quinta-feira, 12 de setembro de 2019

24º DOMINGO DO TEMPO COMUM, homilias, subsídios homiléticos


24º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2019
(Adaptado pelo Diácono Ismael)

Tema: “O Cristo veio para salvar os pecadores.”
Primeira leitura: No Sinai Jahwéh mostra sua misericórdia face à infidelidade do Povo.
Evangelho: A parábola do “filho pródigo”, apresenta Deus como um pai que espera o regresso do filho rebelde e que faz uma festa para celebrar o reencontro.
Segunda leitura: Paulo recorda que o amor de Jesus Cristo nos transforma em pessoas novas.

PRIMEIRA LEITURA (Ex 32,7-11.13-14) Leitura do Livro do Êxodo.
Naqueles dias, o Senhor falou a Moisés: “Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido, inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram lhe sacrifícios, dizendo: ‘Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!’” E o Senhor disse ainda a Moisés: “Vejo que este é um povo de cabeça dura. Deixa que minha cólera se inflame contra eles e que eu os extermine. Mas de ti farei uma grande nação”. Moisés, porém, suplicava ao Senhor seu Deus, dizendo: “Por que, ó Senhor, se inflama a tua cólera contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte”? “Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Israel, com os quais te comprometeste, por juramento, dizendo:
“Tornarei os vossos descendentes tão numerosos como as estrelas do céu; e toda esta terra de que vos falei, eu a darei aos vossos descendentes como herança para sempre”. E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao seu povo.

AMBIENTE - O texto situa-nos no deserto do Sinai, onde Israel celebrou uma aliança com o seu Deus. Depois de Moisés subir ao monte para receber de Deus as tábuas da Lei, o Povo, reunido no sopé da montanha, construiu um bezerro de ouro e infringiu os termos da aliança.

MENSAGEM - Na ausência de Moisés, o Povo constrói um bezerro de ouro. O Povo “desviou-se do caminho” que Deus lhe havia ordenado, pois infringiu o segundo mandamento do Decálogo (segundo o qual, Israel não devia fazer imagens, já que a “imagem” era uma definição de Deus e Deus não pode ser definido pelo homem; por outro lado, a luta contra os deuses e cultos pagãos era impossível se não se proibisse também os seus símbolos e imagens). Na segunda parte, descreve-se a intercessão de Moisés e a misericórdia de Deus. As palavras de intercessão de Moisés não fazem referência aos méritos do Povo, mas à honra de Deus e à sua fidelidade às promessas assumidas para com o Povo no âmbito da aliança. A resposta de Deus põe em relevo a sua misericórdia. Não são os méritos do Povo que sustêm o castigo; mas é o amor de Deus, a sua lealdade aos compromissos, a sua “justiça” (que é misericórdia, ternura, bondade) que acabam por triunfar. O amor infinito de Deus pelo seu Povo acaba sempre por falar mais alto do que a sua vontade de castigar os desvios e infidelidades.

ATUALIZAÇÃO
 Fica claro que a essência de Deus é esse amor gratuito que Ele derrama sobre os homens, qualquer que seja o seu pecado… Deus ama infinitamente, seja qual for a resposta do homem.
O pecado dos israelitas (a construção de uma imagem deturpada de Deus) leva nos a questionar as imagens que, às vezes, construímos e transmitimos de Deus… O Deus em quem acreditamos e que testemunhamos, quem é? É o Deus que se revelou como amor, bondade, misericórdia, ao longo da história da salvação, ou é um Deus vingativo e cruel, que não desculpa as faltas dos homens?  - testemunhar um Deus vingativo, sem coração e sem misericórdia, é fabricar uma falsa imagem de Deus.
 Moisés intercede pelo Povo sem uma ambição pessoal sobre Israel (Deus propôs-lhe: “deixa que a minha indignação se inflame contra eles; de ti farei uma grande nação”; mas Moisés não aceitou a proposta). Quantas vezes os homens são capazes de “vender a alma ao diabo” para subir, para ter êxito? Quantas vezes sacrificam os valores mais sagrados para serem conhecidos, famosos, invejados, ou para adquirir mais e poder e influência?

SALMO RESPONSORIAL / 50 (51) Vou agora levantar-me, volto à casa do meu pai.

EVANGELHO (Lc 15,1-32) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Então Jesus contou-lhes esta parábola: “Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria e, chegando à casa, reúne os amigos e vizinhos e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”. E Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morrendo de fome. Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’. Então o pai lhe disse: “Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”.

AMBIENTE - No “caminho para Jerusalém” aparece, em dado momento, uma catequese sobre a misericórdia de Deus… Com efeito, todo o capítulo 15 de Lucas é preenchido com as chamadas “parábolas da misericórdia”. Para Lucas, Jesus é o Deus que veio ao encontro dos homens para lhes oferecer, em gestos concretos, a salvação. As parábolas da misericórdia expressam o amor de Deus aos pecadores. O discurso de Jesus apresentado em Lc 15 é enquadrado, pelo evangelista, numa situação concreta. Ao ver pecadores (cobradores de impostos, prostitutas) que se aproximavam de Jesus e eram acolhidos por Ele, os fariseus e os escribas (que não admitiam qualquer contato com os pecadores) expressaram a sua admiração por Jesus os acolher, Se sentar à mesa com eles (familiaridade, comunhão de vida). É essa crítica que vai provocar o discurso de Jesus sobre a misericordiosa de Deus.

MENSAGEM - As três parábolas da misericórdia pretendem justificar o comportamento de Jesus para com os publicanos e pecadores. Elas definem a “lógica de Deus” em relação a esta questão.
A primeira parábola é a da ovelha perdida. À luz da razão, é ilógica e incoerente, pois não é normal abandonar noventa e nove ovelhas por causa de uma; também não faz sentido todo o espalhafato criado à volta de um fato banal como é o reencontro com uma ovelha que se extraviou… Nesses exageros revela-se, contudo, a mensagem da parábola… O “deixar as noventa e nove ovelhas para ir ao encontro da que estava perdida” mostra a preocupação de Deus com cada homem que se afasta da comunidade da salvação; o “pôr a ovelha aos ombros” significa o cuidado de Deus, que trata com amor os filhos que se afastaram e que necessitam de cuidados especiais; a alegria do pastor que encontrou a ovelha mostra a alegria de Deus, sempre que encontra um filho que se afastou da comunhão com Ele.
A segunda parábola reafirma o ensinamento da primeira. O amor misericordioso de Deus busca aquele que se perdeu e alegra-se quando o encontra. A imagem da mulher preocupada, que varre a casa, ilustra a preocupação de Deus em reencontrar aqueles que se afastaram da comunhão com Ele. Também aqui há novamente a referência à alegria do reencontro: essa alegria manifesta a felicidade de Deus diante do pecador que volta.
A terceira parábola apresenta o quadro de um pai (Deus), em cujo coração triunfa sempre o amor pelo filho, aconteça o que acontecer. Ele continua a amar o filho rebelde e ingrato, apesar da sua ausência, do seu orgulho e da sua autossuficiência; e esse amor acaba por revelar-se na forma emocionada como recebe o filho, quando ele resolve voltar para a casa paterna. Esta parábola apresenta a lógica de Deus, que respeita a liberdade e as decisões dos seus filhos, mesmo que eles usem essa liberdade para buscar a felicidade em caminhos errados; e, aconteça o que acontecer, continua a amar, a esperar o regresso do filho, preparado para acolhê-lo com alegria e amor. É essa a lógica que Jesus quer propor aos fariseus e escribas (os “filhos mais velhos”) que, a propósito dos pecadores que tinham abandonado a “casa do Pai”, professavam uma atitude de intolerância e de exclusão.
O que está em causa nas três parábolas da misericórdia é a justificação da atitude de Jesus para com os pecadores. Jesus deixa claro que a sua atitude se insere na lógica de Deus em relação aos filhos afastados. Deus não os rejeita, não os marginaliza, mas ama-os com amor de Pai… Preocupa-se com eles, vai ao seu encontro, solidariza-Se com eles, estabelece com eles laços de familiaridade, abraça-os com emoção, cuida deles com solicitude, alegra-Se e faz festa quando eles voltam à casa do Pai. Esta é a forma de Deus atuar em relação aos seus filhos, sem exceção; e é essa atitude de Deus que Jesus revela ao acolher os pecadores e ao sentar-Se com eles à mesa. Por muito que isso custe aos fariseus, essa é a lógica de Deus; e todos os “filhos de Deus” devem acolher esta lógica e atuar da mesma forma.

A veste nova representa a amizade de Deus recuperada, exatamente como era antes. Isto nos causa arrependimento e ao mesmo tempo alegria, após o pecado.  É próprio de quem ama respeitar a pessoa amada. Provavelmente o pai sabia onde o filho estava, cuidando dos porcos. Mas não foi buscá-lo. Sofria ao saber que o filho estava passando fome, mas respeitava a sua liberdade. Já o filho mais velho é mesquinho, sem coração, não sabe perdoar o irmão. Se nos julgamos perfeitos e não aceitamos ser irmãos daqueles que erram, tornamo-nos piores do que eles.                                                   

ATUALIZAÇÃO
As parábolas da misericórdia revelam-nos um Deus que ama todos os seus filhos, sem exceção, mas que tem um “fraco” pelos marginalizados, pelos excluídos, pelos pecadores… Esse amor manifesta-se em atitudes exageradas de cuidado, de solicitude; revela-se também na “festa” que se sucede a cada reencontro… Deus abomina o pecado, mas não deixa de amar o pecador.
• Se essa é a lógica de Deus em relação aos pecadores, é essa mesma lógica que deve marcar a minha atitude face àqueles que me ofendem e, mesmo, face àqueles que têm vidas moralmente reprováveis. Como é que eu acolho aqueles que me ofendem: com intolerância ou com respeito?
• Ser testemunha da misericórdia e do amor de Deus não significa pactuar com o pecado… O pecado – tudo o que gera ódio, egoísmo, injustiça, opressão, mentira, sofrimento – é mau e deve ser combatido e vencido. Distingamos as coisas: Deus convida-me a amar o pecador como um irmão; mas convida-me também a lutar contra o mal – todo o mal é uma negação desse amor de Deus.

SEGUNDA LEITURA (Tm 1,12-17) Leitura da Primeira Carta de São Paulo a Timóteo.
Caríssimo: Agradeço àquele que me deu força, Cristo Jesus, nosso Senhor, pela confiança que teve em mim ao designar-me para o seu serviço, a mim, que antes blasfemava, perseguia e insultava. Mas encontrei misericórdia, porque agia com a ignorância de quem não tem fé. Transbordou a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Segura e digna de ser acolhida por todos é esta palavra: Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. E eu sou o primeiro deles! Por isso encontrei misericórdia, para que em mim, como primeiro, Cristo Jesus demonstrasse toda a grandeza de seu coração; ele fez de mim um modelo de todos os que crerem nele para alcançar a vida eterna. Ao Rei dos séculos, ao único Deus, imortal e invisível, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!

AMBIENTE - Timóteo é companheiro de Paulo, a partir da segunda viagem missionária. Paulo teria confiado a Timóteo missões importantes entre os tessalonicenses e entre os coríntios. A tradição considera-o como o primeiro bispo de Éfeso. Esta carta apresenta três temas: a organização da comunidade, a forma de combater os hereges e a vida cristã dos fiéis.

MENSAGEM - No texto, Paulo recordaa sua história de vocação. O apóstolo afirma que recebeu de Cristo o seu ministério; e proclama que isso se deve, não aos seus méritos, mas à misericórdia de Deus. Paulo tem consciência do seu passado de perseguidor da Igreja de Cristo. Atuou dessa forma por ignorância; Apesar desse passado, Deus, na sua bondade, cumulou-o da sua graça. Paulo reconhece que Cristo “veio ao mundo para salvar os pecadores”, entre os quais Paulo se inclui. Pelo exemplo de Paulo, fica evidente a misericórdia de Deus, que se derrama sobre todos os homens, sejam quais forem as faltas cometidas. A partir deste exemplo, todos os homens são convidados a tomar consciência da bondade de Deus e a responder-lhe da mesma forma que Paulo: com o dom da vida e com o empenho sério no testemunho desse projeto de amor que Deus tem para oferecer. O reconhecimento que Paulo sente diante da misericórdia com que Deus o distinguiu leva-o a um canto de louvor: (“ao rei dos séculos, Deus imortal, invisível e único, honra e glória pelos séculos dos séculos, amém”).

ATUALIZAÇÃO
 o amor de Deus derrama-se sobre todos os homens, mesmo sobre os pecadores. Somos filhos deste Deus e amamos os nossos irmãos, sem distinções? Como conciliar essas atitudes com o exemplo de amor sem restrições que Deus nos oferece?


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Deus está sempre de braços abertos para acolher os pecadores arrependidos.

A 1ª Leitura mostra a MISERICÓRDIA de Deus para com o Povo infiel.
Após ter recebido inúmeros favores de Deus na Libertação do Egito, o Povo rompe com a Aliança e adora um bezerro de ouro. Moisés intercede. Deus os perdoa.
* O BEZERRO DE OURO não pretende ser um novo deus, mas uma "imagem" de Javé, o que era proibido, para salvar a transcendência de Javé e evitar os símbolos e imagens dos cultos pagãos...

Na 2ª Leitura: PAULO fala da MISERICÓRDIA de Deus para com ele: Recorda o seu passado de perseguidor violento da Igreja. Mas, pela graça e misericórdia de Deus, tornou-se um Apóstolo... E hoje manifesta toda a sua alegria e gratidão pelo que a graça e a misericórdia de Deus fez nele... (1Tm, 1,12-17)

Evangelho (Lc 15,1-32): Jesus fala da MISERICÓRDIA de Deus para com os Pecadores:

- Na Introdução, os fariseus criticam Cristo porque "acolhe pecadores e come com eles..."
- Essa crítica provoca a Resposta de Jesus   com as TRÊS PARÁBOLAS DA MISERICÓRDIA  que ilustram a atitude misericordiosa de Deus para com os pecadores,
  - A Ovelha perdida - A Moeda perdida - O Filho pródigo (perdido)

+ Elas manifestam a Alegria de encontrar o que estava perdido;  A alegria é tão grande, que precisa ser partilhada com os outros; É preciso festejar, tamanha é a felicidade.

+ Elas nos apresentam também Três Realidades:

1. A Existência do PECADO:

Nas leituras de hoje, encontramos vários exemplos:
- A IDOLATRIA dos judeus...
- A PERSEGUIÇÃO de Paulo
- A Atitude de INJUSTIÇA do Filho pródigo para com o Pai e a vida desordenada com meretrizes...
- A negativa de PERDÃO do irmão mais velho...
- O PURITANISMO dos fariseus e escribas, que murmuravam...
2. A MISERICÓRDIA de Deus:

- O Pai respeita a liberdade do filho,  mesmo quando busca a felicidade por caminhos errados...   Continua a amar e a esperar o seu regresso. E quando volta...
- Corre ao encontro, mesmo antes do filho pedir perdão...
- O Beijo revela o perdão, a acolhida, a alegria...
- A veste: manifesta que devolve a dignidade... uma vida nova
- O anel: simboliza o poder... é recebido "como filho", não como empregado...
- As sandálias: são próprias do homem livre, não do escravo...
- Festeja com a alegria o retorno.

* É a atitude de Deus para com os filhos afastados...
      O Pai nunca abandonou seu amor de Pai.
- Por que será que o filho mais novo quis ir embora?   Porque desejava uma vida liberdade, longe dos olhos e controle do pai. Ou porque o comportamento do seu irmão tornava a vida pesada e insuportável naquela casa?

3. A CONVERSÃO do pecador.

O Pecado existe e todo pecado é uma ofensa a Deus... Mas a misericórdia de Deus é maior do que todos os nossos pecados...

Contudo supõe uma atitude de retorno: CONVERSÃO. Assim entenderemos a preferência de CRISTO pelos pecadores, que humildemente reconheciam suas culpas e procuravam sinceramente uma conversão.
E compreenderemos também as censuras de Jesus aos fariseus, representados na Parábola pelo filho mais velho, que não aceita perdoar...

Todos nós somos pecadores... A Igreja não é feita de santos, mas de pecadores perdoados...
- A Liturgia afirma: "Somos povo santo e pecador..."
- S. Paulo: "Jesus veio salvar os pecadores e eu sou o primeiro deles". (1Tm 1,15)

+ As Parábolas da misericórdia nos revelam um Deus que ama todos.
As transgressões dos filhos não anulam o Amor do Pai.
Se essa é a atitude de Deus, qual deve ser a nossa para com aqueles que se afastaram de Deus e da Comunidade? 
A Atitude de Cristo ou a dos fariseus? Do Pai ou do Filho mais velho?
Como viver a misericórdia em nossa Vida, em nossa Família?

Renovemos a nossa fé em Deus, Pai de bondade e misericórdia, e fiquemos de BRAÇOS ABERTOS também para nossos irmãos.

Pe. Antônio Geraldo
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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa

Na Solenidade do santo Natal, na segunda leitura da Missa da Aurora, a Igreja, olhando o Presépio, faz-nos escutar as palavras de São Paulo a Tito: “Manifestou-se a bondade de Deus nosso Salvador, e o seu amor pelos homens. Ele salvou-nos, não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia…” (Tt 3,4s). O Menino que veio viver entre nós, Jesus, nosso Senhor, é a bondade de Deus, é a sua salvação misericordiosa… Estas palavras são maravilhosamente ilustradas pela liturgia deste Domingo. Hoje, o Cristo nos é apresentado como a própria bondade, a própria ternura misericordiosa do Pai do céu, do nosso Deus. Aquilo que já fora prefigurado por Moisés, intercedendo pelo povo pecador, na primeira leitura; aquilo que, na segunda leitura, São Paulo pregou e experimentou na própria vida: “Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. E eu sou o primeiro deles!” – tudo isso nós tocamos nas três parábolas da misericórdia do Evangelho de São Lucas.
Sigamos a narrativa. Por que Jesus contou essas parábolas? Porque “os publicanos e pecadores aproximavam-se dele para o escutar. Os fariseus, porém, e os escribas criticavam Jesus: ‘Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles’.” Aqui está: Jesus era um fio de esperança para aqueles considerados perdidos, metidos no pecado, sem jeito nem solução… Os publicanos, as prostitutas, os ignorantes, os pequenos e desprezados, gente sem preparo e sem cultura teológica… estavam aproximando-se de Jesus para escutá-lo; viam nele a ternura e a misericórdia de Deus. Os escribas e fariseus – homens praticantes e doutores da Lei – criticavam Jesus por isso. Ele se misturava com os impuros, ele acolhia a gentalha e os pecadores. Pois bem, foi para esses doutores que Jesus contou as parábolas, para mostrar-lhes que o coração do Pai é ternura, é amor, é vida, é amplo como uma casa grande…
O Pai se alegra, porque Jesus, o Bom Pastor, era capaz de deixar noventa e nove ovelhas para ir atrás daquela que se perdera totalmente, até encontrá-la! O convite que Jesus estava fazendo aos escribas e fariseus era claro: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!” Alegrai-vos, porque o coração do Pai está feliz: ele não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e tenha a vida! Do mesmo modo, na parábola da dracma perdida: Deus é como aquela mulher que acende a lâmpada e varre cuidadosamente a casa até encontrar sua moedinha. E não descansa até encontrá-la. Quando a encontra, como Deus, quando encontra o pecador, ela exclama: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que havia perdido!” O Deus que Jesus nos revela, o Deus a quem ele chamava de Pai é assim: bom, compassivo, misericordioso, preocupado conosco e com cada um de nós. Ele somente é glorificado quando estamos de pé, quando estamos bem, quando somos felizes. Mas, não há felicidade verdadeira para nós, a não ser juntinho dele, que é o Pai de Jesus e nosso Pai. É isso que Jesus inculca com a terceira parábola, a mais bela de todos: o Pai e os dois filhos.
“Um homem tinha dois filhos”. Este homem é o Pai do céu. “O filho mais novo disse ao pai: ‘Dá-me a parte da herança que me cabe’”. Esse moço quer ser feliz, deseja ser livre… e imagina que somente vai sê-lo longe do olhar do pai. Assim, sem juízo, como que mata o pai, pedindo-lhe logo a herança. “e partiu para um lugar distante”. Quanto mais longe do pai, melhor, mais livre. E aí dissipa tudo, numa terra pagã, longe do pai, longe de Deus. E termina na miséria, tendo esbanjado a vida, a felicidade, o futuro, o amor e o sexo… Vai pedir trabalho e dão-lhe o mais vergonhoso para um judeu: cuidar de porcos, animais impuros. E ele queria comer a lavagem dos porcos e não lha davam! Em que deu o sonho de autonomia, de liberdade, de felicidade longe do pai! Tudo não passara de ilusão! Mas, apesar de louco, o jovem era sincero: caiu em si, reconheceu que pecou. Não colocou a culpa no pai, nos outros, no mundo, no destino. Reconheceu-se culpado e recordou e confiou no amor do pai: “Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti!” E volta! O jovem era corajoso, generoso, era sincero! O que ele não sabia é o pai nunca o esquecera; esperava-o todos os dias, olhando ao longo do caminho. De longe o avistou e o reconheceu, apesar da miséria e da fome e das roupas maltrapilhas. E, cheio de compaixão – como o coração do Pai de Jesus – correu ao encontro do filho, cobriu-o de beijos e de vida, e restituiu-lhe a dignidade de filho. E deu uma festa! O Pai é assim: não quer ninguém fora de sua casa, de seu coração, da festa do seu amor, do banquete de sua eucaristia! Mas, havia ainda o filho mais velho. Este, como os escribas e os fariseus, jamais havia desobedecido ao pai; cumprira todos os seus preceitos. Por isso, ficou com raiva e não quis entrar na festa do pai: “O pai, saindo, insistia com ele…” Notem que o mesmo pai que saíra ao encontro do mais novo, saiu agora ao encontro do mais velho, que estava perdido no seu egoísmo, na sua raiva, fora da festa e do aconchego do pai! E o mais velho passou-lhe na cara: “Eu trabalho para ti há tantos anos… e tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos…” O pai respondeu: “Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu…” É que aquele filho nunca amara o pai de verdade: cumpria tudo, de tudo fazia conta… e, um dia, iria pedir o pagamento, a recompensa por tudo… Por isso nunca se sentiu íntimo do pai, por isso não sentia que tudo quanto era do pai era dele também! Pode-se estar junto do pai e nunca o conhecê-lo de verdade! Não era esta a situação daqueles escribas e fariseus? Interessante que Jesus não diz se o filho entrou na festa do pai e na alegria do irmão ou se, ao contrário, ficou fora, onde somente há choro e ranger de dentes.
Pois bem, o Senhor nos convida hoje a acolher em Jesus a misericórdia incansável de Deus para conosco, um Deus que não sossega até nos encontrar… Mas, nos convida também a ser misericordioso para com os outros. É triste quando experimentamos que somos pecadores, experimentamos a bondade acolhedora de Deus para com nossos pecados e, depois, somos duros, insensíveis e exigentes em relação aos irmãos. Que o Senhor nos dê um coração como o coração de Cristo, imagem do coração do Pai, capaz de acolher o perdão e a misericórdia de Deus e transbordar esse perdão e essa misericórdia para com os outros. Amém. - Dom Henrique Soares da Costa
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Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Em pleno Ano Santo da Misericórdia, o evangelho deste XXIV Domingo do Tempo Comum nos apresenta o coração do evangelho de Lucas, pois nos fala da misericórdia, isto é, aquilo que está no centro do coração de Deus. Apesar de podermos identificar três partes distintas nessa longa narração do capítulo 15 (ovelha perdida, dracma perdida, dois filhos), estamos, na verdade, diante de um único ensinamento de Jesus: só quem se reconhece pecador e perdido, é capaz de fazer a experiência da misericórdia de Deus e de ser reencontrado pelo Pai. O pecado, realidade universal e inegável por causa de suas consequências, nos coloca a todos, sem exceção, numa condição de necessitados de um reencontro. Reencontro consigo mesmo, com o outro e com Deus. Reencontro com a sua condição primordial de ser criatura de Deus; reencontro com a sua missão fundamental de ser irmão do seu semelhante; reencontro com a sua meta final de ser caminhante rumo à plenitude da vida.
O pastor que vai em busca da ovelha desgarrada e a mulher que diligentemente procura a dracma perdida indicam que o sujeito principal do reencontro é o próprio Deus. A longa tradição bíblica testemunha este compromisso de Deus que, apesar do pecado do seu povo, não o abandona. Contudo, ao perdido, cabe deixar ser reencontrado, ao pecador, compete aceitar ser reconciliado. No seu mistério de amor indizível, Deus vem à nossa procura, toma a iniciativa de nos oferecer perdão, misericórdia, sem se importar se queremos ou não. Nem sempre um doente se submete a um indispensável tratamento por livre e alegre aceitação. A ovelha resgatada ou dracma recuperada não decidiram o reencontro, simplesmente foram “objetos passivos” da decisão do pastor e da mulher. Por outro lado, não foram objetos de uma tirania, não sofreram uma violência destruidora de sua condição; ambas foram recuperadas porque valiam mais do que uma quantidade.
Mais do que prejuízo material para quem perdeu, pois no conjunto valiam o mínimo (1% para a ovelha, 10% para a dracma), o maior prejuízo era para o perdido. A ovelha fora do rebanho perdeu os cuidados do pastor: a segura condução para o pasto e para as águas, a proteção diante dos perigos das intempéries e o risco de morte diante da ameaça das feras e da ambição dos salteadores. A dracma sozinha perdeu a sua relação com as outras, com as quais poderia formar um colar para embelezar, ou mesmo somando-se às demais teria o seu valor complementado podendo servir para adquirir algo mais valioso, o que sozinha não conseguiria, pois vale muito pouco.
A experiência do pecado revela nossos fundamentais desencontros. O pecador é um desencontrado que, por não se reconhecer criatura de Deus, assume posturas de autossuficiência, egoísmo, isolando-se dos outros, pois se sente dono de sua vida, e a ninguém deve “prestar contas”, pois assim acredita ser a condição para ser feliz (filho mais novo). Pecador é um desfigurado por não se reconhecer irmão do semelhante, inflado de vaidade, pensa-se melhor do que os outros, por isso rompe a sua relação com os demais e prefere viver no seu próprio mundo, fechado em si mesmo (filho mais velho). Pecador é um desencaminhado nas estradas da vida, pois perdeu o rumo da sua existência, rejeitou a sua dignidade de filho e irmão (ambos); consequentemente, prefere os atalhos que conduzem a satisfações momentâneas, abandonando o caminho que conduz à plenitude da vida.
É diante dessa miséria do ser humano que a riqueza da misericórdia de Deus se manifesta. O pastor não busca uma ovelha perdida porque a considera um prejuízo material, pois seria um grande investimento (deixar as noventa em nove, perder tempo na procura, expor-se aos perigos do caminho) para pouca coisa (1%); para ele o que conta é o prejuízo que a ovelha tem, é ela a grande perdedora. Mas porque a ama, é capaz de sacrificar-se para salvá-la. A mulher que perde o seu tempo varrendo a casa mais uma vez, que desperdiça o óleo de sua lâmpada para iluminar excepcionalmente alguns lugares da casa a fim de encontrar aquela moeda, não é motivada apenas por uma sensação de ter perdido um pequeno objeto. Mas considerando a dracma perdida na relação com as outras, reconhece que o prejuízo não é só de uma, mas todas as outras dracmas são prejudicadas, pois a sua falta será desfalque para o conjunto, afetará a beleza do colar, ou diminuirá o valor das demais. Nessas duas comparações, Jesus evidencia as causas do pecado e seus danos em nível pessoal (ovelha) e social-comunitário (dracma). No relato dos dois filhos, tudo isso é retomado com um elemento novo. Para a ovelha e a dracma é Deus o sujeito principal, agora evidencia-se a necessidade de decisão do pecador: “Vou-me embora, procurar o meu pai”. Mesmo sendo procurado por Deus, o pecador deve decidir se aceita ou não ser encontrado por Ele. Isso exige abertura para reconhecer a sua condição atual: “Pequei contra o céu e contra ti”, o lugar para onde decidiu ir e o que preferiu optar e abandonar. Quando abandonamos o pai bondoso, um patrão tirano nos adota, quando renunciamos à filiação gratuita, caímos numa escravidão degradante, quando recusamos o perdão, ficamos fora da alegria da salvação.
Aquele que nos deu a vida sabe quanto ela custa, e quanto prejuízo se tem quando dela não se cuida. O nosso pecado é não reconhecer esse precioso dom, fazendo dele uma coisa que se pode manipular ao nosso bel-prazer, desperdiçando-a como se fosse apenas algo cujo prejuízo é apenas material, quantitativo, possível de se restituir.  Todos somos aquela ovelha desgarrada, buscada, encontrada e transportada nos ombros do Bom Pastor, contudo em nenhum momento se diz que ela foi acorrentada ou aprisionada no aprisco. Todos somos a dracma que se perde, mas que é buscada, iluminada e encontrada, contudo, jamais aprisionada debaixo de sete chaves para que não se perca mais. Todos somos aqueles dois filhos, como o mais novo, perdido fora de casa por sua vaidade e presunção, ou como o mais velho que, mesmo sem sair de casa, vivia como um escravo do seu pai a quem injustamente reconhecia apenas como patrão. Mas Deus é como o pastor que procura os que se perdem fora de casa (os pecadores e publicanos) ou como a mulher que não desiste de quem se perdeu dentro de casa (fariseus e escribas). Se sai de casa, Ele vai ao encontro, se volta para casa, Ele perdoa e acolhe. A misericórdia é de Deus, a opção é nossa.
Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ. 
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LOUVOR (quando o Pão Sagrado estiver sobre o altar)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS PRESENTE ENTRE NÓS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, nos coloquemos na presença do PAI:
T: Ó DEUS, GRANDE É A VOSSA MISERICÓRDIA!
- Pai de bondade, Vós que guiastes Moisés para que ele conduzisse o Vosso povo fora do Egito, nós Vos bendizemos pela paciência e pelo perdão que nos revelais. Ajudai-nos para que não nos afastemos de vosso amor e de vossa misericórdia.
T: Ó DEUS, GRANDE É A VOSSA MISERICÓRDIA!
- Deus, Nosso Pai, honra e glória a Vós, Rei dos séculos, Deus único, invisível e imortal, pelos séculos dos séculos. Reconhecemos o vosso amor e o vosso perdão que nos faz levantar todos os dias. Que cada dia possamos nos aproximar cada vez mais de vosso amor.
T: Ó DEUS, GRANDE É A VOSSA MISERICÓRDIA!
- Deus, Nosso Pai, Vós que sabeis acolher os pecadores e ainda nos convidais a participar da mesa do vosso Filho, nós vos bendizemos; Sois amor e misericórdia. Enviai o Espírito Santo para que sejamos transformados e assim possamos espelhar ao mundo a misericórdia e o perdão.
T: Ó DEUS, GRANDE É A VOSSA MISERICÓRDIA!
- Pai nosso...  A Paz...   Eis o Cordeiro...


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