quinta-feira, 11 de julho de 2019

15º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C, homilias, subsídios homiléticos


15º DOMINGO DO TEMPO COMUM  ANO C

– SINOPSE:
TEMA: É no amor a Deus e ao próximo que encontraremos a vida eterna.
Primeira leitura: Deus é o centro da sua vida; Devemos amá-lo de todo o coração.
Evangelho: A vida plena está no amor a Deus e aos irmãos.
Segunda leitura: Paulo apresenta-nos Cristo como o centro de nossa vida.

PRIMEIRA LEITURA (Dt 30, 10-14)
...Moisés falou: “Ouve a voz do Senhor teu Deus e observa todos os seus mandamentos, que estão escritos ...Não está no céu, ...: Ao contrário, esta palavra está ...em tua boca e em teu coração”.

AMBIENTE
O Deuteronômio é reflexão dos teólogos do Reino do Norte (Israel) no final do exílio da Babilônia, alertando para as consequências da  infidelidade para com Jahwéh.

MENSAGEM
É um convite às propostas e aos mandamentos de Deus. Os exilados perguntavam Como é que se descobre o que Deus quer de nós? - O caminho que Deus propõe está inscrito no coração e na consciência de cada homem; é aí que Deus nos fala as suas propostas.

ATUALIZAÇÃO
♦ O convite às propostas de Deus Não pode ser uma meia adesão de acordo com os nossos interesses; mas tem de ser uma adesão total.
♦ Nossos interesses egoístas abafam a voz de Deus.

SALMO: Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos: / o vosso coração reviverá!
• Por isso elevo para vós minha oração, / neste tempo favorável, Senhor Deus! /
Respondei-me pelo vosso imenso amor, / pela vossa salvação que nunca falha!
/ - Senhor, ouvi-me, pois suave é vossa graça; / ponde os olhos sobre mim com grande amor!
• Pobre de mim, sou infeliz e sofredor! / Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus! /
Cantando eu louvarei o vosso nome / e agradecido exultarei de alegria!
• Humildes, vede isto e alegrai-vos: / o vosso coração reviverá, /
se procurardes o Senhor continuamente! / Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres /
 e não despreza o clamor de seus cativos.
• Sim, Deus virá e salvará Jerusalém, / reconstruindo as cidades de Judá. /
 A descendência de seus servos há de herdá-las, / e os que amam o santo nome do Senhor/
dentro delas fixarão sua morada!

EVANGELHO (Lc 10,25-37)
...um mestre da Lei ...perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” Jesus lhe disse: “O que está escrito na Lei?...” Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e ...ao teu próximo como a ti mesmo!”: “E quem é o meu próximo?” Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. ...deixando-o quase morto. Por acaso, um sacerdote ...Quando viu, seguiu adiante,... O mesmo aconteceu com um levita... Mas um samaritano, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. ...fez curativos. ...e levou-o a uma pensão, ...pegou duas moedas de prata..., recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais”. E Jesus perguntou: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa”.

AMBIENTE
Jesus prepara os discípulos para serem as testemunhas do Reino. É neste contexto “pedagógico” que vai aparecer a “parábola do bom samaritano”. Havia inimizades entre eles. Quando, em 721 a.C., a Samaria foi tomada pelos assírios e colonos assírios se misturaram com a população local; Após o exílio, os judeus recusaram a ajuda dos samaritanos para a reconstrução do templo de Jerusalém (ano 437). No ano de 333 a.C., os samaritanos construíram um templo no monte Garizim; que foi destruído em 128 a.C. por João Hircano. Na época de Cristo samaritanos profanaram com ossos o templo de Jerusalém. Os judeus desprezavam os samaritanos, por serem uma mistura de sangue israelita com estrangeiros.

MENSAGEM
O que fazer, a fim de conseguir a vida eterna? - o mestre da Lei a conhece: amar a Deus e amar o próximo. “quem é o meu próximo?” Na época de Jesus o “próximo” eram apenas os membros do Povo de Deus. Para explicar, Jesus conta a “parábola do bom samaritano”. Passaram um sacerdote e um levita. Apesar dos conhecimentos religiosos, não têm misericórdia. Um samaritano foi até ele, cuidou e o salvou. Jesus conclui dizendo: “vai e faz o mesmo”. A verdadeira religião que conduz à vida plena passa pelo amor a Deus, traduzido em gestos concretos de amor pelo irmão, sem exceção. O “próximo” é qualquer um que necessita de nós para se levantar.

ATUALIZAÇÃO
♦ “O que fazer para chegar à vida plena, à felicidade? A resposta é: “faz de Deus o centro da tua vida, ama-O e ama também os outros irmãos”. A verdadeira religião que conduz à salvação passa por este amor sem limites.

SEGUNDA LEITURA (Cl 1,15-20)
...Cristo é a imagem do Deus invisível,...Tudo foi criado por meio dele e para ele... Ele é a Cabeça, o Princípio, ...ele tem a primazia, porque Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude e por ele reconciliar consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da cruz

AMBIENTE
Paulo escreveu aos Colossenses da prisão (de Roma). Ano 63. Epafras visitou Paulo e levou notícias alarmantes… Alguns “doutores” locais misturavam cristianismo com cultos mistéricos em voga no mundo helenista. Paulo desmonta toda esta confusão doutrinal e afirma que nenhum destes elementos tem qualquer importância para a salvação: Cristo basta.

MENSAGEM
A primeira afirmação é a de que Cristo é a “imagem de Deus invisível”. Ele é em tudo igual ao Pai, no ser e no agir, pois n’Ele reside a plenitude da divindade. Deus se revela aos homens e Se faz visível através da humanidade de Cristo.
A segunda afirmação é que Ele é o “primogênito de toda a criatura”. No contexto judaico, o “primogênito” era o herdeiro principal, que tinha a primazia em dignidade e em autoridade sobre os seus irmãos. Aplicado a Cristo, significa a supremacia e a autoridade de Cristo sobre toda a criação.
A terceira afirmação é a de que “n’Ele, por Ele e para Ele foram criadas todas as coisas”. Significa que todas as coisas têm n’Ele o seu centro supremo de unidade, de coesão, de harmonia (“n’Ele”); que é Ele que comunica a vida do Pai (“por Ele”); e que Cristo é o termo e a finalidade de toda a criação (“para Ele”). Paulo desmonta as especulações dos “doutores” Colossenses acerca dos poderes angélicos, considerados em paralelo com o poder de Cristo.
Ele é a “cabeça do corpo que é a Igreja”. A expressão significa, em primeiro lugar, que Cristo tem a primazia e a soberania sobre a comunidade cristã; mas significa, também, que é Ele quem comunica a vida aos membros do corpo e que os une num conjunto vital e harmônico. A segunda afirmação é a de que Ele é o “princípio, o primogênito de entre os mortos”. Significa que Ele, não só foi o primeiro que ressuscitou, mas também que Ele é a fonte de vida que vai provocar a nossa própria ressurreição. A terceira afirmação é de que n’Ele reside “toda a plenitude”. Significa que n’Ele e só n’Ele habita, efetiva e essencialmente, a divindade: tudo o que Deus nos quer comunicar, a fim de nos inserir na sua família, está em Cristo. Por isso, por Cristo foram reconciliadas com Deus todas as criaturas: a criação, marcada pelo pecado, recebeu a oferta da salvação e pôde voltar a inserir-se na família de Deus.

ATUALIZAÇÃO
♦ Cristo é a referência fundamental à volta da qual a nossa vida se articula e se constrói. É Ele que está no centro dos interesses e da vida das nossas comunidades?
 Há outros deuses, ou poderes, ou “santos” que nos desviam de Cristo?
♦ Para muitos Jesus, quando muito, foi um homem bom, um visionário, um idealista; por isso, não tem qualquer espaço nas suas vidas. Como podemos testemunhar a nossa convicção de que Ele é o centro da história e de que Ele está no princípio e no fim da história da salvação?

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Quem é seu Próximo?

Todos nós desejamos com segurança a Vida eterna.
Mas qual é o CAMINHO para conquistá-la.
As leituras bíblicas respondem: no amor a Deus e aos outros.

Na 1a leitura, MOISÉS convida o Povo a aderir aos MANDAMENTOS:
"Ouve a voz do Senhor, teu Deus, e observa todos os seus Mandamentos".
E acrescenta: "Esta lei não está acima de tuas forças... pelo contrário,
ela está bem perto de ti, está em tua boca e em teu CORAÇÃO" (Dt 30,10-14)

Os Mandamentos de Deus não são uma coleção de prescrições impostas, que tolhem a nossa liberdade e prejudicam a nossa realização pessoal.
Pelo contrário, correspondem aos anseios profundos da pessoa humana, são o caminho seguro, que nos conduz à Felicidade eterna desejada.
E Deus inscreveu esses preceitos em nosso próprio coração.

A 2ª Leitura mostra Cristo como o centro de toda a criação. (Cl 1,15-20)
É um hino cristológico, em que Paulo apresenta Cristo  como "imagem do Deus invisível" e o "primogênito de toda a criatura".

No Evangelho, CRISTO aponta o caminho da vida eterna, respondendo a duas perguntas de um Mestre da Lei: (Lc 10,25-37)

1. "Que devo fazer para alcançar a vida eterna"?
- Jesus o questiona: "O que diz a Lei?"
- Ele resume os 613 preceitos em dois: o Amor a Deus e o Amor ao Próximo... (Dt 6,5; Lev 19,18)
- Jesus concorda: "Respondeste bem... FAZE isto e viverás".
- E ele insiste com a segunda pergunta:

2. "E quem é o meu próximo?"
Na época de Jesus, "próximo" era o membro do Povo de Deus; excluíam os inimigos, os pecadores e os não praticantes...
Jesus responde não com uma definição, mas com um exemplo prático...
com a maravilhosa Parábola do BOM SAMARITANO...

- Um homem é assaltado por ladrões...  que o deixam jogado meio morto à margem da estrada.
- Ali passa um SACERDOTE, que sabe tudo sobre a Lei:   vê o homem jogado, mas vai adiante.
- Passa também um LEVITA, que trabalha diariamente no templo, mas não sabe nada de Deus: não tem misericórdia para aquele homem.
  Vê o homem e vai em frente...
- Passa também um "SAMARITANO" que não sabia tão bem a Lei de Moisés.
  Esse "pagão" sente "compaixão" (sentimento próprio de Deus).
  Supera a hostilidade entre judeus e samaritanos,   esquece seus negócios, seus compromissos, seu cansaço, o medo...
   "Aproxima-se dele, derrama óleo e vinho nas feridas. Depois o coloca em seu animal e completa os cuidados na pensão".
- E Jesus concluiu: "Vai e faze tu o mesmo".

A Parábola nos diz que...

- A "Vida eterna" é encontrada no Amor a Deus,   concretizado no Amor ao Próximo.
  Para ter a vida devemos fazer de quem está perto de nós o nosso próximo.
  PRÓXIMO é todo irmão, que necessita de nossa ajuda e de nosso amor.

- Mais importante do que saber quem é o "próximo", é tornar-se próximo de quem precisa...
  PRÓXIMO é quem age com misericórdia e compaixão...
  Cristo foi o verdadeiro Bom Samaritano, que antes de ensinar a Parábola a fez realidade em sua vida acolhendo a todos.
  E ele nos convida: "Vai e faze tu o mesmo..."
  Esse gesto é um aspecto fundamental da missão da Igreja.

* A Parábola propõe Três PASSOS para realizar o amor misericordioso:
   Ver, Ter compaixão e Agir...

+ Quem é o nosso Próximo, HOJE?
   Só os amigos, os familiares? Os que nos ajudam? Gente do nosso grupo?

* Ainda hoje, há pessoas à beira das estradas, assaltadas pela violência ou opressão... precisando de nossa ajuda...

- Qual é a nossa atitude para com elas?

* A do Sacerdote e do Levita, que olharam o 'coitado' e passaram à frente, porque não tinham tempo, deviam cuidar dos seus trabalhos?

* Ou a figura simpática do Bom Samaritano, que mesmo estando de viagem, soube parar... e oferecer a esse coitado aquilo que estava ao seu alcance, para  suavizar a sua situação?  

- E nós, que aqui estamos reunidos nessa celebração para fortalecer a nossa fé e o nosso amor,
  sabemos quem é o nosso próximo? Qual é o seu nome?

- Reconhecemos de fato a presença de Cristo nas pessoas que encontramos ao longo dos caminhos do mundo?
  Ou preferimos não perder tempo e seguir o nosso caminho, deixando o nosso próximo na sarjeta do abandono?

Enquanto Cristo aguarda uma resposta, professemos publicamente a nossa fé no Cristo que ainda hoje muitas vezes encontramos abandonado e espoliado, ao longo de nosso caminho...

                          Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, a liturgia de hoje, ela faz vários convites e apresenta vários desafios para nossa fé, nossa caminhada.
O primeiro é eu ter condições de avaliar em que eu sou pobre.
Claro, que a pobreza é classificada pelo dinheiro que eu tenho disponível,  pela autonomia que eu tenho na vida, mas a pobreza não pode ser vista só com a questão do dinheiro. A pobreza pode ser o quanto eu sou egoísta. Quanto mais egoísta, mais falta eu tenho, não do dinheiro, mas de Deus. O quanto eu sou solidário para com o outro. Quanto menos solidário, menos parecido com Deus eu sou. Então, Maior é a minha falta de imagem e semelhança a Deus e assim por diante. O salmo de hoje diz: “Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos”. Se eu não sou humilde, ao ponto de não reconhecer a necessidade de Deus, eu sou incapaz de rezar. É por isso, que cada vez menos pessoas tem o hábito da oração, porque elas não sentem necessidade de Deus. Elas se vêem “Eu me basto em  mim mesmo”. Esta é uma grande dificuldade.
O Evangelho de hoje faz um convite para nós abrirmos nossa atenção e sermos sensíveis para com aqueles que estão ao nosso redor. A pergunta do mestre da lei, ela é muito importante: “O que devo fazer para ter a vida eterna”? não é qualquer coisa que ele quer. Ele q uer algo que só Deus pode conceder. Ninguém, nenhuma proposta do mundo pode lhe oferecer vida eterna. Deus é o único que pode. Cada vez que eu dirijo uma pergunta a Deus, através de Jesus, ele me responde, segundo a minha capacidade de compreensão. Deus é fantástico! Para aquele mestre da lei, Jesus vai responder segundo a sua capacidade. Ele vai responder segundo mestre da lei, pois ele conhece a lei. O doutor da lei conhecia o Antigo Testamento todo! Jesus diz: “olhe, o que diz a lei”? O doutor da lei vai dizer: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda tua alma, com toda tua inteligência e o próximo como a ti mesmo”. Jesus diz: “faça isto então”! É vidente, que tanto ele, como qualquer um de nós, ele tentou se justificar: “quem é o meu próximo”? Era o que faltava para Jesus ajudar as pessoas a enxergar um pouco além. Além daquilo que estão vendo. O próximo é quem está ao meu lado! Normalmente, nós pensamos os próximos são os da nossa casa. Jesus diz: vamos abrir esta visão, vamos ampliar, vamos aí refletir um pouco, que o cuidado da casa é obrigação de todos e não opção. Se você é uma pessoa de responsabilidade, honrada, você vai cuidar de quem pertence a sua família. Isto é uma obrigação. Agora, estar atento às necessidades dos outros, é uma opção, é uma escolha.
Olhe o que rezamos no Ato Penitencial: “Peço à Virgem Maria e a vós, meus irmãos, que rogueis por mim”. A oração é pedindo ao irmão que reze por mim. Não eu rezar para mim. Isto também é egoísmo. É eu rezar pelo irmão, tendo a confiança de que o irmão irá rezar por mim. É aí que começa a complicar; será que vai rezar mesmo? Convém eu dar uma reforçada, pois se ele não rezar por mim, pele menos eu garanto. Veja, isto é um ato de fé; estar aberto para o próximo, confiar que o irmão reze por mim e eu rezo pelo irmão. Esta troca de oração é um exercício para eu estar aberto às necessidades do outro. Nós sabemos que muitas pessoas se santificaram pela oração do outro! Pela oração do outro! Aí é que está.
Jesus vai fazer uma leve modificação na Lei, mas profunda. A Lei diz: “Amarás a Deus de todo coração e ao próximo como a ti mesmo”. A Lei colocava como critério a pessoa. Como é que eu quero ser amado, é assim que sou chamado a amar o próximo. Mas, e quando eu não me amo? Isto tem acontecido muito! Cada vez mais tem pessoa que não tem mais a autoestima. Está disposta a qualquer coisa para se manter em evidência. Então, Jesus vai ser um pouco mais exigente: Ele vai modificar o “amar o próximo como a ti mesmo”. Ele vai dizer: “amai-vos uns aos outros COMO EU VOS AMEI”. É mais exigente! Como é que Jesus nos amou? Entregando a vida. Entregando a vida pelo irmão. É muito mais exigente. De qualquer maneira, o Evangelho de hoje também nos mostra, que ter dinheiro também não é problema. Não é que quem tem dinheiro está condenado, não! O Samaritano tinha dinheiro e crédito, porque ele leva o fulano para ser cuidado, deixa lá um dinheiro, um cheque calção, e diz: quando eu voltar, pago o que exceder a conta. Ele tem crédito também. Não é um mero desconhecido. Tem crédito, tem o dinheiro. Vamos pensar um pouco em nós. Você vê alguém baleado, esfaqueado na rua, você vai colar no seu carro, vai levar para o hospital. Primeiro, vai ser difícil conseguir vaga. Primeira coisa. Segundo, vai ter que fazer um boletim de ocorrência (BO). Depois vai ter que prestar depoimento: como você viu este fulano, por que você está levando ele lá, até onde você está envolvido, quem é fez aquilo; muita complicação. Muita complicação. Veja, que a sociedade faz de tudo, para nós não vivermos o Evangelho, embora a sociedade se diz cristã, mas se você quiser arrumar para a cabeça, faça isto: ponha alguém no seu carro e leva para o hospital. Aí é que está. Muito bem. Se isto não fosse suficiente, você ainda tem que deixar os seus afazeres. Normalmente, nós temos toda uma agenda programada. Então, veja: se quisermos começar este exercício, de um mundo novo, rezando uns pelos outros pelo menos. Pelo menos isto. Agora, cada um é convidado hoje para se colocar diante de Deus dizendo: eu tenho feito tudo, que eu tenho possibilidade?   Ótimo! Realmente falta muito para mim. O importante é ter consciência o quanto anda a minha caminhada em vista da prática do Evangelho. A partir daí, dizer: Senhor, olhe a minha pobreza onde está: eu sou incapaz disto, sou incapaz daquilo. Ajuda-me nesta pobreza. Outro vai dizer: eu não tenho dinheiro mesmo e o Senhor sabe disto. Por isso, eu não posso ajudar. Senhor, me ajude na minha pobreza. Cada um na sua realidade e respondendo a Deus. Olhe o sacerdote: é dever de ofício. Sabe o que é dever de ofício? É aquilo que eu me proponho a fazer na vida. Isto é o ofício que eu escolho. Primeiro ofício do sacerdote É SERVIR. O sacerdote olhou o fulano e passou para o outro lado. É. Os levitas. Os levitas são as lideranças do templo. As lideranças é de se esperar que sejam os primeiros a dar o exemplo. O levita passou para o lado também. Quem ajudou? Um samaritano. Quem era o samaritano? Pessoa de segunda categoria. Era tido como ateu. Não acreditava em nada, não podia ir ao templo, ele também não tinha nada a perder. É este o ponto principal. Quando eu não tenho nada a perder, eu me entrego totalmente. Mas, se eu tenho algo a perder, aí eu penso duas vezes. Então vamos abrir mão de tudo! Não é esta a questão.  A questão é não ficarmos só admirando o samaritano, mas nos colocarmos no lugar dele e saber até onde eu sou capaz de viver o Evangelho.
São Camilo de Lelis, hoje são Camilo, ele vai dizer: Eu vou viver o Evangelho, atendendo os enfermos. Ele é o protetor, o padroeiro dos enfermos. Então, olhe, é uma maneira. Nós temos muitas pessoas entre nós que visitam os enfermos. É tão importante a visita ao enfermo! Ela fica o dia inteiro na cama sem fazer nada, porque não pode. Então, uma conversa, uma visita, trocar idéia uma meia hora, isto alegra o dia do enfermo e não custa dinheiro. Pode custar um tempinho a locomoção. Outros ajudam de outras maneiras. É evidente, que o Evangelho nos pede é em vista de nossa caminhada para a vida eterna. Nós temos a vida aí para irmos caminhando. Quanto tempo de vida? Ainda bem que ninguém sabe, porque alguns esperariam o último dia para tirar o atraso todo, não é? Não. A caminhada é cada dia, até chegarmos lá.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho – Diocese Santo André – SP.

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Homilia de D. Henrique Soares da Costa

A Palavra de Deus proposta neste Domingo é surpreendente. Tudo começa com uma pergunta que, apesar de mal intencionada, é válida, necessária, sempre urgente; pergunta que brota do mais profundo da nossa angústia: “Que devo fazer para receber a vida? Como devo viver para viver de verdade, para que minha vida valha a pena e não seja uma paixão inútil?” Apesar de um mundo que procura nos distrair dessa pergunta, não há como sufocá-la, como fazer de conta que ela não perturba nosso coração! Pelo amor de Deus, responda o mundo tão animado e cheio de distrações: onde está a felicidade duradoura? Onde está a vida, a realização da existência? Que caminho seguir, para ser feliz de verdade?
Jesus indica o caminho: “O que está escrito na Torah? Como lês?” – Aqui, há algo importantíssimo. Jesus está falando com um escriba judeu; por isso, manda-o à Lei de Moisés. Uma coisa ele quer deixar clara: a vida não está no homem, mas na vontade de Deus! O homem somente será feliz, somente encontrará a vida se procurar lealmente a vontade de Deus. Por isso, no Salmo 118, o Salmista pede, de modo comovente: “Sou apenas peregrino sobre a terra; de mim não oculteis vossos preceitos!” Perder de vista o projeto de Deus para nós, é perder de vista a própria vida, o sentido da existência! Não esqueçamos, para não sermos enganados: fechados para a vontade do Senhor, não encontraremos a realização verdadeira! E este é o drama do mundo atual, que se julga maior de idade e, portanto, independente de Deus. Na verdade, é um mundo ateu, porque é um mundo autossuficiente, que só confia de verdade na sua filosofia, na sua tecnologia, na sua racionalidade pagã e na sua moral fechada para o Infinito!
Ao invés, Jesus nos força a abrir o coração para o Alto, para o Altíssimo; convida-nos a respirar fundo o ar novo e puro, que brota das narinas de Deus e dá novo alento ao ser humano cansado e envelhecido pelo pecado! “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência”. Esta abertura para Deus dilata e realiza o coração humano, que foi criado para dar e receber amor, amor na relação com Deus, que desemboca, generoso, no amor em relação aos outros: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. – “Faze isto e viverás!” Os filósofos ateus dos séculos XIX e XX – de Feuerbach a Sartre – gostavam de insistir que Deus escraviza o homem, desumaniza a humanidade, impedindo-a de ser ela própria, de ser feliz. É mentira! É um triste mal-entendido! A verdadeira abertura para Deus nos faz crescer, nos faz superar nossos estreitos limites, nos lança de verdade em relação a Deus e nos compromete com os outros! Os mandamentos de Deus realizam o mais profundo anseio do nosso coração, que é a vida: “Converte-te ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma! Na verdade, o mandamento que hoje te dou não é difícil demais, nem está fora do teu alcance!” O próprio Deus – acreditem – nos deu o desejo e a capacidade de amar ao nos criar à sua imagem!
Jesus insiste ainda em algo muito importante: nossa relação com Deus, se é verdadeira, deve abrir-nos aos irmãos: “Quem é o meu próximo?” – A resposta de Jesus é clara: nosso próximo são aqueles que a vida fez próximos de nós. Nosso próximo são os próximos! Ou os amamos de verdade, ou não há próximo para amar. O próximo viraria uma idéia abstrata e sem valor algum. Não esqueçamos: o próximo tem rosto, tem cheiro, tem problemas e, às vezes, nos incomoda, nos atrapalha, nos desafia, nos causa raiva e contradição. É a este próximo, concreto como uma rocha, que eu devo amar! Mas, atenção: um judeu deve amar o próximo como a si mesmo: é isto que está escrito na Lei. Um cristão, não! Ele deve amar o próximo como Jesus: até dar a vida: “Amai-vos como eu vos amei. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, façais vós também!” (Jo 13,34.15).
Recordemos que o próprio Senhor nos deu o exemplo; ele mesmo se fez próximo de nós: sendo Deus se fez homem, veio viver a nossa aventura, partilhar a nossa sorte, para nos dar a sua vida: “Cristo é a imagem do Deus invisível… porque Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude”. Ele não viu nossa miséria de longe, não nos amou à distância: desceu e veio viver a nossa vida, fazendo-se Deus-conosco! Por isso, ele é o verdadeiro Bom Samaritano, o verdadeiro modelo daquele que “se faz próximo” do próximo: viu-nos à margem do caminho da vida; viu-nos roubados e despojados de nossa dignidade de imagem de Deus; viu-nos totalmente perdidos… Ele se compadeceu de nós, desceu à nossa miséria, fez-se homem, para nos curar e elevar. Nele, se revela a plenitude do amor a Deus e aos outros: “Deus quis por ele reconciliar consigo todos os seres que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz”. Então, somente em Cristo, encontramos a vida verdadeira e a realização pela qual tanto almejamos. Só ele nos reconcilia com Deus e no abre uns para os outros, aproximando-nos no seu amor!
Quando os cristãos não conseguem viver isso, quando não conseguem deixar que essa realidade maravilhosa transpareça, é porque estão sendo infiéis, estão sendo uma caricatura de discípulos do Senhor Jesus. Que responsabilidade a nossa! Saiamos daqui, hoje, com essa pergunta: quem são os meus próximos? Que tenho feito com eles? Pensemos em Jesus que veio ser próximo, e ainda se faz próximo hoje, em cada Eucaristia. Pensemos nele: “Vai, tu também, e faze o mesmo!” Amém.
 D. Henrique Soares da Costa

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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Em pleno Ano Santo da Misericórdia, o ensinamento de Jesus neste XV Domingo do Tempo Comum coloca-nos diante de um dos maiores apelos do evangelho da Misericórdia: viver a fé não apenas nas suas expressões de culto religioso, mas como práxis de cultivo da vida, o dom precioso saído das mãos de Deus e, portanto, destinado à plenitude. A vida na sua fase de peregrinação terrena é o momento privilegiado para descobrirmos que ela é eterna, por isso deve ser tratada com dignidade. Cuidar, admirar, conservar a obra prima de um artista é a melhor maneira de prestar-lhe a fundamental e essencial homenagem. Santo Irineu (130-200 d.C.) afirma: “A glória de Deus é o homem vivo” (Gloria Dei, vivens homo). Por conseguinte, um culto que perde esse caráter essencial de compromisso com a vida deixa de ser proclamação da glória de Deus e se torna cumplicidade com todas as formas de ameaça e destruição da vida. A chamada “Parábola do Bom Samaritano” não é apenas mais um ensinamento de Jesus sobre a importância de fazer o bem a quem quer que seja, mas é uma crítica contundente a uma religiosidade hipócrita que, buscando razões para omitir-se diante das ameaças contra a vida, torna-se cúmplice dos assaltantes da vida.
A pergunta: “Mestre, que fazer para herdar a vida eterna?”, se não tivesse como motivação: “colocar Jesus à prova” (grego ekpeirazon: tentando), seria uma questão legítima, pois está presente no coração de todo ser humano, ainda que formulada de diversas maneiras. Querendo provar Jesus, o jurista passa de intérprete-aprendiz da Lei para assumir o papel de tentador do Mestre que no início quis distorcer a autêntica compreensão da Palavra de Deus. Jesus, porém, aprofunda a questão perguntando: “O que está na Escritura? E como lês?” A Escritura sem a sua leitura (aplicação na vida) pode se tornar a grande tentação do religioso, abrindo espaço para todo tipo de fundamentalismos. Em dois momentos, o Mestre procura ampliar o horizonte do seu interlocutor. A primeira pergunta é fácil de responder: “Respondeste corretamente”. Enquanto que a segunda não se responde teoricamente, pois só as atitudes são capazes de responder: “Faz isto e viverás!”.
A distinção feita por Jesus entre “o que está escrito e como se lê” não é pura especulação acadêmica das discussões entre mestres da Escritura, mas aponta para a necessidade de recuperar a unidade entre os dois aspectos fundamentais da Palavra de Deus: a Escritura e a Vida. Separando o saber a Escritura do viver a Palavra, impedirá dar a resposta a tal pergunta. Ao contar essa parábola Jesus apresenta três modos de ler a síntese da Torá (o mandamento do amor a Deus e ao próximo). Os três personagens, mais do que representantes étnicos (judeu e samaritano), indicam maneiras de ler a vida para conhecer a Palavra e modos de ler a Escritura para compreender ou não os apelos da vida. A vida está para além das suas circunstâncias sociais, políticas ou étnico-religiosas, tanto que nem os assaltantes nem o assaltado são identificados como judeus ou pagãos. Atentar contra a vida ou comprometer-se com ela transcende todas as barreiras, vai depender de como fazemos a sua interpretação. O caminho será sempre possibilidade de aproximar-se ou optar ir para longe.
Tanto para o sacerdote quanto para o levita a reação diante do quase morto que encontraram no mesmo caminho foi passar para o outro lado e ir embora (grego antiparérchomai: passar afastando-se na direção contrária). Esta atitude indica um modo de ler a Torá que por sua vez ensinava: “Aquele que tocar um cadáver, qualquer que seja o morto, ficará impuro...Todo aquele que tocar um morto, o corpo de alguém que morreu, e não se purificar, contamina a Habitação de Javé; tal homem será eliminado de Israel” (Nm 19,11s). A razão era clara e indiscutível: cumprimento da Lei, e como homens do culto, desobedecendo esta lei, além de correrem o risco de se contaminar, também contaminariam a Casa de Deus, cuja pena era a morte. Tinham bem presente a Lei, mas não conseguiram relacioná-la com a vida; viam a Lei, mas não enxergavam a vida, não foram capazes de aproximar-se para perceber que ali não estava um cadáver, mas uma pessoa, que se fosse abandonada por eles, arriscava tornar-se um cadáver, com o qual não estariam mais obrigados a fazer nada. O samaritano, geralmente visto como um estrangeiro, objeto de inimizades e herege, na parábola aparece como aquele que dá provas que não apenas conhece a Lei (os samaritanos têm o Pentateuco), mas que consegue aproximar-se da vida para melhor compreender o Mandamento e colocá-lo em prática. Pois a Lei ensina: “Se encontrares o boi do teu inimigo, ou o seu jumento, desgarrado, lho reconduzirás. Se vires cair debaixo da carga o jumento daquele que te odeia, não o abandonarás, mas o ajudarás a erguê-lo” (Ex 23,4s). Se até o socorro da vida dos animais que se encontram em risco de morte (inclusive dos inimigos) está entre os imperativos da Lei de Deus, quanto mais não será o cuidado com a vida do próximo em situações de risco. O que o jurista e seus companheiros (sacerdote e levita) ainda não compreendiam em relação à vivência dos mandamentos (Lv 19.18; Dt 6,5), o samaritano ensina com atitudes: “Amarás o Senhor, teu Deus”/ “estava de viagem, chegou perto dele viu e sentiu compaixão”: compaixão na Bíblia é a misericórdia de Deus, portanto o viajante manifesta sintonia com os próprios sentimentos de Deus, o que só seria possível se Deus tivesse o primado na sua vida. “Com todo o teu coração e com toda a tua alma”/ “fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas”: o coração na Bíblia é a sede das decisões, não apenas dos afetos, e a alma representa a interioridade, portanto, o viajante vendo o quase morto decide prestar-lhe socorro e não apenas expressar sentimentos estéreis de comiseração. “Com toda a tua força e com toda a tua inteligência”/ “Colocou o homem em seu próprio animal, levou-o para pensão, cuidou dele”: o sentimento de misericórdia do samaritano se expandiu como força para os seus braços a fim de erguer o quase morto caído; e desapego de seus bens (“dois denários”) e de seu tempo (“Quando voltar”). “Faz isso e viverás!”, eis a resposta: fazer-se próximo para aproximar o que está escrito do que é vivido e, assim, ter a vida em plenitude.

PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros ext. da Palavra):


LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR):
Pres. O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
Pres. COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO E. SANTO, louvemos O PAI:
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
Pres.   Senhor, nosso Deus, nosso criador e nosso Pai. Nós vos bendizemos pela vossa bondade e vossa misericórdia. Sabemos pela vossa palavra que sempre estais ao nosso lado seja na alegria seja na dor. Vós nunca desamparais aqueles que vos honram e respeitam os vossos ensinamentos.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
Pres.  Senhor, nosso Deus, nós vos agradecemos por nos enviar vosso Filho para nos ensinar os vossos preceitos e nos guiar por caminhos seguros rumo ao vosso Reino. Ele é a vossa imagem no meio de nós. Ele nos revela vossa bondade e vosso amor.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
Pres. Senhor, nosso Deus, vosso Filho Jesus Cristo nos ensinou o amor ao próximo como forma de nos transformarmos e alcançar a salvação eterna. Sabemos que o nosso próximo é todo aquele que necessita de nossa ajuda, de nosso conselho, de nosso amor. Pai, sede a nossa força e nosso amparo nessa caminhada.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
 PAI NOSSO...              EIS O CORDEIRO...



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