16º
Domingo do Tempo Comum (Adaptado pelo Diácono Ismael)
Tema: Hospitalidade e acolhimento.
Primeira
leitura: Abraão encontra no hóspede que entra na sua
tenda a figura do próprio Deus.
Evangelho:
Maria senta-se aos pés do Senhor e
escuta a sua palavra.
Segunda
leitura: Para Paulo, o
que é necessário é “acolher Cristo” e construir toda a vida à volta dos seus
valores. É isso que é preponderante na experiência cristã.
PRIMEIRA LEITURA (Gn 18, 1-10a)
Leitura do Livro do Gênesis.
Naqueles dias, o Senhor apareceu a
Abraão junto ao carvalho de Mambré, quando ele estava sentado à entrada da sua
tenda, no maior calor do dia. Levantando os olhos, Abraão viu três homens de
pé, perto dele. Assim que os viu, correu ao seu encontro e prostrou-se por
terra. E disse: “Meu Senhor, se ganhei tua amizade, peço-te que não prossigas
viagem, sem parar junto a mim, teu servo. Mandarei trazer um pouco de água para
vos lavar os pés, e descansareis debaixo da árvore. Farei servir um pouco de
pão para refazerdes vossas forças, antes de continuar a viagem. Pois foi para
isso mesmo que vos aproximastes do vosso servo”. Eles responderam: “Faze como
disseste”. Abraão entrou logo na tenda, onde estava Sara e lhe disse: “Toma
depressa três medidas da mais fina farinha, amassa alguns pães e assa-os”.
Depois, Abraão correu até o rebanho, pegou um bezerro dos mais tenros e
melhores e deu-o a um criado, para que o preparasse sem demora. A seguir, foi
buscar coalhada, leite e o bezerro assado e pôs tudo diante deles. Abraão,
porém, permaneceu de pé, junto deles, debaixo da árvore, enquanto comiam. E
eles lhe perguntaram: “Onde está Sara, tua mulher?”. “Está na tenda”, respondeu
ele. E um deles disse: “Voltarei, sem falta, no ano que vem, por este tempo, e
Sara, tua mulher, já terá um filho”.
AMBIENTE
- Os capítulos 12-36 do
Livro do Génesis são um conjunto de textos sem grande unidade e sem carácter de
documento histórico ou de reportagem jornalística de acontecimentos.
Fundamentalmente, estamos diante de uma mistura de “mitos de origem” (que
narravam a chegada de um “fundador” a um determinado local e a tomada de posse
daquela terra), de “lendas cultuais” (que relatavam como um deus qualquer
apareceu em determinado local a um desses “fundadores” e como esse lugar se
tornou um local de culto) e de relatos onde se expressa a realidade da vida
nómada durante o segundo milénio antes de Cristo.
Na origem do texto que hoje nos é proposto como primeira leitura está, provavelmente, uma antiga “lenda cultual” que narrava como três figuras divinas tinham aparecido a um cananeu anônimo junto do carvalho sagrado de Mambré (perto de Hebron), como esse cananeu os tinha acolhido na sua tenda e como tinha sido recompensado com um filho pelos deuses (Mambré é um famoso santuário cananeu, já no terceiro milénio a.C., muito antes de Abraão aí ter chegado). Mais tarde, quando Abraão se estabeleceu nesse lugar, a antiga lenda cananaica foi-lhe aplicada e ele passou a ser o herói desse encontro com as figuras divinas. No séc. X a.C. (reinado de Salomão), os autores jahwistas recuperaram essa velha lenda para apresentar a sua catequese.
Na origem do texto que hoje nos é proposto como primeira leitura está, provavelmente, uma antiga “lenda cultual” que narrava como três figuras divinas tinham aparecido a um cananeu anônimo junto do carvalho sagrado de Mambré (perto de Hebron), como esse cananeu os tinha acolhido na sua tenda e como tinha sido recompensado com um filho pelos deuses (Mambré é um famoso santuário cananeu, já no terceiro milénio a.C., muito antes de Abraão aí ter chegado). Mais tarde, quando Abraão se estabeleceu nesse lugar, a antiga lenda cananaica foi-lhe aplicada e ele passou a ser o herói desse encontro com as figuras divinas. No séc. X a.C. (reinado de Salomão), os autores jahwistas recuperaram essa velha lenda para apresentar a sua catequese.
MENSAGEM
- Qual é, então, a
proposta catequética que os autores jahwistas querem fazer passar, servindo-se
dessa velha “lenda cultual”?
No estado atual do texto, a personagem central é Abraão. É esta figura que os catequistas jahwistas vão apresentar aos israelitas da época de Salomão, como um modelo de vida e de fé.
O texto apresenta-nos Abraão “sentado à entrada da sua tenda, na hora de maior calor do dia” (vers. 1). De repente, aparecem três homens diante de Abraão (vers. 2). Abraão convida-os a entrar; não se limita a trazer-lhes água para lavar os pés, mas improvisa um banquete com pão recentemente cozido, com um vitelo “tenro e bom” do rebanho, com manteiga e leite; depois, fica de pé junto deles, na atitude do servo sempre vigilante para que nada falte aos convidados (vers. 3-8): é a lendária hospitalidade nómada no seu melhor.
Abraão é, assim, apresentado, como o modelo do homem íntegro, humano, bondoso, misericordioso, atento a quem passa e disposto a repartir com ele, de forma gratuita, aquilo que tem de melhor.
Terminada a refeição, é anunciada a Abraão a próxima realização dos seus anseios mais profundos: a chegada de um filho, o herdeiro da sua casa, o continuador da sua descendência (vers. 9-10). Aparentemente, o dom do filho é a resposta de Deus à ação de Abraão: o catequista jahwista pretende dizer que Deus não deixa passar em claro, mas recompensa uma tal atitude de bondade, de gratuidade, de amor.
O texto apresenta, complementarmente, a atitude do verdadeiro crente face a Deus. Ao longo do relato – sem que fique expresso se Abraão tem ou não consciência de que está diante de Deus – transparece a serena submissão, o respeito, a confiança total (num desenvolvimento que, contudo, não aparece na leitura que nos é proposta, Sara ri diante da “promessa”; mas Abraão conserva-se em silêncio digno, sem manifestar qualquer dúvida – vers. 10b-15): tais são as atitudes que o crente israelita é convidado a assumir diante desse Deus que vem ao encontro do homem.
Atente-se, também, na sugestiva imagem de um Deus que irrompe repentinamente na vida do homem, que aceita entrar na sua tenda e sentar-Se à sua mesa, constituindo-Se em comunidade com ele. Por detrás desta imagem, está o significado do comer em conjunto: criar comunhão, estabelecer laços de família, partilhar vida. O jahwista apresenta, assim, um Deus dialogante, que quer estabelecer laços familiares com o homem e estabelecer com ele uma história de amor e de comunhão.
O catequista jahwista aproveitou a velha “lenda cultual” e a figura inspirativa de Abraão para apresentar aos homens do seu tempo o modelo do crente: ele é aquele a quem Deus vem visitar, que o acolhe na sua casa e na sua vida de forma exemplar, que coloca tudo o que possui nas mãos de Deus e que manifesta, com o seu comportamento, a sua bondade, a sua humanidade, a sua confiança e a sua fé; ele é aquele que partilha o que tem com quem passa e cumpre em grau extremo o sagrado dever da hospitalidade. A realização dos anseios mais profundos do homem é a recompensa de Deus para quem age como Abraão.
No estado atual do texto, a personagem central é Abraão. É esta figura que os catequistas jahwistas vão apresentar aos israelitas da época de Salomão, como um modelo de vida e de fé.
O texto apresenta-nos Abraão “sentado à entrada da sua tenda, na hora de maior calor do dia” (vers. 1). De repente, aparecem três homens diante de Abraão (vers. 2). Abraão convida-os a entrar; não se limita a trazer-lhes água para lavar os pés, mas improvisa um banquete com pão recentemente cozido, com um vitelo “tenro e bom” do rebanho, com manteiga e leite; depois, fica de pé junto deles, na atitude do servo sempre vigilante para que nada falte aos convidados (vers. 3-8): é a lendária hospitalidade nómada no seu melhor.
Abraão é, assim, apresentado, como o modelo do homem íntegro, humano, bondoso, misericordioso, atento a quem passa e disposto a repartir com ele, de forma gratuita, aquilo que tem de melhor.
Terminada a refeição, é anunciada a Abraão a próxima realização dos seus anseios mais profundos: a chegada de um filho, o herdeiro da sua casa, o continuador da sua descendência (vers. 9-10). Aparentemente, o dom do filho é a resposta de Deus à ação de Abraão: o catequista jahwista pretende dizer que Deus não deixa passar em claro, mas recompensa uma tal atitude de bondade, de gratuidade, de amor.
O texto apresenta, complementarmente, a atitude do verdadeiro crente face a Deus. Ao longo do relato – sem que fique expresso se Abraão tem ou não consciência de que está diante de Deus – transparece a serena submissão, o respeito, a confiança total (num desenvolvimento que, contudo, não aparece na leitura que nos é proposta, Sara ri diante da “promessa”; mas Abraão conserva-se em silêncio digno, sem manifestar qualquer dúvida – vers. 10b-15): tais são as atitudes que o crente israelita é convidado a assumir diante desse Deus que vem ao encontro do homem.
Atente-se, também, na sugestiva imagem de um Deus que irrompe repentinamente na vida do homem, que aceita entrar na sua tenda e sentar-Se à sua mesa, constituindo-Se em comunidade com ele. Por detrás desta imagem, está o significado do comer em conjunto: criar comunhão, estabelecer laços de família, partilhar vida. O jahwista apresenta, assim, um Deus dialogante, que quer estabelecer laços familiares com o homem e estabelecer com ele uma história de amor e de comunhão.
O catequista jahwista aproveitou a velha “lenda cultual” e a figura inspirativa de Abraão para apresentar aos homens do seu tempo o modelo do crente: ele é aquele a quem Deus vem visitar, que o acolhe na sua casa e na sua vida de forma exemplar, que coloca tudo o que possui nas mãos de Deus e que manifesta, com o seu comportamento, a sua bondade, a sua humanidade, a sua confiança e a sua fé; ele é aquele que partilha o que tem com quem passa e cumpre em grau extremo o sagrado dever da hospitalidade. A realização dos anseios mais profundos do homem é a recompensa de Deus para quem age como Abraão.
ATUALIZAÇÃO
• Cada vez mais, o
sagrado sacramento da hospitalidade
está em crise, pelo menos na nossa civilização ocidental. O egoísmo, o
fechamento, o “salve-se quem puder”, o “cada um que se meta na sua vida”…
parecem marcar cada vez mais a nossa realidade. No entanto, são cada vez mais
as pessoas perdidas, não acolhidas, que têm por teto os buracos das nossas
cidades… De África, do Leste da Europa, da Ásia, da América Latina, chegam todos
os dias à fronteira da “fortaleza Europa” bandos de deserdados, que procuram
conquistar, com sangue, suor e lágrimas, o direito a uma vida minimamente
humana. Que fazer por eles? Como os acolhemos: com indiferença e agressividade,
ou com a atitude humana e misericordiosa de Abraão? Temos consciência de que,
em cada irmão deserdado, é Deus que vem ao nosso encontro?
• É com atenção, com bondade, com
respeito, que as pessoas são acolhidas na nossa família, na nossa comunidade
cristã, nas nossas repartições públicas, nas urgências dos nossos hospitais,
nas recepções das nossas igrejas, nas portarias das nossas comunidades
religiosas?
• A atitude de Abraão face a Deus
é, também, questionante, numa época em que muita gente vê em Deus um
concorrente ou um rival do homem… Abraão
é o crente que acolhe Deus na sua vida, que aceita viver em comunhão com Ele,
que aceita pôr tudo o que tem nas mãos de Deus e que se coloca diante de Deus
numa atitude de respeito, de submissão, de total confiança. Qual é a
atitude que marca, dia a dia, a nossa relação com Deus?
SALMO RESPONSORIAL / 14 (15)
Senhor, quem morará em vossa casa?
• É aquele que caminha sem pecado
/ e pratica a justiça fielmente; / que pensa a verdade no seu íntimo / e não
solta em calúnias sua língua.
• Que em nada prejudica o seu
irmão, / nem cobre de insultos seu vizinho; / que não dá valor algum ao homem
ímpio, / mas honra os que respeitam o Senhor.
• Não empresta o seu dinheiro com
usura, / nem se deixa subornar contra o inocente. / Jamais vacilará quem vive
assim!
EVANGELHO (Lc 10, 38-42) Proclamação do Evangelho de Jesus
Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, Jesus entrou num povoado
e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Sua irmã, chamada Maria,
sentou-se aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava
ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas
que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha
ajudar!” O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas
agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a
melhor parte e esta não lhe será tirada”.
AMBIENTE
- Este episódio
situa-nos numa aldeia não identificada, em casa de duas irmãs (Marta e Maria).
Estas duas irmãs são, provavelmente, as mesmas Marta e Maria, irmãs de Lázaro,
referidas em Jo 11,1-40 e Jo 12,1-3. Se assim for, a ação passa-se em Betânia,
uma pequena aldeia situada na encosta oriental do Monte das Oliveiras, a cerca
de 3 quilómetros de Jerusalém. Continuamos, de qualquer forma, a percorrer esse
“caminho de Jerusalém”, durante o qual Jesus vai revelando aos seus discípulos
os projetos do Pai e os vai preparando para o testemunho do Reino.
MENSAGEM
- Estamos no contexto
de um banquete. Não se diz se havia muitos ou poucos convidados; o que se diz é
que uma das irmãs (Marta) andava
atarefada “com muito serviço” (vers. 40), enquanto a outra (Maria) “sentada aos
pés de Jesus, ouvia a sua Palavra” (vers. 39). Marta, naturalmente, não se
conformou com a situação e queixou-se a Jesus pela indiferença da irmã. A
resposta de Jesus (vers. 41-42) constitui o centro do relato e dá-nos o sentido
da catequese que, com este episódio, Lucas nos quer apresentar: a Palavra de Jesus deve estar acima de
qualquer outro interesse.
Há, neste texto, um pormenor que é preciso pôr em relevo. Diz respeito à “posição” de Maria: “sentada aos pés de Jesus”. É a posição típica de um discípulo diante do seu mestre (cf. Lc 8,35; At 22,3). É uma situação surpreendente, num contexto sociológico em que as mulheres tinham um estatuto de subalternidade e viam limitados alguns dos seus direitos religiosos e sociais; por isso, nenhum “rabbi” da época se dignava aceitar uma mulher no grupo dos discípulos que se sentavam aos seus pés para escutar as suas lições. Lucas (que, na sua obra, procura dizer que Jesus veio libertar e salvar os que eram oprimidos e escravizados, nomeadamente as mulheres) mostra, neste episódio, que Jesus não faz qualquer discriminação: o fato decisivo para ser seu discípulo é estar disposto a escutar a sua Palavra.
Muitas vezes, este episódio foi lido à luz da oposição entre ação e contemplação; no entanto, não é bem isso que aqui está em causa… Lucas não está, nesta catequese, a explicar que a vida contemplativa é superior à vida ativa; está é a dizer que a escuta da Palavra de Jesus é o mais importante para a vida do crente, pois é o ponto de partida da caminhada da fé. Isto não significa que o “fazer coisas”, que o “servir os irmãos” não seja importante; mas significa que tudo deve partir da escuta da Palavra, pois é a escuta da Palavra que nos projeta para os outros e nos faz perceber o que Deus espera de nós.
Há, neste texto, um pormenor que é preciso pôr em relevo. Diz respeito à “posição” de Maria: “sentada aos pés de Jesus”. É a posição típica de um discípulo diante do seu mestre (cf. Lc 8,35; At 22,3). É uma situação surpreendente, num contexto sociológico em que as mulheres tinham um estatuto de subalternidade e viam limitados alguns dos seus direitos religiosos e sociais; por isso, nenhum “rabbi” da época se dignava aceitar uma mulher no grupo dos discípulos que se sentavam aos seus pés para escutar as suas lições. Lucas (que, na sua obra, procura dizer que Jesus veio libertar e salvar os que eram oprimidos e escravizados, nomeadamente as mulheres) mostra, neste episódio, que Jesus não faz qualquer discriminação: o fato decisivo para ser seu discípulo é estar disposto a escutar a sua Palavra.
Muitas vezes, este episódio foi lido à luz da oposição entre ação e contemplação; no entanto, não é bem isso que aqui está em causa… Lucas não está, nesta catequese, a explicar que a vida contemplativa é superior à vida ativa; está é a dizer que a escuta da Palavra de Jesus é o mais importante para a vida do crente, pois é o ponto de partida da caminhada da fé. Isto não significa que o “fazer coisas”, que o “servir os irmãos” não seja importante; mas significa que tudo deve partir da escuta da Palavra, pois é a escuta da Palavra que nos projeta para os outros e nos faz perceber o que Deus espera de nós.
ATUALIZAÇÃO • Para ganhar uns minutos,
arriscamos a vida porque “tempo é dinheiro” e perder um segundo é ficar para
trás ou deixar acumular trabalho que depois não conseguimos “digerir”. Mudamos
de fila no trânsito da manhã vezes incontáveis para ganhar uns metros, passamos
semáforos vermelhos, comemos de pé ao lado de pessoas para quem nem olhamos,
chegamos a casa derreados, enervados, vencidos pelo cansaço e pelo stress, sem
tempo e sem vontade de brincar com os filhos ou de lhes ler uma história e
dormimos algumas horas com a consciência de que amanhã tudo vai ser igual…
Claro que estas são as exigências da vida moderna; mas, como é possível, neste
ritmo, guardar tempo para as coisas essenciais? Como é possível encontrar
espaço para nos sentarmos aos pés de Jesus e escutarmos o que Ele tem para nos
propor?
• Nas nossas comunidades cristãs e
religiosas, encontramos pessoas que fazem muitas coisas, que se dão
completamente à missão e ao serviço dos irmãos, que não param um instante… É
óptimo que exista esta capacidade de doação, de entrega, de serviço; mas não
nos podemos esquecer que o ativismo
desenfreado nos aliena, nos massacra e asfixia. É preciso encontrar tempo para
escutar Jesus, para acolher e “ruminar” a Palavra, para nos encontrarmos com
Deus e conosco próprios, para perceber os desafios que Deus nos lança. Sem
isso, facilmente perdemos o sentido das coisas e o sentido da missão que nos é
proposta; sem isso, facilmente passamos a agir por nossa conta, passando ao
lado do que Deus quer de nós.
• Esta época do ano – tempo de
férias, de evasão, de descanso – é um tempo privilegiado para invertermos a
marcha alienante que nos massacra. Que este tempo não seja mais uma corrida
desenfreada para lugar nenhum, mas um tempo de reencontro conosco, com a nossa
família, com os nossos amigos, com Deus e com as nossas prioridades. A oração e
a escuta da Palavra podem ajudar-nos a recentrar a nossa vida e a redescobrir o
sentido da nossa existência.
• Qual é a nossa perspectiva da
hospitalidade e do acolhimento? Esta leitura sugere que o verdadeiro
acolhimento não se limita a abrir a porta, a sentar a pessoa no sofá, a ligar a
televisão para que ela se entretenha sozinha, e a correr para a cozinha para
lhe preparar um banquete opíparo; mas o verdadeiro acolhimento passa por dar
atenção àquele que veio ao nosso encontro, escutá-lo, partilhar com ele, a
fazê-lo sentir o quanto nos preocupamos com aquilo que ele sente…
• A atitude de Jesus – que, contra
os costumes da época, aceita Maria como discípula – faz-nos, mais uma vez,
pensar nas discriminações que, na Igreja e fora dela, existem, nomeadamente em
relação às mulheres. Fará algum sentido qualquer tipo de discriminação, à luz
das atitudes que Jesus sempre tomou?
SEGUNDA LEITURA (Cl 1, 24-28)
Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses.
Irmãos, alegro-me de tudo o que já sofri
por vós e procuro completar na minha própria carne o que falta às tribulações
de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é, a Igreja. A ela eu sirvo,
exercendo o cargo que Deus me confiou de vos transmitir a palavra de Deus em
sua plenitude: o mistério escondido por séculos e gerações, mas agora revelado
aos seus santos. A estes Deus quis manifestar como é rico e glorioso entre as
nações este mistério: a presença de Cristo em vós, a esperança da glória. Nós o
anunciamos, admoestando a todos e ensinando a todos, com toda sabedoria, para a
todos tornar perfeitos em sua união com Cristo.
AMBIENTE
- Continuamos com a
leitura dessa Carta aos Colossenses que já vimos no passado domingo. Recordemos
que é uma carta escrita por Paulo da prisão (em Roma), convidando os habitantes
da cidade de Colossos (Ásia Menor) a não darem ouvidos a esses doutores para
quem a fé em Cristo devia ser complementada com o culto dos anjos, com rituais
legalistas, com práticas ascéticas rigoristas e com a observância de certas
festas… Para Paulo, o único necessário é Cristo: a sua vida, o seu testemunho,
a sua cruz (o dom da vida por amor) e a sua ressurreição. Estamos por volta dos
anos 61/63.
O texto que nos é proposto inicia a parte polémica da carta. Nele, Paulo apresenta o seu próprio exemplo, para que ele sirva de estímulo aos Colossenses.
O texto que nos é proposto inicia a parte polémica da carta. Nele, Paulo apresenta o seu próprio exemplo, para que ele sirva de estímulo aos Colossenses.
MENSAGEM
- Qual é, então, o
exemplo que o apóstolo quer propor aos cristãos de Colossos? É um exemplo de
alguém que, a partir da sua conversão, se alheou de tudo o resto, fez de Cristo
a referência fundamental e se preocupou apenas em pôr a sua vida ao serviço de
Cristo.
Ao longo do seu caminho de missionário, Paulo sofreu muito para levar a proposta de salvação a todos os homens, sem exceção (cf. 2 Cor 11,23-29). Inclusive, no momento em que escreve, Paulo está prisioneiro por causa do anúncio do Evangelho. No entanto, o apóstolo sente-se feliz pois sabe que esses sofrimentos não foram em vão, mas deram frutos e levaram muita gente a descobrir Jesus Cristo e a sua proposta de libertação.
Mais ainda: os sofrimentos de Paulo completam “o que falta à paixão de Cristo, em favor do seu corpo que é a Igreja”. Que significa isto? Para uns, Paulo refere-se à união da Igreja/corpo com o Cristo/cabeça: uma vez que a cabeça (Cristo) sofreu, os membros devem sofrer também para partilhar a sorte que a cabeça suportou. Esta explicação põe em relevo a união dos cristãos com Cristo e dos cristãos entre si.
Para outros, Paulo refere-se à ação redentora de Jesus: para Jesus, a redenção significou a cruz e o dom da vida; se os apóstolos aceitam ser testemunhas da redenção, isso implica, também para eles, o dom da vida (que passa pela perseguição e pelo sofrimento). Esta explicação põe em relevo a unidade do ministério de Cristo e dos apóstolos e a necessidade do testemunho apostólico. Esta explicação – que aparece já nos Padres Gregos – é a que está mais de acordo com o contexto.
De resto, Paulo tem consciência de que foi chamado por Cristo a anunciar o “mistério” (“mystêrion” – vers. 26). Esta palavra (que a “Lumen Gentium” retomará para definir a Igreja e a sua missão no mundo – cf. LG 1) designa, em Paulo, o plano salvador de Deus, escondido aos homens durante séculos, revelado plenamente na vida, na ação e nas palavras de Jesus Cristo e continuado pelos discípulos de Jesus (Igreja) na história. O esforço de Paulo (e dos cristãos em geral) deve ir no sentido de continuar a apresentação desse projeto de salvação/libertação que traz a vida em plenitude aos homens de toda a terra.
Paulo convida, pois, os Colossenses a construir a sua vida à volta de Jesus e do seu projeto (mesmo que isso implique sofrimento e perseguição); com o seu exemplo, Paulo estimula-os a uma comunhão cada vez mais perfeita com Cristo, pois é em Cristo (e não nos anjos, ou nas prática legalistas, ou nas práticas ascéticas) que os crentes encontrarão a salvação e a vida em plenitude.
Ao longo do seu caminho de missionário, Paulo sofreu muito para levar a proposta de salvação a todos os homens, sem exceção (cf. 2 Cor 11,23-29). Inclusive, no momento em que escreve, Paulo está prisioneiro por causa do anúncio do Evangelho. No entanto, o apóstolo sente-se feliz pois sabe que esses sofrimentos não foram em vão, mas deram frutos e levaram muita gente a descobrir Jesus Cristo e a sua proposta de libertação.
Mais ainda: os sofrimentos de Paulo completam “o que falta à paixão de Cristo, em favor do seu corpo que é a Igreja”. Que significa isto? Para uns, Paulo refere-se à união da Igreja/corpo com o Cristo/cabeça: uma vez que a cabeça (Cristo) sofreu, os membros devem sofrer também para partilhar a sorte que a cabeça suportou. Esta explicação põe em relevo a união dos cristãos com Cristo e dos cristãos entre si.
Para outros, Paulo refere-se à ação redentora de Jesus: para Jesus, a redenção significou a cruz e o dom da vida; se os apóstolos aceitam ser testemunhas da redenção, isso implica, também para eles, o dom da vida (que passa pela perseguição e pelo sofrimento). Esta explicação põe em relevo a unidade do ministério de Cristo e dos apóstolos e a necessidade do testemunho apostólico. Esta explicação – que aparece já nos Padres Gregos – é a que está mais de acordo com o contexto.
De resto, Paulo tem consciência de que foi chamado por Cristo a anunciar o “mistério” (“mystêrion” – vers. 26). Esta palavra (que a “Lumen Gentium” retomará para definir a Igreja e a sua missão no mundo – cf. LG 1) designa, em Paulo, o plano salvador de Deus, escondido aos homens durante séculos, revelado plenamente na vida, na ação e nas palavras de Jesus Cristo e continuado pelos discípulos de Jesus (Igreja) na história. O esforço de Paulo (e dos cristãos em geral) deve ir no sentido de continuar a apresentação desse projeto de salvação/libertação que traz a vida em plenitude aos homens de toda a terra.
Paulo convida, pois, os Colossenses a construir a sua vida à volta de Jesus e do seu projeto (mesmo que isso implique sofrimento e perseguição); com o seu exemplo, Paulo estimula-os a uma comunhão cada vez mais perfeita com Cristo, pois é em Cristo (e não nos anjos, ou nas prática legalistas, ou nas práticas ascéticas) que os crentes encontrarão a salvação e a vida em plenitude.
ATUALIZAÇÃO
- • Paulo é, para
os crentes, uma das figuras mais questionantes da história do cristianismo. É o
cristão de “vistas largas”, que não se deixa amarrar pelas coisas secundárias,
mas sabe discernir o essencial e lutar por aquilo que é importante… Mas,
sobretudo, é o exemplo do apóstolo por excelência, do apóstolo para quem Cristo
é tudo e que põe cada batida do seu coração ao serviço do Evangelho e da
libertação dos homens. É com o mesmo empenho de Paulo que eu “agarro” a missão
que Cristo me confiou? Como é que a nossa comunidade trata e considera esses
irmãos que, tantas vezes escondidos atrás da sua simplicidade e humildade, dão
a vida à causa do Evangelho e da libertação dos outros?
• A centralidade que Cristo assume
na experiência religiosa de Paulo leva-o à conclusão de que Cristo basta e que
tudo o resto assume um valor relativo (quando não serve, até, para “desviar” os
crentes do essencial). Que valor ocupa Cristo na minha experiência de fé? Ele é
a prioridade fundamental, ou há outras imagens ou ritos que chegam a ocupar o
lugar central que só pode pertencer a Cristo?
Dehonianos
============--------------======
Marta e Maria...
A
Liturgia de hoje nos convida a refletir
sobre
a HOSPITALIDADE e o Acolhimento.
Toda
vez que nos reunimos para celebrar a Eucaristia,
o
Senhor nos acolhe como hóspedes em sua casa e
nos
oferece a "melhor parte": a
sua Palavra e o Pão da vida.
As
leituras apresentam pessoas, que acolheram o Senhor...
Na
1a
Leitura, ABRAÃO acolhe
os mensageiros de Deus. (Gn 18,1-10a)
Abraão
está sentado à porta de sua tenda em Mambré,
atento
a quem passa e disposto a repartir com ele,
de
forma gratuita, aquilo que tem de melhor...
Ao
ver três homens, que se aproximam, o Patriarca corre ao encontro deles
e
oferece-lhes com insistência hospedagem.
No
final da refeição, como recompensa pela generosa hospitalidade,
recebe
a promessa de um filho, apesar da idade avançada de Abraão e Sara.
Era
o que mais desejava na vida... Seria o herdeiro das Promessas...
Antiga
tradição cristã viu nestes três personagens,
dos
quais só um fala, misteriosa figura da Trindade...
*
Todos somos peregrinos procurando pousada no coração das pessoas,
que
podem ser o próprio Deus que nos pede um pouco do nosso tempo.
Na
2a
Leitura, PAULO apresenta
o próprio exemplo:
acolheu
em sua vida Cristo, que deu sentido à sua vida e sua missão:
"É Cristo
crucificado que vive em mim" (Cl
1,24-28)
* Missão do ministro é acolher o povo em seu
coração
para
que se sinta acolhido, amado e valorizado.
As
pessoas não procuram tanto na Igreja uma boa organização,
mas
serem ouvidas e receberem palavras que comuniquem o Amor de Deus.
No
Evangelho,
MARTA e MARIA acolhem Jesus em sua casa. (Lc 10,38-42)
-
MARTA preocupa-se com os trabalhos
para acolher bem o visitante em sua CASA.
-
MARIA, pelo contrário, SENTA-SE aos pés do Mestre
(posição típica de um discípulo diante do seu
Mestre)
e acolhe a Palavra de Jesus em seu CORAÇÃO...
Duas
formas sinceras de acolher... mas diante da reclamação de Marta,
Jesus
afirma que a atitude de Maria lhe era mais agradável,
pois
a escuta da sua palavra é o ponto de partida na caminhada da fé.
A
Hospitalidade é um gesto sagrado desde o Antigo Testamento...
Não
é só abrir a porta da casa, mas é também abrir os ouvidos e o coração,
para
dar a nossa atenção àquele que veio ao nosso encontro.
Durante
o diálogo, Maria permanece em silêncio,
sinal
de meditação e interiorização da Palavra de Deus.
-
Marta acolhe em sua casa um AMIGO muito querido...
-
Maria acolhe o MESTRE que tem palavras de Vida...
-
Paulo hospeda o REDENTOR, que redime os homens de seus pecados...
-
Abraão acolhe naqueles viajantes o próprio DEUS...
Quem
são as Martas e Marias, HOJE?
-
Na Vida Prática: Você valoriza mais as pessoas,
ou as coisas, os trabalhos, a casa, os
negócios?
-
Na Família...
> Você, Esposa, costuma acolher com carinho, com atenção e com sorriso
o seu esposo que chega cansado do
trabalho ou
o seu filho que retorna da escola?
> Você, Marido, mesmo cansado, escuta com interesse, sua esposa
que deseja lhe contar como foi o dia?
> E você, Jovem, sabe dar a devida atenção a seus pais,
que trabalham o dia todo por você?
-
Na Comunidade...Você encontra tempo para "sentar aos pés de Jesus
e escutar a sua palavra"? Ou apenas se
satisfaz em "fazer coisas"?
Fato decisivo para ser "Discípulo"
de Cristo,
é estar disposto a escutar a sua Palavra...
-
Na Sociedade... Você tem tempo para parar e escutar os que chegam até
você,
reconhecendo neles a voz de Cristo (ou a
visita de Deus)?
Ou apenas se contenta em oferecer
"coisas"?
-
Na Ação Pastoral... como servimos a Deus?
O Evangelho nos mostra dois modos: como
Marta... e como Maria...
Damos o devido tempo entre Ação e
Contemplação, Trabalho e Oração...
Ação, sem escuta da Palavra de Deus, torna-se
vazia...
E Oração, sem ação, é estéril e alienante...
Que
a nossa atitude não seja apenas a de Marta, nem apenas a de Maria...
mas
a de Marta e de Maria, juntas, se completando em nós...
Cristo
ainda hoje continua nos advertindo: "Marta,
Marta..."
Cristo
continua ainda hoje batendo à nossa porta.
Sua
voz tem inúmeros timbres.
Procuremos
reconhecê-la e abrir a porta sem fazê-lo esperar.
Para
acolher Jesus, devemos encontrar tempo
para
nos sentar a seus pés, escutá-lo e escutar os outros;
tempo
para rezar; tempo para servir; um coração pronto e disponível.
-
A Conferência de Aparecida fala em gastar mais tempo
para escutar as pessoas...
O que poderíamos fazer nesse sentido?
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Pedrinho
Meus
irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos chama a atenção para a contemplação em
todo trabalho, que nós realizamos, sobretudo, para a realidade urbana. Nós temos a correria do dia inteiro e
avançamos até altas horas da noite com nossas tarefas e obrigações. Aos poucos, vamos deixando de lado aquilo
que nos diferencia dos outros animais; um burro, um cavalo e tantos outros
animais que também trabalham. Só que eles não têm a capacidade de contemplar o
seu dia, o que fizeram naquele dia. Nós, os seres humanos, é que temos esta
capacidade de parar no final do dia e dizer: como é que foi o meu dia? Então,
contemplar. Agora, contemplar aos pés do mestre, significa termos uma
intimidade com Jesus. Neste ponto, vamos resgatar, um pouco, quem é Marta e
Maria. Marta e Maria são as irmãs de Lázaro. Os três são amigos de Jesus.
Claro, que, quando o Evangelho fala de amigo, não está só dando uma
informaçãozinha de que Jesus tinha lá os seus amigos. Já, São Lucas,
antecipadamente, no início do Evangelho que ele escreveu, ele dedica o seu
trabalho a Teófilo. Teófilo significa amigo de Deus. Portanto, quem é amigo de
Deus, é amigo de Jesus. Aliás, alguns vão achar que o Evangelho de São João
quando diz “O Discípulo Amado”, está falando de Lázaro. Porque, a final de
contas, os próprios, que vão ao sepultamento de Lázaro, vêem Jesus chorando e
dizem: “Vejam como Ele o amava”. De qualquer maneira, Marta Maria são amigos de
Jesus. Então, eles podem nos ajudar, porque nós também somos amigos de Jesus, a
refletir sobre a nossa conduta. Marta não é má. Ao contrário. Ela tenta servir
o Senhor, de todas as formas, providenciando tudo que é necessário e Maria
contempla o Senhor. Convenhamos: se
ficarmos contemplando Jesus o dia inteiro, o que é que vamos fazer? Vamos ser
bem práticos. Quem é que vai preparar o almoço, quem é que vai honrar os
compromissos para ter um salário no fim do mês? Então, não se trata de ficar
vinte e quatro horas contemplando Jesus, mas de ter este hábito. O papa
Francisco lembrava: “São Bento nos ensinou: oração e trabalho. Trabalho e
oração”. Então, veja, quando Jesus chama a atenção de Marta, não é que Ele está
contra o trabalho que ela realiza, mas Ele quer chamar a atenção para este
aspecto: que nenhum trabalho, em nome do Evangelho, por mais que sejamos amigos
de Jesus, ele não transmitirá Jesus, se eu não tiver o lado contemplativo, se
eu não tiver o lado da oração. Nenhuma oração terá conteúdo, como diz o
popular; “sustança”, se não tiver AÇÃO. Marta e Maria deve ser um estímulo para
sermos uma síntese dessas duas. Buscar no nosso trabalho apresentar Jesus,
que é nosso amigo. Ao mesmo tempo, buscar na oração corrigir aquilo que faltou
em nosso trabalho e agradecer aquilo que realizamos.
Anunciar Jesus é coisa simples; não
precisamos fazer grandes discursos, nem pequenos. Às vezes, quando permito alguém ultrapassar o carro que
estou dirigindo, pois talvez ele tenha mais pressa do que eu, isto é um gesto. É um gesto de respeito pelo irmão.
Aquilo que é obrigação, mas que aqui no Brasil não se faz, pelo menos grande
parte do Brasil. Tem alguém querendo passar na faixa de pedestre; eu parar,
estou mostrando que a pessoa tem valor, que ela é importante. Chegar em casa e elogiar quem preparou a
comida; são gestos tão simples. Elogiar quem ficou o dia inteiro fora
trabalhando e chega em casa alegre e feliz. São gestos simples. São gestos que
não fazemos e não é por maldade. Não. Nós amamos quem nos prepara o alimento,
nós amamos quem busca o sustento da casa, nós amamos tudo isto. Só que, na
correria do dia a dia, perdemos este hábito. É aí que a contemplação vai nos
ajudar. A contemplação vai fazer com
que eu me dê conta: como é que eu apresentei Jesus hoje? Aí, então, repassar o
dia. Senhor, obrigado, pois consegui isto e isto. Senhor, me perdoa, aqui e ali
eu poderia ter feito melhor.
Abraão é um exemplo prático de contemplação e
ele une o útil ao agradável. Olhe a primeira leitura. Na hora de maior calor do
dia, imagina ele no deserto, o que é que ele vai fazer? Nada. Vai ficar debaixo
da sombra da árvore. Aí, aproveita este momento para contemplar. É por conta da
contemplação, que ele se torna mais sensível, ao ponto de avistar três homens e
ele se coloca no lugar desses três homens e corre a servir lhes água, pão,
leite, porque eles devem estar famintos e com muito calor. Este é o valor da contemplação; o sentar-se aos pés do
Mestre é ajudar-nos a sermos mais
sensíveis às necessidades dos outros, que às vezes, é uma necessidade muito
simples e que podemos oferecer. De qualquer maneira, na medida em que eu sou sensível ao próximo, eu sou sensível a Jesus,
porque ele disse: “O que fizeres ao menor de meus irmãos, a mim o fizestes”.
Assumir
todo o desafio, que aparece na segunda Leitura, que é chamado de tribulação, é
assumir esta preocupação para com o irmão e fazer do nosso trabalho algo que
nos possa levar a Deus.
Que
esta Celebração sirva para renovar a nossa disposição de contemplar a Deus no
trabalho do dia a dia que realizamos.
Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe.
Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.
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Homilia de D. Henrique Soares da Costa
O Senhor hoje nos
acolhe em sua Casa, hospeda-nos ao redor do seu Altar sagrado, para nos falar
de hospitalidade. Aquele que nos hospeda bate à nossa porta, humildemente, como
hóspede, esperando ser acolhido por nós: “Eis que estou à porta e bato:
se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com
ele, e ele comigo” (Ap 3,20). Abramos para ele nosso coração e nossa
vida.
A Palavra de Deus
apresenta-nos, nas leituras deste Domingo, dois modos de acolher o Senhor; dois
modos distintos, mas que se relacionam e mutuamente se condicionam. O primeiro,
é acolhendo-o na sua Palavra, como Maria, a irmã de Marta e de Lázaro. Para
nós, ela é modelo do discípulo perfeito, pois “sentou-se aos pés do
Senhor, e escutava sua palavra”. Marta também acolheu Jesus, mas é um
acolhimento exterior e, portanto, superficial, como o daqueles que são cristãos
tão empenhados em trabalhar por Cristo e em falar de Cristo, que esquecem de
estar com Cristo, de realmente dar-lhe atenção na escuta da Palavra e na
oração. Ora, é nisto, precisamente, que Maria, hoje, é exemplo para nós: “sentou-se
aos pés do Senhor”. – Vejam a disponibilidade, à atenção à Pessoa de
Cristo, a disposição em acolher a Palavra que brota do coração do
Salvador: “escutava sua palavra”. Aqui, cabe-nos perguntar: neste
mundo dispersivo e agitado, neste mundo da competição e do estresse, tenho tido
tempo, realmente, para acolher o Cristo que bate à minha porta? “Eis
que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta,
entrarei...” Não tenhamos dúvida que grande parte da crise de fé e de
entusiasmo de muitos cristãos decorre da falta desse acolhimento íntimo em
relação ao Senhor, da incapacidade de hospedá-lo no nosso afeto e no nosso
coração pela escuta da Palavra que se torna oração amorosa e perseverante.
Talvez sirva para todos nós, ativos em excesso e dispersos contumazes, a
advertência de Jesus: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada
por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária”. Qual? Que coisa é a
única necessária? Estar aos pés do Senhor, abrindo-se à sua Palavra: “O
homem não vive somente de pão, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus” (Mt
4,4). É esta a parte que Maria escolheu e que, por nós escolhida,
jamais nos será tirada, porque Deus é fiel!
Mas, há um outro modo
de acolher Aquele que está à porta e bate. Este modo deve decorrer da escuta da
Palavra e mostra se essa Palavra é eficaz na nossa vida. Trata-se de acolher os
outros, de hospedá-los no nosso coração e na nossa vida. Recordemos a cena de
Abraão, nosso pai na fé. Colhamos os detalhes! Abraão estava sentado, talvez
descansando do almoço, “no maior calor do dia”. Ao ver os
estrangeiros que lhe estão próximos, corre ao encontro deles. Observem a
solicitude de nosso pai na fé: não os conhecia, mas corre, com pressa, até eles
e os reverencia: “Assim que os viu, correu ao seu encontro e
prostrou-se por terra”. Observem a insistência no convite para que os
estranhos comam de sua mesa; notem a solicitude em preparar rápido o melhor que
tem: entrou logo na tenda, tomou farinha fina, correu ao rebanho e pegou um dos
bezerros mais tenros e melhores, pegou coalhada e colocou tudo diante dos
hóspedes... Por que fez isso? Porque tem fé! Para Abraão, não existe acaso.
Notem como ele diz aos estrangeiros: “Foi para isso mesmo que vos
aproximastes do vosso servo”. Ou seja: fizestes-vos próximos de mim para
que eu me faça próximos de vós e vos sirva! Notem ainda como a situação se
inverte: ao início, Abraão estava sentado e os hóspedes, de pé; agora, Abraão
está de pé, servindo, e os hóspedes, comodamente sentados. Sem saber, naqueles
estrangeiros, acolhidos desinteressadamente, Abraão estava acolhendo o próprio
Senhor. E, ao fazê-lo, ao esquecer-se de si para preocupar-se com os outros,
tornou-se fecundo: “Onde está Sara, tua mulher? Voltarei, sem falta, no
ano que vem, por esse tempo, e sara, tua mulher, já terá um filho!” Bendita
hospitalidade, que gera vida! Bendito sair de nós, que nos torna fecundos!
Domingo passado, a
Palavra nos fazia perguntar: quem é o meu próximo? Pois hoje, a pergunta volta,
insistente: quem são aqueles e aquelas que estão de pé, à porta da minha tenda
esperando que eu os acolha no meu coração e na minha atenção? Pensemos nos
pobres, nos desvalidos, nos sem amor, nos que caíram, nos que se sentem
sozinhos, nos que batem à nossa porta pedindo uma esmola e nos que pedem
atenção, respeito, compreensão, perdão e amor... Somos tão tentados ao
fechamento no nosso mundo e nas nossas preocupações! E, no entanto, neles, o
Senhor bate à nossa porta, pede-nos hospedagem: “Eis que estou à porta
e bato!” E isso não é de hoje nem de ontem: desde Belém, que ele está
à porta, desde Belém, que ele procura o nosso acolhimento! Desde Belém,
não “havia lugar para ele na hospedaria” (Lc 2,7).
Então, somente
poderemos hospedar Jesus em plenitude quando estes dois modos se completam:
hospedá-lo na escuta da Palavra e no silêncio da oração e hospedá-lo naqueles
que vêm a nós pelos caminhos da vida. Calha maravilhosamente hoje o conselho do
Autor da Carta aos Hebreus: “O amor fraterno permaneça. Não vos
esqueçais da hospitalidade, porque graças ela alguns, sem saber, acolheram
anjos” (Hb 13,1s). Mais que anjos: acolheram o próprio Deus, aquele
que disse: “Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses
irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes!” (Mt 25,40).
Que o Senhor nos
conceda hospedar sempre, para que encontremos hospedagem no seu coração. A ele
a glória para sempre. Amém.
D.
Henrique Soares da Costa
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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Ao longo do seu
caminho rumo a Jerusalém (Lc 9,51s: XIII Domingo), Jesus vai passar por muitas
situações: rejeição por parte dos Samaritanos, confronto com os doutores da Lei
(Lc 10,25s: XV Domingo), e na perícope deste XVI Domingo faz uma parada estratégica
na casa de Marta e Maria para retomar um dos principais temas do evangelho de
Lucas, isto é, a visita de Deus (Lc 7,11-17: X Domingo). As duas irmãs,
anfitriãs de Jesus, representam dois modos de reagir diante da visita de Deus.
É inegável que ambas recebem Jesus, mas é também evidente que só uma permaneceu
com Ele. Ali está a grande diferença diante da visita. Não basta apenas receber
em casa, é preciso acolher no coração. Portanto, é preciso passar de anfitriã à discípula. Enquanto Marta optou por
estar sozinha com os afazeres da casa, Maria escolheu a melhor parte: “ficou
sentada aos pés do Senhor, escutando-lhe a palavra”. Marta estava preocupada
pelo muito serviço, talvez empenhada na preparação de algo para oferecer a
Jesus e aos seus discípulos; com as mãos e o coração tão ocupados, não
conseguia acolher o que o Senhor tinha para lhe oferecer: sua presença e sua
palavra. Marta e Maria não representam simplesmente duas pessoas (ativa e
contemplativa), mas indicam as duas possibilidades de escolhas que temos nos
nossos relacionamentos: receber e abandonar ou receber e permanecer.
Há uma tendência muito forte no
coração das pessoas, quando querem estabelecer relacionamentos, deixarem-se
levar pela tentação de oferecer coisas, pensando ser a maneira mais segura de
construir pontes e criar laços, quando na verdade o excesso de coisas materiais
pode criar uma montanha de entulhos, impedindo a leveza da relação e a
profundidade do encontro, pois confunde a gratuidade da presença com a
compulsiva insegurança da cobrança velada dos presentes. Jesus adverte Marta
diante da sua inquietação e agitação, totalmente absorvida por muitas coisas.
Quando cremos que as coisas que podemos oferecer às pessoas garantirão o nosso
relacionamento com elas e esquecemos de ser presença que as acolhe, mais cedo
ou mais tarde nos depararemos com a chocante verdade: ficamos sozinhos. Quando
consideramos mais importante o que podemos oferecer e não tanto o fazer-se
oferta, restará apenas no nosso coração a angústia de ter perdido a oportunidade
do encontro, e ter feito apenas o papel de um deliverer de coisas.
Quando nos excedemos nas coisas que
podemos dar ao outro, projetamos nele o nosso mendigo interior, revelamos a
nossa incapacidade de viver a gratuidade, transformando sutilmente os nossos
relacionamentos em relação mercantil: “ofereço coisas a você, e você me paga
com afetos que sedam a minha angústia de ser incapaz de estabelecer
relacionamentos alimentados por presença, mas simplesmente comprados com
presentes”.
Jesus entrando na casa de Marta e
Maria não pretendia encontrar uma mesa preparada a fim de matar a sua fome como
também a dos seus discípulos. Mas fazendo-se hóspede, anunciou com a sua
presença e palavra que Deus visita o seu povo, e é Ele mesmo quem prepara a
mesa; Ele mesmo oferece o alimento mais desejado pelo coração humano, como fará
com os discípulos de Emaús no final do evangelho quando de hóspede, torna-se o
anfitrião partindo o pão para anunciar-lhe que não está morto, mas ressuscitado
e, portanto, fazendo-se presença permanente.
Marta, preocupada e agitada para
servir, é chamada a fazer a experiência do acolhimento Daquele que veio para
servir, pois Ele mesmo afirma: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve”
(Lc 22,27). Querer servir sem aprender de Jesus, sem antes colocar-se aos seus
pés, pode levar simplesmente a uma agitação ou a um ativismo perturbador e
estéril, tendo como consequência o cansaço e a solidão. Quem pretende servir o
Reino, mas não cresce no discipulado, não se nutre da palavra do Mestre, não
encontra tempo para permanecer aos seus pés, torna-se um trabalhador frustrado,
agitado com tantos afazeres, ironicamente se afastará do Senhor e da comunidade
fraterna, e só saberá expressar seu descontentamento acusando os demais de o
ter deixado sozinho, quando na verdade, a escolha da solidão foi uma opção sua,
pois preferiu fazer coisas, e não ser discípulo.
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Para a Celebração da Palavra (Diáconos e Ministros da Palavra):
Louvor : (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR): 16º dom TC
Pres. O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
Pres. COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO E. SANTO, louvemos O PAI:
T: Bendito e louvado seja o nosso Deus!
Presidente: Senhor, nosso Deus e Pai! Vos louvamos por nos revelar
vosso amor enviando vosso Filho para nos guiar para a felicidade eterna. Hoje
vimos o quanto Abraão, nosso pai na fé, foi atento às necessidades daqueles
três homens que passavam próximo a sua tenda. Pai, abri nossos olhos para que
vejamos as necessidades de nossos irmãos e irmãs que passam por nós.
T: Bendito e louvado seja o nosso Deus!
Presidente: Pai, bendito sejais, porque nos fizestes
conhecer vossos ensinamentos através de vosso Filho. Hoje Jesus nos ensinou,
que não basta a ação do trabalhos, mas que precisamos também estar aos seus pés
e contemplar a palavra que nos edifica e salva.
T: Bendito e louvado seja o nosso Deus!
Presidente: Pai, vos agradecemos pela Palavra de vida, que é
sabedoria. Vós nos destes a melhor parte, que é o conhecimento de vosso amor e
de vossa bondade. Vosso amor nos deu a dignidade de filhos Vossos. Pai, ajudai-nos para que também
sejamos solícitos para com os que estão ao nosso redor. Que sejamos amáveis,
acolhedores, bondosos e úteis ao nosso irmão ou irmã que precisam de nós.
T: Bendito e louvado seja o nosso Deus!
PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O
CORDEIRO
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16º
Domingo do Tempo Comum (Adaptado pelo Diácono Ismael) - SINOPSE:
1 Abraão conserva-se em silêncio digno,
sem manifestar qualquer dúvida tais são as atitudes que o crente israelita é
convidado a assumir diante desse Deus que vem ao encontro do homem.
2 O modelo do crente: ele o acolhe na sua casa e na sua vida de forma exemplar, que coloca tudo o que possui nas mãos de Deus; sacramento da hospitalidade
Abraão é o crente que acolhe Deus na sua
vida, que aceita viver em comunhão com Ele, que aceita pôr tudo o que tem nas
mãos de Deus e que se coloca diante de Deus numa atitude de respeito, de
submissão, de total confiança.
3 Marta andava atarefada “com muito
serviço”, Maria “sentada aos pés de Jesus, ouvia”.
nenhum “rabbi” da época se dignava aceitar uma mulher no grupo dos discípulos
nenhum “rabbi” da época se dignava aceitar uma mulher no grupo dos discípulos
4 A escuta da Palavra de Jesus é o mais
importante para a vida do crente,
5 A Palavra nos projeta para os outros e
nos faz perceber o que Deus espera de nós.
6 O ativismo desenfreado nos aliena, nos
massacra e asfixia. É preciso encontrar tempo para escutar Jesus, para acolher
e “ruminar” a Palavra, para nos encontrarmos com Deus e conosco próprios, para
perceber os desafios que Deus nos lança.
7 O apóstolo sente-se feliz pois sabe
que esses sofrimentos não foram em vão, mas deram frutos e levaram muita gente
a descobrir Jesus Cristo e a sua proposta de libertação.
8 Os sofrimentos de Paulo completam “o que falta à paixão de Cristo, em favor do seu corpo que é a Igreja”. Uma vez que a cabeça (Cristo) sofreu, os membros devem sofrer também para partilhar a sorte que a cabeça suportou.
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