quinta-feira, 29 de agosto de 2019

22º DOMINGO DO TC. ANO C, homilias, subsídios homiléticos


22º DOMINGO DO TC. ANO C 2019

SINOPSE:
Tema: A humildade e a gratuidade são os desafios do Reino.
Primeira leitura: A humildade é o caminho para ser agradável a Deus e aos homens.
Evangelho: Jesus recomenda humildade e fraternidade para participarmos no Banquete.
Segunda leitura: O nosso encontro com Deus é uma experiência de comunhão, de amor, que exige de nós humildade e amor para com o próximo.

PRIMEIRA LEITURA (Eclesiástico 3,19-21.30-31) Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade e assim encontrarás graça diante do Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que ele revela seus mistérios. Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes. Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende. O homem inteligente reflete sobre as palavras dos sábios e com ouvido atento deseja a sabedoria.

AMBIENTE - séc. II a.C., ... O helenismo minava a cultura e os valores de Israel. Jesus Ben Sirá defende o patrimônio religioso e cultural do judaísmo frente à cultura grega.

MENSAGEM - Para Jesus Ben Sira, a humildade garante a estima perante os homens e “graça diante do Senhor”. É na humildade e simplicidade que reside a “sabedoria”, do êxito e da felicidade.

ATUALIZAÇÃO - ♦Ser humilde é assumir o nosso lugar, mas sem nunca humilhar os outros. Significa pôr os próprios dons ao serviço de todos, com simplicidade e com amor. É aí que está a “sabedoria”, quer dizer, o segredo do êxito e da felicidade.
Ser soberbo é se deixar dominar pelo orgulho e torna-se egoísta, injusto, autossuficiente e desprezar os outros. Deixa de precisar de Deus e dos outros homens; está condenado ao fracasso.
udo o que somos e temos é um dom de Deus.

SALMO RESPONSORIAL / 67 (68)
Com carinho preparastes uma mesa para o pobre.
• Os justos se alegram na presença do Senhor; / rejubilam satisfeitos e exultam de alegria! / Cantai a Deus, a Deus louvai, cantai um salmo a seu nome! / O seu nome é Senhor; exultai diante dele!
• Dos órfãos ele é pai, e das viúvas protetor; / é assim o nosso Deus em sua santa habitação. / É o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados, / quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura.
• Derramastes lá do alto uma chuva generosa, / e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes; / e ali vosso rebanho encontrou sua morada; / com carinho preparastes essa terra para o pobre.

EVANGELHO (Lc 14,1.7-14) Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: “Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. Mas, quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado”. E disse também a quem o tinha convidado: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.

MENSAGEM - O A.T. aconselhava a não ocupar os primeiros lugares (Prov 25,6-7Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no meio dos grandes;  porque melhor é que te digam: Sobe para aqui!, do que seres humilhado diante do príncipe.); mas o que aí era uma exortação moral, nas palavras de Jesus converte-se na lógica do “Reino”: o “Reino” exclui qualquer atitude de superioridade, de orgulho, de ambição, de domínio sobre os outros; quem quiser entrar nele, tem de fazer-se pequeno, simples e humilde. Ele próprio, na “ceia de despedida”, lavou os pés aos discípulos, avisando que, na comunidade do “Reino”, os primeiros serão os servos de todos (Jo 13,1-17). O que é ser humilde? Humildade deriva de humus, pó, lama, barro… A virtude da humildade não tem nada a ver com a timidez. A humildade faz que tenhamos consciência clara de que os nossos talentos e virtudes pertencem a Deus; é saber-se pobre, limitado diante do Senhor. O humilde tem a sua própria verdade: é pobre, mas amado por Deus. Por isso, o humilde é aberto para o Senhor, dele reconhece que é dependente, e a ele se confia e pode acolher como uma criança o Reino que Jesus veio trazer. Quem quiser entrar nele, tem de fazer-se pequeno, simples, humilde.

A segunda atitude é a gratuidade“Numa festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”. A gratuidade é a virtude de dar sem esperar nada em troca, dar e sentir-se feliz, sentir-se realizada no próprio dar. A gratuidade é filha da humildade. Só quem sabe que em tudo depende de Deus e de Deus tudo recebeu gratuitamente (humilde), também sente-se impelido a imitar a atitude de Deus: dar gratuitamente! “De graça recebestes, de graça dai!” (Mt 10,8). Pois bem, quem faz crescer em si a humildade e cultiva a gratuidade, experimenta a Deus e seu Reino. Quem cultiva a humildade e a gratuidade, deixa o Reino ir entrando em si e entrará, um dia, no Reino de Deus!

Mas nada disso é fácil, pois vivemos no mundo da autossuficiência e dos resultados. O homem já não se sente dependente de Deus; deseja fazer a vida do seu modo. Assim, se fecha para Deus e não reconhece no outro um irmão, já não sabe mais dar gratuitamente: tudo tem que ter retorno, tudo tem que dar lucro, tudo é na lógica do custo-benefício. Então teremos a angústia, a ansiedade, o stress. Como é triste a vida, quando é vivida assim… Se assim o for, não experimentaremos Deus de verdade. Nunca é demais recordar a advertência da Escritura: “Quem não ama não conhece a Deus!” (1Jo 4,8)

ATUALIZAÇÃO A Igreja, fruto do “Reino”, deve ser o lugar onde se cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e desinteressado.
♦ Para Jesus quem prefere esquemas de superioridade, de prepotência, de humilhação, de ambição, de orgulho, está impedindo a chegada do “Reino”.
Fica claro, na catequese de Lucas que o tipo de relações que unem os membros da comunidade de Jesus é o amor gratuito e desinteressado.
Os cegos e coxos representam todos aqueles que a religião oficial excluía da comunidade; Jesus diz que esses devem ser os primeiros convidados do “banquete do Reino”.
+ Jesus pede ao homem, criado à imagem de Deus, para amar como Deus ama, isto é, gratuitamente, esperando ser declarado justo na ressurreição dos mortos.
= Resumindo: Jesus propõe duas atitudes: HUMILDADE e GRATUIDADE

SEGUNDA LEITURA (Hebreus 12,18-19.22-24a) Irmãos, vós não vos aproximastes de uma realidade palpável: “fogo ardente e escuridão, trevas e tempestade, som da trombeta e voz poderosa”, que os ouvintes suplicaram não continuasse. Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; da assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus; de Deus, o Juiz de todos; dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; de Jesus, mediador da nova aliança.

AMBIENTE
Os crentes são exortados a manter relações adequadas, justas, para com os homens e para com Deus. Para isso, estabelece um paralelo entre a antiga religião e a nova proposta de salvação que Cristo veio apresentar, a fim de enfrentar os tempos difíceis de perseguição e de martírio que se aproximam.

MENSAGEM - A experiência do Sinai gerou medo e não houve proximidade de amor, confiança nem com Deus nem com a comunidade, mas Na experiência cristã não há nada de assustador, de terrível. Pelo Batismo, os cristãos aproximaram-se do próprio Deus, numa experiência de proximidade, de comunhão, de intimidade, de amor verdadeiro… A experiência cristã é uma experiência festiva, de verdadeira alegria. Os cristãos associaram-se ao Deus da bondade e do amor; Foram incorporados em Cristo e tornados co-herdeiros da vida eterna; associaram numa existência de festa, de louvor, de ação de graças, de adoração, de contemplação; associaram-se aos outros justos que atingiram a vida plena, numa comunhão fraterna de vida e de amor.

ATUALIZAÇÃO A redescoberta da nossa fé e do sentido das nossas opções, a fim de superarmos o comodismo e a preguiça que nos levam a uma caminhada cristã morna, sem compromissos, que facilmente cede e recua quando aparecem as dificuldades e os desafios…
♦Jesus intimou-nos a superar a perspectiva de um Deus terrível, opressor, vingativo. Ele apresentou-nos um Deus que é Pai, que nos ama, que nos convoca para a comunhão com Ele e com os irmãos e que insiste em associar-nos como “filhos” à sua família.

A Virtude da Humildade

A humildade atrai sobre si o amor de Deus e o apreço dos outros, ao passo que a soberba os repele. Por isso, a primeira leitura (Eclo 3,19-21. 30-31) aconselha-nos: Torna-te pequeno nas grandezas humanas, e alcançarás o favor de Deus, e Ele revela os seus segredos aos humildes”.
São Bernardo indica diferentes manifestações progressivas da soberba: a curiosidade, o querer saber tudo de todos; a alegria tola, que se alimenta dos defeitos dos outros e os ridiculariza;; a arrogância de não reconhecer as falhas próprias…O soberbo é muito amigo de calcar os outros aos pés, seja em pensamento, seja pelas suas atitudes. Aprenderemos a ser humildes com Jesus.

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Os Primeiros lugares

Na sociedade de hoje, a procura do PRIMEIRO LUGAR, no campo político, social, profissional e outras atividades, é muito comum.  Isso cria muitas vezes  um clima de concorrência e competição, de ódio e conflitos.  O que vocês pensam a respeito disso?

As leituras bíblicas nos propõem um caminho diferente:
o caminho da HUMILDADE e da GRATUIDADE...

A 1a Leitura fala da virtude da HUMILDADE,  para ser agradável a Deus e aos homens,  para ter êxito e ser feliz. (Eclo 3,19-21.30-31)

* SER HUMILDE significa assumir com simplicidade o nosso lugar, sem humilhar os outros com a nossa superioridade.  Significa pôr os próprios dons a serviço de todos, com simplicidade e com amor. Aí está o segredo do êxito e da felicidade.

A 2ª Leitura afirma que a vida cristã exige de nós  determinados valores e atitudes, entre os quais  a humildade, a simplicidade, o amor... (Hb 12,18-19.22-24a)

No Evangelho, Jesus cria uma nova humanidade, fundamentada no espírito da humildade. (Lc 14, 1.7-14)

Jesus é convidado a um banquete na casa de um fariseu... e aceita... Mas fica profundamente impressionado com duas coisas, que observa: a corrida pelos primeiros lugares e o tipo de pessoas que foram convidadas.  E conta duas pequenas PARÁBOLAS:

+ A 1ª é para os convidados que escolhiam os primeiros lugares: Aquele que ocupou o primeiro lugar teve de cedê-lo a um mais importante. Aquele que ocupou o último lugar foi convidado para um lugar melhor.
E Jesus conclui: "Quem se exalta será humilhado e aquele que se humilhar será exaltado".

+ A 2ª é para quem convidara:
   "Quando deres uma refeição,   não convides os que poderão te retribuir...
   Pelo contrário, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos...
   Terás uma recompensa na ressurreição dos justos..."

= Resumindo: Jesus propõe duas atitudes:
     - Na escolha dos lugares:        HUMILDADE...
     - Na escolha dos convidados: GRATUIDADE: Amor sem interesses...

1. O que Jesus observaria hoje?

Na Sociedade, há ainda hoje pessoas correndo atrás dos primeiros lugares?
- Escolhendo o trabalho que lhes dê mais lucro...
- procurando lugares que dêem destaque, status e importância;
- preferindo ocupações onde possam ter poder sobre os demais;
- ou ficando decepcionadas, quando ninguém lhes dá o "devido lugar?"

 Na Igreja, também existe a corrida pelos primeiros lugares?
A Igreja deve ser a comunidade onde se cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e desinteressado.  - Mas de fato, é assim?
Ou assistimos às vezes uma corrida desenfreada pelos primeiros lugares: pessoas cuja ambição se sobrepõe à vontade de servir…
Buscam títulos, honras, homenagens, lugares privilegiados, e não o serviço humilde e o amor desinteressado.

- Na catequese, que Lucas nos propõe hoje, fica claro que as relações entre os membros da comunidade de Jesus não se baseiam  em "critérios comerciais", mas sim no amor gratuito e desinteressado.
Só assim todos, inclusive os que não têm poder, nem dinheiro para retribuir, terão aí lugar, numa verdadeira comunidade de amor e de fraternidade.

- Como é bonito numa Comunidade, onde há humildade... solidariedade... sintonia entre as diversas Lideranças, Pastorais e Movimentos...
Não gastaríamos então tantas energias em pequenas implicâncias e disfarçado espírito de competição...

Na Política, existe também a corrida pelos primeiros lugares?
E essa corrida é um desejo sincero de serviço pelo bem do povo ou uma busca de vantagens para pessoas ou grupos?
- Para garantir os primeiros lugares, podemos fazer uso de qualquer meio?

2. Quem são os NOSSOS convidados?

- Na Sociedade de hoje, costuma-se convidar quem garanta   lucro... recompensa... poder... fama... posição social... elogios...
- Jesus nos convida a uma atitude de GRATUIDADE...

* Quando prestei um favor a gente simples, sempre gostei de ouvir de uma expressão: "Deus lhe pague!"    Sim, o próprio Deus se torna o nosso grande FIADOR...

Dia do Catequista:
"Catequista, você é especial para Deus!
Sua VOCAÇÃO foi gestada no coração do Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a mensagem da VIDA: Jesus Cristo. 
Catequista, você é protagonista no processo  de um NOVO JEITO DE FAZER CATEQUESE.

A todos os catequistas, o nosso reconhecimento e gratidão  pelo belo e importante serviço que prestam à Igreja.   São pessoas que aceitam o apelo de Jesus no evangelho de hoje: Não ocupar os primeiros lugares e, sim, servir os irmãos com simplicidade, humildade e gratuidade. "Que Deus lhes pague".

                                Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, a liturgia deste final de semana é um convite para aprofundarmos, a partir da Bíblia, Palavra de Deus, a conhecermos a vontade de Deus. É importante observar a importância da mesa. A mesa é como o lugar formativo para as pessoas. Claro, que temos vários tipos de jantares e almoços. Nós temos os almoços chamados de negócios, onde quem está ali, a sua menor preocupação é em almoçar, mas é em fechar os negócios e quando eu consigo ganhar bastante dinheiro, eu digo: fiz um bom negócio. Significa: eu explorei o outro, tomei vantagens. Não é este tipo de almoço ou jantar que Jesus nos convida.
Nós também temos os almoços e jantares da sociedade onde vou poder mostrar todo o meu poderio e influência. Então, eu me visto com tudo que tenho direito e acabo nem me sentindo à vontade, porque o sapato não é do dia-a-dia, a roupa não é aquela bem adequada e às vezes eu me pareço muito ridículo; um frio danado, mas eu escolhi aquele vestido e não tenho outro à altura. Eu vejo isto em muitos casamentos. Venho tremendo, mas é o vestido que eu escolhi e agora não dá para trocar de vestido. Então, não é no almoço ou jantar onde eu encontro as pessoas, mas onde eu quero ser notado ou notada. Fazemos o papel de ridículo quando isto acontece.
Outra coisa que também é muito desagradável é você ir a um jantar ou almoço mascando chiclete, por exemplo. O que você vai fazer com o chiclete na ora de ingerir o alimento? Isto está mostrando que aquela pessoa está pouco interessada naquele jantar ou almoço e está presente apenas como compromisso ou obrigação. Não. Jesus, que é a Palavra de Deus, nos propõe outra coisa à mesa: a primeira leitura vai dizer da importância dos mais velhos à mesa. É curioso que tenhamos o habito de dar comida primeiro para os idosos, para depois ficarmos à vontade à mesa. Aqui diz: Não! O lugar principal é para o mais velho, para que ele possa, com sua sabedoria, ensinar os novos. Então, crianças e idosos devem se sentarem na mesma mesa. A criança tem sim que ouvir o idoso. Eu posso até não concordar com ele, mas é uma questão de educação ouvi-lo. Só que nem nós ouvimos, imagine as crianças! Servir a comida num cantinho para o idoso é sinal de que estou descartando o idoso para eu ficar tranquilo. É assim que nós corrigimos o orgulho das pessoas. Aqui a primeira leitura diz claramente: “Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes. Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende. O homem inteligente reflete sobre as palavras dos sábios e com ouvido atento deseja a sabedoria.” O orgulhoso se corrói, morre, mas não dá o braço a torcer e ganha o que com isto? O que que se ganha em ser orgulhoso? Perde-se a possibilidade de conhecer o irmão, de celebrar com o próximo e perde-se a oportunidade de crescer. É interessante observar, que um de oitenta anos vai falar e um de vinte anos manda calar a boca, como se soubesse tudo da vida! Só vai lamentar depois que morre. Aí não é hora de lamentar, não!
A Palavra de Deus faz um grande convite a nós: onde é, em que ponto eu sou orgulhoso? Senhor, quebre o meu orgulho.
Jesus conta esta parábola que está no Evangelho, não para falar do primeiro ou último lugar, porque é interessante observar, sobretudo na igreja, que as pessoas não buscam os primeiros lugares, mas aqui poderia buscar à vontade. O duro é na sociedade onde um mata o outro para estar no primeiro lugar. Lá é que é o ponto sério. É ali que deveria buscar os últimos lugares. Ah, mas se eu buscar o último lugar, eu saio perdendo! Pois é. Veja que o Evangelho é contrário àquilo que a sociedade nos ensina. Jesus diz assim: ao oferecer uma refeição, eu não deveria ter outra preocupação a não ser encontrar as pessoas na gratuidade. Então, não se deveria fazer negócios durante a refeição, não deveria ficar se mostrando, buscando apresentar a minha influencia que eu tenho durante a refeição, mas deveria ser um momento de encontro com os irmãos. É por isso, que muita gente não gosta de vir à Celebração Eucarística, porque na Celebração Eucarística o encontro é com os irmãos. Se você vier com sapato de ouro ou vier descalço, como é dito, o tratamento tem que ser o mesmo. Se não for o mesmo, está errado. Entre nós não há aqueles que são influentes, aqueles que são poderosos, e os que tem que ficar num canto. Entre nós o encontro é para todos: crianças, jovens, adulto, idosos, porque todos nós, de alguma forma, temos alguma pobreza e a mesa é feita para os pobres. Onde está a minha pobreza? Talvez esteja no meu egoísmo, talvez na minha prepotência, talvez a pobreza seja de dinheiro mesmo, talvez a pobreza seja a incapacidade de agir com os irmãos, não consigo viver com a limitação do outro, não me sinto à vontade com determinadas pessoas perto. Esta, talvez, seja a minha pobreza. Jesus prepara uma mesa para os pobres, ou seja, para me ajudar naquilo que vale a pena na vida. O que vale a pena na vida? Experimentar o amor de Deus.
Meus irmãos e irmãs, cada vez que nos sentamos à mesa, pedindo a Deus que nos ajude, a celebrar o seu amor de coração aberto e todo o restante será consequência.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.

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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa

 

O Evangelho de hoje não é um guia de etiqueta e de boas maneiras. Jesus pensa, no banquete do Reino, que é preparado pelo banquete da vida; sim, porque somente participará do banquete do Reino quem souber portar-se no banquete da vida!
E neste banquete, no daqui, no desta vida, o Senhor hoje nos estimula a duas atitudes. Primeiramente, a humildade: “convidado para uma festa, não ocupes o primeiro lugar… Vai sentar-te no último…”. O que é ser humilde? Humildade deriva de humus, pó, lama, barro… Ser humilde é reconhecer-se dependente diante de Deus, é saber-se pobre, limitado diante do Senhor. O humilde tem diante de si a sua própria verdade: é pobre, mas amado por Deus. Por isso, o humilde é aberto para o Senhor, dele reconhece que é dependente, e a ele se confia e pode ser aberto, e acolher como uma criança o Reino que Jesus veio trazer.
A segunda atitude é a gratuidade: “Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”. A gratuidade é a virtude que dar sem esperar nada em troca, dar e sentir-se feliz, sentir-se realizada no próprio dar. Se prestarmos bem atenção, a gratuidade é filha da humildade. Só quem sabe de coração que em tudo depende de Deus e de Deus tudo recebeu gratuitamente (humilde), também sente-se impelido a imitar a atitude de Deus: dar gratuitamente! “De graça recebestes, de graça dai!” (Mt 10,8). Pois bem, quem faz crescer em si a humildade e cultiva a gratuidade, experimenta a Deus e seu Reino, pois aprende a sentir o coração do próprio Deus, que tudo nos deu gratuitamente. Quem cultiva a humildade e a gratuidade, deixa o Reino ir entrando em si e entrará, um dia, no Reino de Deus!
Mas, se pensarmos bem, nada disso é fácil, pois vivemos no mundo da autossuficiência e dos resultados. O homem já não mais se sente dependente de Deus; deseja ele mesmo fazer a vida do seu modo. Assim, se fecha para Deus e, para ele se fechando, já não mais reconhece no outro um irmão e, não experimentando a misericórdia gratuita de Deus, já não sabe mais dar gratuitamente: tudo tem que ter retorno, tudo tem que apresentar contrapartida, tudo tem que dar lucro, tudo é pensado na lógica do custo-benefício. Como é triste a vida, quando é vivida assim… Pensemos bem, porque se assim o for, jamais experimentaremos Deus de verdade. Nunca é demais recordar a advertência da Escritura: “Quem não ama não conhece a Deus!” (1Jo 4,8)
Caríssimos, supliquemos a graça de um coração renovado de novas atitudes! Recordemos, como dizia São Bento, que pela humildade se sobe e pela soberba se desce! Que Deus nos conceda a graça da humildade.
Dom Henrique Soares da Costa

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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
A perícope deste XXII Domingo do Tempo Comum nos apresenta o ensinamento prático de Jesus sobre duas atitudes fundamentais que revelam a verdadeira dignidade e grandeza do ser humano: humildade e generosidade. Estas se opõem à vaidade orgulhosa e à demagogia enganadora que deformam as relações humanas e criam uma sociedade de “mais dignos” e “menos dignos”, de gente importante a ser exaltada, e pessoas sem valor a serem excluídas e preteridas. Sem humildade e generosidade, o ser humano transforma-se num misto de mesquinhez e mediocridade, pois a sua única motivação para agir e relacionar-se são os seus interesses egoístas e seus cálculos frios e míopes.
De forma magistral, Lucas apresenta esse ensinamento de Jesus num contexto de uma refeição e no dia santificado: “Certo sábado, Jesus entrou na casa de um dos chefes dos fariseus para tomar uma refeição” (grego: fagein arton, comer pão). Jesus aproveita a ocasião para ensinar e anunciar como deve ser a autêntica refeição, isto é, o sentar-se à mesa para nutrir o corpo e o espírito deve ser a profunda experiência de quem se prepara para aquela definitiva refeição no Reino dos céus, onde o Pai acolhe a todos sem distinção, e onde ninguém é mais ou menos importante do que os outros; onde não há lugares mais nobres e reservados, pois será o banquete da fraternidade; sentir-se irmão de quem está sentado ao seu lado será a única e mais importante localização naquele banquete. Se o fato da refeição já era importante, quanto mais no sábado, quando se fazia a memória do repouso de Deus que, segundo a narração do Gênesis, era contemplação da sua obra. O sábado, dia do descanso, como dia sagrado assume caráter de experiência de re-criação (daí deriva o termo recreio: momento de descanso para refazer as forças, onde também se alimenta para recuperar as energias). Portanto, aquela refeição em dia de sábado deveria ser momento de recuperar a vida, considerando a igualdade fundamental das pessoas, uma vez que todas são necessitadas de alimento para corpo e, também, para o coração. Mas tornou-se ocasião para disputa de lugares segundo a classificação artificial das pessoas, consideradas umas mais importantes do que outras.
Sobretudo para culturas antigas, o momento das refeições é considerado não apenas como um momento de alimentar o corpo com um pão material, mas é também o rito sagrado de refazer as relações, de aprender os valores com a sabedoria dos anciãos, de renovar a vida com a vitalidade e entusiasmo dos jovens e perfumar-se com o bálsamo do frescor da vida dos infantes.
À mesa não se toma apenas o pão do prato, mas partilha-se o alimento que provém do interior, daquilo que brota do coração de cada um. A refeição é momento de revelação de atitudes interiores expressas em gestos externos.
Jesus denuncia o desvirtuamento que se dá naquele banquete oferecido por um dos chefes dos fariseus: “Pois notara como eles escolhiam os primeiros lugares”. Torna-se até escandaloso que isso aconteça entre os conhecedores da Escritura, pois a orientação prática da corrente sapiencial era: “Não te vanglories na frente do rei, nem ocupes o lugar dos grandes; pois é melhor que te digam ‘Sobe aqui!’, do que seres humilhado na frente de um nobre” (Pr 25,6-7; ver Eclo 31,12-18). Jesus apenas retoma o ensinamento já conhecido. São Paulo antes de falar do rebaixamento de Jesus, da sua kénosis, adverte a comunidade dos filipenses: “Nada fazendo por competição e vanglória, mas com humildade, julgando cada um dos outros superiores a si mesmo… Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus…” (Fl 2,3-5). Portanto, a humildade não é apenas a nobre virtude de alguns, mas deve ser a característica da comunidade cristã, pois o próprio Senhor não se apegou à sua condição divina, mas se fez servo de todos.
Indubitavelmente a experiência do estar juntos à mesma mesa, compartilhando pão e coração, nos torna humildes e diligentes uns para com os outros; é o lugar e o momento de descobrirmos que o mais importante não é o lugar onde estamos, mas a relação que estabelecemos com os outros.
A outra atitude fundamental que Jesus nos ensina nesse banquete é a generosidade: “Ao dares um almoço ou jantar não convides os amigos, nem os irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos; para que não te convidem, por sua vez, e te retribuam do mesmo modo”. A generosidade é uma das virtudes humanas mais reveladoras de um coração dilatado, de um coração grandioso e, por isso, que transborda de bondade, livre e gratuitamente. Portanto, só quem é livre pode ser verdadeiramente generoso, pois é movido pela gratuidade, não espera nada, visto que a sua generosidade já é o precioso e suficiente dom que possui. Não espera nenhuma recompensa pelo bem que faz, pois a sua generosidade já é sinal de abundância. A generosidade não se baseia em cálculos e muito menos numa mentalidade de busca de vantagens. A generosidade também não depende da quantidade daquilo que se possui, mas é, antes de tudo, expressão de uma grande liberdade, a ponto de ser capaz de sacrificar o que se tem, muito ou pouco, em vista do bem da outra pessoa.
Humildade e generosidade dilatam o coração e, ao mesmo tempo, revelam a sua grandeza. A humildade nos coloca no lugar certo, pois garante a possibilidade de crescer sempre; a generosidade nos faz tomar a direção certa, pois nada esperando ou exigindo em troca, conserva-nos sempre um caminho livre, o que nos faz avançar sempre mais rumo à plenitude da vida que não busca glórias imediatas, nem recompensa calculada.
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS,  NOS COLOQUEMOS NA PRESENÇA DO PAI. TODOS REPITAM: SENHOR, ACOLHEI-NOS EM VOSSO REINO.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
-  “Deus criador, proclamamos a grandeza do vosso poder e a humildade do vosso Filho Jesus. Ele tornou-se pequeno para nascer entre os homens e aceitou a humilhação suprema da cruz. Nós vos pedimos que nos livreis do orgulho e possamos espelhar vosso amor E vossa gratuidade.. 
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
- Deus nosso Pai, vos damos graças por Jesus nos conduzir com seus ensinamentos e seu exemplo para que possamos participar do banquete celeste na assembléia dos santos.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
- Pai, cantamos no salmo, que com carinho preparastes uma mesa para o pobre E que os justos rejubilam satisfeitos e exultam de alegria. Ajudai-nos para que não nos desviemos do caminho do Reino.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
- Pai, que o Espírito Santo nos transforme em cidadãos do alto e que possamos agir no amor e na humildade, sendo alento aos que necessitam de nosso apoio.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
- PAI NOSSO...   A PAZ...   EIS O CORDEIRO


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