quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Solenidade Jesus Cristo Rei do Universo, 34º Domingo do Tempo Comum, Homilias

34º Domingo do Tempo Comum (Adaptado pelo Diácono Ismael)

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

SINOPSE:

O Reino é uma realidade que Jesus semeou e os discípulos devem edificar através do amor.
TRÊS ASPECTOS da Realeza de Cristo:

Na 1ª Leitura, Deus como um Rei PASTOR; a preocupação, o carinho, o cuidado, o amor de Deus pelo seu Povo.
O Evangelho mostra um Rei JUIZ, separando as pessoas boas e más.
A 2ª Leitura apresenta um Rei SOBERANO vencedor da morte e do pecado, estabelecendo uma realeza universal; onde Ele é o nosso fim último, e nele se manifestará a nossa felicidade plena.
A celebração de Jesus Cristo, Rei do Universo, fecha o Ano Litúrgico onde meditamos, o mistério de sua vida, sua pregação e o anúncio do Reino de Deus.

PRIMEIRA LEITURA (Ez 34,11-12.15-17) Assim diz o Senhor Deus: “Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. Como o pastor toma conta do rebanho, ...e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram  dispersadas... Eu mesmo vou apascentar ...e fazê-las repousar. Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte....

AMBIENTE - Ezequiel é “o profeta da esperança” na Babilônia.
Privados de Templo e de culto, os exilados estão desesperados e duvidam da bondade e do amor de Deus. Ezequiel alimenta a esperança e diz que Deus não os abandonou nem esqueceu. Anuncia a chegada de um tempo novo em que o próprio Deus vai conduzir o seu Povo e apascentar as suas ovelhas; é um novo futuro ao Povo de Deus.

MENSAGEM - O pastor defende o seu rebanho; Conhece as necessidades de cada uma, leva nos braços as mais frágeis e débeis, ama-as e trata-as com carinho. A sua autoridade está fundada na entrega e no amor.
Jahwéh será o pastor do seu Povo. Deus, o Bom Pastor, vai reuni-las, reconduzi-las à sua própria terra e apascentá-las em pastagens férteis e tranquilas.

ATUALIZAÇÃO - • A imagem do Bom Pastor sublinha o carinho, o cuidado, o amor de Deus pelo seu Povo. Todos são convidados a entregar-se nas mãos de Deus.
• Às vezes, fugindo de Deus, agarramo-nos a outros “pastores” e fazemos deles a nossa referência, o nosso líder, o nosso ídolo. O que é que nos conduz: a riqueza e o poder? O êxito?

SALMO RESPONSORIAL / 22(23)
O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.
• Pelos prados e campinas verdejantes / ele me leva a descansar. / Para as águas repousantes me encaminha, / e restaura as minhas forças.
• Preparais à minha frente uma mesa, / bem à vista do inimigo, / e com óleo vós ungis minha cabeça; / o meu cálice transborda.
 • Felicidade e todo bem hão de seguir-me / por toda a minha vida; / e, na casa do Senhor, habitarei / pelos tempos infinitos.

EVANGELHO (Mt 25,31-46)...: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, ...Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos... Então o Rei dirá...: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou...! Pois ...me destes de comer; ...me destes de beber; ...e me recebestes em casa; ...me vestistes; ...cuidastes de mim; e fostes me visitar’. ...‘ todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’ Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno... não me destes de comer; ...não me destes de beber; ...não me recebestes em casa; ...não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar’. Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”.

                              Ele é o alfa e o ômega, o princípio e o fim.

AMBIENTE  O autor mostra qual será o “fim” daqueles que se mantiveram vigilantes e preparados para a vinda do Senhor. A comunidade de Mateus está desinteressada, acomodada; vivem a fé pouco comprometida; alguns, diante das dificuldades, renunciam ao Evangelho… Mateus, numa catequese, convida à vigilância, enquanto se espera o Cristo.

MENSAGEM - A questão decisiva para Mateus é a atitude de amor para com os irmãos de Jesus, os pequenos, os pobres, os marginalizados. “Estar vigilantes e preparados” consiste em viver o amor e a solidariedade para com os pobres, os pequenos, os marginalizados. É esse o critério que decide a entrada no Reino. O objetivo é deixar bem claro que Deus não aprova o egoísmo, onde não há lugar para o amor a todos os irmãos: todos eles são membros de Cristo e não os amar é não amar Cristo.

Na 1ª Leitura, Deus como um Rei PASTOR, totalmente dedicado ao bem de suas ovelhas.

A 2ª Leitura apresenta um Rei SOBERANO vencedor da morte e do pecado, estabelecendo uma realeza universal.
O Evangelho mostra um Rei JUIZ, separando as pessoas, como o Pastor separa as ovelhas. Ele sabe discernir os justos e os injustos. Ele não julga, nem condena. É a pessoa que se julga e se condena pelas obras de Misericórdia que realizou ou não... "Vinde benditos de meu Pai…
Jesus não aceitou esse título nos momentos de glória: - Na Sinagoga, onde falava com tanto brilho… - No Jordão, onde a Trindade se revelou… - No Tabor, quando apareceu com tanta glória... - Nos milagres grandiosos... na multiplicação dos pães, quando queriam proclamá-lo Rei.
 
Jesus aceitou: - diante de Pilatos: "Sim sou REI… e para isso vim ao mundo, mas o meu Reino não é daqui". - na Cruz: num trono bem diferente… diante de um povo hostil que o desafia:   "Se és Rei, salva-te a ti mesmo… e desce da cruz…"    Ao Bom Ladrão, que reconhece a sua realeza e suplica pela salvação:    "Lembra-te de mim quando estiveres em teu REINO",  Jesus lhe garante: "Ainda hoje estarás comigo…"
Resumindo: O Reino de Deus é uma semente que Jesus semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história através do amor e que terá o seu tempo definitivo, no mundo que há de vir.

No entanto, esse Reino já está no meio de nós. E Jesus nos convida a fazer parte dele e a trabalhar
para que esse Reino chegue ao coração de todos os homens… É o que nos convida a rezar, no Pai Nosso: "Venha a nós o vosso Reino."

ATUALIZAÇÃO • O amor ao irmão é  condição essencial para fazer parte do Reino.
• o Reino de Deus está no meio de nós; Depende de nós fazer com que o Reino deixe de ser uma miragem, para passar a ser uma realidade a crescer e a transformar o mundo e a vida dos homens.
• nós os cristãos caminhamos ao encontro do mundo que há de vir, mas atentos à realidade que nos rodeia e preocupados em construir, desde já, um mundo de justiça, de fraternidade, de liberdade e de paz.

SEGUNDA LEITURA (1Cor 15,20-26.28) ...Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. ...por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. ...Pois é preciso que ele reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. E, quando todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá Àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.
AMBIENTE - Na comunidade de Corinto, vemos as dificuldades da fé num ambiente hostil, cultura pagã e por um conjunto de valores que estão em contradição com a pureza evangélica.
Um dos pontos era na questão da ressurreição. A cultura grega estava influenciada por filosofias dualistas, que viam no corpo uma realidade negativa e na alma uma realidade nobre e ideal. Aceitar que a alma viveria sempre não era difícil para a mentalidade grega… O problema era aceitar a ressurreição do homem total.
MENSAGEM - todos que se identificarem com Cristo também ressuscitarão. Cristo foi o primeiro. “Primeiro” no sentido do princípio ativo da ressurreição de todos os outros homens e mulheres. Cristo foi constituído por Deus princípio de uma nova humanidade; a sua ressurreição arrasta atrás de si toda a sua “descendência” – isto é, todos aqueles que se identificam com Ele, que acolheram a sua proposta de vida e o seguiram – ao encontro da vida plena e eterna.
O destino dessa nova humanidade é o Reino de Deus. O Reino de Deus será uma realidade onde o egoísmo, a injustiça, a miséria, o sofrimento, o medo, o pecado, e até a morte estarão ausentes, pois terão sido vencidos por Cristo. Nesse Reino definitivo, Deus manifestar-Se-á como Senhor de todas as coisas.
ATUALIZAÇÃO - • a meta final é o Reino de Deus de vida plena e definitiva, de onde a doença, a tristeza, o sofrimento, a injustiça, a prepotência, a morte estarão ausentes.
• Como é que aí chegamos? Paulo responde: identificando-nos com Cristo. Uma vida vivida na escuta dos projetos do Pai e no amor e no serviço aos homens conduz à vida plena.
• Quem tem no horizonte final da sua vida o Reino de Deus, pode comprometer-se na luta pela justiça e pela paz, com a certeza de que a injustiça, a opressão, a oposição dos poderosos, a morte não podem pôr fim à vida que o anima. Ter como meta final o Reino significa libertarmo-nos do medo que nos paralisa e encontrarmos razões para um compromisso mais conseqüente com Deus, com o mundo e com os homens.
A frase central: “Todas as vezes que fizestes isto ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes.
Nós desejamos esse reinado; É necessário que Cristo reine na nossa inteligência, na nossa vontade, no nosso coração. É necessário que reine no nosso corpo, templo do Espírito Santo!”(Papa Pio XI).
A cruz é o trono, em que se manifesta plenamente a realeza de Jesus, que é perdão e vida plena para todos. A cruz é a expressão máxima de uma vida feita Amor e Entrega.
O reinado de Cristo somente pode ser compreendido a partir da lógica do próprio Cristo: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Eis o modo que Cristo tem de reinar: servindo, dando vida e entregando a própria vida. Tão diferente dos reis da terra, dos políticos e líderes de ontem de hoje: “Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vos não será assim…” (Mc 10,42s). Cristo é Rei porque se fez solidário conosco ao fazer-se um de nós, é Rei porque tomou nossa vida sobre seus ombros, é Rei porque passou entre nós servindo, até o maior serviço: entregar-se totalmente na cruz. É rei porque, agora, no céu, Deus e homem verdadeiro, é Cabeça e Princípio de uma nova criação, de uma nova humanidade, de uma nova história, que se consumará na plenitude final. A festa de Cristo Rei recorda-nos uma outra: a do Domingo de Ramos, quando, com palmas nas mãos, cantamos o reinado de Cristo, que entrava em Jerusalém num burrico – animal de carga de serviço – para ser coroado de espinhos, morrer e ressuscitar.
Tudo isto nos coloca em crise, pois este Rei-Messias olha para nós, cristãos, seus discípulos, e nos convida a segui-lo por esse caminho: não o da glória, mas da humildade; não o do sucesso a qualquer custo, mas da fidelidade a todo preço; não o das honras, mas do serviço; não o da imposição, mas da proposta humilde. Nosso verdadeiro reinado, nossa dignidade é unir-se a Cristo no seu caminho de humilde serviço ao Evangelho, seguindo os passos do nosso Senhor: “Fiel é esta palavra: Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele sofremos, com ele reinaremos” (2Tm 2,11). Todas as vezes que esquecemos isso, fomos infiéis e indignos de reinar com Cristo.
Hoje, temos uma nova chance. Nos países muçulmanos e budistas, somos cidadãos de segunda classe, perseguidos e mortos (ninguém divulga isso!), na China, somos colocados na prisão e nossos Bispos são condenados a trabalhos forçados e, aqui, no nosso Brasil, somos chamados de reacionários, medievais, contrários à ciência e ao progresso… porque não aceitamos o aborto, a eutanásia, o assassinato de deficientes, a dissolução da família… É, mais uma vez, a chance de testemunhar o reinado de Cristo, de permanecermos firmes no combate, com a humildade que é capaz de dialogar e ouvir, mas também com a firmeza que não arreda o pé da fidelidade ao Senhor: “Vós sois os que permanecestes comigo em minhas tribulações; também eu disponho para vós o Reino, como meu Pai o dispôs para mim, a fim de que comais e bebais à minha mesa em meu Reino” (Lc 22,28-30). Que missão, que chance, que desafio, que graça! Com serenidade e firmeza, na palavra, na vida e na morte, testemunhemos: Jesus Cristo é Rei e Senhor, Princípio e Fim de todas as coisas.
Humildemente, elevemos, cheios de confiança, o nosso olhar para ele, e como o Bom Ladrão, supliquemos: “Jesus, lembra-te de mim, lembra-te de nós, quando entrares no teu Reino!” Só a ti a glória, pelos séculos dos séculos.
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):
Louvor (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR):
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó DEUS NOSSO PAI !
- Senhor, nosso Deus, Nós vos louvamos e agradecemos pelo vosso amor por nós. Por bondade enviastes vosso Filho para ser Vossa presença em nosso meio. Hoje aclamamos Jesus o nosso Rei e nosso Bom Pastor. Pai, somos o vosso povo e vosso rebanho. Guiai-nos para as águas da vida eterna.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó DEUS NOSSO PAI !
- Senhor, agradecemos pela criação, agradecemos por nos fazer vossa imagem e semelhança. Pai, ajudai-nos a ver nos irmãos e irmãs a vossa imagem e semelhança. Que saibamos ser auxílio aos necessitados e saibamos perdoar e amar a todos.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó DEUS NOSSO PAI !
- Senhor, muitas vezes nos apegamos aos valores deste mundo, que em nada nos enriquecem para a vida em vosso Reino. Pai, ajudai-nos a fugir do egoísmo e da cobiça que tantos males causam a humanidade. Enviai-nos a luz do Espírito Santo para que vivamos o bem comum, tenhamos a paz e sejamos mais fraternos.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó DEUS NOSSO PAI !
- PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...


sexta-feira, 17 de novembro de 2017

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A, homilias, subsídios homiléticos

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A (Adaptado pelo Diácono Ismael)

Sinopse:
Tema: Fidelidade: “Como foste fiel no pouco, eu te confiarei muito mais!”
A primeira leitura: O trabalho, a generosidade, o temor de Deus, são alguns dos valores do discípulo que quer viver na fidelidade aos projetos de Deus.
O Evangelho: Jesus louva o discípulo faz frutificar os “bens” que Deus lhe confia; e condena o discípulo que não põe a render os “bens” que Deus lhe entrega.
Na segunda leitura, Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá o Senhor pela segunda vez; mas é estar atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus, testemunhando os seus projetos, empenhando-se ativamente na construção do Reino.

PRIMEIRA LEITURA (Pr 31,10-13. 19-20. 30-31) Leitura do Livro dos Provérbios.
Uma mulher forte, quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as jóias. Seu marido confia nela plenamente, e
não terá falta de recursos. Ela lhe dá só alegria e nenhum desgosto, todos os dias de sua vida. Procura lã e linho, e com habilidade trabalham as suas mãos. Estende a mão para a roca, e seus dedos seguram o fuso. Abre suas mãos ao necessitado e estende suas mãos ao pobre. O encanto é enganador e a beleza é passageira; a mulher que teme ao Senhor, essa sim, merece louvor. Proclamem o êxito de suas mãos, e na praça louvem-na as suas obras!

AMBIENTE O “Livro dos Provérbios” apresenta várias coleções de ditos, de máximas, de provérbios onde se cristaliza o resultado da reflexão e da experiência (“sabedoria”) de várias gerações de “sábios” antigos (israelitas e alguns não israelitas).
Tema do poema: a mulher virtuosa. Provavelmente, o Livro dos Provérbios foi usado como manual para a formação de jovens que frequentavam as escolas de “sabedoria”. Este poema, situado no final do livro, poderia ser a “instrução final”: antes de abandonar a escola e depois de haver assimilado os ensinamentos dos “sábios”, o aluno era instruído acerca da eleição da esposa.

MENSAGEMA mulher virtuosa gerencia bem a casa e não deixa que nada falte. Ao constatar a boa ordem em que tudo caminha, por ação da esposa, o coração do marido descansa e confia. É, ainda, a mulher de coração generoso, que tem piedade do infeliz e que partilha generosamente o fruto do seu trabalho com o pobre que pede auxílio.
É, finalmente, a mulher que não se preocupa com a sua aparência, mas se preocupa em viver no temor do Senhor. Viver no “temor do Senhor” significa respeitar os mandamentos, obedecer a Deus, aceitar com humildade e confiança a sua vontade, os seus planos e os seus projetos. O ideal de mulher aqui apresentado é o da mãe de família que dirige com eficiência, com dedicação e com empenho a sua casa e que é corresponsável com o marido na administração da casa, dos bens e da propriedade.

ATUALIZAÇÃO • Mais do que uma mulher virtuosa ideal, o “sábio” autor exalta todos aqueles – mulheres e homens – que conduzem a sua vida de acordo com os valores do trabalho, do empenho, do compromisso, da generosidade, do “temor de Deus”. São estes valores, na opinião do autor, que nos asseguram uma vida feliz, tranquila e próspera.
• O nosso texto sugere uma reflexão sobre as nossas prioridades… Da mulher virtuosa diz-se que não se preocupa com os valores efêmeros (a aparência), mas que se preocupa com os valores eternos (o “temor de Deus”).
• A referência à generosidade para com o pobre e o necessitado é questionante… Como é que consideramos e tratamos aqueles irmãos que nos batem à porta, a pedir um pedaço de pão, um pouco de atenção, ou ajuda?
• No Antigo Testamento, o “temor de Deus” é a qualidade quem ama Deus, que procura conhecer os seus projetos e que cumpre – com total confiança – a vontade de Deus. Esta dependência de Deus – diz-nos um “sábio” de Israel – não diminui a nossa liberdade, nem atenta contra a nossa realização; pelo contrário, é condição essencial para a realização plena do homem.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 127 (128)
Felizes os que temem o Senhor / e trilham seus caminhos!
• Feliz és tu, se temes o Senhor / e trilhas seus caminhos!
/ Do trabalho de tuas mãos hás de viver, / serás feliz, tudo irá bem!
• A tua esposa é uma videira bem fecunda / no coração da tua casa; /
os teus filhos são rebentos de oliveira / ao redor de tua mesa.
• Será assim abençoado todo homem / que teme o Senhor. /
O Senhor te abençoe de Sião, / cada dia de tua vida.

EVANGELHO (Mt 25,14-30) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos: “Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou. O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles e lucrou outros cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu patrão. Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ Chegou também o que havia recebido dois talentos e disse: ‘Senhor, tu me entregastes dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. O patrão disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. O patrão lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e ceifo onde não semeei? Então devias ter depositado meu dinheiro num banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence.’ Em seguida o patrão ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes!”.

AMBIENTE - A catequese que Mateus apresenta tem em conta as necessidades da sua comunidade cristã. Estamos no final do séc. I (década de 80). Os cristãos, fartos de esperar a segunda vinda de Jesus, esqueceram o seu entusiasmo inicial… Instalaram-se na mediocridade, na rotina, no comodismo. As perseguições provocam o desânimo … Era preciso reaquecer o entusiasmo dos crentes, despertar a fé, renovar o compromisso cristão com Jesus e com a construção do Reino.
É para responder a este contexto que Mateus elabora o “discurso escatológico” de Marcos (cf. Mc 13) e compõe, com ele, uma exortação dirigida aos cristãos. Lembra-lhes que a segunda vinda do Senhor está no horizonte final da história humana; e que, até lá, os crentes devem “produzir com os seus talentos”, vivendo na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com a construção do Reino. A parábola que hoje nos é proposta fala de “talentos” que um senhor distribuiu pelos servos. (Um talento equivale a 36 quilos de prata e ao salário de aproximadamente 3.000 dias de trabalho [100 meses] de um operário não qualificado.

MENSAGEM - Os dois primeiros servos foram louvados pelo “senhor”, ao passo que o terceiro foi severamente criticado e condenado.
O amo exigente seria Deus, que reclama para Si uma lealdade a toda prova e que não aceita situações de acomodação e de preguiça. Os servos a quem Ele confia os valores do Reino devem acolher os seus dons e pô-los a render, a fim de que o Reino seja uma realidade. No Reino, ou se está comprometido, ou não se está.
Depois, Mateus pegou na mesma parábola e situou-a num outro contexto: o da vinda do Senhor Jesus, no final dos tempos… A vinda do Senhor é uma certeza; e, quando Ele voltar, julgará os homens conforme o comportamento que tiverem assumido na sua ausência. Nesta versão da parábola, o “senhor” é Jesus que, antes de deixar este mundo, entregou bens consideráveis aos seus “servos” (os discípulos). Os “bens” são os dons que Deus, através de Jesus, ofereceu aos homens – a Palavra de Deus, os valores do Evangelho, o amor que se faz serviço aos irmãos e que se dá até à morte, a partilha e o serviço, a misericórdia e a fraternidade, os carismas e ministérios que ajudam a construir a comunidade do Reino… Os discípulos de Jesus são os depositários desses “bens”. A questão é, portanto, esta: como devem ser utilizados estes “bens”? Eles devem dar frutos, ou devem ser conservados cuidadosamente enterrados? Os discípulos de Jesus podem – por medo, por comodismo, por desinteresse – deixar que esses “bens” fiquem infrutíferos? Na perspectiva da nossa parábola, os “bens” que Jesus deixou aos seus discípulos têm de dar frutos. A parábola apresenta como modelos os dois servos que mexeram com os “bens”, demonstraram interesse, se preocuparam em não deixar parados os dons do “senhor”, fizeram investimentos, não se acomodaram nem se deixaram paralisar pela preguiça, pela rotina, ou pelo medo. Por outro lado, a parábola condena veementemente o servo que entregou intactos os bens que recebeu. Ele teve medo e, por isso, não correu riscos; mas não só não tirou desses bens qualquer fruto, como também impediu que os bens do “senhor” fossem criadores de vida nova.
Através desta parábola, Mateus exorta a sua comunidade no sentido de estar alerta e vigilante, sem se deixar vencer pelo comodismo e pela rotina. Esquecer os compromissos assumidos com Jesus e com o Reino, demitir-se das suas responsabilidades, deixar na gaveta os dons de Deus, aceitar passivamente que o mundo se construa de acordo com valores que não são os de Jesus, instalar-se na passividade e no comodismo, é privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito. O discípulo de Jesus não pode esperar o Senhor de mãos erguidas e de olhos postos no céu, alheios aos problemas do mundo e preocupado em não se contaminar com as questões do mundo…  O discípulo de Jesus espera o Senhor profundamente envolvido e empenhado no mundo, ocupado em distribuir a todos os homens seus irmãos os “bens” de Deus e em construir o Reino.

ATUALIZAÇÃO • Nós, os cristãos, somos no mundo as testemunhas de Cristo e do projeto de salvação que o Pai tem para os homens. É com o nosso coração que Jesus continua a amar os publicanos e os pecadores do nosso tempo; é com as nossas palavras que Jesus continua a consolar os que estão tristes e desanimados; é com os nossos braços abertos que Jesus continua a acolher os imigrantes que fogem da miséria; é com as nossas mãos que Jesus continua a quebrar as cadeias que prendem os escravizados e oprimidos; é com os nossos pés que Jesus continua a ir ao encontro de cada irmão que está sozinho e abandonado; é com a nossa solidariedade que Jesus continua a alimentar as multidões famintas do mundo e a dar medicamentos e cultura àqueles que nada têm… Nós, cristãos, membros do “corpo de Cristo”, que nos identificamos com Cristo, temos a grande responsabilidade de O testemunhar e de deixar que, através de nós, Ele continue a amar os homens e as mulheres que caminham ao nosso lado pelos caminhos do mundo.
• Os dois “servos” da parábola que, talvez correndo riscos, fizeram frutificar os “bens” que o “senhor” lhes deixou, mostram como devemos proceder, enquanto caminhamos pelo mundo à espera da segunda vinda de Jesus. Eles tiveram a ousadia de não se contentar com o que já tinham; não se deixaram dominar pelo comodismo … Lutaram, esforçaram-se, arriscaram, ganharam. Todos os dias, há cristãos que têm a coragem de arriscar. Não aceitam a injustiça e lutam contra ela; não pactuam com o egoísmo, o orgulho, a prepotência e propõem, em troca, os valores do Evangelho; não aceitam que os grandes e poderosos decidam os destinos do mundo e têm a coragem de lutar contra os projetos desumanos que enfeiam esta terra; … Muitas vezes, são perseguidos, condenados, desautorizados, reduzidos ao silêncio, incompreendidos; muitas vezes, no seu excesso de zelo, cometem erros de avaliação, fazem opções erradas… Apesar de tudo, Jesus diz-lhes: “muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu Senhor”.
• O servo que escondeu os “bens” que o Senhor lhe confiou mostra como não devemos proceder, enquanto caminhamos pelo mundo à espera da segunda vinda de Jesus. Esse servo contentou-se com o que já tinha e não teve a ousadia de querer mais; entregou-se sem luta, deixou-se dominar pelo comodismo e pela apatia… Não lutou, não se esforçou, não arriscou, não ganhou. Todos os dias há cristãos que desistem por medo e covardia e se demitem do seu papel na construção de um mundo melhor. Limitam-se a cumprir as regras, ou a refugiar-se no seu cantinho cômodo, sem força, sem vontade, sem coragem de ir mais além. Não falham, não cometem “pecados graves”, não fazem mal a ninguém, não correm riscos; limitam-se a repetir sempre os mesmos gestos, sem inovar, sem purificar, sem nada transformar; não fazem, nem deixam fazer e limitam-se a criticar asperamente aqueles que se esforçam por mudar as coisas… Não põem a render os “bens” que Deus lhes confiou e deixam-nos secar sem dar frutos. Jesus diz-lhes: “servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde não lancei; devias, portanto, depositar o meu dinheiro no banco e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu”.

SEGUNDA LEITURA (1Ts 5,1-6) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
Quanto ao tempo e à hora, meus irmãos, não há por que vos escrever. Vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia
do Senhor virá como ladrão, de noite. Quando as pessoas disserem: “Paz e segurança!”, então de repente sobrevirá a destruição, como as dores de parto sobre a mulher grávida. E não poderão escapar. Mas vós, meus irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios.

AMBIENTE - um dos problemas para os tessalonicenses residia na compreensão dos acontecimentos ligados à parusia (regresso de Jesus, no final dos tempos).
Paulo e as primeiras gerações cristãs acreditavam que o “dia do Senhor” (o dia da intervenção definitiva de Deus na história, para derrotar os maus e para conduzir os bons à vida plena e definitiva) surgiria num espaço de tempo muito curto e que os membros da comunidade ainda assistiriam ao triunfo final de Jesus. No entanto, os dias foram passando e, provavelmente, faleceu algum membro da comunidade. Por isso, os tessalonicenses perguntavam: qual será a sorte dos cristãos que morreram antes da segunda vinda de Cristo? Como poderão eles sair ao encontro de Cristo vitorioso e entrar com Ele no Reino de Deus se já estão mortos?
A estas questões Paulo respondeu já no texto que nos foi proposto no domingo passado… Mas, no texto de hoje, Paulo continua a sua reflexão sobre o “dia em que o Senhor virá” e sobre a forma como os cristãos se devem preparar.

MENSAGEM - Paulo está convicto de que esse acontecimento (a volta de Cristo) se dará proximamente; no entanto, a data exata continua desconhecida e imprevista.
Por isso, os crentes devem estar atentos para não serem surpreendidos. Para descrever a “surpresa de Deus”, Paulo utiliza duas imagens bem significativas: Deus surpreende-nos como um ladrão que chega de noite, quando ninguém está à espera; e Deus é como as dores de parto que surgem de repente. Em consequência, a vida cristã deve estar marcada por uma atitude de preparação e de vigilância. Para além da questão da data, o que é importante é que os cristãos vivam de forma coerente com a opção que fizeram no dia do seu Batismo. Os crentes têm de viver de maneira diferente dos não crentes, pois os horizontes de uns e de outros são diferentes… Os não crentes vivem mergulhados na noite e nas trevas, estão adormecidos; vivem no presente, despreocupados em relação ao futuro, de olhos postos no horizonte terreno. Os crentes são filhos da luz e do dia, estão vigilantes; vivem de olhos postos no futuro, à espera que chegue a vida verdadeira, plena, definitiva que Deus lhes vai oferecer. Na verdade, a vida dos crentes é mais bela e significativa, porque está cheia de esperança.

ATUALIZAÇÃO - • A questão fundamental da segunda vinda do Senhor, não é a questão da data, mas é a questão de como esperar e preparar esse momento. Paulo deixa claro que o que é preciso é estar vigilante. “Estar vigilante” significa viver, no dia a dia, de acordo com os ensinamentos de Jesus, empenhando-se na transformação do mundo e na construção do Reino.
• Para os não crentes, a vida encerra-se dentro dos limites estreitos deste mundo e, por isso, só interessam os valores deste mundo; para os crentes, a verdadeira vida, a vida em plenitude, está para além dos horizontes da história e, por isso, é preciso viver de acordo com os valores eternos, os valores de Deus. Assim, na perspectiva dos crentes, não são os valores deste mundo (o dinheiro, o poder, os êxitos humanos) que devem constituir a prioridade, mas sim os valores de Deus.
• A certeza da segunda vinda do Senhor aponta também no sentido da esperança. Os cristãos esperam a salvação que já receberam antecipadamente com a morte de Cristo, mas que irá consumar-se no “dia do Senhor”. Os crentes são, pois, homens e mulheres de esperança, abertos ao futuro – um futuro a conquistar, já nesta terra, com fé e com amor, mas sobretudo um futuro a esperar, como dom de Deus.


Dehonianos
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Talentos a serviço

Ao aproximar-se o final do Ano Litúrgico, a Liturgia nos convida a estarmos prontos a prestar conta a Deus da administração dos bens que ele nos concedeu.
É um apelo à VIGILÂNCIA para a vinda do Senhor, que pode vir a qualquer momento.

A 1a Leitura apresenta a figura da "mulher virtuosa", que sabe administrar a sua casa. (Pr 31,10-13.19-20.30-31)

Esse poema retrata a Mãe de família, que valoriza o trabalho, o compromisso, a generosidade e o "temor de Deus".
Esses valores garantem ainda hoje para todos uma vida feliz, tranquila e próspera.

Na 2ª leitura, Paulo fala da 2ª vinda do Senhor e como devemos esperar e preparar esse momento: vigilantes e sóbrios na presença do Senhor. (1Ts 5,1-6)

No Evangelho, com a Parábola dos TALENTOS, Jesus fala da sua 2ª vinda no fim dos tempos e a atitude com que os discípulos devem esperar e preparar essa vinda. (Mt 25,14-30)

Um "senhor" partiu em viagem e deixou sua fortuna nas mãos dos servos.
A um, deixou cinco talentos, a outro dois e a outro um.
Quando voltou, chamou os servos e pediu-lhes conta da sua gestão.
Os dois primeiros tinham duplicado a soma recebida; mas o terceiro escondeu cuidadosamente o talento recebido, pois conhecia a exigência do "senhor" e tinha medo.
Os dois primeiros servos foram louvados pelo "senhor", ao passo que o terceiro foi severamente criticado e condenado.

A Parábola refere-se à Vinda do Senhor Jesus, no final dos tempos...
- O "Senhor" representa Jesus, que antes de deixar este mundo, para viajar de volta ao Pai, deixou todos os seus "Bens" aos discípulos.
- Os Talentos são os "bens" que Jesus deixou na sua Igreja: o Evangelho, a sua mensagem de salvação;  o Batismo, a Eucaristia e todos os sacramentos, seu amor pelos pobres, sua atenção para os doentes...
- Os Servos, depositários desses bens, são os discípulos de Jesus, somos todos nós, que devemos produzir na medida de nossas possibilidades...

Depositários dos Bens de Cristo...

Nós somos agora no mundo as testemunhas de Cristo e do projeto de salvação que o Pai tem para os homens.
- É com o nosso coração que Jesus continua a amar os publicanos e os pecadores do nosso tempo;
- é com as nossas palavras que Jesus continua a consolar os que estão tristes e desanimados;
- é com os nossos braços abertos que Jesus continua a acolher os imigrantes que fogem da miséria e da degradação;
- é com as nossas mãos que Jesus continua a quebrar as cadeias que prendem os escravizados e oprimidos;
- é com os nossos pés que Jesus continua a ir ao encontro de cada irmão que está sozinho e abandonado;
- é com a nossa solidariedade que Jesus continua a alimentar as multidões famintas do mundo e a dar medicamentos e cultura àqueles que nada têm…

O que a Parábola nos diz hoje?

A Parábola mostra a grande responsabilidade de quem se omite, deixando que os bens do Senhor permaneçam infrutíferos, privando desta forma a comunidade e o mundo dos frutos a que têm direito.

- os dois "servos" da parábola, que fizeram frutificar os "bens", nos mostram como devemos proceder:  Eles lutaram, esforçaram-se, arriscaram, ganharam.
  Não se deixaram dominar pelo comodismo e tiveram a coragem de arriscar.
  Também nós não devemos nos deixar dominar pelo comodismo e ter a coragem de lutar contra a injustiça e propor os valores do Evangelho; Não aceitar que os grandes e poderosos decidam os destinos do mundo e ter a coragem de lutar contra os projetos desumanos que desfiguram esta terra; Não aceitar que a Igreja se identifique com a riqueza, com o poder e procurar  torná-la mais pobre, mais simples, mais humana, mais evangélica; Não aceitar que a liturgia deva ser sempre tão solene que assuste os mais
  simples, nem tão etérea que não tenha nada a ver coma vida do dia a dia...

- e o servo, que enterrou os "bens", mostra como não devemos proceder:   contentar-se com o que se tem e não querer mais, por medo ou covardia...
  Não fazer render os "bens" que Deus nos confiou... não dar frutos...

Como usamos os talentos que o Senhor nos confiou?

- Em muitas comunidades encontramos pessoas ricas de talentos... de estudo, de tempo e de recursos... mas não se doam aos outros...
  Dizem que não tem tempo... não tem jeito... e não fazem nada pela comunidade...

- No entanto, encontramos pessoas pobres, humildes, muito ocupadas... e com pouco ou nenhum estudo,  que se entregam com generosidade a serviço da Comunidade: nas pastorais, nos movimentos e no serviço de caridade...

* No fim de nossa vida, o que desejamos ouvir?
"Servo bom e fiel... vem participar da minha alegria..."
  ou "Servo mau e preguiçoso... Servo inútil... joguem-no fora...
        na escuridão... onde haverá choro e ranger de dente?"

  A Escolha será nossa!...

                          Pe. Antônio Geraldo
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Homilia de D. Henrique Soares

De um modo ou de outro, a Palavra do Senhor sempre nos fala da vida, nos revela o sentido, nos mostra o caminho. Hoje, o Senhor nos apresenta a existência como um punhado de talentos, de dons, de oportunidades que a providência gratuita e misteriosa de Deus  colocou em nossas mãos para que façamos frutificar. Certamente, jamais compreenderemos porque nascemos desse modo ou somos daquele outro. Podemos, no entanto, ter a certeza que o Senhor nos deu uma vida, “a cada um de acordo com a sua capacidade”. Ora, é esta vida, dom de Deus, fruto de um desígnio de amor sem fim, que cada um de nós deve responsavelmente cultivar e fazer frutificar em benefício nosso de dos irmãos. Na mulher forte e industriosa da primeira leitura, aparece um exemplo de alguém que não se contenta em passar pela vida, mas vai tecendo o fio da existência com as pequenas fidelidades de cada dia. Do mesmo modo, a segunda leitura chama-nos atenção para o fato que nos serão pedidas contas da vida, dom recebido de Deus. Daí, o conselho: “Não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios”.
Caríssimos, uma das grandes tentações do mundo atual é pensar que a existência é nossa de modo absoluto, como se cada um de nós se tivesse criado a si próprio, dado a si próprio a existência. Fechados em si próprios, os homens pensam que podem ser felizes construindo a vida de seu próprio modo, à medida de suas próprias idéias e objetivos. Ilusão! A vida é dom de Deus e somente nos faz felizes se dela fizermos um diálogo amoroso com o Senhor, autor e doador de nosso ser. Mais que talentos na vida, o Senhor nos concedeu a própria vida como um precioso talento. Desenvolvê-lo e ser feliz e buscar não a nossa própria satisfação, não nossa própria medida, não nosso próprio caminho, mas fazer da existência uma busca amorosa e cheia de generosidade da vontade de Deus. Eis! Somente seremos felizes e maduros quando tivermos a capacidade de arriscar verdadeiramente nos perder, nos deixar para nos encontrar no Senhor, alicerce e fonte de nossa vida. Eis o verdadeiro investimento!
Infelizmente, a dinâmica do mundo hodierno, pagão e ateu, não no ajuda nessa direção. Há distração demais, novidade demais, produto demais a ser consumido; há preocupação demais com uma felicidade compreendida como satisfação de nossos desejos, carências e vontades. Há consciência de menos de que a vida é dom e serviço, doação e abertura para o infinito; há percepção de menos de que aqui estamos de passagem e de que lá, junto ao Senhor, é que permaneceremos para sempre. Atolamo-nos de tal modo nos afazeres da vida, no corre-corre de nossas atividades, no esforço por satisfazer nossas vontades, na busca de nossa auto-afirmação, que perdemos a capacidade de compreender realmente que somos passageiros e viandantes numa existência breve e fugaz que somente valerá a pena será vivida na verdade se for compreendida como abertura para o Senhor e, por amor a ele, abertura generosa e servidora para os outros.
Caríssimos, estejamos atentos à advertência do Apóstolo: “Vós, meus irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia” O Dia é Cristo, a Luz é Cristo. Viver na luz, viver no dia é viver na perspectiva de Cristo Jesus, é valorizar o que ele valoriza e desprezar o que ele despreza. Filhos da luz, filhos do dia – eis o que deveríamos ser! Mas, com tanta freqüência nossa mente e nosso coração, nossos pensamentos e nossos afetos encontram-se entenebrecidos como o dos pagãos… Quão grave para nós, porque conhecemos a Luz, cremos no Dia que é o Cristo-Deus!
Não nos iludamos, não façamos de conta que não sabemos: todos haveremos de dar contas a Deus de nossa existência, do sentido que lhe demos, daquilo que nela construímos. Queira Deus que nossa vida seja como a do Cristo Jesus: uma verdadeira e amorosa abertura para Deus e uma abertura para os outros! Queira Deus que consigamos, iluminados pela sua Palavra, nutridos pela sua Eucaristia e animados pela oração diária, viver nossa existência na perspectiva de Deus, de tal modo que vivamos, vivamos de verdade, vivamos em abundância, vivamos uma vida que valha a pena!
Que o Senhor no-lo conceda pela sua graça. Amém.

D. Henrique Soares

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Espiritualidade do trabalho

Aquele que recebeu cinco talentos e o que recebeu somente dois foram bons trabalhadores. Cada um deles, recebidos os talentos, “negociou com eles; fê-los produzir, e ganhou outros” (Mt 25,16). É preciso trabalhar! Mais ainda, é preciso trabalhar bem! João Paulo II, na sua Carta Encíclica sobre o trabalho humano (“Laborem exercens”), falava de “elementos para uma espiritualidade do trabalho”. No entanto, ninguém duvida que a primeira coisa para falarmos de uma espiritualidade do trabalho é que se tenha um trabalho e se trabalhe. É verdade que nem sempre é fácil ter um trabalho. Há muitas pessoas desempregadas. Nesse sentido, a justiça social apela aos representantes responsáveis pelo bem comum da sociedade que se empenhem em criar cada vez mais postos de trabalho.
Mas também é verdade que alguém poderia não trabalhar ou trabalhar mal simplesmente porque é um preguiçoso. Como vencer a preguiça? Trabalhando. Uma boa lição deixou aos filhos aquele camponês que estava prestes a morrer. Conta-se que os seus filhos eram bem comodistas e o pai, já moribundo, disse-lhes: ‘meus filhos, estou morrendo, mas vou deixar como herança um campo e um tesouro que se encontra neste mesmo campo; vocês só terão que procurá-lo cavando o terreno’. Morto o pai, começou a caça ao tesouro. Vão cavando, revolvendo o terreno e… nada. Depois de, literalmente, cavar todo o terreno não encontraram nenhum tesouro; só então entenderam qual era o tesouro que o pai lhes tinha deixado: o trabalho.
O trabalho é um dom de Deus, que criou o homem para que trabalhasse (cf. Gn 2,15). No nosso trabalho nós temos que fazer como aqueles servos que negociaram e fizeram com que os talentos se multiplicassem. Eles sabiam que eram administradores de bens que não lhes pertenciam. E nós, o que somos? Administradores, servos, trabalhadores na vinha do Senhor, negociantes com os talentos de Deus. O Senhor nos pedirá conta da nossa administração. Temos que trabalhar santificando a nossa profissão.
O primeiro requisito para santificar o próprio trabalho, agradando ao Senhor e fazendo do trabalho um ambiente de apostolado, é fazê-lo bem: pontualidade, responsabilidade, honestidade, prudência, solidariedade etc. Essas e outras virtudes formam o cortejo das virtudes do trabalhador. Um cristão que deseja ser santo, mas desenvolve mal o seu trabalho pode vir a ser um autêntico contra testemunha do Evangelho: reza, mas não trabalha bem; vai à Missa, mas não é honesto nas relações de compra e venda; faz penitência, mas não pratica a pequena mortificação de chegar pontualmente ao trabalho; fala que todo mundo tem que ser bom, mas ele mesmo é não é justo com os seus funcionários… Mal serviço à evangelização! Ainda que participe de uns cinco grupos da paróquia, se não é bom trabalhador, bom pai de família e bom amigo dos seus amigos, não vai atrair para Deus, não estará se santificando, não estará vivendo uma boa espiritualidade.
É justamente em meio ao barulho do mundo, ao ruído das fábricas, à paciente leitura dos livros da faculdade, enfim, por ocasião dos diversos afazeres do cotidiano nós encontramos a Deus, ele nos espera em meio a essas coisas. Fugir dessa realidade é fugir do mundo real e seria, portanto, fugir do encontro com Deus. Nesse sentido, as palavras de S. Francisco de Sales são atuais para animar-nos a viver essa “espiritualidade do trabalho” da qual falava o grande João Paulo II: “a prática da devoção tem que atender à nossa saúde, às nossas ocupações e deveres particulares. Na verdade, Filotéia, seria porventura louvável se um bispo fosse viver tão solitário como um cartuxo? Se pessoas casadas pensassem tão pouco em juntar para si um pecúlio, como os capuchinhos? Se um operário frequentasse tanto a igreja como um religioso o coro? Se um religioso se entregasse tanto a obras de caridade como um bispo? Não seria ridícula tal devoção, extravagante e insuportável? Entretanto, é o que se nota muitas vezes, e o mundo, que não distingue nem sequer a devoção verdadeira da imprudência daqueles que a praticam desse modo excêntrico, censura e vitupera a devoção, sem nenhuma razão justa e real” (S. Francisco de Sales, Filotéia, 1,3).
Vamos continuar negociando com os nossos talentos. Há momentos nos quais precisamos ser fortalecidos para continuar com esse empenho firme e alegre: santificar a realidade profissional, a de todos os dias. Vamos fortalecer-nos na Missa dominical, e até diária se possível; na meditação diária da Palavra de Deus; na reza quotidiana do Terço; nas visitas ao Santíssimo. Todas essas práticas de piedade são como um “posto de combustível” aonde o carrinho da nossa alma vai se reabastecer para continuar caminhando, encontrando e amando a Deus, conversando com ele em todos os momentos da nossa jornada.

Pe. Françoá Costa

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Os talentos continuam sendo de Deus, como na parábola. Ele os entregou a nós para os desenvolvermos e usarmos para o bem comum.
Exemplos de talentos: Saúde, estudo, inteligência, dom artístico, aptidão profissional, amor, boas maneiras, as virtudes cristãs...
Todos nós, quando fomos criados, recebemos de Deus muitos talentos. Todo mundo tem talento, senão Deus não nos teria criado, pois ele não faz nada inútil.
Deus nos deu pensando mais nos outros do que em nós. Ele quer fazer de nós seus instrumentos, para que os outros sejam felizes. É a maravilha da ajuda humana. Entretanto, nós recebemos os talentos em forma de sementes. Precisamos desenvolvê-los, através do estudo, do treinamento etc.
Na parábola, os empregados que receberam cinco e dois talentos ganharam a mesma recompensa: “Vem participar da minha alegria”. Isto significa que não importa se temos muitas ou poucas qualidades; o que Deus olha é o uso que fazemos delas.
Os talentos são diferentes de uma pessoa para outra, dentro da família, do bairro, da sociedade e da Comunidade cristã. É difícil encontrarmos duas pessoas com as mesmas qualidades e aptidões. Deus nos fez um por um, e foi quebrando as formas. Isso é uma riqueza. Imagine se todo mundo só soubesse tocar violão!
E os talentos não são só diferentes, mas complementares, formando como que uma rede de talentos. Um é dentista, outro é barbeiro... Cada um serve os outros e é servido por eles.
Daí a importância de cada um de nós se aceitar como é, sem querer ser igual a ninguém, procurando descobrir os próprios talentos e desenvolvê-los ao máximo. Ser feliz por ser “único”.
Se alguém não usa seus talentos, nem por isso deixa de se beneficiar dos talentos dos outros. É servido pelos outros, e não faz nada em troca. Isso gera um desequilíbrio na sociedade. A pessoa torna-se semelhante à parasita, aquela plantinha que nasce nos troncos das árvores, suga a seiva da árvore e às vezes mata a árvore.
“Irmãos, como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição dos outros o dom que recebeu” (1Pd 4,10). Somos administradores, não donos da graça de Deus, por isso ninguém deve orgulhar-se dos talentos que possui. E essa graça é multiforme, porque atua em cada um de nós de forma diferente.
Ninguém deve considerar-se “o tal”, por ter esse ou aquele talento.

São muitos os motivos que levam as pessoas a enterrarem os próprios talentos: Medo do risco. Pessimismo. Falta de confiança em Deus. Comodismo. Perda de tempo com coisas fúteis. Egoísmo. Insensibilidade diante das necessidades do próximo. Preconceito em relação aos talentos políticos...
Um dia Deus nos pedirá contas dos talentos que ele nos confiou! Aquela história de “eu quero ser humilde, por isso vou esconder o meu dom” é papo furado. Isso é orgulho ou comodismo, disfarçado em humildade.
Existe
uma coisa triste em relação aos talentos: muitos não usam os dons que têm, não porque os enterram, mas porque outros não os deixam usar. Nós, pelo nosso pecado, podemos enterrar os talentos dos outros. Fazemos isso quando, por exemplo, impedimos nosso próximo de estudar, ou lhe fechamos as portas, impedindo-o de se desenvolver.

Em nossas Comunidades, uma maneira muito comum de impedir os outros de usar seus talentos são os cargos vitalícios. Isto é, a mesma pessoa fica ocupando o mesmo cargo anos e anos a fio.
Bom remédio para evitar isso é instituir na Comunidade a celebração do mandato. De tempo em tempo, a Comunidade se reúne e impõe as mãos sobre os novos nomeados para os diversos serviços, especialmente serviços de coordenação. O rodízio nos vários serviços é uma riqueza na Comunidade, justamente porque possibilita a todos desenvolverem seus talentos.
Ainda uma observação: Na sociedade, infelizmente, muitos usam os próprios talentos para o mal! Quanta inteligência é usada na fabricação de armas, que depois serão usadas para matar pessoas humanas, ou feri-las gravemente, como é o caso das minas! Aqueles que as fabricam, ou que as vendem, não estão sendo bons administradores dos dons que receberam de Deus. O mesmo vale para os fabricantes de drogas, para os traficantes e os que fabricam ou espalham vírus de computador.


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Louvor: (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):                         Mt 25, 14-30

- LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS,  NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: SENHOR, SOIS BONDADE E MISERICÓRDIA.
- Ó DEUS, SOIS PODEROSO E REPLETO DE AMOR. VÓS SOIS A FONTE DE TODAS AS COISAS. NÓS VOS BENDIZEMOS. PAI, FAZEI DE NÓS PESSOAS DEDICADAS  NA CONSTRUÇÃO DO REINO, SEGUNDO VOSSA VONTADE.
T: SENHOR, SOIS BONDADE E MISERICÓRDIA.
- Ó DEUS, VOSSO É O REINO, O PODER E A GLÓRIA. TUDO O QUE SOMOS E TEMOS É DE VÓS QUE RECEBEMOS. PAI, DAI-NOS CORAGEM PARA QUE MULTIPLIQUEMOS A SABEDORIA DE VOSSOS ENSINAMENTOS DE AMOR, DE PAZ, DE PERDÃO, DE AUXÍLIO AOS IRMÃOS. QUE SEJAMOS VOSSA IMAGEM DE BONDADE E AMOR.
T: SENHOR, SOIS BONDADE E MISERICÓRDIA.
- Ó DEUS, VÓS NOS ENVIASTES VOSSO FILHO JESUS CRISTO PARA NOS TRANSFORMAR. QUE SEJAMOS ATENTOS AOS COMPROMISSOS DE NOSSO BATISMO, QUE SEJAMOS LUZ PARA NOSSOS IRMÃOS. PAI, QUEREMOS MULTIPLICAR OS DONS QUE NOS DESTES.
T: SENHOR, SOIS BONDADE E MISERICÓRDIA.
- PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO...



sexta-feira, 10 de novembro de 2017

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM, homilias, subsídios homiléticos

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM (Diácono Ismael)

Tema: Vigilância: devemos caminhar pela vida sempre atentos ao Senhor que vem.
Na segunda leitura, Paulo garante que Cristo virá de novo para concluir a história humana e para inaugurar a realidade do mundo definitivo.
O Evangelho lembra-nos que “estar preparado” para acolher o Senhor que vem significa viver dia a dia na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com os valores do Reino.
A primeira leitura apresenta-nos a “sabedoria”, dom gratuito e incondicional de Deus para o homem. Deus se preocupa com a felicidade do homem e põe à disposição dos seus filhos a fonte de onde jorra a vida definitiva. Ao homem resta acolher, em cada instante, a vida e a salvação que Deus lhe oferece.

PRIMEIRA LEITURA (Sb 6,12-16) Leitura do Livro da Sabedoria.
A Sabedoria é resplandecente e sempre viçosa. Ela é facilmente contemplada por aqueles que a amam, e é encontrada por aqueles que a procuram. Ela até se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam. Quem por ela madruga não se cansará, pois a encontrará sentada à sua porta. Meditar sobre ela é a perfeição da prudência; e quem ficar acordado por causa dela em breve há de viver despreocupado. Pois ela mesma sai à procura dos que a merecem, cheia de bondade, aparece-lhes nas estradas e vai ao seu encontro em todos os seus projetos.

AMBIENTE - O “Livro da Sabedoria” é o mais recente de todos os livros do Antigo Testamento (aparece durante a primeira metade do séc. I a.C.). O seu autor – um judeu de língua grega, provavelmente nascido e educado na Diáspora (Alexandria?) – exprimindo-se em termos e concepções do mundo helênico, faz o elogio da “sabedoria” israelita, traça o quadro da sorte que espera o justo e o ímpio no mais-além e descreve (com exemplos tirados da história do Êxodo) as sortes diversas que tiveram os pagãos (idólatras) e os hebreus (fiéis a Jahwéh). O seu objetivo é duplo: dirigindo-se aos seus compatriotas judeus (mergulhados no paganismo, na idolatria, na imoralidade), convida-os a redescobrirem a fé dos pais e os valores judaicos; dirigindo-se aos pagãos, convida-os a constatar o absurdo da idolatria e a aderir a Jahwéh, o verdadeiro e único Deus… Para uns e para outros, só Jahwéh garante a verdadeira “sabedoria” e a verdadeira felicidade.
O que é esta “sabedoria” de que aqui se fala? A “sabedoria” é a arte de bem viver, de ser feliz. Consta de um conjunto de princípios práticos, de normas de comportamento deduzidas da reflexão e da experiência, destinadas a orientar o homem sobre a forma de conduzir-se na vida do dia a dia. O objetivo dessas normas é proporcionar ao homem uma vida harmoniosa, equilibrada, ordenada, cheia de êxitos.
No entanto, a reflexão israelita acabou por identificar a “sabedoria” com a Torah (Lei de Deus). Ser “sábio” é – para a reflexão judaica da época em que o “Livro da Sabedoria” apareceu – cumprir integralmente os mandamentos da Lei. Na “sabedoria”/Torah, revelada por Jahwéh, está o caminho para ter êxito, para ultrapassar os obstáculos que a vida traz e para ser feliz.
É neste contexto que devemos entender este convite à “sabedoria”.
MENSAGEM - A “sabedoria” não é, na perspectiva do autor do texto, algo de misterioso, e de oculto, que o homem tem dificuldade em encontrar… Ela brilha com brilho inalterável e atraente, que prende o olhar de quem a procura. Não é preciso correr atrás dela, com cuidado e fadiga, trilhando caminhos difíceis ou procurando em lugares recônditos e sombrios… Basta sentir interesse por ela, amá-la, desejá-la, que ela imediatamente se fará presente, oferecendo a vida e a felicidade a todos os que anseiam por ela. Quem ama a “sabedoria” facilmente “tropeça” nela, nas circunstâncias mais comuns da vida do dia a dia: à porta da casa, nos caminhos e até na intimidade dos próprios pensamentos… Para que a “sabedoria” ilumine a vida do homem, só é preciso disponibilidade para a acolher.
ATUALIZAÇÃO • A “sabedoria” é um dom de Deus para que o homem saiba conduzir a sua vida ao encontro da verdadeira vida e da verdadeira felicidade. Deus é cheio de amor, preocupado em proporcionar ao homem todas as possibilidades de ser feliz e de se realizar plenamente. Deus é esse Pai cheio de amor, preocupado com a felicidade dos seus filhos, sempre disposto a oferecer-lhes os seus dons e a conduzi-los para a vida e para a salvação; e convida-nos a uma atenção contínua, a fim de detectarmos e acolhermos esses dons que, a cada instante.
• Deus coloca os seus dons à disposição do homem, de forma gratuita e incondicional; ao homem é pedido apenas que não se feche no seu egoísmo e na sua autossuficiência, mas abra o seu coração à graça que Deus lhe oferece.
SALMO RESPONSORIAL / 62(63)
A minh'alma tem sede de vós, e vos deseja, ó Senhor.
• Sois vós, ó Senhor, o meu Deus!/ Desde a aurora ansioso vos busco! / A minh'alma tem sede de vós, / minha carne também vos deseja, / como terra sedenta e sem água!
• Venho, assim, contemplar-vos no templo, / para ver vossa glória e poder. / Vosso amor vale mais do que a vida: / e por isso meus lábios vos louvam.
• Quero, pois vos louvar pela vida,/ e elevar para vósminhas mãos! / A minh'alma será saciada, / como em grande banquete de festa; / cantará a alegria em meus lábios.
• Penso em vós no meu leito, de noite, / nas vigílias suspiro por vós! / Para mim fostes sempre um socorro; / de vossas asas à sombra eu exulto!

EVANGELHO (Mt 25,1-13)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, disse Jesus, a seus discípulos, esta parábola: “O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram imprevidentes, e as outras cinco eram previdentes. As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo. As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas. O noivo estava demorando e todas elas acabaram cochilando e dormindo. No meio da noite, ouviu-se um grito: ‘O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!’ Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas. As imprevidentes disseram às previdentes: ‘Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando.’ As previdentes responderam: ‘De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar aos vendedores’. Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento. E a porta se fechou. Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram: ‘Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!’ Ele, porém, respondeu: ‘Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!’ Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora”.

AMBIENTE - Enquanto em Marcos, o “discurso escatológico” (cf. Mc 13)  se refere, especialmente, aos sinais que precederão a destruição do Templo de Jerusalém, em Mateus o mesmo discurso aborda, sobretudo, o tema da segunda vinda de Jesus e a atitude com que os discípulos devem preparar essa vinda. Esta mudança de perspectiva tem a ver com as necessidades da comunidade de Mateus…
Estamos nos finais do séc. I (década de 80)… Já tinha passado a “febre escatológica” e os cristãos já não esperavam a vinda iminente de Jesus. Passado o entusiasmo inicial, a vida de fé dos crentes tinha arrefecido e a comunidade tinha-se instalado na rotina, no comodismo, na facilidade… Era preciso algo que despertasse de novo para o compromisso com o Evangelho.
Fundamentalmente, lembra-lhes que a segunda vinda do Senhor está no horizonte final da história humana; mas enquanto esse acontecimento não se realiza, os crentes são chamados a viver com coerência e entusiasmo a sua fé, fiéis aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com a construção do Reino. A isto, a catequese primitiva chama “estar vigilantes, à espera do Senhor que vem”.
A parábola que hoje nos é proposta alude aos rituais típicos dos casamentos judaicos. De acordo com os costumes, a cerimónia do casamento começava com a ida do noivo a casa da noiva, para levá-la para a sua nova casa. Normalmente, o noivo chegava atrasado, pois devia, antes, discutir com os familiares da noiva os presentes que ofereceria à família da sua amada. As negociações entre as duas partes eram demoradas e tinham uma importante função social… Os parentes da noiva deviam mostrar-se exigentes, sugerindo dessa forma que a família perdia algo de muito precioso ao entregar a menina a outra família; por outro lado, o noivo e os seus familiares ficavam contentes com as exigências, pois dessa forma mostravam aos vizinhos e conhecidos o valor e a importância dessa mulher que entrava na sua família. Os que testemunhavam o acordo, estavam prontos para ir avisar a noiva de que as negociações estavam concluídas e o noivo ia chegar… Enquanto isso, a noiva, vestida a preceito, esperava em casa do seu pai que o noivo viesse ao seu encontro. As amigas da noiva esperavam também, com as lâmpadas acesas, para acompanhar a noiva, entre danças e cânticos, à sua nova casa. Era aí que tinha lugar a festa do casamento.

MENSAGEM - A “parábola das dez virgens”, tal como saiu da boca de Jesus, era uma “parábola do Reino”. O Reino de Deus é, aqui, comparado com uma das celebrações mais alegres e mais festivas que os israelitas conheciam: o banquete de casamento. As dez jovens, representam a totalidade do Povo de Deus, que espera ansiosamente a chegada do messias (o noivo)… Uma parte desse Povo (as jovens previdentes) está preparada e, quando o messias finalmente aparece, pode entrar a fazer parte da comunidade do Reino; outra parte (as jovens descuidadas) não está preparada e não pode entrar na comunidade do Reino.
A parábola original constituía, pois, um apelo aos israelitas no sentido de não perderem a oportunidade de participar na grande festa do Reino.
Algumas dezenas de anos depois, Mateus retomou a mesma parábola, adaptando-a às necessidades da comunidade. A parábola foi, então, convertida numa exortação a estar preparado para a vinda do Senhor, a qual pode acontecer no momento menos esperado. A festa é, neste novo contexto, a segunda vinda de Jesus. O noivo que está para chegar é Jesus. As dez jovens representam a Igreja que, experimentando na história as dificuldades e as perseguições, anseia pela chegada da libertação definitiva. Uma parte da Igreja (as jovens previdentes) está preparada, vigilante, atenta e, quando o “noivo” chega, pode entrar no banquete da vida eterna; a outra parte (as jovens descuidadas) não está preparada, porque apostou nos valores do mundo, guiou a sua vida por eles e esqueceu os valores do Reino.
O que é que significa, na perspectiva de Mateus, “estar preparado para acolher a vinda do Senhor”? Significa, escutar as palavras de Jesus, acolhê-las no coração e viver de forma coerente com os valores do Evangelho… “Estar preparado” significa, fundamentalmente, viver na fidelidade aos projetos do Pai e amar os irmãos até ao dom da vida, em todos os instantes da nossa existência.
A mensagem é esta: nós os crentes, não podemos afrouxar a vigilância e enfraquecer o nosso compromisso com os valores do Reino. Com o passar do tempo, as nossas comunidades têm tendência para se instalar no comodismo, no adormecimento, no descuido, numa vida de fé que não compromete, numa religião de facilidade, num testemunho pouco empenhado e pouco coerente… É preciso, no entanto, que o nosso compromisso com Jesus se renove cada dia. A certeza de que Ele vem outra vez, deve impulsionar-nos a um compromisso ativo com os valores do Evangelho, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e ao compromisso com o Reino.

ATUALIZAÇÃO • Nós, os cristãos do séc. XXI, não somos significativamente diferentes dos cristãos que integravam a comunidade de Mateus… Também percorremos um caminho de altos e baixos, em que os momentos de entusiasmo e de compromisso alternam com os momentos de instalação, de comodismo, de adormecimento, de pouco empenho. As dificuldades da caminhada, os apelos do mundo, a monotonia, a nossa fragilidade levam-nos, frequentemente, a esquecer os valores do Reino e a correr atrás de valores efémeros, que parecem garantir-nos a felicidade e só nos arrastam para caminhos de escravidão e de frustração. O Evangelho deste domingo lembra-nos que a segunda vinda do Senhor deve estar sempre no horizonte final da nossa existência e que não podemos alienar os valores do Evangelho, pois só eles nos mantêm identificados com esse Senhor Jesus que há de voltar para nos oferecer a vida plena e definitiva. Enquanto caminhamos nesta terra devemos, pois, manter-nos atentos e vigilantes, fiéis aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com esse Reino que Ele nos mandou construir.
• “Estar preparado” significa, sobretudo, vivermos dia a dia, de forma comprometida e entusiasta, o nosso compromisso batismal. “Estar preparado” passa por descobrirmos dia a dia os projetos de Deus para nós e para o mundo e procurar concretizá-los, com alegria e entusiasmo; “estar preparado” passa por fazermos da nossa vida, em cada instante, um dom aos irmãos, no serviço, na partilha, no amor, ao jeito de Jesus.
• O Evangelho deste domingo avisa-nos que não podemos instalar-nos no nosso egoísmo e na nossa autossuficiência e recusar-nos a escutar os apelos do Senhor.
• Mateus, com algum dramatismo, avisa-nos que só os valores do Evangelho nos asseguram a participação no banquete do Reino. O objetivo da catequese de Mateus não é dizer-nos que, se não nos portarmos bem, Deus nos castiga com o inferno; mas é alertar-nos para a seriedade com que devemos avaliar as nossas opções, de forma a não perdermos oportunidades para nos realizarmos e para chegarmos à felicidade plena e definitiva.

SEGUNDA LEITURA (1Ts 4,13-18, mais longa) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
Irmãos, não queremos deixar-vos na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança. Se Jesus morreu e ressuscitou - e esta é nossa fé - de modo semelhante Deus trará de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte. Isto vos declaramos, segundo a palavra do Senhor: nós que formos deixados com vida para a vinda do Senhor não levaremos vantagem em relação aos que morreram. Pois o Senhor mesmo, quando for dada a ordem, à voz do arcanjo e ao som da trombeta, descerá do céu e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Em seguida, nós que formos deixados com vida seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor, nos ares. E assim estaremos sempre com o Senhor. Exortai-vos, pois, uns aos outros, com estas palavras.

AMBIENTE - De acordo com os “Atos dos Apóstolos”, Paulo não teve muito tempo para evangelizar os tessalonicenses. Depois de poucas semanas de pregação, um motim habilmente preparado pelos judeus da cidade obrigou-o a deixar precipitadamente Tessalônica, deixando atrás de si uma comunidade cristã fervorosa e entusiasta, mas insuficientemente preparada do ponto de vista catequético (cf. At 17,1-10). Paulo foi para Bereia, depois para Atenas e Corinto. De Corinto, Paulo enviou Timóteo ao encontro dos tessalonicenses, para verificar como é que a comunidade se estava a aguentar face à hostilidade dos judeus. No regresso a Corinto, Timóteo deu conta a Paulo da situação da comunidade: os tessalonicenses continuavam a viver com entusiasmo a sua fé, embora sentissem algumas dúvidas em questões de fé e de doutrina.
Um dos problemas teológicos que mais preocupava os tessalonicenses era a questão da parusia (regresso de Jesus, no final dos tempos)… Paulo e as primeiras gerações cristãs acreditavam que esse dia surgiria num espaço de tempo muito curto e que assistiriam ao triunfo final de Jesus. A este propósito os tessalonicenses punham, no entanto, um problema muito prático: qual será a sorte dos cristãos que morrerem antes da segunda vinda de Cristo? Como poderão sair ao encontro de Cristo vitorioso e entrar com ele no Reino de Deus se já estão mortos?
É então que Paulo escreve aos tessalonicenses, encorajando-os na fé e respondendo às suas dúvidas. Estamos no ano 50 ou 51.

MENSAGEM - Paulo confirma aquilo que, provavelmente, já antes havia ensinado aos tessalonicenses: que Cristo virá para concluir a história humana; e que todo aquele que tiver aderido a Cristo e se tiver identificado com Ele, esteja morto ou esteja vivo, encontrará a salvação (vers. 14). Se Cristo recebeu do Pai a vida que não acaba, quem se identifica com Cristo está destinado a uma vida semelhante; a morte não tem poder sobre Ele… Isto deve encher de esperança o cristão, mantendo-o alegre, sereno e cheio de ânimo.
Paulo não é demasiado explícito, pois está consciente que se trata de uma realidade misteriosa, que foge à lógica e à linguagem humanas. De qualquer forma, para descrever a passagem do homem velho para a realidade do homem novo que vive para sempre junto de Deus, Paulo vai recorrer ao gênero literário “apocalipse”, um gênero literário que utiliza preferentemente a imagem e o símbolo (afinal, a linguagem mais adaptada para expressar uma realidade que nos ultrapassa e que não conseguimos definir e explicar nos seus detalhes). O quadro que Paulo traça é o seguinte: aqueles crentes que entretanto morreram ressuscitarão primeiro (“à voz do arcanjo”, “ao som da trombeta de Deus” – elementos típicos da escatologia judaica); depois, em companhia de “nós, os vivos”, irão ao encontro do Senhor que vem na sua glória e permanecerão com Ele para sempre.
O que Paulo aqui pretende é tranquilizar os tessalonicenses, assegurando-lhes que não haverá qualquer diferença ou discriminação entre os que morreram antes da segunda vinda de Jesus e aqueles que permanecerem vivos até esse instante: uns e outros encontrar-se-ão com o Senhor Jesus, partilharão o seu triunfo e entrarão com ele na glória.

ATUALIZAÇÃO • A certeza da ressurreição garante-nos que Deus tem um projeto de salvação e de vida para cada homem; e que esse projeto está a realizar-se continuamente em nós, até à sua concretização plena, quando nos encontrarmos definitivamente com Deus.
• A nossa vida presente não é, pois, um drama absurdo, sem sentido e sem finalidade; é uma caminhada tranquila, confiante – ainda quando feita no sofrimento e na dor – em direção a esse desabrochar pleno, a essa vida total em que se revelará o Homem Novo.
• Isso não quer dizer que devamos ignorar as coisas boas deste mundo, vivendo apenas à espera da recompensa futura, no céu; quer dizer que a nossa existência deve ser – já neste mundo – uma busca da vida e da felicidade; isso implicará uma não conformação com tudo aquilo que nos rouba a vida e que nos impede de alcançar a felicidade plena, a perfeição última (a nós e a todos os homens nossos irmãos).
• Não é possível viver com medo, depois desta descoberta: podemos comprometer-nos na luta pela justiça e pela paz, com a certeza de que a injustiça e a opressão não podem pôr fim à vida que nos anima; e é na medida em que nos comprometemos com esse mundo novo e o construímos com gestos concretos, que estamos a anunciar a ressurreição plena do mundo, dos homens e das coisas.
Dehonianos

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Dez virgens saíram ao encontro do noivo, empolgadas com as alegrias vindouras da festa de casamento. Todas estavam presentes; todas estavam esperando o noivo; todas se sentiam satisfeitas com a sua preparação, pois estavam cochilando e dormindo, e todas tinham lâmpadas. A diferença entre as cinco virgens prudentes e as cinco tolas era que as cinco prudentes trouxeram óleo junto com suas lâmpadas. O tempo da preparação tinha-se passado. Enquanto as virgens tolas estavam comprando óleo, o noivo chegou e elas foram deixadas fora do casamento para sempre. Jesus declarou a aplicação: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora” na qual o Filho do homem vem (versículo 13).
preparação adequada contrastada com negligência. Esse é o grande perigo. Não despreparo completo, mas negligência: negligência em abandonar algum mau hábito; negligência em confessar algum erro; negligência em tornar-se como seu Senhor.
“E, tardando o noivo”, Sem dúvida, isso contribuiu para a negligência mencionada acima.
responsabilidade individual. As virgens prudentes não podiam compartilhar seu óleo com as tolas. Cada um tinha que prestar contas pelo que tinha feito pessoalmente. Assim será quando o Senhor retornar. Nenhum pai será capaz de partilhar um pouco da sua fidelidade com os seus filhos; nenhum esposo com a sua esposa ou vice-versa; nenhum amigo com outro amigo. Ninguém poderá se gabar dizendo “veja o que nós fizemos”; ele só pode obter a graça na base de sua própria preparação.
separação. As cinco virgens prudentes entraram com o noivo no casamento, enquanto as cinco tolas não puderam entrar.
A expressão “Fechou-se a porta”, é uma das expressões mais tristes nas Escrituras. Ela retrata a exclusão final e eterna, do céu, quando o Senhor retornar. Dentro, há insuperável beleza, mas estes estão de fora. Dentro estão os anjos de Deus e todos os redimidos reunidos em volta do trono, mas estes estão de fora. Dentro há alegria, amor e paz, mas estes estão de fora.
A lição é clara: cada um de nós precisa submeter-se, totalmente e sem resistência, ao domínio de Deus em Jesus Cristo para que, quando o Senhor retornar, o galardão eterno do reino dos céus seja nosso.
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São Jerônimo, Santo Hilário e Orígenes dizem que a lâmpada designa a fé; o óleo designa as boas obras, sem as quais é morta a nossa fé, como está em São Tiago 2, 17: “Assim também a fé, se não tiver obras, está morta em seu isolamento”.
As virgens prudentes levaram vasos com suas lâmpadas; mas as loucas ao pegarem as lâmpadas, não levaram azeite consigo. O Presbítero Duarte Leopoldo escreve: “As virgens prudentes são as almas que tem a fé e também as obras de misericórdia, de caridade e de outras virtudes; as loucas, as pecadoras que crêem e não praticam, são os católicos do Credo e hereges dos Mandamentos”. O Presbítero acrescenta: “Não basta crer para salvarmos a nossa alma, é ainda indispensável agir conforme os ensinos da fé, não de uma fé individual, como a quer e entende cada um, mas como a quer e entende Jesus Cristo e ensina a sua Igreja”. As virgens loucas possuíam as lâmpadas da fé, mas não possuíam o óleo das boas obras  nem a chama da caridade.
O Presbítero Duarte Leopoldo escreve: “A demora do Esposo será até o momento da morte”. Está claro que não podemos adiar a nossa conversão e a nossa mudança de vida; não podemos deixar para depois o bem que podemos fazer hoje; precisamos estar sempre preparados para o encontro com Nosso Senhor que acontecerá logo após a nossa morte.
Essa vigília é a vida cristã. Não sabemos nem o dia nem a hora que o Senhor virá, isto é, o noivo; cabe-nos vivermos sempre preparados, isto é, na graça de Deus e entesourando tesouros no céu através das boas obras, da oração constante, da recepção digna dos sacramentos, etc.
Na 2ª Carta de São Paulo aos Coríntios 5, 10: “Porquanto todos nós teremos de comparecer manifestamente perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a retribuição do que tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal”,
“Ir aos vendedores, comprar o óleo, preparar as lâmpadas de novo, voltar à procura do esposo, etc., tudo isto exige tempo e trabalho”, por isso, siga o conselho de São João Berchmans: “Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje”. 

Não há qualquer menção à noiva, que é a personagem que fica faltando, o que é de se admirar, já que Jesus está a falar de uma festividade de casamento, onde o centro das atenções é, precisamente, a noiva. Porém, na parábola das dez virgens, a grande ausente é a noiva. A noiva, que, como sabemos, é a Igreja, está ausente aqui desta parábola, porque é alguém que surgirá somente quando do arrebatamento da Igreja, quando, então, os salvos de todas as épocas, pela primeira vez, estarão reunidos diante de Jesus. Esta ausência corrobora o entendimento de alguns estudiosos das Escrituras que crêem que a inauguração da Igreja se dará apenas no dia do arrebatamento, pois só então teremos a “reunião dos tirados para fora do mundo”. Até lá, jamais se terá a “universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb.12:23a). Com certeza, a Igreja será inaugurada quando todos os remidos, de todos os tempos, juntamente com os santos que morreram desde o princípio da geração e foram evangelizados por Cristo após a ressurreição, estiverem reunidos em número incalculável, liderados pelo Senhor Jesus Cristo que irá adiante da grande multidão e nos apresentará ao Pai, dizendo: ”…Eis-Me aqui, e aos filhos que Deus me deu”(Hb 2:13). Então haverá festa nos céus, todas as hostes celestiais se alegrarão juntamente com todos os seus servos(Ap 19:5-7).

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As dez Virgens - Em  que eram semelhantes e em que eram diferentes

Elas eram iguais aos olhos dos homens – “...pois o homem vê o que está diante dos olhos...”, porém, eram diferentes diante dos olhos de Deus, porque – “...o Senhor olha para o coração”(I Sm 16:7).
– Todas eram Virgens - O fato de serem virgens não significa que eram puras, ou santas; se fossem, não ficariam de fora algumas delas.
Para a mesma Bíblia o adultério e a prostituição, no sentido espiritual, significa traição a Deus, ou seja, quando uma pessoa vai atrás da idolatria, de qualquer natureza, ela é considerada, espiritualmente, como tendo cometido adultério, ou prostituição. Assim, todas são virgens porque nenhuma delas pode ser contada entre os idólatras, ou pagãos. Todas dizem servir somente a Deus. Todas se identificam como sendo cristãs, evangélicas. Por isto se diz que todas são virgens.
– Todas estavam vestidas iguais - Pelo aspecto exterior não podemos identificar e diferenciar os verdadeiros e os falsos crentes.
– Todas tinham lâmpadas nas mãos  - A lâmpada é um dos símbolos da Palavra de Deus, conforme afirmou o salmista: “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra...” (Salmo 119:105). Todos possuem uma Bíblia, mesmo que não a leiam e nem a sigam, porém, a lâmpada está em suas mãos.
– Todas estavam no mesmo lugar  
– Todas estavam esperando o noivo
A diferença fundamental entre elas, é que as virgens prudentes levaram azeite de reserva para uma eventual situação, enquanto que as virgens loucas não levaram.
As virgens loucas não tiveram como repor o azeite nas suas lâmpadas, e por isso foram excluídas da festa.
Para ser de Cristo não basta ser cristão; não basta ter a Bíblia nas mãos, na cabeça, ou no Púlpito. Para ser de Cristo é preciso ter azeite na vasilha , ter plena comunhão com o Espírito Santo e fazer as mesmas obras do Mestre; “Eu vim para servir e não para ser servido, amai-vos como eu vos amei”; faltavam-lhes as obras de amor. Por isso ficaram de fora.

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"De lâmpadas acesas"

Aproximando-se o fim do ano litúrgico, a Liturgia é marcada pelo pensamento do FIM, fim da vida, fim do mundo e faz um apelo à vigilância
para a grande chegada do Senhor que vem.

A 1a leitura louva a busca da Sabedoria proveniente de Deus e ordenada ao serviço.
Esta Sabedoria torna prudentes os homens, ensina-lhes a não desperdiçar a vida em coisas vãs, e sim a
empenhá-la no serviço divino à espera de Deus. (Sb 6, 12-16)

Na linguagem bíblica, sabedoria se identifica com a pessoa de Cristo, que é a plenitude da sabedoria. Quem a procura, a encontra... desde já...
Para que a Sabedoria ilumine a vida do homem, só é preciso disponibilidade para acolher.

Na 2a Leitura, Paulo fala do destino eterno dos homens.
A vida terrena não termina no vazio, mas no encontro com Cristo, que virá para concluir a História humana.
A morte nos introduzirá nas núpcias eternas, onde estaremos sempre com o Senhor. (1Tess 4,13-18)

O Evangelho apresenta o início do sermão escatológico, o quinto e último dos grandes sermões, que estruturam o evangelho de Mateus. (Mt 25,1-13)

Encaixa-se bem no ambiente dos últimos domingos do Ano Litúrgico.
Sob a figura de núpcias, apresenta as relações entre Deus e o homem.
O Filho de Deus desposou a humanidade ao encarnar-se.
Depois consumou estas núpcias na cruz com que remiu os homens e os ligou a si, reunindo-os na Igreja, sua mística esposa.
Assim a existência é uma vigilante espera do esposo, ocupada em boas obras,
que são o óleo que alimenta a lâmpada da fé.

+ As Virgens prudentes, preparadas, previdentes, atentas aos sinais dos tempos,
   representam o cristão que acendeu um dia a chama da fé no batismo,
   e continua alimentando essa fé, com a Oração... com os Sacramentos...
   com a Palavra de Deus.... e continua ainda hoje fiel a Deus e sempre atento às vindas do Cristo...

+ As Virgens imprudentes, imprevidentes, acomodadas, julgam que no momento oportuno haverá alguém que as ajude....
    Elas representam o cristão despreocupado com as realidades profundas.
   Apenas se contenta de ter aceso à chama da fé com o Batismo, mas hoje não participa da Missa, nem de grupos de reflexão, não estuda, não atua em nenhuma pastoral, não se responsabiliza por nada.
   Muitas vezes Cristo cruza o seu caminho e mesmo vai ao encontro dele, mas ele distraído não o reconhece e nem faz caso.
   São aqueles aos quais Cristo um dia fechará a porta, dizendo aquelas terríveis palavras: "Eu não vos conheço"...

E a Parábola conclui:
"Portanto ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora..."

A Parábola era atual para os cristãos daquele tempo, que esperavam a Parusia (esta vinda) para breve. Mateus desejava passar a eles uma mensagem de Vigilância.

* A vida do cristão é considerada como um empenho de fidelidade nupcial a Cristo, inspirada por um amor que não admite compromissos.
   Assim vivida, a existência é uma vigilante espera do esposo, ocupada em boas obras, que são o óleo que alimenta a lâmpada da fé.
   Quem espera o Senhor com a lâmpada acesa entrará no banquete...

O que significa Vigiar?

+ Ser Previdentes: alimentando essa chama, com reserva, não apenas o mínimo necessário.
   Se faltar o óleo, a comunidade empaca, não anda, não realiza a festa e não participa dela. Sem óleo, a lâmpada se apaga e a comunidade estaciona...

+ Estar Atentos: aos sinais de Deus, para reconhecer o seu rosto e sua voz...
   - no grito do pobre, no desespero do marginalizado, no pranto do doente...
   - Naquele que anuncia a Paz, naquele que clama por justiça, por amor,
     por respeito, por igualdade...
     Vigilância é sinal de amor, quem ama fica vigilante aguardando...
     mesmo se ele demora para chegar...

Por isso, vemos que o esposo não virá somente uma vez no fim do mundo,
mas é preciso esperá-lo todos os dias...

+ Deus está sempre conosco: Jesus permanece sempre ao nosso lado.

Há porém momentos de um encontro mais profundo: são as visitas de Deus;
sobretudo a última para a qual o Senhor chamou hoje especial atenção.
Mas quem vive vigilante, não se preocupa...
pelo contrário, aguarda com profunda esperança esse momento.

Cristo continua advertindo também a nós: "Ficai vigiando..."
para que o Cristo não fique despercebido e um dia, fechando-nos a porta,
ele nos diga aquelas terríveis palavras: "Eu não vos conheço..."

A Liturgia de hoje nos convida a esperar
- com muito amor na lâmpada do nosso coração e
- com muita sabedoria na lâmpada de nossa mente.
Que assim seja.

                                                       Pe. Antônio Geraldo