1º DOMINGO DO ADVENTO ANO B (Adaptado pelo Diácono
Ismael)
A nossa certeza: “Eis que o Eterno Redentor vem ao nosso encontro!”
A primeira
leitura: o Deus que é “pai” e “redentor” são a garantia da sua intervenção
salvadora na caminhada histórica do povo.
É 1ª
vez que se chama Deus de Pai (2 x). No evangelho, Jesus usará mais tarde 184
vezes.
O Evangelho convida esperar com confiança a vinda do Senhor. Esse tempo de espera deve ser um tempo de “vigilância” – isto é, um tempo de compromisso ativo com a construção do Reino.
O Evangelho convida esperar com confiança a vinda do Senhor. Esse tempo de espera deve ser um tempo de “vigilância” – isto é, um tempo de compromisso ativo com a construção do Reino.
A segunda leitura mostra como
Deus Se faz presente na comunidade de fé, através dos dons e carismas que
gratuitamente derrama sobre o seu Povo.
PRIMEIRA
LEITURA (Is 63,16b-17.19b; 64,2-7) Leitura do
livro do Profeta Isaías.
Senhor, tu és o nosso Pai, nosso redentor;
eterno é o teu nome. Como nos deixaste andar longe dos teus caminhos e
endureceste nossos corações para não termos o teu temor? Por amor de teus
servos, das tribos de tua herança, volta atrás. Ah! Se rompesses os céus e
descesses! As montanhas se desmanchariam diante de ti. Desceste, pois, e as
montanhas se derreteram diante de ti. Nunca se ouviu dizer nem chegou aos
ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito
tanto pelos que nele esperam. Vens ao encontro de quem pratica a justiça com
alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos. Tu te irritaste, porque nós
pecamos; é nos caminhos de outrora que seremos salvos. Todos nós nos tornamos
imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos
como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento. Não há quem invoque
teu nome, quem se levante para encontrar-se contigo; escondeste de nós tua face
e nos entregaste à mercê da nossa maldade. Assim mesmo, Senhor, tu és nosso
pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos.
AMBIENTE - Aos capítulos 56-66 do Livro de Isaías,
convencionou-se chamar “Trito-Isaías”. Trata-se de um conjunto de textos cuja
proveniência não é totalmente consensual… Para alguns, são textos de um profeta
anônimo, pós-exílio, que exerceu o seu ministério em Jerusalém após o regresso
dos exilados da Babilônia, nos anos 537/520 a.C.; para a maioria, trata-se de
textos que provêm de diversos autores pós-exílios e que foram redigidos ao
longo de um arco de tempo relativamente longo (provavelmente, entre os sécs. VI
e V a.C.).
Em qualquer caso,
estamos na época posterior ao Exílio e numa Jerusalém em reconstrução… As
pedras calcinadas da cidade lembram os dramas passados, a população da cidade é
pouco numerosa, a reconstrução é lenta e modesta porque os retornados são
pobres, os inimigos estão à espreita. A população está desanimada e sem
esperança… Desse desânimo resulta a indiferença face a Jahwéh e à Aliança.
Consequentemente, o culto é pouco cuidado e Deus ocupa um lugar secundário no
coração e nas preocupações do Povo.
Os profetas que
desenvolvem a sua missão nesta fase vão tentar acordar a esperança num futuro
de vida plena e de salvação definitiva (em que Jerusalém voltará a ser uma
cidade bela e harmoniosa e Deus residirá aí, no meio do seu Povo); mas não
deixam de sublinhar que o Povo tem de se reconverter aos caminhos da Aliança,
da justiça, do amor, da fidelidade a Jahwéh.
A situação é a de
desgraça nacional. O Povo dirige-se ao Deus da história, pedindo-Lhe que
intervenha para salvar; e, uma vez que a desgraça é considerada castigo pelos
pecados, o Povo confessa a culpa e pede perdão.
MENSAGEM - O nosso Deus é invocado como “pai” e como “redentor”. O título
“redentor” (“goel”) é, no antigo direito israelita, reservado ao parente
próximo, a quem incumbe o dever de defender os seus, de manter o patrimônio
familiar (cf. Lv 25,23-24), de libertar um familiar caído na escravidão (cf. Lv
25,26-49), de proteger uma viúva (cf. Rut 4,5) ou de vingar um parente assassinado
(cf. Nm 25,19-20). O uso destes títulos pretende, portanto, lembrar a Deus as
suas responsabilidades enquanto protetor, defensor e salvador do seu Povo.
O profeta quer que Deus – o “Pai” e o “redentor” de Israel – não
deixe o Povo continuar a endurecer o seu coração e a afastar-se dos caminhos da
Aliança. É uma invocação dramática, que parece ter como objetivo forçar a
intervenção libertadora de Deus. O problema é que a “geração presente” (os
retornados do Exílio) não reconhece culpa alguma e vive instalada no pecado, na
infidelidade, na injustiça, na indiferença face a Deus e às suas propostas.
Será possível alterar esta lógica?
O profeta está convencido de que essa dinâmica é possível. No
entanto, está consciente também de que o Povo, por si só, é incapaz de sair
dessa rotina de rebeldia e de infidelidade em que tem vivido. É neste contexto
que Deus tem de assumir as suas responsabilidades de Pai e de redentor e de Se
dignar “descer” para transformar o coração do seu Povo. Na verdade, Jahwéh
manifestou-Se mil vezes na história e ofereceu sempre ao seu Povo a salvação.
Israel tem plena consciência dessa atuação de Deus; e é precisamente essa
“memória” histórica que fundamenta a esperança: se Deus sempre foi o “pai” e o
“redentor” de Israel, certamente voltará a sê-lo outra vez, na dramática
situação atual.
O nosso texto termina com uma imagem muito bela: Deus é o “oleiro”
e o seu Povo é o barro que o artista modela com amor e cuidado. A imagem serve,
certamente, para definir o poder e o senhorio de Deus que pode modelar o seu
Povo como bem Lhe aprouver; mas, provavelmente, faz também alusão àquilo que o
profeta espera de Deus: uma nova criação. A imagem leva-nos, precisamente, a Gn
2,7 e à criação do homem do barro da terra. O profeta quererá, dessa forma,
sugerir que a intervenção salvadora de Deus no sentido de mudar o coração do
seu Povo (fazendo que ele deixe os caminhos do egoísmo e da autossuficiência e
volte aos caminhos de Deus e da Aliança) é uma nova criação, da qual nascerá
uma humanidade nova.
ATUALIZAÇÃO • O Povo de coração endurecido, rebelde, indiferente, que há muito prescindiu de Deus e deixou de se preocupar em viver de forma coerente os compromissos assumidos no âmbito da Aliança.
• Deus é fonte de salvação e de redenção. Nós, por nós próprios,
somos incapazes de superar essa rotina de indiferença, de egoísmo, de
violência, de mentira, de injustiça que tantas vezes caracteriza a nossa
caminhada pela vida. Deus, o nosso “Pai” e o nosso “redentor”, é sempre fiel às
suas “obrigações” de amor e de justiça e está sempre disposto a oferecer-nos,
gratuita e incondicionalmente, a salvação. A nós, resta-nos acolher o dom de
Deus com humildade e com um coração agradecido.
• A ação de Deus, o seu papel de “redentor” concretiza-se através
de Jesus e das propostas que Ele veio fazer aos homens e ao mundo.
SALMO
RESPONSORIAL / Sl 79 (80)
Iluminai
a vossa face sobre nós; convertei-nos, para que sejamos salvos!
• Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. /
Vós, que sobre os querubins vos assentais, /
aparecei cheio de glória e esplendor! /
Despertai vosso poder, ó nosso Deus /
e vinde logo nos trazer a salvação!
• Voltai-vos para nós, Deus do universo!
/ Olhai dos altos céus e observai. /
Visitai a vossa vinha e protegei-a! /
Foi a vossa mão direita que a plantou; / protegei-a, e
ao rebento que firmastes!
• Pousai a mão por sobre o vosso
protegido, / o filho do homem que escolhestes para vós! /
E nunca mais vos deixaremos, Senhor
Deus! / Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!
EVANGELHO (Mc 13,33-37) Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o
momento. É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob
a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E
mandou o porteiro ficar vigiando. Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o
dono da casa vem: à tarde, à meia noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que
não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo,
digo a todos: Vigiai!”
AMBIENTE - No final desse dia, já no “Jardim das
Oliveiras”, Jesus oferece a um grupo de discípulos (Pedro, Tiago, João e André
– cf. Mc 13,3) um amplo e enigmático ensinamento, que ficou conhecido como o
“discurso escatológico” (cf. Mt 13,3-37).
A maior parte dos estudiosos
do Evangelho segundo Marcos consideram que este discurso, apresentado com uma
linguagem profético-apocalíptica, descreve a missão da comunidade cristã no
período que vai desde a morte de Jesus até ao final da história humana. É um
texto difícil, que emprega imagens e uma linguagem marcada pelas alusões
enigmáticas, bem ao jeito do gênero literário “apocalipse”. Não seria tanto uma
reportagem jornalística de acontecimentos concretos, mas antes uma leitura
profética da história humana. O seu objetivo seria dar aos discípulos
indicações acerca da atitude a tomar frente às vicissitudes que marcarão a
caminhada histórica da comunidade, até à vinda final de Jesus para instaurar,
em definitivo , o novo céu e a nova terra.
Os quatro discípulos
referenciados no início do “discurso escatológico” representam a comunidade
cristã de todos os tempos… Os quatro são, precisamente, os primeiros discípulos
chamados por Jesus (cf. Mc 1,16-20) e, como tal, convertem-se em representantes
de todos os futuros discípulos. O discurso escatológico de Jesus não seria,
assim, uma mensagem privada destinada a um grupo especial, mas uma mensagem
destinada a toda a comunidade crente, chamada a caminhar na história com os
olhos postos no encontro final com Jesus e com o Pai.
A missão que Jesus (que
está consciente de ter chegado a sua hora de partir ao encontro do Pai) confia
à sua comunidade não é uma missão fácil… Jesus está consciente de que os seus
discípulos terão que enfrentar as dificuldades, as perseguições, as tentações que
“o mundo” vai colocar no seu caminho. Essa comunidade em marcha pela história
necessitará, portanto, de estímulo e alento. É por isso que surge este apelo à
fidelidade, à coragem, à vigilância… No horizonte último da caminhada da
comunidade, Jesus coloca o final da história humana e o reencontro definitivo
dos discípulos com Jesus.
MENSAGEM - O seu
objetivo não é transmitir informação objetiva acerca do “como” e do “quando”,
mas formar os discípulos e torná-los capazes de enfrentar a história com
determinação e esperança.
O “dono da casa” da parábola
é, evidentemente, Jesus. Ao deixar este mundo para voltar para junto do Pai,
Ele confiou aos discípulos a tarefa de construir o “Reino” e de tornar
realidade um mundo construído de acordo com os valores do Reino. Os discípulos
de Jesus não podem, portanto, cruzar os braços, à espera que o Senhor venha;
eles têm uma missão – uma missão que lhes foi confiada pelo próprio Jesus e que
eles devem concretizar, mesmo em condições adversas. É necessário não esquecer
isto: esta espera, vivida no tempo da história, não é uma espera passiva, de
quem se limita a deixar passar o tempo até que chegue um final anunciado; mas é
uma espera ativa, que implica um compromisso efetivo com a construção de um
mundo mais humano, mais fraterno, mais justo, mais evangélico.
Na perspectiva de Marcos, o “porteiro” parece
ser todo aquele que tem uma responsabilidade especial na comunidade cristã… A
sua missão é impedir que a comunidade seja invadida por valores estranhos ao
Evangelho e à dinâmica do Reino. A figura do “porteiro” adequa-se,
especialmente, aos responsáveis da comunidade cristã, a quem foi confiada a
missão da vigilância e da animação da comunidade. Eles devem ajudar a
comunidade a discernir permanentemente, diante dos valores do mundo, aquilo que
a comunidade pode ou não aceitar para viver na fidelidade ativa a Jesus e às
suas propostas.
Todos – “porteiro” e
demais servos do “senhor” – devem estar ativos e vigilantes. A palavra-chave do
Evangelho deste dia é esta: “vigilância”. Contudo, “vigilância” não
significará, para os discípulos, o viver à margem da história, num angelismo
alienante, evitando comprometer-se para não se sujar com as realidades do mundo
e procurando manter a “alminha” pura e sem mancha para que o Senhor, quando
chegar, os encontre sem pecados graves; mas será o viver dia a dia comprometido
com a construção do Reino, realizando fielmente as tarefas que o Senhor lhes
confiou. Essas tarefas passam pelo compromisso efetivo com a construção de um
mundo novo, um mundo que viva cada vez mais de acordo com os projetos de Deus.
O nosso texto assegura
aos discípulos, em caminhada pelo mundo, que o objetivo final da história
humana é o encontro definitivo e libertador com Jesus. “O Senhor vem” –
garante-lhes o próprio Jesus; e esta certeza deve animar e dar esperança aos
discípulos, sobretudo nos momentos de crise e de confusão. Mesmo que tudo
pareça ruir à sua volta, os discípulos são chamados a não perder a esperança e
a ver, para além das estruturas velhas que vão caindo, a realidade do mundo
novo a nascer.
Todos, vigilantes, devem,
com coragem e perseverança, dar a sua contribuição para a edificação do
“Reino”, sendo testemunhas e arautos da paz, da justiça, do amor, do perdão, da
fraternidade, cumprindo dessa forma a missão que Jesus lhes confiou.
ATUALIZAÇÃO - • “o Senhor vem”. A nossa caminhada humana
não é um avançar sem sentido ao encontro do nada, mas uma caminhada feita na
alegria ao encontro do Senhor que vem. O tempo de Advento recorda-nos a
realidade de um Senhor que vem ao encontro dos homens e que, no final da nossa
caminhada por esta terra, nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem
fim.
• O tempo do Advento é,
também, o tempo da espera do Senhor. A palavra mágica é “vigilância”: o
verdadeiro discípulo deve estar sempre “vigilante”, cumprindo com coragem e
determinação a missão que Deus lhe confiou. Viver sempre ativo, empenhado,
comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz. Significa
cumprir os compromissos assumidos no dia do batismo e ser um sinal vivo do amor
e da bondade de Deus no mundo.
• Em concreto, estar
“vigilante” significa não viver de braços cruzados, fechado num mundo de
alienação e de egoísmo, deixando que sejam os outros a tomar as decisões e a
escolher os valores que devem governar a humanidade; significa não me demitir
das minhas responsabilidades e da missão que Deus me confiou quando me chamou à
existência… Estar “vigilante” é ser uma voz ativa e questionante no meio dos
homens, levando-os a confrontarem-se com os valores do Evangelho; é lutar de
forma decidida e corajosa contra a mentira, o egoísmo, a injustiça, tudo aquilo
que rouba a vida e a felicidade a qualquer irmão que caminhe ao meu lado…
SEGUNDA
LEITURA (1Cor 1,3-9) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos
Coríntios.
Irmãos, para vós, graça e paz, da parte
de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus sempre a vosso
respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus: Nele fostes
enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o
testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós. Assim, não tendes falta de
nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo. É ele
também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível,
até o fim, até o dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deus é fiel; por ele fostes
chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso.
AMBIENTE - Corinto era uma cidade nova e população de todas as raças e de todas as religiões. Era a cidade do desregramento para todos os marinheiros que cruzavam o Mediterrâneo, ávidos de prazer, após meses de navegação.
Como resultado da
pregação de Paulo, nasceu a comunidade cristã de Corinto. A maior parte dos
membros da comunidade era de origem grega, embora em geral, de condição
humilde; mas também havia elementos de origem hebraica.
Tratava-se de uma
comunidade com boas possibilidades, mas que mergulhava as suas raízes em
terreno adverso. Na comunidade de Corinto, vemos as dificuldades da fé cristã
em inserir-se num ambiente hostil, marcado por uma cultura pagã e por um
conjunto de valores que estão em profunda contradição com a pureza da mensagem
evangélica.
O texto que nos é hoje
proposto é a “ação de graças” inicial. Habitualmente, Paulo começava as suas
cartas com uma “ação de graças”.
MENSAGEM - Paulo agradece a Deus por certas realidades concretas que fazem
parte da vida da comunidade cristã de Corinto, ao mesmo tempo que antecipa
temas que vai depois desenvolver na carta. Há neste texto dois aspectos: o
primeiro diz respeito aos dons que a comunidade recebeu de Deus, através de
Jesus Cristo; o segundo diz respeito à finalidade do chamamento dos coríntios.
Em primeiro lugar, a comunidade foi privilegiada com “dons” de
Deus. É bom que os coríntios tenham consciência da liberalidade divina e saibam
dar graças. Paulo desenvolverá a questão nos capítulos seguintes avisando, no
entanto, os coríntios de que a “sabedoria” de Deus nem sempre coincide com a
“sabedoria” dos homens (cf. 1 Cor 2,1-16).
Em segundo lugar, Paulo manifesta a sua convicção de que os “carismas” com que Deus cumulou os coríntios são destinados a construir uma comunidade orientada para Jesus Cristo, capaz de viver de forma irrepreensível o seu compromisso com o Evangelho até ao dia do encontro final e definitivo com Cristo. É para esse objetivo final de encontro e de comunhão total com Deus que a comunidade, animada por Jesus Cristo e sustentada com os dons de Deus, deve caminhar.
Em segundo lugar, Paulo manifesta a sua convicção de que os “carismas” com que Deus cumulou os coríntios são destinados a construir uma comunidade orientada para Jesus Cristo, capaz de viver de forma irrepreensível o seu compromisso com o Evangelho até ao dia do encontro final e definitivo com Cristo. É para esse objetivo final de encontro e de comunhão total com Deus que a comunidade, animada por Jesus Cristo e sustentada com os dons de Deus, deve caminhar.
ATUALIZAÇÃO • Através dos seus dons, Deus vem continuamente ao encontro dos homens e manifesta-lhes o seu amor. Os crentes devem viver numa permanente atitude de escuta e de acolhimento desses dons.
• Os dons de Deus, Segundo Paulo, é “tornar firme nos crentes o
testemunho de Cristo”. Os dons de Deus destinam-se a promover a fidelidade das
pessoas e das comunidades ao Evangelho, de forma a que todos nos identifiquemos
cada vez mais com Cristo. Os dons que Deus me concedeu destinam-se sempre a
potenciar a minha fidelidade e a fidelidade dos meus irmãos às propostas de
Jesus, ou servem, às vezes, para concretizar objetivos mais egoístas, como
sejam a minha promoção pessoal ou a satisfação de certos interesses e anseios?
• O cristão tem de estar sempre vigilante e preparado para acolher
o Deus que vem ao seu encontro e lhe manifesta o seu amor através dos seus
dons… E tem também de estar sempre vigilante para que os dons de Deus não sejam
desvirtuados e utilizados para fins egoístas.
Dehonianos
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Homilia do Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André - SP
Hoje nós iniciamos o tempo de advento: advento
aquele que deve chegar.
Advento,
portanto, é o tempo em que nos preparamos para o nascimento de Jesus /cristo.
Evidente que isto é uma celebração, o que significa que ela deseja
reapresentar, expressar aquilo que nós vamos cultivando no dia a dia da nossa
existência; não vale nada celebrar o advento no sábado ou no domingo, se eu não
me propuser a preparar o nascimento de Jesus durante a semana.
É muito
interessante e é muito bom, é importante, é benéfico. A gente começa já,
chagando nesta época a tentar se organizar um pouco para o Natal: onde vai
passar, se vai viajar ou não, se vai reunir-se com mais alguém, o que se
pretende fazer no dia, tudo isso é preparação, tudo isto nós vamos preparar
para aquela festa tão importante, onde se reúne a família, amigos para uma
confraternização.
Isto também
quem não tem fé, faz. Nós temos que ir um pouco além, isto é importante, mas
temos que ir além, e o além significa
confrontarmo-nos, fazer um confronto com a Palavra de Deus e ver bem o que eu
vou precisar melhorar para estar pronto no dia 24 de dezembro; a proposta do
advento é este tempo de meditação; por isso mesmo a cor é roxa, a exemplo da
quaresma; é o mesmo sentido da quaresma.
Na quaresma
nós celebramos a ressurreição do Senhor, e aqui nós celebramos o nascimento,
temos já algumas coisas importantes nestas leituras, e a primeira delas é do
próprio Evangelho, onde diz que de
repente Ele nos encontre dormindo; várias vezes nós temos no Evangelho passagem
aonde Jesus chega e as pessoas estão dormindo.
Uma vez, veio
alguém falar comigo, preocupado porque ele não conseguia ficar acordado,
tamanho o nono: não, não é este dormindo aqui, não é o fato de nós estarmos
recompondo as energias; o sono físico é fundamental. Se a pessoa não dormir,
ela morre. Não! O que Jesus fala para não dormirmos é na fé, e não cochilar, é
estar atento para a fé, é no sentido da fé que nós não podemos dormir. Outra
forma não; é até necessário!
Ora, Jesus já
tinha encontrado os discípulos dormindo no Horto das Oliveiras e Ele disse:
“Puxa, vocês não conseguiram velar nem uma hora”? E em outro momento, Ele vai
dizer: “Agora vocês podem dormir à vontade, porque aquele que me ira trair, já
traiu”.
Então, estar
acordado, não dormir, significa não trair Jesus, estar atento para ser fiel a
Jesus, este é o fundamento. Agora, às vezes, nós pensamos que estamos acordados
e acabamos cochilando, porque nós ficamos procurando Jesus, o homem de cabemos
longos, barba, loiro, olhos azuis e acabamos cochilando e não enxergando Jesus
que está no nosso lado, às vezes, maltrapilho, às vezes até precisando de uma
atenção maior. Estar atento, não dormir, é estar continuamente procurando este
Jesus Cristo no meio de nós, que “Ele
convosco, Ele está no meio de nós”, é aí que está este Senhor, é isso que nós
somos convidados a viver para descobrir. Tanto a Primeira Leitura quanto a
Segunda Leitura nos vão dar algumas orientações para que possamos de fato,
encontrar o Cristo.
Eu tenho que
abrir mão de todos os conceitos formados na minha cabeça, porque, se eu for
procurar alguém com as características desta cruz, certamente não vou
encontrar. Então, eu tenho que deixar ser modelado por Deus; é no amor de Deus
que vou conseguir arrumar os critérios, as referência pra eu identificar onde
está Jesus Cristo.
Eu tenho que
me abrir a este amor, e como diz na própria Segunda Leitura, à medida que eu me
abro para este amor, recebo todos os dons necessários para poder viver esta
revelação do Senhor, para poder viver aquilo que Ele me pediu. Tentando
resumir:
Primeiro
lugar: O Advento nos convida nesta semana a estarmos atentos, estarmos sempre
atentos para podermos ser fiéis a Deus. Para poder servir a Jesus Cristo, para
que eu encontre Jesus e possa servi-lo, é preciso que eu me coloque nas mãos de
Deus e me deixe modelar por Ele, através do seu amor. O amor de Deus garante
para mim tudo que é necessário para poder conhecer, identificar, anunciar e
celebrar este menino Deus que deve nascer. Vamos pedir, em primeiro lugar, a
Deus que nos mantenha muito atentos neste aspecto.
Segundo
lugar: que possamos também preparar-nos neste Natal, sermos solidários com
todos os necessitados;
Terceiro
lugar: que nós possamos anunciar às pessoas que o Natal vai além de pura
comemoração, vai muito mais que um compromisso com o irmão. Que Deus nos ajude!
Louvado seja
Nosso Senhor Jesus Cristo.
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"O
Senhor Vem!"
Iniciamos
hoje novo Ano Litúrgico (Ano B).
O ADVENTO é tempo de ESPERA:
na expectativa da 2ª vinda de Cristo, no fim dos tempos. (1ª e 2ª
Semana);
- em
preparação à 1ª vinda do Filho de Deus que comemoramos no NATAL (3ª e 4ª Semana).
As
leituras hoje nos mostram como devemos viver esse tempo: "Vigilantes"
para acolher o Senhor que vem.
A 1ª
Leitura é uma SÚPLICA
ardente ao Deus da História, pedindo um Salvador. (Is 63,16b-17.19b;64,2b-7)
É
uma das preces mais bonitas da Bíblia.
Ao
povo que voltou do exílio desanimado e indiferente à Aliança, o Profeta tenta
acordar a esperança num futuro de vida e salvação.
Deus
é invocado como "Pai" e "Redentor" (Pai:
fonte da vida familiar; Redentor: responsável pelo resgate).
É a
primeira vez que se chama Deus de Pai (2 x).
No
evangelho, Jesus usará mais tarde 184 vezes.
Termina
com a imagem do OLEIRO: Deus é o "oleiro"
e o Povo é o "barro", que o artista modela com amor...
-
Somos barro, frágeis, mas somos também obra de suas mãos... Somos a expressão
do amor de Deus
-
Faz lembrar a Criação do Homem do barro da terra. A mudança do coração do seu
povo é uma nova Criação, da qual nascerá uma nova humanidade.
A 2a leitura é
um APELO a esperar o Senhor
que vem, dando testemunho com os dons recebidos. (1Cor 1,3-9)
O Evangelho
é uma EXORTAÇÃO à vigilância
constante para preparar a vinda do Senhor.
(Mc 13,33-37)
A
Parábola do Porteiro conta a história do homem que partiu em viagem, distribuiu
tarefas aos seus servos e deu ao porteiro uma ordem que vigiassem...
- O "Dono da casa" é Jesus, que ao
voltar para o Pai, confiou aos discípulos a tarefa de construir o
"Reino", iniciado por ele.
-
Quem é o "porteiro"? São as
lideranças da Comunidade, a quem foi confiada a missão da vigilância e da
animação da Comunidade.
A
nossa caminhada humana não é um avançar sem sentido ao encontro do nada, mas
uma caminhada feita na alegria ao encontro do "Senhor que vem".
E o
Advento nos recorda que no final da nossa caminhada, o Senhor nos oferecerá a
vida definitiva, a felicidade sem fim.
2. Advento é tempo da ESPERA vigilante do Senhor.
O
verdadeiro discípulo deve estar sempre "vigilante".
-
VIGIAR significa não esquecer que toda a vida cristã é uma caminhada rumo ao
encontro final com Cristo Salvador e Juiz.
-
VIGIAR é a atitude de quem se sente responsável pela "casa" de Deus,
proteger a Comunidade de invasões estranhas.
-
VIGIAR significa viver sempre empenhado e comprometido na construção de um
mundo de vida, de amor e de paz.
-
VIGIAR Significa cumprir os compromissos assumidos no dia do batismo e ser um
sinal vivo do amor e da bondade de Deus no mundo.
-
VIGIAR significa cumprir a Missão recebida: dar testemunho de Jesus e do seu
evangelho.
-
VIGIAR significa não viver como se a vida se reduzisse à duração terrena, mas
viver sempre na expectativa da revelação plena do Senhorio de Jesus.
Somos
convidados a não "dormir", a estar acordados e
"vigilantes", sempre prontos para lhe entregar a qualquer momento a
sua "casa" bem cuidada.
- "Nesse
Natal, Cristo pede um lugar em nossa casa".
* Será que ele pode contar com um lugar em
nosso coração?
Estamos dispostos a remover tudo o que rouba
espaço para Ele, e impede nosso caminho para Deus?
NOVENA
* A novena é uma forma de concretizar a esperança e de reunir-se
na mesma fé, permitindo que a ternura de Deus abra caminhos para a realização e
a paz.
Nesse
Natal, serão realmente felizes... as pessoas, em quem Cristo encontrou um lugar
para nascer!
Pe. Antônio
Geraldo
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Homilia de D. Henrique Soares da Costa –
Mais
uma vez, irmãos caríssimos, a bondade do Senhor nos dá a graça de iniciarmos um
Ano Litúrgico com este sagrado Tempo do Advento. Como todos sabeis, nestas duas
primeiras semanas das quatro que nos preparam para o Santo Natal, a Igreja nos
recorda que o Senhor, que veio a Belém, virá no final dos tempos como Juiz, na
sua bendita Parusia, isto é, na sua Vinda gloriosa. E é essencial, amados
irmãos, que os cristãos nunca esqueçam isto: o Senhor virá, e o caminho da
criação e a corrida da nossa vida neste mundo são uma peregrinação ao seu
Encontro. Nada nem ninguém tem neste tempo, nesta existência, morada
permanente: caminhamos para o Senhor, somos filhos daquele Dia bendito, Dia do
Cristo Senhor! Sabemos que “a noite deste mundo vai adiantada
e o Dia vem chegando”, Dia de luz, Dia de salvação, Dia no qual o Reino
que Cristo plantou com seu piedoso nascimento, morte e ressurreição, haverá de
se manifestar com toda a sua força e toda a sua glória! Por isso mesmo, como
são belas as palavras da antífona de entrada, colocada no Missal para esta
primeira Missa do novo Ano da Igreja: “A vós, meu Deus, elevo a minha
alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado; pois não será desiludido
quem em vós espera!” Eis a atitude do cristão diante deste Dia que vem,
Dia que é o próprio Cristo glorioso: caminhar bem firme neste mundo com a alma
elevada para o Senhor, sabendo que ele virá ao nosso encontro, e nossa existência
é uma preparação para este momento – por isso mesmo a oração inicial desta
Celebração eucarística pedia a Deus a graça de “acorrermos com as
nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem”. Sigamos, portanto, meus
caríssimos, sigamos o conselho do santo Apóstolo: “Procedamos
honestamente; revesti-vos do Senhor Jesus Cristo!” Neste tempo entre seu
Natal e sua Parusia, vivamos uma vida de contínua conversão: “Nada de
glutonerias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades, nem de brigas e
rivalidades”, nada de egoísmo que nos fecha aos irmãos, nada de descaso
para com os mais fracos e feridos desta nossa vida! Se vivermos realmente
assim, com os olhos fitos naquele que vem, conscientes de que caminhamos para
ele e dele dependemos, tudo ganha um novo sentido, meus caros, e nós teremos
uma verdadeira liberdade e maturidade diante dos desafios da vida!
Irmãos
meus em Cristo Jesus, diante de tantos sinais de impiedade e desprezo de Deus e
da dignidade humana no mundo atual, muitos de nós pensam que o mundo está
perdido, parecendo uma nau sem rum; muitos talvez sejam tentados a perder a
esperança e a não mais ver que o Senhor dirige a história humana. Não,
caríssimos: o mundo foi definitivamente salvo pelo Senhor, o mundo caminha para
o Cristo Jesus, Princípio e Fim de tudo – esta é uma certeza certíssima da
nossa fé cristã! Neste sentido, como não nos encher de esperança e paz
escutando as palavras de Isaías profeta, que falava pensando na vinda do
Messias – vinda em Belém e vinda no final dos tempos? O que diz o Profeta? Que
mistério anuncia? Que esperança suscita em nosso coração? “Acontecerá,
nos últimos tempos, que o monte da Casa do Senhor estará firmemente
estabelecido no ponto mais alto das montanhas. A ele acorrerão todos os povos.
De Sião provém a Lei e de Jerusalém, a Palavra do Senhor.” Que significam
estas palavras, meus irmãos? Esta Casa do Senhor colocada no mais alto dos
montes é o novo Israel, a Igreja, Corpo de Cristo e Templo do Espírito; esta
Igreja, nossa Mãe católica, da qual vem a Lei (não mais a de Moisés, mas a lei
do Espírito que dá vida, a lei do amor); dessa Casa do Senhor vem a Palavra,
que é o próprio Cristo, anunciado na Liturgia e dado e recebido nos
sacramentos! Como é impressionante, quanto é consolador escutar o Profeta anunciando
que a esta santa Casa do Senhor “acorrerão todas as nações”. Sim, pois
o desejo do nosso Deus é que, crendo em Cristo e recebendo o santo Batismo, “todos
se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). O cristão não
deve impor sua fé a ninguém, mas também não deve nunca deixar de anunciar com a
palavra e testemunhar com a vida esta esperança que se encontra em Cristo
Jesus, Salvador de todos e único Caminho da humanidade. É nossa missão de
discípulos de Cristo: sermos seus missionários, sermos suas testemunhas,
anunciando o seu santo Nome e a salvação que ele trouxe a toda a humanidade!
Pois
bem, meus amados, caminhemos neste mundo como aqueles que têm esperança porque
alicerçaram em Deus e no seu Cristo a sua vida! Como seria triste, quão grande
seria a infidelidade nossa se, esquecidos daquilo que o Senhor nos promete e
nos prepara, nos entregássemos a uma vida leviana, acomodada, morna, desatenta
ao amor do Senhor e aos seus apelos! Como seria grave pecado de nossa parte
simplesmente viver e pensar e agir como os outros, que sem conhecerem a Cristo,
não têm esperança! Jesus nos exorta gravemente a que vigiemos, a que estejamos
sempre atentos à sua Vinda: Vinda no Fim dos tempos, mas também aquelas vindas
de cada dia, nos tantos apelos que ele nos faz!
Falando
desta Vinda, que advertências tão sérias ele nos dirige no Evangelho deste
hoje: “A Vinda do Filho do Homem, isto é, do Juiz de tudo, será
como no tempo de Noé: “comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até
o dia em que Noé entrou na arca” – em outras palavras: a Vinda do Senhor
acontecerá no dia-a-dia de nossa vida, de modo que devemos viver à luz desse
Dia, como filhos desse Dia! E mais: “Dois homens estarão trabalhando
no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo
no moinho: uma será levada e a outra será deixada”. Compreendeis, irmãos?
Estarão trabalhando no campo ou moendo no moinho, fazendo coisas tão normais,
tão pequenas, tão de cada dia, como nós… E, no entanto, o Senhor virá inesperadamente…
E vede que este Dia será de discernimento, de discriminação, de separação: um
será levado com o Senhor; outro será deixado longe do Senhor, na perdição!
Caríssimos,
cuidemos de viver de tal modo que não sejamos deixados! Fiquemos atentos, não
durmamos, como aqueles que não têm fé! Quem dorme? Dorme quem vive no pecado,
dorme quem repousa na infidelidade, dorme quem justifica sua mediocridade
espiritual, dorme quem não leva o Senhor a sério, dorme quem não rompe com as
obras das trevas! Não durmamos: vigiemos! “Vigiai, porque não sabeis a
que hora vem o vosso Senhor!” Que este santo Advento nos dê a graça de
retomarmos a fé, o ânimo e o espírito de vigilância, para estarmos preparados
para o encontro com Aquele que vem. Amém
D. Henrique Soares
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VIGILÂNCIA
- Domínio da temperança
Preparemos
o caminho para o Senhor que chegará em breve; e se notarmos que a nossa visão
está embaçada e não distinguimos com clareza a luz que procede de Belém, é o
momento de afastar os obstáculos. É tempo de melhorar a nossa pureza interior
para receber a Deus.
“Cuidado!
Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento”. Portanto, Vigiai.
Procuremos
afastar os motivos que impedem a acolhida do Senhor:
A
Igreja nos recorda que o Senhor, que veio a Belém, virá no final dos tempos
como Juiz, na sua bendita Parusia, isto é, na sua Vinda gloriosa. Ninguém tem
morada permanente: caminhamos para o Senhor da glória!. Muitos pensam que o
mundo está perdido, sem rumo; muitos perdem a esperança e vêem que o Senhor
dirige a história. O mundo foi salvo
pelo Senhor, o mundo caminha para o Cristo Jesus, Princípio e Fim de tudo –
esta é uma certeza da nossa fé cristã! O cristão não deve impor sua fé a
ninguém, mas também não deve nunca deixar de anunciar com a palavra e
testemunhar com a vida esta esperança que se encontra em Cristo Jesus, Salvador
de todos e único Caminho da humanidade. É nossa missão de discípulos de Cristo:
sermos seus missionários, sermos suas testemunhas, anunciando o seu santo Nome
e a salvação que ele trouxe a toda a humanidade!
Como
seria grave pecado de nossa parte simplesmente viver e pensar e agir como os
outros, que sem conhecerem a Cristo, não têm esperança! Jesus nos exorta a que
vigiemos, a que estejamos sempre atentos à sua Vinda: Vinda no Fim dos tempos,
mas também aquelas vindas de cada dia, nos tantos apelos que ele nos faz!
A
Vinda do Senhor acontecerá no dia-a-dia de nossa vida: “Dois homens
estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas
mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada”.
Compreendeis, irmãos? Estarão trabalhando no campo ou moendo no moinho, fazendo
coisas tão normais, tão pequenas, tão de cada dia, como nós… E, no entanto, o
Senhor virá inesperadamente… E vede que este Dia será de discernimento, de
discriminação, de separação: um será levado com o Senhor; outro será deixado
longe do Senhor, na perdição!
Caríssimos,
cuidemos de viver de tal modo que não sejamos deixados! Fiquemos atentos, não
durmamos, como aqueles que não têm fé! Quem dorme? Dorme quem vive no pecado,
dorme quem repousa na infidelidade, dorme quem justifica sua mediocridade
espiritual, dorme quem não leva o Senhor a sério, dorme quem não rompe com as
obras das trevas! Não durmamos: igiemos! “Vigiai, porque não sabeis a
que hora vem o vosso Senhor!” Que este santo Advento nos dê a graça de
retomarmos a fé, o ânimo e o espírito de vigilância, para estarmos preparados
para o encontro com Aquele que vem. Amém
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Homilia
do Pe. Françoá Costa
O
nobre domínio da temperança
Começou
mais um ciclo litúrgico. Reviveremos os mistérios da vida de Jesus Cristo
através das ações sagradas da Igreja realizadas no culto divino que é, ao mesmo
tempo, glorificação de Deus e santificação dos homens e das mulheres. O Tempo
do Advento é a preparação necessária para encontrar-nos novamente envolvidos
por tão grandes ações salvadoras do nosso Deus.
O
texto que a Igreja oferece à nossa consideração contem um chamado de atenção
muito forte: “Vigiai (…), para que vindo de repente, não vos encontre dormindo”
(Mc 13,36). O Senhor Jesus virá pela segunda vez (Parusia). Nós não sabemos
quando, ninguém neste mundo o sabe, a ninguém foi revelado. Mas é certo, ele
disse que virá e… virá! A tensão alegre do Tempo do Advento nos convida a uma
constante vigilância: não podemos dormir no ponto, não devemos ser pessoas
transtornadas pelo torpor das coisas perecíveis. Devemos seguir aquele conselho
tão sábio de um Padre dos inícios do cristianismo: “Sê sóbrio como um atleta de
Deus: o prêmio que se oferece é a imortalidade e a vida eterna, na qual crês
firmemente” (S. Inácio de Antioquia).
Uma
das chamadas “virtudes cardeais” mais importantes para manter-nos como atletas
de Deus é a temperança. Esta virtude nos ajuda a ter um nobre domínio sobre nós
mesmos e, em consequência, a sermos cada vez mais livres. Uma pessoa com
nobreza de espírito é necessariamente temperada. A temperança é a virtude que
reúne em torno a si a modéstia, a sobriedade, a castidade, a vergonha, a
honestidade, a abstinência, a mansidão, a clemência, a estudiosidade, a
eutrapelia. Cada uma dessas virtudes mereceria uma reflexão, mas vamos
contemplá-las desde a perspectiva da virtude da temperança.
A
nossa inteligência e a nossa razão foram iluminadas pela fé e, desde então, há
em nós uma facilidade para compreender melhor tanto as coisas humanas quanto as
realidades divinas. Todo o nosso ser, no batismo, experimentou a vida nova de
Cristo: nós somos novas criaturas! Daí o desejo de viveremos uma vida nova, de
corresponder a tantas graças que o Senhor nos tem concedido. Nesse contexto de
fé, a virtude moral da temperança é aquela disposição ou força interior que
modera a nossa inclinação aos prazeres sensíveis, mantendo-os dentro dos justos
limites de uma razão que foi iluminada pela fé. Ao ser uma virtude humana, ela
deve ser praticada por todos os seres humanos, e não somente por aqueles que
são cristãos. Naqueles que são batizados a temperança foi elevada pela graça e
fortalecida pelas virtudes teologais.
Quem
quiser esperar o Senhor Jesus numa vigilante expectativa tem que viver a
temperança, pois é através dessa virtude que nós nos preparamos para que o
Senhor não nos encontre dormindo no mundo dos pecados e vícios. Dormindo? Sim,
porque o pecado é o mundo da negação, da fantasia, da ilusão, do torpor, do
não-ser. Uma pessoa que pensa que está sendo feliz enquanto come
desmedidamente, pode até sê-lo, mas por pouco tempo. E depois, o que ficará? Dores
de barriga, problemas estomacais, gordura, problemas de coração, ansiedades. O
vicio nunca pode fazer o ser humano feliz. Uma pessoa que não consegue moderar
o desejo sexual e se sente “livre” para fazer o que quiser, não durará muito
para que experimente a escravidão da sua própria libido. Além disso, virão as
DST e outros problemas funcionais.
A
temperança é a virtude dos senhores e das senhoras de si mesmos, dos atletas de
Deus, daquelas pessoas que não querem ser escravas de si mesmas e das próprias
inclinações. Custa? Claro que sim: é muito mais fácil pecar que não pecar, ser
virtuoso que não sê-lo, ser infeliz que feliz. Mas nós fomos criados para a
felicidade e para a autêntica liberdade.
Olhando
a cultura contemporânea, não é difícil descobrir que as coisas que mais prendem
as pessoas são o sexo, o dinheiro e a comida. Das três, os prazeres sexuais e
os deleites da gula são as inclinações mais fortes do ser humano. Efetivamente,
Deus quis unir à alimentação e à reprodução prazeres que facilitassem a
conservação da espécie humana. O problema não é o prazer em si mesmo
considerado. O prazer em si é bom, mas é bom somente dentro dos limites da
virtude da temperança. É sabido por qualquer cristão, por exemplo, que o prazer
sexual que acompanham as relações íntimas entre marido e mulher unidos em santo
matrimônio é santo e santificador. Ninguém em são juízo condena o sexo dentro
do matrimônio e o prazer que ele produz. O problema é quando as coisas
finalizadas por Deus na direção da verdade, do bem e da beleza começam a ser
usadas com finalidades motivadas pelo egoísmo.
“Vigiai
(…), para que vindo de repente, não vos encontre dormindo” (Mc 13,36). Vamos
preparar-nos para a Parusia do Senhor preparando o seu Natal.
Pe. Françoá Costa
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Homilia
do Mons. José Maria Pereira
VIGILÂNCIA
Nesse
Domingo, inicia mais um Ano Litúrgico, no qual relembramos e revivemos os
Mistérios da História da Salvação. A Igreja nos põe de sobreaviso com quatro
semanas de antecedência a fim de que nos preparemos para celebrar de novo o
Natal e, ao mesmo tempo, para que, com a lembrança da primeira vinda de Deus
feito homem ao mundo, estejamos atentos a essas outras vindas do Senhor: no fim
da vida de cada um e no fim dos tempos. Por isso o Advento é tempo de
preparação e de esperança.
A
palavra ADVENTO significa “Vinda”, chegada: nos faz relembrar e reviver as
primeiras etapas da História da Salvação, quando os homens se preparam para a
vinda do Salvador, a fim de que também nós possamos preparar hoje em nossa vida
a vinda de Cristo por ocasião do Natal.
Isaías
fala com ênfase da era messiânica, quando todos os povos se hão de reunir em
Jerusalém para adorarem o único Deus. Jerusalém é figura da Igreja, constituída
por Deus “sacramento universal de salvação” ( LG 48), que abre os seus braços a
todos os homens para os conduzir a Cristo e para que, seguindo os seus
ensinamentos, vivam como irmãos na concórdia e na paz. Cada cristão deve ser
uma voz a chamar os homens, com a veemência de Isaías, a fé verdadeira e ao
amor fraterno. Convida Isaías: “Vinde e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor.”
(Is 2,5).
O
Evangelho (Mc 13,33-37) é uma exortação à vigilância constante para preparar a
vinda do Senhor.
Preparemos
o caminho para o Senhor que chegará em breve; e se notarmos que a nossa visão
está embaçada e não distinguimos com clareza a luz que procede de Belém, é o
momento de afastar os obstáculos. É tempo de fazer com especial delicadeza o
exame de consciência e de melhorar a nossa pureza interior para receber a Deus.
É o momento de discernir as coisas que nos separam do Senhor e de lançá-las para
longe de nós. Um bom exame de consciência deve ir até as raízes de nossos atos,
até os motivos que inspiram as nossas ações. E logo buscar o remédio no
Sacramento da Penitência (Confissão)!
“Cuidado!
Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento” (Mc 13, 35). Não se
trata apenas da “parusia”, mas também da vinda do Senhor para cada homem no fim
da sua vida, quando se encontrar face a face com o seu Salvador; e será esse o
dia mais belo, o princípio da vida eterna! “Vigiai, portanto, porque não sabeis
quando o dono da casa vem” (Mc 13, 35).
Toda
a existência do homem é uma constante preparação para ver o Senhor, que cada
vez está mais perto; mas no Advento a Igreja ajuda-nos a pedir de um modo
especial: “Senhor, mostrai-me os vossos caminhos e ensinai-me as vossas
veredas. Dirigi-me na vossa verdade, porque sois o meu Salvador” (Sl24).
Para
manter este estado de vigília, é necessário lutar, porque a tendência de todo
homem é viver de olhos cravados nas coisas da terra.
Fiquemos
alertas! Assim será se cuidarmos com atenção da oração pessoal, que evita a
tibieza e, com ela, a morte dos desejos de santidade; estaremos vigilantes se
não abandonarmos os pequenos sacrifícios, que nos mantêm despertos para as
coisas de Deus. Diz-nos São Bernardo: “Irmãos, a vós, como às crianças, Deus
revela o que ocultou aos sábios e entendidos: os autênticos caminhos da
salvação. Aprofundai no sentido deste Advento. E, sobretudo, observai quem é
aquele que vem, de onde vem e para onde vem; para quê, quando e por onde vem. É
uma curiosidade boa. A Igreja não celebraria com tanta devoção este Advento
se não contivesse algum grande mistério.
Procuremos
afastar os motivos que impedem a acolhida do Senhor:
-
os prazeres da vida: a pessoa mergulhada nos prazeres fica alienada… No
domingo, dorme… passeia … pratica esportes … mas não sobra tempo para Missa.
-
trabalho excessivo: a pessoa obcecada pelo trabalho esquece o resto: Deus, a
família, os amigos, a própria saúde…
Como
desejo me preparar para o Natal desse ano?
Apenas
programando festas, presentes, enfeites, músicas?
Preparemos
numa atitude de humildade e vigilância a chegada de Cristo que vem. Nesse
Natal, serão realmente felizes… as pessoas, em quem Cristo encontrou lugar para
nascer!
Mons. José Maria Pereira
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou Ministros extraordinários
da Palavra):
LOUVOR: (QUANDO O PÃO
CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR): Mc 13, 33-37 I
- COM
JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS
AO PAI:
T: Obrigado, Pai, por nos enviar o
Redentor.
=
Pai, vos louvamos e agradecemos por nos enviar vosso Filho para nos resgatar da
morte eterna. Estávamos perdidos e não sabíamos caminhar para o Reino da
felicidade plena e da vida eterna. Vosso Filho demonstrou o amor que Vós tendes
por nós. Pai, olhai pelos nossos irmãos que não caminham conosco e estão
vivendo no egoísmo e na indiferença.
T: Obrigado, Pai, por nos enviar o
Redentor.
=
Pai, olhai sempre por nós que somos fracos, pois somos criaturas egoístas e
limitadas. Enviai vosso Santo Espírito para nos fortificar na coragem de lutar
pela justiça, pela dignidade da vida, pela igualdade e fraternidade.
T: Obrigado, Pai, por nos enviar o
Redentor.
= Ó
Deus, nosso Pai, renovamos o desejo de receber no Natal o Vosso Filho que vem
para nos transformar. Que os anjos repitam; “glória a Deus no céu e paz na
terra às pessoas por Ele amadas”. Queremos ser os pastores que o acolhem e os
reis magos que lhe presenteiam.
T: Obrigado, Pai, por nos enviar o
Redentor.
= Pai
nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...
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