de desgraça e ruína. Poucos anos depois a cidade será arrasada. Jesus chora
a impenitência de Jerusalém. Como são eloquentes estas lágrimas de Cristo.
O
Concílio Vaticano II, G.S,nº 22, diz: De certo modo, o próprio Filho de Deus se
uniu a cada homem pela sua Encarnação. Trabalhou com mãos humanas, pensou com
mente humana, amou com coração de homem. Nascido de Maria Virgem, fez-se
verdadeiramente um de nós, igual a nós em tudo menos no pecado. Cordeiro
inocente, mereceu-nos a vida derramando livremente o seu sangue, e n’Ele o
próprio Deus nos reconciliou consigo e entre nós mesmos e nos arrancou da
escravidão do demônio e do pecado, e assim cada um de nós pode dizer com o
Apóstolo: “Ele me amou e se entregou por mim (Gal. 2,20)”.
A
história de cada homem é a história da contínua solicitude de Deus para com
ele. Cada homem é objeto da predileção do Senhor. Jesus tentou tudo com
Jerusalém, e a cidade não quis abrir as portas à misericórdia. É o profundo
mistério da liberdade humana, que tem a triste possibilidade de rejeitar a
graça divina.
Como
é que estamos correspondendo às inúmeras instâncias do Espírito Santo para que
sejamos santos no meio das nossas tarefas, no nosso ambiente? Quantas vezes em
cada dia dizemos sim a Deus e não ao egoísmo à preguiça, a tudo o que significa
falta de amor, mesmo em pormenores insignificantes?
A
entrada triunfal de Jesus foi bastante efêmera para muitos. Os ramos verdes
murcharam rapidamente. O hosana entusiástico transformou-se, cinco dias mais
tarde, num grito furioso: Crucifica-o! Por que foi tão brusca a mudança, por
que tanta inconsistência?
São
Bernardo comenta: “Como eram diferentes umas vozes e outras! Fora, fora,
crucifica-o e bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas! Como são
diferentes as vozes que agora o aclamam Rei de Israel e dentro de poucos dias
dirão: Não temos outro rei além de César! Como são diferentes os ramos verdes e
a Cruz, as flores e os espinhos! Àquele a quem antes estendiam as próprias
vestes, dali a pouco o despojam das suas e lançam a sorte sobres elas.”
A
entrada triunfal de Jesus em Jerusalém pede-nos coerência e perseverança, aprofundamento
da nossa fidelidade, para que os nossos propósitos não sejam luz que brilha
momentaneamente e logo se apaga. Muito dentro do nosso coração, há profundos
contrastes: somos capazes do melhor e do pior. Se queremos ter em nós a vida
divina, triunfar com Cristo, temos de ser constantes e matar pela penitência o
que nos afasta de Deus e nos impede de acompanhar o Senhor até a Cruz.
A
Igreja nos lembra que a entrada triunfal vai perpassar todos os passos da
Paixão de Cristo. Terminada a procissão mergulha-se no mistério da Paixão de
Jesus Cristo: Em Is 50 4-7 descreve o Servo sofredor, na esperança da vitória
final. Vemos nele a própria pessoa de Jesus Cristo. Em Fl 2,6-11 temos a chave
principal de todo o mistério deste Domingo de Ramos: Jesus humilhou-se e por
isso Deus o exaltou!
No
texto de Mt 27, 11 – 54 ), somos chamados a contemplar a PAIXÃO e a MORTE de
Jesus. Que durante a Semana Santa possamos tirar muitos frutos da meditação da
Paixão de Cristo. Que em primeiro lugar tenhamos aversão ao pecado; possamos
avivar o nosso amor e afastar a tibieza!
Toda
nossa vida é, em certo sentido, uma “semana santa” se a vivemos com coragem e
fé, na espera do “oitavo dia” que é o grande Domingo do repouso e da glória
eterna.
Neste
tempo, Jesus nos repete o convite que dirigiu a seus discípulos no Horto das
Oliveiras: “Ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26,38).
Mons. José Maria Pereira
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Homilia
Pe.
Françoá Costa
Durante muitos anos eu preguei que a
multidão que estava com Jesus na entrada de Jerusalém foi a mesma que depois
gritaria “crucifica-o”. No entanto, J. Ratzinger-Bento XVI, no seu novo livro
“Jesus de Nazaré – Da entrada de Jerusalém até a Ressurreição”, deu-me outra
visão das coisas. Ratzinger nos explica que há duas multidões, a primeira é a
que acompanhava a Jesus e que o aclamava com “hosanna” e com “bendito o que vem
em nome do Senhor”; a outra multidão foi a que gritou “crucifica-o”. Ainda que
não me estranhasse que algumas pessoas que faziam parte da primeira multidão
estivessem entre os da segunda, pareceu-me convincente a explicação de
Ratzinger. Ajuda-me a ver a primeira multidão de uma maneira mais próxima a
nós. As pessoas que aclamam a Jesus no dia de hoje não aparecem como falsas ou
mesquinhas e traidoras no porvir. Elas atuavam com um coração sincero. Ainda
que as pessoas possam perverter-se, é preciso dar-lhes sempre um voto de
confiança.
Nós, quando louvamos e bendizemos a Deus,
quando estamos bem perto dele e dizemos que nós o amamos e depois, talvez não
muitas horas depois, o traímos com alguma ofensa grave ou pedimos a sua morte a
través dos nossos pecados, não estávamos sendo falsos nem hipócritas. Nós que
louvamos a Deus, mas depois nos deparamos com as nossas fraquezas patentes,
temos que apoiar-nos mais na misericórdia, mas não devemos pensar que estamos
fazendo teatro.
Quando nós dizemos nos nossos atos de
contrição, “eu não quero mais pecar”, o Senhor sabe que a nossa vontade é débil
e sabe que o ofenderemos novamente, no entanto, Deus acredita de verdade, ele
não finge que acredita na nossa contrição. Ele conhece o nosso coração e sabe
que não queremos enganá-lo, sabe também que nem sempre nós acreditamos nas
nossas promessas de fidelidade e de bons desejos. Não é verdade que nalgum
momento fizemos um ato de contrição com aquela pergunta mais profunda que
questionava a nossa sinceridade para com Deus?
Deus sabe mais. Claro que sim. Não é
hipócrita quem peca e se arrepende, não é falso que ofende a Deus e se
confessa, não é descarado quem chora os seus próprios pecados e depois se
alegra em praticá-los. Não. A debilidade humana existe. E como existe! Mas a
graça de Deus também existe. E como existe!
Aclamemos o Senhor no dia de hoje com todas
as nossas forças. Nós nem sabemos quando gritaremos “crucifica-o”, talvez nunca
mais diremos essas palavras. No entanto, livre-nos Deus da “presunção petrina”.
Presunção petrina? Refiro-me àquele episódio no qual Jesus anuncia a Pedro que
ele o negaria três vezes. O apóstolo, confiando nas suas próprias forças e no
seu amor ao Senhor, diz que isso não aconteceria. Pobre Pedro! Nós já sabemos
como termina a história. Graças a Deus termina bem: com um ato de
arrependimento, com o perdão de Jesus e com um trabalho apostólico depositado
nos ombros de Pedro que o faria não complicar a própria existência, mas
simplesmente continuar trabalhando pela glória de Deus e pelo bem dos irmãos.
Não nos compliquemos a existência desde o
começo, ou seja, evitaremos inclusive a presunção petrina. Deus nos recorda com
frequência: “meu filho, cuidado, confia mais em mim; do contrário, você se
quebrará”. Digamos ao Senhor: “é certo, Senhor, reconheço o real perigo de
quebrar-me interiormente. Salva-me; do contrário, perecerei.” Digamos com o
coração, sem nenhuma falsa humildade: “salva-me!” Não nos assustemos conosco
mesmos. Haja sempre paz em nossa alma. Deus é nosso Pai e nós somos os seus
filhos. Que mais queremos? Além do mais, o Senhor colocou à nossa disposição os
meios para que fôssemos restaurados: a confissão, a comunhão, a oração, a
caridade, etc. Permanecendo sempre no caminho de Deus, continuemos o nosso
louvor a ele junto aos da primeira multidão: “bendito o que vem em nome do
Senhor”.
Pe. Françoá Costa
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Para a Celebração da Palavra: (Diáconos ou Ministros da Palavra):
- Com Jesus, por
Jesus e em Jesus, na força do Esp. Santo, louvemos ao Pai:
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
- Ó Pai, nós
Vos damos graças pelo testemunho de não-violência ensinado pelos Profetas e
pelo Vosso Filho Jesus. Que nós saibamos, ser solidários para com os fracos e
necessitados. Que sejamos a força dos oprimidos e o grito dos emudecidos. Que
sejamos amor para com todos os vossos filhos.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
- DEUS, NOSSO PAI,
nós Vos adoramos e vos bendizemos: Vós nos enviastes vosso Filho para nos dar a
salvação. Nós vos glorificamos, pois Ele foi humilhado até a morte e nos deu
provas de vosso amor por nós. Que sejamos transformados pelos seus exemplos.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
- Senhor, Somos o
vosso povo e cremos que Jesus é o Salvador que nos enviastes. Sabemos
que nunca nos abandonais. Pedimos perdão quando somos egoístas e
autossuficientes. Perdão pelas vezes que atiramos pedras em nosso irmão
indefeso. Perdão pelas vezes que não sabemos ler na cruz a prova de amor.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
- Pai
nosso... A Paz... Eis o cordeiro...
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