Jo 16, 12-15 - Solenidade da
Trindade SANTA 2019.
SINOPSE:
TEMA: Deus que é amor e comunidade, nos criou
para partilhar este amor.
Primeira
leitura: A bondade e o
amor de Deus manifestam-se nas obras criadas (Jesus Cristo é “sabedoria” de
Deus e o grande revelador do amor do Pai).
Segunda
leitura: Deus nos
“justifica” através do Filho.
Evangelho:
o amor do Pai se
manifesta na entrega do Filho e do Espírito. A meta final é a plena na comunhão
com o Deus.
PRIMEIRA LEITURA (Pr
8,22-31) Leitura do Livro dos Provérbios.
Assim fala a Sabedoria
de Deus: “O Senhor me possuiu como primícia de seus caminhos, antes de suas
obras mais antigas; desde a eternidade fui constituída, desde o princípio,
antes das origens da terra. Fui gerada quando não existiam os abismos, quando
não havia os mananciais das águas, antes que fossem estabelecidas as montanhas,
antes das colinas fui gerada. Ele ainda não havia feito as terras e os campos,
nem os primeiros vestígios de terra do mundo. Quando preparava os céus, ali
estava eu, quando traçava a abóbada sobre o abismo, quando firmava as nuvens lá
no alto e reprimia as fontes do abismo, quando fixava ao mar os seus limites –
de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas – e lançava os fundamentos
da terra, eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia
após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando na superfície da
terra e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”.
AMBIENTE
- O Livro dos Provérbios
apresenta uma coleção de “ditos”, da reflexão (“sabedoria”) dos “sábios”, em
definir as regras para ser feliz. É um artifício literário, através do qual o
autor dá força ao convite de acolher e amar a “sabedoria”. O autor reflete
sobre a origem da sabedoria e a sua função no plano de Deus.
MENSAGEM
- A “sabedoria” tem
origem em Deus. É a primeira das obras de Deus. A “sabedoria” afirma que o seu
interesse é estar “junto dos filhos dos homens e se destina aos homens. A
“sabedoria” aviva a inteligência dos homens e leva-os a Deus. A “sabedoria”
revela aos homens a grandeza e o amor do Deus criador. Os autores
neo-testamentários atribuirão a Jesus algumas das características que este
texto atribui à “sabedoria”: Paulo chama a Jesus “sabedoria” de Deus”, que existe antes de todas as coisas e
desempenhou um papel privilegiado na criação do mundo (Col 1,16-17); por sua
vez, o “prólogo” do Quarto Evangelho atribui ao “Logos”/Jesus os traços da
“sabedoria” criadora e que Ele deu existência a todas as obras criadas. Os
Padres da Igreja verão nesta “sabedoria”, traços de Jesus Cristo ou do Espírito
Santo.
ATUALIZAÇÃO
♦ Contemplar a criação é descobrir, na beleza e na harmonia das
obras criadas, esse Pai cheio de bondade e de amor. A contemplação da obra
criada leva ao espanto e ao louvor.
♦Olhando para a obra de Deus, aprendemos que ao homem compete
reconhecer o poder e a grandeza de Deus e entregar-se, confiante, nas mãos
desse Pai que tudo nos entrega.
♦O desenvolvimento desordenado e a exploração descontrolada dos
recursos da natureza põem em causa a harmonia desse “mundo bom” que Deus criou
e que nos confiou.
SALMO RESPONSORIAL / 8
Ó Senhor nosso Deus, como é grande
vosso nome por todo o universo!
• Contemplando estes
céus que plasmastes / e formastes com dedos de artista; / vendo a lua e
estrelas brilhantes, / perguntamos: “Senhor, que é o homem,/ para dele assim
vos lembrardes / e o tratardes com tanto carinho?”
• Pouco abaixo de Deus
o fizestes, / coroando-o de glória e esplendor; / vós lhe destes poder sobre
tudo,/ vossas obras aos pés lhe pusestes:
• As ovelhas, os bois,
os rebanhos, / todo o gado e as feras da mata; / passarinhos e peixes dos
mares, / todo ser que se move nas águas.
EVANGELHO (Jo
16,12-15)
Naquele tempo, disse
Jesus a seus discípulos: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois
capazes de as compreender agora. Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele
vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo
o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará. Ele me glorificará,
porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai possui é meu.
Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará é meu”.
AMBIENTE
- Jesus vai definir a
missão da comunidade no mundo: testemunhá-lo com a ajuda do Espírito. Jesus
avisa que o caminho do testemunho deparará com a oposição da religião
estabelecida e dos poderes de morte que dominam o mundo; mas os discípulos
contarão com o Espírito: Ele ajudá-los-á e dar-lhes-á segurança no meio da
perseguição. O Espírito ajudará a responder aos novos desafios e a interpretar
as circunstâncias à luz da mensagem de Jesus.
MENSAGEM
- O tema fundamental é a
ajuda do Espírito aos discípulos. Jesus começa por dizer que há muitas outras
coisas que eles não podem compreender de momento. Será o “Espírito da verdade”
que guiará os discípulos para a verdade, que comunicará tudo sobre Jesus e que
interpretará o que está para vir. É pelo Espírito a proposta continua a ecoar
na vida da comunidade. O Espírito não apresentará uma doutrina nova, mas fará
com que a Palavra de Jesus seja sempre a referência da comunidade em caminhada
pelo mundo. Assim, Jesus continuará em comunhão com os discípulos,
comunicando-lhes a sua vida e o seu amor. A última expressão deste texto
sublinha a comunhão existente entre o Pai e o Filho. Essa comunhão atesta a
unidade entre o plano salvador do Pai, proposto nas palavras de Jesus e tornado
realidade na vida da Igreja, por ação do Espírito.
ATUALIZAÇÃO
♦O Espírito
aparece, aqui, como presença divina na caminhada cristã, que potencia a
fidelidade dinâmica dos crentes às propostas que o Pai, através de Jesus, fez
aos homens.
♦ Deus que é amor e através da salvação do Pai, tornado realidade
em Jesus, e continuado pelo Espírito presente na caminhada dos crentes, nos
conduz para a vida plena do amor e da felicidade total – a vida do Homem Novo,
a vida da comunhão e do amor em plenitude.
SEGUNDA LEITURA (Rm
5,1-5) São Paulo aos Romanos.
Irmãos, justificados
pela fé, estamos em paz com Deus, pela mediação do Senhor nosso, Jesus Cristo.
Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos
gloriamos, na esperança da glória de Deus. E não só isso, pois nos gloriamos
também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância, a
constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em
esperança; e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
AMBIENTE
- Fim da terceira viagem
missionária de Paulo. Ele aproveita para apresentar os principais problemas de
relacionamento entre judeu-cristãos e pagão-cristãos. Estamos no ano 58. Paulo
sublinha que o Evangelho é a força que congrega e que salva todo o crente, sem
distinção de judeu, grego ou romano. Paulo acentua que é a “justiça de Deus”
que dá vida a todos sem distinção (Rom 3,1-5,11). Neste texto, Paulo refere-se
à ação de Deus, por Cristo e pelo Espírito, no sentido de “justificar” todo o
homem.
MENSAGEM
- Paulo parte da ideia de
que todos foram justificados pela fé. Na linguagem bíblica, a justiça
define a fidelidade a si próprio, à sua maneira de ser e aos compromissos
assumidos. Ora, se Jahwéh Se manifestou como o Deus da bondade, da misericórdia
e do amor, dizer que Deus é justo não significa dizer que Ele aplica os
mecanismos legais quando o homem infringe as regras; significa que a bondade de
Deus, se manifestam em todas as circunstâncias, mesmo quando o homem não foi
correto no seu proceder. Paulo, ao falar do homem justificado, está
falando do homem pecador que, por iniciativa da misericórdia de Deus, recebe a
graça que o salva do pecado e lhe dá, totalmente gratuito, acesso à salvação.
Ao homem é pedido que acolha, com humildade e confiança, a graça que não depende
dos seus méritos e que se entregue nas mãos de Deus. Este homem, objeto da
graça, é uma nova criatura: é o homem ressuscitado para a vida nova, que é
filho de Deus e co-herdeiro com Cristo. Quais os frutos deste acesso à
salvação? Em primeiro lugar, a paz no sentido teológico de
relação positiva com Deus. Em segundo lugar, a esperança, que nos
permite superar as dificuldades, apontando a um futuro glorioso de vida em
plenitude, na certeza de que a morte não tem a última palavra. Em terceiro
lugar, o amor de Deus ao homem, que age através do Espírito em Jesus de Nazaré
a quem Deus “entregou à morte por nós quando ainda éramos pecadores”. Tudo que
lhe dá sentido, é um dom de Deus Pai que, através de Jesus, demonstra o seu
amor e que, pelo Espírito, derrama continuamente esse amor sobre nós.
ATUALIZAÇÃO
♦Na
Solenidade da Santíssima Trindade, contemplamos o amor de Deus que soube
encontrar formas de vir ao nosso encontro. Apesar do pecado, Deus continua a
amar. Trata-se de um amor gratuito, que se traduz em dons que, uma vez
acolhidos, nos conduzem à felicidade plena.
♦A vinda de Jesus é a expressão plena do amor de Deus e o sinal de
que Deus não nos abandonou, mas quis partilhar conosco a fragilidade da nossa
existência para nos mostrar como nos tornarmos “filhos de Deus” e herdeiros da
vida em plenitude.
♦A presença do Espírito acentua essa realidade de um Deus que
continua presente e atuante, derramando o seu amor ao longo do caminho que dia
a dia vamos percorrendo e impelindo-nos à renovação, à transformação, até
chegarmos à vida plena do Homem Novo.
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Ao Pai, se atribui de modo especial a obra da criação; ao Filho é
atribuída a redenção da humanidade; e ao Espírito Santo, a renovação da vida. O
Espírito Santo é o amor que une o Pai ao Filho. As três Pessoas divinas estão
presentes em tudo. É consolador sabermos que Deus não é egoísta, nem solitário.
É um Deus comunidade de amor, é família, são três pessoas unidas no amor.
Assim também somos nós. Quando vivemos a união e o amor fraterno, a
partilha e a solidariedade. Quando realmente vivemos tudo isso na família, no
ambiente de trabalho, na comunidade, seja onde for, estamos dando testemunho da
presença do Deus Trindade.
Os judeus sabem que Deus é
um só; aquele que os arrancou da terra do Egito, da casa da servidão. Ouvimos
falar dele na primeira leitura: “Reconhece hoje e grava em teu coração, que o
Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra, e que não há outro
além dele". Os muçulmanos afirmam que não há outro Deus a não ser o único
Deus de Abraão. Neste sentido, esta é também a nossa fé. Deus é um só, uma
Essência eterna, infinita, onipotente, imutável. Deus é absolutamente um, que
não pode ser multiplicado nem dividido: ele é Amor todo inteiro, inteiro na
Beleza, inteiro na Infinitude, inteiro na Onipotência e na Onipresença. Pois
bem, como os judeus e como os muçulmanos nós confessamos firmemente que só há
um Deus, absolutamente uno, Senhor do céu e da terra
.
Assim sendo, em Deus não há
três vontades iguais, mas uma só vontade; não há três poderes iguais, mas um só
poder, não três consciências iguais, mas uma só consciência. Mais uma vez: Deus
é absolutamente UM! E, no entanto, os três divinos são absolutamente diversos:
só o Pai gera, só o Filho é gerado, só o Espírito é a própria Geração; só o Pai
é o Amante, só o Filho é o Amado, só o Espírito é o Amor.
O Pai, eterno Amante, tudo
criou através do Filho, eterno Amado, na potência do Espírito Santo, eterno
Amor. Vimos do Pai, pelo Filho, no Espírito; vivemos no Pai pelo Filho no
Espírito; vamos para o Pai, através do Filho no Espírito, Trindade Santa, nossa
vida e plenitude eterna.
O Pai amou tanto o mundo, a
ponto de enviar o seu Filho e, pelo Filho, derramou no nosso coração o Espírito
do Filho que, em nós, clama Abbá, Pai. Por isso, podemos dizer que Deus é amor
e, quem não ama, não conhece a Deus!
Tudo o que
o Pai tem é meu. Por isso, vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará”.
Como é que Cristo pode dizer que “tudo o que o Pai tem é meu”? Só se ele mesmo
for Deus, pode dizer isso. No evangelho de Mateus, Cristo chega a dizer que ninguém
conhece o Pai se não o Filho e que ninguém conhece o Filho senão o Pai. Mas
quem pode conhecer Deus? Só Deus pode conhecer Deus.
Deus dá-se
para salvar-nos. Ele é amor. Mas não só isso: revela-nos que o amor é tudo. Tudo
o que o Pai tem, dá ao Filho, tudo o que Filho tem dá ao Pai. Isso é o amor!
Por outro
lado, se Deus é Trindade e, por isso, comunidade de amor, então o amor é tudo. No
Deus cristão, cada Pessoa dá tudo às outras. A partilha chega a tal
radicalidade que não são três deuses, três indivíduos separados, mas um só. Por
isso, também, o amor entre os homens, como imitação do divino, nunca será
demasiado radical, nunca ninguém de nós poderá sentir-se satisfeito e dizer
“basta já dei suficientemente aos outros”.
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SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE
A melhor Comunidade...
Desde pequenos, aprendemos de nossos pais a fazer o
sinal da cruz e chamar a Deus: de Pai,
Filho e Espírito Santo.
Assim com toda a naturalidade, estávamos invocando o
mistério mais profundo de nossa fé e da vida cristã: o Mistério da Santíssima TRINDADE, cuja festa hoje celebramos.
Mais tarde, na catequese, nos apresentaram o mistério
da Trindade como um exemplo clássico de coisa incompreensível. "É um mistério"!...
O que é um Mistério?
- Na natureza, existem muitos mistérios que hoje não
conhecemos e que um dia poderão ser desvendados.
- Em Deus, o mistério nunca poderá ser totalmente
compreendido, pela grandeza de Deus e pela nossa pequenez... mas podemos e devemos crescer no conhecimento desse mistério.
O que é então a Trindade?
A Santíssima Trindade é o Mistério de um só Deus em
três pessoas.
É uma comunidade de amor vivida pelo Pai, pelo Filho e
pelo Espírito Santo.
Deus, como nos ensina São João, é Amor. E o amor é, ao
mesmo tempo, três e um: aquele que ama, aquele que é amado e o amor entre os
dois.
- Ao "Amor amante", nós chamamos de PAI;
- ao "Amor amado", de FILHO;
- ao "Amor que circula entre os dois e os abre
para o mundo e a humanidade", ESPÍRITO
SANTO
- DEUS PAI
(Criador) que manifesta sua bondade e amor na beleza e na harmonia das
coisas criadas.
- DEUS FILHO
(Jesus): Foi enviado ao mundo pelo Pai, para nos oferecer a vida em
plenitude...
Ensinou-nos a viver o grande projeto de Deus: viver o
amor.
E por amor, deu-nos sua vida para a nossa Salvação.
- DEUS ESPÍRITO
SANTO: renova continuamente na Igreja a salvação iniciada por Cristo.
As Leituras nos ajudam a entender melhor esse tema
central da fé:
- A 1a Leitura fala do
PAI e da sua obra criadora.
Põe em ação seu projeto: cria o universo com
"Sabedoria" e Amor... (Pr
8,22-31)
- A 2a Leitura
apresenta a obra do FILHO, que
realiza o projeto da Salvação.
Ele se torna "um de nós", para justificar
todos os pecadores. Através dele Deus-Pai derrama sobre nós os seus dons (a
paz, a esperança, o amor de Deus) e nos
oferece a vida em plenitude. (Rm 5,1-5)
- A 3a leitura
esclarece a missão do ESPÍRITO SANTO:
completará a obra do Pai e do Filho, para que possamos
aderir plenamente
ao projeto do Pai e à obra salvadora do Filho. (Jo
16,12-15)
+ O Código do Catecismo da Igreja Católica
afirma:
"Deus deixou vestígios desse mistério
na Criação e no Antigo Testamento,
mas a intimidade de Deus Trindade constitui
um mistério inacessível
à inteligência humana e até mesmo à fé de
Israel...
Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo
e
é a fonte de todos os outros
mistérios". (CCIC 45)
Só CRISTO nos revelou claramente essa verdade:
- Fala constantemente do PAI:
- Felipe: "Mostra-nos o Pai..." (Jo 14,8)
Jesus:
"Felipe... quem me vê, vê o
Pai". (Jo 14,8)
- "Quem observa os meus mandamentos... o
Pai o amará...
e viremos nele e faremos nele
morada..." (Jo 14, 23)
- Ensina a
Rezar: "Pai Nosso..." (Lc 11,1 ss)
- Promete muitas vezes o ESPÍRITO SANTO:
"Quando vier o Espírito da Verdade, ele
vos conduzirá à plena Verdade" (Jo
16,13)
* Quando se
despede, no dia da Ascensão, afirma:
"Ide... e batizai em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo." (Mt 28, 19)
+ Por que Jesus nos revelou?
Para nos deixar mais um problema? Não...
- É um gesto de amor e de amizade:
A gente revela
os segredos de sua vida íntima a quem confia... a quem ama...
Porque Deus
nos ama, quis revelar os segredos de sua vida íntima...
- É um convite a também viver em comunhão... em
comunidade...
"Pai, que todos sejam um, como eu e tu
somos um..." (Jo 17,11)
A Trindade é o
modelo da comunidade sonhada por Deus.
+ A FESTA
DA TRINDADE:
- Não é apenas
uma oportunidade para falar da Trindade e
e
compreender e decifrar essa estranha charada de "Um em Três"...
- É um
convite para contemplar Deus, que é amor, que é família, que é comunidade e
que criou os homens para os fazer
comungar nesse mistério de amor.
Deus não é
um ser solitário que vive sozinho perdido no infinito.
O princípio
do Amor é o Pai.
Sua
realização concreta está no Filho
Jesus.
A
perpetuação desse amor é o Espírito
Santo.
- É a festa
da COMUNIDADE.
As
Comunidades cristãs devem, ser a expressão desse Deus, que é amor,
que é
comunidade, vivendo numa experiência verdadeira de amor, de partilha,
de família,
de comunidade... pois a Trindade é a melhor das comunidades.
- É a
festa do BATISMO, que nos tornou participantes da vida da Trindade.
Hoje somos
chamados a renovar nosso compromisso batismal
para sermos
reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão.
Quanto mais
nos esforçamos para viver em comunhão, de partilha e de esperança
num mundo
tão dividido, individualista e desesperançado, melhor entendemos o Mistério da
Santíssima Trindade.
Pe.
Antônio Geraldo
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Homilia
do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, hoje celebramos a
festa da Santíssima Trindade. É muito interessante, pois, para falar da
Santíssima Trindade, a liturgia nos fala do ser humano. Este é o grande
mistério e ao mesmo tampo a grande graça de Deus. Nós podemos entender a Trindade de Deus, a
partir do ser humano. Vejamos
o salmo: este é um dos salmos mais belos, que temos na Bíblia. Ele não tem uma
palavra negativa. Ele poderia dizer: o homem não é Deus, mas ele diz: o homem foi criado um pouco abaixo de Deus. É de propósito. Ele não quer nenhuma
palavra negativa. Que pena, que na correria do dia a dia, não temos o hábito de
contemplar o ser humano. Aliás, o ser humano se tornou apenas objeto de
comércio. Até o próprio trabalho é chamado de mercado de trabalho e eu sou a
mão de obra, eu sou o produto desse mercado.
Deus nos faz um pouco abaixo dele e a
humanidade o coloca abaixo das coisas. Como estamos distantes de Deus! No entanto, Deus não desiste do
ser humano. A todo momento o procura e propõe a ele uma aliança, mas estamos
acostumados a ver coisas. Não a ouvir coisas. Como não vemos Deus, sequer nos
lembramos dele ao longo do dia, em muitos casos. Só vamos nos lembrar de Deus, quando a nossa sabedoria, o nosso dinheiro,
o nosso prestígio, a nossa influência, não resolver e aí tornamos Deus também
um produto do mercado. Quando
é que eu vou ao mercado? Quando eu preciso de um produto; quando é que eu vou
até Deus? Quando eu preciso dele. E, quando Ele não me atender, vou logo
concluir que Deus é uma grande farsa, porque ele tem que me atender, pois
afinal de contas, eu preciso daquilo que estou pedindo. E mais, temos a coragem
de insistir com Deus para que ele nos atenda. Sequer pensamos nele, mas quando
precisamos, aí estamos nós insistindo. E, até revoltados com Deus, pois eu não
mereço isto. É sempre assim, que agente fala.
No salmo 8 Deus diz, que tudo está a sua
disposição. Que bom que eu
não sou Deus, pois eu acho que o problema é este: Ele entregou tudo para o ser
humano. Como o ser humano não sente falta das coisas, então, ele também não
acha necessário Deus. Basta ver o quanto dedicamos ao trabalho, quanto
dedicamos ao lazer e quanto dedicamos a Deus no dia. Uma Celebração é demorada quando passa de uma
hora e quinze, mas não perdemos o jogo de futebol que começa às dez horas e vai
até meia noite. E, antes das
seis horas da tarde, o pessoal não chega para a Celebração sem que antes
termine o futebol, porque é mais importante ver o resultado do que a
Celebração. Sabe, uma coisa não exclui a outra. É uma questão de bom senso. Se
eu tenho disposição para ver o jogo até meia noite, poderia ter disposição para
ter meia hora de oração para com Deus, mas aí já estou cansado. Deus é misericórdia, Deus é pai, Deus é bom.
Então, Ele releva, como
muitos pais fazem com os filhos, que tem disposição para sair com todo mundo,
mas quando o pai pede alguma coisa, diz: estou cansado. Então, o pai diz: está
bem, vá dormir para descansar, amanhã agente vê isso.
Creio que não estou exagerando. Esta é a
pura realidade nossa. O que é que isto tem a ver com a Trindade de Deus? São Paulo vai dizer, que fomos justificados
a partir da fé. No que
consiste a minha fé? No que ela
está baseada? É muito
interessante observar, que, às vezes, vemos Deus tão alto, tão grande, porque a nossa fé é infantil. Nós
só adquirimos a fé daquilo que ouvimos falar de “papai do céu, de Jesus, de
nossa mãe do céu...” e depois
fomos para a catequese e terminado a primeira comunhão, nunca mais aparecemos.
Desenvolvemos todo o nosso potencial, menos na fé. A fé permanece naquela estatura, a fé
permanece raquítica, porque a
criança se desenvolve, mas se eu não desenvolvo alguma dimensão, acabo me
tornando fraco naquela dimensão. Então, fomos justificados na fé. Será que
fomos mesmo? Cada um responda para si. Onde eu começo por adquirir a fé? No Batismo. Quando os pais trazem a criança para ser batizada,
lhes é perguntado: o que
viestes buscar na Igreja? – Eu vim buscar a fé. - Então eu te batizo
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É aí que entra a Trindade em
nossa vida. A Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, entra em nossa vida,
quando começamos a fazer parte
dessa comunidade. Eu, quando
presido a Celebração do Batismo, sempre pergunto para os pais: por que teu filho vai te reconhecer como pai?
eles dizem: por causa do amor. Eu digo: não, o avô também ama e no entanto, um vai ser chamado de Pai e
o outro de avô. Por que você vai ser chamada de mãe? – Por causa de minha
dedicação. – A avó, a tia, também vai se dedicar. No entanto, uma será chamada
de mãe, outra de vó e outra de tia. Por que a criança consegue esta distinção?
Custa chegar na resposta, que é o óbvio: é porque lhe ensinaram
assim. Quando eu
digo: vem com o papai, ele consegue casar a idéia; este é o papai. Vem com o
titio, este é o titio. Vem com a mamãe, esta é a mamãe. Assim é Deus. Se eu não
falo de Deus para as crianças, elas não vão aprender quem é Deus e vão crescer
pensando, que Deus realmente não existe. De nada vale eu batizar a criança se
não lhe ensinar a reconhecer o Deus Pai, o Deus Filho e o Deus Espírito Santo.
Não seria, então, melhor batizar como adulto? Claro que não. Imaginou se eu vou
esperar a criança crescer para depois perguntar que roupa vai usar, que comida
vai comer? Que médico vai, o que vai querer estudar na vida? Não. Não é assim
que funciona. Pessoas que pensam assim são pessoas que não sabem o que ensinar
aos filhos sobre a fé. Não. Fomos
feitos um pouco abaixo de Deus. Eu preciso saber onde está Deus, para saber
onde está o ser humano. Aí, eu aprendo e começo a respeitar o ser
humano.
O livro de provérbios trás, hoje, uma
revelação esplêndida: Deus
criou o universo brincando. É
claro, na medida em que vamos adquirindo uma certa idade, vamos aprendendo que
a vida não é só brincadeira, mas todos precisam brincar. Na forma como a criança brinca, se
demonstra a imagem e semelhança de Deus. É no lúdico, na brincadeira, que a criança aprende a ser criativa.
Em sendo criativa, ela se torna imagem do criador. É assim
que a criança é a imagem de Deus. O jovem é adquirindo
a sabedoria nos estudos. O adulto é transformando a natureza no que é
necessário para o consumo. O idoso é contemplando toda obra realizada
durante a vida. Ora, aqui
entre nós, no mundo, temos todos os elementos necessários para aprender a
ocupar o nosso lugar: um pouco abaixo de Deus. Por que isto é importante? Para
que eu tenha a vida eterna. Este foi o grande debate entre judeus e cristãos:
como é que Cristo pode ser Deus, se ele foi criado. É o livro de provérbios de hoje: “No princípio
eu fui constituído”. Ora, como ele foi constituído? Então, ele não existia! E
se não existia e passou a existir, então, não é eterno. Santo Eusébio, são
Crisóstomo, nos ajudaram a compreender, que no texto está: “Desde o início fui gerado”. E, é o ser
humano, que é Jesus, que é gerado. Agente não diz: a senhora está para dar cria da criança. Não. Isto
é só para animal. Agente diz: a senhora está gerando uma criança. O que
significa, que ela já está em Deus, desde toda eternidade e que agora,
simplesmente, está sendo gerada. Daqui a pouco, no creio, iremos dizer: creio em Jesus Cristo, gerado
e não criado, consubstancial ao Pai. Jesus não foi criado, mas gerado. O Pai, o Filho e o Espírito, de
fato, é um Deus que é eterno. Quando
eu comungo a hóstia consagrada, eu entro em comunhão com este Deus. É Ele que
me leva à vida eterna. É Ele que leva a ocupar o lugar para o qual eu fui
gerado: um pouco abaixo de Deus, mas vivendo em comunhão com Ele.
Como isto é bom, quando perdemos alguém que
amamos. Porque nós sabemos
que ela não está sozinha, mas ela está em plena comunhão com Deus e não existe
companhia melhor do que Deus. Ninguém de nós pode ser melhor do que Deus para
acompanhar, cuidar, para estar com alguém. Se eu quiser usar esta palavra, que eu
não acredito, mas muita gente usa: “perdi meu ente querido”. Você perdeu para alguém que é melhor do
que você, então, perdeu para alguém que vale a pena. Não perdeu para alguém igual ou pior.
Para que perde, sabe: perder para o melhor, não é vergonha. A vergonha é quando
eu perco para o pior. Eu perdi para Deus: então, eu não perdi. Ela simplesmente
ocupou o lugar para o qual foi criada.
É na família, que aprendemos estes valores
todos. O pai, a mãe e o filho, acabam revelando, para nós, a Trindade de Deus,
porque é ali que eu aprendo a viver em comunhão. De fato, é ali que aprendo a
respeitar um ao outro. De fato, é ali que aprendo os valores a serem vividos. Que
Deus nos ajude a compreender e a viver estas grandezas.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe.
Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.
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HOMILIA de D. Henrique Soares:
É estranho celebrar com uma festa
litúrgica a Santíssima Trindade, pois a Trindade Santa é celebrada em toda a
vida cristã e, particularmente, em toda e cada Eucaristia. Recordemos que
a Missa é glorificação da Trindade Santíssima, na qual o Filho se oferece e é
por nós oferecido ao Pai no Espírito Santo, para a salvação nossa e do mundo
inteiro. Mas, aproveitando a festa hodierna, façamos algumas considerações que
nos ajudem na contemplação e adoração desse Mistério tão santo, que nos desvela
a vida íntima do próprio Deus.
Poderíamos começar com uma
pergunta provocadora: como a Igreja descobriu a Trindade? Descobriu, como duas
pessoas se descobrem: revelando-se! Duas pessoas somente se conhecem de verdade
se conviverem, se forem se revelando no dia-a-dia, se se amarem. Só há
verdadeiro conhecimento onde há verdadeiro amor. É costume dizer-se que ninguém
ama o que não conhece; pois, que seja dito também: ninguém conhece o que não
ama. O amor é a forma mais profunda e completa de conhecimento! Foi, portanto,
por puro amor a nós, à nossa pobre humanidade, que Deus quis dirigir-se a nós,
revelar-se, convivendo conosco, abrindo-nos seu coração, dando-nos a conhecer e
a experimentar seu amor… E fez isso trinitariamente! Então, desde o início, a
Igreja experimentou Deus na sua vida concreta, e o experimentou
trinitariamente, como Pai, como Filho e como Espírito Santo. Antes de falar
sobre a Trindade, a Igreja experimentou a Trindade!
Primeiramente, o Senhor Deus incutiu no
coração do povo de Israel e da própria Igreja que ele é um só: “Ouve, ó Israel,
o Senhor nosso Deus, o Senhor é um só!” Um porque não pode haver outro ao seu
lado, Um porque não pode ser multiplicado, Um porque não pode ser dividido e Um
porque deve ser o único horizonte, o único apoio, a única rocha de nossa
existência: ele, o Senhor Deus, é o único absoluto, o único que é, sem
princípio e sem fim, sem mudança e sem limite! Jamais poderemos imaginar tal
grandeza, tal plenitude, tal suficiência de si mesmo! Deus É – e basta! Tudo o
mais apenas existe porque vem dele, daquele que É! Mas, ele não é um Deus frio:
sempre apresentou-se ao povo de Israel como um Deus amante, um Deus de misericórdia
e compaixão, um Deus que não sossega enquanto não levar à plenitude da vida as
suas criaturas. Por isso, com paciência e bondade, conduziu o seu povo de
Israel, formando-o, educando-o, orientando-o e prometendo um futuro de bênção e
plenitude, de eternidade e abundância de dons, que se concretizaria com um
personagem que ele enviaria: o Messias, seu Ungido.
Esse Messias prometido, nós, cristãos, o
reconhecemos em Jesus, nosso Senhor. Ele é o enviado de Deus, do Deus único,
Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, Deus do povo de Israel. A esse Deus tão
grande e tão santo, Jesus chamava de Abbá – Papai: o meu Papai! A si mesmo,
Jesus se chamava “o Filho” – Filho único, unigênito de Deus, Filho Amado! Mais
ainda: o próprio Jesus, que veio para nós e por amor de nós, agiu neste mundo,
em nosso favor, com uma autoridade que ultrapassava de longe a autoridade de um
simples ser humano: ele agia como o próprio Deus. Não só interpretava a Lei de
Moisés, como também a modificou e a ultrapassou; perdoava os pecados, exigia um
amor e uma obediência absolutos à sua pessoa… amor que somente Deus pode
exigir. Jesus se revelava igual ao Pai, absolutamente unido a ele: “Eu e o Pai
somos uma coisa só! Quem me vê, vê o Pai. Eu estou no Pai e o Pai está em mim”.
Após a ressurreição, a Igreja compreendeu, impressionada, maravilhada: Jesus
não somente é o enviado daquele Deus a quem chamava de “Pai”, mas ele é igual
ao Pai: ele é Deus como o Pai, é eterno como o Pai, é o Filho amado pelo Pai
desde toda a eternidade. Então, o Deus de Israel é Pai, Pai eterno, Pai
eternamente, que eternamente gera no amor o Filho amado. Por amor, ele nos
enviou este Filho: “Verdadeiro homem, concebido do Espírito Santo e nascido da
Virgem Maria, viveu em tudo a condição humana, menos o pecado. Anunciou aos
pobres a salvação, aos oprimidos, a liberdade, aos tristes, a alegria”. E para
realizar o plano de amor do Pai, “entregou-se à morte e, ressuscitando dos
mortos, venceu a morte e renovou a vida”.
Mas, há ainda mais: o Filho,
ressuscitado e glorificado, derramou sobre seus discípulos o Espírito Santo,
que é o próprio Amor que o liga ao Pai. Este Espírito de Amor não é uma coisa,
não é simplesmente uma força, não é algo: é Alguém, é o Amor que une o Pai e o
Filho, e agora é, na Igreja de Cristo, o Paráclito-Consolador, Aquele que dá
testemunho de Jesus morto e ressuscitado, Aquele que vivifica e orienta a
Igreja, Aquele que renova em Cristo todas as coisas. Ele é o Dom que o Filho
ressuscitado recebeu do Pai e derramou sobre a Igreja, para santificar todas as
coisas. Este Espírito permanece no nosso meio na Palavra e nos sacramentos;
este Espírito conserva a Igreja unida na mesma fé e na mesma caridade fraterna,
este Espírito é a Força divina, a Energia criadora que nos ressuscitará, como
ressuscitou o Filho Jesus para a glória do Pai.
É assim que a Igreja confessa um só
Deus, imutável, indivisível, perfeito, eterno, absolutamente um só. Mas
confessa e experimenta igualmente que este Deus único é real e verdadeiramente
Pai, Filho e Espírito Santo, numa Trindade de amor perfeito e perfeitíssima
Unidade. A oração inicial da Missa de hoje, exprime este Mistério: “Ó Deus,
nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade, que é o Filho, e o Espírito
santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que, professando a
verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade
onipotente”.
Continuemos, então, a nossa Eucaristia,
na qual torna-se presente sobre o Altar a oferta do Filho que, por nós,
entregou-se ao Pai num Espírito eterno.
Ao Pai, ao Filho e ao Santo Espírito,
Trindade santa a consubstancial, a glória e o louvor pelos séculos dos séculos.
Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
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Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
A Festa de Pentecostes anuncia que toda
a obra de Deus no tempo e na história alcançou a sua realização, mistério
realizado pelo Pai através do seu Filho no Espírito Santo. A Solenidade da
Santíssima Trindade, no domingo seguinte a Pentecostes na dinâmica do ano
litúrgico, torna-se um momento propício para fazer uma retrospectiva de toda a
Obra de Deus, que se revelou como Uno (Antigo Testamento) e Trino (Novo
Testamento). Mais do que tentarmos uma explicação do Mistério da Trindade,
devemos reconhecer a nossa pequenez diante de tão excelsa realidade. Mais do
que buscar encaixá-la na nossa cabeça, deixemo-nos conduzir para o Seu coração,
onde devemos mergulhar para encontrar a vida em plenitude.
A distinção didática das Pessoas Divinas não nos permite separá-las, nem muito menos torná-las uma equipe que se divide para realizar diferentes tarefas. Atribuir a obra da criação somente ao Pai, e a obra da redenção somente ao Filho e, por sua vez, pensar que o Espírito Santo é um personagem que entra em cena apenas para dar acabamento a obras de outros, é cair no erro de pensar Deus segundo os nossos esquemas lineares e perder a oportunidade de participar da vida de Deus que é eterna comunhão e perene movimento de amor.
A distinção didática das Pessoas Divinas não nos permite separá-las, nem muito menos torná-las uma equipe que se divide para realizar diferentes tarefas. Atribuir a obra da criação somente ao Pai, e a obra da redenção somente ao Filho e, por sua vez, pensar que o Espírito Santo é um personagem que entra em cena apenas para dar acabamento a obras de outros, é cair no erro de pensar Deus segundo os nossos esquemas lineares e perder a oportunidade de participar da vida de Deus que é eterna comunhão e perene movimento de amor.
A revelação cristã, cujas raízes se
encontram na experiência de fé do Povo de Israel, depositário de uma fé
histórica, alimentada pela experiência de encontro com o Deus, que mesmo sendo
Todo-poderoso e Eterno ouve o clamor do seu povo e desce para libertá-lo, nos
apresenta a grande novidade: Deus é comunhão transbordante, isto é, não é uma
realidade de pura transcendência incomunicável nos céus, nem uma simplória
imanência panteísta, sem identidade e diluída na terra.
Reconhecer que Deus é Trindade é
reafirmar que essencialmente somos trinitários. Contudo, isto não significa que
O fazemos nossa imagem e semelhança, projetando Nele o que percebemos sermos
nós, mas descobrimos que se somos trinitários é porque Ele nos fez à sua imagem
e semelhança. Pensar a nossa origem prescindindo dessa verdade incontestável,
isto é, de que somos um porque somos comunhão de três, é admitir o absurdo e
cair no vazio. Começamos a existir como ser humano porque dois humanos se
uniram, e portanto, não são mais dois, mas três. Destarte, na origem de cada um, revela-se uma relação
trinitária. Cada um de nós é indivíduo (um não dividido), mas também somos
pessoas (capazes de relação). Reconhecer
e crer na Santíssima Trindade é testemunhar a verdade mais íntima e
irrenunciável do ser humano.
Uma das experiências mais marcantes na vida do ser humano é a sua capacidade irresistível de autocomunicação, pois aí ele afirma a sua identidade, e cura-se da sua tendência egocêntrica, que destrói o seu ser pessoa. A liturgia, sobretudo a escuta da Palavra, nos conduz à experiência do encontro com o Deus vivo que se autocomunica, isto é, não apenas nos informa sobre Si, mas nos conforma a Si. Neste ano C, contemplamos o Mistério Trinitário que se revela aos homens a fim de que alcancem a verdade: Deus comunica a sua própria vida. Tal revelação trinitária é única, por isso tudo aquilo que o Espírito da verdade comunica, recebeu do Filho e pertence ao Pai.
Uma das experiências mais marcantes na vida do ser humano é a sua capacidade irresistível de autocomunicação, pois aí ele afirma a sua identidade, e cura-se da sua tendência egocêntrica, que destrói o seu ser pessoa. A liturgia, sobretudo a escuta da Palavra, nos conduz à experiência do encontro com o Deus vivo que se autocomunica, isto é, não apenas nos informa sobre Si, mas nos conforma a Si. Neste ano C, contemplamos o Mistério Trinitário que se revela aos homens a fim de que alcancem a verdade: Deus comunica a sua própria vida. Tal revelação trinitária é única, por isso tudo aquilo que o Espírito da verdade comunica, recebeu do Filho e pertence ao Pai.
Contudo, tal revelação do Eterno se dá
no tempo, respeitando as suas condições e limites, por isso Jesus afirma:
“Tenho ainda muito a vos dizer, mas não podeis agora compreender”. O fato de os
discípulos não terem a capacidade atual de compreender o que Jesus tem a dizer
não significa que foram privados da revelação ou que a ignorância humana será o
eterno empecilho de conhecer a Deus. Se Deus não cabe na cabeça do ser humano,
Ele alarga o coração do homem que acolhe a presença do Espírito Santo para aí
habitar: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena”. A verdade não é conhecimento teórico da
realidade, uma especulação de como as coisas funcionam, mas a verdade revela-se
no encontro com uma Pessoa: “Ele me glorificará porque receberá do que é meu e
vos anunciará”. Aquilo que é de Jesus é aquilo que Ele mesmo é: a vida. No
início do seu evangelho, João já havia antecipado: “Nele estava a vida e a vida
era a luz dos homens” (Jo 1,4). E esta vida é o dom do Pai dado através do Filho: “Ora, a vida
eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o Deus único verdadeiro e aquele que
enviaste, Jesus Cristo” (Jo 17,3). O Espírito Santo atualiza esta verdade em
nossos corações e socorre a nossa fraqueza para que acreditemos nela.
Celebrar a Santíssima Trindade é
reconhecer que não é suficiente apenas compreendê-La, isto é, ter argumentos para afirmar a sua existência,
mas é necessário acima de tudo, amá-La, ou seja, estabelecer com Ela relação, a
fim de que a vida que Dela promana não se encerre, alcance plenitude.
Reconhecer no Deus Uno e Trino a fonte e a origem da nossa vida é testemunhar que o primeiro e fundamental momento da nossa vida não nos garantiu uma compreensão de que estávamos começando a existir, mas nos proporcionou a experiência de estarmos sendo amados e acolhidos ou rejeitados e excluídos, experiência que marcará toda a nossa existência. Na experiência da revelação cristã, na relação com Deus, só existe uma possibilidade: o amor que acolhe, pois foi o mesmo que gerou.
A comunhão da Trindade não é apenas a razão e o ícone para a nossa existência na terra, mas é a realidade em esperança da nossa vida no céu, hoje escondida na eternidade, assim como Ela mesma está escondida no mistério que a envolve. Escondida não para permanecer desconhecida e ignorada, mas para ser buscada num eterno movimento de amor. Quem ama não desiste de buscar, pois crê que o Amado se deixa conhecer, se deixa também encontrar, como afirma Santo Agostinho: “Não me prives de ter o que amo, pois tu me deste a capacidade de amar”.
Reconhecer no Deus Uno e Trino a fonte e a origem da nossa vida é testemunhar que o primeiro e fundamental momento da nossa vida não nos garantiu uma compreensão de que estávamos começando a existir, mas nos proporcionou a experiência de estarmos sendo amados e acolhidos ou rejeitados e excluídos, experiência que marcará toda a nossa existência. Na experiência da revelação cristã, na relação com Deus, só existe uma possibilidade: o amor que acolhe, pois foi o mesmo que gerou.
A comunhão da Trindade não é apenas a razão e o ícone para a nossa existência na terra, mas é a realidade em esperança da nossa vida no céu, hoje escondida na eternidade, assim como Ela mesma está escondida no mistério que a envolve. Escondida não para permanecer desconhecida e ignorada, mas para ser buscada num eterno movimento de amor. Quem ama não desiste de buscar, pois crê que o Amado se deixa conhecer, se deixa também encontrar, como afirma Santo Agostinho: “Não me prives de ter o que amo, pois tu me deste a capacidade de amar”.
Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ.
Mestre em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana.
Professor nos Seminários de Campina Grande-PB, Caruaru-PE e João Pessoa-PB.
Membro da Comissão Teológica Dehoniana Continental – América Latina (CTDC-AL)
Mestre em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana.
Professor nos Seminários de Campina Grande-PB, Caruaru-PE e João Pessoa-PB.
Membro da Comissão Teológica Dehoniana Continental – América Latina (CTDC-AL)
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Para a Celebração da Palavra (Diáconos e ministros da
Palavra):
LOUVOR (QUANDO
O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR:
Pres. O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS
GRAÇAS AO SENHOR...
Pres. COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO
ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Ó DEUS DE BONDADE, NÓS VOS LOUVAMOS E VOS
BENDIZEMOS!
Pres. Deus eterno, Pai
e criador de todo o universo, contemplamos o céu, a terra, os oceanos e todas
as vossas maravilhas, onde vemos a obra admirável da Vossa Sabedoria.
T: Ó DEUS DE BONDADE, NÓS VOS LOUVAMOS E VOS
BENDIZEMOS!
Pres. Pai, nós Vos
damos graças pela nossa existência e pelos dons que nos destes: a justiça, a
paz, a fé, a esperança e o Vosso amor, que derramastes em nossos corações pelo
Esp. Santo.
T: Ó DEUS DE BONDADE, NÓS VOS LOUVAMOS E VOS
BENDIZEMOS!
Pres. Deus fiel, Pai
rico em misericórdia, que nos foi revelado pelo Vosso Filho no Espírito Santo.
Nós Vos damos graças, porque nos introduzes na comunhão da Vossa glória. Pai,
guiai-nos nos vossos caminhos e dai-nos força e perseverança.
T: Ó DEUS DE BONDADE, NÓS VOS LOUVAMOS E VOS
BENDIZEMOS!
Pres. Pai bondoso e
fiel, nós vos agradecemos por nos terdes enviado Vosso Filho, vos agradecemos
por nos enviar o Espírito Santo que nos ensina e nos ajuda a compreender a
vossa vontade.
T: Ó DEUS DE BONDADE, NÓS VOS LOUVAMOS E VOS
BENDIZEMOS!
PAI NOSSO...
A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO DE DEUS...
Pe.Pedrinho
- Trindade
1 Nós podemos entender a Trindade de Deus, a partir do
ser humano.
2 Vejamos o salmo: o homem foi criado um pouco abaixo
de Deus. É de propósito.
3 Deus nos faz um pouco abaixo dele e a humanidade o
coloca abaixo das coisas.
4 Só vamos nos lembrar de Deus, quando a nossa
sabedoria, o nosso dinheiro, o nosso prestígio, a nossa influência, não
resolver e aí tornamos Deus também um produto do mercado. Quando é que eu vou
ao mercado?
5 No salmo 8 Deus diz, que tudo está a sua disposição.
o problema é este: Basta ver o quanto dedicamos a Deus no dia. Uma Celebração é
demorada quando passa de uma hora e quinze, mas não perdemos o jogo de futebol
que começa às dez horas e vai até meia noite.
6 Deus é misericórdia, Deus é pai, Deus é bom. Então,
Ele releva.
7 São Paulo vai dizer,
que fomos justificados a partir da fé. Nos gloriamos, na esperança da glória de
Deus. ... Nos gloriamos também de nossas
tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância, a constância leva a
uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança; e a esperança
não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado.
8 No que consiste a minha fé? No que ela está baseada?
Vemos Deus tão alto, tão grande, porque a nossa fé é infantil. Nós só
adquirimos a fé daquilo que ouvimos falar de “papai do céu, de Jesus, de nossa
mãe do céu...” e depois catequese e a primeira comunhão, nunca mais aparecemos.
Desenvolvemos todo o nosso potencial, menos na fé. A fé permanece naquela
estatura, a fé permanece raquítica,
9 Onde eu começo por adquirir a fé? No Batismo. Eu vim
buscar a fé. - começamos a fazer parte dessa comunidade. Por que teu filho vai
te reconhecer como pai? amor? O avô também ama. mãe? – dedicação. – A avó, a
tia, também vai se dedicar: é porque
lhe ensinaram assim.
10 Fomos feitos um pouco abaixo de Deus. Eu preciso
saber onde está Deus, para saber onde está o ser humano. Aí, eu aprendo e
começo a respeitar o ser humano.
11 O livro de provérbios: Deus criou o universo
brincando.
Na forma como a criança brinca, se demonstra a imagem
e semelhança de Deus. É no lúdico, que a criança aprende a ser criativa. Em
sendo criativa, ela se torna imagem do criador.
O jovem é adquirindo a sabedoria nos estudos.
O adulto é transformando a natureza no que é
necessário para o consumo.
O idoso é contemplando toda obra realizada durante a
vida.
12 Provérbios de hoje: “No princípio eu fui
constituído”. Santo Eusébio, são Crisóstomo: “Desde o início fui gerado”. E, é
o ser humano, que é Jesus, que é gerado. Iremos dizer: creio em Jesus Cristo,
gerado e não criado, consubstancial ao Pai. Jesus não foi criado, mas gerado. O
Pai, o Filho e o Espírito, de fato, é um Deus que é eterno.
Quando eu comungo a hóstia consagrada, eu entro em
comunhão com este Deus. É Ele que me leva à vida eterna. É Ele que leva a
ocupar o lugar para o qual eu fui gerado: um pouco abaixo de Deus, mas vivendo
em comunhão com Ele.
Como isto é bom, quando perdemos alguém que amamos:
“perdi meu ente querido”. Você perdeu para alguém que é melhor do que você, então,
perdeu para alguém que vale a pena. Não perdeu para alguém igual ou pior:
perder para o melhor, não é vergonha.
É na família, que aprendemos estes valores todos.
Que Deus nos ajude a compreender e a viver estas
grandezas.
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