SOLENIDADE DO PENTECOSTES ano 2019
Introdução ao espírito da Celebração
Atenágoras afirmou
que «sem o Espírito Santo, Deus fica longe; Cristo permanece no passado; o
Evangelho é letra morta; a Igreja é uma simples organização; a autoridade é um
poder; a missão é propaganda; o culto, uma velharia; e o agir moral, um agir de
escravos”.
“Mas,
no Espírito, o cosmos é enobrecido pela geração do Reino; Cristo ressuscitado
torna-Se presente; o Evangelho faz-se poder e vida; a Igreja realiza a comunhão
trinitária; a autoridade transforma-se em serviço; a liturgia é memorial e
antecipação; o agir humano é deificado».
Tema: “O dom do Espírito nos faz um só corpo em Cristo Senhor.” O Espírito dá
vida, renova, transforma e faz nascer o Homem Novo.
Evangelho: A
comunidade reunida à volta de Jesus ressuscitado, pelo Espírito Santo, se torna
uma nova comunidade que supera limitações e medos e passam a ser testemunhas do
Reino.
Primeira
leitura:
É o Espírito Santo que Cria nova comunidade, orienta e capacita para a missão.
Segunda
leitura:
Paulo diz que o Espírito Santo é a fonte viva da comunidade. É Ele que concede
os dons e, por isso, devem ser postos ao serviço de todos.
EVANGELHO (Jo 20,19-23) Proclamação do Evangelho de Jesus
Cristo segundo João.
Ao anoitecer daquele dia, o
primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar
onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles,
disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e
o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus
disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E
depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo.
A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os
perdoardes, eles lhes serão retidos”.
AMBIENTE - Este situa-nos no cenáculo, no próprio dia da ressurreição. Esta comunidade ainda não se encontrou com Cristo ressuscitado. É uma comunidade insegura e com medo. João situa no anoitecer do dia de Páscoa a recepção do Espírito pelos discípulos.
MENSAGEM - João começa por pôr em relevo a comunidade que perdeu as suas referências e a sua identidade e que não sabe, agora, a que se agarrar. Entretanto, Jesus aparece “no meio deles” e eles redescobriram o seu centro, o seu ponto de referência à volta do qual a comunidade se constrói e toma consciência da sua identidade. A comunidade cristã só existe de forma consistente se está centrada em Jesus ressuscitado.
Jesus começa por saudá-los,
desejando-lhes “a paz” da serenidade, da tranquilidade, da confiança, que
permitirão aos discípulos superar o medo e a insegurança: a partir de agora,
nem o sofrimento, nem a morte, nem a hostilidade do mundo poderão derrotar os
discípulos, porque Jesus ressuscitado está “no meio deles”.
Jesus “mostrou-lhes as mãos e o
lado”. São os “sinais” do amor total expresso na cruz. É nesses “sinais” que os
discípulos reconhecem Jesus. O fato de esses “sinais” permanecerem no
ressuscitado indica que Jesus será, de forma permanente, o Messias cujo amor se
derramará sobre os discípulos e cuja entrega alimentará a comunidade.
Vem depois a comunicação do
Espírito. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de
Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (Gn 2,7). Com o “sopro” de Deus, o
homem tornou-se um “ser vivente”; com este “sopro”, Jesus transmite aos
discípulos a vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos possuem
a vida em plenitude e estão capacitados – como Jesus – para fazerem da sua vida
um dom de amor aos homens. Animados pelo Espírito, eles formam a comunidade da
nova aliança e são chamados a testemunhar – com gestos e com palavras – o amor
de Jesus.
Finalmente, Jesus diz qual a
missão dos discípulos: a eliminação do pecado. Os discípulos são chamados a
testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer oferecer a todos os homens. Quem
aceitar essa proposta será integrado na comunidade de Jesus; quem não a aceitar
continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte, isto é, de pecado. A
comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de salvação.
ATUALIZAÇÃO = A comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua identidade e a sua razão de ser. É n’Ele que superamos os nossos medos, as nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de testemunhar a vida nova do Homem Novo. As nossas comunidades são, antes de mais, comunidades que se organizam e estruturam à volta de Jesus? Jesus é o nosso modelo de referência? É com Ele que nos identificamos, ou é num qualquer ídolo de pés de barro que procuramos a nossa identidade? Se Ele é o centro, a referência fundamental, têm algum sentido as discussões acerca de coisas não essenciais, que às vezes dividem os crentes?
=
Identificar-se como cristão significa dar testemunho diante do mundo dos
“sinais” que definem Jesus: a vida dada, o amor partilhado. É esse o testemunho
que damos? Os homens do nosso tempo, olhando para cada cristão ou para cada comunidade
cristã, podem dizer que encontram e reconhecem os “sinais” do amor de Jesus?
= As comunidades construídas à
volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida que
transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor
partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e humilde… É Ele que
nos faz vencer os medos, superar fracassos, derrotar o ceticismo e a desilusão,
reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar
com um mundo novo. É preciso ter consciência da presença contínua do Espírito
em nós e nas nossas comunidades e estar atentos aos seus apelos, às suas
indicações, aos seus questionamentos.
PRIMEIRA LEITURA (At 2,1-11) Leitura dos Atos dos
Apóstolos.
Quando chegou o dia de
Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente,
veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde
eles se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e
pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e
começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava. Moravam
em Jerusalém judeus devotos de todas as nações do mundo. Quando ouviram o
barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os
discípulos falar em sua própria língua. Cheios de espanto e admiração, diziam:
“Esses homens que estão falando não são todos galileus? Como é que nós os
escutamos na nossa própria língua? Nós que somos partos, medos e elamitas,
habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da
Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia próxima de Cirene, também
romanos que aqui residem; judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos nós os
escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua!”
AMBIENTE - O livro dos “Atos” não pretende ser uma reportagem jornalística de acontecimentos históricos, mas sim ajudar os cristãos – desiludidos porque o “Reino” não chega – a redescobrir o seu papel e a tomar consciência do compromisso que assumiram, no dia do seu Batismo. É uma construção artificial, criada por Lucas com intenção teológica. Para apresentar a sua catequese, Lucas recorre às imagens, aos símbolos, à linguagem poética das metáforas. Ora, o interesse fundamental do autor é apresentar a Igreja como a comunidade que nasce de Jesus, que é assistida pelo Espírito e que é chamada a testemunhar aos homens o projeto libertador do Pai.
MENSAGEM - Lucas coloca a experiência do Espírito no dia de Pentecostes. O Pentecostes era uma festa judaica, celebrada cinquenta dias após a Páscoa. Originariamente, era uma festa agrícola, na qual se agradecia a Deus a colheita da cevada e do trigo; mas, no séc. I, tornou-se a festa histórica que celebrava a aliança, o dom da Lei no Sinai e a constituição do Povo de Deus. Ao situar neste dia o dom do Espírito, Lucas sugere que o Espírito é a lei da nova aliança (pois é Ele que, no tempo da Igreja, dinamiza a vida dos crentes) e que, por Ele, se constitui a nova comunidade do Povo de Deus – a comunidade messiânica, que viverá da lei inscrita, pelo Espírito, no coração de cada discípulo (cf. Ez 36,26-28). O Espírito é apresentado como “a força de Deus”, através de dois símbolos: o vento de tempestade e o fogo. São os símbolos da revelação de Deus no Sinai, quando Deus deu ao Povo a Lei e constituiu Israel como Povo de Deus. Estes símbolos evocam a força de Deus, que vem ao encontro do homem, comunica com o homem e que, dando ao homem o Espírito, constitui a comunidade de Deus.
O Espírito (força de Deus) é
apresentado em forma de língua de fogo. A língua não é somente a expressão da
identidade cultural de um grupo humano, mas é também a maneira de comunicar, de
estabelecer laços duradouros entre as pessoas, de criar comunidade. “Falar
outras línguas” é criar relações, é a possibilidade de superar o gueto, o
egoísmo, a divisão, o racismo, a marginalização… Aqui, temos o reverso de
Babel: lá, os homens escolheram o orgulho, a ambição desmedida que conduziu à
separação e ao desentendimento; aqui, regressa-se à unidade, à relação, à
construção de uma comunidade capaz do diálogo, do entendimento, da comunicação.
É o surgimento de uma humanidade unida, não pela força, mas pela partilha da
mesma experiência interior, fonte de liberdade, de comunhão, de amor. A
comunidade messiânica é a comunidade onde a ação de Deus (pelo Espírito)
modifica profundamente as relações humanas, levando à partilha, à relação, ao
amor.
É neste enquadramento que devemos
entender os efeitos da manifestação do Espírito: todos “os ouviam proclamar na
sua própria língua as maravilhas de Deus”. O elenco dos povos convocados e
unidos pelo Espírito atinge representantes de todo o mundo antigo, desde a
Mesopotâmia, passando por Canaã, pela Ásia Menor, pelo norte de África, até
Roma: a todos deve chegar a proposta libertadora de Jesus, que faz de todos os
povos uma comunidade de amor e de partilha. A comunidade de Jesus é assim
capacitada pelo Espírito para criar a nova humanidade, a anti-Babel. A
possibilidade de ouvir na própria língua “as maravilhas de Deus” outra coisa
não é do que a comunicação do Evangelho, que irá gerar uma comunidade
universal. Sem deixarem a sua cultura, as suas diferenças, todos os povos
escutarão a proposta de Jesus e terão a possibilidade de integrar a comunidade
da salvação, onde se fala a mesma língua e onde todos poderão experimentar esse
amor e essa comunhão que tornam povos tão diferentes, irmãos. O essencial passa
a ser a experiência do amor que, no respeito pela liberdade e pelas diferenças,
deve unir todas as nações da terra.
O Pentecostes dos “Atos” é o
resultado da ação das “testemunhas” de Jesus: a humanidade nova, a anti-Babel,
nascida da ação do Espírito, onde todos serão capazes de comunicar e de se relacionar
como irmãos, porque o Espírito reside no coração de todos como lei suprema,
como fonte de amor e de liberdade.
ATUALIZAÇÃO = A Igreja é uma comunidade de irmãos reunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito do Senhor ressuscitado e que testemunha na história o projeto libertador de Jesus. Desse testemunho resulta a comunidade universal da salvação, que vive no amor e na partilha, apesar das diferenças culturais e étnicas. A Igreja de que fazemos parte é uma comunidade de irmãos que se amam, apesar das diferenças? Tem consciência de que o Espírito está presente e que a anima? Testemunha, de forma efetiva e coerente, a proposta libertadora que Jesus deixou?
= Nunca será demais realçar o papel do
Espírito na tomada de consciência da identidade e da missão da Igreja… Antes do
Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro de quatro paredes, incapaz
de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa nem a coragem do testemunho;
depois do Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas
limitações humanas e se assume como comunidade de amor e de liberdade. Temos
consciência de que é o Espírito que nos renova, que nos orienta e que nos
anima? Damos suficiente espaço à acção do Espírito, em nós e nas nossas
comunidades?
= Para se
tornar cristão, ninguém deve ser espoliado da própria cultura: nem os
africanos, nem os europeus, nem os sul-americanos, nem os negros, nem os
brancos; mas todos são convidados, com as suas diferenças, a acolher esse
projeto libertador de Deus, que faz os homens deixarem de viver de costas
voltadas, para viverem no amor. A Igreja de que fazemos parte é esse espaço de
liberdade e de fraternidade? Nela todos encontram lugar e são acolhidos com
amor e com respeito – mesmo os de outras raças, mesmo aqueles de quem não
gostamos, mesmo aqueles que não fazem parte do nosso círculo, mesmo aqueles que
a sociedade marginaliza e afasta?
SALMO RESPONSORIAL / Sl 103(104)
Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai.
• Bendize, ó
minha alma, ao Senhor! / Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! / Quão
numerosas, ó Senhor, são vossas obras! / Encheu-se a terra com as vossas
criaturas!
• Se tirais o
seu respiro, elas perecem / e voltam para o pó de onde vieram. / Enviais o
vosso espírito e renascem / e da terra toda a face renovais.
• Que a glória
do Senhor perdure sempre, / e alegre-se o Senhor em suas obras! / Hoje seja-lhe
agradável o meu canto, / pois o Senhor é a minha grande alegria!
SEGUNDA LEITURA (1Cor 12,3b-7.12-13) Leitura
da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, ninguém pode dizer: Jesus
é o Senhor, a não ser no Espírito Santo. Há diversidade de dons, mas um mesmo é
o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há
diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos.
A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum. Como o corpo
é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora
sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. De fato,
todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único
Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único
Espírito.
AMBIENTE - A comunidade cristã de Corinto era viva e fervorosa, mas não era exemplar no amor: as divisões, as rivalidades, perturbavam a comunhão e constituíam um contratestemunho. As questões à volta dos “carismas” (dons especiais concedidos pelo Espírito a determinadas pessoas ou grupos para proveito de todos) faziam-se sentir com especial acuidade: os detentores desses dons carismáticos consideravam-se os “escolhidos” de Deus, apresentavam-se como “iluminados” e assumiam com frequência atitudes de autoritarismo e de prepotência que não favorecia a fraternidade e a liberdade; por outro lado, os que não tinham sido dotados destes dons eram desprezados e desclassificados, considerados quase como “cristãos de segunda”, sem vez nem voz na comunidade.
No texto que nos é proposto,
Paulo aborda a questão dos “carismas”.
MENSAGEM - Paulo fala em “carismas” a propósito de comportamentos que pretendem apenas garantir os privilégios. Segundo Paulo, o verdadeiro “carisma” é o que leva a confessar que “Jesus é o Senhor” (pois não pode haver oposição entre Cristo e o Espírito) e que é útil para o bem da comunidade.
De resto, é preciso que os
membros da comunidade tenham consciência de que, apesar da diversidade de dons
espirituais, é o mesmo Espírito que atua em todos; que apesar da diversidade de
funções, é o mesmo Senhor Jesus que está presente em todos; que apesar da
diversidade de ações, é o mesmo Deus que age em todos. Não há, portanto,
“cristãos de primeira” e “cristãos de segunda”. O que é importante é que os
dons do Espírito resultem no bem de todos e sejam usados – não para melhorar a
própria posição ou o próprio “ego” – mas para o bem de toda a comunidade.
Paulo conclui o seu raciocínio
comparando a comunidade cristã a um “corpo” com muitos membros. Apesar da
diversidade de membros e de funções, o “corpo” é um só. Em todos os membros
circula a mesma vida, pois todos foram batizados num só Espírito e “beberam” um
único Espírito.
O Espírito é, pois, apresentado
como Aquele que alimenta e que dá vida ao “corpo de Cristo”; dessa forma, Ele
fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é o responsável pela unidade desses
diversos membros que formam a comunidade.
ATUALIZAÇÃO
ATUALIZAÇÃO
·
Os “dons”
que recebemos não podem gerar conflitos e divisões, mas devem servir para o bem
comum e para reforçar a vivência comunitária. As nossas comunidades são espaços
de partilha fraterna, ou são campos de batalha onde se digladiam interesses
próprios, atitudes egoístas, tentativas de afirmação pessoal?
·
É preciso
ter consciência da presença do Espírito: é Ele que alimenta, que dá vida, que
anima, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que conduz as
comunidades na sua marcha pela história. Ele foi distribuído a todos os crentes
e reside na totalidade da comunidade. Temos consciência da presença do Espírito
e procuramos ouvir a sua voz e perceber as suas indicações? Temos consciência
de que, pelo fato de desempenharmos esta ou aquela função, não somos as únicas
vozes autorizadas a falar em nome do Espírito?
========----------======Sem ele, nada, absolutamente, podemos nós: “Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele!” Por isso Jesus disse: “Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15,5)”, porque sem o seu Espírito Santo que nos sustenta e age no mais íntimo de nós, tudo quanto fizéssemos não teria valor para o Reino dos Céus. Jesus é a videira, nós, os ramos, o Espírito é a seiva que, vinda do tronco, nos faz frutificar…
Ele tudo perdoa e renova: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados!” É, pois, no Espírito que a Igreja anuncia a paz do Evangelho do perdão de Deus para a humanidade em Cristo Jesus!
Ele nos une no Corpo de Cristo, que é a Igreja, pois “fomos batizados num único Espírito para formarmos um só corpo…” – Neste Corpo, ele nos enche de dons, carismas e ministérios, pois “a cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum”. É no Espírito que a Igreja é una na diversidade de tantos dons e carismas …
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Nasce a Igreja
Celebramos
hoje a festa de PENTECOSTES,
encerrando na Liturgia o Ciclo Pascal...
PENTECOSTES é uma festa
antiga, que já existia no Antigo Testamento.
-
Para Israel: Inicialmente era uma festa ligada às colheitas.
-
Mais tarde, tornou-se uma celebração da Aliança, feita no Sinai, que acontecia
50 dias depois da Páscoa. Era a festa da LEI...
-
Hoje: É a Plenitude do Mistério Pascal, com o Dom do Espírito Santo à
Igreja.
É o NATAL da IGREJA... o Dia das
Comunidades... o Dia da nossa CRISMA...
As
leituras bíblicas nos ajudam a entender melhor esta festa:
1ª
Leitura, Lucas apresenta o fato 50 dias após a
Páscoa, fazendo coincidir com o Pentecostes judeu. (At 2,1-11)
O
interesse do autor é apresentar a Igreja como Comunidade, que nasce de Jesus, que é assistida pelo
Espírito
e
que é chamada a testemunhar aos homens o projeto do Pai.
Para
isso se serve de imagens e símbolos: o VENTO
e chamas de FOGO.
-
O fogo transforma qualquer matéria: Transforma os medrosos apóstolos em
ardorosos anunciadores das maravilhas de Deus...
-
O Vento sinaliza o movimento que se opõe à passividade.
Esses
dois elementos são o combustível para a Igreja que inicia sua missão e também
para a Igreja de hoje.
Essa
renovação e esse movimento devem estar presentes na Igreja ainda hoje, para
pronunciar as maravilhas de Deus em todas as línguas e na linguagem do nosso
tempo.
-
Lembram a 1a ALIANÇA realizada no Sinai:
Foi em meio a trovões e relâmpagos...
O Espírito é a Lei da Nova Aliança e por ele
se constitui a Nova Comunidade do Povo de Deus
-
É o oposto de BABEL: Desmoronam as barreiras de línguas e raças... para
formar um novo povo, sem fronteiras, onde todos se entendem.
Todos falam a mesma linguagem a língua do
Espírito de Jesus.
O
Espírito presente no início da vida pública de Jesus, está presente também no
início da atividade missionária da Igreja.
Na
2ª
Leitura, Paulo afirma que o Espírito Santo é a fonte de onde brota
a vida da comunidade cristã.
É
ele que concede os DONS, que enriquecem a comunidade e fortalecem a unidade de todos os membros. (1Cor 12,3b-7.12-13)
*
Devemos acolher os apelos do Espírito Santo para que ele possa continuar
fazendo ainda hoje as maravilhas que realizou no começo da Igreja.
No
Evangelho
de João, os Apóstolos recebem a efusão do espírito Santo, no
"anoitecer" do dia da Páscoa. (Jo
20,19-23)
-
Eles estão reunidos de "portas fechadas" por medo das autoridades.
-
Jesus ressuscitado aparece "no meio deles", deseja a PAZ: "A Paz esteja com vocês",
e envia em MISSÃO: "Como o
Pai me enviou, eu também vos envio."
-
Para isso, "sopra" sobre eles, transmitindo-lhes a "vida
nova", a força, o ESPÍRITO SANTO: "Recebei o Espírito Santo..." e o Dom do PERDÃO e da RECONCILIAÇÃO.
*
O Espírito é portador do dom da paz e mensageiro do perdão e do amor do Senhor.
O
cristão é um "enviado" para viver e contagiar PAZ, experimentar o
PERDÃO e a misericórdia e ser construtor da COMUNIDADE.
João
e Lucas têm perspectivas diferentes, a finalidade é a mesma:
O
Espírito que ajudou Jesus a realizar o projeto de Deus, também anima agora a
Comunidade cristã...
O
nosso Pentecostes...
Diante
do Fato, talvez invejemos a sorte dos Apóstolos.
E
nos esquecemos que o Pentecostes continua acontecendo.
Também
em nossa vida houve um PENTECOSTES...
No
BATISMO: - Recebemos pela 1a
vez o Espírito Santo.
- Fomos inseridos na Igreja, obra do
Espírito Santo...
Mas
na CRISMA, recebemos a
Plenitude do Espírito Santo...
Por isso, o
BATISMO é a nossa PÁSCOA...
a CRISMA é o nosso
PENTECOSTES....
Lendo
a Bíblia,
notamos que Deus, sempre que escolhia uma pessoa para uma missão importante, ungia-o e enviava
o seu Espírito.
-
No Antigo Testamento: Sacerdotes, Profetas e Reis...
-
Cristo: no Batismo, antes de iniciar a vida apostólica...
-
Maria: Quando aceitou ser a Mãe do Salvador...
-
Assim todo cristão: quando inicia a sua missão de cristão adulto...
Pelo
Batismo: entramos na família, nos tornamos membros da Igreja.
Pela
Crisma: nos tornamos membros adultos, atuantes e responsáveis na Igreja...
A
chama do Espírito Santo transformou totalmente os apóstolos...
A
Igreja nasce e se renova constantemente por obra do Espírito Santo.
Que
essa mesma chama ILUMINE E AQUEÇA a nossa vida
no
caminho da Unidade, do Bem e da Verdade...
Por
isso, cantemos: Vem, vem, vem, vem
Espírito Santo de Amor,
vem a nós, traz
à Igreja um novo vigor.
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do
Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, hoje, para a igreja católica, é um
dia muito importante: Celebramos Pentecostes. Pentecostes significa cinquenta
dias. Cinquenta dias da morte e ressurreição de Jesus. Há cinquenta dias atrás,
celebrávamos o domingo da Páscoa. De onde a Igreja tirou esta data? Pentecostes
é uma festa já celebrada no Antigo Testamento. Significa primeira colheita depois da semeadura. Isto se torna,
para nós, significativo, porque quando se fala em colheita, aos olhos da fé,
nós nos lembramos de Jesus. Ele quem disse: “Se o grão de trigo não cai na terra e não morre, ele não dá frutos”.
Para nós Jesus é o grão de trigo é Jesus, porque Ele disse: “Eu sou o Pão
da Vida”. Ele é o grão de trigo que foi semeado, foi sepultado, depois
ressuscitou e gerou frutos, que somos todos nós. Nós somos os frutos da morte e
ressurreição do Senhor. Celebrar Pentecostes é celebrar os frutos da morte e
ressurreição do Senhor. Agora, também nós somos chamados a sermos sementes.
Muitos já fizeram a experiência de plantar. Há uma diferença entre a semente
apenas prantada e a semente plantada e aguada. A água é importante. Nós somos a
semente e o batismo é a água regada sobre nós, para que possamos dar frutos.
Por isso, a segunda leitura vai nos dizer, que somos todos irmaos e irmãs. Qual
é o fruto que Deus espera de nós? No Evangelho temos duas grandezas: a
primeira, Jesus diz: “A Paz esteja convosco”. A paz de Jesus: “Eu vos dou a
minha paz”. Eu não dou a paz que o mundo oferece. O papa Francisco dizia: “O Espirito Santo é Deus e Deus sempre é novidade. Não é qualquer
novidade, mas Ele sempre tras algo de
novo”. Posso ler a mesma parte da bíblia todos os dias e todos os dias eu
vou encontrar algo novo. O Papa Francisco ainda dizia: “Todos nós temos medo de novidade”. Por que? Porque temos que sentir
senhores da situação e quando surge uma novidade, sempre nos pega de surpresa.
Então, a tendência é rejeitar. Entre aquilo que é novo e aquilo que já conheço,
a tendência pé permanecer com o que já conheço. Qual é a paz que nós conhecemos?
Nós não conhecemos a paz. Qualquer
solução em vista da paz, a nossa tendência é partir daquilo que nós temos. O
que temos? O argumento que é preciso matar para garantir a paz. Aí vem pena
de morte, declaração de guerra, vem uma série de coisas, que de fato, parte
daquilo que conhecemos. Quanto a entregar-se ao Espírito de Deus é buscar a Paz
de Jesus Cristo. Nós somos pessoas bem intencionadas, mas está misturado em
nossa vida o pecado. Então, eu tenho dificuldade de buscar o caminho da paz
fora daquilo que o mundo já experimentou. A
novidade de Jesus Cristo é a Paz fruto da justiça. Como viver a justiça num
mundo injusto? Olha o fruto que nos é esperado... ajudar a transformarmos o
mundo. Alguém me pedia: dá uma palavrinha sobre abaixar a idade penal para
dezesseis anos. Se fizermos isto, o de doze começará nas contravenções. Por
que? Porque este é o caminho que o mundo ensina. Quantas vezes dissemos: por que fulano não morre? Pronto. Já
declaramos a morte. Ou outro: só matando que resolve. Quantos pais falam
isto dos próprios filhos mesmo? A novidade é um desafio. Peçamos ao Espírito
Santo a Paz de Jesus a partir do novo que Ele tras.
Tem o segundo ponto, que é o perdão: “Recebeo o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados,
eles serão perdoados”. Há uma confusão hoje. Ao pregar o perdão, nós estamos
falando da identidade do cristão. A fé
cristã é a única que prega o perdão. A única. As outras religiões pregam
olho por olho e dente por dente. Nós somos os únicos que pregamos o perdão. Só
que muitos confundem perdão com conivência. Ora, perdoar é exigir que o outro se corrija. Portanto, perdoar
significa responsabilizá-lo por tudo que fez e ajudá-lo a recompor o seu caminho. Perdoar é orientar, mas nunca castigar. Aqui a diferença. Quando
agente pede que alguém seja condenado, nós não estamos pedindo para ser
corrigido, mas para ser castigado. Nós confundimos perdão com conivência,
passar a mão na cabeça, dizendo: ah, deixa para lá. Faz de conta que não
aconteceu nada. Não. Isto não é atitude cristã. Atitude cristã é: aconteceu
sim, e você vai responder pelo que você fez, mas EU VOU TE AJUDAR. É a segunda
palavra que o Papa Francisco dizia:
“primeiro é a novidade. A segunda é a harmonia”. Quando é que eu consigo
perdoar? Quando eu fiz a experiência de
ser perdoado. Isto é muito importante. Veja são Pedro: São Pedro negou
Jesus, mas foi perdoado. Então, ele total tranquilidade, para sair do cenáculo
e pregar, como foi falado na primeira leitura. Pregar para todos e todos
compreenderem. Por que? Porque a linguagem do perdão é a linguagem que todos
compreendem. Mas quem compreende? Quem já foi perdoado. Quando você oferece o
perdão é porque já fez a experiência do perdão. Caso contrário, você não é
capaz disto. Ora, como perdoar? Buscar a harmonia. O Papa Francisco dava como
exemplo, um barco à vela. O Espírito Santo é um vento que sopra e Ele que
conduz o barco, que é a nossa vida. Se você se deixar levar, este barco vai te
levar até margens seguras. Esta experiência de ser conduzido por Deus, te leva
a viver em harmonia com a natureza. Se você não impor a condução do barco, ele,
sequer, vai chacoalhar. É importante observar isto: a experiência do perdão. Primeiro a novidade,
segundo o perdão e ele dizia: a terceira é missão. Qual é a nossa missão? A
missão é de ajudar o mundo a descobrir a novidade que é Jesus Cristo e o
perdão, que é a linguagem que nos leva a assumir as nossas responsabilidades e
nos tornar, de fato, ser humano. Eu creio, que a sociedade tem geito? Quem
acredita que o ser humano é bom, gasta o seu tempo para ajudá-lo a crescer.
Quem não acredita, não vai perder tempo com isto. “não vou gastar vela benta
com morto ruim”. É assim que agente fala. Não. Ou eu creio que o ser humano é
bom e ele foi infruenciado pelo pecado, ele acabou sendo transtornado pelo
pecado ou ninguém tem esperança. Nem eu mesmo. Nós vivemos numa sociedade e se
ninguém presta, também eu, no meio, acabo me corrompendo. Não. O ponto de
partida é este: o ser humano tem geito. Temos esperança. É possível
transformar. Basta que façamos a experiência do novo, do perdão e da missão. É
isto, que Pentecostes nos leva hoje a celebrar; nós sementes, que vamos
rendendo estes frutos. Frutos, que só compreende, quem de fato, tem fé.
Que Deus nos mantenha firmes na fé, dispostos a levar ao mundo
estes frutos vindo de Deus.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.
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Homilia de
D. Henrique Soares da Costa
A Igreja
conclui hoje o Tempo Pascal com a solenidade de Pentecostes. Não poderia ser
diferente, pois o Espírito Santo é o fruto da paixão morte e ressurreição do
Senhor Jesus. Ele morreu entregando na cruz o Espírito e, no mesmo Espírito,
foi ressuscitado pelo Pai. Agora, plenificado por esse Espírito, derramou-o e
derrama-o sobre a Igreja e sobre toda a criação.
Vejamos
alguns aspectos da ação do Espírito.
(1)
Primeiramente, por ser Espírito do Cristo, ele nos une ao Senhor Jesus,
dando-nos a sua própria vida, como a cabeça dá vida ao corpo e o tronco dá vida
aos ramos. É no Espírito que Cristo habita realmente em nós desde o nosso
batismo, e faz crescer sua presença em nós em cada eucaristia, quando
comungamos o corpo e o sangue daquele Senhor, que é pleno do Espírito. Só no
Espírito podemos dizer que Cristo permanece em nós e nós permanecemos nele; só
no Espírito podemos dizer que já não somos nós que vivemos, mas Cristo vive em
nós, com seus sentimentos, suas atitudes e sua entrega ao Pai. Por isso,
somente no Santo Espírito nossa vida pode ser vida em Cristo, vida de
santidade.
(2) Mas,
o Espírito, além de agir em cada cristão, age na Comunidade como um todo,
edificando a Igreja, fazendo-a sempre corpo de Cristo. Antes de tudo, ele
vivifica a Igreja com a vida do Ressuscitado, incorporando sempre nela novos
membros, fazendo-a crescer mais na plenitude de Cristo. Depois, ele suscita
incontáveis ministérios, carismas e dons, desde os mais simples, como até
aqueles mais vistosos ou mais estáveis, como os ministérios ordenados: os
Bispos, padres e diáconos. É o Espírito que mantém esta variedade em harmonia e
unidade, para que tudo e todos contribuam para a edificação do corpo de Cristo,
que é a Igreja. Assim, é no Espírito que surge e ressurge sempre a vida
religiosa, com tantos carismas diferentes, é no Espírito que os mártires
testemunham Cristo até a morte, é no Espírito que se exerce a caridade, se
visita os enfermos, se consola os sofredores, se aconselha, se socorre os
pobres, se prega o Evangelho… enfim, é no Espírito que a Igreja vive, cresce e
respira!
(3) É no
Espírito que os santos sacramentos são celebrados com eficácia, pois que o
Espírito é a própria energia, a própria graça, a própria força de vida e
ressurreição que o Cristo recebe do Pai e derrama sobre a Igreja. Sendo assim,
é no Espírito que a Igreja é continuamente edificada e renovada, até a vida
eterna.
(4) É no Espírito que os cristãos
podem rezar, proclamando do fundo do coração que Jesus é Senhor e que Deus é
nosso Pai de verdade. Somente porque temos o Espírito recebido no batismo é que
somos realmente filhos de Deus, já que recebemos o Espírito do Filho que clama
em nós “Abbá” – Pai. O Espírito une a nossa oração à oração de Jesus, dando-lhe
valor e eficácia e colocando-nos na vida da própria Trindade Santa. Sem o
Espírito, não poderíamos chamar a Deus de Pai, sem o Espírito nossa oração não
seria a de Jesus e nosso louvor, nossa adoração e nossa intercessão não
estariam unidas e inseridas na própria união de Jesus com o Pai.
(5) É o Espírito quem recorda sempre à Igreja a verdade do Evangelho, conduzindo-a sempre mais adiante no conhecimento de Cristo. Por isso, assistida pelo Espírito da Verdade, a Igreja jamais pode errar na sua profissão de fé; jamais pode afastar-se da verdade católica que recebeu dos apóstolos. Assim, somente no Espírito é que cremos com fé certa na fé da Igreja!
(5) É o Espírito quem recorda sempre à Igreja a verdade do Evangelho, conduzindo-a sempre mais adiante no conhecimento de Cristo. Por isso, assistida pelo Espírito da Verdade, a Igreja jamais pode errar na sua profissão de fé; jamais pode afastar-se da verdade católica que recebeu dos apóstolos. Assim, somente no Espírito é que cremos com fé certa na fé da Igreja!
(6) É
ainda no Espírito que a Igreja, ansiosa, olha para a frente, para o futuro e,
inquieta, clama que o Esposo venha logo para consumar todas as coisas. Por
isso, na força do Espírito, a Igreja deverá ser sempre fiel a cada época, sem
saudosismos nem medos, construindo com humildade o Reino de Deus, até que venha
o seu Esposo e leve tudo à consumação. É no Espírito que os cristãos devem
viver como profetas do Reino que está por vir, denunciando com doçura e vigor
tudo quanto se oponha à manifestação desse Reino. No Espírito, a Igreja
anunciará sempre o Evangelho, superando todo medo de falar de modo novo a
constante e imutável verdade do Evangelho, que interpela, transforma e converte
o coração.
(7) Mas,
o Espírito não está restrito à Igreja. Ele enche, impregna e renova o universo
e toda a humanidade. Onde menos esperamos, onde ainda não chegamos, lá já
podemos encontrar a ação do Espírito do Senhor, que cai cristificando toda a
humanidade e todas as coisas.
(8) É o
Espírito que vai, com força e discrição, guiando a história humana para a
plenitude de Cristo, e isto por mais que, tantas vezes, o mundo pareça perdido
e sem rumo, em meio a guerras, injustiças, hipocrisias, violências, tristezas e
mortes. Cabe aos cristãos, saberem discernir e interpretar os sinais dos
tempos, que o Santo Espírito faz brotar por toda parte, tendo ouvidos para
ouvir o que o ele diz à Igreja.
(9)
Finalmente, é no Espírito, que um dia, no Dia de Cristo, quando ele, nossa
vida, aparecer em glória, tudo será glorificado, a história será passada a
limpo, a criação inteira será transfigurada, o pecado será destruído para
sempre, a morte será vencida e nossos corpos mortais ressuscitarão,
transfigurados como o corpo do Cristo Jesus ressuscitado. Então, plena do
Espírito, toda criação será plenamente corpo de Cristo. O Ressuscitado será
Cabeça dessa nova criação e entregará tudo ao Pai, para que o Pai, pelo Filho,
no Espírito, seja tudo em todas as coisas.
É esta a nossa esperança, a nossa
certeza e a plenitude da nossa salvação. É esta realidade estupenda que se
iniciou com o dom do Espírito, celebrado na festa de hoje.
Só nos resta implorar novamente o que cantamos antes do “aleluia”:
Só nos resta implorar novamente o que cantamos antes do “aleluia”:
“Espírito de Deus,/ enviai dos
céus/ um raio de luz!
Vinde, Pai dos pobres,/ dai aos corações/ vossos sete dons.
Consolo que acalma,/ Hóspede da alma,/ doce Alívio, vinde!
No labor, Descanso,/ na aflição, Remanso, / no calor, Aragem.
Enchei, Luz bendita,/ Chama que crepita,/ o íntimo de nós.
Sem a Luz que acode,/ nada o homem pode,/ nenhum bem há nele.
Ao sujo lavai,/ ao seco regai,/ curai o doente.
Dobrai o que é duro,/ guiai-nos no escuro, o frio aquecei.
Daí à vossa Igreja,/ que espera e deseja,/ vossos sete dons.
Dai em prêmio ao forte/ uma santa morte,/ alegria eterna./ Amém”.
Vinde, Pai dos pobres,/ dai aos corações/ vossos sete dons.
Consolo que acalma,/ Hóspede da alma,/ doce Alívio, vinde!
No labor, Descanso,/ na aflição, Remanso, / no calor, Aragem.
Enchei, Luz bendita,/ Chama que crepita,/ o íntimo de nós.
Sem a Luz que acode,/ nada o homem pode,/ nenhum bem há nele.
Ao sujo lavai,/ ao seco regai,/ curai o doente.
Dobrai o que é duro,/ guiai-nos no escuro, o frio aquecei.
Daí à vossa Igreja,/ que espera e deseja,/ vossos sete dons.
Dai em prêmio ao forte/ uma santa morte,/ alegria eterna./ Amém”.
D. Henrique Soares da Costa
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Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
A Solenidade de Pentecostes não é
apenas uma simples conclusão do Tempo Pascal, mas tem caráter profético, ou
seja, anuncia que a Páscoa do Senhor não se encerra, pois é constantemente
atualizada na Igreja pela ação do Espírito Santo, o principal dom concedido na
ressurreição e confirmado no Pentecostes. Durante esses cinquenta dias de
Páscoa, não fizemos um percurso de distanciamento do evento morte-ressurreição
do Senhor, mas pelo contrário, temos sido conduzidos pedagogicamente à sua
dimensão mais profunda: os efeitos da ressurreição do Cristo-cabeça em nós,
membros do seu Corpo. Por ser fonte e ápice de toda a vida cristã, o Mistério
Pascal não se encerra num tempo, mas abrevia-se no tempo para podermos
mergulhar nele e sermos inundados por ele: a primordial obra do Espírito
Santo.
A perícope do evangelho de hoje nos remete ao início do tempo cuja conclusão cronológica estamos recordando hoje: “Ao anoitecer daquele primeiro dia da semana”. É o mesmo texto proclamado na Oitava da Páscoa (excetuando-se os versículos 24-31: o encontro com Tomé). Portanto, não estamos no fim, pois o dom do Espírito não nos é dado no fim, mas marca definitivamente todo começo do agir de Deus. Celebrar o Pentecostes é reconhecer que um novo começo está se realizando. A revelação bíblica testemunha, em várias passagens, que a presença do Espírito assinala sempre o irromper de um princípio (grego arché: fundamento, começo, início). Superando uma tendência reducionista de conceber o tempo como quantidade (aspecto cronológico), indica um fundamento, algo que nos empurra para além dos limites de tempo e espaço, pois nos mergulha na esperança, na eternidade.
A perícope do evangelho de hoje nos remete ao início do tempo cuja conclusão cronológica estamos recordando hoje: “Ao anoitecer daquele primeiro dia da semana”. É o mesmo texto proclamado na Oitava da Páscoa (excetuando-se os versículos 24-31: o encontro com Tomé). Portanto, não estamos no fim, pois o dom do Espírito não nos é dado no fim, mas marca definitivamente todo começo do agir de Deus. Celebrar o Pentecostes é reconhecer que um novo começo está se realizando. A revelação bíblica testemunha, em várias passagens, que a presença do Espírito assinala sempre o irromper de um princípio (grego arché: fundamento, começo, início). Superando uma tendência reducionista de conceber o tempo como quantidade (aspecto cronológico), indica um fundamento, algo que nos empurra para além dos limites de tempo e espaço, pois nos mergulha na esperança, na eternidade.
Assim como no primeiro dia da semana,
Jesus ressuscitado sopra sobre os discípulos e lhes diz “Recebei o Espírito
Santo”, indicando o início de sua nova presença no mundo (inaugurando a nova
criação), também no princípio de tudo “Um vento de Deus (hebraico Ruah: sopro)
pairava sobre as águas” (Gn 1,2) a fim de fecundar e chamar à existência tudo o
que há. Assim como antes, “A terra estava sem forma (hebraico tohu: caos) e
vazia (hebraico bohu: deserto) e as trevas (hebraico hoshekh: escuridão)
cobriam o abismo”, agora Jesus ressuscitado, aparecendo aos discípulos no
cenáculo, rompe as trevas da morte. Vale notar que a Bíblia Grega (LXX)
traduziu “a terra era sem forma” por “a terra era invisível” (γῆ ἦν ἀόρατος).
Tudo isso representa muito bem o que foi a experiência tanto de Maria Madalena,
que vai ao sepulcro ainda quando era treva (grego skotia: escuridão Jo 20,1),
quanto a dos discípulos, que se encontram no anoitecer daquele primeiro dia, e,
portanto, fazem a experiência da não criação ou do caos original.
Como no princípio tudo é marcado pela
Palavra criadora de Deus que chama à existência todas as coisas a começar pela
luz (“Faça a luz”), assim o primeiro dia da nova criação é marcado pelo
aparecimento da Luz, não mais como primeira criatura, mas como Aquele que é o
“Primogênito de toda criatura, a Imagem do Deus invisível” (Cl 1,15). O próprio
Jesus, no evangelho de João, já havia indicado esta nova realidade: “Eu sou a
luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo
8,12). Se na primeira criação a ação de Deus é descrita como uma separação
(luz-trevas, dia-noite, terra-água, macho-fêmea), isto é, superação do caos
(confusão, a falta de identidade dos seres), a nova criação leva à plenitude
esta obra iniciada, nela se realizou a grande reconciliação de toda a
humanidade e de toda “a criação que em expectativa anseia pela revelação dos
filhos de Deus” (Rm 8,19). O dom da paz do Ressuscitado (duas vezes referido
nessa perícope) é a grande prova de que a criação alcançou a sua plenitude,
pois “Ele é a nossa paz... a fim de criar em si mesmo um só Homem Novo,
estabelecendo a paz, e de reconciliar a ambos com Deus em um só Corpo, por meio
de sua cruz” (Ef 2,14s). Os discípulos ao verem o Senhor, que lhes mostrara as
mãos e o lado, exultaram de alegria. A alegria na Bíblia é a manifestação de um
bem alcançado, distingue-se de uma simples satisfação ou de prazer momentâneo.
A alegria dos discípulos é a alegria que nasce do encontro com o Ressuscitado,
cujas marcas da cruz não desapareceram pois são a comprovação de que não é um
outro, mas o mesmo Senhor. Como na primeira criação, Deus viu que tudo que
fizera era bom, e, portanto, exultava em afirmá-lo (Gn 1,4.10.12.18.21.25.31),
assim agora na nova criação os discípulos veem (mesmo verbo grego na LXX e no
evangelho horao: ver) a obra de Deus realizada e, portanto, a promessa de Jesus
se cumpre neles: “Eu vos digo isso para que a minha alegria esteja em vós e
vossa alegria seja plena”(Jo 15,11).
Receber do Ressuscitado o dom do seu
Espírito é assumir a sua missão: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos
envio”. O Espírito Santo não nos é dado como prêmio por ter realizado algo, nem
muito menos um “poder” para realizar coisas extraordinárias em nós, fazendo-nos
mais importantes do que os outros nos quais não se evidenciam coisas
“espirituais” espetaculares. Mas é força do alto para nos ajudar a realizar a
obra da nova criação, continuar no tempo e na história a missão de Jesus: a
reconciliação, isto é, o perdão dos pecados, primeiro passo para levar à
plenitude a nova criação.
A Solenidade de Pentecostes não é a festa do padroeiro de um Pentecostalismo aprisionado a sentimentalismos e manifestações pseudorreligiosas extraordinárias, de portas fechadas, só para os iniciados. Mas é a grande convocação para a missão que o Pai confiou ao Filho, abrindo as portas e arregaçando as mangas, sem ter medo de ferir as mãos e o lado, isto é, assumir também as marcas do crucificado.
A Solenidade de Pentecostes não é a festa do padroeiro de um Pentecostalismo aprisionado a sentimentalismos e manifestações pseudorreligiosas extraordinárias, de portas fechadas, só para os iniciados. Mas é a grande convocação para a missão que o Pai confiou ao Filho, abrindo as portas e arregaçando as mangas, sem ter medo de ferir as mãos e o lado, isto é, assumir também as marcas do crucificado.
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Louvor: (Diáconos e ministros da
Palavra)
LOUVOR: (QUANDO O PÃO
CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS
AO SENHOR...
- COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA
FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, que o
Espírito Santo nos transforme e nos santifique!
- Deus criador,
nós vos bendizemos pelos dons do
Espírito Santo, que concedeis à vossa Igreja e a cada um de nós. Pai,
que possamos compreender as pessoas que conosco vivem e possamos conviver em
tranquilidade com todos.
T: Pai, que o Espírito Santo nos transforme e nos santifique!
- Pai santo,
nós vos damos graças porque pelo batismo nos dais o Espírito Santo para ser a
nossa força, nossa luz e nossa esperança na construção de vosso Reino. Que
nossa fé seja ardente e nosso exemplo seja sinal de vosso amor entre todos.
T: Pai, que o Espírito Santo nos transforme e nos santifique!
- Nós vos
bendizemos pelo Espírito Santo que nos defende do mal e nos impulsiona para
vós. Pai, renovai a vossa igreja e fazei-nos mais vigorosos na transformação de
uma sociedade mais humana e fraterna.
T: Pai, que o Espírito Santo nos transforme e nos santifique!
- Renovai a vinda do Espírito Santo na Igreja para a salvação do mundo!
Que Ele abra o nosso coração para o amor e a fraternidade. Que Ele nos faça
mais fraternos e leais a vossa vontade, pois em Vós está a nossa esperança e a
nossa salvação.
T: Pai, que o Espírito Santo nos transforme e nos santifique!
-Pai nosso... - Paz - Eis o Cordeiro de Deus...
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