quinta-feira, 30 de maio de 2019

Ascensão do Senhor, homilias, subsídios homiléticos


Solenidade da Ascensão. (Adaptado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:
TEMA: “O Senhor subiu ao toque da trombeta!” Ascensão: a vida junto com Deus.
Evangelho, Jesus ressuscitado se despede e nos envia em missão como testemunhas. 
Primeira leitura, Jesus volta ao Pai e os discípulos são enviados para continuar o seu projeto. 
Segunda leitura convida os batizados a darem-se as mãos e caminharem nesta esperança.

EVANGELHO (Lc 24,46-53) disse Jesus: “está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e, no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações. Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto”. Então Jesus levou- até perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu. Eles o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria.

AMBIENTE O Evangelho situa-nos no dia de Páscoa: ressurreição e ascensão são formas de falar da passagem da morte à vida definitiva junto de Deus.

MENSAGEM Jesus se despede e os discípulos são convocados para a missão: envia-os como testemunhas, a pregar a conversão (“metanóia”) e o perdão dos pecados (Deus os convida a deixar o egoísmo, o orgulho e a autossuficiência para iniciarem uma vida de Homens Novos). Os discípulos contam com a ajuda do Espírito.
Jesus dá a bênção aos discípulos: Eles se tornam capacitados pelo dom que vem de Deus para a missão: a alegria é o grande sinal messiânico e escatológico, indicando que o mundo novo já começou.

ATUALIZAÇÃO - A ressurreição/ascensão nos mostra que a morte não é o fim; no final de um caminho de amor, está a vida de comunhão com Deus. Uma vida plena que é o nosso destino final.
- A ascensão e a convocação dos discípulos para a missão, indicam a nossa responsabilidade na construção desse mundo novo onde habita a justiça e a paz; temos de construir o novo céu e a nova terra.
- Os seguidores de Jesus têm de testemunhar a esperança, no final do caminho, a vida em plenitude.

PRIMEIRA LEITURA (Atos 1,1-11) Jesus fez e ensinou, até ao dia em que foi levado para o céu, depois de ter dado instruções, pelo Espírito Santo, aos apóstolos. Foi a eles que Jesus se mostrou vivo depois da sua paixão, com numerosas provas. Durante quarenta dias, apareceu-lhes falando do Reino de Deus. Durante uma refeição, deu lhes esta ordem: “Não vos afasteis de Jerusalém; vós sereis batizados com o Espírito Santo, dentro de poucos dias’”. Então perguntaram: “Senhor, é agora que vais restaurar o Reino em Israel?” Jesus respondeu: “Não vos cabe saber os tempos e os momentos que o Pai determinou. Mas recebereis o poder do Espírito Santo para serdes minhas testemunhas até os confins da terra”. Depois, Jesus foi levado ao céu, à vista deles. Uma nuvem o encobriu. Os apóstolos continuavam olhando para o céu. Apareceram então dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “por que ficais aqui, parados, olhando para o céu”? “Esse Jesus virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.

AMBIENTE Estamos na década de 80. Passou já a fase da expectativa pela vinda iminente do Cristo glorioso para instaurar o “Reino” e há certa desilusão. Quando vai concretizar se o projeto de Deus? Lucas avisa que o projeto de salvação que Jesus veio apresentar passou para as mãos da Igreja, animada pelo Espírito. Os cristãos são convidados a redescobrir o seu papel e testemunhar o projeto de Deus, na fidelidade ao “caminho” que Jesus percorreu.

MENSAGEM  "quarenta dias" entre a ressurreição e a ascensão, Jesus falou aos discípulos. O número quarenta é um número simbólico: é o tempo necessário para que o discípulo possa aprender e repetir as lições do mestre. 
A despedida de Jesus sublinha dois aspectos: a vinda do Espírito e o testemunho que os discípulos vão ser chamados a dar "até aos confins do mundo". O Espírito irá derramar-se sobre a comunidade e dará a força para testemunhar Jesus em todo o mundo.
O último tema é o da ascensão. Temos, em primeiro lugar, a elevação de Jesus ao céu. Não estamos  falando de uma pessoa que decola da terra; é teológico: é uma forma de expressar simbolicamente que a exaltação de Jesus é total e atinge dimensões supra terrenas; é a forma literária de descrever o culminar de uma vida vivida para Deus, que agora reentra na glória da comunhão com o Pai. 
Temos, depois, a nuvem a meio caminho entre o céu e a terra, um símbolo para exprimir a presença e ausência do divino. Deus escondido e presente, cujo rosto o Povo não pode ver, mas cuja presença adivinha nos acidentes da caminhada. Céu e terra, presença e ausência, luz e sombra, divino e humano, são dimensões aqui sugeridas a propósito de Cristo ressuscitado, elevado à glória do Pai, mas que continua a caminhar com os discípulos. 
Temos ainda os discípulos a olhar para o céu. Significa a expectativa dessa comunidade que espera a segunda vinda de Cristo, a fim de realizar o projeto de libertação do homem e do mundo. 
Temos, finalmente, os dois homens vestidos de branco. O branco sugere o mundo de Deus, o testemunho vem de Deus. Eles convidam os discípulos a continuar no mundo, animados pelo Espírito, a obra libertadora de Jesus. 
O sentido da ascensão não é que fiquemos a admirar a elevação de Jesus; mas é convidar-nos a seguir o "caminho" de Jesus, olhando para o futuro e entregando-nos à realização do seu projeto de salvação no meio do mundo.

ATUALIZAÇÃO - A ressurreição/ascensão de Jesus garante-nos que uma vida vivida na fidelidade aos projetos do Pai é uma vida destinada à glorificação, à comunhão definitiva com Deus. Quem percorre o mesmo "caminho" de Jesus subirá, como Ele, à vida plena. 
- A ascensão recorda-nos que Ele foi elevado para o Pai e nos encarregou do seu projeto libertador.

SEGUNDA LEITURA (Efésios 1,17-23) O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo vos dê um espírito de sabedoria e abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos, e que imenso poder ele exerceu em favor de nós que cremos. Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda autoridade, poder, potência. Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal.

AMBIENTE -  Estamos por volta dos anos 58/60.  Paulo agradece a Deus pela fé dos efésios e pela caridade que eles manifestam para com todos os irmãos na fé.

MENSAGEM - A prova de que o Pai tem poder para realizar essa "esperança" é o que Ele fez com Jesus Cristo: ressuscitou-o e sentou-o à sua direita, exaltou-o e deu-Lhe a soberania sobre todos os poderes angélicos. Essa soberania estende-se à Igreja - o "corpo" do qual Cristo é a "cabeça". O mais significativo é a ideia de que a comunidade cristã é um "corpo" - o "corpo de Cristo". Dizer que Cristo é a "cabeça" da Igreja significa que os dois formam uma comunidade indissolúvel e que há entre os dois uma comunhão total de vida e de destino; significa também que Cristo é o centro à volta do qual o "corpo" se articula, a partir do qual e em direção ao qual o "corpo" cresce, se orienta e constrói, a origem e o fim desse "corpo"; significa ainda que a Igreja/corpo está submetida à obediência a Cristo/cabeça: só de Cristo a Igreja depende e só a Ele deve obediência. 
Dizer que a Igreja é a "plenitude" ("pleroma") de Cristo significa dizer que nela Ele se torna presente no mundo e continua a realizar o seu projeto de salvação em favor dos homens.

ATUALIZAÇÃO + A ressurreição/ascensão/glorificação de Jesus é a garantia da nossa própria glorificação. Formamos com Ele um "corpo" destinado à vida plena.
+ Dizer que fazemos parte do "corpo de Cristo" significa que devemos viver numa comunhão total com Ele e com todos os nossos irmãos, membros do mesmo "corpo", alimentados pela mesma vida.
+ Dizer que a Igreja é o "pleroma" de Cristo significa que temos a obrigação de testemunhar Cristo, de torná-lo presente no mundo, de levar à plenitude o projeto de libertação que Ele começou em favor dos homens.

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    A ASCENSÃO:-

É o TÉRMINO da missão terrena de JESUS,  e o INÍCIO da missão da IGREJA...
  "Subiu não para se afastar da nossa humildade, mas para nos dar a esperança de que um dia iremos ao seu encontro, onde ele nos precedeu". (Prefácio)
- A Ascensão de Jesus é o preparo da nossa Ascensão: "Vou preparar um lugar para vocês...", disse Jesus aos Apóstolos.  Jesus preparou esse lugar, voltando para o Pai...  Compete agora a nós conquistar esse lugar...

+ Esperando a vinda do Espírito Santo pela Oração.  "Permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto".  Assim a Vida da Igreja não começa com a AÇÃO, mas com a ORAÇÃO, junto com Maria, a Mãe de Jesus...
A festa de hoje: - nos fortalece a esperança pelo destino que nos aguarda...
- mas também nos lembra que a nossa missão hoje é continuar o projeto de Jesus.
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 Sugestão:
1-              Quando alguém nasce, qual a nossa certeza?  - MORRE.
2-              E AÍ? O QUE VEM DEPOIS DA MORTE? – UM HOMEM RESSUSCITA E VAI PARA DEUS
3-              TODOS IRÃO PARA DEUS? – OS QUE OUVEM JESUS E O SEGUEM.
4-              TODOS GUARDAM O MANDAMENTO, o mundo é santo? – ALGUNS NÃO CONHECEM.
5-              QUEM VAI ENSINAR OS MANDAMENTOS?   OS DISCÍPULOS. Os batizados.
6-              OS DISCÍPULOS SERÃO CAPAZES?    COM A AJUDA DO ESPÍRITO SANTO. Primeiro oro depois vou agir.
7-              O QUE EU TENHO A VER COM O OUTRO? – FORMAMOS UM CORPO E CRISTO É A CABEÇA.
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Ascensão: Cristo recebeu do Pai, como verdadeiro homem, todo o poder no céu e na terra.
Na ressurreição, contemplamos o Cristo glorificado pelo Pai. Toda a sua natureza humana, corpo e alma, foi divinizada. Jesus, agora, é um homem totalmente novo, totalmente “espiritualizado”, totalmente glorificado, divinizado na sua humanidade. É este o mistério da ressurreição. Mas, há mais: ao ser glorificado, ele, que é uma pessoa divina, é entronizado com todo o poder no céu e na terra: ele, ressuscitado, é constituído Senhor do universo, Senhor da história, Senhor da nossa vida. É isto que a Escritura e a Tradição querem dizer ao afirmar que ele está “sentado à direita de Deus Pai”: ele tem o mesmo poder do Pai, ele recebeu o senhorio sobre tudo. Mas, não já o tinha antes? Não! Tinha como Verbo eterno e divino; mas, agora, é o Verbo como Filho feito homem que recebe tal poder! É este o significado da ascensão. Um de nossa raça está dentro da Trindade, um de nossa raça é Senhor do céu e da terra, um de nossa raça é Senhor dos anjos, um de nossa raça está no topo de todas as coisas.
O “subir”, aqui, tem um sentido qualitativo: subiu para uma vida superior, para uma plenitude que não é deste mundo. Ele, agora, está totalmente imerso no mundo de Deus. É este o significado da nuvem que o encobre. Ela é símbolo do Espírito que, divinizando-o, coloca-o no âmbito de Deus Pai. Por isso já não podemos mais vê-lo com os olhos. Mas, a partida de Jesus não é um afastamento de nós. Ele estará presente no coração da Igreja e de cada fiel através da potência do seu Espírito Santo. É o mistério que celebraremos. Na glória, sentado à direita do Pai, ele agirá sempre como “Cabeça da Igreja, que é seu corpo”, vivificando-a, sustentando-a, e conduzindo-a sempre mais a ele, até que venha “do mesmo modo como o vistes partir”.
Para nós, a solenidade tem dois aspectos importantes. O primeiro, a certeza que há um Senhor no céu, há o Cristo, que tudo tem em suas mãos. Não há o que temer, cristão: teu Senhor é aquele que tudo dirige, tudo conduz e tudo plenifica. Finalmente, ao olhar para o céu, contemplamos, glorioso, aquele que é nossa Cabeça, aquele de cujo Corpo somos membros. Pois bem, a sua glória é antecipação e garantia da nossa.
Sustentados pelo Espírito Santo e com os olhos da fé, temos a certeza que nossa vida tem um sentido e é conduzida pelo Crucificado que foi glorificado à direita do Pai. Senhor nos convida a voltar cheios de alegria, como os apóstolos, e sermos testemunhas suas em toda a terra.

A esperança, segundo São Leão Magno, “tiraram tanto proveito da Ascensão do Senhor que tudo quanto antes lhes causava medo, depois se converteu em alegria”.
Jesus parte, mas permanece muito perto de cada um. Nós fomos feitos por Deus e para Deus, levamos dentro de nós essa marca de eternidade que nos faz desejar a felicidade. Cada ser humano tem dentro de si uma espécie de saudade do paraíso, um desejo de ser feliz para sempre, uma ânsia de eternidade que faz sentir certa náusea de viver para sempre numa situação incompleta e cheia de perigos. Aquela frase de Santo Agostinho, “Fizeste-nos, Senhor, para ti e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em ti”, continua atual.
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 Do céu desceu, para o céu subiu - Santo Agostinho.
Hoje nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu;  suba também com ele o nosso coração.
Ouçamos as palavras do Apóstolo:  “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está  Cristo sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl. 3,1-2).  E assim como ele subiu sem se afastar de nós, também  nós subimos com ele, embora ainda não tenha se realizado em nosso corpo o que nos está prometido.
Cristo já foi elevado ao mais alto dos céus; contudo, continua sofrendo na terra através das tribulações  que nós experimentamos  como seus membros. Deu testemunho desta verdade  quando se fez ouvir lá do céu: Saulo, Saulo por que me persegues? (At. 9,4). E ainda:  Eu estava com fome e me deste de comer (Mt. 25,35).
Cristo está no céu., mas também está conosco; e nós, permanecendo na terra, estamos também com ele. Por sua divindade, por seu poder e por seu amor  ele está conosco.
= diz o Apóstolo: Como o corpo é um só,  embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo,  embora sejam muitos,  formam um só corpo, assim também acontece com Cristo (1Cor. 12,12)  Cristo é um só, formado por muitos membros.
Desceu do céu  por sua misericórdia e ninguém mais subiu senão ele;  mas nele pela graça, também nós subimos. Portanto,  ninguém mais desceu senão  Cristo e ninguém mais subiu além de Cristo.
Isto não quer dizer que a dignidade da cabeça se confunde com a do corpo, mas que a unidade do corpo não se separa da cabeça. Liturgia das Horas  II, p.828-830
- frei Almir Ribeiro Guimarães

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A Missão
Celebramos hoje a festa da Ascensão do Senhor...
Os últimos momentos de Jesus junto aos apóstolos e a volta de Cristo ao Pai...

A Intenção responder à expectativa da comunidade cristã primitiva, que esperava a segunda vinda de Cristo.
 
A 1ª Leitura sublinha a Vinda do Espírito Santo e o Testemunho dos discípulos "até os confins do mundo". (At 1,1-11)

A Ascensão não é: - Uma espécie de viagem de astronauta ao Universo.   O "Céu" não é um lugar... É estar com Deus...


A Ascensão não é: - Uma festa para olhar o céu, nosso destino,  desligados dos problemas da vida...

A Ascensão não é: - Um fato isolado. Faz parte do Mistério Pascal. (Paixão... Ressurreição... Ascensão... e Pentecostes...)

A Ascensão não é: - Não é um fato acontecido 40 dias após a Ressurreição:  O número é simbólico. É o tempo que prepara os apóstolos para a Missão...

* A ASCENSÃO É:
- Um convite para seguir o caminho de Jesus, olhando para o futuro e entregando-nos à realização do projeto de salvação e libertação, que Ele veio apresentar e passou para as mãos da Igreja, animada pelo Espírito Santo.

A 2ª Leitura anuncia o sentido profundo e atual que tem a ASCENSÃO do Senhor para a Igreja e para cada cristão. (Ef 1,17-23)

O Evangelho de Lucas termina com o episódio da ASCENSÃO. (Lc 24,46-53)

Na despedida, Jesus define a MISSÃO dos discípulos no mundo.
Ao contrário dos "Atos", Ressurreição, Aparições e Ascensão são colocados, aqui, em Betânia, no mesmo dia da Páscoa, o que parece mais correto do ponto de vista teológico:
Ressurreição e Ascensão são apenas formas humanas de falar da passagem da morte à vida definitiva junto de Deus.

    A ASCENSÃO:

- É o TÉRMINO da missão terrena de JESUS,  embora continue sua atuação mediante o Espírito Santo...
- É o INÍCIO da missão da IGREJA:  Ela deve continuar o que Ele começou...
- Fortalece nossa ESPERANÇA. Nós saímos de Deus para um dia voltarmos a ele...
  É a fascinante vocação do homem, elevar-se, emigrar para um mundo novo...
  É um movimento para o alto, um impulso para o infinito...
  uma procura da vida que não tem fim...
  E Jesus, que se eleva, nos convida para esta aventura maravilhosa.
  "Subiu não para se afastar da nossa humildade, mas para nos dar a esperança de que um dia iremos ao seu encontro, onde ele nos precedeu". (Prefácio)
- A Ascensão de Jesus é o preparo da nossa Ascensão: "Vou preparar um lugar para vocês...", disse Jesus aos Apóstolos.
   Jesus preparou esse lugar, voltando para o Pai...  Compete agora a nós conquistar esse lugar...

E nós enquanto aguardamos a nossa Ascensão, não podemos ficar de braços cruzados, apenas olhando para o céu. Pelo contrário, devemos cumprir a ordem deixada por Cristo: "Vocês serão as minhas testemunhas..."

Qual o caminho ?

+ Não nos apegando às coisas da terra....    Nossa Pátria definitiva não é a terra... é o céu...
+ Sendo "testemunhas" de Cristo...  pregando o evangelho e administrando os sacramentos...
   "Ide... pregai... batizando..."
+ Esperando a vinda do Espírito Santo pela Oração.
  "Permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto".
   Assim a Vida da Igreja não começa com a AÇÃO, mas com a ORAÇÃO, junto com Maria, a Mãe de Jesus...
+ Rezando pela Unidade das Igrejas cristãs...
   É tradição nessa semana, várias Igrejas cristãs rezarem pela unidade...   pedindo ajuda do E. S., nesse esforço de diálogo e compreensão recíproca...

A festa de hoje:
- nos fortalece a esperança pelo destino que nos aguarda...
- mas também nos lembra que a nossa missão hoje é continuar o projeto de Jesus.

Será que não poderíamos também ser advertidos pelos anjos de Deus: "Por que ficais aí parados, de braços cruzados, olhando para o céu ?" Não é o momento de olhar ao nosso redor e... iniciar a Missão?
                          P. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, começando pelas crianças da catequese, eu pergunto: quando eu digo: “eu estou no céu”, o que eu estou dizendo? – (que estou com Deus?) - (estou num lugar muito bom?) - (estou me sentindo muito bem?) - (significa que eu morri?) – não é para ir. É o mais certo de todos. Ninguém vai para o céu se não morrer. Continue: - (estou feliz?) – Olhe, existe felicidade maior, quando vivo em comunhão com Deus? E, agora, comunhão Plena? Tem que ser depois da morte, mas comunhão plena? É uma felicidade. Tem felicidade maior saber, que eu não corro mais o risco de ser desviado do caminho? Quem é que a morte incomoda? Quem tem a consciência pesada, porque acha que não está fazendo o bem, que deveria fazer. Aí é que está. No tempo de Jesus, tinha um grupo chamado saduceus, que não acreditavam na ressurreição. Por quê? Porque eles viviam totalmente contrários do que era a vontade de Deus. Para quem vive de maneira contrária à vontade de Deus, tem um pouco de medo da morte ou tem muito medo da morte. Agora, uma coisa é ter medo da morte, outra coisa é ter medo de morrer, porque agente não sabe o que acontece quando está morrendo. Vamos saber um dia, mas agora não sabemos. Só que Jesus disse: eu vou dar um recado: o Filho do homem deve morrer e ressuscitar. Então, Ele já deu uma dica, uma orientação; fica tranquilo, agente não fica morto, Agente ressuscita.  Então, o que nos resta é aguardar o momento e até lá, aproveitar do tempo de maneira muito eficiente, muito boa. Uma das maneiras é sendo mãe. Sabe por quê? Bom, agente está falando daquilo é mais ou menos comum para todos: “É um céu estar na casa da mãe”. Agente vai visitar a mãe ou vive com a mãe, agente se sente feliz, protegido, amparado. Então, o que acontece? Ir à casa da mãe é um céu. Quer fazer uma experiência? Basta ir a Aparecida, na casa da mãe. Agente se sente bem, muito a vontade. Então, a mãe pode nos ajudar na celebração de hoje. Hoje, comemoramos Jesus que foi para o céu, a ascensão do Senhor. Uma maneira simbólica, que apagamos o Círio durante o hino de louvor. Círio que é a presença de Cristo ressuscitado. Agora, ele não está entre nós com este corpo que temos, mas com o seu corpo Místico; ele a cabeça e todos nós os membros: Ele foi para o céu. Então, veja; não ficou na morte e sofrimento. Ele foi para um lugar de paz, de alegria, um lugar de tranquilidade. Agora, como bem diz o nosso irmão, Ele passou pela morte. Então, veja que a mãe pode nos ajudar a entender o que é o céu.
É claro, que pode ser, que a mãe ou nós, porque não precisa ser só a mãe para isso, confunde-se ser amigo com ser colega. A mãe pode nos ensinar a participar do céu sendo amiga, mas não colega. É isto, que às vezes, nós filhos não entendemos bem. Queremos da mãe uma colega. Não. A mãe é um sinal de Jesus. Jesus sempre amou a todos, mas puxava a orelha na hora certa. Não precisa puxar. É modo de dizer. Chamava a atenção: chamava um de satanás, falou para o outro: vocês não tem fé? Falou para outro: você é pavio curto. Enfim, Jesus chamou a atenção na hora que precisou, mas também abençoou; O Evangelho de hoje. Quanto estamos praticando a benção? Jesus abençoou. Um convite às mães: ajude a criar o hábito de pedir benção. Ah, mas vão rir de mim em casa. Riram de Jesus também. Mas, é um sinal do céu. É um sinal de que estamos no céu quando recebemos a benção. Mas, só a mãe pode me levar para o céu? Não. Todo aquele ou aquela que trabalha para o irmão, para que este se sinta amado, este nos leva para o céu. Qualquer trabalho onde eu promovo a pessoa, no sentido dela se sentir amada, eu estou levando para o céu, porque o céu é o amor, por isso, Jesus está no céu, porque Ele é o amor em plenitude. Veja uma coisa. Isto é muito importante: as vezes, nós nos preocupamos em dar coisas, quando na realidade, é dar amor. Afinal, somos filhos nascidos do alto: Os valores a cultivar são os do alto. Olha como é interessante: a mãe nos garante a vida; ela se torna mãe por isso! Mas, ela se torna nossa garantia, mesmo antes do nascimento. Ela, que de fato, nos dá proteção, nos acolhe, nos nutre e mesmo depois que nasce, até o filho viver em condições de caminhar sozinho, a mãe vai cuidando desse filho. Olha como é parecido com a Igreja: porque também nós nascemos do batismo. A placenta que a mãe trás com o líquido, é parecido com a água do batismo. Nascer, nascer para a vida. É claro, que agente vai cuidando; catequese e tudo mais, até ela poder caminhar sozinha. Aí, é de se esperar, que ela utilize daquilo que aprendeu. Então, a mãe e a Igreja são, assim, muito próximos. Então, a Igreja também nos leva para o céu e com todos aqueles que trabalham na igreja para garantir isto. Também os trabalhos sociais, muitas iniciativas na sociedade, exatamente para a pessoa se sentir mais amado, sobretudo, com aqueles que não têm com quem contar. A celebração da ascensão do Senhor é a esperança de um dia todos estarem no céu, dentro das compreensões que aqui foram faladas. Quando será isto?  É a pergunta dos discípulos para Jesus, na primeira leitura de hoje. Ninguém sabe. Depende o quando o mundo apostar no amor. Até lá, somos chamados a ajudar as pessoas a descobrir este amor.
Concluindo, é muito bom observarmos o que temos na carta aos efésios: Éfeso é a cidade onde Nossa Senhora viveu, depois da morte de Jesus, por conta, que acompanhou São João. Então, vamos pedir a Nossa Senhora, que anime as mães e que ao mesmo tempo acolha todas as mães junto de Jesus, aquelas que já estão no céu. Se alguém não se sentir amado pela mãe, tenha a certeza de que Maria ama a todos.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.


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HOMILIA DE D. HENRIQUE SOARES DA COSTA

Ascensão: Cristo não somente foi ressuscitado pelo Pai, que derramou sobre ele o Espírito Santo, Senhor que dá a vida, mas também, neste mesmo Espírito, recebeu do Pai, como verdadeiro homem, todo o poder no céu e na terra. É este o sentido da festa de hoje. Mas, vejamo-lo por partes.
 Cristo Jesus, ao ressuscitar, saiu da morte e entrou na glória do Pai. A ressurreição e a ascensão são dois momentos, dois aspectos de um único acontecimento: a glorificação do Cristo feito homem e entregue à morte. Jesus não ressuscita, passa quarenta dias aqui na terra e, somente depois, vai para o Pai. Não. Ele já ressuscita no Pai, sua páscoa é passar deste mundo, atravessando o vale da morte, para entrar no Pai, saindo da morte. O que os Atos dos Apóstolos narram na primeira leitura de hoje, não é a ida de Jesus ao Pai, mas a despedida solene de Jesus, o fim daquele período de encontros do Ressuscitado, glorificado com o Pai, com os seus logo após a ressurreição.
Então, qual a diferença entre a ressurreição e a ascensão? Na ressurreição, contemplamos o Cristo totalmente glorificado pelo Pai na força do Espírito. Toda a sua natureza humana, corpo e alma, foi divinizada, impregnada pela vida divina, que é o Espírito Santo. Jesus, agora, é um homem totalmente novo, totalmente “espiritualizado”, totalmente glorificado, divinizado na sua humanidade. É este o mistério da ressurreição. Mas, há mais: ao ser glorificado, ele, que é uma pessoa divina, é entronizado com todo o poder no céu e na terra: ele, ressuscitado, é constituído Senhor do universo, Senhor da história, Senhor da nossa vida. É isto que a Escritura e a Tradição querem dizer ao afirmar que ele está “sentado à direita de Deus Pai”: ele tem o mesmo poder do Pai, ele recebeu o senhorio sobre tudo. Mas, não já o tinha antes? Não! Tinha como Verbo eterno e divino; mas, agora, é o Verbo como Filho feito homem que recebe tal poder! É este o significado da ascensão. Um de nossa raça está dentro da Trindade, um de nossa raça é Senhor do céu e da terra, um de nossa raça é Senhor dos anjos, um de nossa raça está no topo de todas as coisas. É o que dirá a oração após a comunhão da Missa de hoje: “Deus eterno e todo-poderoso... fazei que nossos corações se voltem para o alto, onde está junto de vós a nossa humanidade”.
São Lucas exprime esta realidade, nos Atos dos Apóstolos, afirmando que Jesus “foi elevado ao céu” “uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo”. Não pensemos aqui numa subida espacial, como se o Senhor Jesus fosse fazer uma viagem pelo espaço sideral, de um lugar para o outro. O “subir”, aqui, tem um sentido qualitativo: subiu para uma vida superior, para uma plenitude que não é deste mundo. Ele, agora, está totalmente imerso no mundo de Deus. É este o significado da nuvem que o encobre. Ela é símbolo do Espírito que, divinizando-o completamente, coloca-o diretamente no âmbito de Deus Pai. Por isso já não podemos mais vê-lo com os olhos da carne.
Mas, a partida de Jesus não é um afastamento de nós. Ele estará, para sempre, interior e realmente, presente no coração da Igreja e de cada fiel através da potência do seu Espírito Santo. É o mistério que celebraremos no domingo próximo. Na glória, sentado à direita do Pai, ele agirá sempre como “Cabeça da Igreja, que é seu corpo”, vivificando-a, sustentando-a, e conduzindo-a sempre mais a ele, até que venha “do mesmo modo como o vistes partir”.
Para nós, a solenidade hodierna tem dois aspectos muito importantes. O primeiro, a certeza que, por mais incerta e sem sentido que muitas vezes a realidade e a nossa vida apareçam, há um Senhor no céu, há o Cristo, que tudo tem, amorosa e poderosamente, em suas mãos. Recordemos o que diz a segunda leitura: o Pai “manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa mencionar não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro”. Não há o que temer, cristão: teu Senhor é aquele que tudo dirige, tudo conduz e tudo plenifica. Tu e o mundo em que vives, tu e a história em que caminhas, estão nas mãos daquele que se senta no trono, à direita do Pai. Finalmente, ao olhar para o céu, contemplamos, glorioso, aquele que é nossa Cabeça, aquele de cujo Corpo somos membros. Pois bem, a sua glória é antecipação e garantia da nossa, como dizia a oração inicial da Missa: “membros do seu Corpo, somos chamados a participar da sua glória”.
Caríssimos, não tenhamos medo! Ainda que com os olhos da carne não possamos contemplar aquele que é o nosso Senhor e reina sobre tudo, sustentados pelo Espírito Santo e com os olhos da fé, temos a certeza que este mundo e nossa vida têm um sentido e são conduzidos pelo Crucificado que foi glorificado à direita do Pai. Renovemos o nosso ânimo e recordemos que o Senhor nos convida a voltar cheios de alegria, como os apóstolos, e sermos testemunhas suas em toda a terra. Sejamos

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Os relatos da ascensão do Senhor não querem indicar o afastamento de Jesus deste mundo. Querem, sim, revelar plenamente quem é Jesus, conforme já anunciado nas Sagradas Escrituras: o Messias sofredor que é glorificado. Revelam também que a missão de Jesus deve ser continuada pelos seus discípulos. Em nome dele, a boa notícia do perdão dos pecados, mediante o arrependimento, deverá ser proclamada a todas as nações. O Espírito Santo, promessa de Deus, é a força do alto que revestirá os discípulos missionários. Sem essa força, prevalecem os interesses próprios e as ambições de poder. Confessar a fé em Jesus que morreu, ressuscitou e subiu ao céu é voltar o olhar para a realidade deste mundo e comprometer-se com sua transformação (evangelho e Atos). Sejam dadas honra e glória a Deus, pois nos ama de maneira humilde e criativa. Sua grandeza e seu amor revelam-se plenamente em Jesus Cristo. O seu Espírito abre a nossa mente para que possamos conhecê-lo verdadeiramente. E nos chama a participar do Corpo Místico, a Igreja, cuja cabeça é Cristo, o qual está acima de todo poder (II leitura). Esta unidade precisa ser conservada e cultivada em cada comunidade e também entre as Igrejas cristãs, pois as divisões entre os membros do mesmo corpo impedem a vida digna e saudável.
Evangelho (Lc. 24,46-53): a bênção de Jesus
O Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos são dois volumes da mesma obra. Tanto no final do Evangelho como no começo do livro de Atos consta o relato da ascensão de Jesus, de formas diferentes. Originalmente, como muitos estudiosos defendem, não havia dois volumes, mas, sim, uma unidade, com apenas um relato da ascensão (o que se encontra em Atos). O que importa aqui, porém, é o sentido teológico dos dois relatos, assim como se encontram na Bíblia.
No Evangelho de Lucas, percebemos que todos os fatos acontecidos após a morte de Jesus se realizam no mesmo dia. Em Atos, Jesus ressuscitado permanece 40 dias entre seus discípulos, ensinando-lhes coisas referentes ao reino de Deus. Teologicamente, o tempo de um dia ou de 40 dias tem o mesmo significado: é o tempo propício concedido aos discípulos para serem testemunhas qualificadas de Jesus Cristo ressuscitado. Esse testemunho inaugura um novo tempo e deverá ser irradiado para o mundo inteiro. Para essa missão eles precisam ser preparados.
É por isso, então, que Lucas enfatiza a preocupação de Jesus em “abrir a mente” (v. 45) dos discípulos a fim de que entendam as Escrituras. Aprofunda a tarefa catequética de Jesus, já demonstrada no episódio dos dois discípulos a caminho de Emaús (24,13-35). Parece insistir na necessidade de uma retomada dos textos do Primeiro Testamento à luz do evento Jesus de Nazaré. Assim, tudo ficará esclarecido a respeito do Messias, o Salvador.
De fato, entre os apóstolos, bem como entre as comunidades cristãs, o processo de entendimento da pessoa de Jesus e de adesão profunda ao seu projeto não foi tão tranquilo como se pode pensar à primeira vista. É o que se percebe pelas reações dos discípulos diante das aparições de Jesus ressuscitado: os de Emaús caminham um longo trecho sem reconhecê-lo, pois eram “lentos de coração para crer no que os profetas anunciaram” (24,25); ao apresentar-se aos onze, desejando-lhes a paz, eles ficaram “tomados de espanto e temor, imaginando que fosse um espírito”, além de “perturbados e cheios de dúvidas em seus corações”, a ponto de Jesus insistir para que o apalpassem e entendessem... (cf. 24,36-40).
Diante dessas dificuldades, Jesus lhes anuncia o que o Pai prometeu: a força do alto. Enquanto isso não acontece, pede-lhes que permaneçam em Jerusalém, que, para Lucas, tem uma importância teológica muito especial, pois aí se deu o acontecimento salvador mediante a morte e ressurreição de Jesus. A partir desse espaço, a proclamação do arrependimento e da remissão dos pecados atingirá o mundo inteiro: é a boa notícia da salvação oferecida a toda a humanidade.
Lucas, porém, distingue a Jerusalém teológica da cidade em seu sentido político-econômico, com suas instituições opressoras. Não é por acaso que Jesus os tira desta cidade e os leva a Betânia. Isso lembra o êxodo do povo de Israel, tirado da escravidão do Egito. É em Betânia que ele os abençoa enquanto se eleva ao céu. As pessoas aí abençoadas tornar-se-ão portadoras da bênção divina a todos os povos.
1º leitura (At. 1,1-11): a exaltação de Jesus
O prólogo de Atos dos Apóstolos faz ligação com o início do Evangelho de Lucas, esclarecendo que se trata da continuação da obra endereçada ao mesmo destinatário, Teófilo (etimologicamente “amigo de Deus”), o qual, no plano simbólico, pode representar a comunidade cristã. Enquanto o primeiro volume tratou da vida de Jesus Cristo, o segundo vai ocupar-se da vida da Igreja, guiada pelo Espírito Santo. Ela está intimamente ligada à vida e à missão de Jesus, bem como à história de Israel, representada pelo seu centro religioso, Jerusalém, e pelo cumprimento da promessa anunciada na Sagrada Escritura.
O cristianismo tem suas raízes no judaísmo. Não há ruptura entre Israel e a Igreja: há continuidade. O testemunho dos apóstolos deverá percorrer uma trajetória sempre mais ampla, partindo de Jerusalém até os confins do mundo (1,8). Para isso, deverão antes mergulhar na experiência do Espírito Santo, que descerá sobre eles no dia de Pentecostes.
Para a narrativa da ascensão em Atos, Lucas inspira-se em passagens do Primeiro Testamento, como o arrebatamento de Elias aos céus (2Rs 2,1-18). Eliseu, discípulo de Elias, por testemunhar o arrebatamento do seu mestre, recebe “dupla porção” do seu espírito e torna-se o continuador da missão profética; como testemunhas oculares da ascensão de Jesus, seus discípulos receberão o Espírito Santo para continuar a sua obra. Os dois homens vestidos de branco são os mesmos de Lc 24,4, que anunciam às mulheres a ressurreição de Jesus e as fazem recordar as palavras por ele ditas. Aqui, em Atos, eles recordam aos discípulos a verdade da ascensão.
Ressurreição e ascensão são dois momentos que exprimem o novo modo de ser de Jesus: aquele que foi obediente ao Pai até a morte é glorificado e exaltado, mas permanece na comunidade. O transcendente manifesta-se na história humana.
2º leitura (Ef. 1,17-23): Jesus, cabeça da Igreja
A carta aos Efésios, com muita probabilidade, é fruto da reflexão das comunidades fundadas por Paulo. Escrita ao redor do ano 90, enfatiza o projeto de salvação de Deus para todos os seres humanos. O texto de hoje, num estilo litúrgico, apresenta a figura de Jesus glorioso como aquele que tem a soberania sobre toda a criação, está acima de toda autoridade e de todo poder.
O conhecimento de Deus dá-se por sua graça. É ele que nos concede “o espírito de sabedoria e de revelação”; é ele que “ilumina os olhos do coração” para compreendermos “a extraordinária grandeza do seu poder para nós” manifestada em seu Filho, Jesus Cristo. A ressurreição e a ascensão de Jesus são aqui lembradas como sinais que revelam a glória e a soberania de Jesus em tudo e em todos.
O discernimento da verdade a respeito de Jesus estende-se à verdade sobre a Igreja: formamos o Corpo Místico, cuja cabeça é Cristo. Ao mesmo tempo em que está sujeita à autoridade de Jesus Cristo, a Igreja vive intimamente unida a ele. É uma união vital, pois sem a cabeça não existe corpo e não existe vida.
Pistas para reflexão
A ascensão de Jesus não significa que ele tenha ido embora para retornar no final dos tempos. Na verdade, ele é exaltado, mas permanece no meio de nós. Os olhos da fé o vêem perfeitamente e o coração dos que acreditam o acolhem com amor e gratidão.
Jesus Cristo e a Igreja formam um corpo. Ter essa consciência implica cuidar uns dos outros com muito carinho e respeito. Significa responsabilizar-se pela promoção da vida, dando prioridade aos membros que sofrem. Significa acolher os que são diferentes, sem julgamentos superficiais, mas exercitando o diálogo e a mútua compreensão.
Celso Loraschi
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Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Na celebração da Ascensão do Senhor, a Igreja renova a sua fé na vitória de Cristo e confirma a sua esperança de que o seu futuro já está garantido, isto é, no Cristo exaltado à direita do Pai, a vida em plenitude já foi alcançada. Mais do que um deslocamento espacial (mudança de lugar geográfico), a verdade da Ascensão evidencia ainda mais o compromisso permanente do Deus que liberta o seu povo peregrino nas estradas do mundo. A libertação do Êxodo alcança a sua realidade definitiva no Mistério de morte e ressurreição do Filho de Deus, cuja ascensão é anúncio da entrada na definitiva Terra Prometida, a Pátria para onde todos nós somos chamados. Assim como Moisés foi colocado à frente do povo libertado rumo à Terra da Promessa, agora o Cordeiro imolado está de pé, portanto foi elevado, e com Ele todos nós somos conduzidos para o alto. 
A Ascensão é a proclamação solene de que o Crucificado não é o derrotado, aprisionado no sepulcro, mas o vitorioso ressuscitado: “Humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o sobreexaltou grandemente” (Fl 2,8-9). 
Ao concluir o seu evangelho, Lucas apresenta a cena da Ascensão do Senhor recordando algumas coisas fundamentais presentes ao longo do seu escrito. Antes de tudo, fazendo referência a Betânia, como o lugar da elevação de Jesus, recorda a relação intrínseca que há entre esta entrada de Jesus nos céus e a sua entrada messiânica em Jerusalém na iminência da sua morte (Lc 19,28-38). São os dois aspectos fundamentais do Mistério Pascal: Jesus que desce o Monte das Oliveiras, e de lá será elevado depois da ressurreição. Contudo, entre a Betânia da descida e aquela da subida está o Gólgota da cruz.
Para Lucas, os fatos não são capazes de serem compreendidos por si mesmos, mas é à luz do encontro da Escritura com a Palavra que a mente e o coração se abrem para acolher a revelação dos desígnios de Deus e compreender a dimensão mais profunda da realidade. Por isso, tudo aquilo que em Jesus se realiza é cumprimento das Escrituras: “Assim está escrito que o Messias devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia”.
Já no início do seu evangelho, Lucas tinha afirmado solenemente que a Escritura não é apenas anúncio de promessas para um amanhã indefinido, mas em Jesus, ela encontra o seu hoje: “Enrolou o livro... Então começou a dizer: ‘Hoje realizou-se essa Escritura que acabaste de ouvir” (Lc 4,20-21). Assim como todos na sinagoga davam testemunho Dele, agora na Ascensão são os seus discípulos que serão as suas testemunhas. 
Na Ascensão do Senhor, tudo aquilo que Jesus fez e ensinou é confirmado como herança e missão para os seus discípulos: “E que em seu nome fosse proclamada a conversão para a remissão dos pecados a todas as nações”. O perdão dos pecados, de fato, é um dos temas mais caros ao evangelista: perdão como manifestação da misericórdia. Porém, a conversão representa o compromisso de quem está verdadeiramente disposto a fazer essa experiência do encontro com a misericórdia. O próprio João Batista, no terceiro evangelho, é apresentado como o profeta do Altíssimo cuja missão é “transmitir a seu povo o conhecimento da salvação, pela remissão de seus pecados” (Lc 1,76-77). Perdão e conversão constituem, assim, a vivência mais profunda da misericórdia. Por isso, a palavra corajosa do filho de Zacarias confirmará a sua missão: “Ele dizia às multidões: Produzi, pois, frutos que provem a vossa conversão” (Lc 3,7-8). Jesus, por sua vez, pleno do Espírito Santo, inicia a sua vida pública proclamando que a sua missão é, também, anúncio de um ano de graça do Senhor, quando se realiza a remissão dos pecados (Lc 4,18s). A sua própria práxis é caracterizada por uma atenção especial aos pecadores; é acusado não apenas de recebê-los, mas de fazer refeição com eles, isto é, compartilhar da vida. Compartilhar da vida dos pecadores cria as condições para o grande apelo de conversão; Jesus não faz uma exigência moralista que oprime e esmaga, mas a sua presença misericordiosa se torna força de mudança no coração dos pecadores. A misericórdia põe o pecador de pé, inicia-se nele um movimento de ascensão: “Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: ‘Senhor, eis que dou a metade de meus bens aos pobres, e se defraudei a alguém, restituo-lhe o quádruplo” (Lc 19,8).
Na Ascensão, Jesus confia a própria missão aos seus discípulos, que agora são investidos de uma responsabilidade de testemunhas, isto é, de quem anuncia uma experiência vivenciada e não apenas uma informação recebida. Contudo, o Mestre não se despede deles, mas os abençoa: “Erguendo as mãos os abençoou”. No mesmo contexto do capítulo 24, Lucas relata que “estando à mesa, Jesus tomou o pão e o abençoou, partiu-o...”(24,1-35). Tal gesto foi decisivo para que os discípulos reconhecessem que era o Senhor. Abençoar, partir e entregar reúnem as ações fundamentais da Eucaristia, que é dom de Deus, mas também missão repartida e entregue. Na Ascensão, Jesus repete o mesmo gesto, não mais sobre o pão, que abençoado se transforma no sacramento da sua presença, mas sobre a comunidade, que abençoada por sua presença, torna-se também seu sinal visível no mundo. O verbo utilizado em ambos os contextos é o mesmo (eulogein: abençoar, bendizer). 
Por conseguinte, a Ascensão é o momento no qual a comunidade das testemunhas do ressuscitado é abençoada, isto é, transformada em seu Corpo, pois compartilha da sua mesma missão. Eis o motivo de grande alegria: “voltaram a Jerusalém com grande alegria”. Assim, como no encontro com o Ressuscitado (no cenáculo), os discípulos foram tomados de grande alegria, agora enchem-se de alegria na expectativa de que se cumpra neles a promessa: “Sereis revestidos da força do Alto”. 
Toda celebração eucarística é atualização desse mistério: pela invocação do Espírito Santo (epíclese), o pão abençoado transforma-se em Corpo de Cristo, e a comunidade que dele se alimenta, é abençoada a fim de que se transforme no seu Corpo, para prolongar na história a sua missão salvadora. 
Celebrar a Ascensão do Senhor é renovar a consciência de que Ele nos abençoa, isto é, nos transforma em seu Corpo e nos reconfirma na missão. Celebrar o Pentecostes, no próximo domingo, é recordar que para realizar essa missão nos foi dada uma força do Alto; não somos nós os protagonistas da missão, pois não estamos sozinhos. Ele não nos abandona, mas nos leva consigo.

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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA

Lc 24, 46-53 - O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, fonte da vida, dai-nos a vossa salvação!
- Pai, que dirigis o mundo na vossa liberdade soberana, nós vos bendizemos pela presença de Jesus, vosso filho, em nosso meio pela palavra que nos orienta e pelo pão que nos sustenta e transforma. Abri os nossos corações para que Vosso Espírito habite em nós e nos faça verdadeiras testemunhas de vosso amor.
T: Senhor, fonte da vida, dai-nos a vossa salvação!
- Pai, Vos bendizemos por nos dar Jesus Cristo como nosso único e eterno sacerdote, No qual nos inserimos para o vosso louvor e vossa glória. Vos louvamos pelo Cordeiro que está a Vossa direita a interceder por nós.
T: Senhor, fonte da vida, dai-nos a vossa salvação!
- Pai, nós Vos damos graças pela obra cumprida por Jesus, Vosso Filho, no meio de nós. Pelo batismo nos tornamos vossos filhos adotivos e com grande esperança, aguardamos o dia de nossa ressurreição, para habitarmos convosco para sempre.
T: Senhor, fonte da vida, dai-nos a vossa salvação!
- Pai, fazei-nos mais assíduos em nossa missão de testemunhas de vosso amor. Que vosso Espírito nos fortifique e nos transforme em verdadeiros anunciadores de vosso Reino.
T: Senhor, fonte da vida, dai-nos a vossa salvação! 
- Pai nosso... A Paz...   Eis o Cordeiro...





Do céu desceu, para o céu subiu - Santo Agostinho.
Hoje Jesus subiu ao céu;  suba também com ele o nosso coração.
Ouçamos o Apóstolo:  “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está  Cristo sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl. 3,1-2). 
E como ele subiu sem se afastar de nós, também  nós subimos com ele, embora ainda não tenha se realizado em nosso corpo o que nos está prometido.
Cristo foi elevado ao mais alto dos céus; contudo, continua sofrendo na terra através das tribulações  que nós experimentamos  como seus membros. Deu testemunho desta verdade  quando se fez ouvir lá do céu: Saulo, Saulo por que me persegues? (At. 9,4). E ainda:  Eu estava com fome e me deste de comer (Mt. 25,35).
Cristo está no céu, mas também está conosco; e nós, permanecendo na terra, estamos também com ele. Por sua divindade, por seu poder e por seu amor  ele está conosco.
= diz o Apóstolo: Como o corpo é um só,  embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo,  embora sejam muitos,  formam um só corpo, assim também acontece com Cristo (1Cor. 12,12)  Cristo é um só, formado por muitos membros.
Desceu do céu  por sua misericórdia e ninguém mais subiu senão ele;  mas nele pela graça, também nós subimos. Portanto,  ninguém mais desceu senão  Cristo e ninguém mais subiu além de Cristo.
Isto não quer dizer que a dignidade da cabeça se confunde com a do corpo, mas que a unidade do corpo não se separa da cabeça.
Liturgia das Horas  II, p.828-830 - frei Almir Ribeiro Guimarães