sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

1º DOMINGO DO ADVENTO ANO B, Homilias, subsídios homiléticos

1º DOMINGO DO ADVENTO ANO B (Adaptado pelo Diácono Ismael)

A nossa certeza: “Eis que o Eterno Redentor vem ao nosso encontro!”
A primeira leitura: o Deus que é “pai” e “redentor” são a garantia da sua intervenção salvadora na caminhada histórica do povo.  
É 1ª vez que se chama Deus de Pai (2 x). No evangelho, Jesus usará mais tarde 184 vezes.
O Evangelho convida esperar com confiança a vinda do Senhor. Esse tempo de espera deve ser um tempo de “vigilância” – isto é, um tempo de compromisso ativo com a construção do Reino.
A segunda leitura mostra como Deus Se faz presente na comunidade de fé, através dos dons e carismas que gratuitamente derrama sobre o seu Povo.

PRIMEIRA LEITURA (Is 63,16b-17.19b; 64,2-7) Leitura do livro do Profeta Isaías.
Senhor, tu és o nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome. Como nos deixaste andar longe dos teus caminhos e endureceste nossos corações para não termos o teu temor? Por amor de teus servos, das tribos de tua herança, volta atrás. Ah! Se rompesses os céus e descesses! As montanhas se desmanchariam diante de ti. Desceste, pois, e as montanhas se derreteram diante de ti. Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam. Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos. Tu te irritaste, porque nós pecamos; é nos caminhos de outrora que seremos salvos. Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento. Não há quem invoque teu nome, quem se levante para encontrar-se contigo; escondeste de nós tua face e nos entregaste à mercê da nossa maldade. Assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos.

AMBIENTE - Aos capítulos 56-66 do Livro de Isaías, convencionou-se chamar “Trito-Isaías”. Trata-se de um conjunto de textos cuja proveniência não é totalmente consensual… Para alguns, são textos de um profeta anônimo, pós-exílio, que exerceu o seu ministério em Jerusalém após o regresso dos exilados da Babilônia, nos anos 537/520 a.C.; para a maioria, trata-se de textos que provêm de diversos autores pós-exílios e que foram redigidos ao longo de um arco de tempo relativamente longo (provavelmente, entre os sécs. VI e V a.C.).
Em qualquer caso, estamos na época posterior ao Exílio e numa Jerusalém em reconstrução… As pedras calcinadas da cidade lembram os dramas passados, a população da cidade é pouco numerosa, a reconstrução é lenta e modesta porque os retornados são pobres, os inimigos estão à espreita. A população está desanimada e sem esperança… Desse desânimo resulta a indiferença face a Jahwéh e à Aliança. Consequentemente, o culto é pouco cuidado e Deus ocupa um lugar secundário no coração e nas preocupações do Povo.
Os profetas que desenvolvem a sua missão nesta fase vão tentar acordar a esperança num futuro de vida plena e de salvação definitiva (em que Jerusalém voltará a ser uma cidade bela e harmoniosa e Deus residirá aí, no meio do seu Povo); mas não deixam de sublinhar que o Povo tem de se reconverter aos caminhos da Aliança, da justiça, do amor, da fidelidade a Jahwéh.
A situação é a de desgraça nacional. O Povo dirige-se ao Deus da história, pedindo-Lhe que intervenha para salvar; e, uma vez que a desgraça é considerada castigo pelos pecados, o Povo confessa a culpa e pede perdão.

MENSAGEM - O nosso Deus é invocado como “pai” e como “redentor”. O título “redentor” (“goel”) é, no antigo direito israelita, reservado ao parente próximo, a quem incumbe o dever de defender os seus, de manter o patrimônio familiar (cf. Lv 25,23-24), de libertar um familiar caído na escravidão (cf. Lv 25,26-49), de proteger uma viúva (cf. Rut 4,5) ou de vingar um parente assassinado (cf. Nm 25,19-20). O uso destes títulos pretende, portanto, lembrar a Deus as suas responsabilidades enquanto protetor, defensor e salvador do seu Povo.
O profeta quer que Deus – o “Pai” e o “redentor” de Israel – não deixe o Povo continuar a endurecer o seu coração e a afastar-se dos caminhos da Aliança. É uma invocação dramática, que parece ter como objetivo forçar a intervenção libertadora de Deus. O problema é que a “geração presente” (os retornados do Exílio) não reconhece culpa alguma e vive instalada no pecado, na infidelidade, na injustiça, na indiferença face a Deus e às suas propostas. Será possível alterar esta lógica?
O profeta está convencido de que essa dinâmica é possível. No entanto, está consciente também de que o Povo, por si só, é incapaz de sair dessa rotina de rebeldia e de infidelidade em que tem vivido. É neste contexto que Deus tem de assumir as suas responsabilidades de Pai e de redentor e de Se dignar “descer” para transformar o coração do seu Povo. Na verdade, Jahwéh manifestou-Se mil vezes na história e ofereceu sempre ao seu Povo a salvação. Israel tem plena consciência dessa atuação de Deus; e é precisamente essa “memória” histórica que fundamenta a esperança: se Deus sempre foi o “pai” e o “redentor” de Israel, certamente voltará a sê-lo outra vez, na dramática situação atual.
O nosso texto termina com uma imagem muito bela: Deus é o “oleiro” e o seu Povo é o barro que o artista modela com amor e cuidado. A imagem serve, certamente, para definir o poder e o senhorio de Deus que pode modelar o seu Povo como bem Lhe aprouver; mas, provavelmente, faz também alusão àquilo que o profeta espera de Deus: uma nova criação. A imagem leva-nos, precisamente, a Gn 2,7 e à criação do homem do barro da terra. O profeta quererá, dessa forma, sugerir que a intervenção salvadora de Deus no sentido de mudar o coração do seu Povo (fazendo que ele deixe os caminhos do egoísmo e da autossuficiência e volte aos caminhos de Deus e da Aliança) é uma nova criação, da qual nascerá uma humanidade nova.

ATUALIZAÇÃO • O Povo de coração endurecido, rebelde, indiferente, que há muito prescindiu de Deus e deixou de se preocupar em viver de forma coerente os compromissos assumidos no âmbito da Aliança.
• Deus é fonte de salvação e de redenção. Nós, por nós próprios, somos incapazes de superar essa rotina de indiferença, de egoísmo, de violência, de mentira, de injustiça que tantas vezes caracteriza a nossa caminhada pela vida. Deus, o nosso “Pai” e o nosso “redentor”, é sempre fiel às suas “obrigações” de amor e de justiça e está sempre disposto a oferecer-nos, gratuita e incondicionalmente, a salvação. A nós, resta-nos acolher o dom de Deus com humildade e com um coração agradecido.
• A ação de Deus, o seu papel de “redentor” concretiza-se através de Jesus e das propostas que Ele veio fazer aos homens e ao mundo.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 79 (80)

Iluminai a vossa face sobre nós; convertei-nos, para que sejamos salvos!

• Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. / Vós, que sobre os querubins vos assentais, /
aparecei cheio de glória e esplendor! / Despertai vosso poder, ó nosso Deus /
e vinde logo nos trazer a salvação!
• Voltai-vos para nós, Deus do universo! / Olhai dos altos céus e observai. /
Visitai a vossa vinha e protegei-a! / Foi a vossa mão direita que a plantou; / protegei-a, e
ao rebento que firmastes!
• Pousai a mão por sobre o vosso protegido, / o filho do homem que escolhestes para vós! /
E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! / Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!

EVANGELHO (Mc 13,33-37) Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando. Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”
AMBIENTE - No final desse dia, já no “Jardim das Oliveiras”, Jesus oferece a um grupo de discípulos (Pedro, Tiago, João e André – cf. Mc 13,3) um amplo e enigmático ensinamento, que ficou conhecido como o “discurso escatológico” (cf. Mt 13,3-37).
A maior parte dos estudiosos do Evangelho segundo Marcos consideram que este discurso, apresentado com uma linguagem profético-apocalíptica, descreve a missão da comunidade cristã no período que vai desde a morte de Jesus até ao final da história humana. É um texto difícil, que emprega imagens e uma linguagem marcada pelas alusões enigmáticas, bem ao jeito do gênero literário “apocalipse”. Não seria tanto uma reportagem jornalística de acontecimentos concretos, mas antes uma leitura profética da história humana. O seu objetivo seria dar aos discípulos indicações acerca da atitude a tomar frente às vicissitudes que marcarão a caminhada histórica da comunidade, até à vinda final de Jesus para instaurar, em definitivo , o novo céu e a nova terra.
Os quatro discípulos referenciados no início do “discurso escatológico” representam a comunidade cristã de todos os tempos… Os quatro são, precisamente, os primeiros discípulos chamados por Jesus (cf. Mc 1,16-20) e, como tal, convertem-se em representantes de todos os futuros discípulos. O discurso escatológico de Jesus não seria, assim, uma mensagem privada destinada a um grupo especial, mas uma mensagem destinada a toda a comunidade crente, chamada a caminhar na história com os olhos postos no encontro final com Jesus e com o Pai.
A missão que Jesus (que está consciente de ter chegado a sua hora de partir ao encontro do Pai) confia à sua comunidade não é uma missão fácil… Jesus está consciente de que os seus discípulos terão que enfrentar as dificuldades, as perseguições, as tentações que “o mundo” vai colocar no seu caminho. Essa comunidade em marcha pela história necessitará, portanto, de estímulo e alento. É por isso que surge este apelo à fidelidade, à coragem, à vigilância… No horizonte último da caminhada da comunidade, Jesus coloca o final da história humana e o reencontro definitivo dos discípulos com Jesus.

MENSAGEM - O seu objetivo não é transmitir informação objetiva acerca do “como” e do “quando”, mas formar os discípulos e torná-los capazes de enfrentar a história com determinação e esperança.
O “dono da casa” da parábola é, evidentemente, Jesus. Ao deixar este mundo para voltar para junto do Pai, Ele confiou aos discípulos a tarefa de construir o “Reino” e de tornar realidade um mundo construído de acordo com os valores do Reino. Os discípulos de Jesus não podem, portanto, cruzar os braços, à espera que o Senhor venha; eles têm uma missão – uma missão que lhes foi confiada pelo próprio Jesus e que eles devem concretizar, mesmo em condições adversas. É necessário não esquecer isto: esta espera, vivida no tempo da história, não é uma espera passiva, de quem se limita a deixar passar o tempo até que chegue um final anunciado; mas é uma espera ativa, que implica um compromisso efetivo com a construção de um mundo mais humano, mais fraterno, mais justo, mais evangélico.
 Na perspectiva de Marcos, o “porteiro” parece ser todo aquele que tem uma responsabilidade especial na comunidade cristã… A sua missão é impedir que a comunidade seja invadida por valores estranhos ao Evangelho e à dinâmica do Reino. A figura do “porteiro” adequa-se, especialmente, aos responsáveis da comunidade cristã, a quem foi confiada a missão da vigilância e da animação da comunidade. Eles devem ajudar a comunidade a discernir permanentemente, diante dos valores do mundo, aquilo que a comunidade pode ou não aceitar para viver na fidelidade ativa a Jesus e às suas propostas.
Todos – “porteiro” e demais servos do “senhor” – devem estar ativos e vigilantes. A palavra-chave do Evangelho deste dia é esta: “vigilância”. Contudo, “vigilância” não significará, para os discípulos, o viver à margem da história, num angelismo alienante, evitando comprometer-se para não se sujar com as realidades do mundo e procurando manter a “alminha” pura e sem mancha para que o Senhor, quando chegar, os encontre sem pecados graves; mas será o viver dia a dia comprometido com a construção do Reino, realizando fielmente as tarefas que o Senhor lhes confiou. Essas tarefas passam pelo compromisso efetivo com a construção de um mundo novo, um mundo que viva cada vez mais de acordo com os projetos de Deus.
O nosso texto assegura aos discípulos, em caminhada pelo mundo, que o objetivo final da história humana é o encontro definitivo e libertador com Jesus. “O Senhor vem” – garante-lhes o próprio Jesus; e esta certeza deve animar e dar esperança aos discípulos, sobretudo nos momentos de crise e de confusão. Mesmo que tudo pareça ruir à sua volta, os discípulos são chamados a não perder a esperança e a ver, para além das estruturas velhas que vão caindo, a realidade do mundo novo a nascer.
Todos, vigilantes, devem, com coragem e perseverança, dar a sua contribuição para a edificação do “Reino”, sendo testemunhas e arautos da paz, da justiça, do amor, do perdão, da fraternidade, cumprindo dessa forma a missão que Jesus lhes confiou.

ATUALIZAÇÃO - • “o Senhor vem”. A nossa caminhada humana não é um avançar sem sentido ao encontro do nada, mas uma caminhada feita na alegria ao encontro do Senhor que vem. O tempo de Advento recorda-nos a realidade de um Senhor que vem ao encontro dos homens e que, no final da nossa caminhada por esta terra, nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim.
• O tempo do Advento é, também, o tempo da espera do Senhor. A palavra mágica é “vigilância”: o verdadeiro discípulo deve estar sempre “vigilante”, cumprindo com coragem e determinação a missão que Deus lhe confiou. Viver sempre ativo, empenhado, comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz. Significa cumprir os compromissos assumidos no dia do batismo e ser um sinal vivo do amor e da bondade de Deus no mundo.
• Em concreto, estar “vigilante” significa não viver de braços cruzados, fechado num mundo de alienação e de egoísmo, deixando que sejam os outros a tomar as decisões e a escolher os valores que devem governar a humanidade; significa não me demitir das minhas responsabilidades e da missão que Deus me confiou quando me chamou à existência… Estar “vigilante” é ser uma voz ativa e questionante no meio dos homens, levando-os a confrontarem-se com os valores do Evangelho; é lutar de forma decidida e corajosa contra a mentira, o egoísmo, a injustiça, tudo aquilo que rouba a vida e a felicidade a qualquer irmão que caminhe ao meu lado…

SEGUNDA LEITURA (1Cor 1,3-9) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus sempre a vosso respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus: Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós. Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo. É ele também que vos dará  perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até o fim, até o dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso.

AMBIENTE - Corinto era uma cidade nova e população de todas as raças e de todas as religiões. Era a cidade do desregramento para todos os marinheiros que cruzavam o Mediterrâneo, ávidos de prazer, após meses de navegação.
Como resultado da pregação de Paulo, nasceu a comunidade cristã de Corinto. A maior parte dos membros da comunidade era de origem grega, embora em geral, de condição humilde; mas também havia elementos de origem hebraica.
Tratava-se de uma comunidade com boas possibilidades, mas que mergulhava as suas raízes em terreno adverso. Na comunidade de Corinto, vemos as dificuldades da fé cristã em inserir-se num ambiente hostil, marcado por uma cultura pagã e por um conjunto de valores que estão em profunda contradição com a pureza da mensagem evangélica.
O texto que nos é hoje proposto é a “ação de graças” inicial. Habitualmente, Paulo começava as suas cartas com uma “ação de graças”.

MENSAGEM - Paulo agradece a Deus por certas realidades concretas que fazem parte da vida da comunidade cristã de Corinto, ao mesmo tempo que antecipa temas que vai depois desenvolver na carta. Há neste texto dois aspectos: o primeiro diz respeito aos dons que a comunidade recebeu de Deus, através de Jesus Cristo; o segundo diz respeito à finalidade do chamamento dos coríntios.
Em primeiro lugar, a comunidade foi privilegiada com “dons” de Deus. É bom que os coríntios tenham consciência da liberalidade divina e saibam dar graças. Paulo desenvolverá a questão nos capítulos seguintes avisando, no entanto, os coríntios de que a “sabedoria” de Deus nem sempre coincide com a “sabedoria” dos homens (cf. 1 Cor 2,1-16).
Em segundo lugar, Paulo manifesta a sua convicção de que os “carismas” com que Deus cumulou os coríntios são destinados a construir uma comunidade orientada para Jesus Cristo, capaz de viver de forma irrepreensível o seu compromisso com o Evangelho até ao dia do encontro final e definitivo com Cristo. É para esse objetivo final de encontro e de comunhão total com Deus que a comunidade, animada por Jesus Cristo e sustentada com os dons de Deus, deve caminhar.

ATUALIZAÇÃO • Através dos seus dons, Deus vem continuamente ao encontro dos homens e manifesta-lhes o seu amor. Os crentes devem viver numa permanente atitude de escuta e de acolhimento desses dons.
• Os dons de Deus, Segundo Paulo, é “tornar firme nos crentes o testemunho de Cristo”. Os dons de Deus destinam-se a promover a fidelidade das pessoas e das comunidades ao Evangelho, de forma a que todos nos identifiquemos cada vez mais com Cristo. Os dons que Deus me concedeu destinam-se sempre a potenciar a minha fidelidade e a fidelidade dos meus irmãos às propostas de Jesus, ou servem, às vezes, para concretizar objetivos mais egoístas, como sejam a minha promoção pessoal ou a satisfação de certos interesses e anseios?
• O cristão tem de estar sempre vigilante e preparado para acolher o Deus que vem ao seu encontro e lhe manifesta o seu amor através dos seus dons… E tem também de estar sempre vigilante para que os dons de Deus não sejam desvirtuados e utilizados para fins egoístas.

Dehonianos

==============--------------------===============


Homilia do Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André - SP

Hoje nós iniciamos o tempo de advento: advento aquele que deve chegar.
Advento, portanto, é o tempo em que nos preparamos para o nascimento de Jesus /cristo. Evidente que isto é uma celebração, o que significa que ela deseja reapresentar, expressar aquilo que nós vamos cultivando no dia a dia da nossa existência; não vale nada celebrar o advento no sábado ou no domingo, se eu não me propuser a preparar o nascimento de Jesus durante a semana.
É muito interessante e é muito bom, é importante, é benéfico. A gente começa já, chagando nesta época a tentar se organizar um pouco para o Natal: onde vai passar, se vai viajar ou não, se vai reunir-se com mais alguém, o que se pretende fazer no dia, tudo isso é preparação, tudo isto nós vamos preparar para aquela festa tão importante, onde se reúne a família, amigos para uma confraternização.
Isto também quem não tem fé, faz. Nós temos que ir um pouco além, isto é importante, mas temos que  ir além, e o além significa confrontarmo-nos, fazer um confronto com a Palavra de Deus e ver bem o que eu vou precisar melhorar para estar pronto no dia 24 de dezembro; a proposta do advento é este tempo de meditação; por isso mesmo a cor é roxa, a exemplo da quaresma; é o mesmo sentido da quaresma.
Na quaresma nós celebramos a ressurreição do Senhor, e aqui nós celebramos o nascimento, temos já algumas coisas importantes nestas leituras, e a primeira delas é do próprio Evangelho, onde  diz que de repente Ele nos encontre dormindo; várias vezes nós temos no Evangelho passagem aonde Jesus chega e as pessoas estão dormindo.
Uma vez, veio alguém falar comigo, preocupado porque ele não conseguia ficar acordado, tamanho o nono: não, não é este dormindo aqui, não é o fato de nós estarmos recompondo as energias; o sono físico é fundamental. Se a pessoa não dormir, ela morre. Não! O que Jesus fala para não dormirmos é na fé, e não cochilar, é estar atento para a fé, é no sentido da fé que nós não podemos dormir. Outra forma não; é até necessário!
Ora, Jesus já tinha encontrado os discípulos dormindo no Horto das Oliveiras e Ele disse: “Puxa, vocês não conseguiram velar nem uma hora”? E em outro momento, Ele vai dizer: “Agora vocês podem dormir à vontade, porque aquele que me ira trair, já traiu”.
Então, estar acordado, não dormir, significa não trair Jesus, estar atento para ser fiel a Jesus, este é o fundamento. Agora, às vezes, nós pensamos que estamos acordados e acabamos cochilando, porque nós ficamos procurando Jesus, o homem de cabemos longos, barba, loiro, olhos azuis e acabamos cochilando e não enxergando Jesus que está no nosso lado, às vezes, maltrapilho, às vezes até precisando de uma atenção maior. Estar atento, não dormir, é estar continuamente procurando este Jesus Cristo no meio de nós, que  “Ele convosco, Ele está no meio de nós”, é aí que está este Senhor, é isso que nós somos convidados a viver para descobrir. Tanto a Primeira Leitura quanto a Segunda Leitura nos vão dar algumas orientações para que possamos de fato, encontrar o Cristo.
Eu tenho que abrir mão de todos os conceitos formados na minha cabeça, porque, se eu for procurar alguém com as características desta cruz, certamente não vou encontrar. Então, eu tenho que deixar ser modelado por Deus; é no amor de Deus que vou conseguir arrumar os critérios, as referência pra eu identificar onde está Jesus Cristo.
Eu tenho que me abrir a este amor, e como diz na própria Segunda Leitura, à medida que eu me abro para este amor, recebo todos os dons necessários para poder viver esta revelação do Senhor, para poder viver aquilo que Ele me pediu. Tentando resumir:
Primeiro lugar: O Advento nos convida nesta semana a estarmos atentos, estarmos sempre atentos para podermos ser fiéis a Deus. Para poder servir a Jesus Cristo, para que eu encontre Jesus e possa servi-lo, é preciso que eu me coloque nas mãos de Deus e me deixe modelar por Ele, através do seu amor. O amor de Deus garante para mim tudo que é necessário para poder conhecer, identificar, anunciar e celebrar este menino Deus que deve nascer. Vamos pedir, em primeiro lugar, a Deus que nos mantenha muito atentos neste aspecto.
Segundo lugar: que possamos também preparar-nos neste Natal, sermos solidários com todos os necessitados;
Terceiro lugar: que nós possamos anunciar às pessoas que o Natal vai além de pura comemoração, vai muito mais que um compromisso com o irmão. Que Deus nos ajude!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.


===========-----------------===============
"O Senhor Vem!"

Iniciamos hoje novo Ano Litúrgico (Ano B).

O ADVENTO é tempo de ESPERA: na expectativa da 2ª vinda de Cristo, no fim dos tempos. (1ª e 2ª Semana);
- em preparação à 1ª vinda do Filho de Deus que comemoramos no NATAL (3ª e 4ª Semana).

As leituras hoje nos mostram como devemos viver esse tempo: "Vigilantes" para acolher o Senhor que vem.

A 1ª Leitura é uma SÚPLICA ardente ao Deus da História, pedindo um Salvador. (Is 63,16b-17.19b;64,2b-7)

É uma das preces mais bonitas da Bíblia.
Ao povo que voltou do exílio desanimado e indiferente à Aliança, o Profeta tenta acordar a esperança num futuro de vida e salvação.

Deus é invocado como "Pai" e "Redentor" (Pai: fonte da vida familiar; Redentor: responsável pelo resgate).
É a primeira vez que se chama Deus de Pai (2 x).
No evangelho, Jesus usará mais tarde 184 vezes.

Termina com a imagem do OLEIRO: Deus é o "oleiro" e  o Povo é o "barro", que o artista modela com amor...
- Somos barro, frágeis, mas somos também obra de suas mãos... Somos a expressão do amor de Deus
- Faz lembrar a Criação do Homem do barro da terra. A mudança do coração do seu povo é uma nova Criação, da qual nascerá uma nova humanidade.

A 2a leitura é um APELO a esperar o Senhor que vem, dando testemunho com os dons recebidos. (1Cor 1,3-9)

O Evangelho é uma EXORTAÇÃO à vigilância constante para preparar a vinda do Senhor. (Mc 13,33-37)

A Parábola do Porteiro conta a história do homem que partiu em viagem, distribuiu tarefas aos seus servos e deu ao porteiro uma ordem que vigiassem...

- O "Dono da casa" é Jesus, que ao voltar para o Pai, confiou aos discípulos a tarefa de construir o "Reino", iniciado por ele.

- Quem é o "porteiro"? São as lideranças da Comunidade, a quem foi confiada a missão da vigilância e da animação da Comunidade.

1. A Vinda do Senhor é motivo de ESPERANÇA.
A nossa caminhada humana não é um avançar sem sentido ao encontro do nada, mas uma caminhada feita na alegria ao encontro do "Senhor que vem".
E o Advento nos recorda que no final da nossa caminhada, o Senhor nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim.

2. Advento é tempo da ESPERA vigilante do Senhor.
O verdadeiro discípulo deve estar sempre "vigilante".
- VIGIAR significa não esquecer que toda a vida cristã é uma caminhada rumo ao encontro final com Cristo Salvador e Juiz.
- VIGIAR é a atitude de quem se sente responsável pela "casa" de Deus, proteger a Comunidade de invasões estranhas.
- VIGIAR significa viver sempre empenhado e comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz.
- VIGIAR Significa cumprir os compromissos assumidos no dia do batismo e ser um sinal vivo do amor e da bondade de Deus no mundo.
- VIGIAR significa cumprir a Missão recebida: dar testemunho de Jesus e do seu evangelho.
- VIGIAR significa não viver como se a vida se reduzisse à duração terrena, mas viver sempre na expectativa da revelação plena do Senhorio de Jesus.

Somos convidados a não "dormir", a estar acordados e "vigilantes", sempre prontos para lhe entregar a qualquer momento a sua "casa" bem cuidada.

- "Nesse Natal, Cristo pede um lugar em nossa casa".
 * Será que ele pode contar com um lugar em nosso coração?
   Estamos dispostos a remover tudo o que rouba espaço para Ele, e impede nosso caminho para Deus?

NOVENA * A novena é uma forma de concretizar a esperança e de reunir-se na mesma fé, permitindo que a ternura de Deus abra caminhos para a realização e a paz.

Nesse Natal, serão realmente felizes... as pessoas, em quem Cristo encontrou um lugar para nascer!  

                                Pe. Antônio Geraldo

==========----------------------===========

 

Homilia de D. Henrique Soares da Costa –


Mais uma vez, irmãos caríssimos, a bondade do Senhor nos dá a graça de iniciarmos um Ano Litúrgico com este sagrado Tempo do Advento. Como todos sabeis, nestas duas primeiras semanas das quatro que nos preparam para o Santo Natal, a Igreja nos recorda que o Senhor, que veio a Belém, virá no final dos tempos como Juiz, na sua bendita Parusia, isto é, na sua Vinda gloriosa. E é essencial, amados irmãos, que os cristãos nunca esqueçam isto: o Senhor virá, e o caminho da criação e a corrida da nossa vida neste mundo são uma peregrinação ao seu Encontro. Nada nem ninguém tem neste tempo, nesta existência, morada permanente: caminhamos para o Senhor, somos filhos daquele Dia bendito, Dia do Cristo Senhor! Sabemos que “a noite deste mundo vai adiantada e o Dia vem chegando”, Dia de luz, Dia de salvação, Dia no qual o Reino que Cristo plantou com seu piedoso nascimento, morte e ressurreição, haverá de se manifestar com toda a sua força e toda a sua glória! Por isso mesmo, como são belas as palavras da antífona de entrada, colocada no Missal para esta primeira Missa do novo Ano da Igreja: “A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado; pois não será desiludido quem em vós espera!” Eis a atitude do cristão diante deste Dia que vem, Dia que é o próprio Cristo glorioso: caminhar bem firme neste mundo com a alma elevada para o Senhor, sabendo que ele virá ao nosso encontro, e nossa existência é uma preparação para este momento – por isso mesmo a oração inicial desta Celebração eucarística pedia a Deus a graça de “acorrermos com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem”. Sigamos, portanto, meus caríssimos, sigamos o conselho do santo Apóstolo: “Procedamos honestamente; revesti-vos do Senhor Jesus Cristo!” Neste tempo entre seu Natal e sua Parusia, vivamos uma vida de contínua conversão: “Nada de glutonerias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades, nem de brigas e rivalidades”, nada de egoísmo que nos fecha aos irmãos, nada de descaso para com os mais fracos e feridos desta nossa vida! Se vivermos realmente assim, com os olhos fitos naquele que vem, conscientes de que caminhamos para ele e dele dependemos, tudo ganha um novo sentido, meus caros, e nós teremos uma verdadeira liberdade e maturidade diante dos desafios da vida!
Irmãos meus em Cristo Jesus, diante de tantos sinais de impiedade e desprezo de Deus e da dignidade humana no mundo atual, muitos de nós pensam que o mundo está perdido, parecendo uma nau sem rum; muitos talvez sejam tentados a perder a esperança e a não mais ver que o Senhor dirige a história humana. Não, caríssimos: o mundo foi definitivamente salvo pelo Senhor, o mundo caminha para o Cristo Jesus, Princípio e Fim de tudo – esta é uma certeza certíssima da nossa fé cristã! Neste sentido, como não nos encher de esperança e paz escutando as palavras de Isaías profeta, que falava pensando na vinda do Messias – vinda em Belém e vinda no final dos tempos? O que diz o Profeta? Que mistério anuncia? Que esperança suscita em nosso coração? “Acontecerá, nos últimos tempos, que o monte da Casa do Senhor estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das montanhas. A ele acorrerão todos os povos. De Sião provém a Lei e de Jerusalém, a Palavra do Senhor.” Que significam estas palavras, meus irmãos? Esta Casa do Senhor colocada no mais alto dos montes é o novo Israel, a Igreja, Corpo de Cristo e Templo do Espírito; esta Igreja, nossa Mãe católica, da qual vem a Lei (não mais a de Moisés, mas a lei do Espírito que dá vida, a lei do amor); dessa Casa do Senhor vem a Palavra, que é o próprio Cristo, anunciado na Liturgia e dado e recebido nos sacramentos! Como é impressionante, quanto é consolador escutar o Profeta anunciando que a esta santa Casa do Senhor “acorrerão todas as nações”. Sim, pois o desejo do nosso Deus é que, crendo em Cristo e recebendo o santo Batismo, “todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). O cristão não deve impor sua fé a ninguém, mas também não deve nunca deixar de anunciar com a palavra e testemunhar com a vida esta esperança que se encontra em Cristo Jesus, Salvador de todos e único Caminho da humanidade. É nossa missão de discípulos de Cristo: sermos seus missionários, sermos suas testemunhas, anunciando o seu santo Nome e a salvação que ele trouxe a toda a humanidade!
Pois bem, meus amados, caminhemos neste mundo como aqueles que têm esperança porque alicerçaram em Deus e no seu Cristo a sua vida! Como seria triste, quão grande seria a infidelidade nossa se, esquecidos daquilo que o Senhor nos promete e nos prepara, nos entregássemos a uma vida leviana, acomodada, morna, desatenta ao amor do Senhor e aos seus apelos! Como seria grave pecado de nossa parte simplesmente viver e pensar e agir como os outros, que sem conhecerem a Cristo, não têm esperança! Jesus nos exorta gravemente a que vigiemos, a que estejamos sempre atentos à sua Vinda: Vinda no Fim dos tempos, mas também aquelas vindas de cada dia, nos tantos apelos que ele nos faz!
Falando desta Vinda, que advertências tão sérias ele nos dirige no Evangelho deste hoje: “A Vinda do Filho do Homem, isto é, do Juiz de tudo, será como no tempo de Noé: “comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca” – em outras palavras: a Vinda do Senhor acontecerá no dia-a-dia de nossa vida, de modo que devemos viver à luz desse Dia, como filhos desse Dia! E mais: “Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada”. Compreendeis, irmãos? Estarão trabalhando no campo ou moendo no moinho, fazendo coisas tão normais, tão pequenas, tão de cada dia, como nós… E, no entanto, o Senhor virá inesperadamente… E vede que este Dia será de discernimento, de discriminação, de separação: um será levado com o Senhor; outro será deixado longe do Senhor, na perdição!
Caríssimos, cuidemos de viver de tal modo que não sejamos deixados! Fiquemos atentos, não durmamos, como aqueles que não têm fé! Quem dorme? Dorme quem vive no pecado, dorme quem repousa na infidelidade, dorme quem justifica sua mediocridade espiritual, dorme quem não leva o Senhor a sério, dorme quem não rompe com as obras das trevas! Não durmamos: vigiemos! “Vigiai, porque não sabeis a que hora vem o vosso Senhor!” Que este santo Advento nos dê a graça de retomarmos a fé, o ânimo e o espírito de vigilância, para estarmos preparados para o encontro com Aquele que vem.  Amém
D. Henrique Soares

=========------------------=============

VIGILÂNCIA - Domínio da temperança

 

Preparemos o caminho para o Senhor que chegará em breve; e se notarmos que a nossa visão está embaçada e não distinguimos com clareza a luz que procede de Belém, é o momento de afastar os obstáculos. É tempo de melhorar a nossa pureza interior para receber a Deus.
“Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento”.  Portanto, Vigiai.
Procuremos afastar os motivos que impedem a acolhida do Senhor:
A Igreja nos recorda que o Senhor, que veio a Belém, virá no final dos tempos como Juiz, na sua bendita Parusia, isto é, na sua Vinda gloriosa. Ninguém tem morada permanente: caminhamos para o Senhor da glória!. Muitos pensam que o mundo está perdido, sem rumo; muitos perdem a esperança e vêem que o Senhor dirige a história.  O mundo foi salvo pelo Senhor, o mundo caminha para o Cristo Jesus, Princípio e Fim de tudo – esta é uma certeza da nossa fé cristã! O cristão não deve impor sua fé a ninguém, mas também não deve nunca deixar de anunciar com a palavra e testemunhar com a vida esta esperança que se encontra em Cristo Jesus, Salvador de todos e único Caminho da humanidade. É nossa missão de discípulos de Cristo: sermos seus missionários, sermos suas testemunhas, anunciando o seu santo Nome e a salvação que ele trouxe a toda a humanidade!
Como seria grave pecado de nossa parte simplesmente viver e pensar e agir como os outros, que sem conhecerem a Cristo, não têm esperança! Jesus nos exorta a que vigiemos, a que estejamos sempre atentos à sua Vinda: Vinda no Fim dos tempos, mas também aquelas vindas de cada dia, nos tantos apelos que ele nos faz!
A Vinda do Senhor acontecerá no dia-a-dia de nossa vida: “Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada”. Compreendeis, irmãos? Estarão trabalhando no campo ou moendo no moinho, fazendo coisas tão normais, tão pequenas, tão de cada dia, como nós… E, no entanto, o Senhor virá inesperadamente… E vede que este Dia será de discernimento, de discriminação, de separação: um será levado com o Senhor; outro será deixado longe do Senhor, na perdição!
Caríssimos, cuidemos de viver de tal modo que não sejamos deixados! Fiquemos atentos, não durmamos, como aqueles que não têm fé! Quem dorme? Dorme quem vive no pecado, dorme quem repousa na infidelidade, dorme quem justifica sua mediocridade espiritual, dorme quem não leva o Senhor a sério, dorme quem não rompe com as obras das trevas! Não durmamos: igiemos! “Vigiai, porque não sabeis a que hora vem o vosso Senhor!” Que este santo Advento nos dê a graça de retomarmos a fé, o ânimo e o espírito de vigilância, para estarmos preparados para o encontro com Aquele que vem.  Amém



==========---------------==============

Homilia do Pe. Françoá Costa

O nobre domínio da temperança

Começou mais um ciclo litúrgico. Reviveremos os mistérios da vida de Jesus Cristo através das ações sagradas da Igreja realizadas no culto divino que é, ao mesmo tempo, glorificação de Deus e santificação dos homens e das mulheres. O Tempo do Advento é a preparação necessária para encontrar-nos novamente envolvidos por tão grandes ações salvadoras do nosso Deus.
O texto que a Igreja oferece à nossa consideração contem um chamado de atenção muito forte: “Vigiai (…), para que vindo de repente, não vos encontre dormindo” (Mc 13,36). O Senhor Jesus virá pela segunda vez (Parusia). Nós não sabemos quando, ninguém neste mundo o sabe, a ninguém foi revelado. Mas é certo, ele disse que virá e… virá! A tensão alegre do Tempo do Advento nos convida a uma constante vigilância: não podemos dormir no ponto, não devemos ser pessoas transtornadas pelo torpor das coisas perecíveis. Devemos seguir aquele conselho tão sábio de um Padre dos inícios do cristianismo: “Sê sóbrio como um atleta de Deus: o prêmio que se oferece é a imortalidade e a vida eterna, na qual crês firmemente” (S. Inácio de Antioquia).
Uma das chamadas “virtudes cardeais” mais importantes para manter-nos como atletas de Deus é a temperança. Esta virtude nos ajuda a ter um nobre domínio sobre nós mesmos e, em consequência, a sermos cada vez mais livres. Uma pessoa com nobreza de espírito é necessariamente temperada. A temperança é a virtude que reúne em torno a si a modéstia, a sobriedade, a castidade, a vergonha, a honestidade, a abstinência, a mansidão, a clemência, a estudiosidade, a eutrapelia. Cada uma dessas virtudes mereceria uma reflexão, mas vamos contemplá-las desde a perspectiva da virtude da temperança.
A nossa inteligência e a nossa razão foram iluminadas pela fé e, desde então, há em nós uma facilidade para compreender melhor tanto as coisas humanas quanto as realidades divinas. Todo o nosso ser, no batismo, experimentou a vida nova de Cristo: nós somos novas criaturas! Daí o desejo de viveremos uma vida nova, de corresponder a tantas graças que o Senhor nos tem concedido. Nesse contexto de fé, a virtude moral da temperança é aquela disposição ou força interior que modera a nossa inclinação aos prazeres sensíveis, mantendo-os dentro dos justos limites de uma razão que foi iluminada pela fé. Ao ser uma virtude humana, ela deve ser praticada por todos os seres humanos, e não somente por aqueles que são cristãos. Naqueles que são batizados a temperança foi elevada pela graça e fortalecida pelas virtudes teologais.
Quem quiser esperar o Senhor Jesus numa vigilante expectativa tem que viver a temperança, pois é através dessa virtude que nós nos preparamos para que o Senhor não nos encontre dormindo no mundo dos pecados e vícios. Dormindo? Sim, porque o pecado é o mundo da negação, da fantasia, da ilusão, do torpor, do não-ser. Uma pessoa que pensa que está sendo feliz enquanto come desmedidamente, pode até sê-lo, mas por pouco tempo. E depois, o que ficará? Dores de barriga, problemas estomacais, gordura, problemas de coração, ansiedades. O vicio nunca pode fazer o ser humano feliz. Uma pessoa que não consegue moderar o desejo sexual e se sente “livre” para fazer o que quiser, não durará muito para que experimente a escravidão da sua própria libido. Além disso, virão as DST e outros problemas funcionais.
A temperança é a virtude dos senhores e das senhoras de si mesmos, dos atletas de Deus, daquelas pessoas que não querem ser escravas de si mesmas e das próprias inclinações. Custa? Claro que sim: é muito mais fácil pecar que não pecar, ser virtuoso que não sê-lo, ser infeliz que feliz. Mas nós fomos criados para a felicidade e para a autêntica liberdade.
Olhando a cultura contemporânea, não é difícil descobrir que as coisas que mais prendem as pessoas são o sexo, o dinheiro e a comida. Das três, os prazeres sexuais e os deleites da gula são as inclinações mais fortes do ser humano. Efetivamente, Deus quis unir à alimentação e à reprodução prazeres que facilitassem a conservação da espécie humana. O problema não é o prazer em si mesmo considerado. O prazer em si é bom, mas é bom somente dentro dos limites da virtude da temperança. É sabido por qualquer cristão, por exemplo, que o prazer sexual que acompanham as relações íntimas entre marido e mulher unidos em santo matrimônio é santo e santificador. Ninguém em são juízo condena o sexo dentro do matrimônio e o prazer que ele produz. O problema é quando as coisas finalizadas por Deus na direção da verdade, do bem e da beleza começam a ser usadas com finalidades motivadas pelo egoísmo.
“Vigiai (…), para que vindo de repente, não vos encontre dormindo” (Mc 13,36). Vamos preparar-nos para a Parusia do Senhor preparando o seu Natal.

Pe. Françoá Costa

=============-----------------===========

Homilia do Mons. José Maria Pereira

VIGILÂNCIA

Nesse Domingo, inicia mais um Ano Litúrgico, no qual relembramos e revivemos os Mistérios da História da Salvação. A Igreja nos põe de sobreaviso com quatro semanas de antecedência a fim de que nos preparemos para celebrar de novo o Natal e, ao mesmo tempo, para que, com a lembrança da primeira vinda de Deus feito homem ao mundo, estejamos atentos a essas outras vindas do Senhor: no fim da vida de cada um e no fim dos tempos. Por isso o Advento é tempo de preparação e de esperança.
A palavra ADVENTO significa “Vinda”, chegada: nos faz relembrar e reviver as primeiras etapas da História da Salvação, quando os homens se preparam para a vinda do Salvador, a fim de que também nós possamos preparar hoje em nossa vida a vinda de Cristo por ocasião do Natal.
Isaías fala com ênfase da era messiânica, quando todos os povos se hão de reunir em Jerusalém para adorarem o único Deus. Jerusalém é figura da Igreja, constituída por Deus “sacramento universal de salvação” ( LG 48), que abre os seus braços a todos os homens para os conduzir a Cristo e para que, seguindo os seus ensinamentos, vivam como irmãos na concórdia e na paz. Cada cristão deve ser uma voz a chamar os homens, com a veemência de Isaías, a fé verdadeira e ao amor fraterno. Convida Isaías: “Vinde e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor.” (Is 2,5).
O Evangelho (Mc 13,33-37) é uma exortação à vigilância constante para preparar a vinda do Senhor.
Preparemos o caminho para o Senhor que chegará em breve; e se notarmos que a nossa visão está embaçada e não distinguimos com clareza a luz que procede de Belém, é o momento de afastar os obstáculos. É tempo de fazer com especial delicadeza o exame de consciência e de melhorar a nossa pureza interior para receber a Deus. É o momento de discernir as coisas que nos separam do Senhor e de lançá-las para longe de nós. Um bom exame de consciência deve ir até as raízes de nossos atos, até os motivos que inspiram as nossas ações. E logo buscar o remédio no Sacramento da Penitência (Confissão)!
“Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento” (Mc 13, 35). Não se trata apenas da “parusia”, mas também da vinda do Senhor para cada homem no fim da sua vida, quando se encontrar face a face com o seu Salvador; e será esse o dia mais belo, o princípio da vida eterna! “Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem” (Mc  13, 35).
Toda a existência do homem é uma constante preparação para ver o Senhor, que cada vez está mais perto; mas no Advento a Igreja ajuda-nos a pedir de um modo especial: “Senhor, mostrai-me os vossos caminhos e ensinai-me as vossas veredas. Dirigi-me na vossa verdade, porque sois o meu Salvador” (Sl24).
Para manter este estado de vigília, é necessário lutar, porque a tendência de todo homem é viver de olhos cravados nas coisas da terra.
Fiquemos alertas! Assim será se cuidarmos com atenção da oração pessoal, que evita a tibieza e, com ela, a morte dos desejos de santidade; estaremos vigilantes se não abandonarmos os pequenos sacrifícios, que nos mantêm despertos para as coisas de Deus. Diz-nos São Bernardo: “Irmãos, a vós, como às crianças, Deus revela o que ocultou aos sábios e entendidos: os autênticos caminhos da salvação. Aprofundai no sentido deste Advento. E, sobretudo, observai quem é aquele que vem, de onde vem e para onde vem; para quê, quando e por onde vem. É uma curiosidade boa. A Igreja não celebraria com tanta devoção este Advento  se não contivesse algum grande mistério.
Procuremos afastar os motivos que impedem a acolhida do Senhor:
- os prazeres da vida: a pessoa mergulhada nos prazeres fica alienada… No domingo, dorme… passeia … pratica esportes … mas não sobra tempo para Missa.
- trabalho excessivo: a pessoa obcecada pelo trabalho esquece o resto: Deus, a família, os amigos, a própria saúde…
Como desejo me preparar para o Natal desse ano?
Apenas programando festas, presentes, enfeites, músicas?
Preparemos numa atitude de humildade e vigilância a chegada de Cristo que vem. Nesse Natal, serão realmente felizes… as pessoas, em quem Cristo encontrou lugar para nascer!
Mons. José Maria Pereira

============-----------------===========


PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):


LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR):    Mc 13, 33-37 I
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Obrigado, Pai, por nos enviar o Redentor.
= Pai, vos louvamos e agradecemos por nos enviar vosso Filho para nos resgatar da morte eterna. Estávamos perdidos e não sabíamos caminhar para o Reino da felicidade plena e da vida eterna. Vosso Filho demonstrou o amor que Vós tendes por nós. Pai, olhai pelos nossos irmãos que não caminham conosco e estão vivendo no egoísmo e na indiferença.
T: Obrigado, Pai, por nos enviar o Redentor.
= Pai, olhai sempre por nós que somos fracos, pois somos criaturas egoístas e limitadas. Enviai vosso Santo Espírito para nos fortificar na coragem de lutar pela justiça, pela dignidade da vida, pela igualdade e fraternidade.
T: Obrigado, Pai, por nos enviar o Redentor.
= Ó Deus, nosso Pai, renovamos o desejo de receber no Natal o Vosso Filho que vem para nos transformar. Que os anjos repitam; “glória a Deus no céu e paz na terra às pessoas por Ele amadas”. Queremos ser os pastores que o acolhem e os reis magos que lhe presenteiam.
T: Obrigado, Pai, por nos enviar o Redentor.
= Pai nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...




Nenhum comentário:

Postar um comentário