24º
DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2019
(Adaptado pelo Diácono Ismael)
Tema: “O Cristo veio para salvar os pecadores.”
Primeira leitura: No Sinai Jahwéh mostra sua
misericórdia face à infidelidade do Povo.
Evangelho: A parábola do “filho pródigo”, apresenta
Deus como um pai que espera o regresso do filho rebelde e que faz uma festa
para celebrar o reencontro.
Segunda leitura: Paulo recorda que o amor de
Jesus Cristo nos transforma em pessoas novas.
PRIMEIRA
LEITURA (Ex 32,7-11.13-14) Leitura do Livro do Êxodo.
Naqueles dias, o Senhor falou a Moisés: “Vai, desce,
pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. Bem depressa
desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal
fundido, inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram lhe sacrifícios,
dizendo: ‘Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!’” E o
Senhor disse ainda a Moisés: “Vejo que este é um povo de cabeça dura. Deixa que
minha cólera se inflame contra eles e que eu os extermine. Mas de ti farei uma
grande nação”. Moisés, porém, suplicava ao Senhor seu Deus, dizendo: “Por que,
ó Senhor, se inflama a tua cólera contra o teu povo, que fizeste sair do Egito
com grande poder e mão forte”? “Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e
Israel, com os quais te comprometeste, por juramento, dizendo:
“Tornarei os vossos descendentes tão numerosos como as
estrelas do céu; e toda esta terra de que vos falei, eu a darei aos vossos
descendentes como herança para sempre”. E o Senhor desistiu do mal que havia
ameaçado fazer ao seu povo.
AMBIENTE - O texto situa-nos no deserto do Sinai,
onde Israel celebrou uma aliança com o seu Deus. Depois de Moisés subir ao
monte para receber de Deus as tábuas da Lei, o Povo, reunido no sopé da
montanha, construiu um bezerro de ouro e infringiu os termos da aliança.
MENSAGEM - Na ausência de Moisés, o Povo constrói
um bezerro de ouro. O Povo “desviou-se do caminho” que Deus lhe havia ordenado,
pois infringiu o segundo mandamento do Decálogo (segundo o qual, Israel não
devia fazer imagens, já que a “imagem” era uma definição de Deus e Deus não
pode ser definido pelo homem; por outro lado, a luta contra os deuses e cultos
pagãos era impossível se não se proibisse também os seus símbolos e imagens).
Na segunda parte, descreve-se a intercessão de Moisés e a misericórdia de Deus.
As palavras de intercessão de Moisés não fazem referência aos méritos do Povo,
mas à honra de Deus e à sua fidelidade às promessas assumidas para com o Povo
no âmbito da aliança. A resposta de Deus põe em relevo a sua misericórdia. Não
são os méritos do Povo que sustêm o castigo; mas é o amor de Deus, a sua
lealdade aos compromissos, a sua “justiça” (que é misericórdia, ternura,
bondade) que acabam por triunfar. O amor infinito de Deus pelo seu Povo acaba
sempre por falar mais alto do que a sua vontade de castigar os desvios e
infidelidades.
ATUALIZAÇÃO
Fica claro que a essência de Deus é esse amor gratuito que Ele
derrama sobre os homens, qualquer que seja o seu pecado… Deus ama
infinitamente, seja qual for a resposta do homem.
O pecado dos israelitas (a construção de uma imagem deturpada de
Deus) leva nos a questionar as imagens que, às vezes, construímos e
transmitimos de Deus… O Deus em quem acreditamos e que testemunhamos, quem é? É
o Deus que se revelou como amor, bondade, misericórdia, ao longo da história da
salvação, ou é um Deus vingativo e cruel, que não desculpa as faltas dos
homens? - testemunhar um Deus vingativo,
sem coração e sem misericórdia, é fabricar uma falsa imagem de Deus.
Moisés
intercede pelo Povo sem uma ambição pessoal sobre Israel (Deus propôs-lhe:
“deixa que a minha indignação se inflame contra eles; de ti farei uma grande
nação”; mas Moisés não aceitou a proposta). Quantas vezes os homens são capazes
de “vender a alma ao diabo” para subir, para ter êxito? Quantas vezes
sacrificam os valores mais sagrados para serem conhecidos, famosos, invejados,
ou para adquirir mais e poder e influência?
SALMO
RESPONSORIAL / 50 (51) Vou agora levantar-me, volto à casa do meu
pai.
EVANGELHO
(Lc 15,1-32) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam
se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam
Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Então Jesus
contou-lhes esta parábola: “Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa
as noventa e nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu, até
encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria e, chegando à
casa, reúne os amigos e vizinhos e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha
ovelha que estava perdida!’ Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por
um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não
precisam de conversão. E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não
acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la?
Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrai-vos comigo!
Encontrei a moeda que tinha perdido!’ Por isso, eu vos digo, haverá alegria
entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”. E Jesus continuou:
“Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a
parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias
depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante.
E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que
possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar
necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para
seu campo cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a comida que os
porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: ‘Quantos
empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morrendo de fome. Vou-me
embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra
ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus
empregados’. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe,
seu pai o avistou e sentiu compaixão.
Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe
disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu
filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para
vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um
novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava
morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa.
O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e
barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava
acontecendo. O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o
novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. Mas ele ficou com raiva e não
queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai:
‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E
tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou
esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas
para ele o novilho cevado’. Então o pai lhe disse: “Filho, tu estás sempre
comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos,
porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e
foi encontrado”.
AMBIENTE - No “caminho para Jerusalém” aparece, em dado momento,
uma catequese sobre a misericórdia de Deus… Com efeito, todo o capítulo 15 de
Lucas é preenchido com as chamadas “parábolas da misericórdia”. Para Lucas,
Jesus é o Deus que veio ao encontro dos homens para lhes oferecer, em gestos
concretos, a salvação. As parábolas da misericórdia expressam o amor de Deus
aos pecadores. O discurso de Jesus apresentado em Lc 15 é enquadrado, pelo
evangelista, numa situação concreta. Ao ver pecadores (cobradores de impostos,
prostitutas) que se aproximavam de Jesus e eram acolhidos por Ele, os fariseus
e os escribas (que não admitiam qualquer contato com os pecadores) expressaram
a sua admiração por Jesus os acolher, Se sentar à mesa com eles (familiaridade,
comunhão de vida). É essa crítica que vai provocar o discurso de Jesus sobre a
misericordiosa de Deus.
MENSAGEM - As três parábolas da misericórdia pretendem justificar
o comportamento de Jesus para com os publicanos e pecadores. Elas definem a
“lógica de Deus” em relação a esta questão.
A primeira parábola é a da ovelha perdida. À luz da razão, é ilógica e incoerente, pois
não é normal abandonar noventa e nove ovelhas por causa de uma; também não faz
sentido todo o espalhafato criado à volta de um fato banal como é o reencontro
com uma ovelha que se extraviou… Nesses exageros revela-se, contudo, a mensagem
da parábola… O “deixar as noventa e nove ovelhas para ir ao encontro da que
estava perdida” mostra a preocupação de Deus com cada homem que se afasta da
comunidade da salvação; o “pôr a ovelha aos ombros” significa o cuidado de
Deus, que trata com amor os filhos que se afastaram e que necessitam de
cuidados especiais; a alegria do pastor que encontrou a ovelha mostra a alegria
de Deus, sempre que encontra um filho que se afastou da comunhão com Ele.
A segunda parábola reafirma o ensinamento da primeira. O amor misericordioso de Deus
busca aquele que se perdeu e alegra-se quando o encontra. A imagem da mulher
preocupada, que varre a casa, ilustra a preocupação de Deus em reencontrar aqueles
que se afastaram da comunhão com Ele. Também aqui há novamente a referência à
alegria do reencontro: essa alegria manifesta a felicidade de Deus diante do
pecador que volta.
A terceira parábola apresenta o quadro de um pai (Deus), em cujo coração triunfa sempre o
amor pelo filho, aconteça o que acontecer. Ele continua a amar o filho rebelde
e ingrato, apesar da sua ausência, do seu orgulho e da sua autossuficiência; e
esse amor acaba por revelar-se na forma emocionada como recebe o filho, quando
ele resolve voltar para a casa paterna. Esta parábola apresenta a lógica de
Deus, que respeita a liberdade e as decisões dos seus filhos, mesmo que eles
usem essa liberdade para buscar a felicidade em caminhos errados; e, aconteça o
que acontecer, continua a amar, a esperar o regresso do filho, preparado para
acolhê-lo com alegria e amor. É essa a lógica que Jesus quer propor aos
fariseus e escribas (os “filhos mais velhos”) que, a propósito dos pecadores
que tinham abandonado a “casa do Pai”, professavam uma atitude de intolerância
e de exclusão.
O que está em causa nas três parábolas da misericórdia
é a justificação da atitude de Jesus para com os pecadores. Jesus deixa claro
que a sua atitude se insere na lógica de Deus em relação aos filhos afastados.
Deus não os rejeita, não os marginaliza, mas ama-os com amor de Pai…
Preocupa-se com eles, vai ao seu encontro, solidariza-Se com eles, estabelece
com eles laços de familiaridade, abraça-os com emoção, cuida deles com
solicitude, alegra-Se e faz festa quando eles voltam à casa do Pai. Esta é a
forma de Deus atuar em relação aos seus filhos, sem exceção; e é essa atitude
de Deus que Jesus revela ao acolher os pecadores e ao sentar-Se com eles à
mesa. Por muito que isso custe aos fariseus, essa é a lógica de Deus; e todos
os “filhos de Deus” devem acolher esta lógica e atuar da mesma forma.
A veste nova representa a
amizade de Deus recuperada, exatamente como era antes. Isto nos causa
arrependimento e ao mesmo tempo alegria, após o pecado. É próprio de quem ama respeitar a pessoa
amada. Provavelmente o pai sabia onde o filho estava, cuidando dos porcos. Mas
não foi buscá-lo. Sofria ao saber que o filho estava passando fome, mas
respeitava a sua liberdade. Já o filho mais velho é mesquinho, sem coração, não
sabe perdoar o irmão. Se nos julgamos perfeitos e não aceitamos ser irmãos
daqueles que erram, tornamo-nos piores do que eles.
ATUALIZAÇÃO
As
parábolas da misericórdia revelam-nos um Deus que ama todos os seus filhos, sem
exceção, mas que tem um “fraco” pelos marginalizados, pelos excluídos, pelos
pecadores… Esse amor manifesta-se em atitudes exageradas de cuidado, de
solicitude; revela-se também na “festa” que se sucede a cada reencontro… Deus
abomina o pecado, mas não deixa de amar o pecador.
• Se
essa é a lógica de Deus em relação aos pecadores, é essa mesma lógica que deve
marcar a minha atitude face àqueles que me ofendem e, mesmo, face àqueles que
têm vidas moralmente reprováveis. Como é que eu acolho aqueles que me ofendem:
com intolerância ou com respeito?
• Ser
testemunha da misericórdia e do amor de Deus não significa pactuar com o
pecado… O pecado – tudo o que gera ódio, egoísmo, injustiça, opressão, mentira,
sofrimento – é mau e deve ser combatido e vencido. Distingamos as coisas: Deus
convida-me a amar o pecador como um irmão; mas convida-me também a lutar contra
o mal – todo o mal é uma negação desse amor de Deus.
SEGUNDA
LEITURA (Tm 1,12-17) Leitura da Primeira Carta de São Paulo a Timóteo.
Caríssimo: Agradeço àquele que me deu força, Cristo
Jesus, nosso Senhor, pela confiança que teve em mim ao designar-me para o seu
serviço, a mim, que antes blasfemava, perseguia e insultava. Mas encontrei
misericórdia, porque agia com a ignorância de quem não tem fé. Transbordou a
graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Segura e digna
de ser acolhida por todos é esta palavra: Cristo veio ao mundo para salvar os
pecadores. E eu sou o primeiro deles! Por isso encontrei misericórdia, para que
em mim, como primeiro, Cristo Jesus demonstrasse toda a grandeza de seu
coração; ele fez de mim um modelo de todos os que crerem nele para alcançar a
vida eterna. Ao Rei dos séculos, ao único Deus, imortal e invisível, honra e
glória pelos séculos dos séculos. Amém!
AMBIENTE - Timóteo é companheiro de Paulo, a partir da
segunda viagem missionária. Paulo teria confiado a Timóteo missões importantes
entre os tessalonicenses e entre os coríntios. A tradição considera-o como o
primeiro bispo de Éfeso. Esta carta apresenta três temas: a organização da
comunidade, a forma de combater os hereges e a vida cristã dos fiéis.
MENSAGEM - No texto, Paulo recordaa sua história de
vocação. O apóstolo afirma que recebeu de Cristo o seu ministério; e proclama
que isso se deve, não aos seus méritos, mas à misericórdia de Deus. Paulo tem
consciência do seu passado de perseguidor da Igreja de Cristo. Atuou dessa
forma por ignorância; Apesar desse passado, Deus, na sua bondade, cumulou-o da
sua graça. Paulo reconhece que Cristo “veio ao mundo para salvar os pecadores”,
entre os quais Paulo se inclui. Pelo exemplo de Paulo, fica evidente a
misericórdia de Deus, que se derrama sobre todos os homens, sejam quais forem
as faltas cometidas. A partir deste exemplo, todos os homens são convidados a
tomar consciência da bondade de Deus e a responder-lhe da mesma forma que
Paulo: com o dom da vida e com o empenho sério no testemunho desse projeto de
amor que Deus tem para oferecer. O reconhecimento que Paulo sente diante da
misericórdia com que Deus o distinguiu leva-o a um canto de louvor: (“ao rei
dos séculos, Deus imortal, invisível e único, honra e glória pelos séculos dos
séculos, amém”).
ATUALIZAÇÃO
o amor de Deus derrama-se sobre todos os homens, mesmo sobre os
pecadores. Somos filhos deste Deus e amamos os nossos irmãos, sem distinções?
Como conciliar essas atitudes com o exemplo de amor sem restrições que Deus nos
oferece?
=========---------------============
Deus
está sempre de braços abertos para acolher os pecadores arrependidos.
A
1ª Leitura mostra a
MISERICÓRDIA de Deus para com o Povo
infiel.
Após ter recebido inúmeros favores de
Deus na Libertação do Egito, o Povo rompe com a Aliança e adora um bezerro de
ouro. Moisés intercede. Deus os perdoa.
* O BEZERRO DE OURO não pretende ser um
novo deus, mas uma "imagem" de Javé, o que era proibido, para salvar
a transcendência de Javé e evitar os símbolos e imagens dos cultos pagãos...
Na
2ª Leitura: PAULO fala da MISERICÓRDIA de Deus para com ele:
Recorda o seu passado de perseguidor violento da Igreja. Mas, pela graça e
misericórdia de Deus, tornou-se um Apóstolo... E hoje manifesta toda a sua
alegria e gratidão pelo que a graça e a misericórdia de Deus fez nele... (1Tm, 1,12-17)
Evangelho (Lc 15,1-32): Jesus fala da MISERICÓRDIA de Deus para com os Pecadores:
- Na Introdução, os fariseus criticam
Cristo porque "acolhe pecadores e
come com eles..."
- Essa crítica provoca a Resposta de
Jesus com as TRÊS PARÁBOLAS DA MISERICÓRDIA que ilustram a atitude misericordiosa de Deus
para com os pecadores,
- A Ovelha perdida - A Moeda perdida - O Filho pródigo (perdido)
+ Elas manifestam a Alegria de encontrar o que estava perdido; A alegria é tão grande, que precisa ser
partilhada com os outros; É preciso festejar, tamanha é a felicidade.
+ Elas nos apresentam também Três Realidades:
Nas leituras de hoje, encontramos vários
exemplos:
- A IDOLATRIA dos judeus...
- A PERSEGUIÇÃO de Paulo
- A Atitude de INJUSTIÇA do Filho
pródigo para com o Pai e a vida desordenada com meretrizes...
- A negativa de PERDÃO do irmão mais
velho...
- O PURITANISMO dos fariseus e escribas,
que murmuravam...
- O Pai respeita a liberdade do
filho, mesmo quando busca a felicidade
por caminhos errados... Continua a amar
e a esperar o seu regresso. E quando volta...
- Corre ao encontro, mesmo antes
do filho pedir perdão...
- O Beijo revela o perdão, a
acolhida, a alegria...
- A veste: manifesta que devolve
a dignidade... uma vida nova
- O anel: simboliza o poder... é
recebido "como filho", não como empregado...
- As sandálias: são próprias do
homem livre, não do escravo...
- Festeja com a alegria o retorno.
* É a atitude de Deus para com os filhos
afastados...
O Pai nunca abandonou seu amor de Pai.
- Por que será que o filho mais novo
quis ir embora? Porque desejava uma
vida liberdade, longe dos olhos e controle do pai. Ou porque o comportamento do
seu irmão tornava a vida pesada e insuportável naquela casa?
O Pecado existe e todo pecado é uma ofensa a Deus...
Mas a misericórdia de Deus é maior do que todos os nossos pecados...
Contudo supõe uma atitude de retorno:
CONVERSÃO. Assim entenderemos a preferência de CRISTO pelos pecadores, que
humildemente reconheciam suas culpas e procuravam sinceramente uma conversão.
E compreenderemos também as censuras de
Jesus aos fariseus, representados na Parábola pelo filho mais velho, que não
aceita perdoar...
Todos nós somos pecadores... A Igreja
não é feita de santos, mas de pecadores perdoados...
- A Liturgia afirma: "Somos povo santo e pecador..."
- S. Paulo: "Jesus veio salvar os pecadores e eu sou o primeiro deles".
(1Tm 1,15)
+ As Parábolas da misericórdia nos
revelam um Deus que ama todos.
As transgressões dos filhos não anulam o
Amor do Pai.
Se essa é a atitude de Deus, qual deve
ser a nossa para com aqueles que se afastaram de Deus e da Comunidade?
A Atitude de Cristo ou a dos fariseus?
Do Pai ou do Filho mais velho?
Como viver a misericórdia em nossa Vida,
em nossa Família?
Renovemos a nossa fé em Deus, Pai de
bondade e misericórdia, e fiquemos de
BRAÇOS ABERTOS também para nossos irmãos.
Pe. Antônio
Geraldo
=========------------------========
Homilia de Dom Henrique
Soares da Costa
Na Solenidade do santo Natal, na segunda
leitura da Missa da Aurora, a Igreja, olhando o Presépio, faz-nos escutar as
palavras de São Paulo a Tito: “Manifestou-se a bondade de Deus nosso Salvador,
e o seu amor pelos homens. Ele salvou-nos, não por causa dos atos de justiça
que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia…” (Tt 3,4s). O Menino que
veio viver entre nós, Jesus, nosso Senhor, é a bondade de Deus, é a sua
salvação misericordiosa… Estas palavras são maravilhosamente ilustradas pela
liturgia deste Domingo. Hoje, o Cristo nos é apresentado como a própria
bondade, a própria ternura misericordiosa do Pai do céu, do nosso Deus. Aquilo
que já fora prefigurado por Moisés, intercedendo pelo povo pecador, na primeira
leitura; aquilo que, na segunda leitura, São Paulo pregou e experimentou na
própria vida: “Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. E eu sou o
primeiro deles!” – tudo isso nós tocamos nas três parábolas da misericórdia do
Evangelho de São Lucas.
Sigamos a narrativa. Por que Jesus contou
essas parábolas? Porque “os publicanos e pecadores aproximavam-se dele para o
escutar. Os fariseus, porém, e os escribas criticavam Jesus: ‘Este homem acolhe
os pecadores e faz refeição com eles’.” Aqui está: Jesus era um fio de
esperança para aqueles considerados perdidos, metidos no pecado, sem jeito nem
solução… Os publicanos, as prostitutas, os ignorantes, os pequenos e
desprezados, gente sem preparo e sem cultura teológica… estavam aproximando-se
de Jesus para escutá-lo; viam nele a ternura e a misericórdia de Deus. Os
escribas e fariseus – homens praticantes e doutores da Lei – criticavam Jesus
por isso. Ele se misturava com os impuros, ele acolhia a gentalha e os
pecadores. Pois bem, foi para esses doutores que Jesus contou as parábolas,
para mostrar-lhes que o coração do Pai é ternura, é amor, é vida, é amplo como
uma casa grande…
O Pai se alegra, porque Jesus, o Bom
Pastor, era capaz de deixar noventa e nove ovelhas para ir atrás daquela que se
perdera totalmente, até encontrá-la! O convite que Jesus estava fazendo aos
escribas e fariseus era claro: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha
que estava perdida!” Alegrai-vos, porque o coração do Pai está feliz: ele não
quer a morte do pecador, mas que ele se converta e tenha a vida! Do mesmo modo,
na parábola da dracma perdida: Deus é como aquela mulher que acende a lâmpada e
varre cuidadosamente a casa até encontrar sua moedinha. E não descansa até
encontrá-la. Quando a encontra, como Deus, quando encontra o pecador, ela
exclama: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que havia perdido!” O Deus que
Jesus nos revela, o Deus a quem ele chamava de Pai é assim: bom, compassivo,
misericordioso, preocupado conosco e com cada um de nós. Ele somente é
glorificado quando estamos de pé, quando estamos bem, quando somos felizes.
Mas, não há felicidade verdadeira para nós, a não ser juntinho dele, que é o
Pai de Jesus e nosso Pai. É isso que Jesus inculca com a terceira parábola, a
mais bela de todos: o Pai e os dois filhos.
“Um homem tinha dois filhos”. Este homem
é o Pai do céu. “O filho mais novo disse ao pai: ‘Dá-me a parte da herança que
me cabe’”. Esse moço quer ser feliz, deseja ser livre… e imagina que somente
vai sê-lo longe do olhar do pai. Assim, sem juízo, como que mata o pai,
pedindo-lhe logo a herança. “e partiu para um lugar distante”. Quanto mais
longe do pai, melhor, mais livre. E aí dissipa tudo, numa terra pagã, longe do
pai, longe de Deus. E termina na miséria, tendo esbanjado a vida, a felicidade,
o futuro, o amor e o sexo… Vai pedir trabalho e dão-lhe o mais vergonhoso para
um judeu: cuidar de porcos, animais impuros. E ele queria comer a lavagem dos
porcos e não lha davam! Em que deu o sonho de autonomia, de liberdade, de
felicidade longe do pai! Tudo não passara de ilusão! Mas, apesar de louco, o
jovem era sincero: caiu em si, reconheceu que pecou. Não colocou a culpa no
pai, nos outros, no mundo, no destino. Reconheceu-se culpado e recordou e
confiou no amor do pai: “Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei
contra o céu e contra ti!” E volta! O jovem era corajoso, generoso, era
sincero! O que ele não sabia é o pai nunca o esquecera; esperava-o todos os
dias, olhando ao longo do caminho. De longe o avistou e o reconheceu, apesar da
miséria e da fome e das roupas maltrapilhas. E, cheio de compaixão – como o
coração do Pai de Jesus – correu ao encontro do filho, cobriu-o de beijos e de
vida, e restituiu-lhe a dignidade de filho. E deu uma festa! O Pai é assim: não
quer ninguém fora de sua casa, de seu coração, da festa do seu amor, do
banquete de sua eucaristia! Mas, havia ainda o filho mais velho. Este, como os
escribas e os fariseus, jamais havia desobedecido ao pai; cumprira todos os
seus preceitos. Por isso, ficou com raiva e não quis entrar na festa do pai: “O
pai, saindo, insistia com ele…” Notem que o mesmo pai que saíra ao encontro do
mais novo, saiu agora ao encontro do mais velho, que estava perdido no seu
egoísmo, na sua raiva, fora da festa e do aconchego do pai! E o mais velho
passou-lhe na cara: “Eu trabalho para ti há tantos anos… e tu nunca me deste um
cabrito para eu festejar com meus amigos…” O pai respondeu: “Filho, tu estás
sempre comigo, e tudo o que é meu é teu…” É que aquele filho nunca amara o pai
de verdade: cumpria tudo, de tudo fazia conta… e, um dia, iria pedir o
pagamento, a recompensa por tudo… Por isso nunca se sentiu íntimo do pai, por
isso não sentia que tudo quanto era do pai era dele também! Pode-se estar junto
do pai e nunca o conhecê-lo de verdade! Não era esta a situação daqueles
escribas e fariseus? Interessante que Jesus não diz se o filho entrou na festa
do pai e na alegria do irmão ou se, ao contrário, ficou fora, onde somente há
choro e ranger de dentes.
Pois bem, o Senhor nos convida hoje a
acolher em Jesus a misericórdia incansável de Deus para conosco, um Deus que não
sossega até nos encontrar… Mas, nos convida também a ser misericordioso para
com os outros. É triste quando experimentamos que somos pecadores,
experimentamos a bondade acolhedora de Deus para com nossos pecados e, depois,
somos duros, insensíveis e exigentes em relação aos irmãos. Que o Senhor nos dê
um coração como o coração de Cristo, imagem do coração do Pai, capaz de acolher
o perdão e a misericórdia de Deus e transbordar esse perdão e essa misericórdia
para com os outros. Amém. - Dom Henrique Soares da Costa
=============-------------------========
Por: Pe. André Vital Félix da Silva,
SCJ
Em pleno Ano Santo da Misericórdia, o evangelho deste XXIV Domingo do
Tempo Comum nos apresenta o coração do evangelho de Lucas, pois nos fala da
misericórdia, isto é, aquilo que está no centro do coração de Deus. Apesar de
podermos identificar três partes distintas nessa longa narração do capítulo 15
(ovelha perdida, dracma perdida, dois filhos), estamos, na verdade, diante de
um único ensinamento de Jesus: só quem se reconhece pecador e perdido, é capaz
de fazer a experiência da misericórdia de Deus e de ser reencontrado pelo Pai.
O pecado, realidade universal e inegável por causa de suas consequências, nos
coloca a todos, sem exceção, numa condição de necessitados de um reencontro.
Reencontro consigo mesmo, com o outro e com Deus. Reencontro com a sua condição
primordial de ser criatura de Deus; reencontro com a sua missão fundamental de
ser irmão do seu semelhante; reencontro com a sua meta final de ser caminhante
rumo à plenitude da vida.
O pastor que vai em busca da ovelha desgarrada e a mulher que
diligentemente procura a dracma perdida indicam que o sujeito principal do
reencontro é o próprio Deus. A longa tradição bíblica testemunha este
compromisso de Deus que, apesar do pecado do seu povo, não o abandona. Contudo,
ao perdido, cabe deixar ser reencontrado, ao pecador, compete aceitar ser
reconciliado. No seu mistério de amor indizível, Deus vem à nossa procura, toma
a iniciativa de nos oferecer perdão, misericórdia, sem se importar se queremos
ou não. Nem sempre um doente se submete a um indispensável tratamento por livre
e alegre aceitação. A ovelha resgatada ou dracma recuperada não decidiram o
reencontro, simplesmente foram “objetos passivos” da decisão do pastor e da
mulher. Por outro lado, não foram objetos de uma tirania, não sofreram uma
violência destruidora de sua condição; ambas foram recuperadas porque valiam
mais do que uma quantidade.
Mais do que prejuízo material para quem perdeu, pois no conjunto valiam
o mínimo (1% para a ovelha, 10% para a dracma), o maior prejuízo era para o
perdido. A ovelha fora do rebanho perdeu os cuidados do pastor: a segura
condução para o pasto e para as águas, a proteção diante dos perigos das
intempéries e o risco de morte diante da ameaça das feras e da ambição dos
salteadores. A dracma sozinha perdeu a sua relação com as outras, com as quais
poderia formar um colar para embelezar, ou mesmo somando-se às demais teria o
seu valor complementado podendo servir para adquirir algo mais valioso, o que
sozinha não conseguiria, pois vale muito pouco.
A experiência do pecado revela nossos fundamentais desencontros. O
pecador é um desencontrado que, por não se reconhecer criatura de Deus, assume
posturas de autossuficiência, egoísmo, isolando-se dos outros, pois se sente
dono de sua vida, e a ninguém deve “prestar contas”, pois assim acredita ser a
condição para ser feliz (filho mais novo). Pecador é um desfigurado por não se
reconhecer irmão do semelhante, inflado de vaidade, pensa-se melhor do que os
outros, por isso rompe a sua relação com os demais e prefere viver no seu
próprio mundo, fechado em si mesmo (filho mais velho). Pecador é um
desencaminhado nas estradas da vida, pois perdeu o rumo da sua existência,
rejeitou a sua dignidade de filho e irmão (ambos); consequentemente, prefere os
atalhos que conduzem a satisfações momentâneas, abandonando o caminho que
conduz à plenitude da vida.
É diante dessa miséria do ser humano
que a riqueza da misericórdia de Deus se manifesta. O pastor não busca uma
ovelha perdida porque a considera um prejuízo material, pois seria um grande
investimento (deixar as noventa em nove, perder tempo na procura, expor-se aos
perigos do caminho) para pouca coisa (1%); para ele o que conta é o prejuízo
que a ovelha tem, é ela a grande perdedora. Mas porque a ama, é capaz de
sacrificar-se para salvá-la. A mulher que perde o seu tempo varrendo a casa
mais uma vez, que desperdiça o óleo de sua lâmpada para iluminar excepcionalmente
alguns lugares da casa a fim de encontrar aquela moeda, não é motivada apenas
por uma sensação de ter perdido um pequeno objeto. Mas considerando a dracma
perdida na relação com as outras, reconhece que o prejuízo não é só de uma, mas
todas as outras dracmas são prejudicadas, pois a sua falta será desfalque para
o conjunto, afetará a beleza do colar, ou diminuirá o valor das demais. Nessas
duas comparações, Jesus evidencia as causas do pecado e seus danos em nível
pessoal (ovelha) e social-comunitário (dracma). No relato dos dois filhos, tudo
isso é retomado com um elemento novo. Para a ovelha e a dracma é Deus o sujeito
principal, agora evidencia-se a necessidade de decisão do pecador: “Vou-me embora, procurar o meu pai”. Mesmo sendo
procurado por Deus, o pecador deve decidir se aceita ou não ser encontrado por
Ele. Isso exige abertura para reconhecer a sua condição atual: “Pequei contra o céu e contra ti”, o lugar para
onde decidiu ir e o que preferiu optar e abandonar. Quando abandonamos o pai
bondoso, um patrão tirano nos adota, quando renunciamos à filiação gratuita,
caímos numa escravidão degradante, quando recusamos o perdão, ficamos fora da
alegria da salvação.
Aquele que nos deu a vida sabe quanto ela custa, e quanto prejuízo se
tem quando dela não se cuida. O nosso pecado é não reconhecer esse precioso
dom, fazendo dele uma coisa que se pode manipular ao nosso bel-prazer,
desperdiçando-a como se fosse apenas algo cujo prejuízo é apenas material,
quantitativo, possível de se restituir. Todos somos aquela ovelha
desgarrada, buscada, encontrada e transportada nos ombros do Bom Pastor,
contudo em nenhum momento se diz que ela foi acorrentada ou aprisionada no
aprisco. Todos somos a dracma que se perde, mas que é buscada, iluminada e
encontrada, contudo, jamais aprisionada debaixo de sete chaves para que não se
perca mais. Todos somos aqueles dois filhos, como o mais novo, perdido fora de
casa por sua vaidade e presunção, ou como o mais velho que, mesmo sem sair de
casa, vivia como um escravo do seu pai a quem injustamente reconhecia apenas
como patrão. Mas Deus é como o pastor que procura os que se perdem fora de casa
(os pecadores e publicanos) ou como a mulher que não desiste de quem se perdeu
dentro de casa (fariseus e escribas). Se sai de casa, Ele vai ao encontro, se
volta para casa, Ele perdoa e acolhe. A misericórdia é de Deus, a opção é
nossa.
Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ.
=========---------------==========
LOUVOR (quando o Pão Sagrado
estiver sobre o altar)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS
VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS PRESENTE ENTRE
NÓS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, nos coloquemos na presença do PAI:
T: Ó DEUS, GRANDE É A VOSSA
MISERICÓRDIA!
- Pai de bondade, Vós que guiastes Moisés para que ele conduzisse
o Vosso povo fora do Egito, nós Vos bendizemos pela paciência e pelo perdão
que nos revelais. Ajudai-nos para que não nos afastemos de vosso amor e de
vossa misericórdia.
T: Ó DEUS, GRANDE É A VOSSA
MISERICÓRDIA!
- Deus, Nosso Pai, honra e
glória a Vós, Rei dos séculos, Deus único, invisível e imortal, pelos séculos
dos séculos. Reconhecemos o vosso amor e o vosso perdão que nos faz levantar
todos os dias. Que cada dia possamos nos aproximar cada vez mais de vosso amor.
T: Ó DEUS, GRANDE É A VOSSA
MISERICÓRDIA!
- Deus, Nosso Pai, Vós que
sabeis acolher os pecadores e ainda nos convidais a participar da mesa do vosso
Filho, nós vos bendizemos; Sois amor e misericórdia. Enviai o Espírito Santo
para que sejamos transformados e assim possamos espelhar ao mundo a
misericórdia e o perdão.
T: Ó DEUS, GRANDE É A VOSSA
MISERICÓRDIA!
- Pai nosso... A Paz... Eis o Cordeiro...
Nenhum comentário:
Postar um comentário