quinta-feira, 27 de junho de 2019

São Pedro e São Paulo, homilias, subsídios homiléticos


São Pedro e São Paulo 2019
SINOPSE:
Tema: Exemplos de fidelidade a Jesus Cristo (Pedro e Paulo).
Evangelho: Jesus confia a Pedro e à Igreja a missão de testemunhar o seu projeto.
Primeira leitura: Deus cuida dos discípulos quando o mundo os rejeita.
Segunda leitura: Paulo apresenta o “testamento”, “balanço final” do seu compromisso com o Evangelho.

EVANGELHO (Mt 16,13-19 Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas". Então Jesus lhes perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Simão Pedro respondeu: "Tu é o Messias, o Filho do Deus vivo". Respondendo, Jesus lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, por que não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".

AMBIENTE - A proposta de Jesus não é acolhida, senão por um pequeno grupo. Jesus pergunta aos discípulos não para ver sua popularidade, mais para tornar as coisas mais claras.

MENSAGEM – Muitos vêem Jesus em continuidade com o passado. Reconhecem que Jesus é um homem enviado ao mundo como os profetas … A opinião dos discípulos vai muito além. Pedro diz: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus”. Ele é esse libertador que Israel esperava, enviado por Deus para libertar o seu Povo. Jesus não é, apenas, o Messias: é, também, o “Filho de Deus”; significa reconhecer a profunda unidade e intimidade entre Jesus e o Pai e que Jesus realiza os projetos do Pai no meio dos homens.
Na segunda parte, Jesus elogia Pedro (a comunidade) pela fé que o anima. Pedro é “a rocha” sobre a qual a Igreja de Jesus vai ser construída? Mateus está afirmando que a base sobre a qual vai assentar a Ekklesia de Jesus é a fé que Pedro. Jesus promete a Pedro “as chaves do Reino dos céus” e o poder de “ligar e desligar”. “atar e desatar” designava interpretar a Lei com autoridade. Assim, Jesus nomeia Pedro como “administrador” da Igreja, com autoridade para interpretar as palavras de Jesus, para adaptar os ensinamentos a novas necessidades e situações, e para acolher ou não novos membros na comunidade do Reino (atenção: todos são chamados a integrar a comunidade do Reino; mas aqueles que não estão dispostos a aderir às propostas de Jesus não podem aí ser admitidos).
Pedro é o protótipo do discípulo; nele, está representada essa comunidade que se reúne em volta de Jesus e que proclama a sua fé em Jesus como o “Messias” e o “Filho de Deus”. É a essa comunidade, representada por Pedro, que Jesus confia as chaves do Reino e o poder de acolher ou excluir.
Por isso, nesse dia celebramos também o DIA DO PAPA, que ainda hoje continua sendo sinal de unidade e de comunhão na fé. O Papa é o chefe visível da Igreja na terra.
Em dois mil anos de Cristianismo, até hoje, Pedro teve 265 sucessores! Podemos dizer, ontem Pedro, hoje Francisco.

ATUALIZAÇÃO ** Muitos vêem em Jesus um homem bom, generoso, que sonhou com um mundo diferente; outros um admirável “mestre” de moral, que tinha uma proposta de vida “interessante”, mas que não conseguiu impor os seus valores; outros vêem em Jesus um revolucionário, ingênuo e inconsequente, preocupado em construir uma sociedade mais justa e mais livre, que procurou promover os pobres e os marginais e que foi eliminado pelos poderosos, preocupados em manter o “statu quo”.
• Para os discípulos, Jesus foi bem mais do que “um homem”. Ele foi e é “o Messias, o Filho de Deus vivo”. A proposta que Ele apresentou é uma proposta de Deus, destinada a tornar um pessoa nova, capaz de à vida plena da felicidade sem fim. O “Messias, Filho de Deus”, é alguém que nos transforma, renova e nos encaminha para a vida eterna e verdadeira.
  O que é a Igreja? - é a comunidade dos discípulos que reconhecem Jesus como “o Messias, o Filho de Deus”.
• A Igreja existe para testemunhar a proposta de salvação que Cristo veio oferecer.

PRIMEIRA LEITURA (Atos 12, 1-11) Naqueles dias, o rei Herodes prendeu alguns membros da Igreja, para torturá-los. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João. E, vendo que isso agradava aos judeus, mandou também prender Pedro. Eram os dias dos pães ázimos. Depois de prender Pedro, Herodes colocou-o na prisão, guardado por quatro grupos de soldados, com quatro soldados cada um. Herodes tinha a intenção de apresentá-lo ao povo, depois da festa da Páscoa. Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele. Herodes estava para apresentá-lo. Naquela mesma noite, Pedro dormia entre dois soldados, preso com duas correntes; e os guardas vigiavam as portas da prisão. Eis que apareceu o anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela. O anjo tocou o ombro de Pedro, acordou-o e disse: "Levanta-te depressa!" As correntes caíram-lhe das mãos. O anjo continuou: "Coloca o cinto e calça tuas sandálias!" Pedro obedeceu e o anjo lhe disse: "Põe tua capa e vem comigo!" Pedro acompanhou-o e não sabia que era realidade o que estava acontecendo por meio do anjo, pois pensava que aquilo era uma visão. Depois de passarem pela primeira e segunda guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade. O portão abriu-se sozinho. Eles saíram, caminharam por uma rua e logo depois o anjo o deixou. Então Pedro caiu em si e disse: "Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava!"

AMBIENTE – Nova perseguição de Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande. Estamos no ano 42. Pedro foi preso, e libertado. É uma catequese de como Deus cuida dos discípulos que dão testemunho.

MENSAGEM - O plano de Deus continua a cumprir-se, mesmo depois da partida de Jesus.
1. A morte de Tiago e a prisão de Pedro mostram como o projeto de Deus gera confronto com as forças da opressão. Mas as dificuldades do mundo não podem calar o testemunho dos discípulos.
2. “A Igreja orava por ele”, mostra a unidade da Igreja e que Deus escuta a oração da comunidade.
3. A libertação de Pedro mostra que Deus está com sua igreja e cuida daqueles que dão testemunho.

ATUALIZAÇÃO A Igreja de Jesus é uma comunidade comprometida com a transformação do mundo.
• O projeto de Deus gera oposição dos que levam vantagem na exploração, na injustiça.
• Nos momentos de perseguição, Deus não nos abandona, dando-nos a coragem.
• A importância da união e da solidariedade da comunidade, com os irmãos que estão em sofrimento. A oração é uma forma de solidariedade.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 33 (34)
De todos os temores me livrou o Senhor Deus.
• Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor estará sempre em minha boca. / Minha alma se gloria no Senhor; / que ouçam os humildes e se alegrem!
• Comigo engrandecei ao Senhor Deus; / exaltemos todos juntos o seu nome! / Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu / e de todos os temores me livrou.
• Contemplai a sua face e alegrai-vos, / e vosso rosto não se cubra de vergonha! / Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido; / e o Senhor o libertou de toda a angústia.
• O anjo do Senhor vem acampar / ao redor dos que o temem e os salva. / Provai e vede quão suave é o Senhor! / Feliz o homem que tem nele o seu refúgio

SEGUNDA LEITURA (2Timóteo 4,6-8. 17-18 Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo. Caríssimo, quanto a mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa. Mas o Senhor esteve ao meu lado e me deu forças; ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente e ouvida por todas as nações; e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me libertará de todo o mal e me salvará para o seu Reino celeste. A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém.
AMBIENTE - Paulo convida a redescobrir o entusiasmo por Jesus e pelo testemunho da Boa Nova.

MENSAGEMPaulo doou sua vida ao Evangelho. Resta-lhe receber a coroa de glória, reservada aos vencedores.  Há duas maneiras de dar a vida por Cristo: uma é gastá-la dia a dia; outra é derramar o sangue por causa da fé. Paulo conheceu as duas modalidades; imitar Paulo é um desafio. O autor pede: apesar das dificuldades, descubram a presença de Deus, confiem, mantenham-se fiéis ao Evangelho: assim recebereis a salvação que Deus reserva a quem combateu o bom combate da fé.

ATUALIZAÇÃO • Paulo é modelo. O caminho não é fácil, mas vale a pena, pois conduz à vida plena.
• Aquele que escolhe Cristo não está só; o Senhor está ao seu lado, dá-lhe força, e livra-o de todo o mal.
Olhando a escolha de Pedro para conduzir a Igreja, podemos perceber que Jesus fundou a sua Igreja sobre a fragilidade humana, ela foi fundada sobre a responsabilidade de um homem sujeito a falhas!
Jesus não edificou a sua igreja sobre homens considerados grandes aos olhos do mundo, mas sobre Pedro, um homem de origem simples, que representa os homens de toda história da Igreja: homens santos e pecadores!

Ambos foram perseverantes na missão que o Senhor lhes confiara: entre lágrimas plantaram a Igreja de Cristo. Finalmente, ambos derramaram o Sangue pelo Senhor.

Ambos viveram profundamente o que pregaram: pregaram o Cristo com a palavra e a vida, tudo dando por Cristo. Pedro disse com acerto: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”; Paulo exclamou com verdade: “Para mim, viver é Cristo. Minha vida presente na carne, eu a vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Dois homens, um amor apaixonado: Jesus Cristo! Duas vidas, um só ideal: anunciar Jesus Cristo! Por Jesus eles apostaram tudo; por Jesus, gastaram a própria vida; da loucura da cruz e da esperança da ressurreição de Jesus, eles fizeram seu tesouro e seu critério de vida.
Finalmente, ambos derramaram o Sangue pelo Senhor. Eis a maior de todas a honras e de todas as glórias para serem herdeiros de sua glória. Eis por que eles são modelo para todos os cristãos! Que eles intercedam por nós na glória de Cristo, para que sejamos fiéis como eles foram.
Sabemos com certeza de fé que a missão de Pedro perdura nos seus sucessores em Roma. Hoje, a missão de Pedro é exercida por Francisco. Nossa comunhão com Pedro é garantia na verdadeira fé. Rezemos, hoje, pelo nosso Santo Padre, Francisco. Que Deus lhe conceda firmeza na fé.

A resposta da comunidade representada por Pedro é uma profissão de fé no “Cristo, Filho do Deus vivo”. 
Essa profissão de fé não é fruto da lógica e do esforço humano, mas é revelação divina, pois quem o revela à comunidade é o próprio Pai, que está no céu. Foi a abertura da comunidade à revelação divina que possibilitou reconhecer o Cristo e confessar a fé nele. E é sobre a fé confessada no Cristo, Filho do Deus vivo, que a Igreja é edificada. A expressão “esta pedra” refere-se à confissão de fé e é um trocadilho com a palavra “Pedro”, por cujos lábios ela é pronunciada. O fundamento da Igreja é Jesus, pedra angular (Mt. 21,42), confessado por Messias/Cristo pela comunidade de seus seguidores.

1. Pedro recebe a revelação de que Jesus é o Messias: “não foi alguém de carne e sangue que te revelou isso, e sim meu Pai do céu” (v. 17b). Mas para Pedro Jesus não passa por um humano a ponto de enfrentar a morte. Pedro está ligado ainda a um Messias glorioso e poderoso (mentalidade da época).
2. Tanto que, logo após Jesus confirmar que Pedro será a pedra sobre a qual edificará a sua Igreja (v. 18-19), Jesus vai dizer-lhe que ele é pedra de tropeço (satanás), porque não pensa do modo de Deus, mas do modo humano (v. 22-23).
3. Jesus mostra as consequências como Messias (vv. 24-28: tomar a cruz … perder a vida … que adianta ganhar o mundo inteiro …). O reconhecimento de Jesus-Messias conduz ao testemunho e à cruz. Pedro vai fazer um longo processo de conversão para identificar sua vida com a do Mestre. Vai deixar de lado um Messias à moda humana (à nossa imagem e semelhança) para tornar-se discípulo à imagem e semelhança de Jesus-Messias-Servo (1ª leitura).
4. Pedro recebe o título de satanás, porque não é inspirado pelo Pai, a pedra que se transforma em tropeço (cf. Is. 8,14-15). Pedro não aceita a paixão do Mestre porque não compreende o valor que ela tem.

5. Pedagogicamente Jesus leva os discípulos para longe de Jerusalém, centro do poder político, econômico e ideológico. Cesaréia de Filipe é uma espécie de “periferia” e terra que espera um anúncio qualificado acerca de quem é Jesus. Assim, a partir dessa realidade, – longe das influências ideológicas do centro, – é que os discípulos são convidados a dar uma resposta plena de quem é Jesus.

6. Pedro responde: “Tu és o Messias (o Cristo), o Filho do Deus vivo!”(v. 16). Jesus é a realização das expectativas messiânicas, o portador da justiça que cria sociedade e história novas. Ele supera, portanto, a barreira do velho e introduz a grande “novidade” (o novo).
7. Reconhecer Jesus desse modo é ser bem-aventurado (v. 17), porque é o projeto de Deus. Ninguém chega a entender “quem é Jesus” a não ser no compromisso com suas propostas (a justiça do Reino) que são as mesmas do Pai.
8. O reconhecimento de Jesus é fruto da vivência de seu projeto (prática da justiça). E a partir de pessoas que, como Pedro, o reconhecem e o confessam é que nasce a comunidade (v. 18a).
9 Pedro, antes pedra de edificação, se torna “satanás”, pois propõe um messianismo diferente (já rejeitado por Jesus nas tentações – cf. 4,1-11).
10. Confessar é aderir a ele com todas as consequências que o testemunho acarreta. O Mestre não é do jeito que Pedro imagina. O Mestre não é do jeito que nós imaginamos. O Mestre quer que nós sejamos do jeito que ele é.
11. E o cristianismo, o que é? É o prolongamento da ação de Cristo que promove a justiça.
12. O poder da comunidade das testemunhas de Cristo é o poder do mesmo Cristo: é o próprio Jesus quem age na comunidade, permitindo-lhe ligar e desligar. É Jesus quem construirá e dará do que é seu. A comunidade administra esse poder a partir do testemunho que vive e anuncia.
13. E Pedro? Sua liderança leva a comunidade ao discernimento e aceitação de tudo o que promove a vida e ao discernimento e rejeição de tudo o que patrocina e provoca a morte.

No livro dos Atos dos Apóstolos vemos a comunidade que sofre por causa dos conflitos e perseguições.
14. Herodes mata por interesses políticos: agradar aos judeus.
15. Acontece com Pedro o mesmo que acontecera com Jesus. Há inclusive coincidência de datas: a referência à festa dos pães sem fermento (v. 3 com Lc. 22,1). Assim como o Pai libertou Jesus da morte, o anjo do Senhor liberta Pedro da prisão.
16. Face à perseguição, Deus é aquele que liberta a comunidade dos seus seguidores. Da mesma forma que libertou Jesus da morte, também conduzirá a comunidade através dos conflitos. E a comunidade, por sua vez, reproduzirá em sua vida a paixão e a páscoa de Jesus, que é uma “paixão” por um mundo novo e libertado.

17. O chamado ‘testamento de Paulo’. Chegou o momento de dar o grande testemunho. Seu sangue derramado, ele interpreta como sacrifício de valor expiatório: “já fui oferecido em libação” (v.6a). A libação de vinho, água ou óleo era, nos sacrifícios judaicos, derramado sobre a vítima (Ex. 29,40; Nm.
18. A morte não é o fim, mas o início da nova viagem. É o último gesto de auto-entrega, a porta de entrada para a meta definitiva. Qual meta? “O Senhor… me levará para o seu Reino eterno” (4,18b).
19. Olhando o passado, Paulo tem consciência de ter cumprido sua missão de forma exemplar, com garra e constância. Usa o exemplo do soldado: “combati o bom combate”, e do atleta que corre no estádio: “terminei minha corrida”. Mas o fundamental para ele é ter corrido em vista da evangelização: “guardei a fé!” (v. 7).
20. Paulo, Olhando para o futuro tem esperança de receber a coroa da justiça.
21. A paixão de Paulo é o prolongamento da paixão de Jesus (cf. Cl. 2,14: “completo em minha carne o que falta nas tribulações de Cristo”).
22. - Abandonado por todos, sua única esperança é Jesus. E isso se torna motivo de profunda alegria, que o leva a render graças e a dar glória a Deus enquanto viver (v. 18b).

R e f l e t i n d o
1. Nos santos se manifesta o que Deus faz por nós e como ele é admirável.
2. Os santos não foram isentos de limitações e pecados (não eram anjos!). O que importa realmente é que fizeram opção radical por seguir Jesus Cristo, confiantes na graça do Espírito e na misericórdia do Pai.
3. A verdade da resposta de Pedro revela a identidade de Jesus: “o Cristo, o Filho do Deus vivo!” Essa resposta comprometeu Pedro com Jesus, pois reconheceu quem ele é e a ele aderiu. Jesus o chama de bem-aventurado.
4. Quando não conhecemos (ou reconhecemos) “quem é Jesus”, não podemos segui-lo. Seguiremos as opiniões dos outros, as convicções dos outros, talvez o caminho dos outros, … mas não o caminho de Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo!
5. Apesar dessa confissão de fé, Pedro continua com suas limitações. Não aceita que Jesus fale de sua paixão (e Jesus o chama de satanás); não queria que Jesus lhe lavasse os pés; usa a espada no monte das oliveiras; negou Jesus três vezes… e fica indeciso diante dos problemas dos não-judeus e das tradições judaicas.
6. Entretanto, Ele será o responsável por manter unidos aqueles homens (tão diferentes) no seguimento de Jesus, o Mestre. Ele não é melhor que ninguém, talvez um dos mais “fracos” dos discípulos, pois, além de abandonar Jesus no pior momento, também o renegou. Por que Jesus o escolheu? Porque Pedro (apesar dos seus pecados) se entregou totalmente no seguimento de Jesus: “tu sabes que eu te amo! Tu sabes o quanto eu te amo! Tu sabes que eu sou fraco… mas tu sabes também o quanto te amo!”
7. Pedro é um homem comum, de carne e osso, “humano” como todos nós. Pedro é um homem verdadeiro, espontâneo, honesto. Quando reconhece que errou volta atrás, se arrepende e continua seu comprometimento com o Mestre. Comprometimento que levou até às últimas consequências: perseguido, preso e martirizado.
8. Pedro foi um homem muito parecido conosco, muito humano nas suas limitações e quedas. Mas foi um homem verdadeiro (honesto consigo mesmo!) que descobriu a verdadeira identidade de Jesus e o seguiu (entrega total, de corpo e alma) … até o fim!
9. Paulo de Tarso relembra as dificuldades por que passou, reafirma sua adesão a Cristo.
10. O encontro com Jesus muda a sua vida: de perseguidor para evangelizador (ai de mim se não evangelizar!).

==========-------------============

Toda Igreja unida

Celebrando hoje a festa de Pedro e Paulo, exaltamos seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e seu ardoroso testemunho no projeto libertador de Deus.

Na pessoa de Pedro, destaca-se o Pastor das Comunidades, aquele que é referência da fé para os irmãos.
Na pessoa de Paulo, aparece mais o líder Missionário, que forma comunidades e faz expandir a fé em todas as nações.
Pedro recorda mais a instituição... Paulo, o carisma...

As Leituras bíblicas nos falam dos dois Apóstolos:

Na 1ª Leitura, vemos PEDRO: (At 12,1-11)

Preso pelas autoridades... "para agradar os judeus"...
Guardado como "perigoso" por 16 homens... e libertado por Deus...
- O texto mostra que o testemunho dos discípulos gera oposição e morte.
  Mas a oposição não pode calar esse testemunho.
- Mostra uma Comunidade cristã unida e solidária, na Oração.
  E Deus escuta a oração da Comunidade...
- Mostra a presença efetiva de Deus na caminhada da Igreja e
  o cuidado de Deus para os que lhe dão testemunho.
  O nosso Deus não nos abandona...

Na 2ª Leitura vemos PAULO: (2Tm 4, 6-8.17-18)

Também está preso, pela última vez: Está ciente da própria condenação.
Faz um balanço final de sua vida a serviço do Evangelho:
- "Estou pronto... chegou a minha hora... combati o bom combate ...
    terminei a corrida... conservei a fé...
- E agora aguardo o prêmio dos justos...
 - O Senhor esteve comigo... a ele GLÓRIA..."
A própria Morte ele a vê como a Libertação definitiva...

* Suas palavras são um "testamento espiritual" sereno e alegre,  consciente do dever cumprido..
   Modelo de Missionário ardoroso e entusiasta...

No Evangelho, Pedro faz a Profissão de Fé e recebe o Primado. (Mt 16, 13-19)

O texto tem duas Partes:
- A primeira de caráter cristológico:
  centra-se em CRISTO e na definição de sua identidade:  "Tu é o Cristo, o Filho de Deus Vivo".
- Na segunda de caráter eclesiológico: centra-se na IGREJA que Jesus convoca à volta de Pedro:
  "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja".
A base ("Rocha") firme sobre a qual vai se assentar a Igreja de Jesus é a fé que Pedro e a Comunidade dos discípulos professaram: a fé em Jesus como o "Messias, Filho de Deus vivo".

Dessa adesão, nasce a Igreja, a Comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro.
A Pedro e à Comunidade dos discípulos é confiado o poder das chaves, isto é, a autoridade para interpretar as palavras de Jesus, às novas necessidades e situações e para acolher ou não novos membros na Comunidade dos discípulos do Reino.
Pedro torna-se assim uma figura de referência para os primeiros cristãos e desempenha um papel de primeiro plano na animação da igreja nascente.

+ PEDRO E PAULO são figuras gigantescas da Igreja primitiva, que tinha a missão de continuar a OBRA salvadora de Cristo...

Na Igreja, Pedro recebe poderes para desempenhar a sua missão: Por isso, nem o poder do inferno terá vez contra ela...

E essa promessa de Cristo não é apenas à pessoa de Pedro.
Se a Igreja deve permanecer, mesmo depois da morte de Pedro, devemos admitir que os poderes concedidos a Pedro,  passem também aos seus legítimos sucessores, que são os PAPAS...

Por isso, nesse dia celebramos também o DIA DO PAPA, que ainda hoje continua sendo sinal de unidade e de comunhão na fé.

O Papa é o chefe visível da Igreja na terra.
Sua missão é espinhosa, sobretudo hoje, com mudanças rápidas e violentas...
com contestações dentro e fora da Igreja...
Como é difícil saber discernir, no meio de tantas turbulências!...

Ele merece o nosso amor...
mas que não seja um amor só de palavras, mas um amor concreto...
Rezando por ele... escutando a sua voz... e praticando seus ensinamentos...

Relembrando as figuras de São Pedro e São Paulo, perguntemo-nos:
- Damos testemunho de Cristo, como eles, no ambiente em que vivemos?
- Acreditamos que somos responsáveis pela continuação do Projeto de Deus?

Relembrando a figura do Papa, continuemos a nossa oração, pedindo a Deus que lhe dê:
- MUITA LUZ... para apontar sempre o melhor caminho para a Igreja... e
- MUITA FORÇA... para enfrentar com otimismo e alegria as contestações do mundo moderno...

A Igreja é um corpo vivo, que se constrói com pedras vivas.
Todos colaboramos na construção, mas sob a guia e supervisão dos que são sucessores de Pedro (o Papa) e dos demais Apóstolos (os bispos).

                                       Pe. Antônio Costa
===========---------------------=============

Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, a nossa idéia era esta: nós conseguimos enxergar, que a fé vai sendo transmitida de uma geração para outra geração. Como é que temos no Evangelho, que Maria cantou o Magnifat? Porque, certamente, ela cantava durante os seus afazeres. Como é que sabemos, que São José era carpinteiro? Porque alguém contou isto. E, com certeza, ele, como chefe da família, ele também rezava os Salmos. Assim, humanamente falando, eles foram transmitindo para Jesus todo o conhecimento bíblico, para que Jesus, enquanto homem, pudesse também transmitir também para a sua geração, aquilo que eles aprenderam de seus pais. Ora, Jesus vai transmitir tudo que sabe, porque ele mesmo diz: “já não vos chamo servos, mas amigos, porque tudo o que o Pai me revelou, eu vos transmiti”. Ele transmite para os doze e estes doze foram transmitindo para outros. Então, eu gostaria, que as pessoas se convencessem disto: não acabou este “de geração a geração”, de tal maneira, que em determinado ponto assumimos transmitir a fé em nosso bairro, em nossa cidade. Isto tem acontecido a mais de dois mil anos. É uma maravilha saber, que o que aprendemos de José, de Maria, passando por são Pedro e são Paulo, vem perdurando até o dia de hoje. São Pedro mostra para nós o caminho para estarmos ligados ao Céu. São Paulo nos revelou a fé, na medida em que ele buscou evangelizar os não judeus e os não judeus inclui a maioria de nós. Só temos a agradecer, agradecer a Deus, é evidente. Agradecer Nossa Senhora, São José e Jesus. Agradecer Pedro, Paulo e os fundadores desta comunidade. Claro, que aqui não podemos deixar de lembrar, que aqui também passa o martírio e o sofrimento. Eu dizia ontem para as crianças: não estamos de vermelho para homenagear a Espanha, não. Nada contra os Espanhóis, mas estamos de vermelho para lembrar o sangue dos mártires. Pedro e Paulo derramaram seu sangue pela causa de Jesus Cristo e Jesus derramou seu sangue para que toda a humanidade fosse salva.
Certamente, São José e Nossa Senhora não ficaram isentos de sofrimentos e quanto sofrimento! Existe um ditado, que diz: O sangue dos mártires rega as sementes de mais cristãos. Hoje, lembrando o martírio de Pedro e de Paulo, nós vamos lembrar destas sementes. Quem é que regou todas as sementes que nos antecederam?  Jesus Cristo. No momento em que se começou a Celebrar a Eucaristia, em cada Celebração fomos lembrando a memória de Jesus: “Fazei isto em minha memória”. Fazendo memória de Jesus Cristo, fomos fazendo Eucaristia. Que bom! Segundo São Paulo, temos dons diferentes segundo a graça que nos foi dada. Quais foram os dons de São Pedro? Certamente, um deles é a sinceridade. São Pedro não sabia bem esconder os seus sentimentos. Não sabia também filtrar as suas reações. De forma, que não é uma única vez, que está no Evangelho e Pedro sem saber o que dizer, disse tal coisa. Ou seja, o dom de São Pedro era mostrar a sua espontaneidade: “Ah, querem prender o mestre”?, Então, puxa a espada e corta no meio, que aliás pegou só na orelha do soldado.
Três anos Jesus falando “Amai-vos uns aos outros”, “Ame o seu inimigo” e na hora H ele esqueceu tudo isso e fez o que o seu coração mandava. Interessante isto. Outras vezes, ele morrendo de medo, se manda, nega Jesus. Pedro é quem ele é, mas tem uma coisa. Ainda ontem lembrava com os jovens a resposta de São Pedro: “Pedro, tu me amas”? – Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo. Jesus sabe tudo de Pedro: o quanto ele ama e o quanto ele é fraco. O quanto ele ama e o quanto ele tem dificuldade de entender a mensagem de Jesus. O quanto ele ama e conhece os seus pecados.
São Pedro é muito parecido com muitos de nós. Muitos de nós. Este é o dom que ele nos oferece. É interessante, que o Evangelho de hoje diz: que ele é a chave para estarmos ligados aos céus.  O que significa, que se formos iguais a ele, está ótimo! Jesus não quer mais do que isto. Se quer estar ligado ao céu, imite São Pedro. Está muito bom, está excelente.
Do outro lado temos São Paulo. Até hoje, no mundo religioso, teologicamente falando, não existiu um pensador que superasse São Paulo. Ninguém consegue produzir teologia, transmitir a fé de maneira mais organizada do que São Paulo. Ele é um intelectual de primeira. Como ele era cidadão romano, era destemido, não tinha medo de entrar em enrascada. Pedro, não. Coitado! Pedro era pescador que tinha pouca leitura. Paulo, não. Paulo recorre até ao imperador. Dons diferentes. Ele fazia questão de dizer: “Eu faço questão de não ser peso para ninguém”. Não é que ele se prevalecia do seu cargo para tirar privilégios, não! Ele utilizava daquilo que ele dispunha, para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. Veja, que São Pedro e São Paulo são dons diferentes. É aí que entra cada um de nós. Cada um sabe fazer algo diferente dos outros. Alguém sabe montar as barracas para a quermesse e eu não sei. A comunidade é assim: um sabe fazer uma coisa, o outro outra coisa. Um pede aqui, outro faz ali. Um fica de nariz torto aqui, outro ali, mas vai caminhando. Por que? Porque ninguém sabe tudo. Jesus sabe o quanto o amamos e o quanto temos de dificuldade. O quanto buscamos levar o Evangelho e o quanto deixamos de fazer. “Senhor, tu sabes tudo”!
Então, hoje é um dia de agradecimento para todos nós. Eu fico feliz em saber, que vem aí uma geração nova para continuar o nosso trabalho. Daqui a sessenta anos, muitos estarão presentes, mas a maioria não! Certamente já vamos estar no céu! É isso que nós entregamos a vocês: novas sementes para serem regadas no sangue de Jesus Cristo na Eucaristia e para celebrarem: Celebrar as vitórias e também Celebrar as derrotas.
Cabe a nossa homenagem àqueles que deram o seu sangue e hoje estão na casa do Pai. Deus sabe direitinho. Isaías nos diz, que Deus tem o nome de cada um na palma da mão. Como Deus é infinito, cabe todos nós.
Peçamos a Deus que nos mantenha perseverantes.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André, SP.

======-----------=========
Homilia de D. Henrique Soares da Costa

“Eis os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”. – Estas palavras que o missal propõe como antífona de entrada desta solenidade, resumem admiravelmente o significado de São Pedro e são Paulo. A Igreja chama a ambos de “corifeus”, isto é líderes, chefes, colunas. E eles o são.

 Primeiramente, porque são apóstolos. Isto é, são testemunhas do Cristo morto e ressuscitado. Sua pregação plantou a Igreja, que vive do testemunho que eles deram. Pedro, discípulo da primeira hora, seguiu Jesus nos dias de sua pregação, recebeu do Senhor o nome de Pedra e foi colocado à frente do colégio dos Doze e de todos os discípulos de Cristo. Generoso e ao mesmo tempo frágil, chegou a negar o Mestre e, após a ressurreição, teve confirmada a missão de apascentar o rebanho de Cristo. Pregou o Evangelho e deu seu último testemunho em Roma, onde foi crucificado sob o Imperador Nero. Paulo não conhecera Jesus segundo a carne. Foi perseguidor ferrenho dos cristãos, até ser alcançado pelo Senhor ressuscitado na estrada de Damasco. Jesus o fez se apóstolo. Pregou o Evangelho incansavelmente pelas principais cidades do Império Romano e fundou inúmeras igrejas. Combateu ardentemente pela fidelidade à novidade cristã, separando a Igreja da Sinagoga. Por fim, foi preso e decapitado em Roma, sob o Imperador Nero.
O que nos encanta nestes gigantes da fé não é somente o fruto de sua obra, tão fecunda. Encanta-nos igualmente a fidelidade à missão. As palavras de Paulo servem também para Pedro: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”. Ambos foram perseverantes e generosos na missão que o Senhor lhes confiara: entre provações e lágrimas, eles fielmente plantaram a Igreja de Cristo, como pastores solícitos pelo rebanho, buscando não o próprio interesse, mas o de Jesus Cristo. Não largaram o arado, não olharam para trás, não desanimaram no caminho… Ambos experimentaram também, dia após dia, a presença e o socorro do Senhor. Paulo, como Pedro, pôde dizer: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar…”
Ambos viveram profundamente o que pregaram: pregaram o Cristo com a palavra e a vida, tudo dando por Cristo. Pedro disse com acerto: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”; Paulo exclamou com verdade: “Para mim, viver é Cristo. Minha vida presente na carne, eu a vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Dois homens, um amor apaixonado: Jesus Cristo! Duas vidas, um só ideal: anunciar Jesus Cristo! Em Jesus eles apostaram tudo; por Jesus, gastaram a própria vida; da loucura da cruz e da esperança da ressurreição de Jesus, eles fizeram seu tesouro e seu critério de vida.
Finalmente, ambos derramaram o Sangue pelo Senhor: “Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”. Eis a maior de todas a honras e de todas as glórias de Pedro e de Paulo: beberam o cálice do Senhor, participando dos seus sofrimentos, unido a ele suas vidas até o martírio em Roma, para serem herdeiros de sua glória. Eis por que eles são modelo para todos os cristãos; eis por que celebramos hoje, com alegria e solenidade o seu glorioso martírio junto ao altar de Deus! Que eles intercedam por nós na glória de Cristo, para que sejamos fiéis como eles foram.
Hoje também, nossos olhos e corações voltam-se para a Igreja de Roma, aquela que foi regada com o sangue dos bem-aventurados Pedro e Paulo, aquela, que guarda seus túmulos, aquela, que é e será sempre a Igreja de Pedro. Alguns loucos, dizem, deturpando totalmente a Escritura, que ela é a Grande Prostituta, a Babilônia. Nós sabemos que ela é a Esposa do Cordeiro, imagem da Jerusalém celeste. Conhecemos e veneramos o ministério que o Senhor Jesus confiou a Pedro e seus sucessores em benefício de toda a Igreja: ser o pastor de todo o rebanho de Cristo e a primeira testemunha da verdadeira fé naquele que é o “Cristo, Filho do Deus vivo”. Sabemos com certeza de fé que a missão de Pedro perdura nos seus sucessores em Roma. Hoje, a missão de Pedro é exercida por Bento XVI. Ao Santo Padre, nossa adesão filial, por fidelidade a Jesus, que o constituiu pastor do rebanho. Não esqueçamos: o Papa será sempre, para nós, o referencial seguro da comunhão na verdadeira fé apostólica e na unidade da Igreja de Cristo. Quando surgem, como ervas daninhas, tantas e tantas seitas cristãs e pseudo-cristãs, nossa comunhão com Pedro é garantia de permanência seguríssima na verdadeira fé. Quando o mundo já não mais se constrói nem se regula pelos critérios do Evangelho, a palavra segura de Pedro é, para nós, uma referência segura daquilo que é ou não é conforme o Evangelho.
Rezemos, hoje, pelo nosso Santo Padre, Papa Francisco. Que Deus lhe conceda saúde de alma e de corpo, firmeza na fé, constância na caridade e uma esperança invencível. E a nós, o Senhor, por misericórdia, conceda permanecer fiéis até a morte na profissão da fé católica, a fé de Pedro e de Paulo, pala qual, em nome de Jesus, “Cristo Filho do Deus vivo”, os Santos Apóstolos derramaram o próprio sangue.
Ao Senhor, que é admirável nos seus santos e nos dá a força para o martírio, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
D. Henrique Soares da Costa

========-------------=========

Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
A Solenidade dos Santos Pedro e Paulo não pretende simplesmente prestar uma justa homenagem àqueles que são considerados as colunas da Igreja Primitiva, mas antes de tudo, é memorial da Páscoa Daquele que é o alicerce sobre o qual essas colunas se levantaram e o fundamento de todo o Edifício, a Igreja, o Corpo de Cristo. A celebração de hoje nos recorda que a fé cristã não é algo individual, mas é um dom concedido por Deus para edificar a sua Igreja, a comunidade dos filhos e filhas de Deus chamados à vida plena. Os apóstolos, primeiras testemunhas da fé, ocupam lugar privilegiado no edifício cujas bases foram edificadas pelo seu testemunho e ensinamento. Contudo, no alicerce de tudo está a adesão a Cristo, a fé-dom que se torna fé-resposta. 
Depois de ter convivido algum tempo com os seus discípulos, Jesus os interroga sobre a sua identidade e missão. Num primeiro momento, o Mestre quer saber o que o povo diz sobre aquela figura misteriosa do Antigo Testamento chamada: “Filho do Homem” (Dn 7,13). A resposta é confusa, não se tem a certeza de quem é, de fato, este personagem. De João Batista ao profeta Jeremias, passando por Elias, enfim, até algum antigo profeta. Caso um desses citados fosse o Filho do Homem, não passaria de uma expectativa frustrada, pois todos, àquelas alturas, já estavam mortos. Mateus é o único evangelista que distingue a pergunta feita por Jesus em relação aos dois personagens diferentes: O filho do Homem e o próprio Jesus. Os outros evangelistas formulam a pergunta como se Jesus estivesse se referindo ao que o povo pensava sobre Ele, e, em seguida, o pensamento dos discípulos.
A resposta de Simão Pedro é direta: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Ainda que Simão Pedro não saiba exatamente o que estava dizendo (basta continuar o texto para comprovar isso: Mt 16,31-23), Jesus o declara bem-aventurado, mas ao mesmo tempo afirma que foi o Pai que está no céu quem revelou a Simão essa verdade de fé. A vocação dos discípulos é um dom que o Pai concedeu ao Filho, quando lhe pedira em oração (ver Mt 9,38), portanto não foi pura intuição humana (carne e sangue) que permitiu a Simão confessar tamanha fé. Por conseguinte, recebido o dom, cresce a responsabilidade: “Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. A palavra aramaica Kepha (língua falada por Jesus) significa pedra (rocha). Como foi atribuída a Simão, na tradução grega assumiu a forma masculina (Petros). Contudo é uma mesma palavra na fala original de Jesus. O jogo de palavras (pedra-Pedro) só se permite no grego, e em algumas outras línguas que têm as duas formas por causa da mudança do gênero (como no português Pedro e pedra; mas já francês tem uma única palavra tanto para pedra como para Pedro: pierre). Portanto, inútil fazer a distinção que pretendem alguns para esvaziar a força da expressão “pedra” atribuída a Pedro. Não há mudança essencial.
Ao usar essa metáfora, Jesus proclama que tanto a fé (Nele) como aquele que crê (Nele) são verdadeiramente “pedra”, isto é, têm fundamentos sólidos. Em Mt 7,24s Jesus já havia usado a metáfora da pedra para indicar o modo autêntico de viver do discípulo: “Aquele que ouve estas minhas palavras e as põe em prática será comparado a um homem sensato que edificou a sua casa sobre a rocha (kepha)”. Portanto, não pode haver dicotomia entre o crer e o crente. Pois o crente se define por aquilo que acredita, e a fé torna-se a sua identidade no mundo, assegurando-lhe a firmeza necessária para não se deixar sucumbir diante da tentação de abandonar ou ideologizar a fé (ver Mt 7,13-23).
A proclamação de fé de Pedro (confissão) sintetiza a fé eclesial: Jesus, “o Messias (Cristo), Filho do Deus vivo”. Partindo da expectativa de fé do Povo de Israel que acreditava que Deus enviaria o seu Messias, Pedro ultrapassa essa expectativa e proclama que Jesus é mais do que o Messias esperado, é o próprio Filho do Deus vivo. Portanto, esta segunda parte representa a diferença fundamental entre a fé judaica e a fé cristã. Admitir que Deus envia um Messias não contradiz a lógica da fé judaica; esta era a fé primitiva de Simão; mas reconhecer que esse Messias é o Filho de Deus, isso só era possível acolhendo a revelação do Pai, isto é um dom da fé cristã. 
Por isso, Simão é bem-aventurado (grego makarios, plenamente feliz) porque vê e ouve o que muitos profetas e justos desejaram ver e não viram, ouvir e não ouviram (Mt 13,16-17). A resposta de fé é o novo fundamento (rocha) sobre o qual será edificada a comunidade (ekklesia) do Messias, Filho do Deus vivo: “Edificarei a minha Igreja”. É a Comunidade comprometida com a Palavra do Senhor (“escuta a minha palavra e a põe em prática), que assume a missão de lutar contra o mal: “As portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela”. No horizonte histórico, na sua missão de mediação, a Igreja realiza a tarefa de abrir ou fechar o acesso ao Reino dos Céus, não tanto como detentora de um poder arbitrário, mas como depositária de uma Palavra que anuncia a vontade de Deus, mas também denuncia tudo aquilo que se opõe ao Reino: “tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”.

Recebendo as chaves do Reino dos Céus, Pedro não se torna o dono da comunidade, nem assume o lugar do Mestre, como se fosse o seu sucessor. Mas deve ser “o servo fiel (fé) e prudente (sabedoria) que o Senhor constituiu sobre a criadagem, para dar-lhe o alimento em tempo oportuno. Feliz (bem-aventurado) aquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar assim fazendo” (Mt 24,45s). 
Neste dia em que rezamos especialmente pelo Papa, renovemos a nossa súplica ao Senhor, que o constituiu o servo da sua Igreja, a fim de que seja sempre fiel a esta sua missão e que sua fé o torne cada vez mais Pedro
Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
===========---------------------===========

PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):

LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)        (Pedro e Paulo)
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O NOSSO DEUS.
- Por Jesus, com Jesus e em Jesus, na força do espírito santo, louvemos ao Pai!
T:  louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
1 Senhor, nosso Deus e Pai, nós vos louvamos pela vossa bondade. Vos agradecemos pelo carinho com que nos criastes e pelo ardor com que nos sustentais. Sabemos que não nos abandonais em nossas dificuldades, em nossas perseguições e em nossas lutas do dia a dia.
T :  louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
2 Pai querido, hoje nos falastes, através de Pedro, que Jesus é o messias, o vosso enviado e que Ele é o Vosso Filho que nos destes para que possamos, através dele, alcançar o Vosso Reino. Nós vos agradecemos por nos terdes dado vosso Filho amado.
T:  louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
3 Pai, dai-nos força e coragem para que possamos, um dia, dizer como Paulo: “Combati um bom combate”. Sabemos que é difícil pregar o Vosso Reino neste mundo de injustiças, de poder opressor, de ganância pelo lucro e cheio de corrupção. Dai-nos a coragem de Paulo e esse ardor de Pedro para que não desanimemos e sejamos corajosos em construir o Vosso Reino.
T:  louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!  
- PAI NOSSO... A Paz ...  Eis o Cordeiro de Deus...




quinta-feira, 20 de junho de 2019

12º DOMINGO DO TEMPO COMUM C, homilias, subsídios homiléticos


12º DOMINGO DO TEMPO COMUM C

SINOPSE:
Tema: “Tomar a cruz” : “Quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará”  – isto é, fazer da própria vida um dom aos outros.

A primeira leitura
apresenta-nos um misterioso profeta “ferido de morte”, que trouxe conversão e purificação para os seus concidadãos. João, o autor do Quarto Evangelho, identificará essa misteriosa figura profética com Cristo.
No Evangelho Jesus apresenta seu caminho que não é de glória nem de triunfos humanos, mas um caminho de amor e de cruz. “Conhecer Jesus” é aderir a Ele e segui-lo nesse caminho de entrega, de doação, de amor total.
A segunda leitura Paulo nos diz, que o cristão deve “revestir-se” de Jesus, renunciar ao egoísmo e ao orgulho e percorrer o caminho do amor e do dom da vida.

PRIMEIRA LEITURA (Zc 12,10-11;13,1) Leitura da profecia de Zacarias.
Assim diz o Senhor: “Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração; eles olharão para mim. Ao que eles feriram de morte, hão de chorá-lo, como se chora a perda de um filho único, e hão de sentir por ele a dor que se sente pela morte de um primogênito. Naquele dia, haverá um grande pranto em Jerusalém, como foi o de Adadremom, no campo de Magedo. Naquele dia, haverá uma fonte acessível à casa de Davi e aos habitantes de Jerusalém, para ablução e purificação”.

AMBIENTE - Depois do anúncio da intervenção de Deus na pessoa de um rei/messias, os textos apresentam-nos um conjunto de oráculos que se referem à salvação e glória de Jerusalém.

MENSAGEM - O profeta anuncia a efusão de um espírito de piedade e de súplica sobre a casa de David e os habitantes de Jerusalém: esse espírito provocará uma transformação interior, numa atitude de confiança e de abertura a Deus.
Tal ação resultará da atividade profética de um misterioso “trespassado”. A figura que melhor ilumina esta passagem ainda é a do “servo sofredor” de Is 53. Como acontece com o “servo de Jahwéh”, o sacrifício deste mártir inocente é fonte de transformação dos corações: um processo de arrependimento e de purificação. João, o autor do Quarto Evangelho, verá em Jesus, morto na cruz e com o coração trespassado pela lança do soldado, a concretização da figura aqui evocada (cf. Jo 19,37).

ATUALIZAÇÃO
¨ Esta figura do “trespassado” faz-nos pensar em todos os “profetas” que lutam pela justiça e são torturados.
¨ Fomos constituídos profetas no momento da nossa opção por Cristo (Baptismo).
¨ Este texto garante-nos que o sofrimento por causa do testemunho profético não é em vão. Do testemunho profético – mesmo quando “cumprido” na dor, na dificuldade, no fracasso aos olhos do mundo – resultará sempre a transformação dos corações, a conversão e, portanto, o nascimento de um mundo novo.

EVANGELHO (Lc 9,18-24) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Certo dia, Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”. Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”. Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém. E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará”.

AMBIENTE - Os discípulos são convidados a tirar as suas conclusões acerca do que viram, ouviram e testemunharam. Quem é este Jesus, que se prepara para cumprir a etapa final de uma vida de entrega, de dom, de amor partilhado?

MENSAGEM - Depois de rezar, Jesus tem sempre uma mensagem importante –que vem do Pai – para comunicar aos discípulos. “Quem é Jesus?” O Povo sonhava com a chegada do libertador anunciado pelos profetas – um grande chefe militar que iria restaurar o império de seu pai David. Jesus não é considerado pelas multidões “o messias”: o Povo identifica-o com Elias, o profeta reservado para o anúncio do grande momento da libertação do Povo de Deus.
Pedro não tem dúvidas em afirmar: “Tu és o messias de Deus”. Dizer que Jesus é o “messias” significa reconhecer nele esse “enviado” de Deus, da linha davídica, que haveria de trazer a libertação. Jesus não discorda da afirmação de Pedro. Ele sabe que sonhavam com um “messias” político, poderoso e vitorioso e apressa-se a desfazer possíveis equívocos e a esclarecer as coisas: Ele é o enviado de Deus para libertar os homens; no entanto, não vai realizar essa libertação não pelas armas, mas pelo amor e pelo dom da vida. No seu horizonte está a cruz: é aí, na entrega da vida por amor, que Ele realizará as antigas promessas de salvação feitas ao seu Povo. Todos são convidados a seguir Jesus, isto é, a tomar – como Ele – a cruz do amor, a renunciar a si mesmo e a fazer da vida um dom.

E Jesus, falando de sua Paixão... Apresenta-se como o "Servo Sofredor", desprezado e rejeitado pelos homens...
o Caminho do Discípulo é o mesmo: "Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me".

Isso implica TRÊS COISAS:
- "Renuncie a si mesmo..."   Libertar-se de toda ambição pessoal.
- "Tome sua cruz cada dia"  Libertar-se do apego à vida e estar pronto a morrer...   nos compromissos diários.
- "E Siga-me..."    Só quem se libertou do eu e do apego à vida, pode seguir Jesus até o fim.
Seguir Jesus não é apenas reconhecê-lo como Messias... é segui-lo no caminho do amor, da verdade e da justiça.

Ainda Hoje, - muitos o reconhecem como um grande Mestre - Mas continuam acreditando que os verdadeiros messias são outros:  os políticos, os generais, os donos das multinacionais...

Quem é Jesus para nós? Cristo é alguém, que está no centro de nossa existência e nos transforma.
“Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; Ainda hoje é assim: o mundo não poderá compreender Jesus em sua verdade última. Uns acham-no um sábio; um iluminado, um filósofo, um revolucionário; Em geral, quase como um mito, bonzinho, romântico, mas sem muita serventia...
               Em Mateus, Jesus claramente: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está no céu” (Mt 16,17). A carne e sangue, isto é, só inteligência humana, não pode alcançar quem é Jesus! Somente na revelação do Pai, isto é, somente na experiência da fé da Igreja, nós podemos ter acesso ao mistério de Cristo, à sua realidade profunda. Portanto, o mundo tem dificuldade de crer, de aceitar o Cristo e as exigências do seu Evangelho! Então, é na escuta fiel e devota da Palavra, na oração pessoal, na vida da comunidade eclesial, no empenho sincero e sacrificado de viver o Evangelho com suas exigências e, sobretudo, na celebração dos santos mistérios que podemos fazer uma experiência autêntica de quem é Jesus. Não cremos simplesmente no Jesus que a ciência ou a história podem apreender; cremos no Cristo crido, adorado, experimentado e anunciado pela Igreja, a partir do testemunho dos apóstolos!
               O núcleo do mistério de Cristo é o mistério de sua cruz. Somente na cruz o discípulo pode reconhecer em profundidade o seu Senhor. Mas, a cruz é uma realidade em nossa vida: a cruz da solidão, do fracasso, da doença, das lágrimas, da pobreza, da morte... Somente quando abraçamos na nossa cruz a cruz de Cristo, podemos, então, compreendê-lo: “renuncie a si mesmo, tome sua cruz, e siga-me!” 
 São Paulo afirmou: tudo eu considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo. Por ele, eu perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar a Cristo e ser achado nele... É preciso que rejeitemos um cristianismo bonzinho, que agrade ao mundo! O cristianismo é radical, é escandaloso, é incompreensível ao mundo “A linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem!” (1Cor 1,18) –E, no entanto, “para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus” (1Cor 1,19). Do coração amoroso e ferido do Cristo, brota a vida do mundo; cremos que pela sua encarnação, cruz e ressurreição ele nos deu uma vida nova. Jesus é a nossa verdade, o nosso caminho e o sentido último da realidade. Por isso nele fomos batizados, dele nos alimentamos e nele queremos viver.
Há palavras da Sagrada Escritura que são muito agradáveis ao ouvido: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sal 22), “Vinde a mim, vós todos os que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28), “Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4,13), “Tu, que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à sombra do Onipotente (…)” (Sal 90).
Outras, ao contrário, são menos agradáveis: “Não podeis servir a Deus e à riqueza” (Mt 6,24), “Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens” (Mc 8,33), “vai, vende tudo o que tens e dá-os aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me” (Mc 10,21). Poderíamos continuar fazendo uma lista, mas já é suficiente. Talvez, uma dessas palavras incômodas do Evangelho é a de hoje: renúncia. Jesus pede como exigência para segui-lo o renegar-se a si mesmo, tomar a cruz de cada dia, perder (doando) a vida pelo Reino (cf. Lc 9,23-24).
Seguir a Cristo é uma decisão com muitas consequências. Ou se aceita ou não se aceita!
O que não pode acontecer é que, por não conseguirmos fazer as coisas bem, digamos que o bem está mal e que o mal está bem. É justamente o que está acontecendo na sociedade. Como se vê, por exemplo, que há pessoas do mesmo sexo que estão convivendo juntos, a lei se põe do lado deles para assegurar-lhes uma união civil. Esta atitude acaba “legalizando”, isto é, dizendo que “está legal” a união dos homossexuais. E não está! Segundo a Bíblia e a doutrina da Igreja, são pecados graves (Lv 18,22; Rm 1,26-27).
É preciso ser coerentes! A partir do momento que decidimos seguir a Cristo, aceitemos tudo o que ele nos propõe. Não podemos seguir a Cristo mantendo as nossas próprias ideias, quando essas são errôneas. Além do mais, Jesus Cristo não é uma ideia, é uma Pessoa.
Isso pode ser duro para escutar e para pregar no mundo atual, mas é preciso acreditar que as pessoas desejam a verdade, o bem e a autêntica beleza. Jesus Cristo não muda a sua doutrina! Quando Jesus falou da Eucaristia, os seus ouvintes acharam que era uma doutrina muito dura e inadmissível. Jesus Não retirou nenhuma só letra daquilo que tinha dito (cfr. Jo 6,60-67). A Igreja não pode falsificar o Evangelho porque nós somos fracos e nem sempre conseguimos vivê-lo, é o Evangelho quem tem que fortalecer-nos e modificar-nos.
Quem quiser ser seu discípulo, deverá imitá-Lo, não apenas uma vez, mas dia após dia, negando-se a si mesmo – vontade, inclinações, gostos – para se conformar com o Mestre sofredor e crucificado.
A pedagogia de Deus, que consiste em converter o homem não pela força, mas pelo exemplo do amor até o fim. A cruz do dia a dia é nossa participação da cruz do Calvário.
 “À luz da Cruz de Cristo, entendemos que é na dor que se manifesta o amor: a verdade do amor, do nosso amor a Deus e a todos os homens”. O Senhor disse por meio de Neemias: Não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força (Ne 8,10).

ATUALIZAÇÃO ♦¨ O Evangelho de hoje define a existência cristã como um “tomar a cruz” do amor, da doação, da entrega aos irmãos. Supõe uma existência vivida na simplicidade, no serviço humilde, na generosidade, no esquecimento de si para se fazer dom aos outros.
¨ Na sociedade e na Igreja, Como é possível usar bem os talentos que nos são confiados, sem nos deixarmos tentar pelo prestígio, pelo poder, pelas honras?
¨ Quem é Jesus, para nós? É alguém que está no centro da nossa existência, com quem nos identificamos e amamos?

SEGUNDA LEITURA (Gl 3,26-29) Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas. Irmãos, vós todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo. Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.

AMBIENTE - Continuamos onde se discute se Cristo basta para chegar à salvação ou são precisas também as obras da Lei. Já sabemos que, para Paulo, só Cristo salva e não as leis de Moisés.

MENSAGEM - Paulo recorda que pelo Batismo, os crentes foram “revestidos de Cristo” e tornaram-se “filhos de Deus”. “revestidos de Cristo” significa que Cristo se estabeleceu uma relação que não é apenas exterior: pelo Batismo os cristãos tornaram-se, como Ele, pessoas que renunciaram à vida velha do egoísmo e do pecado, para viverem a vida nova da entrega a Deus e do amor aos irmãos. Em todos os crentes circula, agora, a vida do próprio Cristo; essa vida veste-os completamente, da cabeça aos pés.
A primeira consequência que daqui resulta é que os cristãos são livres: eles receberam de Cristo uma vida nova e não estão mais sujeitos à escravatura do egoísmo, do pecado e da morte.
A segunda consequência que daqui resulta é que os cristãos são iguais. Identificados com Cristo (porque todos – judeus e não judeus, homens e mulheres – foram revestidos da mesma vida), não há qualquer discriminação quanto à raça, ou ao sexo; todos são “filhos”, com igual direito quanto à herança (todos filhos do mesmo Pai e todos têm acesso, em Cristo, à mesma vida plena). A “salvação” que Cristo trouxe significa a igualdade fundamental de todos.

ATUALIZAÇÃO ¨ O cristão se “revestiu de Cristo”. Significa que assumimos o compromisso de viver como Cristo, de assumir os seus valores, de fazer da nossa vida um dom de amor, de nos entregarmos para construir um mundo de justiça e de paz para todos.
¨ Para os judeus as mulheres eram discriminadas. “Dou-te graças, Deus altíssimo – diz uma célebre oração rabínica – porque não me fizeste pagão, escravo ou mulher”. Paulo proclama, neste texto, que, a partir da nossa identificação com Cristo, toda a discriminação entre os homens e, sobretudo entre os cristãos, carece de sentido.

======-------------=========
Tu és o Cristo

Estamos aqui reunidos, porque somos "cristãos". Mas quem é Cristo para você?

A Palavra de Deus nos propõe a descobrir em Jesus o "Messias" de Deus, que realiza a libertação dos homens através do amor e do dom da vida, e convida cada "cristão" a fazer da própria vida um dom generoso aos irmãos.

A 1ª Leitura apresenta o profeta anuncia e descreve a imagem do Messias:
um homem justo e inocente "transpassado", um servo sofredor,que desperta uma atitude de conversão e volta a Deus. João identificou esse misterioso personagem com Jesus. (Zc 12,10-11;13,1)

A 2ª Leitura afirma que, pelo Batismo, fomos "REVESTIDOS de Cristo". Por isso, devemos renunciar à vida velha do egoísmo e do pecado, para viver a vida nova da entrega a Deus e do amor aos irmãos. (Gl 3,26-29)

No Evangelho temos a profissão de fé de Pedro no Messias e o anúncio da Paixão. (Lc 9,18-24)

No final de sua atividade na Galiléia, Jesus, depois de ter ORADO, provoca os Apóstolos a dizer o que pensam dele, de sua identidade e Missão:

"Quem sou eu no dizer do POVO?"
Estranha curiosidade: Cristo interessado em saber o que os outros pensam dele.
Até parece um levantamento de IBOPE para verificar sua popularidade...
- Responderam-lhe: "João Batista... Elias... ou um dos antigos profetas..."
* Reconhecem em Jesus um grande Mestre, um grande operador de milagres,
mas um HOMEM apenas...

- Os DISCÍPULOS deviam ter uma idéia mais amadurecida, pois foram testemunhas de seus milagres e
destinatários privilegiados de sua doutrina. Por isso, acrescenta:

"Mas PARA VÓS, tornou Jesus, QUEM SOU EU?”
- Pedro, em nome de todos, responde: "Tu és o CRISTO de Deus"
A resposta era exata, eco da profecia de Isaías...
Pedro reconhece o Messias...  - Mas que Messias?
Como esperavam todos os judeus e os demais apóstolos: um "messias" político, poderoso e vitorioso? Por isso não era tudo...

E Jesus completa, apontando "O Caminho de Jesus", falando pela primeira vez de sua Paixão...
Apresenta-se como o "Servo Sofredor", desprezado e rejeitado pelos homens, na expressão usada pelo profeta...
Para os discípulos, que esperavam um Messias-Rei, tal afirmação deve ter sido dura e decepcionante...

Mas Jesus não volta atrás, pelo contrário, reafirma que o Caminho do Discípulo é o mesmo:
"Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-me".

Ele irá à frente para dar o exemplo: Será o primeiro a levar a cruz. Quem quiser ser seu discípulo, há de imitá-lo.
E conclui: "Aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem a perder, por minha causa, esse se salvará".

Isso implica TRÊS COISAS:
- "Renuncie a si mesmo..."
    Libertar-se de toda ambição pessoal. Libertar-se de todas as seguranças em que se apoia o próprio eu, para estar disponível a seguir a Jesus.
- "Tome sua cruz cada dia"
    Libertar-se continuamente do apego à vida e estar pronto a morrer...   nos compromissos diários do cristão.
    A Cruz é Sinal do cristão. Está presente em toda parte, com muitos nomes...
- "E Siga-me..."
    Só quem se libertou do eu e do apego à vida, pode seguir Jesus até o fim, abandonando-se a Deus em favor dos homens.

Seguir Jesus não é apenas reconhecê-lo como Messias... acreditar apenas num pacote de verdades aprendidas na catequese... é segui-lo no caminho do amor, da verdade e da justiça.

Ainda Hoje,
- muitos o reconhecem como um grande Mestre que pregou o amor, a fraternidade, a paz, a justiça;
- o admiram pela atenção dada aos pobres e excluídos;
- o apreciam pela sua coragem, pela sua coerência, pela sua nobreza de espírito, pela sua fortaleza diante da morte...
- Mas continuam acreditando que os verdadeiros messias são outros:  os políticos, os generais, os donos das multinacionais...

Quem é Jesus para nós?

A pergunta de Jesus é ainda atual. Não é apenas uma sondagem de opinião...
Não é suficiente saber o que os outros dizem... é fundamental o que diz a nossa experiência de fé, de esperança e de amor...
Cristo é alguém, que está no centro de nossa existência, cuja vida circula em nós e nos transforma, com quem dialogamos, com quem nos identificamos e a quem amamos?

- Estamos dispostos a segui-lo, também na cruz?
- Reconhecemos Cristo no irmão necessitado, sofredor...  no MIGRANTE, cujo Dia Nacional hoje comemoramos?

                              Pe. Antônio Geraldo
============-------------------------------===========
Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, a pergunta de Jesus, hoje, é dirigida a todos nós. A pergunta de Jesus é: “Quem dizem os homens que eu sou”? Isto é importante para cada um de nós. Às vezes, as pessoas pensam que Jesus é um empecilho na vida! É um empecilho, porque não dá para viver o que ele nos pede. Bom, isto são os outros. Mas, Jesus diz: “E você”? O que é que pensa sobre Jesus? Quem é Jesus para você? O que os outros pensam, não importa tanto. Importa o que eu penso. Ora, por que as pessoas acham que Jesus é um empecilho? Porque nós só conseguimos enxergar Jesus há dois mil anos atrás. Nós não conseguimos perceber Jesus vivo hoje. É evidente, que se eu for viver como eles viviam há dois mil anos atrás, eu não vou conseguir o que Jesus me pede. Claro! Ele diz: “Não leveis duas túnicas”. Mas, a única vez que usamos a túnica é durante a celebração. Então, eu vou ter que andar de túnica agora? “Não sou digno nem de desatar as correias de sua sandália”. Eu vou ter que andar de sandália? “Mais fácil é um camelo passar pelo buraco de uma agulha”. Então, eu vou ter que andar de camelo? Não é assim, a questão. Eu não devo estar preocupado como Jesus vivia em seu tempo, há dois mil anos atrás, mas eu devo recuperar os gestos realizados por Jesus. Isto, às vezes, sequer paramos para pensar. Quais foram os gestos realizados por Jesus? Porque hoje estes gestos podem ser vividos, sim. Há dois mil anos atrás as pessoas se amavam. Hoje continuam se amando. Há dois mil anos atrás as pessoas se odiavam. Hoje continuam se odiando. Então, os gestos, os compromissos com o irmão ou o ignorar o irmão, pode ser feito da mesma maneira, que foi feito há dois mil anos atrás.
Quais são os gestos de Jesus? Ora, um deles, tomou o pão, partiu e deu aos discípulos. Ora, este é um gesto de dois mil anos atrás, que pode se repetir hoje: partir o pão. O que significa partir o pão? Primeiro, significa que temos que sentar à mesa. Claro. Se eu não tenho o hábito de me encontrar com os irmãos ao redor da mesa, então, não adianta. Este gesto não vai dar para ser vivido, é evidente. É claro, que não se condena ninguém, pois sabemos como é corrido o nosso dia a dia, mas podemos sim, abrir um espaço pelo menos uma vez por semana, para sentar-se ao redor da mesa, a família e aí partir o pão, sim. É muito interessante observar, que quem não exercita à mesa, vira bicho. Infelizmente, hoje estão colocando cachorro e gato à mesa e as pessoas estão indo para fora da mesa. Mas, isto são os outros. Nós preservamos este valor; eu tenho que me sentar à mesa, porque é na mesa, que vou descobrir o que é partir o pão. Ah, mas nem comemos pão, pois engorda! Pão é um símbolo! É um símbolo de partilhar a vida. Creiam no que digo: Jesus reservou um tempo imenso da sua vida? Não. Três anos, mas para partilhar com os discípulos tudo aquilo que julgava importante. Agora, nós cremos que Jesus é Deus. Portanto, se nós não tivermos o tempo de Jesus, mais ou menos, será que somos mais ocupados do que ele?  Quantas pessoas dependem da minha atenção? Vinte, trinta, cinquenta? Quantas pessoas tem no mundo? Bilhões? Então, não vamos dizer que somos mais ocupados que Deus. Não. Aí é uma questão de opção. É uma questão de escolha.
Eu estou muito feliz e creio que os catequistas também, porque vocês optaram por partilhar com seus filhos também, um tempo para a catequese. Eu sei o quanto é complicado. Por dois anos os pais trazem os filhos, levam os filhos para a catequese. Ora, mas é uma hora por semana! Jesus partilhou três anos dando catequese para aquele grupo! Mas, Jesus chegou lá. “Para vocês, quem eu sou”? – “Tu és o Cristo de Deus”. Ah, se nós ouvirmos esta resposta de todos que fazem a catequese, atingimos o objetivo.
Ah, mas eles já nasceram sabendo que Jesus é o Cristo. Isto não vale! Olhe o que Jesus disse para Pedro: “Não conte isto para ninguém”. Por que? Não é para saber que Jesus é o Cristo? Não adianta saber com a cabeça. Tem que saber com o coração. É com convicção. É algo que não aprendo nos livros, mas eu experimento na vida. Não vai adiantar eu lhe falar, que Jesus é importante, se você não descobrir esta importância. Você vai achar até interessante, mas não vai além disto. Então, pedir a graça de Deus, primeira leitura de hoje, é fundamental, para que eu possa experimentar Jesus. Mas, eu experimento Jesus, se eu quiser fazer a experiência. É tão interessante, Ana Maria Braga fala isto. Ela falou: “Todas as receitas que eu transmito para vocês, eu experimento antes, para ver se dá certo”. Ora, se eu faço isto com uma receita de bolo, eu teria que fazer com Jesus também, pois Ele é muito mais importante. Como vou transmitir para o outro que Jesus é o Messias, se antes eu não experimentar? Eu tenho que fazer esta experiência. Esta experiência nós fazemos na medida que nos propomos a sentarmos juntos e sentir presente o Cristo vivo que está aqui. Como é que vivemos os valores ensinados por Jesus? Tenho certeza que a maioria, se não todos, vivem isto, mas não tem o hábito de parar para pensar. É o que chamamos oração. Não temos o hábito e achamos que a oração é só o Pai nosso e a Ave Maria, quando na realidade no final do dia seria nos perguntar: como eu experimentei Jesus hoje?  Aí, você vai se lembrar, que deu passagem para um carro, deu o seu lugar para alguém que precisava sentar-se, que deu um trocado para alguém que pediu, que deixou o que estava fazendo para ir ajudar alguém que pediu ajuda, você vai ver, que muitos gestos da sua vida, são gestos que Jesus realizou. Aí, você diz: Senhor, eu vos agradeço, pois hoje vivi muitos gestos que você me ensinou a dois mil anos. Também, haverá momentos que diremos: Senhor, eu não consegui fazer o que você me ensinou; foi sem maldade, eu não pensei direito e acabei deixando de fazer os seus gestos que você me ensinou. Senhor, tende piedade de mim. Me ajude a viver isto. Eu lhe garanto: sua vida será muito melhor, porque, quando agente sente, experimenta Jesus em nossa vida, agente descobre o que significa Ele ter dado a sua vida para nos salvar. Ele nos ensina um caminho seguro. Ele nos ajuda a fazer de nossa vida um estímulo e uma esperança para os outros. Quanta gente está sem esperança! Nós podemos ajuda-las. Obrigado aos pais que trouxeram seus filhos para participar conosco e aprender conosco, pois vocês e eles serão os grandes beneficiados. Aonde se fala de amor e de Deus, aí nós temos concórdia, harmonia, fraternidade, e assim por diante.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.

============-----------------============

Homilia de D. Henrique Soares da Costa

A Palavra que hoje escutamos coloca-nos diante da questão fundamental de nossa fé: quem é Jesus de Nazaré? Sejamos espertos; estejamos atentos a um detalhe importantíssimo: Jesus distingue a pergunta sobre a opinião do mundo daquela outra, sobre a fé dos discípulos. “Quem diz o povo que eu sou?” E as opiniões são humanas e, portanto, incompletas, parciais, superficiais: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”. Ainda hoje é assim: o mundo não poderá jamais compreender Jesus em sua profundidade e verdade última. Uns acham-no um sábio; outros, um iluminado, ou um filósofo, ou um humanista, ou um revolucionário romântico, do tipo Che Guevara; outros acham-no, sinceramente um alienado ou um falso profeta... Em geral, o mundo atual, vê-lo quase como um mito, bonzinho, romântico, mas sem muita serventia prática...
                Mas, Jesus, pergunta aos discípulos, pergunta a nós: “E vós, quem dizeis que eu sou?” A resposta de Pedro é perfeita, é completa: “Tu és o Cristo, o Ungido, o Messias de Deus”. Esta resposta não veio da lógica humana, da inteligência ou da esperteza de Pedro. Em Mateus, Jesus afirma-o claramente: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está no céu” (Mt 16,17). A afirmação do Senhor é clara, direta e gravíssima: carne e sangue, isto é, a só inteligência humana, não pode alcançar quem é Jesus! Somente na revelação do Pai, isto é, somente na experiência da fé da Igreja, nós podemos ter acesso ao mistério de Cristo, à sua realidade profunda. Portanto, não nos deve surpreender se o mundo tem dificuldade de crer realmente, de aceitar seriamente o Cristo e as exigências do seu Evangelho! Não devemos nos importar muito com o que as revistas e as ciências (história, sociologia, antropologia...) dizem a respeito de Jesus. Elas não conseguem penetrar no núcleo do seu mistério; ficam sempre no limiar, na soleira. Então, é na escuta fiel e devota da Palavra, na oração pessoal, na vida da comunidade eclesial, no empenho sincero e sacrificado de viver o Evangelho com suas exigências e, sobretudo, na celebração dos santos mistérios que podemos fazer uma experiência autêntica de quem é Jesus. Não cremos simplesmente no Jesus que a ciência ou a história podem apreender; cremos no Cristo crido, adorado, experimentado e anunciado pela Igreja, a partir do testemunho dos apóstolos!
                Mas, tem mais! O núcleo do mistério de Cristo é o mistério de sua cruz. Observe-se bem: assim que Pedro afirma que Jesus é o Messias, ele precisa, esclarece que tipo de Messias ele é: "O Filho do homem deve sofrer muito, ser rejeitado... deve ser morto e ressuscitar ao terceiro dia”. Somente na cruz o discípulo pode reconhecer em profundidade o seu Senhor. Mas, a cruz não é uma teoria; é uma realidade em nossa vida e na vida do mundo: a cruz da solidão, do fracasso, da doença, das lágrimas, da pobreza, da morte... Somente quando abraçamos na nossa cruz a cruz de Cristo, podemos, então, compreendê-lo: “Se alguém me quer seguir, quer ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me!” Fora da cruz, fora do seguimento de Cristo até o fim, não há verdadeiro conhecimento do Senhor, não há a mínima possibilidade de uma verdadeira comunhão com ele. São Paulo nos emociona, quando afirmou: “O que era para mim lucro eu o tive como perda, por amor de Cristo. Mais ainda: tudo eu considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por ele, eu perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar a Cristo e ser achado nele.. para conhecê-lo, conhecer o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição” (Fl 3,7-11). É preciso que rejeitemos claramente um cristianismo bonzinho, que agrade ao mundo! O cristianismo é radical, é escandaloso, na sua essência, é incompreensível ao mundo “A linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem!” (1Cor 1,18) – Será que não andamos meio esquecidos disso? E, no entanto, “para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus” (1Cor 1,19). Na fé, contemplamos a cruz do Senhor, tão dura para ele e para nós, e vemos nela a fonte de purificação e de vida de que fala a primeira leitura da missa de hoje. Do coração amoroso e ferido do Cristo, brota a vida do mundo e o sentido último da nossa existência. As palavras são impressionantes: “Derramarei um Espírito de graça e de oração... Eles olharão para mim. Quanto ao que traspassaram, haverão de chorá-lo, como se chora a perda de um filho único, e hão de sentir por ele o que se sente pela morte de um primogênito. Naquele dia, haverá uma fonte acessível para a ablução e a purificação”.
                Eis o escândalo: não cremos na tocha olímpica, não cremos que a globalização trará a salvação, não cremos que a ciência salve o ser humano dos demônios e monstros do seu coração, não cremos que a tecnologia nos faça mais felizes, não cremos que o esporte traga a paz universal, não esperamos que o prazer e o poder nos saciem o coração! Não somos idólatras para a perdição! Cremos que Jesus é o Cristo; cremos que pela sua encarnação, cruz e ressurreição ele nos deu uma vida nova, uma torrente de vida na potência do seu Espírito Santo. Cremos que Jesus é a nossa verdade, o nosso caminho e o sentido último da realidade. Por isso nele fomos batizados, dele nos alimentamos e nele queremos viver.
               Quando levarmos isso a sério, seremos cristãos e iluminaremos o mundo. Que o Senhor no-lo conceda por sua misericórdia. Amém.

D. Henrique Soares
==========--------------=========

Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
No centro da perícope evangélica deste XII Domingo do Tempo Comum está o primeiro anúncio que Jesus faz da sua Paixão, Morte e Ressurreição (segundo anúncio: Lc 9,44s). Entre a confissão de Pedro e a apresentação das condições para seguir a Jesus, Lucas insere este dado fundamental, pois evidencia quem é Jesus. É a sua identidade que o distinguirá de todas as expectativas messiânicas do tempo. Portanto, Jesus não é um Messias revolucionário, revanchista e dominador. Não é um reformador religioso, que pretende dar retoques na instituição oficial, nem muito menos um agitador do povo para promover uma depredação dos símbolos da tradição religiosa do seu povo. Mas é o servo sofredor que, como cordeiro levado ao matadouro, não abriu a boca; é o Filho do homem que, pregado na cruz e não sentado num trono, anunciará que o Reino de Deus se consolida à medida que se exerce a autoridade de um modo novo e, por conseguinte, legítimo, isto é, o serviço: “Estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27).
A pergunta que Jesus dirige aos discípulos, em dois tempos, não indica uma ignorância em relação à opinião do povo e dos seus discípulos sobre si, mas é uma forma didática (pergunta retórica) utilizada pelo Mestre para que os próprios discípulos sejam instruídos de forma correta e coerente sobre a identidade Daquele cujo caminho e destino eles são chamados a assumir. A resposta do povo (Elias, João Batista, um dos antigos profetas que ressuscitou) exclui a possibilidade de reconhecer Jesus como o Messias (o Cristo) de Deus; no máximo Ele é visto como um profeta que antecede a chegada daquele Messias esperado por Israel, projetado de acordo com os interesses e expectativas de cada grupo. Reconhecer Jesus apenas como um dos profetas ou mesmo como um sábio é fechar-se à novidade trazida por Ele, ou seja, a salvação. Diante dessa visão reducionista da sua pessoa e missão, Ele mesmo denuncia: “Aqui está alguém maior do que Salomão (sábio), aqui está alguém maior do que Jonas (profeta)” (Lc 11,31.32). Por outro lado, a resposta dos discípulos (Pedro): “O Cristo de Deus”, apesar de ser correta teoricamente, ainda não é completa, pois só na cruz não haverá mais ambiguidade em relação ao verdadeiro Messias: “O centurião, vendo o que acontecera, glorificava a Deus, dizendo: ‘Realmente, este homem era justo” (Lc 23,47). Por isso, “Jesus lhes proibiu severamente de anunciar isso a alguém”.
A unção (grego Christos: ungido) de Jesus não se deu por um ritual, como se fazia com reis no Antigo Testamento, mas é ungido porque o “Espírito Santo está sobre Ele, consagrou-o e enviou-o para evangelizar os pobres, proclamar a remissão aos presos, aos cegos a recuperação da vista, a liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,16-19). 
Exclusiva de Lucas é a informação de que Jesus fez a pergunta aos discípulos num “certo dia quando orava em particular”. A oração é uma constante na vida de Jesus e Lucas faz questão de evidenciar isto. Portanto, este momento no qual Jesus revela que é o Messias, o servo sofredor, está coerentemente sintonizado com as outras circunstâncias importantes da sua vida, onde o marco referencial é a oração; no Batismo: “No momento em que Jesus, também batizado, achava-se em oração” (Lc 3,21); depois que realizava curas: “Eles, porém, permanecia retirado em lugares desertos, e orava” (Lc 5,16); na escolha dos discípulos: “foi à montanha para orar, e passou a noite inteira em oração a Deus. Depois que amanheceu, chamou os discípulos e dentre eles escolheu doze” (Lc 6,12-13); na Transfiguração: “Tomando consigo Pedro, João e Tiago, subiu à montanha para orar. Enquanto orava...” (Lc 9,28.29); quando ensina a orar: “Estando num certo lugar, orando, ao terminar, um de seus discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11,1); predizendo a negação de Pedro, assegura: “Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; eu, porém, orei por ti” (Lc 22,31.32); no Horto das Oliveiras na iminência da sua morte: “Afastou-se deles... e dobrando os joelhos, orava” (Lc 22,41); na cruz ora ao Pai: “Pai, perdoai-lhes: não sabem o que fazem” (Lc 23,35); no reencontro com os discípulos (Emaús), pronuncia a oração de ação de graças (bênção): “Tomou o pão, abençoou-o...” (Lc 24,30); e, por fim, despedindo-se dos seus discípulos, mais uma vez pronuncia a oração de bênção sobre eles (Lc 24,51). 
Portanto, a oração é momento privilegiado para Jesus se revelar, e experiência imprescindível para nós o conhecermos. Fazendo experiência de encontro com Ele, que nos convida a seguir seus passos, assumiremos a sua vida e missão, ainda que devamos perder a vida por causa Dele. É na oração que fazemos o discernimento do chamado. É na oração que encontramos força para renunciar a tudo o que nos impede de segui-lo. É na oração que reconhecemos que a cruz é a verdadeira seta a orientar nossos passos rumo à plenitude de vida. 
===========-------------==========

PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):

 LOUVOR: QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR:
Pres. O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
Pres. Por Jesus, COM JESUS e em Jesus, NA FORÇA DO ESP. SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, nós vos agradecemos pela vossa bondade.
Pres. Pai, olhando para vosso Filho crucificado, descobrimos quão grande é o vosso amor por nós. Pela vossa graça, no batismo nos tornamos vossos filhos prediletos e assumimos a missão da construção de vosso Reino.
T: Senhor, nós vos agradecemos pela vossa bondade.
Pres. Pai, nós Vos louvamos pela nossa transformação, pois pela vossa graça fomos revestidos de Cristo e pertencemos a um só povo que caminha rumo ao vosso Reino.
T: Senhor, nós vos agradecemos pela vossa bondade.
Pres. Pai, nós também afirmamos como os apóstolos; Jesus é o nosso messias, o envidado que nos dá a libertação e a vida eterna.
T: Senhor, nós vos agradecemos pela vossa bondade.
Pres. Pai, enviai-nos o Espírito Santo para que sejamos fortalecidos em nossa fé e tenhamos mais ardor e coragem para transportar nossa cruz na construção da paz. Dai-nos um coração cheio de amor para com nossos irmãos e irmãs. PAI, a Vós elevamos a oração que Jesus nos ensinou:
Pres. PAI NOSSO...    A PAZ DE CRISTO...  EIS O CORDEIRO...