quinta-feira, 24 de agosto de 2017

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A, homilias, subsídios homiléticos

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A (Adaptado pelo Diácono Ismael)

MÊS VOCACIONAL – dia do(a) Catequista
Tema: Cristo e a Igreja. Dia da vocação para os ministérios e serviços leigos na comunidade.
A primeira leitura -  “As chaves” não são um poder para si, mas para o serviço dos irmãos.
O Evangelho convida a acolher Jesus como “o Messias”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade à volta de Pedro, que dá testemunho de Jesus. À Igreja e a Pedro () é confiado as chaves; interpretar as palavras de Jesus.
Segunda leitura: Diante da sabedoria de Deus resta ao homem confiar, louvar, trabalhar e agradecer.

PRIMEIRA LEITURA (Is 22, 19-23) Leitura da Profecia de Isaías.
Assim diz o Senhor a Sobna, o administrador do palácio: “Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo. Acontecerá que neste dia chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias, e o vestirei com a tua túnica e colocarei nele a tua faixa, porei em suas mãos a tua autoridade; ele será pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá. Eu o farei levar aos ombros a chave da casa de Davi; ele abrirá e ninguém poderá fechar; ele fechará e ninguém poderá abrir. Hei de fixá-lo como estaca em lugar seguro e aí ele terá o trono da glória na casa de seu pai”.

AMBIENTE - Isaías nasceu 760 a.C., é um homem culto, decidido, enérgico, que frequenta os círculos de poder e fala com autoridade aos altos funcionários e mesmo aos reis. Defende os oprimidos, o povo explorado e convida continuamente o seu povo a viver no âmbito da Aliança. Isaías hoje leva-nos à época do rei Ezequias. Em 714 a.C., Ezequias manifestará uma certa propensão para alinhar em alianças políticas contra os assírios (que, desde o reinado de Acaz, mantêm Judá sob a sua autoridade). Em resposta, Senaquerib volta-se contra Judá e devasta-a… Em 701 a.C., Jerusalém é cercada pelos assírios e Ezequias tem de aceitar uma submissão ainda mais onerosa do que a anterior. Sobna e Eliacim são altos funcionários de Ezequias.

MENSAGEM - Sobna talhou “para si um sepulcro no alto e cavou para si na rocha um mausoléu. Sobna utilizou o dinheiro do povo em futilidades num momento difícil para o povo. Ele irá ser despojado do seu poder (a túnica, o cinto, a chave do palácio), as quais serão revestidas por Eliacim.
O simbolismo das chaves é sugestivo: o mordomo do palácio, entre outras coisas, conservava em seu poder as chaves do palácio real, administrava os bens do soberano, fixava a abertura e o fechamento das portas e definia quais os visitantes a introduzir junto do soberano.
Isaías deposita grande esperança em Eliacim e na forma como ele desempenhará as suas funções. A referência à “estaca” (“estaca num lugar firme”), revela que Eliacim desempenhará as suas funções com grande firmeza.
Porque esta história? Ela prepara-nos para entender melhor o Evangelho que nos é hoje proposto. Define em que consiste o verdadeiro serviço “das chaves”, o serviço da autoridade: ser um bom pai e procurar o bem de todos.

ATUALIZAÇÃOO poder é um serviço à comunidade. Quem exerce o poder, deverá fazê-lo com a solicitude, o cuidado, a bondade, a compreensão, a tolerância, a misericórdia, e também com a firmeza com que um pai conduz e orienta os seus filhos; é uma questão de amor. É a mesma lógica que os cristãos devem exigir, seja no exercício do poder civil, seja no âmbito da comunidade cristã.
• o exercício do poder só faz sentido enquanto está ao serviço do bem comunitário.

SALMO RESPONSORIAL 137 (138)

Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! Completai em mim a obra começada!

• Ó Senhor, de coração eu vos dou graça, / porque ouvistes as palavras dos meus lábios! /
 Perante os anjos vou cantar-vos / e ante o vosso templo vou prostrar-me.
• Eu agradeço vosso amor, vossa verdade, / porque fizestes muito mais que prometestes; /
 naquele dia em que gritei, vós me escutastes / e aumentastes o vigor da minha alma.
• Altíssimo é o Senhor, mas olha os pobres / e de longe reconhece os orgulhosos. /
 Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! / Eu vos peço: não deixeis inacabada / esta obra que fizeram vossas mãos!

 EVANGELHO (Mt 16,13-20) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e aí perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros, ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o filho do Deus vivo”. Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias.

AMBIENTE - Depois do êxito inicial do seu ministério, Jesus experimenta a oposição dos líderes e certo  desinteresse por parte do Povo. A sua proposta do Reino não é acolhida, senão por um pequeno grupo.
É, então, que Jesus dirige aos discípulos uma série de perguntas sobre si próprio. Não se trata, tanto, de medir a sua de popularidade; trata-se de tornar as coisas mais claras para os discípulos e confirmá-los na sua opção de seguir Jesus e de apostar no Reino.

MENSAGEM - Jesus interroga acerca do que as pessoas dizem dele e acerca do que os próprios discípulos pensam. A opinião dos “homens” vê Jesus em continuidade com o passado (“João Baptista”, “Elias”,...”). Reconhecem, que Jesus é um homem convocado por Deus e enviado ao mundo com uma missão – como os profetas do Antigo Testamento… Mas não vão além disso; Jesus é, apenas, um homem bom, justo, generoso, que Se esforçou por ser um sinal vivo de Deus, como tantos outros homens antes d’Ele. A opinião dos discípulos vai muito além: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. “o Cristo” significa que Ele é esse libertador enviado por Deus para libertar o seu Povo. o “Filho de Deus” designa relação particular com Deus, a quem Deus confiou uma missão e vive em total comunhão com Deus.
Na segunda parte a resposta de Jesus à confissão de fé da comunidade dos discípulos, pela voz de Pedro. Jesus felicita a Pedro (isto é, a comunidade). No entanto, essa fé não é mérito de Pedro, mas um dom de Deus. “a rocha” que é a base firme sobre a qual vai assentar a Ekklesia de Jesus é a fé que Pedro e a comunidade dos discípulos professam: a fé em Jesus como o Messias, Filho de Deus.
Para que seja possível a Pedro testemunhar que Jesus é o Messias Filho de Deus Jesus promete-lhe “as chaves do Reino dos céus” e o poder de “ligar e desligar”. A entrega das chaves equivale à nomeação do “administrador do palácio” de que falava a primeira leitura. Por outro lado, a expressão “atar e desatar” designava, entre os judeus da época, o poder para interpretar a Lei com autoridade, para declarar o que era ou não permitido, para excluir ou reintroduzir alguém na comunidade do Povo de Deus. Para interpretar as palavras de Jesus, para adaptar os ensinamentos a novas necessidades, e para acolher ou não novos membros na comunidade dos discípulos do Reino. Pedro é o protótipo do discípulo; É a essa comunidade, representada por Pedro, que Jesus confia as chaves do Reino e o poder de acolher ou excluir.

ATUALIZAÇÃO • Quem é Jesus? Muitos dos nossos conterrâneos vêem em Jesus um homem bom, um admirável “mestre”, mas que não conseguiu impor os seus valores. Estas visões apresentam Jesus como “um homem” excepcional, que marcou a história e deixou uma recordação.
• Para os discípulos, Jesus foi bem mais do que “um homem”. Ele foi e é “o Messias, o Filho de Deus vivo”. Defini-lo dessa forma significa reconhecer em Jesus o Deus que o Pai enviou ao mundo com uma proposta de salvação e de vida plena. A diferença entre o “homem bom” e o “Messias, Filho de Deus”, é a diferença entre alguém a quem admiramos e que é igual a nós, e alguém que nos transforma, e nos encaminha para a vida eterna.
• O que é a Igreja? é a comunidade dos discípulos que reconhecem Jesus como “o Messias, o Filho de Deus”.
• A Igreja de Jesus não é para ficar só a olhar para o céu, numa contemplação do “Messias, Filho de Deus”; mas para testemunhar a proposta de salvação que Cristo veio oferecer.

SEGUNDA LEITURA (Rm 11,33-36) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Ó profundidade da riqueza, sabedoria e da ciência de Deus! Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! De fato, quem conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem se antecipou em dar-lhe alguma coisa, de maneira a ter direito a uma retribuição? Na verdade, tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória para sempre. Amém!

AMBIENTE - Deus que prometeu a salvação a Israel,  não pode ser infiel às suas promessas. Hoje é a conclusão da reflexão de Paulo. Trata-se de um belíssimo hino de louvor e de adoração que exalta o desígnio salvador de Deus

MENSAGEM – Paulo contempla a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus. Os desígnios de Deus são misteriosos e ultrapassam a capacidade de compreensão do homem. Ao homem resta reconhecer a sua própria pequenez, e incapacidade de compreender Deus. Ao homem resta confiar em Deus, acolher sua Palavra e seguir os seus caminhos… O crente é aquele que se entrega nas suas mãos num hino de louvor: “glória a Deus para sempre. Amem”.

ATUALIZAÇÃO • Convida-nos a reconhecer a nossa incapacidade de entender os projetos de Deus e convida-nos que a admiração se transforme num cântico de adoração e de louvor.

Pe. Joaquim, Pe Barbosa, Pe. Carvalho
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Pe. Antônio Geraldo: Cristo e a Igreja

A Liturgia nos propõe hoje dois temas fundamentais da fé cristã: CRISTO e a IGREJA.

Na 1ª Leitura, Isaías mostra como uma pessoa se tornava ministro da casa real através da entrega das chaves do palácio real.  Eleaquim é aqui figura de Pedro a quem Jesus confiará o governo supremo do Povo de Deus.  (Is 22,19-23)

Essa imagem nos ajuda a entender melhor o Evangelho de hoje.

A 2ª Leitura é um convite a contemplar a Riqueza, a Sabedoria e a Ciência de Deus, que realiza o seu projeto de Salvação do homem. (Rm 11,33-36)

No Evangelho, vemos Jesus entregando a Pedro as chaves. (Mt 16,13-20)

Da adesão dos discípulos a Jesus, como "o Messias, Filho de Deus", nasce a IGREJA: a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada ao redor de Pedro.

O texto tem duas partes:
- A primeira, de caráter cristológico: Quem é Jesus Cristo?
- A segunda, de caráter eclesiológico: Que é a Igreja?

1. Jesus interroga os discípulos:
    O que as pessoas dizem dele e o que os discípulos pensam?
- Para os "homens" Jesus é um homem extraordinário, bom e justo, como tantos outros homens antes dele.
- Para Pedro e os discípulos, Jesus é muito mais:   "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" .

2. Jesus responde à confissão de fé

   A fé da comunidade dos discípulos, apresentada pela voz de Pedro, é o fundamento sobre o qual Jesus vai assentar a Igreja.

IGREJA: É a comunidade dos discípulos que reconhecem Jesus como "o Messias, o Filho de Deus".
Ela existe para testemunhar Cristo e para levar a todos os homens a proposta de salvação que ele veio oferecer.
Para isso, é confiado a Pedro e à Comunidade o "Poder das Chaves".
Uma missão particular para manter a unidade da fé em Cristo.
Lembra a nomeação do "Administrador do Palácio", de que fala a primeira leitura.

+ QUEM É CRISTO Hoje?

Apesar do secularismo cada vez mais difundido e de um abandono da prática e das tradições cristãs cada vez mais generalizado: é interessante notar como a pergunta continua atual:

- Para os JOVENS, Jesus representa a novidade, a contestação de uma sociedade e de um sistema envelhecido, árido, privado de fantasia e criatividade...
- Para as MASSAS OPRIMIDAS, Jesus aparece como o Libertador,   o símbolo de uma esperança, que não está somente num futuro misterioso...

- Para os AGENTES de Obras sociais, Jesus é um revolucionário, que luta  contra a injustiça, a opressão, a exploração do homem pelo homem...

- Até as pinturas apresentam hoje Jesus Cristo em vestes extravagantes e coloridas de um Hippie, ou de um barbudo guerrilheiro "procurado".

E NÓS também fazemos questão de ter uma IMAGEM de Cristo: de pedra, madeira, ferro, ouro, às vezes como peça preciosa de arte...

Seu NOME é cantado em festas, em momentos de alegria e até de boemia, e é recordado nos momentos de apuros, como último recurso...

Tudo isso revela uma realidade positiva: O nosso mundo não pode prescindir de Cristo.
Nossa História está tão marcada por ele, que não se pode ignorá-lo.

+ Quem é Jesus Cristo para mim?
Para responder, não basta procurar na memória alguma fórmula que aprendemos no catecismo, ou ouvimos de outros ou lemos nos livros.
É preciso procurar no coração, em nossa fé vivida e testemunhada.
Assim descobriremos o que Jesus representa, de fato, em nossa vida.

Cristo não é um personagem histórico morto do PASSADO.
Ele ressuscitou e está vivo.
- Ele vive ainda hoje no menor dos irmãos: vive no mendigo, no migrante, no bêbado, no revoltado, no pecador, no ladrão...
- Ele vive dentro de nosso coração. Ele vive em seus familiares, em seus irmãos. 
  Ele vive no coração de todos.
- Ele nos fala ainda HOJE no seu Evangelho: que devemos conhecer com fidelidade, que devemos viver com autenticidade, que devemos anunciar com renovado ardor missionário...

+ Lugares de encontro com Jesus Cristo (Doc. Aparecida 6.1.2) :

Na fé recebida e vivida na Igreja;
 na Sagrada Escritura;
na Sagrada Liturgia (especialmente na celebração dominical);
no Sacramento da Reconciliação;
na Oração pessoal e comunitária;
na Comunidade viva na fé e
no amor fraterno; nos pobres, aflitos e enfermos...

Descubra a felicidade de servir, de amar, de perdoar, e Cristo se encarnará em cada um de seus gestos, e se encarnará em cada rosto de pessoa humana que você encontrará ao longo de seu caminho.

+ Dia dos Ministérios Leigos:
Nesse domingo, a Igreja recorda e louva a vocação de tantos homens e mulheres que se dedicam incansavelmente na construção do Reino de Deus. A eles a nossa gratidão.

                                     

                                 Pe. Antônio Geraldo

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Homilia de D. Henrique Soares:

A Palavra que hoje escutamos coloca-nos diante da questão fundamental de nossa fé: quem é Jesus de Nazaré? Sejamos espertos; estejamos atentos a um detalhe importantíssimo: Jesus distingue a pergunta sobre a opinião do mundo daquela outra, sobre a fé dos discípulos. “Quem diz o povo que eu sou?” E as opiniões são humanas e, portanto, incompletas, parciais, superficiais: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”. Ainda hoje é assim: o mundo não poderá jamais compreender Jesus em sua profundidade e verdade última. Uns acham-no um sábio; outros, um iluminado, ou um filósofo, ou um humanista, ou um revolucionário romântico, do tipo Che Guevara; outros acham-no, sinceramente um alienado ou um falso profeta… Em geral, o mundo atual, vê-lo quase como um mito, bonzinho, romântico, mas sem muita serventia prática…
Mas, Jesus, pergunta aos discípulos, pergunta a nós: “E vós, quem dizeis que eu sou?” A resposta de Pedro é perfeita, é completa: “Tu és o Cristo, o Ungido, o Messias de Deus”. Esta resposta não veio da lógica humana, da inteligência ou da esperteza de Pedro. Em Mateus, Jesus afirma-o claramente: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está no céu” (Mt 16,17). A afirmação do Senhor é clara, direta e gravíssima: carne e sangue, isto é, a só inteligência humana, não pode alcançar quem é Jesus! Somente na revelação do Pai, isto é, somente na experiência da fé da Igreja, nós podemos ter acesso ao mistério de Cristo, à sua realidade profunda. Portanto, não nos deve surpreender se o mundo tem dificuldade de crer realmente, de aceitar seriamente o Cristo e as exigências do seu Evangelho! Não devemos nos importar muito com o que as revistas e as ciências (história, sociologia, antropologia…) dizem a respeito de Jesus. Elas não conseguem penetrar no núcleo do seu mistério; ficam sempre no limiar, na soleira. Então, é na escuta fiel e devota da Palavra, na oração pessoal, na vida da comunidade eclesial, no empenho sincero e sacrificado de viver o Evangelho com suas exigências e, sobretudo, na celebração dos santos mistérios que podemos fazer uma experiência autêntica de quem é Jesus. Não cremos simplesmente no Jesus que a ciência ou a história podem apreender; cremos no Cristo crido, adorado, experimentado e anunciado pela Igreja, a partir do testemunho dos apóstolos!
Mas, tem mais! O núcleo do mistério de Cristo é o mistério de sua cruz. Observe-se bem: assim que Pedro afirma que Jesus é o Messias, ele precisa, esclarece que tipo de Messias ele é: “O Filho do homem deve sofrer muito, ser rejeitado… deve ser morto e ressuscitar ao terceiro dia”. Somente na cruz o discípulo pode reconhecer em profundidade o seu Senhor. Mas, a cruz não é um teoria; é uma realidade em nossa vida e na vida do mundo: a cruz da solidão, do fracasso, da doença, das lágrimas, da pobreza, da morte… Somente quando abraçamos na nossa cruz a cruz de Cristo, podemos, então, compreendê-lo: “Se alguém me quer seguir, quer ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me!” Fora da cruz, fora do seguimento de Cristo até o fim, não há verdadeiro conhecimento do Senhor, não há a mínima possibilidade de uma verdadeira comunhão com ele. São Paulo nos emociona, quando afirmou: “O que era para mim lucro eu o tive como perda, por amor de Cristo. Mais ainda: tudo eu considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por ele, eu perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar a Cristo e ser achado nele.. para conhecê-lo, conhecer o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição” (Fl 3,7-11). É preciso que rejeitemos claramente um cristianismo bonzinho, almofadinha, burguês, bem comportadinho, que agrade ao mundo! O cristianismo é radical, é escandaloso, na sua essência, é incompreensível ao mundo “A linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem!” (1Cor 1,18) – Será que não andamos meio esquecidos disso? E, no entanto, “para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus” (1Cor 1,19). Na fé, contemplamos a cruz do Senhor, tão dura para ele e para nós, e vemos nela a fonte de purificação e de vida de que fala a primeira leitura da missa de hoje. Do coração amoroso e ferido do Cristo, brota a vida do mundo e o sentido último da nossa existência. As palavras são impressionantes: “Derramarei um Espírito de graça e de oração… Eles olharão para mim. Quanto ao que traspassaram, haverão de chorá-lo, como se chora a perda de um filho único, e hão de sentir por ele o que se sente pela morte de um primogênito. Naquele dia, haverá uma fonte acessível para a ablução e a purificação”.
Eis o escândalo: não cremos na tocha olímpica, não cremos que a globalização trará a salvação, não cremos que a ciência salve o ser humano dos demônios e monstros do seu coração, não cremos que a tecnologia nos faça mais felizes, não cremos que o esporte traga a paz universal, não esperamos que o prazer e o poder nos saciem o coração! Não somos idólatras para a perdição! Cremos que Jesus é o Cristo; cremos que pela sua encarnação, cruz e ressurreição ele nos deu uma vida nova, uma torrente de vida na potência do seu Espírito Santo. Cremos que Jesus é a nossa verdade, o nosso caminho e o sentido último da realidade. Por isso nele fomos batizados, dele nos alimentamos e nele queremos viver.
Quando levarmos isso a sério, seremos cristãos e iluminaremos o mundo. Que o Senhor no-lo conceda por sua misericórdia. Amém.
 D. Henrique Soares da Costa
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Homilia do monsenhor José Maria – A resposta de Pedro

O Evangelho (Mt 16, 13-20) nos apresenta Jesus com os seus discípulos em Cesareia de Filipe. Enquanto caminham, Jesus pergunta aos Apóstolos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” E depois que eles apresentaram as várias opiniões que as pessoas tinham, Jesus pergunta-lhes diretamente: “E vós, quem dizeis que eu sou?”.
Disse o Papa João Paulo II, em 1980: “Todos nós conhecemos esse momento em que já não basta falar de Jesus repetindo o que os outros disseram, em que já não basta referir uma opinião, mas é preciso dar testemunho, sentir-se comprometido pelo testemunho dado e depois ir até aos extremos das exigências desse compromisso. Os melhores amigos, seguidores, apóstolos de Cristo, foram sempre aqueles que perceberam um dia dentro de si a pergunta definitiva, incontornável, diante da qual todas as outras se tornam secundárias e derivadas: “Para você, quem sou Eu?” Todo o futuro de uma vida “depende da nossa resposta nítida e sincera, sem retórica nem subterfúgios, que se possa dar a essa pergunta”.
Essa pergunta encontra particular ressonância no coração de Pedro, que, movido por uma graça especial, respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Jesus chama-o bem-aventurado (Feliz és tu, Simão…) por essa resposta cheia de verdade, na qual confessou abertamente a divindade daquele em cuja companhia andava há vários meses. Esse foi o momento escolhido por Cristo para comunicar ao seu Apóstolo que sobre ele recairia o Primado de toda a sua Igreja: “Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la…”.
Pedro confessou sua fé no Cristo, Filho de Deus vivo, graças à escuta de sua palavra e à cotidiana convivência. O Discípulo reconheceu o Messias porque a revelação do Pai encontrou nele abertura e acolhida. Quer dizer, descobre a verdade dos desígnios de Deus quem se deixa iluminar pela luz da fé. Com razão, reconhece o Documento de Aparecida: “A fé em Jesus como o Filho do Pai é a porta de entrada para a Vida.” Como discípulos de Jesus, confessamos nossa fé com as palavras de Pedro: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (DAp, 100). A fé é um dom de Deus, é uma adesão pessoal a Ele. Crer só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo.
Para dar uma resposta convincente de fé, os cristãos precisam conhecer a fundo Jesus Cristo, saber sempre mais sobre sua pessoa e obra, pela leitura e meditação dos Evangelhos e pelos encontros com Ele por meio da ação litúrgica, em particular, dos sacramentos.
“Tu és Pedro…”. Pedro será a rocha, o alicerce firme sobre o qual Cristo construirá a sua Igreja, de tal maneira que nenhum poder poderá derrubá-la. E foi o próprio Senhor que quis que ele se sentisse apoiado e protegido pela veneração, amor e oração de todos os cristãos. Se desejamos estar muito unidos a Cristo, devemos estar sim, em primeiro lugar, a quem faz as suas vezes aqui na terra. Ensinava São Josemaria Escrivá: “Que a consideração diária do duro fardo que pesa sobre o Papa e sobre os bispos, te leve a venerá-los, a estimá-los com a tua oração” (Forja, 136).
O nosso amor pelo Papa não é apenas um afeto humano, baseado na sua santidade, simpatia, etc. Quando vamos ver o Papa, escutar a sua palavra, fazemo-lo para ver e ouvir o Vigário de Cristo, o “doce Cristo na terra”, na expressão de Santa Catarina de Sena, seja ele quem for. O Romano Pontífice é o sucessor de Pedro; unidos a ele, estamos unidos a Cristo.
Jesus continua perguntando-nos: “quem dizeis que eu sou?” para responder, não basta procurar na memória alguma fórmula que aprendemos no catecismo, ou ouvimos de outros ou lemos nos livros. É preciso procurar no coração, em nossa fé vivida e testemunhada. Assim descobriremos o que Jesus representa, de fato, em nossa vida.
 Mons. José Maria Pereira
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Homilia do Pe. Françoá Costa – Os cristãos leigos

“Tu és o Cristo” (Mt 16,16), eis a profissão de fé de Pedro. “Tu és Pedro” (Mt 16,18), eis a demonstração de que Deus confia nos homens. Na clausura do Ano Sacerdotal, o então Papa Bento XVI falava da audácia de Deus, que consiste em confiar nos homens a tal ponto de fazer deles instrumentos e canais da graça. Realmente, Deus confia em nós! Não nos necessita, mas quis necessitar de nós. Todos juntos, bem unidos ao Papa, ganharemos o mundo para Cristo: essa é a santa audácia dos cristãos e, de maneira especial, dos fiéis leigos.
Leigo, na Igreja, não significa “ignorante”. Leigo é o cristão que se santifica em e a partir das realidades terrenas, seculares, civis; faz parte do Povo de Deus e leva a luz de Cristo a todos os ambientes. Na Exortação Apostólica “Christifideles Laici” (nº 17), sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo, S. João Paulo II parecia contemplar “um cenário maravilhoso que se abre aos olhos iluminados pela fé: o de inúmeros fiéis leigos, homens e mulheres, que, precisamente na vida e nas ocupações do dia a dia, muitas vezes inobservados ou até incompreendidos e ignorados pelos grandes da terra, mas vistos com amor pelo Pai, são obreiros incansáveis que trabalham na vinha do Senhor, artífices humildes e grandes — certamente pelo poder da graça de Deus — do crescimento do Reino de Deus na história”.
Diferente do fiel cristão que foi chamado à vida consagrada (um religioso, por exemplo), o fiel leigo não realiza as diversas atividades como “sinal” ou como “testemunho” do “mundo futuro” que há de vir. Vejamos: o fiel consagrado que se dedica à docência, fá-lo dando testemunho do “mundo futuro”, a sua atividade docente se realiza como sinal das realidades transcendentes que hão de vir. Isto é assim porque o fiel dito “consagrado” recebeu uma posição carismática dentro da vida da Igreja que modalizou os seus vínculos batismais e retocou a sua secularidade; a sua atividade como professor, por exemplo, é testemunho e sinal da santidade da Igreja e da vida escatológica. Ao contrário, um fiel leigo que é professor, realiza essa atividade profissional com um interesse neste mundo, para santificar esta profissão e, consequentemente, este mundo. Hoje é o dia de reconhecermos com gratidão a vocação dos cristãos leigos, da grande maioria do Povo de Deus: obrigado! Vocês levam a luz de Deus aos ambientes profissionais, familiares e de amizade, e vivem a santidade como heroicidade no ordinário, no cotidiano.
Os fiéis leigos devem evangelizar em comunhão com a Igreja, mas a sua atividade evangelizadora não necessita um mandato especial por parte da hierarquia (bispos, padres, diáconos), não necessitam “envio”. Não! Os leigos já foram delegados pelo próprio Senhor no momento do batismo, o sacramento que os fez fieis e missionários do Reino. O apostolado próprio dos leigos é “buscar o reino de Deus, ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus” (LG, 31), isto é, viver cristãmente realidades como família, trabalho, amizades, diversões. O Concílio Vaticano II afirmou que “o dever e o direito do apostolado dos leigos deriva da união destes com Cristo cabeça. Com efeito, inseridos no corpo místico de Cristo pelo batismo e robustecidos pela virtude do Espírito Santo na confirmação, os leigos são deputados pelo próprio Senhor para o apostolado” (AA, 3). Outra coisa é quando exercem algum trabalho na paróquia em colaboração com o ministério ordenado dos bispos e padres, nesse caso eles são delegados pela hierarquia, tal é o caso dos ministros extraordinários da comunhão eucarística ou dos catequistas. Contudo, também esses ministros e os catequistas devem ter consciência que o seu primeiro apostolado é a animação cristã das realidades temporais. Seria uma contradição se um vereador se dedicasse intensamente no mistério extraordinário da comunhão eucarística e descuidasse a animação cristã da política. Esse leigo, que é vereador, deve fazer da política um espaço no qual Cristo reine e, por conseguinte, as pessoas sejam valorizadas e o bem comum respeitado. Nesse trabalho, podem contar com o alimento espiritual que a Igreja sempre lhes oferecerá através da Palavra e da Eucaristia.
Sem dúvida, é um capítulo enorme o dos cristãos leigos e leigas: é preciso ter coragem de enfrentá-lo! A Igreja no Brasil ainda está começando a abrir as páginas desse denso capítulo: durante as últimas décadas se falou muito do “leigo engajado” na Igreja, mas se esqueceu que o “engajamento” na Igreja do leigo é no mundo, em e através das realidades profissionais, familiares; caso sobre tempo e eles forem generosos, também poderão colaborar com os padres nas paróquias. Isto é, o trabalho que realizam nas nossas paróquias deve ser fruto da generosidade e não da abstenção de realizar aquilo que é próprio à sua vocação específica! Deus abençoe tudo o que fazem e lhes façam conscientes para que realizem o que lhes é próprio, sem deixarem de serem generosos para com a comunidade paroquial.
Pe. Françoá Costa


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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou ministros extraordinários da Palavra):


LOUVOR:  (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALRAR)
- COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI!
- O Senhor esteja convosco... IRMÃOS E IRMÃS, DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O NOSSO DEUS...
T: Pai, fortalecei nossa fé e dai-nos coragem para anunciá-la.
- Pai de bondade, nós Vos louvamos porque enviastes profetas. Iluminados pelo Vosso Espírito, eles perceberam os sinais dos tempos e denunciaram o mal com coragem.
Nós Vos pedimos: tornai-nos profetas destemidos para anunciar o vosso Reino e denunciar as injustiças.
T: Pai, fortalecei nossa fé e dai-nos coragem para anunciá-la.
- Pai de bondade, Vós sois infinito no amor e na misericórdia. Com o apóstolo Paulo proclamamos a riqueza da Vossa sabedoria e da Vossa ciência. A Vós, glória e louvor! Dái-nos a Luz da sabedoria para que saibamos viver e anunciar o vosso amor. Nós Vos pedimos pelos pregadores, catequistas, missionários e pelos pais mensageiros da Vossa Palavra. Que o Vosso Espírito nos dê sabedoria para viver e ensinar.
T: Pai, fortalecei nossa fé e dai-nos coragem para anunciá-la.
- Pai de bondade, como Simão Pedro também proclamamos que Jesus é o Messias, o vosso Filho e nosso irmão. Nós Vos bendizemos, Pai! Nós Vos pedimos pela Igreja, pelo Papa Francisco, pelo nosso Bispo ...(Magella) pelos nossos padres e diáconos, para que anunciem mais fortemente o vosso Reino.
T: Pai, fortalecei nossa fé e dai-nos coragem para anunciá-la.
- Pai  Nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro de Deus...





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