6º Domingo do Tempo Pascal C 2019 (Adaptado
pelo diácono Ismael)
SINOPSE:
TEMA:
“Faremos nele a nossa morada!”; não estamos sozinhos.
No Evangelho,
Jesus reafirma a sua presença e a sua assistência através do “paráclito” – o
Espírito Santo.
A primeira
leitura apresenta a Igreja a confrontar-se com os desafios dos novos
tempos. Animados pelo Espírito, aprendem a discernir a
proposta central do Evangelho.
Na segunda
leitura, apresenta-se a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém”,
cidade nova da comunhão com Deus, da vida plena, da felicidade total.
EVANGELHO (Jo
14,23-29)
Naquele
tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Se alguém me ama, guardará a minha
palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. Quem
não me ama, não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha,
mas do Pai, que me enviou. Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. Mas
o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará
tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz
vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso
coração. Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis,
ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.
Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós
acrediteis.”
AMBIENTE
Com o mandamento do amor Jesus convidou a
percorrer esse mesmo “caminho” do serviço e do amor total; é nesse caminho que
o homem Novo se realiza para a vida definitiva e encontra o Pai.
MENSAGEM
Para
seguir esse “caminho” é preciso amar Jesus e guardar a sua Palavra. Quem ama O
escuta e identifica-se com Ele e está em comunhão com o Pai. O Pai e Jesus, que
são um, estabelecerão a sua morada no discípulo. Para continuar esse “caminho”,
o Pai enviará o “paráclito”, como “auxiliador”, “consolador”, “intercessor”. A
função do “paráclito” é “ensinar” e “recordar” tudo o que Jesus propôs. Cada
homem torna-se a morada de Deus. A “paz” (“shalom”). São palavras destinadas a
tranquilizar os discípulos. A sua morte não é uma tragédia, mas a manifestação
suprema do amor de Deus pela humanidade.
ATUALIZAÇÃO
♦ “caminho” de Jesus é uma vida em favor
dos irmãos. Os discípulos são convidados a percorrer esse mesmo “caminho”.
Dessa entrega nasce o Homem Novo.
♦ A comunhão com o
Pai e com Jesus não resulta de momentos de certas fórmulas; mas percorrendo o
caminho do amor aos irmãos. Quem quiser encontrar-se com Jesus e com o Pai, tem
de sair do egoísmo e fazer da sua vida um dom à humanidade.
♦ Deus nos deixa
ser os construtores da nossa própria história, mas não nos abandona. De forma
discreta, respeitando a nossa liberdade, Ele encontrou formas de continuar
conosco, de nos animar, de nos ajudar a responder aos desafios, de nos recordar
que só nos realizaremos plenamente na fidelidade ao “caminho” de Jesus.
PRIMEIRA LEITURA (At
15,1-2.22-29) Leitura
dos Atos dos Apóstolos. Naqueles dias, chegaram alguns da Judeia e ensinavam
aos irmãos de Antioquia, dizendo: “Vós não podereis salvar-vos, se não fordes
circuncidados, como ordena a Lei de Moisés”. Isto provocou muita confusão, e
houve uma grande discussão de Paulo e Barnabé com eles. Finalmente, decidiram
que Paulo, Barnabé e alguns outros fossem a Jerusalém, para tratar dessa
questão com os apóstolos e os anciãos. Então os apóstolos e os anciãos, de
acordo com toda a comunidade de Jerusalém, resolveram escolher alguns da
comunidade para mandá-los a Antioquia, com Paulo e Barnabé. Escolheram Judas, chamado
Bársabas, e Silas, que eram muito respeitados pelos irmãos. Através deles
enviaram a seguinte carta: “Nós, os apóstolos e os anciãos, vossos irmãos,
saudamos os irmãos vindos do paganismo e que estão em Antioquia e nas regiões
da Síria e da Cilícia. Ficamos sabendo que alguns dos nossos causaram
perturbações com palavras que transtornaram vosso espírito. Eles não foram
enviados por nós. Então decidimos, de comum acordo, escolher alguns
representantes e mandá-los até vós, junto com nossos queridos irmãos Barnabé e
Paulo, homens que arriscaram suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
Por isso, estamos enviando Judas e Silas, que pessoalmente vos transmitirão a
mesma mensagem. Porque decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum
fardo, além dessas coisas indispensáveis: abster-se de carnes sacrificadas aos
ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das uniões ilegítimas. Vós
fareis bem se evitardes essas coisas. Saudações!”
AMBIENTE A entrada de
gentios na comunidade cristã vai trazer uma questão: deve impor-se a prática da
Lei de Moisés? Jesus Cristo é o único Senhor e salvador, ou são precisas outras
coisas além d’Ele para chegar a salvação? A comunidade cristã de Antioquia não
tem a certeza. Paulo e Barnabé acham que Cristo basta; mas os “judaizantes” –
cristãos de origem judaica - defendem que os ritos prescritos pela “Torah”
também são necessários para a salvação. Decide-se, então, enviar uma delegação
a Jerusalém, a fim de consultar os Apóstolos acerca da questão. Estamos por
volta do ano 49.
MENSAGEM Paulo, Barnabé e
alguns outros (também Tito, de acordo com Gal 2,1) são enviados a Jerusalém
para consultar os Apóstolos. Organiza a reunião, conhecida como “concílio
apostólico” ou “concílio de Jerusalém”. Nela discutem o que é essencial e o que
podia ser dispensado. Pedro reconhece a igualdade entre judeus e pagãos diante
da salvação, e que a Lei judaica não deve ser imposta aos pagãos e que é “pela
graça do Senhor Jesus” que se chega à salvação (At 15,7-12); mas Tiago (da ala
“judaizante), sem se opor à perspectiva de Pedro, procura salvar o possível das
tradições judaicas e propõe que sejam mantidas algumas tradições dos judeus (At
15,13-21). Na realidade, percebe-se a decisão final: não se pode impor aos
gentios a lei judaica; só Cristo basta. É a decisão mais importante da
Igreja nascente: o cristianismo cortou o cordão umbilical com o judaísmo e
pode, agora, ser uma proposta universal de salvação, aberta a todos os povos: a
práxis judaica não pode ser imposta, pois não é essencial para a salvação… No
entanto, pede-se a abstenção de alguns costumes particularmente repugnantes
para os judeus. É de destacar, ainda, a referência ao Espírito: a decisão é
tomada por homens, mas assistidos pelo Espírito. Manifesta-se, assim, a
consciência da presença do Espírito, que conduz e que assiste a Igreja na sua
caminhada pela história.
ATUALIZAÇÃO ♦ A questão de cumprir ou não os ritos da
Lei de Moisés, faz-nos pensar, por exemplo, em rituais ultrapassados, em
práticas de piedade vazias e estéreis, em fórmulas obsoletas, que exprimiram
num certo contexto, mas já não exprimem o essencial da proposta cristã. Faz-nos
pensar na imposição de esquemas culturais – ocidentais, por exemplo – que
muitas vezes não têm nada a ver com a forma de expressão de certas culturas… O
essencial do cristianismo não pode ser vivido sem o concretizar em formas
determinadas, humanas e, por isso, condicionadas e finitas. Mas é necessário
distinguir o essencial do acessório; o essencial deve ser preservado e o
acessório deve ser constantemente atualizado.
♦ É necessário
ter presente que o essencial é Cristo e a sua proposta de salvação. Essa é a
proposta revolucionária que temos para apresentar ao mundo. O resto são
questões cuja importância não nos deve distrair do essencial.
♦ Devemos também
ter consciência da presença do Espírito na caminhada da Igreja, saber ler os
sinais dos tempos nas questões que o mundo nos apresenta…
SALMO
RESPONSORIAL / SI 66 (67)
Que as nações vos glorifiquem, ó
Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!
•
Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção, / e sua face resplandeça sobre nós! /
Que na terra se conheça o seu caminho / e a sua salvação por entre os povos.
•
Exulte de alegria a terra inteira, / pois julgais o universo com justiça; / os
povos governais com retidão / e guiais, em toda a terra, as nações.
•
Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, / que todas as nações vos glorifiquem!
/ Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, / e o respeitem os confins de toda a
terra!
SEGUNDA LEITURA (Ap
21,10-14.22-23) Leitura do livro do Apocalipse de São João.
Um
anjo me levou em espírito a uma montanha grande e alta. Mostrou-me a cidade
santa, Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, brilhando com a glória de
Deus. Seu brilho era como o de uma pedra preciosíssima, como o brilho de jaspe
cristalino. Estava cercada por uma muralha maciça e alta, com doze portas.
Sobre as portas estavam doze anjos, e nas portas estavam escritos os nomes das
doze tribos de Israel. Havia três portas do lado do oriente, três portas do
lado norte, três portas do lado sul e três portas do lado do ocidente. A
muralha da cidade tinha doze alicerces, e sobre eles estavam escritos os nomes
dos doze apóstolos do Cordeiro. Não vi templo na cidade, pois o seu Templo é o
próprio Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro. A cidade não precisa de sol
nem de lua, que a iluminem, pois a glória de Deus é a sua luz e a sua lâmpada é
o Cordeiro.
AMBIENTE
Continuamos
a ler a parte final do livro do “Apocalipse”. Nela, João apresenta-nos o resultado
da intervenção de Deus no mundo: depois da vitória de Deus sobre as forças que
oprimem o homem e o privam da vida plena, nascerá a comunidade nova e santa, a
criação definitiva de Deus, o novo céu e a nova terra.
MENSAGEM Já vimos na
semana passada que falar de Jerusalém é falar do lugar onde irá irromper a
salvação definitiva, o lugar do encontro definitivo entre Deus e o seu Povo. O
número “doze” indica a totalidade do Povo de Deus (doze tribos + doze
Apóstolos): ela está fundada sobre os doze Apóstolos – testemunhas do
“cordeiro” – mas integra a totalidade do Povo de Deus do Antigo e do Novo
Testamento, conduzido à vida plena pela ação salvadora e libertadora de Cristo.
As portas, viradas para os quatro pontos cardeais, indicam que todos podem
entrar para o lugar de felicidade plena. A cidade não tem Templo: nesse lugar
de vida plena, o homem não terá necessidade de mediações, pois viverá sempre na
presença de Deus e encontrará Deus face a face. Diz-se ainda que toda a cidade
estará banhada de luz: a luz indica a presença divina (cf. Is 2,5; 24,23;
60,19): Deus e o “cordeiro” serão a luz que ilumina esta comunidade de vida
plena. Após a intervenção definitiva de Deus na história nascerá, então, essa
nova “cidade” construída sobre o testemunho dos apóstolos; cidade de portas
abertas, ela acolherá todos os homens que aderirem ao “cordeiro”; nela, eles
encontrarão Deus e viverão na sua presença, recebendo a vida em plenitude.
ATUALIZAÇÃO ♦ João garante-nos que as limitações pela
nossa finitude, as perseguições, os sofrimentos que resultam dos nossos
limites, não são o fim; espera-nos a vida plena, face a face com Deus. Esta
certeza tem que alimentar a esperança em nossa caminhada.
♦ A Igreja em
marcha não é, ainda, essa comunidade messiânica da vida plena; mas procura ser
um anúncio e uma prefiguração dessa comunidade escatológica da salvação, e que
acende no mundo a luz de Deus. A humanidade necessita desse testemunho.
♦ Ainda que esta
realidade de vida plena, de felicidade total, só aconteça na “nova Jerusalém”,
ela tem de começar a ser construída desde já nesta terra; mundo de justiça, de
amor e de paz, que seja cada vez mais um reflexo do mundo futuro que nos
espera.
Fonte:
P.
Joaquim Garrido - P. Manuel Barbosa - P. Ornelas Carvalho
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A Morada de Deus
Estamos no último domingo antes da
Ascensão, que encerra a presença humana de Cristo na terra.
O anúncio dessa separação provoca
tristeza aos apóstolos. Cristo lhes
garante que não os deixará sós, pelo contrário, CONTINUARÁ PRESENTE, embora de
outra forma.
Na 1a leitura, vemos
a sua presença através do Espírito Santo, que conduz a Igreja no
primeiro grande conflito. (At
15,1-2.22-29)
Com a entrada dos pagãos ao
cristianismo, surge uma questão polêmica: Deve-se impor também a eles a lei de
Moisés? A Salvação vem pela "circuncisão" e pela observância da Lei
judaica ou única e exclusivamente por Cristo?
Diante disso, os apóstolos reagem com
discernimento. Reúnem-se em assembléia em Jerusalém e, dóceis à vontade do
Espírito, mandam uma carta apresentando a solução do problema:
"Decidimos, o
Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além do
indispensável..."
* Essa decisão, conhecida como o
Concílio de Jerusalém, teve uma importância decisiva para a História do
cristianismo.
É o caminho da Igreja de Cristo ainda hoje para enfrentar os desafios do mundo:
- Distinguir o essencial do acessório, preservando o essencial e
atualizando constantemente o acessório.
- Ter consciência da presença do Espírito Santo na Igreja de Cristo.
- E como os apóstolos, escutá-lo, na Oração e na Discussão.
A 2ª Leitura faz uma linda
descrição da Morada de Deus, a nova Jerusalém, onde viveremos a vida definitiva
no seio da Trindade. (Ap 21,10-14.22-24)
O Evangelho apresenta o final
do discurso da despedida...
Cristo confirma sua presença na sua
Igreja, enviando o Espírito Santo:
"Ele
vos ENSINARÁ e RECORDARÁ tudo o que vos tenho dito." (Jo 14,23-29)
+ Estará presente no íntimo dos discípulos ("Morada"):
O mesmo Espírito que conduziu Jesus, agora conduz os seus discípulos.
É uma nova presença de Jesus.
A presença corporal de Jesus é substituída pela presença espiritual,
interior, prometida a todos aqueles
que o amam: "Se alguém me ama, guardará a minha
palavra e o meu Pai o amará, e nós
viremos e faremos nele a nossa MORADA..."
* MORADA
DE DEUS:
Que alegria saber que a Santíssima Trindade habita em nossa pobreza.
E que o que ele nos pede, é algo que podemos dar, o nosso amor...
- Entre os pagãos: Deus era um ser longínquo, vingativo...
- Em Israel: O Povo adorava um Deus mais próximo:
"Emanuel": Deus conosco, a Arca da Aliança, a Tenda...
"Porei minha casa bem no meio de vós,
e o meu coração nunca mais vos deixará”. (Lev 26,11)
No tempo de Jesus: Morada de
Deus era o Templo de Jerusalém...
- Para CRISTO, Morada de Deus pode ser o coração de todo cristão:
"O Pai e Eu faremos nele MORADA..."
Com a Samaritana: fala dos
adoradores em "Espírito e Verdade".
Os verdadeiros adoradores do Pai não precisam de uma Igreja de luxo...
Deus poderá ser adorado na igreja do coração de todo cristão.
- Estará presente até os confins da terra:
Essa presença do Espírito não pode ficar fechada e escondida no coração
dos discípulos.
Pelo contrário, deverá ser revelada até os "confins da
terra" pelo testemunho dos
Apóstolos e de quantos amam Jesus de verdade.
A Missão de Jesus: ser testemunha até Jerusalém...
A Missão dos Apóstolos: serem testemunhas até os "confins da
terra".
* A Morada de Deus na pessoa, que escuta
a Palavra de Jesus, cria uma nova relação entre Deus e a pessoa humana.
No culto da nova aliança, mais que em
templos materiais e em altares de pedra, Deus habita de forma íntima e profunda
na comunidade de fé e em cada um de seus membros.
Mora em quem ama a Cristo mediante a
escuta e a prática de sua Palavra.
A pessoa humana é o templo da presença
de Deus.
- Cada cristão, que assume o projeto de
Deus, é a MORADA onde Deus se encontra e se manifesta ao mundo.
NOSSA ATITUDE: Respeito a este hóspede:
- em nossa pessoa
- na pessoa dos irmãos...
Mãe Maria, que se tornou Morada do Filho
de Deus, também têm morada em nossos
corações.
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe.
Pedrinho
Meus
irmãos e irmãs, estamos em plena caminhada, já para celebrarmos Pentecostes e
depois, a Trindade; O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Claro, que não vamos
tratar de Pentecostes e da Trindade hoje, mas podemos ver no Evangelho de hoje,
Jesus se referindo ao Pai e ao defensor: se quiser falar em grego; Paráclito, o
Espírito Santo Paráclito, aquele que nos defende. A partir daí, que somos
chamados a Celebrar este final de semana e a semana toda.
O
salmo nos oferece a grande oportunidade de uma reflexão: “Que as nações vos
glorifiquem, ó Senhor, / que todas as nações vos glorifiquem!” Este é o desejo de todos os cristãos, pois Jesus veio para nos ajudar a compreender
quem é o Pai e uma vez compreendido quem é o Pai, possamos louvá-lo por
tudo de bom, que Ele nos oferece. Então, o desejo de todo cristão é que todo
ser humano possa conhecer a Deus. Necessariamente, não é preciso que todos aceitem ser cristãos, mas que todos
consigam perceber, que a obra da criação, o universo, é um gesto, uma
demonstração, do amor de Deus para conosco, porque tudo que está no universo
foi entregue ao ser humano. Se pudermos olhar com atenção, vamos ver que tudo,
que está no universo, é muito perfeito. Aquilo
que não é perfeito, foi, exatamente, modificado pelo ser humano. Na medida
em que conhecermos a perfeição do universo, cada um poderá se perguntar: quem
fez isto? Aí, então, se dar conta da existência e presença de Deus, porque Deus
não para a obra da criação. Cada dia Ele cria e recria. A partir daí, cada um
de nós é convidado a exultar de alegria, porque Ele julga o universo com
justiça, governa com retidão. Como diz o salmo: “Que na terra se conheça o seu
caminho / e a sua salvação por entre os povos”.
Este é o grande desejo. Há muitas formas de se fazer isto: também os
mulçumanos reconhecem o mesmo Deus. Também os judeus reconhecem o mesmo Deus.
Nós, os cristãos, temos uma maneira muito especial para reconhecer o Deus vivo
e verdadeiro: Acolhendo a Palavra de
Jesus. “Quem me ama, guarda a minha Palavra”. Ora, então, não é suficiente
ouvir a palavra de Jesus. É preciso guardar a Palavra. É possível, que alguém
compreenda “guardar a palavra” deixar de
falar para os outros, deixa-la bem escondida. Não é esta a idéia. Guardar a Palavra é observar a Palavra de
Deus. É fazer que as pessoas possam ter a Palavra de Deus como referência.
Aí, então, vem esta palavra do Evangelho, que de fato, é para nós muita
alegria: diz assim: “Se alguém me ama,
guardará minha palavra e o meu Pai o amará e nós viremos e faremos nele a nossa
morada”.
Eu
creio mesmo, que sou a morada de Deus? Algumas expressões mostram, que podemos
até crer, mas não estamos habituados a contar com isso. Quando, por exemplo,
alguém diz: “afinal de contas, não sou
nenhum santo”. É uma forma de
esquecer que somos morada de Deus. Porque onde Deus faz a sua morada, aí está a
santidade. Ou então, alguém diz: “Eu sou
cristão, mas ao meu modo”. Então, a morada de Deus, eu aceito, desde que
seja do meu modo. Não. Se a morada é de Deus, Ele é que vai ver de que modo eu
serei a sua morada. Nem sempre estamos desarmados para que Deus opere em nós as
reformas necessárias, para que sejamos uma morada adequada, uma morada para
Deus. Talvez aqui um desafio: o que eu tenho que mexer para que esta morada
fique um pouca mais adequada, um pouco mais confortável? Aqui ou ali estamos,
sempre, reformando alguma coisa para manter a nossa casa em ordem, mesmo a
igreja. Está certo. Talvez, onde estão as goteiras e tudo mais. Nós, que somos
a morada, também isto é bom.
Alguém
vai dizer: “basta praticar os ritos e cumprir a minha obrigação”. Ainda hoje,
tem muita gente que diz: “vim cumprir a
minha obrigação, vim a missa”. Eu entendo. As pessoas dizem: eu procuro
homenagear Jesus, me encontrar com Ele para estar em paz a semana toda.
Maravilha, mas na realidade, não se
trata de cumprir obrigações, mas de seguir a Palavra de Jesus. A
primeira palavra a ser seguida é a liberdade. Eu seguir Jesus, não por obrigação, mas por escolha, por opção, porque,
de fato, eu ouvindo a Palavra, eu me convenço, que ela é uma Palavra boa e se
eu gosto de tudo que é bom, eu abraço esta Palavra como algo importante para
minha vida.
Mas,
nem sempre estamos dispostos a nos encontrar com a Palavra de Deus. Às vezes
não dá tempo, às vezes não tenho costume, às vezes acabo alegando que não
compreendo. Não é falha de Jesus, não. Olha o que Ele diz: “O Espírito Santo,
que o Pai vos enviará, lhes explicará tudo”.
Às vezes, o que falta é agente criar o hábito. Uma dica que eu dou: se
eu não tenho tempo de ler a Palavra, eu posso procurar aqueles CDs para por no
rádio do carro e ouvindo a Palavra no trânsito, enquanto estou dirigindo ou
quando estou lavando roupa, ouvindo a Palavra. O tempo agente encontra, basta
nos organizarmos um pouco, pois, afinal de contas, é a Palavra de Deus que está
sendo anunciada.
Tem
um segundo aspecto: nós nos encontramos num templo. Mas, o Evangelho, o
Apocalipse, o Ato dos apóstolos, vai nos ajudar a compreender, que este templo
é passageiro. O que significa? O livro do Apocalipse diz muito bem: “naquela cidade não havia templo”. Por que?
Porque Deus era o Templo e o Cordeiro a Luz. Ora, onde Deus será o Templo e
o Cordeiro a luz? No seu povo, quando Ele puder habitar todos nós. Aí, vamos
lembrar de uma palavrinha de São João: ao encontrar a samaritana, ela pergunta:
Senhor, quando o Messias vier, onde deverá ser louvado; aqui ou em Jerusalém?
Jesus diz: nem aqui, nem em Jerusalém, mas em espírito e verdade. O que
significa? O dia em que todos formos
morada de Deus, aí o Reino chegou. Aí
não precisa mais o Templo. Nós seremos o Templo. Até então, precisamos
deste templo, que acaba sendo um sinal daquilo que nós esperamos para a vinda
do Reino. Que bom. Se temos um sinal, é porque o sinal é importante. Então, por
que não ser um sinal do templo de Deus para o irmão? Ah, mais ele teria que ter
alguma prática. O Atos dos apóstolos
diz: olha, a única coisa que pedimos
é que aceite Jesus como salvador. Na realidade é isto. Eles achavam, que
para agradar a Deus, precisavam derramar o sangue, de qualquer parte do corpo.
Paulo vai dizer: não, Jesus já derramou o sangue todo, para que não
precisássemos mais fazer isto. A partir daí, que compreendemos que Deus nos ama
por primeiro, que oferece a sua graça. Ele só espera que possamos guardar a sua
Palavra, para Ele poder habitar em nós e, de fato, a humanidade ser um novo céu
e uma nova terra, A humanidade ser o novo templo de Deus. A humanidade e Deus
se tornar uma única realidade, a exemplo do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
que é uma única realidade.
Que
Deus nos ajude a dar testemunho da Palavra do Senhor e que assim, possamos
promover a Paz. – Louvado seja Nosso
Senhor Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho –
Diocese de Santo André – SP.
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Homilia de D. Henrique Soares da Costa
No Domingo passado, dizíamos que
a Igreja é fruto da Páscoa do Senhor, que ela nasceu do lado do Cristo morto e
ressuscitado, que ela vive e continua a nascer da água do Batismo e do sangue
da Eucaristia, que o Senhor, na sua fidelidade, haverá de levá-la à plenitude,
que até lá, a Igreja deve ser sinal vivo do Reino de Deus entre as provações da
história e deve viver no amor – herança que o Senhor nos deixou…
No Domingo presente, a Palavra de
Deus continua a nos falar da Igreja, dessa Comunidade do Ressuscitado,
Comunidade que peregrina já há dois mil anos na história humana, como um povo
tão pobre, tão débil, humanamente falando, mas também tão rico e tão forte pela
presença do Ressuscitado entre nós.
É ainda o Apocalipse que nos
apresenta, de modo belíssimo, a glória da Jerusalém celeste, Esposa do
Cordeiro, nossa Mãe católica: “Mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, descendo
do céu, de junto de Deus, brilhando com a glória de Deus” – Esta Jerusalém
gloriosa é a Igreja! Ela não nasce do povo, não nasce de um projeto humano; ela
nasce do coração do Pai, que, através do Filho Jesus, doador do Espírito,
chamou-nos, reuniu-nos, salvou-nos e fez de nós um novo povo, uma nova cidade,
uma nova aliança, início de uma nova humanidade. A Igreja é a verdadeira
Jerusalém, a verdadeira Cidade de Deus, que desce do céu e que é santificada
pelo sangue do Cordeiro e, um dia, será totalmente transfigurada na glória de
Deus. Não na sua própria glória, mas na de Deus, aquela glória que já brilha na
face do Cristo ressuscitado!
Ela é a herança e a realização
plena do antigo povo de Israel, ela é a plenitude do povo de Israel, é o Israel
da nova aliança. Por isso, “nas suas portas estavam escritos os nomes das doze
tribos de Israel”. Mas, a Igreja é mais que Israel: ela é aberta a todos os
povos, suas portas são abertas para todos os lados: “havia três portas do lado
do oriente, três portas do lado norte, três portas do lado sul e três portas do
lado do ocidente”. A nova Jerusalém é católica, é aberta a todos, aberta em
todas as direções, pois nela todos os povos, todas as culturas terão abrigo. A
Igreja não é simplesmente uma continuação do antigo Israel e a nova aliança não
é simplesmente uma continuação da antiga! Não somos judeus! Em Cristo, tudo foi
renovado: “Eis que eu faço novas todas as coisas!” (Ap 21,5). Se a Igreja tem
nas suas portas os nomes das doze tribos de Israel, tem, por outro lado, como
alicerce, o doze apóstolos do Cordeiro: “A muralha da cidade tinha doze
alicerces, e sobre eles estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do
Cordeiro”. Isso aparece muito claramente na primeira leitura da Missa de hoje:
os apóstolos, assistidos pelo Espírito Santo, decidiram que os cristãos vindos
do paganismo não necessitavam tornarem-se judeus, não precisavam cumprir a Lei
de Moisés! Os cristãos não são uma seita judaica! É interessante como os
apóstolos, ao tomarem uma decisão tão importante, tinham consciência de que
eram assistidos pelo Espírito do Cristo ressuscitado: “Pareceu bem ao Espírito
Santo e a nós…” – foi o que eles disseram… o que a Igreja ainda hoje diz,
quando os bispos, sucessores dos apóstolos, decidem algo sobre a fé, em
comunhão com o Sucessor de Pedro. A Igreja sabe e experimente que o seu Esposo
ressuscitado não a abandona; não a abandonará jamais! Recordemos a promessa de
Jesus no Evangelho de hoje: “O Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará
em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará o que eu vos tenho dito”.
Este Espírito Santo santifica continuamente a Igreja, guia-a, sustenta-a,
vivifica-a, orienta-a! Ele é a própria vida do Ressuscitado em nós, seja
pessoalmente, seja como comunidade de fé. Por isso Jesus olha para nós e pode
dizer com toda verdade e segurança e com toda eficácia: “Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou! Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o
que eu vos disse: ‘Vou e voltarei a vós!’” – É verdade: o Ressuscitado
permanece conosco na potência do seu Espírito! Não precisamos ter medo, não
precisamos nos sentir sozinhos, confusos, abandonados: na potência do Espírito,
o Cristo estará sempre conosco!
É por isso que o Autor sagrado
afirma ainda: “Não vi nenhum templo na cidade, pois o seu Templo é o próprio
Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro. A cidade não precisa de sol, nem de
luz que a iluminem, pois a glória de Deus é a sua luz e a sua lâmpada é o
Cordeiro”. Que imagens, irmãos e irmãs! A Igreja, nova Jerusalém está toda
imersa em Deus e no seu Cristo. Ela mesma é templo de Deus no Espírito Santo!
Ela vive na luz do Cristo, apesar de caminhar nas trevas deste mundo! Para o
mundo, que somente pode enxergar a Igreja na sua realidade exterior, ela é
apenas mais uma instituição, entre tantas do mundo. Mas, para nós, que cremos,
para nós somos Igreja viva, para nós que dela nascemos e nela vivemos, para nós
que nos nutrimos de seus sacramentos, ela é muito mais, ela é este admirável
mistério de fé! É isto que queremos dizer quando dizemos: “Creio na Igreja,
una, santa, católica e apostólica”. Renovemos nossa fé na Igreja e mergulhemos
cada vez mais no seu mistério, pois é aí, é aqui, que podemos viver na nossa
vida o mistério e a salvação do Cristo, nosso Deus.
Gostaria de terminar com as
palavras de Carlo Carreto:
“Como és contestável para mim,
Igreja! E, no entanto, como te amo!
Como me fizeste sofrer! E, no
entanto, quanto te devo!
Gostaria de te ver destruída. E,
no entanto, tenho necessidade de tua presença.
Deste-me tantos escândalos! E, no
entanto, me fizeste compreender a santidade.
Nunca vi nada de mais obscurantista,
mais comprometido e mais falso no mundo. Mas também nunca toquei em nada tão
puro, tão generoso e tão belo!
Quantas vezes tive vontade de
bater em tua cara a porta de minha alma! E quantas vezes orei para um dia
morrer em teus braços seguros!
Não, não posso me libertar de ti,
porque eu sou tu, mesmo não sendo completamente tu!
Além disso, aonde iria eu?
Construiria outra?
Mas não poderia construí-la,
senão com os mesmos defeitos, porque são os meus defeitos que levo para dentro
dela.
E, se a construísse, seria a
minha igreja e não a Igreja de Cristo!
E já estou bastante velho para
compreender que não sou melhor que os outros.”
D.
Henrique Soares da Costa
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Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Estamos praticamente chegando aos
momentos finais do Tempo da Páscoa. Com a Solenidade da Ascensão do Senhor no
próximo domingo, abre-se a expectativa da Festa de Pentecostes. Contudo, a
experiência litúrgica não nos coloca numa perspectiva linear, como se
avançássemos para frente deixando tudo o que vivenciamos para trás. Pelo
contrário, por sua natureza mistagógica, a liturgia nos ajuda a vivenciar a
perene centralidade do Mistério Pascal, que nos envolve, move e atrai.
A palavra de Jesus proclamada neste VI Domingo Pascal nos garante que o projeto do Pai está se realizando, mesmo diante das forças que insistem em querer impedi-lo: “Não se perturbe nem se intimide vosso coração”. Aos discípulos é confiada a missão de testemunhar, assistidos pelo Advogado (Paráclito), que a obra de Deus em Jesus não ficou incompleta. Apesar da morte do enviado do Pai, uma aparente interrupção da realização do seu projeto, o amor venceu e, portanto, “tudo está consumado” (Jo 19,30). Ressuscitando, Jesus proclama que o sepulcro não foi a morada que o Pai lhe havia preparado para permanecer aqui na terra. A morada preferida do Pai para si e para o seu Filho é o coração de quem os ama, é ali que Deus faz o lugar de sua permanência: “Se alguém me ama... eu e o Pai viremos e nele estabeleceremos morada”. Esta é uma das maiores novidades do cristianismo: a inhabitação da Trindade. É o grau mais alto da experiência espiritual: a vivência da presença íntima da Trindade na alma.
Já no Antigo Testamento o desejo profundo do ser humano era habitar na casa de Deus: “A minha alma tem sede de Deus... minha alma se derrama em mim... em direção à casa de Deus” (Sl 42,2.5). Toda a existência do crente era orientada por um só desejo: “Uma coisa peço ao Senhor e a procuro: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida” (Sl 27,4). No horizonte histórico-simbólico de Israel, a Tenda da Reunião e depois o Templo de Jerusalém eram os lugares privilegiados da experiência do estar com Javé na sua presença. Contudo, esta era uma fase pedagógica de preparação para a revelação do verdadeiro lugar onde Deus queria habitar.
A palavra de Jesus proclamada neste VI Domingo Pascal nos garante que o projeto do Pai está se realizando, mesmo diante das forças que insistem em querer impedi-lo: “Não se perturbe nem se intimide vosso coração”. Aos discípulos é confiada a missão de testemunhar, assistidos pelo Advogado (Paráclito), que a obra de Deus em Jesus não ficou incompleta. Apesar da morte do enviado do Pai, uma aparente interrupção da realização do seu projeto, o amor venceu e, portanto, “tudo está consumado” (Jo 19,30). Ressuscitando, Jesus proclama que o sepulcro não foi a morada que o Pai lhe havia preparado para permanecer aqui na terra. A morada preferida do Pai para si e para o seu Filho é o coração de quem os ama, é ali que Deus faz o lugar de sua permanência: “Se alguém me ama... eu e o Pai viremos e nele estabeleceremos morada”. Esta é uma das maiores novidades do cristianismo: a inhabitação da Trindade. É o grau mais alto da experiência espiritual: a vivência da presença íntima da Trindade na alma.
Já no Antigo Testamento o desejo profundo do ser humano era habitar na casa de Deus: “A minha alma tem sede de Deus... minha alma se derrama em mim... em direção à casa de Deus” (Sl 42,2.5). Toda a existência do crente era orientada por um só desejo: “Uma coisa peço ao Senhor e a procuro: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida” (Sl 27,4). No horizonte histórico-simbólico de Israel, a Tenda da Reunião e depois o Templo de Jerusalém eram os lugares privilegiados da experiência do estar com Javé na sua presença. Contudo, esta era uma fase pedagógica de preparação para a revelação do verdadeiro lugar onde Deus queria habitar.
O próprio Jesus ao purificar o Templo de
Jerusalém no início do seu ministério, segundo a perspectiva joanina, anuncia a
verdadeira e definitiva habitação de Deus: “Destruí este templo, e em três dias
eu o levantarei... Ele falava do templo do seu corpo” (Jo 2,19.21). O anúncio
da definitiva habitação de Deus é feito logo após Jesus ter denunciado a
deformação que fizeram da casa de Deus: “Não façais da casa do meu Pai uma casa
de comércio”. Mudando a finalidade da Casa de Deus, de casa de oração para
covil de ladrões, impede-se o amadurecimento da experiência religiosa que
aponta para a preparação do coração humano e da comunidade como o lugar da
habitação de Deus. Antes mesmo da edificação do Templo, o rei Davi já fizera
uma denúncia de sua própria insensibilidade diante da presença de Deus, e
confessa ao profeta Natã: “Vê: eu moro num palácio de cedro, e a arca de Deus
está alojada numa tenda! (2Sm 7,2). Na verdade, o rei estava manifestando o seu
desejo de construir uma casa para Javé. Contudo, “a palavra do Senhor foi
dirigida a Natã naquela mesma noite, e dizia: Vai e dize ao meu servo Davi: eis
o que diz o Senhor: Não és tu quem me edificará uma casa para eu habitar” (2Sm 7,4-5).
Ainda que esta casa, historicamente,
tenha sido construída pelo filho de Davi, nas vicissitudes do tempo ela foi
destruída, reconstruída e não existe mais, portanto, sinal de que não era a
definitiva. João para transmitir as palavras de Jesus aos discípulos na
iminência de sua morte, garantindo a sua presença perene neles e entre eles,
não utiliza a palavra casa (grego: oikos/oikia), mas prefere o termo “lugar de
permanência” (grego: mone, da mesma raiz do verbo mevô, permanecer, ficar na
intimidade).
Contudo, esta presença supõe duas atitudes-compromissos da comunidade, pois não é invasora nem se impõe violentamente: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra”. O verdadeiro amor (ágape) lança raízes que sustentam a comunhão; expressa-se no compromisso de não desistir nunca de ajudar o outro a crescer, pois faz memória permanente do bem recebido: “O Espírito Santo é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse”.
Contudo, esta presença supõe duas atitudes-compromissos da comunidade, pois não é invasora nem se impõe violentamente: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra”. O verdadeiro amor (ágape) lança raízes que sustentam a comunhão; expressa-se no compromisso de não desistir nunca de ajudar o outro a crescer, pois faz memória permanente do bem recebido: “O Espírito Santo é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse”.
A morte e a ressurreição de Jesus
realizam plenamente o desejo de Deus, pois Ele não quis apenas, ao encarnar-se,
permanecer entre nós: “E o Verbo se fez carne e armou sua tenda entre nós” (Jo
1,14), mas, uma vez tendo assumido a nossa carne na sua morte e ressurreição,
fazer de nós o seu Corpo: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
permanece (faz morada) em mim e eu nele” (Jo 6,56). Assim, como pela ação do
Espírito Santo, o Verbo armou a sua tenda entre nós ao encarnar-se na plenitude
do tempo, no corpo de Maria, o mesmo Espírito, na morte e ressurreição de
Jesus, garante a sua presença permanente na Igreja, o seu corpo. Com a
ressurreição, a angústia da solidão e o medo da destruição definitiva do corpo
são vencidos, e, por conseguinte, alcança-se a verdadeira paz (Shalom,
plenitude dos bens): “Deixo-vos a paz, a minha paz”.
Deste modo, Jesus evidencia que há uma
paz que não é a verdadeira: “Não vo-la dou como o mundo dá”. A paz do mundo é
prometida quando se foge da cruz, do sofrimento e da morte, porque não se crê
na ressurreição. Contudo, só vencendo o medo de morrer pela vida é que se
encontra verdadeira paz. Por isso Ele tem autoridade para dizer: “Paz a vós!”,
pois ressuscitou. Porém, as marcas da sua cruz permanecem no seu corpo
ressuscitado: “Tendo dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado” (Jo 20,20). As
marcas da dor no corpo do ressuscitado são as provas mais convincentes do seu
amor; são mais do que sinais de um corpo ferido pelo ódio, macerado pelo
sofrimento.
As suas mãos feridas revelam o seu árduo
trabalho para erguer a nossa morada, cuja porta é o seu coração traspassado,
pelo qual Ele nos faz entrar e sair a fim de encontrarmos vida e vida em
plenitude (Jo 10,9). Permanecer Nele é deixar que Ele faça em nós a sua morada,
é ser habitado pelo amor.
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Para a
Celebração da Palavra (Diáconos
ou Ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR - (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O
ALTAR) JO 14, 23-29
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS
AO SENHOR...
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA
FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: PAI, CAMINHAMOS COM
JESUS RUMO AO VOSSO REINO.
- Nosso Pai, nós Vos damos graças pelo
Espírito Santo, que nos orienta, nos guia e nos sustenta na fidelidade à vossa
vontade na construção de vosso Reino. Pai, continue a nos iluminar com a vossa
luz.
T: PAI, CAMINHAMOS COM
JESUS RUMO AO VOSSO REINO.
- Deus Pai, que através do Espírito Santo, estais presente em todas as
nossas reuniões e assembleias. Continue a iluminar os nossos caminhos, para que
não nos desviemos dos passos de Jesus, vosso Filho. Queremos com Ele chegar à
Jerusalém celeste, a nova terra que criais para nossa felicidade plena e
eterna.
T: PAI, CAMINHAMOS COM
JESUS RUMO AO VOSSO REINO.
- Pai de Jesus Cristo e nosso Pai, nós agradecemos a vossa presença junto
ao vosso povo. Nós vos pedimos, Pai, mantém-nos fiéis a vossa Palavra, dai-nos
a vossa paz, aquela paz que o mundo necessita. Somos o vosso povo e sois o
nosso Deus.
T: PAI, CAMINHAMOS COM
JESUS RUMO AO VOSSO REINO.
- Pai nosso... A Paz...
Eis o Cordeiro de Deus...
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