30º
DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A 2017 (Adaptado pelo Diácono Ismael)
Tema: “Amar
a Deus e ao próximo!” O que Deus
exige de cada crente é que saiba amar como ele ama a cada ser criado.
A primeira
leitura: Deus não aceita injustiça, opressão, desrespeito pelos mais pobres:
qualquer injustiça praticada contra um irmão é um crime grave contra Deus e nos
coloca fora da Aliança.
O Evangelho:
Toda a revelação de Deus se resume no amor – amor a Deus e amor aos irmãos. Os
dois mandamentos não podem separar-se: “amar a Deus” é cumprir a sua vontade e
estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de
serviço, até ao dom total da vida.
A segunda
leitura: Uma comunidade cristã (Tessalônica) que, apesar da perseguição,
aprendeu o caminho do amor; Dessa experiência comum, nasceu uma imensa família
de irmãos, unida à volta do Evangelho e espalhada por todo o mundo grego.
PRIMEIRA
LEITURA (Ex 22,20-26) Leitura do Livro do Êxodo.
Assim diz o Senhor: Não oprimas nem maltrates o
estrangeiro, pois foste estrangeiro na terra do Egito. Não façais mal algum à
viúva nem ao órfão. Se os maltratardes, gritarão por mim, e eu ouvirei o seu
clamor. Minha cólera, então, se inflamará e eu vos matarei à espada; vossas
mulheres ficarão viúvas e órfãos os vossos filhos. Se emprestares dinheiro a
alguém do meu povo, a um pobre que vive ao teu lado, não sejas um usurário,
dele cobrando juros. Se tomares como penhor o manto do teu próximo, deverás
devolvê-lo antes do pôr-do-sol. Pois é a única veste que tem para o seu corpo e
coberta que ele tem para dormir. Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou
misericordioso.
AMBIENTE – “Os dez mandamentos” eram relativamente gerais e não consideravam todos os casos e situações… Em consequência, surgiram novas normas, que regulavam o dia a dia do Povo de Deus.
Logo a seguir ao “Decálogo”, em lugar de honra, os
catequistas de Israel colocaram um bloco heterodoxo de leis, que se
convencionou chamar “Código da Aliança” (cf. Ex 20,22-23,19). São leis que os
autores do Livro do Êxodo apresentam como ditadas por Deus a Moisés, no Sinai;
na realidade, trata-se de leis de proveniência diversa, que a maioria dos
comentadores faz remontar ao tempo dos “juízes” (séc. XII a.C.).
O “Código da Aliança” é um bloco legislativo que regula
vários aspectos da vida do Povo de Deus, desde o culto até às relações sociais.
Nele sobressai, não só uma consciência muito viva de que Israel é chamado à
comunhão com Deus, mas também um forte sentido social. Revela um Povo preocupado
em concretizar os compromissos da Aliança na vida do dia a dia. Sugere que a fé
de Israel não é uma realidade abstrata, mas uma realidade bem viva, que se deve
viver em cada setor da vida prática. O texto que hoje nos é proposto é um
extrato do “Código da Aliança”.
MENSAGEM - A leitura apresenta formas como lidar com três realidades de
carência: a do estrangeiro, a do órfão e da viúva, e a do
pobre que foi obrigado a pedir dinheiro emprestado. Trata-se de pessoas em
situação difícil, quer em termos sociais, quer em termos econômicos. O
“estrangeiro”, obrigado a deixar a sua terra e o seu quadro de relações
familiares, atirado para um ambiente cultural e social adverso, e onde as leis
locais nem sempre protegem os seus direitos e a sua dignidade. A sua situação
de debilidade é aproveitada por pessoas
sem escrúpulos que os exploram. O “órfão” e a “viúva” integram a categoria das
vítimas dos poderosos. Desprotegidos, ignorados pelos juízes e pelos
dirigentes, sem defesa diante das arbitrariedades dos mais fortes, vítimas de
toda a espécie de injustiças, têm em Jahwéh o seu único defensor. O “pobre que
pede dinheiro” é, quase sempre, esse camponês carregado de impostos, arruinado
por anos de más colheitas, que tem de pedir dinheiro emprestado para pagar as
dívidas e para sustentar a família. A sua necessidade é explorada pelos
especuladores sem escrúpulos, que o obrigam a deixar como penhor os seus bens
mais básicos. Sufocado por juros altíssimos, acaba por tudo perder e por ficar
na miséria. A sensibilidade de Israel diz-lhe que Deus não aceita a injustiça,
a arbitrariedade, a opressão, o desrespeito pelos direitos dos mais pobres e
fracos. Se Israel pretende viver em comunhão com Deus, tem de banir do meio da
comunidade as injustiças e as arbitrariedades cometidas sobre os mais débeis –
nomeadamente sobre os estrangeiros, os órfãos, as viúvas e os pobres. Essa é
uma das condições para a manutenção da Aliança.
ATUALIZAÇÃO • O apelo a não prejudicar nem oprimir um irmão que Deus
colocou ao nosso lado e que temos de cuidar, proteger e amar.
• O apelo a não maltratar à viúva e ao órfão convida-nos a acolhermos os nossos irmãos mais débeis,
sem defesa … São as crianças, exploradas, usadas, e impedidas de viver a
infância; são os idosos, atirados para lares, subtraídos ao seu ambiente
familiar; são os doentes incuráveis, condenados à solidão, que escondemos e que
evitamos para não perturbar a nossa boa disposição e o mito de uma vida isenta
de sofrimento e de morte… Precisamos aprender que todos – particularmente os
mais débeis, os mais abandonados – devem ser respeitados, protegidos e amados.
SALMO
RESPONSORIAL / Sl 17 (18)
Eu vos amo,
ó Senhor; sois minha força e salvação.
• Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, / minha
rocha, meu refúgio e Salvador! /
Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, / minha
força e poderosa salvação.
• Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, / sois meu
escudo e proteção: em vós espero! /
Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! / Dos meus
perseguidores serei salvo!
• Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo! / E lou
vado seja Deus, meu Salvador! /
Concedeis ao vosso rei grandes vitórias / e mostrais
misericórdia ao vosso ungido.
EVANGELHO (Mt 22,34-40) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, os fariseus ouviram dizer que Jesus
tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, e um deles
perguntou a Jesus, para experimentá-lo: “Mestre, qual é o maior mandamento da
Lei?” Jesus respondeu: “’Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma e de todo o teu entendimento!’ Esse é o maior e o primeiro
mandamento. O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo’. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.
AMBIENTE - Os líderes judaicos já fizeram a sua escolha e têm ideias
definidas acerca da proposta de Jesus: é uma proposta que não vem de Deus e que
deve ser rejeitada… Jesus, por sua vez, deve ser denunciado, julgado e
condenado de forma exemplar. Para conseguir concretizar esse objetivo, os
responsáveis judaicos procuram argumentos de acusação contra Jesus. - É neste
ambiente que Mateus situa três controvérsias entre Jesus e os fariseus. Essas
controvérsias apresentam-se como armadilhas bem organizadas, capazes de ser
usadas em tribunal para conseguir a sua condenação. Depois da controvérsia
sobre o tributo a César (cf. Mt 22,15-22) e da controvérsia sobre a
ressurreição dos mortos (cf. Mt 22,23-33), chega a controvérsia sobre o maior
mandamento da Lei (cf. Mt 22,34-40). Ao perguntar a Jesus qual é o maior
mandamento da Lei, os fariseus procuram demonstrar que Jesus não sabe
interpretar a Lei e que, portanto, não é digno de crédito. A questão do maior
mandamento da Lei não era uma questão pacífica e era, no tempo de Jesus, objeto
de debates entre os fariseus e os doutores da Lei. A preocupação em atualizar a
Lei, de forma a que ela respondesse a todas as questões que a vida do dia a
dia, tinha levado os doutores da Lei a deduzir um conjunto de 613 preceitos,
dos quais 365 eram proibições e 248 ações a pôr em prática. Esta
“multiplicação” dos preceitos legais lançava, evidentemente, a questão das
prioridades: todos os preceitos têm a mesma importância, ou há algum que é mais
importante do que os outros? É esta a questão que é posta a Jesus.
MENSAGEM - A resposta de Jesus supera o horizonte estreito da pergunta e
vai muito além… O importante, na perspectiva de Jesus, não é definir qual o
mandamento mais importante, mas encontrar a raiz de todos os mandamentos. E, na
perspectiva de Jesus, essa raiz gira à volta de duas coordenadas: o amor a Deus
e o amor ao próximo. A Lei e os Profetas são apenas comentários a estes dois
mandamentos. Dizer, portanto, que “nestes dois mandamentos se resumem a Lei e
os Profetas”, significa que eles encerram toda a revelação de Deus, que eles
contêm a totalidade da proposta de Deus para os homens. As idéias de amor a
Deus a ao próximo, são bem conhecidas do Antigo Testamento: Jesus limita-Se a
citar Dt 6,5 (no que diz respeito ao amor a Deus) e Lv 19,18 (no que diz
respeito ao amor ao próximo). A originalidade deste ensinamento está, por um
lado, no fato de Jesus os aproximar um do outro, pondo-os em perfeito paralelo
e, por outro, no fato de Jesus simplificar e concentrar toda a revelação de Deus
nestes dois mandamentos. Portanto, o compromisso religioso resume-se no amor a Deus e no amor ao
próximo. A grande preocupação de Jesus foi discernir a vontade do Pai e a
cumpri-la com fidelidade e amor. “Amar a Deus” é, na perspectiva de Jesus,
estar atento aos projetos do Pai e procurar concretizar, na vida do dia a dia,
os seus planos. Ora, na vida de Jesus, o cumprimento da vontade do Pai passa
por fazer da vida uma entrega de amor aos irmãos, se necessário até ao dom
total de si mesmo.
Assim, na perspectiva de Jesus, “amor a Deus” e “amor aos
irmãos” estão intimamente associados. Não são dois mandamentos diversos, mas
duas faces da mesma moeda. “Amar a Deus” é cumprir o seu projeto de amor, que
se concretiza na solidariedade, na partilha, no serviço, no dom da vida aos
irmãos.
Como é que deve ser esse “amor aos irmãos”? Este texto só
explica que é preciso “amar o próximo como a si mesmo”. As palavras “como a si
mesmo” significam que é preciso amar totalmente, de todo o coração.
Noutros textos de Mateus, Jesus explica que é preciso amar os
inimigos e orar pelos perseguidores (cf. Mt 5,43-48). Trata-se, portanto, de um
amor sem limites, sem medida e que não distingue entre bons e maus, amigos e
inimigos. Aliás, Lucas, ao contar este mesmo episódio que o Evangelho de hoje
nos apresenta, acrescenta-lhe a história do “bom samaritano”, explicando que
esse “amor aos irmãos” pedido por Jesus é incondicional e deve atingir todo o
irmão que encontrarmos nos caminhos da vida, mesmo que ele seja um estrangeiro
ou inimigo (cf. Lc 10,25-37).
ATUALIZAÇÃO •
Hoje, continuamos a ter dificuldade em discernir o essencial da proposta de
Jesus. O Evangelho deste domingo põe as coisas de forma clara: o essencial é o
amor a Deus e o amor aos irmãos. Nisto se resume toda a revelação de Deus e a
sua proposta de vida plena para os homens.
• O que é “amar
a Deus”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor a Deus passa,
antes de mais, pela escuta da sua Palavra, pelo acolhimento das suas propostas
e pela obediência total aos seus projetos – para mim próprio, para a Igreja,
para a minha comunidade e para o mundo.
• O que é “amar
os irmãos”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor aos irmãos
passa por prestar atenção a cada homem ou mulher com quem me cruzo pelos
caminhos da vida (seja ele branco ou negro, rico ou pobre, nacional ou
estrangeiro, amigo ou inimigo), por sentir-me solidário com as alegrias e
sofrimentos de cada pessoa, por partilhar as desilusões e esperanças do meu próximo,
por fazer da minha vida um dom total a todos. O mundo em que vivemos precisa
redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida…
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“Deus é amor: quem permanece no
amor, permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16). O amor é a maior
força que existe no mundo, pois é o próprio Deus.
“Ninguém jamais viu a Deus. Se
nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e seu amor em nós é perfeito”
(1Jo 4,12).
“Se alguém disser ‘eu amo a
Deus’, mas odeia seu irmão, é um mentiroso, pois quem não ama o seu irmão, a
quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20). A ligação íntima
entre o amor a Deus e ao próximo desautoriza certas formas alienantes de
“espiritualidade” que muitas vezes não passam de uma busca disfarçada de auto
realização, mas que jamais leva a um compromisso com a transformação do mundo
em que vivemos. Não é possível amar a Deus sem amar o próximo.
S. João nos explica o que é
amor: Jesus deu a vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos.
Se alguém possui riquezas neste mundo e vê o seu irmão passar necessidade, mas
diante dele fecha o seu coração, como pode o amor de Deus permanecer nele?”
(1Jo 3,16-17).
Quem ama só faz o bem e só
deseja o bem. Quem ama lê no coração o que as palavras não conseguem expressar.
O pecado rebaixa, avilta e
corrói o amor, desviando-o do seu sentido. Basta ver o sentido dessa palavra na
maioria das novelas e filmes.
SEGUNDA
LEITURA (1Ts 1,5c-10) Leitura da Primeira Carta de São Paulo
aos Tessalonicenses.
Irmãos: Sabeis de que maneira procedemos entre vós,
para o vosso bem. E vós vos tornastes imitadores nossos e
do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do
Espírito Santo, apesar de tantas tribulações. Assim vos tornastes
modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia. Com efeito, a partir de
vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a
vossa fé em Deus propagou-se por toda parte. Assim, nós já nem precisamos de
falar, pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos
convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e
verdadeiro, esperando dos céus o seu Filho, a quem ele
ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra do
castigo que está por vir
AMBIENTE - Depois de ter anunciado o Evangelho em
Tessalônica, Paulo teve de deixar a cidade, para fugir às maquinações dos
judeus (ano 49/50). Preocupado, Paulo enviou Timóteo, a fim de saber notícias.
Quando Timóteo regressou de Tessalônica e apresentou o seu relatório. As
notícias eram animadoras: os tessalonicenses eram uma comunidade exemplar e
viviam o seu compromisso cristão, apesar das dificuldades. Paulo, feliz e
confortado, escreveu aos tessalonicenses animando-os a prosseguir no caminho da
fidelidade a Jesus e ao Evangelho.
MENSAGEM - Paulo continua a longa ação de graças porque os
tessalonicenses responderam com o acolhimento entusiasta do Evangelho.; Paulo
imitou Cristo e anunciou o Evangelho no meio de dificuldades e perseguições; os
tessalonicenses imitaram Paulo e receberam jubilosamente o Evangelho, apesar da
hostilidade dos seus concidadãos; os crentes de toda a Grécia (“da Macedônia e
da Acaia”, as duas províncias romanas da Grécia) imitaram os tessalonicenses e
sofreram alegremente pelo Evangelho… Dessa forma, fica manifesto que o Senhor,
os apóstolos e toda a Igreja partilham o mesmo destino: todos percorrem o mesmo
caminho, iluminados pelo Evangelho, no meio da alegria e do sofrimento.
ATUALIZAÇÃO • Muitas vezes entendemos a fé como um acontecimento pessoal
e que não nos compromete com os outros. Na realidade, a fé liga-nos a uma longa
cadeia que vem de Jesus até nós e que inclui uma imensa família de irmãos
espalhados pelo mundo inteiro.
• Nenhuma comunidade cristã é uma ilha. É preciso que
estabeleçam laços que se ajudem, se animem mutuamente… É nesse diálogo e
partilha que o projeto de Deus vai tornando-se mais claro para todos.
Dehonianos
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O maior mandamento.
Como colocar em
prática?
Amar de Toda tua alma, todo
entendimento!
Parece um fardo.
Em que consiste este amor?
S. Tomás de Aquino: Este Amor é uma
amizade entre Deus e o homem. Amizade é reciprocidade. Antes de amar a Deus,
Deus já nos amou primeiro. A nossa resposta é gratidão.
Temos que buscar forças em Deus para
amá-lo. Quem mais ama dá a própria vida.
No Decálogo não está desta maneira, mas
está assim: não terás outros deuses.
Nós colocamos outras coisas no lugar de
Deus. Por isso a Igreja diz: amarás a Deus acima de todas as coisas. Temos que
jogar ao chão os outros deuses, as coisas que amamos.
Primeiro ponto é a fé.
Segundo é reconhecer que coisas são
limitadas.
Amar de Todo o coração é só na
eternidade. Aqui, somos limitados e nos esforçamos para seguir os ensinamentos.
Para crescermos temos que ter atos de
amor (caridade). A virtude não tem limites. Só não cresce mais no Céu.
Preciso crer cada vez mais que Deus me
amou e me ama. Como?
Atos práticos:
1 Pedir perdão a
Deus pelos meus erros. É a primeira forma de amor.
2 Agradecer pelo amor que Deus nos dá.
3 Moldar minha vontade na vontade de Deus. Seguir os
mandamentos e realizando na vida o mesmo amor que Deus tem por cada um; ser
semelhança do Criador.
4 Aumentar a glória de Deus: fazer mais discípulos.
Ser missionário da Palavra.
O segundo Mandamento é semelhante ao
primeiro porque o homem é semelhante a Deus.
Amar
o irmão por causa de Deus.
1
Pedir perdão quando erramos.
2
Agradecer ao irmão por tudo que nos faz.
3
Moldar minha vontade para que o bem seja um
bem comum e não pensar só no meu ego.
4 Aumentar a
glória; sempre falando o bem e não fofocando, destruindo o irmão. Ver os
valores e não os seus defeitos.
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Pe. Antônio Geraldo; O Maior Mandamento
Nesse Dia Mundial das Missões, a
Igreja nos lembra que todo cristão deve ser missionário...
A Liturgia focaliza a mensagem principal
que devemos anunciar e testemunhar: o AMOR.
A 1a
Leitura afirma que o maior Mandamento é o Amor concretizado através
da defesa dos mais necessitados e desprotegidos: Estrangeiros (migrantes),
viúvas, órfãos, endividados, pobres. (Ex
22,20-26)
* Já no Antigo Testamento, o Amor ao
próximo era visto em relação a Deus, como respeito à sua lei e como reflexo do
seu amor para com os homens...
Na 2ª leitura, São Paulo destaca
o exemplo de Amor vivido pelos cristãos de Tessalônica. (1Ts, 5c-10)
No Evangelho,
Jesus resume toda a LEI no Amor:
Amor a Deus e aos irmãos. (Mt 22,34-40)
Os fariseus apresentam armadilhas para
poder acusar a Jesus e condená-lo.
- Os fariseus perguntam: "Qual é o maior dos mandamentos?"
Era uma questão muito polêmica entre os
líderes religiosos daquele tempo. Alguns afirmavam que o maior de todos os
mandamentos era guardar o sábado. Outros diziam que todos os mandamentos tinham
o mesmo valor. Ademais os judeus tinham 613 mandamentos.
Jesus responde:
- Deuteronômio: "Amarás o Senhor teu Deus com todas..." (Dt
6,5)
- Levítico: "Amarás teu próximo como a ti mesmo..." (Lv 19,18)
- Unifica e equipara os dois
mandamentos: "O segundo é semelhante
a esse".
Portanto, não são dois mandamentos
diversos, mas duas faces da mesma moeda.
O que esse Evangelho tem a nos dizer,
hoje?
Ao longo dos dois mil anos de
cristianismo fomos criando muitos mandamentos, preceitos, proibições,
exigências, opiniões, pecados e virtudes, que arrastamos pela história.
E acabamos perdendo a noção do que é
verdadeiramente importante.
Hoje, ficamos discutindo certas questões
secundárias, sem discernir muitas vezes o essencial da proposta de Jesus.
O Evangelho deste domingo é claro: o
essencial é o amor a Deus e o amor aos irmãos.
Para o cristão, o Amor é fundamental,
porque Deus é amor e ama o homem, e o homem é um ser criado para amar.
"O Dia Mundial das Missões reavive em cada um o desejo e a alegria
de “ir” ao encontro da humanidade levando
Cristo a todos". (Bento XVI - 2011)
"Amor não tem fronteiras, a vida é
uma missão. Amor é para todos, Deus quer um mundo irmão". (Igreja
em Missão)
Pe. Antônio Geraldo
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O amor é
difusivo; ele não fica só na pessoa que ama, mas passa para os demais, e vai
criando uma Comunidade de amor, que chamamos de ágape. Está portanto diante de nós o desafio de amar
sempre, tanto a Deus como ao próximo, e através do amor transformar o mundo. Na
Terra Santa, existem dois mares bem conhecidos. Embora alimentados pelo mesmo
Rio Jordão, eles são completamente diferentes um do outro.
O primeiro é o
Mar da Galiléia, cuja água é doce e contém muitos peixes. Seu litoral tem
muitas cidades e vilas lindas, por causa do verde das lavouras, das árvores e
dos jardins, tudo irrigado pelo Mar da Galiléia.
O outro é o Mar
Morto, que é célebre pela sua densidade de sais minerais. Ele não tem peixe e
nem os vegetais conseguem viver de suas águas. Seus arredores são desertos. Não
existe área verde. O Mar Morto apresenta um aspecto desolador. De onde vem essa
diferença, se os dois são alimentados pelo mesmo Rio Jordão? A explicação é
simples: O Mar da Galiléia recebe o Rio Jordão pelo Norte, porém não o guarda
para si; toda a água bela e fértil que ele recebe, ele a solta pelo Sul. E o
Rio Jordão prossegue o seu caminho, irrigando e semeando vida por onde passa. O
Mar da Galiléia não vive para si, ele reparte tudo o que recebe. Já o Mar Morto
não; ele recebe o Rio Jordão, mas o retém para si. Ele não possui saída.
Enquanto as águas se evaporam, todos os sais minerais se acumulam no enorme
recipiente fechado. E a excessiva saturação torna-se veneno, que mata qualquer
espécie de vida. É um mar que mata. E mata porque é fechado. O que ele recebe é
bom e saudável. É ele que, por ser fechado, transforma em veneno. Existem
também duas classes de pessoas: as abertas e as fechadas, as que amam e as que
não amam. Encontramos pessoas que nada guardam para si mesmas. A sua felicidade
está em dar, em servir. Essas pessoas são uma bênção dentro da família, na sua
Comunidade e no bairro onde vivem. São pessoas vivificadores, como o Mar da
Galiléia. Seu calor humano contagia. Sua disponibilidade irradia confiança,
alegria e vida. Mas infelizmente encontramos pessoas totalmente diferentes.
Elas vivem para si mesmas. Vão acumulando para si tudo o que recebem e possuem
de bom. Guardam tudo para si. E esses bens e dons se transformam em veneno.
Veneno que até mata! Essas pessoas misturam três ingredientes nos dons que
recebem: ambição, vaidade e dominação. Eles seguem um caminho oposto ao
plano de Deus. Por isso são infelizes e fazem os outros sofrerem ao redor
delas. Vamos aprender a lição desses dois mares. Se formos Mar da Galiléia,
certamente o Senhor gostará de passear de barco conosco, de anunciar a Boa Nova
em nossas praias, de abençoar e de fazer milagres. Mais: ele vai querer morar
conosco, como morou na casa de Pedro, em Cafarnaum, ao lado do Mar da Galiléia.
E se um dia o nosso Mar estiver agitado, certamente ele vai acalmá-lo.
Maria Santíssima
cumpriu com generosidade esses dois mandamentos: o amor a Deus e ao próximo.
Mãe do Belo Amor, rogai por nós! Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e ao teu próximo como a ti mesmo.
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Homilia de D. Enrique Soares
No passado Domingo, o Senhor Jesus ordenava: “Dai
a Deus o que é de Deus!” De Deus é tudo, ainda que tudo pareça
nosso: “Tudo pertence a vós: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a
morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo e
Cristo é de Deus” (1Cor 3,21-23). Esta é, precisamente, a dificuldade, a
miopia ou, mais ainda, a cegueira, o triste pecado do mundo atual: não perceber
Deus, não enxergar com a razão, com o afeto, com o coração que Deus é o Tudo, o
Substrato, o Sentido da nossa existência. Sem ele, nada tem sentido perene,
nada tem valor duradouro, nada tem valor absoluto… nem a vida humana, que
somente pode ser respeitada de modo absoluto quando é compreendida como imagem
de Deus.
Pois bem, a Palavra deste Domingo prolonga a de oito
dias atrás. “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”, da Lei
de Moisés – perguntam ao Senhor para novamente tentar apanhá-lo em armadilha.
Qual o preceito que, sendo observado, resume a observância de toda Lei? Jesus
responde prontamente: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração,
de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!” Como bom judeu, o
Senhor Jesus nada mais faz que retomar o preceito do Antigo Testamento. Amar a
Deus! Amá-lo significa fazer dele o tudo da nossa existência, significa viver a
vida aberta para ele, buscando sinceramente a sua santa vontade. Amá-lo é não
conceber a vida como algo que é meu em sentido absoluto, mas um dom que recebi
de Deus, que em diante de Deus devo viver e a Deus devo, um dia, devolver com
frutos. Amá-lo é não viver na minha vontade, mas buscando a sua santa vontade,
mesmo que esta não seja o que eu esperaria ou desejaria… Amá-lo é sair de mim
para encontrar-me nele!
Mas, para que este amor a Deus não seja algo abstrato,
teórico, meramente feito de palavras ou sentimentos superficiais, o Senhor
Jesus nos aponta uma medida concreta desse amor. Seguindo ainda a tradição
judaica do Antigo Testamento, ele liga, condiciona o amor a Deus ao amor aos
outros, aos próximos, àqueles que a providência divina coloca no nosso caminho: “’Amarás
ao teu próximo como a ti mesmo’. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois
mandamentos”. Eis, portanto: a medida da verdade do amor a Deus é o amor,
a dedicação para com os outros; e não os outros teoricamente, mas os
próximos: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo!” Notemos que
aqui Jesus não ensina nada de novo. Este preceito já valia para um bom judeu.
Jesus está respondendo a um fariseu, um escriba judeu. Basta recordar como a
primeira leitura de hoje, tirada da Torah, da Lei de Moisés, já ligava
os dois amores, a Deus e ao próximo. O Senhor, já no Antigo Testamento, deixava
claro que estará sempre do lado do nosso próximo, sobretudo se ele for débil e
necessitado: “Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso.”
Estejamos, portanto, atentos: o amor concreto para com o nosso próximo é a
medida do nosso amor a Deus! O Evangelho – como todo o Novo Testamento e a reta
e sadia Tradição da Igreja – desconhece uma relação com Deus baseada numa fé
sem obras que nasçam do amor. Basta recordar o belíssimo hino ao amor, da
Primeira Carta aos Coríntios: “Ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto
de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria” (13,2).
Que ninguém se iluda com um vazio discurso sobre uma fé vã sem as obras que
dela nascem e a revelam! A fé sem amor a Deus e ao próximo, aquela fé que gosta
de dizer “estou salvo” de se compraz em decretar a condenação dos outros é uma
fé inútil, vazia, falsa e morta!
Caríssimos, se o Senhor Jesus respondeu ao escriba
fariseu, dizendo que ele deveria amar a Deus e ao próximo como a si mesmo, a
nós, seus discípulos, a nós, cristãos, ele aponta um ideal muito mais alto!
Ouso afirmar que não basta, de modo algum para um cristão, amar os outros como
a si mesmo! Recordai-vos todos que, na véspera de sua paixão santíssima, quando
sentou-se à Mesa santa conosco, para dar-se a nós na Eucaristia, como maior dom
de amor, o Senhor nosso e Deus nosso, Jesus Cristo, deu-nos, então, o
mandamento pleno, completo: “Amai-vos como eu vos amei!” (Jo
13,34); “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o
façais” (Jo 13,15). Agora, às vésperas da cruz, agora, à Mesa da
Eucaristia, agora, lavando-nos os pés, dando-se totalmente a nós, Jesus poderia
ser compreendido! Ele é o amor verdadeiro, ele é a medida e o modelo do
amor: “Não há maior prova de amor que dar a vida!” (Jo 15,13)
Amai-vos como eu vos amei!
Eis, caríssimos, como é grande a tarefa que o Senhor
nos confia! Quem poderá realizá-la? Onde poderemos conseguir um amor assim? Eu
vos digo: contemplando Jesus na oração, escutando Jesus na Escritura,
comungando com Jesus na Eucaristia, procurando Jesus nos irmãos! É assim que
teremos os mesmos sentimentos do Cristo Jesus (cf. Fl 2,5) e viveremos a vida
no amor total que ele, nosso Senhor, teve para com Deus, o Pai e para com os
próximos. Fora disso, toda conversa sobre amor não passa de teoria, de
ideologia que de cristã tem pouco ou nada. Que o Senhor nos conceda, então, por
esta Eucaristia, o dom do verdadeiro amor. Amém.
D. Henrique Soares
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Homilia do Pe. Françoá Costa
Amar de fato
O padre católico Georges Lemaître propôs, lá pelo ano 1927, o que hoje se
conhece como a teoria do Big Bang ou – na linguagem do próprio Lemaître –
teoria do átomo primordial. Segundo essa teoria, o Universo derivou-se de
um átomo com temperatura e densidade altamente elevadas. Este átomo, devido à
compressão de energia, se teria explodido há uns 13 bilhões de anos atrás. A
partir de então, o Universo está em constante expansão e a sua temperatura
continua diminuindo.
Tal hipótese é bastante coerente. Ela não contradiz a
Sagrada Escritura quando esta afirma que “No princípio, Deus criou os céus e a
terra” (Gn 1,1). A Escritura fala de Deus que cria todas as coisas, todas em
absoluto. Trata-se de um começo primordial. O Big Bang nos fala de um começo
que não exclui o Criador do Big Bang. Ou seja, esse átomo primordial pressupõe
uma causa externa a si mesmo.
Mas, porque eu estou falando do Big Bang se o
Evangelho de hoje nos fala de amor a Deus e ao próximo? É simples. Quando nós
fomos conquistados pela graça de Deus começou a existir em nós, que somos um
microcosmo, um átomo de caridade inicial: potente, com temperatura e densidade
altamente elevadas. No dia do nosso Batismo começou uma explosão de graças em
constante expansão até o momento presente. Se tivéssemos morrido naquele mesmo
dia iríamos ao céu sem passar pelo purgatório, teríamos visto a glória de Deus
já que a graça é o começo da vida eterna em nós.
A Escritura diz que “Deus é amor” (1 Jo 4,8.16). Ele é
o amor perfeito. Nós somos uma espécie de universo em desenvolvimento, em
expansão, rumo ao ato perfeito do amor segundo a nossa própria capacidade de
criaturas.
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração” (Mt
22,37). Mas, como amar? O Catecismo nos diz que a maneira concreta de amar a
Deus é viver as virtudes teologais: fé, esperança e caridade (cfr. Cat. 2086).
Quando a graça de Deus atingiu a nossa vida, nós, sendo o que somos, passamos a
ser o que não éramos: filhos no Filho. Todo o nosso ser foi elevado à vida
sobrenatural. A partir daquele momento, o Pai começou a gerar o seu Verbo
(eternamente gerado) e a espirar o seu Amor (eternamente espirado) em nós,
dentro de nós; nós passamos a ser templos de Deus, moradas do Altíssimo.
Consequentemente, as nossas faculdades superiores também foram elevadas: a
inteligência foi potencializada pela fé, a vontade foi fortificada pela
caridade, e ambas foram revigoradas pela esperança. Se nós percebêssemos de
verdade o que vale a nossa vida em Deus, não a trocaríamos por nada nesse
mundo; as coisas temporais guardariam uma relação profunda com as realidades
eternas. Talvez já seja assim, mas, caso contrário, pensemos no quanto estamos
perdendo ao não buscar a intimidade com a vida íntima do Deus uno e trino.
A pessoa que ama a Deus de todo o coração o adora,
conversa com ele, oferece-lhe tudo buscando uma comunhão de vida cada vez mais
perfeita com ele. O cristão tem que amar verdadeiramente o Senhor com
exclusividade: Deus é o único Deus! Há que evitar, por conseguinte, a
superstição, a idolatria, a adivinhação, a magia, os horóscopos, o pôr Deus à
prova, o sacrilégio, a simonia, o ateísmo e o agnosticismo. Poderíamos fazer
uma reflexão sobre cada um desses pecados citados. No entanto, de momento,
basta saber que todas essas coisas tiram a Deus do centro das nossas vidas e
fazem com que a criatura ocupe o lugar de Deus no nosso coração.
Mas, pode a criatura ocupar algum lugar no nosso amor?
O Evangelho de hoje responde com toda propriedade: “Amarás teu próximo como a
ti mesmo” (Mt 22,39). Como? A essa pergunta se responde com os seguintes
mandamentos: honrar pai e mãe, não matar, não pecar contra a castidade, não
furtar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo e não
cobiçar as coisas alheias. Como se pode ver, todos os mandamentos continuam
válidos e o cristianismo sempre os ensinou. Não obstante, a vida cristã não
consiste em cumprir mandamentos, mas em amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo. Em que medida? Na medida de Cristo. A nossa moral, a
nossa ética, não é uma moral de mandamentos, mas a vida nova em Cristo, moral
de amor e de virtudes. De fato, diz o Catecismo: “Os mandamentos propriamente
ditos vêm em segundo lugar; exprimem as implicações da pertença a Deus,
instituída pela Aliança. A existência moral é resposta à inciativa amorosa do
Senhor” (Cat. 2062). Dito de outra maneira, a nossa existência cristã é vida no
amor de Deus cujas implicações são, basicamente, o cumprimento dos mandamentos.
Quem ama a Deus, ama o próximo. O amor do cristão,
mergulhado no amor que Deus tem por todos os seres humanos, se compadece e vai
ao encontro das necessidades dos outros. Somente o amor de Deus no coração explica
ações como essas: “o rei S. Luís visitava e cuidava dos doentes com tanto
desvelo como se fosse sua própria obrigação. (…) S. Gregório muito folgava de
dar agasalho aos peregrinos, a exemplo do patriarca Abraão, e, como ele,
recebeu um dia o Rei da glória na forma de um peregrino. Tobias exercia a
caridade, sepultando os mortos. Santa Isabel, sendo uma augusta princesa,
achava a sua alegria em humilhar-se a si mesma. Santa Catarina de Gênova, tendo
perdido o seu marido, dedicou-se ao serviço num hospital. Cassiano refere que
uma jovem virtuosa, que muito desejava se exercer na paciência, recorreu a
Santo Atanásio, que a encarregou de uma pobre viúva melancólica, colérica,
enfadonha e mesmo insuportável, de sorte que, como a viúva estivesse
constantemente ralhando, a jovem tinham ocasião bastante de praticar a brandura
e a condescendência” (S. Francisco de Sales, Filotéia ou Introdução à vida
devota, III, 1). Chegaremos lá? Com a graça de Deus e o esforço pessoal,
amaremos de fato.
Pe. Françoá Costa
PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou Ministros da Palavra):
LOUVOR: (QUANDO O PÃO
CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR) 30º
D.T. C
- COM JESUS, por Jesus e com
Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Bendito seja Deus que é
bondade e misericórdia
- Senhor, nosso Deus, nós vos louvamos e vos agradecemos.
Santificado seja o Vosso nome. Vos agradecemos pela vida, pelo batismo, pela
família e por tudo que nos destes. Pai, transformai-nos em pessoas de mais amor
para convosco e para com o próximo.
T: Bendito seja Deus que é
bondade e misericórdia
-Senhor, Vós libertastes Vosso povo da escravidão do Egito. Como
povo livre nos ensinastes a justiça para com os mais fracos. Penetrai em nossos
corações para que pratiquemos o amor para com todos, para sermos uma comunidade
mais fraterna.
T: Bendito seja Deus que é
bondade e misericórdia
-Senhor, nós queremos seguir os exemplos de vosso Filho Jesus
Cristo. Queremos amar, perdoar e servir a quem estiver próximo de nós. Dai-nos
força para que pratiquemos o vosso amor e sejamos exemplo de comunidade.
T: Bendito seja Deus que é
bondade e misericórdia
-Senhor, o maior mandamento é amar-vos sobre todas as coisas e o
segundo e amar ao nosso próximo como a nós mesmos. Isto não nos é fácil, Principalmente
quando estes não são nossos amigos. Pai, transformai-nos para que saibamos amar
a todos, mesmo àqueles que nos tem ofendido.
T: Bendito seja Deus que é
bondade e misericórdia
-: PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O Cordeiro...
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Deus Goel (Destruidor, Vingador)
Deus
vingador é o Deus “Goel”. Goel é o Deus Sanguinário. Se lesar o irmão, vai se ter com o Goel, o
vingador. Eu também posso vingar, se meu irmão for lesado, mas não se o lesado
sou eu. O ser mortal não lesa a Deus. Ninguém precisa defender Deus. Deus é
inatingível. Jó xinga a Deus toda hora e Deus não está nem um pouco preocupado.
Pode-se xingar a Deus, fazer a maior barbaridade que jamais atinge a pessoa de
Deus. Agora, Deus é implacável quando um filho seu é lesado.
Vingar é
só pelo o irmão e não por mim. Eu agindo, é Deus agindo na sua vingança. Só que
a nossa postura quando vingamos é que agimos por nós e não pelo irmão. Por isso
não posso ser vingativo. Só quando for pelo irmão, e não por meu ego ferido, é
que posso e assim Deus Goel vai realizar a sua vingança (Êxodo 11,4-7; 12,7-14).
Sangue no
Antigo Testamento significa a vida. Por isso há textos que dirão que não se
deve comer o sangue, pois é a vida do animal, pois a vida pertence a Deus. No
Egito o sangue na porta da casa dos hebreus aplacou a ira de Deus Goel. Era sinal de que ali morava
um israelita.
Quando
Jesus celebra a páscoa, diz que o vinho é o sangue da Nova Aliança. Quem não o
tomar, não terá parte com ele. Então, o sangue é a ponte entre Deus Goel, Jesus
e a comunidade.
Na cruz Jesus derrama seu sangue para aplacar
o Deus vingador: para ninguém mais precisar morrer. Seu sangue derramado é para
aplacar a ira de Deus vingador. A partir daí,
ninguém mais tem o direito de tirar o sangue de um irmão. Por que se
Deus não faz isto, por que um ser mortal o faria? Ora, se eu
tiro o seu sangue, então eu abro precedente para Deus tirar o meu sangue. Por
que? Porque Ele age conforme as minhas ações. O Deus vingador, portanto, é o
Deus que faz justiça para quem não tem voz, nem vez, nem força e não ocupa um
lugar na sociedade. O Deus vingador é aquele que atende o desvalido, aquele que
nada vale.
O
primeiro catecismo da Igreja católica contempla a pena de morte. É muito forte
e polêmico. Ele diz que, quando não tiver outro jeito, mata-se a pessoa que
traz problemas. Mas a questão não é esta, mas outra; Se um ladrão mata um
inocente, como é que se dá a justiça de Deus? Se a sociedade não recupera-lo,
este vai estar irrecuperável, pois Deus não faz a parte que é da humanidade. É
obrigação da sociedade recuperar (Provérbios 24,23-24).
Ímpio é todo aquele que lesa o irmão. Agora,
se julgar alguém como ímpio e na verdade ele for justo, isto trará maldição
para toda a sociedade. Quando julgar o ímpio como ímpio e for esta a verdade,
então, será uma benção para toda a sociedade. Se tratar o ímpio como justo, é
porque não tem justiça. Toda a sociedade é amaldiçoada ou abençoada na medida
que age com justiça. Se não tem critério, não julgue. O juiz deve ser
imparcial. No escuro, não dirija;
dirigir um carro em plena escuridão é burrice e vai pagar caro. Cada inocente assassinado é Goel clamando por
justiça. A proteção, a benção, de Deus é tratar o justo como justo e o ímpio
como ímpio. Agir contrário é aguçar a ira de Deus Goel.
O fulano
lesou um irmão? Ele tem que ser recuperado. Ele deve ser tratado como ímpio, sofrer as penalidades e deve fazer uma
conversão. Se matou, interferiu na vida que é de Deus. Se roubou, está
contribuindo com a injustiça. É pelo nosso julgamento e procedimento que
atrairemos as bênçãos ou a maldição de Deus Goel para toda a sociedade.
Então,
ser advogado de réu é um erro? No julgamento, todos são inocentes, justos, até
que se prove ao contrário. Todos têm direito de se defenderem. O advogado é
aquele que tentará provar que o réu é inocente. Existem leis para se avaliar a
culpa ou não. As leis vão proteger ou condenar os que estão sendo julgados. O
próprio juiz não vai condenar ou absorver o réu pela sua cabeça, mas vai
interpretar a lei. Se as leis são
injustas, a culpa é da sociedade. Se ele é ímpio e não é condenado como ímpio, mas
como justo, a culpa recai sobre toda a sociedade.
Se alguém
necessita de benção para a sua casa, é porque alguém está tratando ímpio como
justo. Água benta não protege ninguém. O que protege é a prática da justiça:
tratar o justo como justo e o ímpio como
ímpio.
Se Goel
vinga o sangue do inocente, como é que fica Jesus, que derramou seu sangue, é
inocente e foi tratado como ímpio? Por isso, Jesus pede na cruz: “Pai,
Perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem”. A partir de Jesus ninguém mais
deveria tirar o sangue de ninguém. Ele derrama seu sangue para a coisa parar
por aí. Ele já aplacou a vingança de Goel. Ele foi o “bode expiatório”.
Por que
fulano é assassino? Será que a sociedade lhe deu o que lhe era de direito? Será
que teve formação, educação e exemplos bons? Será que ele não é fruto de nossa
própria injustiça?
Quando eu
aprovo uma lei de aborto, eu estou provocando Goel, pois não estou sendo justo
para com o indefeso. Não tendo justiça, toda a sociedade irá pagar. Eu sou
condenado não só pelos erros que fiz, mas principalmente pelo bem que deixei de
fazer. Deus conta mais nosso esforço do que nossas realizações.
Matar é
último recurso. Há situações em que o desespero é tão grande, que damos graças
a Deus quando o malvado é morto. Quando, ou ele é morto ou nós poderemos todos
morrer. Não é nem questão de direitos humanos, é questão de Goel. Isto só é
válido quando não se tem outra opção.
O que garante a
benção é estarmos juntos, em comunhão
com Jesus; é esta a nossa possibilidade
de ressurreição. A partir do pão, em comunhão com os irmãos, fazendo a vontade
do Pai é que nos vai levar a construirmos o Reino e nele habitar para sempre.
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