3º DOMINGO DA PÁSCOA 2019 Ano C
Sinopse:
Evangelho: Os discípulos que reconhecem o
ressuscitado continuam a obra redentora.
Primeira leitura: os
apóstolos dão testemunho de Jesus ressuscitado.
Segunda leitura: Jesus, o “cordeiro”, venceu a morte e
trouxe a libertação definitiva; a criação inteira manifesta diante do
“cordeiro” a sua alegria e o seu louvor.
PRIMEIRA LEITURA (At
5, 27b-32.40b-41) Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias,
os guardas levaram os apóstolos e os apresentaram ao Sinédrio. O sumo sacerdote
começou a interrogá-los, dizendo: “Nós tínhamos proibido expressamente que vós
ensinásseis em nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com
a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse
homem!” Então Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a
Deus, antes que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós
matastes, pregando-o numa cruz. Deus, por seu poder, o exaltou, tornando-o Guia
Supremo e Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus
pecados. E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu
àqueles que lhe obedecem”. Então mandaram açoitar os apóstolos, proibiram que
eles falassem em nome de Jesus e depois os soltaram. Os apóstolos saíram do
Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por
causa do nome de Jesus.
AMBIENTE Os apóstolos voltaram ao Templo para dar
testemunho de Cristo ressuscitado. De novo foram presos e formalmente proibidos
de dar testemunho de Jesus.
MENSAGEM - A frase de Pedro “deve obedecer-se antes a Deus do que aos homens”; define a atitude
que os cristãos devem assumir diante da oposição do mundo. Se Jesus encontrou
oponentes e morreu na cruz, é natural que os cristãos, fiéis a Jesus e ao seu
projeto, se defrontem com as oposições daqueles que não seguem Jesus Cristo.
ATUALIZAÇÃO ♦ A proposta de Jesus não se pactua com
esquemas egoístas, injustos, opressores. Isto explica porque o testemunho sobre
Jesus não é um caminho fácil de glória, de aplausos, de honras, de
popularidade, mas um caminho de cruz. Não encontram eco entre os que dominam o
mundo; se não importunamos aqueles que oprimem e que escravizam os irmãos: isso
está dizendo que o nosso testemunho não é coerente com a proposta de Jesus.
SALMO RESPONSORIAL / SI 29(30)
Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes.
• Eu vos exalto,
ó Senhor, pois me livrastes / e não deixastes rir de mim meus inimigos! /
Vós tirastes minha alma dos abismos / e me
salvastes, quando estava já morrendo!
• Cantai salmos
ao Senhor, povo fiel, / dai-lhe graças e invocai seu santo nome! /
Pois sua ira dura apenas um momento, / mas sua
bondade permanece a vida inteira; /
se à tarde vem o pranto visitar-nos, / de
manhã vem saudar-nos a alegria.
• Escutai-me,
Senhor Deus, tende piedade! / Sede, Senhor, o meu abrigo protetor! /
Transformastes o
meu pranto em uma festa, /
Senhor meu Deus,
eternamente hei de louvar-vos!
SEGUNDA LEITURA (Ap
5, 11-14) Leitura do livro do Apocalipse de São João.
Eu,
João, vi e ouvi a voz de numerosos anjos, que estavam em volta do trono, e dos
Seres vivos e dos Anciãos. Eram milhares de milhares, milhões de milhões, e
proclamavam em alta voz: “O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza,
a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor”. Ouvi também todas as
criaturas que estão no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que
neles existe, e diziam: “Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e
a honra, a glória e o poder para sempre”. Os quatros Seres vivos respondiam:
“Amém”, e os Anciãos se prostraram em adoração àquele que vive para sempre.
AMBIENTE O autor apresenta a esperança,
demonstrando que não há nada a temer, pois a vitória final será de Deus e dos que
se mantiverem fiéis aos projetos de Deus. O “profeta” João nos apresenta: Deus,
transcendente e onipotente, sentado no seu trono, rodeado por toda a criação;
finalmente, é-nos apresentado “o cordeiro” (Jesus), aquele que detém a
totalidade do poder e do conhecimento.
MENSAGEM O
“cordeiro” (Cristo) assumiu sua realeza e sentou-se no próprio trono de Deus.
Aí, Cristo desencadeia uma torrente de louvores: dos viventes, dos anciãos e
dos anjos. E todas as criaturas juntam a sua voz ao louvor. O Templo onde
ressoam estas incessantes aclamações tem as dimensões do mundo. A criação
inteira celebra o Cristo imolado, ressuscitado, vencedor e faz dele o centro do
“cosmos”.
ATUALIZAÇÃO ♦ A mensagem resume-se: “não tenhais
medo, pois a vossa libertação está chegando”. Diante deste “cordeiro” vencedor,
os cristãos vêem renovada a sua confiança nesse Deus salvador e libertador.
♦ Cristo venceu a morte, ressuscitou, e continua a dar sentido aos
nossos sofrimentos. Ele é o centro à volta do qual tudo se constrói.
EVANGELHO (Jo 21, 1-19) Evangelho
de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo,
Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição
foi assim: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, de Caná
da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. Simão
Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”.
Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. Já tinha
amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que
era Jesus. Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?”
Responderam: “Não.” Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca e
achareis”. Lançaram, pois, a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa
da quantidade de peixes. Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro:
“É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa,
pois estava nu, e atirou-se ao mar. Os outros discípulos vieram com a barca,
arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas
somente a cerca de cem metros. Logo que pisaram na terra, viram brasas acesas,
com peixe em cima, e pão. Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que
apanhastes”. Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra.
Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e apesar de tantos
peixes, a rede não se rompeu. Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos
discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor.
Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa
com o peixe. Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos,
apareceu aos discípulos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro:
“Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”.
Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”. E disse de novo a Pedro: “Simão,
filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim,
Senhor, tu sabes que eu te amo.” Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas
ovelhas”. Pela terceira vez perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me
amas?” Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava.
Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu
sabes que eu te amo.” Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas. Em
verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde
querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará
para onde não queres ir”. Jesus disse isso, significando com que morte Pedro
iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-me”.
AMBIENTE O autor reflete sobre o lugar de Jesus na atividade missionária
da Igreja.
MENSAGEM - Os discípulos são sete. Representam a
totalidade (“sete”) da Igreja, empenhada na missão à todas as nações de
libertar todos do mar do sofrimento e da escravidão. Pedro toma a iniciativa;
os outros o seguem. A pesca é feita durante a noite. A noite é o tempo da
escuridão: significa a ausência de Jesus (“Eu sou a luz do mundo”). O resultado
da ação (sem Jesus) é um fracasso (“sem Mim, nada podeis fazer”). A chegada da
manhã (da luz) coincide com a presença de Jesus (Ele é a luz). Jesus não está
no barco, mas sim em terra: Ele não acompanha os discípulos na pesca; a sua
ação no mundo exerce-se por meio dos discípulos. Concentrados no seu
esforço inútil, os discípulos nem reconhecem Jesus quando Ele se apresenta. O
grupo está desorientado pelo fracasso, posto em evidência pela pergunta de
Jesus (“tendes alguma coisa de comer?”). Mas Jesus dá lhes indicações e as
redes enchem-se de peixes. Acentua-se que o êxito da missão com a Palavra do
Ressuscitado. O surpreendente resultado da pesca faz com que um discípulo o
reconheça. Este discípulo amado é aquele que está sempre próximo de Jesus e que
faz a experiência do amor de Jesus: só quem faz a experiência do amor é capaz
perceber a sua presença na comunidade em missão. Os pães com que Jesus acolhe
os discípulos são um sinal do amor, do serviço, da solicitude de Jesus pela sua
comunidade em missão: deve haver aqui uma alusão à Eucaristia, ao pão que Jesus
oferece, à vida com que Ele continua a alimentar a comunidade em missão. O
número dos peixes (153) é a soma dos números um a dezessete. O número dezessete
não é um número bíblico… Mas o dez e o sete são: ambos simbolizam a plenitude e
a universalidade. Outra explicação é dada por S. Jerônimo… Segundo ele, os
antigos distinguiam 153 espécies de peixes: assim, o número faria alusão à
totalidade da humanidade, reunida na mesma Igreja.
Na segunda parte, Pedro confessa por três vezes o seu amor a Jesus
(durante a paixão, o discípulo negou Jesus por três vezes. A tríplice confissão
de amor pedida a Pedro corresponde a um convite a que ele mude definitivamente
a mentalidade. Pedro é convidado a perceber que, na comunidade de Jesus, o
valor fundamental é o amor; não existe verdadeira adesão a Jesus, se não se
estiver disposto a seguir esse caminho de amor e de entrega que Jesus
percorreu. Só assim Pedro poderá “seguir” Jesus. Ao mesmo tempo, Jesus confia a
Pedro a missão de presidir à comunidade; mas convida-o também a perceber a
verdadeira fonte da autoridade: só quem ama muito e aceita a lógica do serviço
e da doação da vida poderá presidir à comunidade de Jesus.
ATUALIZAÇÃO ♦ Se Cristo não estiver presente, os nossos
esforços não terão êxito. O êxito da missão não depende só do esforço humano,
mas da presença viva do Senhor Jesus.
♦ O amor do Senhor nos orienta. Quando o cansaço, o sofrimento, o
desânimo tomarem posse de nós, Ele lá estará, dando-nos o alimento que nos
fortalece. É necessário ter consciência da sua constante presença, ao nosso
lado na Eucaristia.
♦ O diálogo de Jesus com Pedro chama a atenção: “seguir” o
“mestre” é amá-lo muito e ser capaz de, como Ele, percorrer o caminho do amor
total e da doação da vida.
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A Barca
A Liturgia nos
convida a refletir hoje sobre a IGREJA:
a Comunidade que tem a missão de testemunhar e concretizar o projeto libertador
que Jesus iniciou. Ele acompanhará sempre a sua Igreja em missão, vivificando-a
com a sua presença e orientando-a com a sua Palavra.
A 1ª
leitura apresenta o Testemunho de Pedro em Cristo ressuscitado, diante do Sinédrio (At 5,27b-32.40b-41)
Proibido de dar
testemunho de Jesus ressuscitado, Pedro responde apresentando um resumo do
"Kerigma" cristão primitivo e afirmando: "É preciso obedecer antes a Deus, do que aos homens." E
os discípulos saem do tribunal do Sinédrio, onde foram flagelados, felizes por
terem sofrido pelo nome de Jesus.
A 2ª
Leitura ressalta a soberania universal de Cristo ressuscitado, que
venceu a morte e que trouxe aos homens a libertação definitiva. A Criação
inteira louva o "Cordeiro", que esteve morto e agora vive. (Ap 5,11-14)
O Evangelho
narra a 3ª aparição de Cristo ressuscitado aos apóstolos.
A presença de
Jesus ressuscitado nas margens do mar de Tiberíades revigora a missão dos
discípulos de serem pescadores de homens. (Jo
21,1-19)
A narração é
mais uma Catequese, do que uma crônica.
Há 3 Cenas: uma Pesca, uma Refeição e um Diálogo:
1. Uma PESCA:
- Os apóstolos
desanimados... cansados... desistem... -
"voltam a pescar"...
Jesus lhes dá uma tremenda lição: Pescam a "noite" inteira...
sozinhos... sem apanhar nada...
- Ao amanhecer,
com a chegada da "Luz", acolhendo a Palavra do Senhor, conseguem um resultado surpreendente...
- Diante disso,
reconhecem o Cristo ressuscitado: e
expressam a fé: "é o Senhor",
Antes o discípulo, que Jesus amava... Depois,
Pedro... e os demais...
- Jesus queria
lembrá-los que os tinha convidado para outra Pesca... Eles deviam ser "pescadores de
homens"...
* A Pesca
milagrosa simboliza a Missão da Igreja
- A Noite quer
indicar a ausência de Jesus (a Luz).
- A Palavra de
Jesus ressuscitado muda a situação.
- A Ressurreição
ilumina a existência da Comunidade e a Missão recebida.
- O êxito da
Missão não depende do esforço humano,
mas da presença viva do Senhor Ressuscitado nessa comunidade.
- A Igreja,
fundada sobre a palavra de Deus e guiada por Pedro, não se divide: a rede não
se rompe.
2. Uma
REFEIÇÃO: Jesus aguarda os discípulos na margem, e os convida a uma
refeição: "Vinde comer".
Seus gestos são
parecidos com os da multiplicação dos pães e dos peixes...
São também os
gestos da instituição da eucaristia, na última ceia...
* Esse quadro
tem um profundo sentido eucarístico.
Ainda hoje, todo domingo, Cristo nos
convida: "Vinde comer".
Na Eucaristia,
encontraremos a força, o alimento para realizar a nossa Missão.
3. Um
DIÁLOGO entre Jesus e Pedro: em que este recebe a missão de presidir
e animar a Comunidade:
- "Simão, tu ME AMAS?" (3
x) - "Tu
sabes que te amo..."
Uma tríplice
prova de amor, já que por 3 vezes o negara.
Só então
transmite a ele o primado sobre a Igreja nascente.
- O essencial
não é o exercício da autoridade, mas o amor, que se faz serviço, ao jeito de
Jesus.
* Ainda hoje
Cristo nos interpela, como a Pedro: "Tu
me amas?"
... mais do que os familiares, os trabalhos,
os amigos, o esporte, as novelas?
Temos a coragem de responder com
sinceridade, como Pedro: "Senhor, tu sabes que te amo?"
* Todos
nós somos convidados a Pescar..
- Muitas vezes,
"pescamos" apoiados apenas em nossas forças... confiantes, como Pedro, em nossa experiência
de "velho Pescador..."
- Diante do
fracasso inevitável, desanimamos...
Vendo as "redes vazias", somos
tentados largar tudo e voltar à vidinha antiga... (na família, na sociedade, na
comunidade...)
- Esquecemos que
Jesus, embora esteja na "margem" (na glória do Pai), está sempre conosco todos os dias, até o fim
do mundo e deve ser o CENTRO da
Missão...
Ele continua nos indicando onde e quando
lançar as redes.
- Esse caminho,
percorrido pelos apóstolos, é semelhante ao caminho que também nós devemos
percorrer...
Só a presença de Jesus torna a Missão
fecunda...
-
Em nossas atividades, em quem depositamos a nossa confiança?
-
Estamos convencidos que sem Ele NADA podemos fazer?
- Buscamos na eucaristia
alimento para nossa caminhada?
Com Jesus,
teremos a certeza de que a pesca será abundante...
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, creio, que as
leituras não podiam ser melhores do que estas, para revigorarmos nossa fé no
ressuscitado. A segunda leitura nos apresenta Jesus como o Cordeiro imolado,
mas que está em pé. Portanto, que ressuscitou. Agora, Ele convida cada um de
nós a fazer a experiência do ressuscitado. O Evangelho tem todo um
desenvolvimento hoje, que eu gostaria que pudéssemos percorrer juntos este
Evangelho.
Primeira coisa, quem acompanha Pedro?
Estavam juntos Simão Pedro: Tomé, chamado Dídimo, Natanael, de Caná da Galileia,
os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. Eles estão reunidos em
SETE PESSOAS. Simbolizando, assim, o
necessário, para iniciar toda a missão confiada a eles por Jesus, mas
eles estão, ainda, bastante desanimados. Afinal de contas, deixaram tudo para
seguir Jesus, aquele que oferecia Vida: “Aquele que crê em mim, mesmo que
estiver morto, viverá”. Agora, Ele morreu. Se Ele que prometia isto morreu,
como Ele pode garantir a nós vida eterna? Pedro disse: quer saber, eu vou
voltar para minha vida normal: eu vou é pescar. Eu tinha deixado as redes para
seguir este fulano e agora estamos aqui sem crédito. Todos disseram: nós
também. Significa: não valeu a pena apostar em Jesus. O negócio é apostar na
rotina e naquilo que estamos acostumados. Não vale a pena arriscar. Vale a pena
continuar naquilo que já temos por hábito, o normal, o rotineiro. Eles vão
pescar e não conseguem pescar nada. Quando Jesus disse: moços, portanto, está
falando para a juventude, vocês têm alguma coisa para comer? Ora, o que Jesus
oferece para a humanidade? O seu corpo e o seu sangue, a Eucaristia. Agora Ele
confia a estes sete moços e eles dizem: nada temos. Porque, ninguém pode dar o
alimento que Jesus oferece, a não ser, aquele que se dispõe a oferecer este alimento. Claro, que estamos falando da
Eucaristia, mas também estamos falando do alimento da Palavra de Deus, estamos
falando do alimento que anima as pessoas diante das frustações. Qual é o
alimento que a juventude pode oferecer? Jesus diz: você lança a rede pro lado
direito e vocês terão o que oferecer. Ora, quem ouve e obedece a Palavra de
Deus, nunca será decepcionado. Nunca. Quer um exemplo? Olha os discípulos:
morriam de medo de serem presos, negaram Jesus, fugiram, tem um jovem, que
quando Jesus foi preso, escapa nú, porque estava enrolado só num lençol. Preferiu
fugir sem roupa, do que ser preso por causa de Jesus. Aí, vamos nos lembrar de
Adão e Eva. Adão e Eva se esconderam de Deus, porque estavam nús. Que nudez é
esta? Certamente não é a roupa, mas a roupa simboliza, para nós, uma certa
segurança. Se você quiser deixar alguém vulnerável, tire a roupa desse alguém.
É a primeira coisa que se fazia na tortura, porque a pessoa fica totalmente
vulnerável. Não se trata de vergonha, mas ela se sente desprotegida. O pecado
nos deixa desprotegidos. Veja, que Pedro vendo que é o Senhor, ele pula no mar,
porque estava nú. Pedro estava desprotegido. Voltando ao tema, estes, que se
sentiam desprotegidos, com medo, primeira leitura, agora saem pelas praças
anunciando e vão presos por isso. Eles lhes dizem: é proibido pregar sobre este
homem Jesus. Aí, eles dizem: “Antes obedecer a Deus, que obedecer aos homens”.
Creio que falta esta coragem. Nós somos mais capazes de ouvir e obedecer qualquer
pessoa do que Deus. Porque Deus quando fala, nós sentimos na base, que a
Palavra dele tem conteúdo e nós, muitas vezes, nos sentimos sem conteúdo. O
próprio Pedro vai dizer: Afasta de mim, porque sou um pecador. Quem é que se
sente chamado por Deus claramente? Normalmente dizemos: Eu? Eu pecador do jeito
que eu sou? Quem sou eu para anunciar. É a mesma coisa. Jesus diz: vamos
recomeçar tudo de novo, do início. Agora, vocês me deem uns peixes. Assem os
peixes. Partem, distribuem a todos. Novamente Ele volta com o gesto da
Eucaristia, dizendo: é isto que vocês devem oferecer, é este alimento, que
espero que vocês ofereçam. Pedro e os outros saíram felizes da perseguição,
foram açoitados, mas ficaram felizes, porque puderam servir a Deus. Nós ficamos
felizes, quando servimos a Deus? Que alimento podemos oferecer? Terminado a
refeição, Jesus faz a pergunta direto a Pedro, Pedro pensa que Jesus está
caçoando dele, porque ele negou Jesus três vezes e agora Jesus pergunta três
vezes: Pedro, tu me amas? Na realidade não se trata disto, porque Pedro tinha
dificuldade de entender Jesus, sempre. Quando Jesus perguntava: Pedro, tu me
amas como seu Deus, Pedro respondia: tu sabes que és o meu amigão. Jesus não
quer ser amigão nosso. Nada contra as amizades, mas Jesus quer que vejamos nele
a nossa salvação. Nem sempre, um amigo pode nos salvar. Aliás, o que mais
acontece na hora de dificuldade é os amigos irem embora. Jesus fez esta
experiência e, certamente, muitos de nós já fizemos também. Confiar tanto num
amigo e na hora ele ir embora. Jesus não quer que vemos nele simplesmente um
amigo. Quer que vejamos nele Deus. Na última vez que ele pergunta: Pedro, tu me
amas? Aí, Jesus inverte a pergunta: Pedro, você acha que sou só seu amigão?
Então, Pedro se dá conta de que Jesus é muito mais do que isto. Este Evangelho
nos provoca a cada um de nós. Por que? Porque terminado o diálogo do amor, vem
este pedido de Jesus: se tu me amas, segue-me. Como é que eu posso seguir
Jesus? Ora, oferecendo ao mundo o alimento que o mundo precisa. Qual é o
alimento que o mundo precisa? Sua Palavra, um alimento que nenhum padeiro pode
fazer; a Eucaristia, o amor, a justiça, a misericórdia... é um alimento que o
mundo está pedindo a todos nós. Não tenhamos medo de pescar do lado que Jesus
pedir. O matrimônio é muito importante, é uma missão. O ser sacerdote
consagrado ao ministério da Eucaristia é muito importante. Não tenham medo,
lancem a rede para o lado que Jesus pedir se realmente amam este Jesus e deem
ao mundo o alimento que lhe pedem. É fácil seguir o caminho que todos fazem.
Muitas vezes, Jesus nos pede que lancemos as redes do outro lado e então
podemos ser padres, freiras, nos consagrar aos ministérios de sua Igreja e
mostrar o nosso amor a Jesus. Não tenha medo.
Que Deus nos
ajude a fazer destas palavras, palavra vivas de nossa fé, na nossa vida.
Louvado seja
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André - SP
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Homilia de D. Henrique Soares da Costa
A liturgia, neste santo
tempo pascal, concentra nossa atenção naquele que por nós morreu e ressuscitou;
na glória que ele agora possui, como Senhor do céu e da terra: “O
Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria
e a força, a honra,
a glória e o louvor. Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e a
honra, a glória e o poder para sempre!” Estejamos atentos, porém:
afirmar a glória de Cristo, não é algo de folclórico ou triunfalístico, mas é
uma proclamação convicta e clara do seu senhorio sobre nós, sobre nossa pobre
vida, sobre a vida da Igreja, sobre o mundo e sobre toda a história. A Igreja e
cada cristão vivem desta certeza: Jesus ressuscitou dos mortos, é o Vivente, é
o Senhor; nós existimos nele e para ele; ele é o referencial último absoluto de
nossa existência!
É este Jesus
vitorioso, que vem ao encontro dos seus às margens do Mar da Galiléia; é este
Senhor nosso que os apóstolos experimentam no evangelho de hoje. Cada detalhe
deste texto de João é cheio de significado. Vejamos: os apóstolos pescam e nada
conseguem apanhar... A pescaria é imagem da ação missionária da Igreja. Sem
Jesus, estamos sozinhos, sem Jesus a pescaria é estéril, as tentativas são
vãs... Sem Jesus, pescamos na noite escura.. Mas, pela manhã, Jesus vem ao encontro
dos seus. Notemos que os discípulos não conseguem reconhecer o Senhor
ressuscitado. Somente quando Cristo se dá a conhecer é que os seus conseguem
compreender e experimentar sua presença viva e atuante. E Jesus dá-se a
conhecer sempre na Palavra e no Pão partido, na refeição em comum, isto é, na
Celebração Eucarística. É aqui, é agora, nesta Eucaristia sagrada, que o Senhor
nos fala e parte o Pão conosco. Toda Celebração eucarística é celebração
pascal, é encontro com o ressuscitado! Como seria bom que, a cada Domingo,
revivêssemos esta experiência, esta certeza da presença do Senhor vivo entre
nós!
Os discípulos ainda
não haviam reconhecido Jesus. Este lhes ordenou: “Lançai a rede!” Eles
lançaram-na e já “não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade
de peixes”. Notem: o Discípulo Amado, diante do sinal, reconhece o
Ressuscitado: “É o Senhor!” Mas, é Simão Pedro – sempre ele, o
chefe do grupo, o chefe da Comunidade dos discípulos, o que comanda a pescaria
– faz-se ao mar, para encontrar Jesus. Jesus ordena que arrastem a rede para a
terra. Notemos: o barco é um só, como uma só é a Igreja de Cristo; também a
rede é uma só, como única é a obra da evangelização; e quem comanda a pescaria
é Pedro, sob a ordem de Jesus! E a rede não se rompe, apesar de cheia de 150
peixes grandes. O número é exagerado, significando a plenitude da obra
evangelizadora. E, então, Jesus repete, diante dos discípulos, os gestos da
Eucaristia: “tomou o pão e distribuiu entre eles”.
Depois, três vezes, o
Ressuscitado pergunta a Pedro – e pergunta aos sucessores de Pedro, os Bispos
de Roma, pergunta a João Paulo II, a Franciso: “Simão, filho de João,
tu me amas mais do que estes?” Pedro responde que sim, e abandona-se
no Senhor: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo!” Senhor,
antes coloquei minha confiança em minhas próprias forças, em meu próprio amor e
terminei te traindo... Tu disseste que oravas por mim para que minha fé não
desfalecesse, mas fui presunçoso, e contei mais com minhas forças que com tua
oração... Mas, agora, te digo: “Tu sabes tudo; tu sabes que te amo”,
apesar de minha fraqueza! É naquilo que tu sabes, que tu podes, que tu em mim
realizas que te digo: te amo! - E três vezes, Jesus o incumbe, diante dos
outros, de uma missão toda particular: “Apascenta as minhas ovelhas!” Que
ninguém duvide – a menos que deseje fazer pouco da vontade do Senhor nosso –
que Pedro é o primeiro pastor do rebanho de Cristo. O rebanho é de Cristo, o
Bom Pastor, e Cristo o confiou a Pedro! Quem não está em comunhão com o Sucessor
de Pedro, certamente, age de modo contrário ao que Cristo desejou para a sua
Igreja e para seus discípulos. Pouco adianta uma Bíblia debaixo do braço, se
contrariando a Palavra de Deus, se nega a presença real do Cristo na Eucaristia
(cf. Jo 6,53-57), o papel materno de Maria Virgem junto a cada discípulo amado
do Senhor (cf. Jo 19,25-27), a indissolubilidade do matrimônio (cf. Mc 10,1-12)
, a sucessão apostólica e o papel de Pedro e seus sucessores na Igreja de
Cristo (cf. Mt 16,13-20)! Estejamos atentos: não é a Pedro super-homem que o
Senhor confia a sua Igreja; mas a Pedro frágil, a Pedro que o negou, a Pedro
humilhado... a Pedro que pode servir até de pedra de tropeço (cf. Mt 16,23).
Pedro é a pedra da Igreja, mas a Rocha inabalável é somente Cristo! E Cristo o
convida a segui-lo até o martírio, até levantar as mãos na cruz...
Assim foi com Pedro,
assim com os discípulos, assim, agora, conosco... Não tenhamos medo! É possível
que muitas vezes nos sintamos sozinhos, desamparados, pescando numa pescaria
estéril de noite escura... Coragem: o Senhor está conosco: é ele quem nos manda
à pesca, é ele quem pode encher nossas redes e dá-lhes consistência para que
não se rompam, é ele quem nos revela sua presença e nos enche de coragem!
Recordemos dos nossos primórdios, da coragem dos santos apóstolos que se
sentiam “contentes por terem sido considerados dignos de injúrias por
causa do nome de Jesus”. É que eles sabiam por experiência que o Senhor
estava vivo, que o Senhor caminhava com eles. Também nós, hoje, podemos
escutá-lo nas Escrituras e reconhecê-lo entre nós no Pão partido da Eucaristia.
É este Jesus que nos envia à pesca, é este Jesus que caminhará sempre com sua
Igreja, nossa Mãe católica, até o fim dos tempos!
A ele a glória e o
louvor, a adoração, a riqueza e a sabedoria, a força e a honra para sempre.
Amém.
D. Henrique Soares da Costa
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Para a Celebração da Palavra (Diáconos e
Ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER
SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS...
DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO,
LOUVEMOS AO PAI:
T: Grande é o Senhor e imenso o seu amor.
- Deus de nossos Pais; Abraão,
Isaac, Jacó... Vós que ressuscitastes o vosso Filho Jesus, nós vos damos graças
pelo testemunho dos Apóstolos em Jesus, nosso Salvador: Pai, que o Espírito
Santo fortaleça a nossa consciência para que tenhamos a coragem de vos obedecer
mais a vós do que aos homens.
T: Grande é o Senhor e imenso o seu
amor.
- Pai, nós vos damos graças
com as multidões que estão junto de vós na glória eterna: aqui, nós também
damos glória e louvor ao Cordeiro, vosso Filho, que se doou por nós até a morte
de cruz; a ele, honra, glória e louvor para sempre
T: Grande é o Senhor e imenso o seu
amor.
- Pai, vos louvamos, vos bendizemos e
vos pedimos a graça da coragem para que obedeçamos a ordem de lançar as redes,
para que acolhamos aos que sofrem, aos injustiçados e aos que ignoram vosso amor e vossa bondade. Somos
a vossa igreja que continua a obra da construção de vosso Reino.
T: Grande é o Senhor e imenso o seu
amor.
- Pai nosso... - A paz, Aleluia...
- Eis o Cordeiro...
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Nesses três primeiros domingos da Páscoa temos lido os relatos das
aparições de Jesus Ressuscitado aos discípulos. Porém, mais do que se fazer
ver, Jesus está preparando e conduzindo os seus discípulos para a missão. Pois
esta será o sinal mais convincente de que Aquele que morreu e foi sepultado,
está vivo e vai à frente dos seus.
O capítulo 21 de João, considerado um acréscimo ao evangelho original, é
uma belíssima e profunda reflexão do que significa o encontro da comunidade com
o Ressuscitado, que nunca desiste de renovar-lhe a missão a fim de que ela seja
verdadeiramente a sua comunidade, as testemunhas da sua ressurreição.
Podemos identificar dois momentos nesse relato: a pesca dos sete discípulos e o diálogo entre Jesus e Simão Pedro. Pedro e os seis outros discípulos, símbolo da totalidade da Igreja, para cumprir plenamente a sua missão, precisam se converter de pescador em pastor. Pois o seu Mestre, um dia como pescador, os puxou para o seguimento, mas dando a vida por eles, revelou-se o verdadeiro pastor. Portanto, não basta apenas ser pescador, atrair, puxar, mas é preciso ser pastor, isto é, dar a vida. Não podemos reduzir a missão do Ressuscitado a um proselitismo de redes cheias, mas a missão se realiza quando há vida e vida em plenitude, pois este é o compromisso do pastor: “O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (IV Domingo).
Podemos identificar dois momentos nesse relato: a pesca dos sete discípulos e o diálogo entre Jesus e Simão Pedro. Pedro e os seis outros discípulos, símbolo da totalidade da Igreja, para cumprir plenamente a sua missão, precisam se converter de pescador em pastor. Pois o seu Mestre, um dia como pescador, os puxou para o seguimento, mas dando a vida por eles, revelou-se o verdadeiro pastor. Portanto, não basta apenas ser pescador, atrair, puxar, mas é preciso ser pastor, isto é, dar a vida. Não podemos reduzir a missão do Ressuscitado a um proselitismo de redes cheias, mas a missão se realiza quando há vida e vida em plenitude, pois este é o compromisso do pastor: “O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (IV Domingo).
A primeira cena (a pesca) prepara a conversão de Pedro. Ele tomando a
iniciativa e comandando a pesca, faz a experiência da humilhação: “Naquela
noite não apanharam nada”. Técnica (de noite) e recursos (barca, redes) não
foram suficientes para o sucesso. Além do mais, precisam reconhecer
publicamente este fracasso: “Filhos, não tendes nenhum peixe? Responderam: NÃO”
Assim é a missão que se apoia em si mesmo, fechando-se na sua auto referencialidade.
Sem o reconhecimento da presença do Ressuscitado, a pesca continuará sem
frutos. Uma vez reconhecida esta presença, não é mais o pescador que dá as
ordens, mas agora é o Pastor-cordeiro, morto e ressuscitado (“Já tinha
amanhecido e Jesus estava de pé na margem”) que indica a direção da missão:
“Lançai a rede à direita da barca e achareis”. Na obediência (escuta atenta) à
palavra de Jesus, não apenas conseguiram apanhar peixes, mas fizeram a
descoberta da sua presença: “Então o discípulo a quem Jesus amava disse a
Pedro: ‘É o Senhor!’” O discípulo amado, mais uma vez, precede a Pedro (20,4),
porém o ajuda a chegar onde ele chega primeiro. Simão Pedro dá mais um passo na
sua conversão: “Pedro ouvindo que era o Senhor, vestiu a roupa, pois estava nu
e lançou-se a si mesmo no mar”. Três atitudes fundamentais no processo de
conversão de Pedro: ouvir, vestir-se e lançar-se. Pedro ouviu a Boa Notícia: “É
o Senhor!”, vestiu-se (reconhecendo que estava nu como Adão depois do pecado) e
atirou-se ao mar: retornou para o Mestre. Tanto o verbo “lançar as redes” como
o “atirar-se de Pedro” são o mesmo (grego: balo). Lançando-se ao mar,
prepara-se para a sua fundamental mudança de pescador, que lança redes, para
pastor que se entrega a si mesmo (lançou-se a si mesmo) pelas ovelhas.
Assim como o discípulo amado, ao chegar primeiro ao sepulcro, permite
que Simão Pedro entre antes dele, agora anunciando que era o Senhor, impulsiona
Pedro a chegar primeiro lá onde Jesus estava. Abandonando a barca, vai até
Jesus nadando. De pescador, torna-se peixe, assim como para aprender a ser pastor,
deve reconhecer-se também ovelha entre as ovelhas do redil do Mestre, para
aprender a amá-las verdadeiramente.
A segunda cena (ceia e diálogo) confirma a conversão do pescador Simão
Pedro, agora tratado como ovelha para aprender a ser pastor. O convite para a
refeição: “Vinde comer!” é sinal de que o anfitrião é verdadeiramente Pastor,
aquele que “conduz as ovelhas para os prados verdejantes, restaura as forças e
prepara uma mesa à frente dos inimigos” (Sl 22). É justamente nessa refeição
que Jesus não apenas refaz as forças dos fatigados pescadores, mas
restaura-lhes a vocação e a missão de pastor: “Apascenta as minhas ovelhas”.
Contudo, a conversão é um processo continuo; as três perguntas feitas a Pedro
indicam um longo caminho a seguir. Nas duas primeiras, Jesus pergunta se Pedro
o ama e a prova maior desse amor é dar a vida (grego: “agapas me?”). Pedro de
forma muito honesta, apesar de humilhante, pois não tendo ainda dado a vida por
Jesus, poderia responder apenas: “Eu te quero bem” (grego: “filo se”).
Considera-se amigo de Jesus, está a caminho de morrer por Ele, mas ainda não o
fizera.
Na terceira vez, Jesus acolhe a resposta honesta de Pedro, e
transforma-a em pergunta: “Tu me queres bem?”. Sentindo a dor de um amor não
pleno (filia: amizade), Pedro não pode negar e, mesmo aflito (grego: lupeo),
assume absolutamente a sua verdade: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te
quero bem”. Mesmo havendo dito: “Darei a minha vida por ti” (Jo 13,37), por
três vezes, naquela mesma noite, declarou não ser discípulo dele rejeitando a
possibilidade de dar a vida pelo Mestre, de provar que o amava plenamente (Jo
18,17.25.27). Porém, no encontro com o Ressuscitado, apesar da sua dor profunda
diante da consciência de não ter ainda amado o Mestre até os extremos, Simão
Pedro é renovado na sua esperança de provar seu amor perfeito ao ouvir o
misericordioso convite: “Segue-me”, não mais para ser pescador de homens, mas
para dar a vida como fez o seu Bom Pastor.
Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
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