quinta-feira, 26 de outubro de 2017

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM, homilias, subsídios homiléticos

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A 2017 (Adaptado pelo Diácono Ismael)

Tema: “Amar a Deus e ao próximo!” O que Deus exige de cada crente é que saiba amar como ele ama a cada ser criado.
A primeira leitura:  Deus não aceita injustiça,  opressão, desrespeito pelos mais pobres: qualquer injustiça praticada contra um irmão é um crime grave contra Deus e nos coloca fora da Aliança.
O Evangelho: Toda a revelação de Deus se resume no amor – amor a Deus e amor aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: “amar a Deus” é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida.
A segunda leitura: Uma comunidade cristã (Tessalônica) que, apesar da perseguição, aprendeu o caminho do amor; Dessa experiência comum, nasceu uma imensa família de irmãos, unida à volta do Evangelho e espalhada por todo o mundo grego.

PRIMEIRA LEITURA (Ex 22,20-26) Leitura do Livro do Êxodo.
Assim diz o Senhor: Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois foste estrangeiro na terra do Egito. Não façais mal algum à viúva nem ao órfão. Se os maltratardes, gritarão por mim, e eu ouvirei o seu clamor. Minha cólera, então, se inflamará e eu vos matarei à espada; vossas mulheres ficarão viúvas e órfãos os vossos filhos. Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, a um pobre que vive ao teu lado, não sejas um usurário, dele cobrando juros. Se tomares como penhor o manto do teu próximo, deverás devolvê-lo antes do pôr-do-sol. Pois é a única veste que tem para o seu corpo e coberta que ele tem para dormir. Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso.

AMBIENTE – “Os dez mandamentos” eram relativamente gerais e não consideravam todos os casos e situações… Em consequência, surgiram novas normas, que regulavam o dia a dia do Povo de Deus.
Logo a seguir ao “Decálogo”, em lugar de honra, os catequistas de Israel colocaram um bloco heterodoxo de leis, que se convencionou chamar “Código da Aliança” (cf. Ex 20,22-23,19). São leis que os autores do Livro do Êxodo apresentam como ditadas por Deus a Moisés, no Sinai; na realidade, trata-se de leis de proveniência diversa, que a maioria dos comentadores faz remontar ao tempo dos “juízes” (séc. XII a.C.).
O “Código da Aliança” é um bloco legislativo que regula vários aspectos da vida do Povo de Deus, desde o culto até às relações sociais. Nele sobressai, não só uma consciência muito viva de que Israel é chamado à comunhão com Deus, mas também um forte sentido social. Revela um Povo preocupado em concretizar os compromissos da Aliança na vida do dia a dia. Sugere que a fé de Israel não é uma realidade abstrata, mas uma realidade bem viva, que se deve viver em cada setor da vida prática. O texto que hoje nos é proposto é um extrato do “Código da Aliança”.

MENSAGEM - A leitura apresenta formas como lidar com três realidades de carência: a do estrangeiro, a do órfão e da viúva, e a do pobre que foi obrigado a pedir dinheiro emprestado. Trata-se de pessoas em situação difícil, quer em termos sociais, quer em termos econômicos. O “estrangeiro”, obrigado a deixar a sua terra e o seu quadro de relações familiares, atirado para um ambiente cultural e social adverso, e onde as leis locais nem sempre protegem os seus direitos e a sua dignidade. A sua situação de debilidade é aproveitada  por pessoas sem escrúpulos que os exploram. O “órfão” e a “viúva” integram a categoria das vítimas dos poderosos. Desprotegidos, ignorados pelos juízes e pelos dirigentes, sem defesa diante das arbitrariedades dos mais fortes, vítimas de toda a espécie de injustiças, têm em Jahwéh o seu único defensor. O “pobre que pede dinheiro” é, quase sempre, esse camponês carregado de impostos, arruinado por anos de más colheitas, que tem de pedir dinheiro emprestado para pagar as dívidas e para sustentar a família. A sua necessidade é explorada pelos especuladores sem escrúpulos, que o obrigam a deixar como penhor os seus bens mais básicos. Sufocado por juros altíssimos, acaba por tudo perder e por ficar na miséria. A sensibilidade de Israel diz-lhe que Deus não aceita a injustiça, a arbitrariedade, a opressão, o desrespeito pelos direitos dos mais pobres e fracos. Se Israel pretende viver em comunhão com Deus, tem de banir do meio da comunidade as injustiças e as arbitrariedades cometidas sobre os mais débeis – nomeadamente sobre os estrangeiros, os órfãos, as viúvas e os pobres. Essa é uma das condições para a manutenção da Aliança.

ATUALIZAÇÃO • O apelo a não prejudicar nem oprimir um irmão que Deus colocou ao nosso lado e que temos de cuidar, proteger e amar.
• O apelo a não maltratar à viúva e ao órfão convida-nos  a acolhermos os nossos irmãos mais débeis, sem defesa … São as crianças, exploradas, usadas, e impedidas de viver a infância; são os idosos, atirados para lares, subtraídos ao seu ambiente familiar; são os doentes incuráveis, condenados à solidão, que escondemos e que evitamos para não perturbar a nossa boa disposição e o mito de uma vida isenta de sofrimento e de morte… Precisamos aprender que todos – particularmente os mais débeis, os mais abandonados – devem ser respeitados, protegidos e amados.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 17 (18)
Eu vos amo, ó Senhor; sois minha força e salvação.
• Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, / minha rocha, meu refúgio e Salvador! /
Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, / minha força e poderosa salvação.
• Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, / sois meu escudo e proteção: em vós espero! /
Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! / Dos meus perseguidores serei salvo!
• Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo! / E lou vado seja Deus, meu Salvador! /
Concedeis ao vosso rei grandes vitórias / e mostrais misericórdia ao vosso ungido.

EVANGELHO (Mt 22,34-40) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Jesus respondeu: “’Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento!’ Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.

AMBIENTE - Os líderes judaicos já fizeram a sua escolha e têm ideias definidas acerca da proposta de Jesus: é uma proposta que não vem de Deus e que deve ser rejeitada… Jesus, por sua vez, deve ser denunciado, julgado e condenado de forma exemplar. Para conseguir concretizar esse objetivo, os responsáveis judaicos procuram argumentos de acusação contra Jesus. - É neste ambiente que Mateus situa três controvérsias entre Jesus e os fariseus. Essas controvérsias apresentam-se como armadilhas bem organizadas, capazes de ser usadas em tribunal para conseguir a sua condenação. Depois da controvérsia sobre o tributo a César (cf. Mt 22,15-22) e da controvérsia sobre a ressurreição dos mortos (cf. Mt 22,23-33), chega a controvérsia sobre o maior mandamento da Lei (cf. Mt 22,34-40). Ao perguntar a Jesus qual é o maior mandamento da Lei, os fariseus procuram demonstrar que Jesus não sabe interpretar a Lei e que, portanto, não é digno de crédito. A questão do maior mandamento da Lei não era uma questão pacífica e era, no tempo de Jesus, objeto de debates entre os fariseus e os doutores da Lei. A preocupação em atualizar a Lei, de forma a que ela respondesse a todas as questões que a vida do dia a dia, tinha levado os doutores da Lei a deduzir um conjunto de 613 preceitos, dos quais 365 eram proibições e 248 ações a pôr em prática. Esta “multiplicação” dos preceitos legais lançava, evidentemente, a questão das prioridades: todos os preceitos têm a mesma importância, ou há algum que é mais importante do que os outros? É esta a questão que é posta a Jesus.

MENSAGEM - A resposta de Jesus supera o horizonte estreito da pergunta e vai muito além… O importante, na perspectiva de Jesus, não é definir qual o mandamento mais importante, mas encontrar a raiz de todos os mandamentos. E, na perspectiva de Jesus, essa raiz gira à volta de duas coordenadas: o amor a Deus e o amor ao próximo. A Lei e os Profetas são apenas comentários a estes dois mandamentos. Dizer, portanto, que “nestes dois mandamentos se resumem a Lei e os Profetas”, significa que eles encerram toda a revelação de Deus, que eles contêm a totalidade da proposta de Deus para os homens. As idéias de amor a Deus a ao próximo, são bem conhecidas do Antigo Testamento: Jesus limita-Se a citar Dt 6,5 (no que diz respeito ao amor a Deus) e Lv 19,18 (no que diz respeito ao amor ao próximo). A originalidade deste ensinamento está, por um lado, no fato de Jesus os aproximar um do outro, pondo-os em perfeito paralelo e, por outro, no fato de Jesus simplificar e concentrar toda a revelação de Deus nestes dois mandamentos. Portanto, o compromisso religioso  resume-se no amor a Deus e no amor ao próximo. A grande preocupação de Jesus foi discernir a vontade do Pai e a cumpri-la com fidelidade e amor. “Amar a Deus” é, na perspectiva de Jesus, estar atento aos projetos do Pai e procurar concretizar, na vida do dia a dia, os seus planos. Ora, na vida de Jesus, o cumprimento da vontade do Pai passa por fazer da vida uma entrega de amor aos irmãos, se necessário até ao dom total de si mesmo.
Assim, na perspectiva de Jesus, “amor a Deus” e “amor aos irmãos” estão intimamente associados. Não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda. “Amar a Deus” é cumprir o seu projeto de amor, que se concretiza na solidariedade, na partilha, no serviço, no dom da vida aos irmãos.
Como é que deve ser esse “amor aos irmãos”? Este texto só explica que é preciso “amar o próximo como a si mesmo”. As palavras “como a si mesmo” significam que é preciso amar totalmente, de todo o coração.
Noutros textos de Mateus, Jesus explica que é preciso amar os inimigos e orar pelos perseguidores (cf. Mt 5,43-48). Trata-se, portanto, de um amor sem limites, sem medida e que não distingue entre bons e maus, amigos e inimigos. Aliás, Lucas, ao contar este mesmo episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta, acrescenta-lhe a história do “bom samaritano”, explicando que esse “amor aos irmãos” pedido por Jesus é incondicional e deve atingir todo o irmão que encontrarmos nos caminhos da vida, mesmo que ele seja um estrangeiro ou inimigo (cf. Lc 10,25-37).

ATUALIZAÇÃO • Hoje, continuamos a ter dificuldade em discernir o essencial da proposta de Jesus. O Evangelho deste domingo põe as coisas de forma clara: o essencial é o amor a Deus e o amor aos irmãos. Nisto se resume toda a revelação de Deus e a sua proposta de vida plena para os homens.
• O que é “amar a Deus”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor a Deus passa, antes de mais, pela escuta da sua Palavra, pelo acolhimento das suas propostas e pela obediência total aos seus projetos – para mim próprio, para a Igreja, para a minha comunidade e para o mundo.
• O que é “amar os irmãos”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor aos irmãos passa por prestar atenção a cada homem ou mulher com quem me cruzo pelos caminhos da vida (seja ele branco ou negro, rico ou pobre, nacional ou estrangeiro, amigo ou inimigo), por sentir-me solidário com as alegrias e sofrimentos de cada pessoa, por partilhar as desilusões e esperanças do meu próximo, por fazer da minha vida um dom total a todos. O mundo em que vivemos precisa redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida…

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“Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16). O amor é a maior força que existe no mundo, pois é o próprio Deus.
“Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e seu amor em nós é perfeito” (1Jo 4,12).
“Se alguém disser ‘eu amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é um mentiroso, pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20). A ligação íntima entre o amor a Deus e ao próximo desautoriza certas formas alienantes de “espiritualidade” que muitas vezes não passam de uma busca disfarçada de auto realização, mas que jamais leva a um compromisso com a transformação do mundo em que vivemos. Não é possível amar a Deus sem amar o próximo.
S. João nos explica o que é amor: Jesus deu a vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos. Se alguém possui riquezas neste mundo e vê o seu irmão passar necessidade, mas diante dele fecha o seu coração, como pode o amor de Deus permanecer nele?” (1Jo 3,16-17).
Quem ama só faz o bem e só deseja o bem. Quem ama lê no coração o que as palavras não conseguem expressar.
O pecado rebaixa, avilta e corrói o amor, desviando-o do seu sentido. Basta ver o sentido dessa palavra na maioria das novelas e filmes.

SEGUNDA LEITURA (1Ts 1,5c-10) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
Irmãos: Sabeis de que maneira procedemos entre vós, para o vosso bem. E vós vos tornastes imitadores nossos e
do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações. Assim vos tornastes
modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia. Com efeito, a partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte. Assim, nós já nem precisamos de falar, pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e verdadeiro, esperando dos céus o seu Filho, a quem ele
ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra do castigo que está por vir

AMBIENTE - Depois de ter anunciado o Evangelho em Tessalônica, Paulo teve de deixar a cidade, para fugir às maquinações dos judeus (ano 49/50). Preocupado, Paulo enviou Timóteo, a fim de saber notícias. Quando Timóteo regressou de Tessalônica e apresentou o seu relatório. As notícias eram animadoras: os tessalonicenses eram uma comunidade exemplar e viviam o seu compromisso cristão, apesar das dificuldades. Paulo, feliz e confortado, escreveu aos tessalonicenses animando-os a prosseguir no caminho da fidelidade a Jesus e ao Evangelho.


MENSAGEM - Paulo continua a longa ação de graças porque os tessalonicenses responderam com o acolhimento entusiasta do Evangelho.; Paulo imitou Cristo e anunciou o Evangelho no meio de dificuldades e perseguições; os tessalonicenses imitaram Paulo e receberam jubilosamente o Evangelho, apesar da hostilidade dos seus concidadãos; os crentes de toda a Grécia (“da Macedônia e da Acaia”, as duas províncias romanas da Grécia) imitaram os tessalonicenses e sofreram alegremente pelo Evangelho… Dessa forma, fica manifesto que o Senhor, os apóstolos e toda a Igreja partilham o mesmo destino: todos percorrem o mesmo caminho, iluminados pelo Evangelho, no meio da alegria e do sofrimento.

ATUALIZAÇÃO • Muitas vezes entendemos a fé como um acontecimento pessoal e que não nos compromete com os outros. Na realidade, a fé liga-nos a uma longa cadeia que vem de Jesus até nós e que inclui uma imensa família de irmãos espalhados pelo mundo inteiro.
• Nenhuma comunidade cristã é uma ilha. É preciso que estabeleçam laços que se ajudem, se animem mutuamente… É nesse diálogo e partilha que o projeto de Deus vai tornando-se mais claro para todos.

Dehonianos
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O maior mandamento.

Como colocar em prática?
Amar de Toda tua alma, todo entendimento!
Parece um fardo.
Em que consiste este amor?
S. Tomás de Aquino: Este Amor é uma amizade entre Deus e o homem. Amizade é reciprocidade. Antes de amar a Deus, Deus já nos amou primeiro. A nossa resposta é  gratidão.
Temos que buscar forças em Deus para amá-lo. Quem mais ama dá a própria vida.
No Decálogo não está desta maneira, mas está assim: não terás outros deuses.
Nós colocamos outras coisas no lugar de Deus. Por isso a Igreja diz: amarás a Deus acima de todas as coisas. Temos que jogar ao chão os outros deuses, as coisas que amamos.
Primeiro ponto é a fé.
Segundo é reconhecer que coisas são limitadas.
Amar de Todo o coração é só na eternidade. Aqui, somos limitados e nos esforçamos para seguir os ensinamentos.
Para crescermos temos que ter atos de amor (caridade). A virtude não tem limites. Só não cresce mais no Céu.
Preciso crer cada vez mais que Deus me amou e me ama. Como?
Atos práticos:
1 Pedir perdão a Deus pelos meus erros. É a primeira forma de amor.
2 Agradecer pelo amor que Deus nos dá.
3 Moldar minha vontade na vontade de Deus. Seguir os mandamentos e realizando na vida o mesmo amor que Deus tem por cada um; ser semelhança do Criador.
4 Aumentar a glória de Deus: fazer mais discípulos. Ser missionário da Palavra.

O segundo Mandamento é semelhante ao primeiro porque o homem é semelhante a Deus. 
Amar o irmão por causa de Deus.
1 Pedir perdão quando erramos.
2 Agradecer ao irmão por tudo que nos faz.
3 Moldar minha vontade para que o bem seja um bem comum e não pensar só no meu ego.
4 Aumentar a glória; sempre falando o bem e não fofocando, destruindo o irmão. Ver os valores e não os seus defeitos.

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Pe. Antônio Geraldo; O Maior Mandamento

Nesse Dia Mundial das Missões, a Igreja nos lembra que todo cristão deve ser missionário...

A Liturgia focaliza a mensagem principal que devemos anunciar e testemunhar: o AMOR.

A 1a Leitura afirma que o maior Mandamento é o Amor concretizado através da defesa dos mais necessitados e desprotegidos: Estrangeiros (migrantes), viúvas, órfãos, endividados, pobres. (Ex 22,20-26)

* Já no Antigo Testamento, o Amor ao próximo era visto em relação a Deus, como respeito à sua lei e como reflexo do seu amor para com os homens...

Na 2ª leitura, São Paulo destaca o exemplo de Amor vivido pelos cristãos de Tessalônica. (1Ts, 5c-10)

No Evangelho, Jesus resume toda a LEI no Amor: Amor a Deus e aos irmãos. (Mt 22,34-40)

Os fariseus apresentam armadilhas para poder acusar a Jesus e condená-lo.

- Os fariseus perguntam: "Qual é o maior dos mandamentos?"
Era uma questão muito polêmica entre os líderes religiosos daquele tempo. Alguns afirmavam que o maior de todos os mandamentos era guardar o sábado. Outros diziam que todos os mandamentos tinham o mesmo valor. Ademais os judeus tinham 613 mandamentos.

Jesus responde:
- Deuteronômio: "Amarás o Senhor teu Deus com todas..." (Dt 6,5)
- Levítico: "Amarás teu próximo como a ti mesmo..." (Lv 19,18)

- Unifica e equipara os dois mandamentos: "O segundo é semelhante a esse".
Portanto, não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda.

O que esse Evangelho tem a nos dizer, hoje?
Ao longo dos dois mil anos de cristianismo fomos criando muitos mandamentos, preceitos, proibições, exigências, opiniões, pecados e virtudes, que arrastamos pela história. 
E acabamos perdendo a noção do que é verdadeiramente importante.
Hoje, ficamos discutindo certas questões secundárias, sem discernir muitas vezes o essencial da proposta de Jesus.

O Evangelho deste domingo é claro: o essencial é o amor a Deus e o amor aos irmãos.
Para o cristão, o Amor é fundamental, porque Deus é amor e ama o homem, e o homem é um ser criado para amar.

"O Dia Mundial das Missões reavive em cada um o desejo e a alegria
 de “ir” ao encontro da humanidade levando Cristo a todos".  (Bento XVI - 2011)   

"Amor não tem fronteiras, a vida é uma missão.         Amor é para todos, Deus quer um mundo irmão". (Igreja em Missão)                  

 Pe. Antônio Geraldo

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O amor é difusivo; ele não fica só na pessoa que ama, mas passa para os demais, e vai criando uma Comunidade de amor, que chamamos de ágape.  Está portanto diante de nós o desafio de amar sempre, tanto a Deus como ao próximo, e através do amor transformar o mundo. Na Terra Santa, existem dois mares bem conhecidos. Embora alimentados pelo mesmo Rio Jordão, eles são completamente diferentes um do outro.
O primeiro é o Mar da Galiléia, cuja água é doce e contém muitos peixes. Seu litoral tem muitas cidades e vilas lindas, por causa do verde das lavouras, das árvores e dos jardins, tudo irrigado pelo Mar da Galiléia.
O outro é o Mar Morto, que é célebre pela sua densidade de sais minerais. Ele não tem peixe e nem os vegetais conseguem viver de suas águas. Seus arredores são desertos. Não existe área verde. O Mar Morto apresenta um aspecto desolador. De onde vem essa diferença, se os dois são alimentados pelo mesmo Rio Jordão? A explicação é simples: O Mar da Galiléia recebe o Rio Jordão pelo Norte, porém não o guarda para si; toda a água bela e fértil que ele recebe, ele a solta pelo Sul. E o Rio Jordão prossegue o seu caminho, irrigando e semeando vida por onde passa. O Mar da Galiléia não vive para si, ele reparte tudo o que recebe. Já o Mar Morto não; ele recebe o Rio Jordão, mas o retém para si. Ele não possui saída. Enquanto as águas se evaporam, todos os sais minerais se acumulam no enorme recipiente fechado. E a excessiva saturação torna-se veneno, que mata qualquer espécie de vida. É um mar que mata. E mata porque é fechado. O que ele recebe é bom e saudável. É ele que, por ser fechado, transforma em veneno. Existem também duas classes de pessoas: as abertas e as fechadas, as que amam e as que não amam. Encontramos pessoas que nada guardam para si mesmas. A sua felicidade está em dar, em servir. Essas pessoas são uma bênção dentro da família, na sua Comunidade e no bairro onde vivem. São pessoas vivificadores, como o Mar da Galiléia. Seu calor humano contagia. Sua disponibilidade irradia confiança, alegria e vida. Mas infelizmente encontramos pessoas totalmente diferentes. Elas vivem para si mesmas. Vão acumulando para si tudo o que recebem e possuem de bom. Guardam tudo para si. E esses bens e dons se transformam em veneno. Veneno que até mata! Essas pessoas misturam três ingredientes nos dons que recebem: ambição, vaidade e dominação. Eles seguem um caminho oposto ao plano de Deus. Por isso são infelizes e fazem os outros sofrerem ao redor delas. Vamos aprender a lição desses dois mares. Se formos Mar da Galiléia, certamente o Senhor gostará de passear de barco conosco, de anunciar a Boa Nova em nossas praias, de abençoar e de fazer milagres. Mais: ele vai querer morar conosco, como morou na casa de Pedro, em Cafarnaum, ao lado do Mar da Galiléia. E se um dia o nosso Mar estiver agitado, certamente ele vai acalmá-lo.
Maria Santíssima cumpriu com generosidade esses dois mandamentos: o amor a Deus e ao próximo. Mãe do Belo Amor, rogai por nós! Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e ao teu próximo como a ti mesmo.

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Homilia de D. Enrique Soares

No passado Domingo, o Senhor Jesus ordenava: “Dai a Deus o que é de Deus!” De Deus é tudo, ainda que tudo pareça nosso: “Tudo pertence a vós: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus” (1Cor 3,21-23). Esta é, precisamente, a dificuldade, a miopia ou, mais ainda, a cegueira, o triste pecado do mundo atual: não perceber Deus, não enxergar com a razão, com o afeto, com o coração que Deus é o Tudo, o Substrato, o Sentido da nossa existência. Sem ele, nada tem sentido perene, nada tem valor duradouro, nada tem valor absoluto… nem a vida humana, que somente pode ser respeitada de modo absoluto quando é compreendida como imagem de Deus.
Pois bem, a Palavra deste Domingo prolonga a de oito dias atrás. “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”, da Lei de Moisés – perguntam ao Senhor para novamente tentar apanhá-lo em armadilha. Qual o preceito que, sendo observado, resume a observância de toda Lei? Jesus responde prontamente: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!” Como bom judeu, o Senhor Jesus nada mais faz que retomar o preceito do Antigo Testamento. Amar a Deus! Amá-lo significa fazer dele o tudo da nossa existência, significa viver a vida aberta para ele, buscando sinceramente a sua santa vontade. Amá-lo é não conceber a vida como algo que é meu em sentido absoluto, mas um dom que recebi de Deus, que em diante de Deus devo viver e a Deus devo, um dia, devolver com frutos. Amá-lo é não viver na minha vontade, mas buscando a sua santa vontade, mesmo que esta não seja o que eu esperaria ou desejaria… Amá-lo é sair de mim para encontrar-me nele!
Mas, para que este amor a Deus não seja algo abstrato, teórico, meramente feito de palavras ou sentimentos superficiais, o Senhor Jesus nos aponta uma medida concreta desse amor. Seguindo ainda a tradição judaica do Antigo Testamento, ele liga, condiciona o amor a Deus ao amor aos outros, aos próximos, àqueles que a providência divina coloca no nosso caminho: “’Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”. Eis, portanto: a medida da verdade do amor a Deus é o amor, a dedicação para com os outros; e não os outros teoricamente, mas os próximos: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo!” Notemos que aqui Jesus não ensina nada de novo. Este preceito já valia para um bom judeu. Jesus está respondendo a um fariseu, um escriba judeu. Basta recordar como a primeira leitura de hoje, tirada da Torah, da Lei de Moisés, já ligava os dois amores, a Deus e ao próximo. O Senhor, já no Antigo Testamento, deixava claro que estará sempre do lado do nosso próximo, sobretudo se ele for débil e necessitado: “Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso.” Estejamos, portanto, atentos: o amor concreto para com o nosso próximo é a medida do nosso amor a Deus! O Evangelho – como todo o Novo Testamento e a reta e sadia Tradição da Igreja – desconhece uma relação com Deus baseada numa fé sem obras que nasçam do amor. Basta recordar o belíssimo hino ao amor, da Primeira Carta aos Coríntios: “Ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria” (13,2). Que ninguém se iluda com um vazio discurso sobre uma fé vã sem as obras que dela nascem e a revelam! A fé sem amor a Deus e ao próximo, aquela fé que gosta de dizer “estou salvo” de se compraz em decretar a condenação dos outros é uma fé inútil, vazia, falsa e morta!
Caríssimos, se o Senhor Jesus respondeu ao escriba fariseu, dizendo que ele deveria amar a Deus e ao próximo como a si mesmo, a nós, seus discípulos, a nós, cristãos, ele aponta um ideal muito mais alto! Ouso afirmar que não basta, de modo algum para um cristão, amar os outros como a si mesmo! Recordai-vos todos que, na véspera de sua paixão santíssima, quando sentou-se à Mesa santa conosco, para dar-se a nós na Eucaristia, como maior dom de amor, o Senhor nosso e Deus nosso, Jesus Cristo, deu-nos, então, o mandamento pleno, completo: “Amai-vos como eu vos amei!” (Jo 13,34); “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,15). Agora, às vésperas da cruz, agora, à Mesa da Eucaristia, agora, lavando-nos os pés, dando-se totalmente a nós, Jesus poderia ser compreendido! Ele é o amor verdadeiro, ele é a medida e o modelo do amor: “Não há maior prova de amor que dar a vida!” (Jo 15,13) Amai-vos como eu vos amei!
Eis, caríssimos, como é grande a tarefa que o Senhor nos confia! Quem poderá realizá-la? Onde poderemos conseguir um amor assim? Eu vos digo: contemplando Jesus na oração, escutando Jesus na Escritura, comungando com Jesus na Eucaristia, procurando Jesus nos irmãos! É assim que teremos os mesmos sentimentos do Cristo Jesus (cf. Fl 2,5) e viveremos a vida no amor total que ele, nosso Senhor, teve para com Deus, o Pai e para com os próximos. Fora disso, toda conversa sobre amor não passa de teoria, de ideologia que de cristã tem pouco ou nada. Que o Senhor nos conceda, então, por esta Eucaristia, o dom do verdadeiro amor. Amém.

D. Henrique Soares

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Homilia do Pe. Françoá Costa


Amar de fato

O padre católico Georges Lemaître  propôs, lá pelo ano 1927, o que hoje se conhece como a teoria do Big Bang ou – na linguagem do próprio Lemaître – teoria do átomo primordial.  Segundo essa teoria, o Universo derivou-se de um átomo com temperatura e densidade altamente elevadas. Este átomo, devido à compressão de energia, se teria explodido há uns 13 bilhões de anos atrás. A partir de então, o Universo está em constante expansão e a sua temperatura continua diminuindo.
Tal hipótese é bastante coerente. Ela não contradiz a Sagrada Escritura quando esta afirma que “No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gn 1,1). A Escritura fala de Deus que cria todas as coisas, todas em absoluto. Trata-se de um começo primordial. O Big Bang nos fala de um começo que não exclui o Criador do Big Bang. Ou seja, esse átomo primordial pressupõe uma causa externa a si mesmo.
Mas, porque eu estou falando do Big Bang se o Evangelho de hoje nos fala de amor a Deus e ao próximo? É simples. Quando nós fomos conquistados pela graça de Deus começou a existir em nós, que somos um microcosmo, um átomo de caridade inicial: potente, com temperatura e densidade altamente elevadas. No dia do nosso Batismo começou uma explosão de graças em constante expansão até o momento presente. Se tivéssemos morrido naquele mesmo dia iríamos ao céu sem passar pelo purgatório, teríamos visto a glória de Deus já que a graça é o começo da vida eterna em nós.
A Escritura diz que “Deus é amor” (1 Jo 4,8.16). Ele é o amor perfeito. Nós somos uma espécie de universo em desenvolvimento, em expansão, rumo ao ato perfeito do amor segundo a nossa própria capacidade de criaturas.
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração” (Mt 22,37). Mas, como amar? O Catecismo nos diz que a maneira concreta de amar a Deus é viver as virtudes teologais: fé, esperança e caridade (cfr. Cat. 2086). Quando a graça de Deus atingiu a nossa vida, nós, sendo o que somos, passamos a ser o que não éramos: filhos no Filho. Todo o nosso ser foi elevado à vida sobrenatural. A partir daquele momento, o Pai começou a gerar o seu Verbo (eternamente gerado) e a espirar o seu Amor (eternamente espirado) em nós, dentro de nós; nós passamos a ser templos de Deus, moradas do Altíssimo. Consequentemente, as nossas faculdades superiores também foram elevadas: a inteligência foi potencializada pela fé, a vontade foi fortificada pela caridade, e ambas foram revigoradas pela esperança. Se nós percebêssemos de verdade o que vale a nossa vida em Deus, não a trocaríamos por nada nesse mundo; as coisas temporais guardariam uma relação profunda com as realidades eternas. Talvez já seja assim, mas, caso contrário, pensemos no quanto estamos perdendo ao não buscar a intimidade com a vida íntima do Deus uno e trino.
A pessoa que ama a Deus de todo o coração o adora, conversa com ele, oferece-lhe tudo buscando uma comunhão de vida cada vez mais perfeita com ele. O cristão tem que amar verdadeiramente o Senhor com exclusividade: Deus é o único Deus! Há que evitar, por conseguinte, a superstição, a idolatria, a adivinhação, a magia, os horóscopos, o pôr Deus à prova, o sacrilégio, a simonia, o ateísmo e o agnosticismo. Poderíamos fazer uma reflexão sobre cada um desses pecados citados. No entanto, de momento, basta saber que todas essas coisas tiram a Deus do centro das nossas vidas e fazem com que a criatura ocupe o lugar de Deus no nosso coração.
Mas, pode a criatura ocupar algum lugar no nosso amor? O Evangelho de hoje responde com toda propriedade: “Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39). Como? A essa pergunta se responde com os seguintes mandamentos: honrar pai e mãe, não matar, não pecar contra a castidade, não furtar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo e não cobiçar as coisas alheias. Como se pode ver, todos os mandamentos continuam válidos e o cristianismo sempre os ensinou. Não obstante, a vida cristã não consiste em cumprir mandamentos, mas em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Em que medida? Na medida de Cristo. A nossa moral, a nossa ética, não é uma moral de mandamentos, mas a vida nova em Cristo, moral de amor e de virtudes. De fato, diz o Catecismo: “Os mandamentos propriamente ditos vêm em segundo lugar; exprimem as implicações da pertença a Deus, instituída pela Aliança. A existência moral é resposta à inciativa amorosa do Senhor” (Cat. 2062). Dito de outra maneira, a nossa existência cristã é vida no amor de Deus cujas implicações são, basicamente, o cumprimento dos mandamentos.
Quem ama a Deus, ama o próximo. O amor do cristão, mergulhado no amor que Deus tem por todos os seres humanos, se compadece e vai ao encontro das necessidades dos outros. Somente o amor de Deus no coração explica ações como essas: “o rei S. Luís visitava e cuidava dos doentes com tanto desvelo como se fosse sua própria obrigação. (…) S. Gregório muito folgava de dar agasalho aos peregrinos, a exemplo do patriarca Abraão, e, como ele, recebeu um dia o Rei da glória na forma de um peregrino. Tobias exercia a caridade, sepultando os mortos. Santa Isabel, sendo uma augusta princesa, achava a sua alegria em humilhar-se a si mesma. Santa Catarina de Gênova, tendo perdido o seu marido, dedicou-se ao serviço num hospital. Cassiano refere que uma jovem virtuosa, que muito desejava se exercer na paciência, recorreu a Santo Atanásio, que a encarregou de uma pobre viúva melancólica, colérica, enfadonha e mesmo insuportável, de sorte que, como a viúva estivesse constantemente ralhando, a jovem tinham ocasião bastante de praticar a brandura e a condescendência” (S. Francisco de Sales, Filotéia ou Introdução à vida devota, III, 1). Chegaremos lá? Com a graça de Deus e o esforço pessoal, amaremos de fato.
Pe. Françoá Costa


PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou Ministros da Palavra):



LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)                                                30º D.T. C
- COM JESUS, por Jesus e com Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Bendito seja Deus que é bondade e misericórdia
- Senhor, nosso Deus, nós vos louvamos e vos agradecemos. Santificado seja o Vosso nome. Vos agradecemos pela vida, pelo batismo, pela família e por tudo que nos destes. Pai, transformai-nos em pessoas de mais amor para convosco e para com o próximo.
T: Bendito seja Deus que é bondade e misericórdia
-Senhor, Vós libertastes Vosso povo da escravidão do Egito. Como povo livre nos ensinastes a justiça para com os mais fracos. Penetrai em nossos corações para que pratiquemos o amor para com todos, para sermos uma comunidade mais fraterna.
T: Bendito seja Deus que é bondade e misericórdia
-Senhor, nós queremos seguir os exemplos de vosso Filho Jesus Cristo. Queremos amar, perdoar e servir a quem estiver próximo de nós. Dai-nos força para que pratiquemos o vosso amor e sejamos exemplo de comunidade.
T: Bendito seja Deus que é bondade e misericórdia
-Senhor, o maior mandamento é amar-vos sobre todas as coisas e o segundo e amar ao nosso próximo como a nós mesmos. Isto não nos é fácil, Principalmente quando estes não são nossos amigos. Pai, transformai-nos para que saibamos amar a todos, mesmo àqueles que nos tem ofendido.
T: Bendito seja Deus que é bondade e misericórdia
-: PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O Cordeiro...

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Deus Goel (Destruidor, Vingador)

Deus vingador é o Deus “Goel”. Goel é o Deus Sanguinário.  Se lesar o irmão, vai se ter com o Goel, o vingador. Eu também posso vingar, se meu irmão for lesado, mas não se o lesado sou eu. O ser mortal não lesa a Deus. Ninguém precisa defender Deus. Deus é inatingível. Jó xinga a Deus toda hora e Deus não está nem um pouco preocupado. Pode-se xingar a Deus, fazer a maior barbaridade que jamais atinge a pessoa de Deus. Agora, Deus é implacável quando um filho seu é lesado.
Vingar é só pelo o irmão e não por mim. Eu agindo, é Deus agindo na sua vingança. Só que a nossa postura quando vingamos é que agimos por nós e não pelo irmão. Por isso não posso ser vingativo. Só quando for pelo irmão, e não por meu ego ferido, é que posso e assim Deus Goel vai realizar a sua vingança (Êxodo 11,4-7; 12,7-14).
 
Sangue no Antigo Testamento significa a vida. Por isso há textos que dirão que não se deve comer o sangue, pois é a vida do animal, pois a vida pertence a Deus. No Egito o sangue na porta da casa dos hebreus aplacou a  ira de Deus Goel. Era sinal de que ali morava um israelita.

Quando Jesus celebra a páscoa, diz que o vinho é o sangue da Nova Aliança. Quem não o tomar, não terá parte com ele. Então, o sangue é a ponte entre Deus Goel, Jesus e a comunidade.

 Na cruz Jesus derrama seu sangue para aplacar o Deus vingador: para ninguém mais precisar morrer. Seu sangue derramado é para aplacar a ira de Deus vingador. A partir daí,  ninguém mais tem o direito de tirar o sangue de um irmão. Por que se Deus não faz  isto,  por que um ser mortal o faria? Ora, se eu tiro o seu sangue, então eu abro precedente para Deus tirar o meu sangue. Por que? Porque Ele age conforme as minhas ações. O Deus vingador, portanto, é o Deus que faz justiça para quem não tem voz, nem vez, nem força e não ocupa um lugar na sociedade. O Deus vingador é aquele que atende o desvalido, aquele que nada vale.

O primeiro catecismo da Igreja católica contempla a pena de morte. É muito forte e polêmico. Ele diz que, quando não tiver outro jeito, mata-se a pessoa que traz problemas. Mas a questão não é esta, mas outra; Se um ladrão mata um inocente, como é que se dá a justiça de Deus? Se a sociedade não recupera-lo, este vai estar irrecuperável, pois Deus não faz a parte que é da humanidade. É obrigação da sociedade recuperar (Provérbios 24,23-24).

 Ímpio é todo aquele que lesa o irmão. Agora, se julgar alguém como ímpio e na verdade ele for justo, isto trará maldição para toda a sociedade. Quando julgar o ímpio como ímpio e for esta a verdade, então, será uma benção para toda a sociedade. Se tratar o ímpio como justo, é porque não tem justiça. Toda a sociedade é amaldiçoada ou abençoada na medida que age com justiça. Se não tem critério, não julgue. O juiz deve ser imparcial.  No escuro, não dirija; dirigir um carro em plena escuridão é burrice e vai pagar caro.  Cada inocente assassinado é Goel clamando por justiça. A proteção, a benção, de Deus é tratar o justo como justo e o ímpio como ímpio. Agir contrário é aguçar a ira de Deus Goel.

O fulano lesou um irmão? Ele tem que ser recuperado. Ele deve ser tratado como  ímpio, sofrer as penalidades e deve fazer uma conversão. Se matou, interferiu na vida que é de Deus. Se roubou, está contribuindo  com a injustiça.  É pelo nosso julgamento e procedimento que atrairemos as bênçãos ou a maldição de Deus Goel para toda a sociedade.     

Então, ser advogado de réu é um erro? No julgamento, todos são inocentes, justos, até que se prove ao contrário. Todos têm direito de se defenderem. O advogado é aquele que tentará provar que o réu é inocente. Existem leis para se avaliar a culpa ou não. As leis vão proteger ou condenar os que estão sendo julgados. O próprio juiz não vai condenar ou absorver o réu pela sua cabeça, mas vai interpretar a lei.  Se as leis são injustas, a culpa é da sociedade. Se ele é ímpio e não é condenado como ímpio, mas como justo, a culpa recai sobre toda a sociedade.

Se alguém necessita de benção para a sua casa, é porque alguém está tratando ímpio como justo. Água benta não protege ninguém. O que protege é a prática da justiça: tratar o  justo como justo e o ímpio como ímpio.

Se Goel vinga o sangue do inocente, como é que fica Jesus, que derramou seu sangue, é inocente e foi tratado como ímpio? Por isso, Jesus pede na cruz: “Pai, Perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem”. A partir de Jesus ninguém mais deveria tirar o sangue de ninguém. Ele derrama seu sangue para a coisa parar por aí. Ele já aplacou a vingança de Goel. Ele foi o “bode expiatório”.

Por que fulano é assassino? Será que a sociedade lhe deu o que lhe era de direito? Será que teve formação, educação e exemplos bons? Será que ele não é fruto de nossa própria injustiça?

Quando eu aprovo uma lei de aborto, eu estou provocando Goel, pois não estou sendo justo para com o indefeso. Não tendo justiça, toda a sociedade irá pagar. Eu sou condenado não só pelos erros que fiz, mas principalmente pelo bem que deixei de fazer. Deus conta mais nosso esforço do que nossas realizações.

Matar é último recurso. Há situações em que o desespero é tão grande, que damos graças a Deus quando o malvado é morto. Quando, ou ele é morto ou nós poderemos todos morrer. Não é nem questão de direitos humanos, é questão de Goel. Isto só é válido quando não se tem outra opção.

O que garante a benção é estarmos  juntos, em comunhão com Jesus;  é esta a nossa possibilidade de ressurreição. A partir do pão, em comunhão com os irmãos, fazendo a vontade do Pai é que nos vai levar a construirmos o Reino e nele habitar para sempre.

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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM, homilias, subsídios homiléticos

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano 2017 (Adaptado pelo Diácono Ismael)

Tema; “A Deus o que é de Deus!”; é a Ele que devemos subordinar toda a nossa existência.
A primeira leitura sugere que Deus é o verdadeiro Senhor da história e que é Ele quem conduz seu Povo à felicidade e à realização plena. Os homens na história são apenas os instrumentos de Deus para concretizar os seus projetos de salvação.
O Evangelho: O homem pertence a Deus. Tudo o resto deve ser relativizado.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã que colocou Deus no centro do seu caminho, vive numa ativa, numa caridade e numa esperança inabalável.

PRIMEIRA LEITURA (Is 45,1.4-6) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu Ungido: “Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho dos reis, abrir todas as portas à sua marcha e para não deixar trancar os portões. Por causa de meu servo Jacó e de meu eleito Israel, chamei-te pelo nome; reservei-te, e não me reconheceste. Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há deus. Armei-te guerreiro, sem me reconheceres, para que todos saibam, do Oriente ao Ocidente, que fora de mim outro não existe. Eu sou o Senhor, não há outro”.

AMBIENTE - O texto é do Deutero-Isaías (cf. Is 40-55), um profeta anônimo da escola de Isaías, que cumpriu a sua missão profética na Babilônia entre 550 e 539 a.C.
Durante o reinado de Nabônides, rei da Babilônia, desponta na Pérsia em 553 a.C., Ciro, rei dos Persas, conquista a capital da Média (Ecbátana) e junta no mesmo império os Medos e os Persas. Depois (547 a.C.), marcha contra a Lídia, conquista Sardes e apodera-se da maior parte da Ásia Menor. Nos anos seguintes, uma série de vitórias dão-lhe o domínio do Irã oriental, do Afeganistão e do Turquestão, até à Índia. Dirige, em seguida, os seus exércitos contra a Babilônia e, em 539 a.C., entra vitorioso na capital babilônica onde, sem qualquer oposição, é recebido como libertador. As notícias que chegam sobre as vitórias de Ciro fazem os exilados sonhar com a proximidade da libertação do cativeiro. À alegria pela libertação iminente junta-se, no entanto, alguma confusão e perplexidade… Então o libertador não vai sair do meio do Povo de Deus, mas é um rei estrangeiro? E quando a libertação acontecer, a quem deve ser atribuída: a Jahwéh, o Deus dos exilados judeus, ou a Marduk, o deus de Ciro? Jahwéh ter-se-á desinteressado do seu Povo? Ou terá perdido o seu poder?
Trata-se de um problema teológico sério que, em última análise, pode determinar a manutenção ou não da fé do Povo em Jahwéh. O Deutero-Isaías vai procurar esclarecer esta questão e explicar o papel de Jahwéh nos acontecimentos.

MENSAGEM - O Deutero-Isaías não tem dúvidas: Jahwéh é o verdadeiro condutor de todo o processo que vai culminar na libertação do Povo de Deus. Ciro, o grande rei que se apresta para derrubar o poderio babilônico, é “o ungido” (“o messias”; “o cristo”) de Jahwéh. Dizer que Ciro é “o ungido” significa dizer que ele recebeu a “unção” com óleo; e que, através dessa “unção”, Ciro recebeu o Espírito de Deus e foi investido para uma missão. Portanto, Deus escolheu Ciro, derramou sobre ele o seu Espírito e concedeu-lhe poder (“cingi-te”) para que ele, desempenhando a sua missão real, se tornasse o instrumento de Deus no mundo. Ciro foi designado por Deus para “subjugar as nações”. No entanto, o que é aqui preponderante é que essa missão deve concretizar-se em benefício do Povo de Deus: se Deus chamou Ciro “pelo nome”, lhe deu “um título glorioso” e lhe confiou o poder sobre as nações foi, nas palavras de Jahwéh, “por causa de Jacob, meu servo, e de Israel, meu eleito…”. Ciro aparece, claramente, como o instrumento através do qual Deus atua no mundo e na história e realiza os seus projetos de salvação e de libertação do seu Povo. É através dos homens que Deus intervém no mundo. O Deutero-Isaías deixa claro que só Jahwéh é o Senhor da história e que, fora d’Ele, não há Deus. Ciro ainda não conhece Jahwéh; mas, sem o saber, ele está a realizar o projeto do Senhor. Portanto, é a Jahwéh e não a Marduk que os exilados devem agradecer a sua libertação. Embora servindo-se de um rei estrangeiro, Jahwéh vai mostrar a Judá que é esse Deus salvador e libertador, em quem o Povo pode sempre confiar.

ATUALIZAÇÃO - • Também nós ficamos, tantas vezes, perplexos diante dos acontecimentos do nosso tempo. Não percebemos o significado nem o alcance de certos eventos e não conseguimos saber para onde é que a história nos conduz. Sentimo-nos perdidos, assustados, à deriva, como barco sem leme… E, para além disso, Deus parece manter-se em silêncio, sem mexer um dedo, aos dramas que marcam nossa caminhada. Perguntamo-nos: onde está Deus, quando a história humana parece percorrer caminhos difíceis? Porque é que Ele deixa que os homens destruam o planeta, cultivem a exploração e a injustiça, mantenham tantos homens, mulheres e crianças amarrados à miséria e à escravidão? A primeira leitura deste domingo garante-nos: Deus nunca abandona os homens. Ele encontra sempre formas de intervir na história e de concretizar os seus projetos de vida, de salvação, de libertação… Talvez as intervenções de Deus nem sempre sejam à luz da lógica dos homens; talvez nem sempre consigamos perceber o verdadeiro alcance dos projetos de Deus; mas Deus lá está, como Senhor da história, conduzindo o mundo de acordo com o projeto de vida que Ele tem para os homens e para o mundo. Resta-nos, mesmo quando não percebemos os seus critérios, confiarmos e entregarmo-nos em suas mãos.
• Normalmente, Deus não intervém na história através de manifestações impressionantes, espetaculares, caídas do céu, que se impõem como verdades infalíveis e que deixam os homens espantados… Deus atua no mundo com simplicidade e discrição, através de pessoas – muitas vezes pessoas limitadas, pecadoras, “normais” – a quem Ele chama e a quem Ele confia uma missão. O que é fundamental é que cada homem ou cada mulher que Deus chama esteja disponível para acolher esse chamamento e para aceitar ser instrumento de Deus na construção de um mundo novo.
• Deus pode servir-Se daquele que é pecador e marginal aos olhos do mundo para oferecer aos homens a vida e a salvação. O que interessa não são as “qualidades” do intermediário, mas a força de Deus. É necessário ter isto presente… Se conseguimos fazer algo para tornar o mundo um pouco melhor, isso não se deve às nossas brilhantes qualidades, mas a esse Deus que age por nosso intermédio.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 95 (96)
Ó família das nações, dai ao Senhor poder e glória!
• Cantai ao Senhor Deus um canto novo, /cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! /
Manifestai a sua glória entre as nações / e entre os povos do universo seus prodígios!
• Pois Deus é grande e muito digno de louvor, / o mais terrível e maior que os outros deuses, /
 porque um nada são os deuses dos pagãos. / Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus.
• Ó família das nações, dai ao Senhor, / ó nações, dai ao Senhor poder e glória, /
dai-lhe a glória que é devida ao seu nome! / Oferecei um sacrifício nos seus átrios.
• Adorai-o no esplendor da santidade, / terra inteira, estremecei diante dele! /
Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!”, / pois os povos ele julga com justiça.

EVANGELHO (Mt 22,15-21) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes, para dizerem a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?” Jesus percebeu a
maldade deles e disse: “Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? Mostrai-me a moeda do imposto!” Levaram-lhe então a moeda. E Jesus disse: “De quem é a figura e a inscrição desta moeda?” Eles responderam: “De César”. Jesus então lhes disse: “Dai pois a César oque é de César, e a Deus o que é de Deus”.

AMBIENTE - No confronto final entre Jesus e os dirigentes judeus, Jesus conta-lhes três parábolas (que lemos e meditamos nos últimos três domingos). Na primeira, identifica-os com o filho que disse “sim” ao seu pai, mas que não foi trabalhar no campo (cf. Mt 21,28-32); na segunda, equipara-os aos vinhateiros maus que tiveram a ousadia de matar o filho (cf. Mt 21,33-46); na terceira, compara-os com os convidados para o banquete que rejeitaram o convite (cf. Mt 22,1-14). Irritados com a ousadia de Jesus e questionados pelas suas comparações, os líderes judaicos procuram um pretexto para o acusar. É neste contexto que Mateus nos vai apresentar três controvérsias entre Jesus e os fariseus (cf. Mt 22,15-22.23-33.34-40). Em qualquer caso, o objetivo é encontrar argumentos para apresentar em tribunal contra Jesus.
A primeira questão que os fariseus põem a Jesus é muito delicada. Diz respeito à obrigação de pagar os tributos ao imperador de Roma… Além dos impostos indiretos (portagens, direitos alfandegários, taxas várias), as províncias romanas pagavam ao Império o tributo, que era uma quantia estipulada por Roma e que todos os habitantes do Império deviam pagar. Era considerado um sinal da sujeição a Roma. A questão que põem a Jesus é, portanto, esta: é lícito pactuar com esse sistema gerador de escravidão e de injustiça?
Os partidários de Herodes e os saduceus (a alta aristocracia sacerdotal) estavam de acordo com o tributo, pois aceitavam a sujeição a Roma. Os movimentos revolucionários, no entanto, estavam frontalmente contra, pois consideravam o imperador um usurpador do poder que só pertencia a Jahwéh e interditavam aos seus partidários o pagamento do dito tributo. Os fariseus, embora não aceitando o tributo, tinham uma posição intermediária e não propunham uma solução violenta para a questão… Se Jesus se pronunciasse a favor do pagamento do tributo, seria acusado de defender a usurpação pelos romanos do poder que pertencia a Jahwéh; mas se Jesus se pronunciasse contra o pagamento do imposto, seria acusado de revolucionário, inimigo da ordem romana…

MENSAGEM - Confrontado com a questão, Jesus convidou os seus interlocutores a mostrar a moeda do imposto e a reconhecerem a imagem gravada na moeda (a imagem de César). Depois, Jesus concluiu: “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Provavelmente, Jesus quis sugerir que o homem não pode nem deve alhear-se das suas obrigações para com a comunidade em que está integrado. Em qualquer circunstância, ele deve ser um cidadão exemplar e contribuir para o bem comum. A isso, chama-se “dar a César o que é de César”. No entanto, o que é mais importante é que o homem reconheça a Deus como o seu único senhor. As moedas romanas têm a imagem de César: que sejam dadas a César. O homem, no entanto, não tem inscrita em si próprio a imagem de César, mas sim a imagem de Deus (cf. Gn 1,26-27: “Deus disse: ‘façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança’… Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus”): portanto, o homem pertence somente a Deus, deve entregar-se a Deus e reconhecê-lo como o seu único senhor.
Jesus vai muito além da questão que Lhe puseram… Recusa-Se a entrar num debate de caráter político e coloca a questão a um nível mais profundo e mais exigente. Na abordagem de Jesus, a questão deixa de ser uma simples discussão acerca do pagamento ou do não pagamento de um imposto, para se tornar um apelo a que o homem reconheça Deus como o seu senhor e realize a sua vocação essencial de entrega a Deus (ele foi criado por Deus, pertence a Deus e transporta consigo a imagem do seu senhor e seu criador). Jesus deixa claro que o homem só pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas mãos de Deus. Tudo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político.

ATUALIZAÇÃO • A questão essencial que o nosso texto aborda é esta: o homem pertence a Deus e deve considerar Deus o seu único senhor e a sua referência fundamental. No entanto, embriagados pelo turbilhão das liberdades e das novas descobertas, os homens do nosso tempo consideraram que eram capazes de descobrir, por si próprios, os caminhos da vida e da felicidade e que podiam prescindir de Deus… Instalaram-se no orgulho e na autossuficiência e deixaram Deus de fora das suas vidas. É preciso voltarmos a Deus e redescobrirmos a sua centralidade na nossa existência. Fomos criados para a comunhão com Deus e só nos sentiremos felizes e realizados quando nos entregarmos nas suas mãos e fizermos d’Ele o centro da nossa caminhada.
• Em muitos casos, Deus foi apenas substituído por outros “deuses”: o dinheiro, o poder, o êxito, a realização profissional, a ascensão social, o clube de futebol… tomaram o lugar de Deus e passaram a dirigir e a condicionar a vida de tantos dos nossos contemporâneos. Quase sempre, no entanto, essa troca trouxe, apenas, escravidão, alienação, frustração e sentimentos de solidão e de orfandade…
• O homem e a mulher foram criados à imagem de Deus. Eles não são, portanto, objetos que podem ser usados, explorados e alienados, mas seres revestidos de uma suprema dignidade, de uma dignidade divina. Apesar da Declaração Universal dos Direitos do Homem, há milhões de homens, mulheres e crianças que continuam, todos os dias, a ser maltratados, humilhados, explorados, desprezados, diminuídos na sua dignidade. Destruir a imagem de Deus que existe em cada criança, mulher ou homem, é um grave crime contra Deus. Devemos sentir-nos responsáveis sempre que algum irmão ou irmã  é privado dos seus direitos e da sua dignidade; e temos o dever de lutar  contra todos os sistemas que atentem contra a vida e a dignidade de qualquer pessoa.
• Para o cristão, Deus é a referência fundamental e está sempre em primeiro lugar; mas isso não significa que o cristão viva à margem do mundo e se demita das suas responsabilidades na construção do mundo. O cristão deve ser um cidadão exemplar, que cumpre as suas responsabilidades e que colabora na construção da sociedade humana. Ele respeita as leis e cumpre pontualmente as suas obrigações tributárias, com coerência e lealdade. Não foge aos impostos, não aceita esquemas de corrupção, não infringe as regras legalmente definidas. Vive de olhos postos em Deus; mas não se escusa a lutar por um mundo melhor e por uma sociedade mais justa e mais fraterna.

8. SEGUNDA LEITURA (1Ts 1,1-5b) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
Paulo, Silvano e Timóteo, à Igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: a vós, graça e paz! Damos graças a Deus por todos vós, lembrando vos sempre em nossas orações. Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos. Porque o nosso evangelho não chegou até vós somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito
Santo; e isso, com toda a abundância.

AMBIENTE – Tessalônica era, no século I da nossa era, a cidade mais importante da Macedônia. Importante porto marítimo e cidade de intenso comércio, era uma encruzilhada religiosa, na qual os cultos locais coexistiam lado a lado com todo o tipo de propostas religiosas vindas de todo o Mediterrâneo.
Tessalônica foi evangelizada por Paulo durante a sua segunda viagem missionária, provavelmente no Inverno dos anos 49-50. Paulo chegou a Tessalônica acompanhado de Silvano e Timóteo, depois de ter sido forçado a deixar a cidade de Filipos. O tempo de evangelização foi curto – talvez uns três meses; mas foi o suficiente para fazer nascer uma comunidade cristã numerosa e entusiasta, constituída majoritariamente por pagãos convertidos. No entanto, a obra de Paulo foi brutalmente interrompida pela reação da colônia judaica… Os judeus acusaram Paulo de agir contra os decretos do imperador e levaram alguns cristãos diante dos magistrados da cidade (cf. At 17,5-9). Paulo teve de deixar a cidade às pressas, de noite (cf. At 17,10-15).
Entretanto, Paulo tinha a consciência de que a formação doutrinal da comunidade cristã de Tessalônica ainda deixava muito a desejar. A jovem comunidade, fundada há pouco tempo e ainda insuficientemente catequizada, estava quase desarmada nesse contexto adverso de perseguição e de provação (cf. 1 Tes 3,1-10). Preocupado, Paulo enviou Timóteo a Tessalônica, a fim de saber notícias e encorajar os tessalonicenses na fé (cf. 1 Tes 3,2-5). Quando Timóteo voltou e apresentou o seu relatório, Paulo estava em Corinto. Confortado pelas informações dadas por Timóteo, o apóstolo decidiu escrever aos cristãos de Tessalônica, felicitando-os pela sua fidelidade ao Evangelho. Aproveitou também para esclarecer algumas dúvidas doutrinais que inquietavam os tessalonicenses e para corrigir alguns aspectos menos exemplares da vida da comunidade.

MENSAGEM - Paulo, Silvano e Timóteo estão profundamente agradecidos a Deus, pela ação de Deus na vida da comunidade cristã de Tessalônica. Diante da proposta do Evangelho, os tessalonicenses responderam generosamente, com uma fé ativa, uma caridade esforçada e uma esperança firme. A “fé ativa” traduz a realidade de uma adesão ao Evangelho que não se manifesta só em palavras, mas também em atitudes concretas de transformação; a “caridade esforçada” dá conta de um amor que não é teórico mas é efetivo, e que se traduz em gestos de entrega, de partilha, de doação; e a “esperança firme” define essa confiança inabalável dos tessalonicenses em Deus e na vida nova que Ele reserva àqueles que O amam – confiança que, nem a hostilidade do mundo, nem as dificuldades da vida conseguem deitar por terra. Na verdade, tudo isto resulta do fato de os tessalonicenses terem sido “escolhidos” por Deus. No Antigo Testamento, a “eleição” é um privilégio de Israel, escolhido por Deus de entre os outros povos, não em virtude dos seus méritos particulares, mas como resultado da graça e do amor de Deus; agora, são as comunidades cristãs de origem pagã que são objeto do mesmo privilégio, que tem a sua fonte no amor gratuito do Deus salvador.
O Evangelho que Paulo, Silvano e Timóteo anunciaram aos tessalonicenses não foi um discurso feito de belas palavras, mas foi uma Boa Nova de Deus, poderosa e transformadora, que encontrou eco no coração dos tessalonicenses que, pela ação do Espírito Santo, deu frutos de fé, de amor e de esperança. É por tudo isto que Paulo, Silvano e Timóteo louvam o Senhor.

ATUALIZAÇÃO • Hoje, uma comunidade cristã que viva, com fidelidade, a fé, a esperança e a caridade, não será notícia; em contrapartida, os meios de comunicação social explorarão os escândalos …
• O nosso texto convida-nos a potenciar o louvor e o agradecimento a Deus.

Dehonianos
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Pe. AntônioDeus e César

O Cristão é um cidadão como todos os outros: desfruta dos mesmos direitos e tem os mesmos deveres. E os impostos, ele é obrigado a pagar?
As Leituras nos dão uma resposta...

Na 1aLeitura, um rei pagão foi "instrumentos de Deus"  para libertar o seu povo da escravidão da Babilônia. (Is 45,1.4-6)

Ciro, Rei da Pérsia, foi um excelente comandante e político iluminado. Conquistou todos os impérios do oriente, inclusive a Babilônia.
No ano 538, depois de conquistar a Babilônia, permitiu aos judeus voltarem à própria terra e
começarem a reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém.
O profeta chama o rei pagão de "ungido do Senhor".
Ciro torna-se instrumento de Deus, mesmo sem o conhecer, sem mesmo ser membro do povo da Aliança.

* O texto sugere que Deus é o verdadeiro "Senhor da História" e que é Ele quem conduz a caminhada do seu Povo. Deus pode se servir de qualquer pessoa para realizar seus projetos.
Pode se servir de dirigentes até sem religião, desde que sejam  competentes, honestos e saibam promover o bem-estar e a paz.
- O contrário também pode acontecer: Nem toda pessoa "religiosa" e bem intencionada tem a necessária competência para uma função pública.

No Evangelho, Jesus responde a uma pergunta política. (Mt 22,34-40)

Discípulos dos fariseus e herodianos, favoráveis ao poder romano, fazem  uma pergunta capciosa: "É permitido ou não pagar o TRIBUTO a César?"

- Se dissesse SIM: apareceria como colaborador da dominação romana.
  Se dissesse NÃO: seria denunciado às autoridades romanas como subversivo.
- Jesus percebe a armadilha. Pede uma moeda e pergunta:    "De quem é essa imagem?

  "Dai pois a César o que é de César..."  e acrescenta: "...e a Deus o que é de Deus"


+ "Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus":
"Dar" significa aqui "devolver" a cada um o que lhe pertence.
Não deve dar a César o que não lhe pertence: a ADORAÇÃO, devida unicamente a Deus (não aos imperadores...).
* Jesus não nega o pagamento do tributo imperial.
O amor a Deus não tira as obrigações para com a nação.
Mas questiona a pretensão de César de se nivelar a Deus e exigir dos súbditos culto só devido a Deus.

+ Um Perigo: Tirar o lugar de Deus.
- Uns reconhecem a autoridade do império, por isso servem aos interesses dele, pagando o imposto;
- Outros querem reconhecer a autoridade de Deus, mas deixam de lado o que é de Deus.
  O dinheiro, o poder, o êxito, a realização profissional, a ascensão social, o clube de futebol… podem tomar o lugar de Deus e passam a dirigir e a condicionar a vida de muitas pessoas.

* Deus é, de fato, nosso único "Senhor", a quem servimos?

+ Conclusões da resposta de Jesus:

- "Dar a César..." (a imagem de César)
O Cristão tem obrigações com a Sociedade em que vive. Nenhum país funciona se a população não der a César o que é de César... O cristão deve ser um bom cidadão. É uma obrigação moral, além de civil, contribuir para o bem comum com o pagamento de impostos justos.

- "Dar a Deus" (o homem foi criado à "imagem" de Deus) Por isso, seus direitos e sua dignidade devem ser respeitados por todos.  Nós somos o "seu Povo", que não pode ser vendido a nenhum César.
Tudo o que temos é Deus que nos deu; devemos “devolver” em gratidão, oração, amor e ser auxílio a todos os seus filhos, os nossos irmãos e irmãs que conosco vivem neste mundo.

- Dar à Comunidade cristã (devemos ser membro vivo e atuante...)

  A Igreja no Brasil nos pede que todos devemos:
    "EVANGELIZAR, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres,  para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo". (DGAE)

- Colaborar pela sua manutenção, com o Dízimo...
  A Bíblia fala e condena os que "sonegam" o tributo do templo...

+ Estamos, de fato, dando a César o que é de César e a Deus o que é de Deus?
   Não podemos "sonegar" o nosso tributo nem a Deus, nem à Nação, nem à Comunidade...

                                      Pe. Antônio Geraldo


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Homilia de D. Henrique Soares     Mt 22,15-21

"Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". Eis, caríssimos irmãos no Senhor, a frase que resume perfeitamente a Liturgia da Palavra deste Domingo. Frase tão conhecida, tão repetida e tão poucamente compreendida! E, no entanto, uma das frases mais radicais e revolucionárias do Evangelho; frase que bem serve de bandeira para os crentes do mundo descrente de hoje.
Recordemos o contexto. Os inimigos de Jesus prepararam-lhe uma inteligente armadilha. Primeiro o elogiaram com um elogio hipócrita, mas, fiel à realidade, que nos mostra bem a grandeza de caráter do Senhor nosso: "Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências". Que belo elogio! Que belo exemplo a ser seguido! Mas, eis que vem a armadilha: "É lícito ou não pagar o imposto a César?" Se Jesus respondesse "sim", seria acusado de peleguismo, de colaboracionismo com os opressores pagãos romanos, impuros e odiados pelo povo; se respondesse "não", seria acusado de revoltoso anti-romano diante de Pôncio Pilatos pelos seus próprios inimigos; se respondesse "não sei", seria desmoralizado como um rabi incompetente e estulto. Eis, pois: a armadilha era perfeita! Mas, a resposta de Jesus foi mais perfeita ainda, verdadeiramente admirável! Pediu uma moeda, perguntou de quem era a inscrição... "Então, se usais a moeda de César, é porque César é quem manda de fato! Dai, pois, a César o que é de César!" E, então vem o complemento. Impressionante: "Mas, dai a Deus o que é de Deus!"
Que significa tal resposta? À primeira vista, Jesus estaria dividindo o mundo, as realidades, em duas áreas: uma para Deus e outra para César. Deus e César, lado a lado... Nada disso! Ao ensinar a dar a César o que é de César, o Senhor nos convida a respeitar as estruturas da sociedade em que vivemos, a levá-las a sério, a bem viver nelas. César, aqui, significa o mundo em que vivemos, com toda sua riqueza e complexidade. César é a política, César é a Pátria, a família; César é o trabalho, o emprego, o esporte que praticamos; César são os amigos e os sonhos nossos... Tudo quanto é humano e legítimo pode e deve ser apreciado e respeitado pelos cristãos. Podemos dar a César o que é de César, sem medo nem temor! Mas, ao ensinar e exortar a dar a Deus o que é de Deus, o Senhor nos recorda com toda seriedade que somente Deus é Deus. E o que se deve dar a Deus? Tudo; absolutamente, tudo! De Deus é a nossa vida, de Deus é a nossa morte, de Deus é tudo quanto temos, vivemos e somos: Dai a César o que é de César, mas recordai que também César pertence a Deus! César não é Deus! E aqui está o genial e admirável da resposta de Nosso Senhor. César se julgava Deus, era chamado "Divino César", considerava-se senhor da vida e da morte! Ora, Jesus nega a César tal pretensão! César é somente César e, como César, morrerá! Somente o Senhor é Deus! A ciência não é Deus, a tecnologia não é Deus, os grandes do mundo não são Deus! Só o Senhor é Deus! São Paulo faz eco a essas palavras de Jesus ao nos afirmar: "Tudo pertence a vós: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus" (1Cor 3,21-23).
A grande tentação nossa é colocar no lugar de Deus os tantos césares da vida. Não se endeusa a ciência? Não se absolutiza a tecnologia, não se adora o sexo? Os grandes do mundo – grandes pelo poder, ou pela riqueza, ou pelo sucesso – não se acham divinos, sem reconhecer, como Ciro, na primeira leitura de hoje, que tudo vem de Deus, que estamos nas suas mãos, que tudo é, misteriosamente, fruto da sua providência?
Cristão, tu deves participar da vida da humanidade, deves ser homem entre os homens, deves participar da construção da sociedade... Tu deves saber apreciar o que de bom e de belo existe no mundo... Mas, não te esqueças: nada disso é Deus, nada disso merece tua adoração, nada disso deve prender teu coração: nem família, nem pátria, nem amigos, nem posse, idéias ou poder! Só o Senhor é Deus! A César, o que é de César; a Deus tudo, pois tudo é de Deus! Viver assim é crer de verdade, é levar Deus a sério de verdade! Grande ilusão nossa é pensar que podemos colocar Deus no meio de tantos e tantos amores, de tantas e tantas paixões, fazendo dele apenas mais uma, entre tantas realidades da vida. Não! Ele é tudo, ele é o Tudo, como dizia São Francisco de Assis: "Tu és o Bem, todo o Bem, o Bem universal!"
Caríssimos, que na oração, na experiência da vida sacramental e na escuta da Palavra do Senhor nós aprendamos e reconhecer Deus como Deus na nossa vida.  Para que, como aconteceu com os cristãos de Tessalônica, na segunda leitura de hoje, estejam diante de Deus sem cessar "a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo".

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Sem cera!

“Mestre, sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus em toda a verdade, sem te preocupares com ninguém, porque não olhas para a aparência dos homens” (Mt 22,16). Os homens que falam são aduladores! E Jesus não se deixa conquistar pela duplicidade da linguagem, nem pela malícia daqueles homens. O Evangelho descobre a falsidade deles logo no começo da narração; eram discípulos daqueles fariseus que tinham deliberado “sobre a maneira de surpreender Jesus nas suas próprias palavras” (Mt 22,15).
Afirmava um amigo meu que cada um de nós leva dentro um “pequeno fariseu” ou um “discípulo de fariseu”. E tem razão! Frequentemente, podemos procurar parecer o que não somos para agradar, para subir na vida, para alcançar uma posição social, para… Desta maneira, se pode passar a vida com um disfarce no rosto, ocultando assim o que há de mais belo em nós ou não permitindo que as coisas sejam curadas porque não mostramos ao médico divino as nossas feridas.
Deus realmente não gosta da falta de sinceridade. “Os discípulos de Cristo “revestiram-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade” (Ef 4,24). “Livres da mentira” (Ef 4,25), devem “rejeitar toda maldade, toda mentira, todas as formas de hipocrisia, de inveja e maledicência” (1 Pd 2,1)” (Cat. 2475).
Explica um autor que “os romanos, na sua paixão pelo belo e pelo autêntico, admiravam as expressões artísticas mais perfeitas e genuínas, e não admitiam defeitos nas obras de arte. Por isso, quando um escultor falhava, procurava dissimular o defeito cobrindo a irregularidade com cera. E quando a estátua saía perfeita das suas mãos, dizia-se que estava completa, íntegra, autêntica, sine cera – “sem cera”. Daí deriva a expressão sincera” (R. Llano Cifuentes, Vidas sinceras).
Devemos ser assim diante de Deus, “sem cera”, isto é, sinceros; é preciso que sejamos sinceros, bem sinceros: com o nosso confessor, com o diretor espiritual, com aquelas pessoas que tem como encargo saber aquilo que devem saber sobre nós para ajudar-nos. Nós, os cristãos, não participamos das festas de disfarces espirituais porque sabemos que diante de Deus somos o que somos, e nada mais. A máscara que as vezes queremos fazer para nós e que talvez até chamaria a atenção dos outros, nada vale diante de Deus. Jesus conhece até o mais profundo do ser humano, nada se pode esconder dele, muito menos continuar com um disfarce que vele o rosto. Caso contrário, podemos escutar do Senhor aquela palavra que é bastante forte: “hipócritas” (Mt 22,18).
A sinceridade nos leva à autenticidade, a sermos nós mesmos. Também nos leva à simplicidade: nada temos que esconder, somos sempre o que somos e nos mostramos como somos diante dos outros. A pessoa sincera é simples, não anda com complicações, com cavilações inúteis. Uma pessoa sincera é humilde, virtude esta que muito agrada a Deus e atrai novas graças.
Gostaria de insistir num aspecto da sinceridade que é capital. Trata-se daquela sinceridade total que devemos ter no sacramento da confissão. Lá vamos para dizer as podridões, os pecados; para mostrar as feridas, as chagas, as coisas feias. Nenhum padre espera que cheguemos ao confessionário para dizer as nossas virtudes, as coisas boas que fizemos ou como somos pessoas “nota 10”. Não! Para isso não é o sacramento da confissão. Vamos confessar-nos para dizer os pecados, ser perdoados e ficar reconciliados com Deus e com sua Igreja. Devemos ser, portanto, bem sinceros. Melhor ainda se começarmos a falar aquelas coisas que nos parecem mais difíceis de dizer, as que nos causam maior vergonha. Deus nos livre de esconder por vergonha algum pecado, neste caso a nossa confissão seria inválida e nenhum pecado seria perdoado. Outra coisa é quando a gente se esquece de dizer algum pecado. Neste caso, todos os pecados ficam perdoados, podemos ficar bem tranquilos depois da confissão e continuar comungando; na próxima que nos confessarmos diremos aquilo que tínhamos esquecido.
Sinceridade! Sinceridade! Sinceridade! Desta maneira tudo se resolverá, mais cedo ou mais tarde. Confiemos no Senhor, digamos-lhe o que está acontecendo conosco e ele nos dirá aquilo que ele quer de nós. Sejamos sinceros com Deus, pois ele sempre o é conosco.

Homilia do Pe. Françoá Costa

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HOMILIA DO Mons. José Maria Pereira: Os Cristãos e a Política

No Evangelho (Mt22, 15-21) Jesus responde a uma pergunta política.
Discípulos dos fariseus e herodianos, favoráveis ao poder romano, fazem uma pergunta capciosa: “é permitido ou não pagar o tributo o César?”;
Se dissesse sim: apareceria como colaborador da dominação romana.
Se dissesse não: seria denunciado às autoridades romanas como subversivo.
Jesus percebe a armadilha. Pede uma moeda e pergunta: “De quem é essa imagem? Daí a César o que é de  César e a Deus o que é de Deus”.
Jesus dá uma resposta cheia de profundidade divina, que soluciona com toda a exatidão o problema que lhe tinham proposto, mas ao mesmo tempo vai muito além do que lhe tinham perguntado. Não se limita ao sim ou ao não. Dai a César o que é de César, diz-lhes. Quer dizer, dai-lhe aquilo que lhe corresponde, mas não mais do que isso, porque o Estado não tem poder e domínio absolutos.
As autoridades públicas estão gravemente obrigadas a servir o bem comum sem buscar o proveito pessoal; a legislar e governar com o mais pleno respeito pela lei natural e pelos direitos da pessoa: em favor da vida desde o momento da sua concepção, que é o primeiro de todos os direitos; da família, que é a origem da sociedade; da liberdade religiosa; do direito dos pais à educação dos filhos… “Ai daqueles que fazem leis injustas!” (Is 10,1), clama o senhor pela boca do profeta Isaías. Rezar pelos que estão constituídos em autoridade é um dever de todos os cristãos, pois é muito grande a responsabilidade que pesa sobre eles.
Por sua vez, como cidadãos iguais aos outros, os cristãos devem ser homens e mulheres que cumprem escrupulosamente os seus deveres para com a sociedade, para com o Estado, para com a empresa em que trabalham… Esta fidelidade é para os cristãos um dever de consciência, pois diz respeito a prestações que se enquadram no seu caminho de santidade. O pagamento dos impostos justos, o exercício responsável do voto, a colaboração nas iniciativas que têm em vista o bem público, a intervenção na política quando a pessoa se sente chamada a isso…, são tarefas próprias de qualquer cidadão, mas no cristão tornam-se veículos para o exercício das virtudes da justiça e da caridade; são portanto meio de santificação.
Quando o cristão atua na vida pública, no ensino, em qualquer iniciativa cultural…, não pode ocultar a sua fé, pois “a distinção estabelecida por Cristo não significa, de modo algum, que a religião tenha que ser relegada ao templo – à sacristia -, nem que a ordenação dos assuntos humanos deva ser feita à margem de toda a lei divina e cristã” (São Josemaría Escrivá). Antes pelo contrário, os cristãos devem ser sal e luz no lugar onde se encontram, devem converter o mundo num lugar mais humano, habitável, onde os homens encontrem com facilidade o caminho que leva a Deus.
Os fiéis leigos cumprem “esta missão da Igreja no mundo, antes de tudo por aquela coerência da vida com a fé, pela qual se transformam em luz do mundo; pela honestidade em qualquer negócio, honestidade que atrai todos os homens para o amor da verdade e do bem e afinal para Cristo e a Igreja; pela caridade fraterna, pela qual participam das condições de vida, trabalho, dores e aspirações dos irmãos, dispondo insensivelmente os corações de todos para a ação salutar da graça…” (Concílio Vaticano II, A.A, nº13).
Dar a Deus o que é de Deus! Conseguiremos com o testemunho de uma vida coerente, sentindo-nos filhos de Deus, tanto na praça pública como na conversa amável na casa de alguns amigos, persuadidos de que só no seio da Igreja se guardam os valores que podem preencher o tremendo vazio moral e religioso que encontramos na sociedade. Uma sociedade sem esses valores está voltada para uma crescente agressividade e também uma progressiva desumanização. Deus não é uma estrela longínqua, inoperante, mas uma poderosa luz que dá sentido a todos os afazeres humanos.
Diante das tentativas de afastar Deus da vida dos homens contemporâneos na pressuposição que Ele diminua a sua liberdade e a responsabilidade, o Papa Bento XVI durante a recente visita apostólica à Alemanha, afirmou com renovado vigor: “Onde Deus está presente, há esperança e abrem-se perspectivas novas e, freqüentemente, inesperadas que vão para além do hoje e das coisas efêmeras”. Como membro vivo e atuante nas nossas comunidades somos chamados a participar na vida e ação evangelizadora e missionária da Igreja. A Igreja no Brasil, nas suas diretrizes gerais, nos pede que todos devemos: “ Evangelizar, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo” (DGAE).
   
Mons. José Maria Pereira





LOUVOR (QUANDO PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)                                  MT 22, 15-24
- COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS,NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Grande é o senhor, imensa a sua misericórdia.
à Ó Senhor, nosso Deus e Pai, Vós sois o Senhor que nos conduz pela mão em vossos caminhos. Pai, somos o vosso povo e sois nosso Deus. Queremos cumprir a missão que nos destes. Vinde sempre em nosso auxílio.
T: Grande é o senhor, imensa a sua misericórdia.
à Ó Senhor, nosso Deus, nós vos louvamos e agradecemos; pela vida, pelo batismo, pela família e por tudo que nos destes. Sempre necessitamos de vossa ajuda. Muitas coisas teríamos a lhe pedir, mas Vós conheceis nosso íntimo e sabeis de nossas necessidades. Vinde sempre em nosso auxílio.
T: Grande é o senhor, imensa a sua misericórdia.
àSenhor, nós também queremos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Ajudai-nos para que saibamos amar e respeitar ao nosso irmão e irmã que vivem ao nosso lado e ser ajuda aos que a nós recorrem. Que vejamos em todos a vossa imagem e semelhança
T: Grande é o senhor, imensa a sua misericórdia.
   à PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...