1º Domingo do
TC ANO A FESTA DO BATISMO DO SENHOR 2020
Tema: “O Batismo nos abre as portas da justiça do Reino”
No batismo de Jesus, revela-se o Filho amado de Deus com a missão de salvar os homens
Tema: “O Batismo nos abre as portas da justiça do Reino”
No batismo de Jesus, revela-se o Filho amado de Deus com a missão de salvar os homens
A primeira
leitura anuncia
um “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de
justiça e de paz sem fim…
No
Evangelho, Jesus
é o Filho/“Servo” enviado pelo Pai, cuja missão é a libertação dos homens.,
A segunda
leitura Jesus
é o Filho amado que o Pai enviou para concretizar um projeto de salvação.
PRIMEIRA LEITURA (Is 42,1-4.6-7) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Assim fala o Senhor: “Eis o meu servo - eu o
recebo; eis o meu eleito - nele se compraz minh’alma; pus meu espírito sobre
ele, ele promoverá o julgamento das nações. Ele não clama nem levanta a voz,
nem se faz ouvir pelas ruas. Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que
ainda fumega; mas promoverá o julgamento para obter a verdade. Não esmorecerá
nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países
distantes esperam seus ensinamentos. Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e
te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do
povo, luz nas nações, para abrirdes os olhos dos cegos, tirar os cativos da
prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”.
AMBIENTE - O Deutero-Isaías (cf. Is 40-55). Cumpriu a sua missão profética na Babilônia, entre 550 e 539 a.C.; os judeus exilados estão desorientados pois, apesar das promessas do profeta Ezequiel, a libertação tarda… O Deutero-Isaías anuncia a iminência da libertação.
MENSAGEM - Na primeira parte, afirma-se que o “Servo” é um “eleito” de Deus, isto é, alguém que Deus “escolheu” para uma missão especial (cf. Nm 16,5.7; 17,20; Dt 4,37; 7,6.7; 10,15; 14,2; 18,5; 21,5; 1 Sm 2,28; 10,24; 2 Sm 6,21; 1 Re 3,8; etc.). Estamos no contexto da “eleição”, isto é, no contexto em que Deus destaca alguém para o seu serviço. A “ordenação” do “Servo” realiza-se através do dom do Espírito (“ruah”), que dará ao “Servo” o alento de Jahwéh, a capacidade para a missão. Animado por esse Espírito, a missão não se dará com à força, à violência, mas com a bondade, a mansidão, a simplicidade que definem a lógica de Deus.
Na segunda parte, a missão do “Servo” é o
estabelecimento de uma reta ordem social. Deus convida-o a ser “a luz das
nações” e, em concreto, a abrir os olhos aos cegos, a tirar do cárcere os
prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas. É, portanto, uma missão de
libertação e de salvação.
O “Servo” é um instrumento através do qual Deus
atua no mundo para levar a salvação aos homens: trazer a justiça e oferecer a
todos a liberdade e a paz. O “Servo” contará com a ajuda do Espírito de Deus,
que lhe dará a força de assumir a missão e de concretizá-la.
ATUALIZAÇÃO • Os primeiros cristãos irão utilizar os cânticos do “Servo” para justificar o sofrimento e o aparente fracasso humano de Jesus: ele é esse “eleito de Deus”, que recebeu a plenitude do Espírito, que veio ao encontro dos homens com a missão de trazer a justiça e a paz definitivas, que sofreu e morreu para ser fiel a essa missão que o Pai lhe confiou.
• A história do “Servo” mostra-nos que Deus
atua através de instrumentos a quem Ele confia a transformação do mundo e a
libertação dos homens. Tenho consciência de que cada batizado é um instrumento
de Deus na renovação e transformação do mundo?
• A missão profética só faz sentido à luz de
Deus: é Ele que escolhe e que capacita para a missão… Aquilo que eu faço, por
mais válido que seja, não é obra minha, mas sim de Deus; o meu êxito na missão
não resulta das minhas qualidades, mas da iniciativa de Deus que age em mim e
através de mim.
SALMO RESPONSORIAL / 28 (29)
Que o
Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!
• Filhos de Deus, tributai ao Senhor, / tributai-lhe a glória
e o poder! / Dai-lhe a glória devida ao seu nome; /
adorai-o com santo ornamento!
• Eis a voz do Senhor sobre as águas, / sua voz sobre as
águas imensas! / Eis a voz do Senhor com poder! / Eis
a voz do Senhor majestosa.
• Sua voz no trovão reboando! / No seu templo os fiéis
bradam: “Glória!” / É o Senhor que domina os dilúvios,
/ o Senhor reinará para sempre!
EVANGELHO (Mt 3,13-17) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
EVANGELHO (Mt 3,13-17) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus veio da Galileia para o
rio Jordão, a fim de se encontrar com João e ser batizado por ele. Mas João
protestou, dizendo: “Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” Jesus,
porém, respondeu-lhe: “Por enquanto deixa como está, porque nós devemos cumprir
toda a justiça!” E João concordou. Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da
água. Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba
e vindo pousar sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: “Este é o meu Filho
amado, no qual eu pus o meu agrado”.
AMBIENTE - Jesus indo ao encontro de João Batista. João anunciava a proximidade do “juízo de Deus”. A sua mensagem estava centrada na urgência da conversão (pois, na opinião de João, a intervenção definitiva de Deus na história para destruir o mal estava iminente) e incluía um rito de purificação pela água – um rito muito frequente entre alguns grupos judeus da época. Na perspectiva de João, os homens deviam arrepender-se; e foi para os chamar ao arrependimento que ele batizava.
MENSAGEM - Para Mateus, o batismo é um momento da manifestação de Jesus aos homens: antes de começar a sua atividade, Jesus define-Se e apresenta-Se… O diálogo entre João e Jesus explica porque é que Jesus vem ao encontro de João para ser batizado… Pela resposta de Jesus, fica claro que o seu batismo é um passo necessário para que se cumpra o desígnio salvador de Deus (“convém que assim cumpramos toda a justiça”… O cumprimento da “justiça” equivale, no contexto da teologia mateana, ao cumprimento da vontade de Deus. Jesus apresenta-Se, assim, como “Filho”, que cumpre a vontade do Pai. Ao receber este batismo de penitência e de perdão dos pecados (do qual não precisava), Jesus solidarizou-Se com o homem limitado e pecador, assumiu a sua condição, colocou-Se ao lado dos homens para os ajudar a sair dessa situação e para percorrer com eles o caminho da libertação, o caminho da vida plena. Esse era o projeto do Pai, que Jesus cumpriu.
Na segunda parte, temos uma reflexão sobre a
identidade de Jesus e sobre a sua missão. Para isso, Mateus recorre a três
elementos simbólicos: os céus abertos, o Espírito que desce no pairar de uma
pomba e a voz do céu.
A abertura do céu significa
a união da terra e do céu. A imagem inspira-se, provavelmente, em Is 63,19,
onde o profeta pede a Deus que “abra os céus” e desça ao encontro do seu Povo,
refazendo essa relação que o pecado do Povo interrompeu. Desta forma, Mateus
anuncia que a atividade de Jesus vai reconciliar o céu e a terra, vai refazer a
comunhão entre Deus e os homens.
O símbolo do pairar da pomba (em
certas tradições judaicas, símbolo do Espírito de Deus que, no início, pairava
sobra as águas – cf. Gn 1,2) evoca a nova criação que terá lugar a partir da
atividade que Jesus vai iniciar.
Temos, finalmente, a voz do céu. Trata-se
de uma forma muito usada pelos Rabinos para expressar a opinião de Deus acerca
de uma pessoa ou de um acontecimento. Essa voz declara que Jesus é o Filho de
Deus; e fá-lo com uma fórmula tomada desse cântico do “Servo de Jahwéh” que
vimos na primeira leitura de hoje (cf. Is 42,1)… Sugere-se, dessa forma, que
Jesus é o Filho de Deus… Mas acrescenta-se, para que não haja equívocos: a sua
missão não se desenrolará no triunfalismo, mas na obediência total ao Pai; não
se cumprirá com poder e prepotência, mas na suavidade, na simplicidade, no
respeito pelos homens (“não gritará, nem levantará a voz; não quebrará a cana
fendida, nem apagará o pavio que ainda fumega” – Is 42,2-3).
A cena do batismo de Jesus revela que Jesus é o
Filho de Deus, que o Pai envia ao mundo a fim de cumprir um projeto de
libertação em favor dos homens. Como verdadeiro Filho, Ele obedece ao Pai e
cumpre o plano salvador do Pai; por isso, vem ao encontro dos homens,
solidariza-Se com eles, assume as suas fragilidades, caminha com eles, refaz a
comunhão entre Deus e os homens que o pecado havia interrompido e conduz os
homens ao encontro da vida em plenitude. Da atividade de Jesus, o Filho de Deus
que cumpre a vontade do Pai, resultará uma nova criação, uma nova humanidade.
ATUALIZAÇÃO • No batismo, Jesus aparece como o Filho amado, que o Pai enviou para os libertar e para os inserir numa dinâmica de comunhão e de vida nova. Nessa cena revela-se, portanto, a preocupação de Deus e o imenso amor que Ele nos dedica…
• Jesus que assume a sua condição de “Filho” e
Se faz obediente ao Pai, cumprindo o projeto do Pai. O projeto de Deus é, para
mim, mais importante de que os meus projetos pessoais ou do que os desafios que
o mundo me faz?
• No batismo, Jesus tomou consciência da sua missão
(essa missão que o Pai lhe confiou), recebeu o Espírito e partiu a testemunhar
o projeto libertador do Pai. Eu, que no batismo aderi a Jesus e recebi o
Espírito que me capacitou para a missão, tenho sido uma testemunha comprometida
desse programa em que Jesus Se empenhou?
SEGUNDA LEITURA (At 10,34-38) Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse:
“De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo
contrário, ele aceita quem teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação
a que pertença. Deus enviou sua palavra aos israelitas e lhes anunciou a Boa nova
da paz, por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que
aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado
por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com
poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que
estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele”.
AMBIENTE - Os
“Atos dos Apóstolos” são uma catequese sobre a “etapa da Igreja”, isto é, sobre
a forma como os discípulos assumiram o projeto salvador do Pai e o levaram –
após a partida de Jesus deste mundo – a todos os homens.
MENSAGEM - Pedro começa por reconhecer que a proposta de salvação oferecida por Deus e trazida por Cristo é universal e se destina a todas as pessoas. Israel foi o primeiro receptor da Palavra de Deus; mas Cristo veio trazer a “boa nova da paz” (salvação) a todos os homens; e agora, por intermédio das testemunhas de Jesus, essa proposta de salvação que o Pai faz chega “a qualquer nação que o teme e põe em prática a justiça” – ou seja, a todo o homem e mulher que aceita a proposta e adere a Jesus.
É missão dos discípulos: anunciar Jesus e
testemunhar essa salvação a todos os homens. Jesus que “passou pelo mundo
fazendo o bem e curando todos os oprimidos, porque Deus estava com Ele”.
ATUALIZAÇÃO •
Jesus de Nazaré “passou pelo mundo fazendo o bem”. Esse projeto continua, hoje?
Nós, cristãos, testemunhamos, em gestos concretos, a bondade, a misericórdia, o
perdão e o amor de Deus pelos homens?
• “Reconheço que Deus não faz acepção de
pessoas” – diz Pedro. E nós, filhos deste Deus que ama a todos da mesma,
aceitamos todos os irmãos da mesma forma, reconhecendo a igualdade de todos em
direitos e dignidade?
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho
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Homilia D.
Enrique Soares
Celebramos
hoje a solene Manifestação, a sagrada Epifania do Senhor. Como dizia Santo
Agostinho, “celebramos, recentemente, o dia em que o Senhor nasceu entre os
judeus; celebramos hoje o dia em que foi adorado pelos pagãos. Naquele dia, os
pastores o adoraram; hoje, é a vez dos magos”. A festa deste dia é nossa,
daqueles que não são da raça de Israel segundo a carne, daqueles que, antes,
estavam sem Deus e sem esperança no mundo! Hoje, Cristo nosso Deus, apareceu
não somente como glória de Israel, mas também como “luz para iluminar as
nações” (Lc 2,32). Hoje, começou a cumprir-se a promessa feita a nosso pai
Abraão: “Por ti serão benditos todos os clãs da terra” (Gn 12,3).
Na
segunda leitura desta Missa, São Paulo nos falou de um Mistério escondido e que
agora foi revelado: “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do
mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do
Evangelho”. Eis: com a visita dos magos, pagãos vindos de longe, é prefigurado
o anúncio do Evangelho aos não-judeus, aos pagãos, aos que desconheciam o Deus
de Israel. Ainda Santo Agostinho, explicando o mistério da festa hodierna,
explicava muito bem: “Ele é a nossa paz, ele, que de dois povos fez um só (cf.
Ef 2,14). Já se revela qual pedra angular, este Recém-nascido que é anunciado e
como tal aparece nos primórdios do nascimento. Começa a unir em si dois muros
de pontos diversos, ao conduzir os pastores da Judéia e os Magos do Oriente, a
fim de formar em si mesmo, dos dois, um só homem novo, estabelecendo a paz. Paz
para os que estão longe e paz para os que estão perto”. É este o sentido da
solenidade da santa Epifania do Senhor!
Hoje,
cumpre-se o que o profeta Isaías falara na primeira leitura: “Levanta-te,
Jerusalém, acende as luzes, porque chegou tua luz, apareceu sobre ti a glória
do Senhor! Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens cobrem os povos;
mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti! Levanta
os olhos ao redor e vê: será uma inundação de camelos de Madiã e Efa; virão todos
os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando a glória do Senhor!” Mas,
estejamos atentos, porque a festa de hoje esconde um drama: a Jerusalém segundo
a carne não reconheceu o Salvador: “O rei Herodes ficou perturbado, assim como
toda a cidade de Jerusalém”. Ela conhecia a profecia, mas de nada lhe adiantou,
pela dureza de coração. É na nova Jerusalém, na Igreja, que somos nós, na nossa
Mãe católica, que esta profecia de Isaías se cumpre. É a Igreja que acolherá
todos os povos, unidos não pelos laços da carne, mas pela mesma fé em Cristo e
o mesmo batismo no seu Espírito.
Que
contraste, no Evangelho de hoje! Jerusalém, que conhecia a Palavra, não crê e,
descrendo, não vê a Estrela, não vê a luz do Menino. Os magos, pagãos, porque
têm boa vontade e são humildes, vêem a Estrela do Rei, deixam tudo, partem sem
saber para onde iam, deixando-se guiar pela luz do Menino… e, assim, atingem o
Inatingível e, vendo o Menino, reconhecem nele o Deus perfeito: “ajoelharam-se
diante dele e o adoraram”. Com humildade, oferecem-lhe o que têm: “Abriram seus
cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra”: ouro para o Rei,
incenso para o Deus, mirra para o que, feito homem, morrerá e será sepultado!
Os magos crêem e encontram o Menino e “sentiram uma alegria muito grande”.
Herodes, o tolo, ao invés, pensa somente em si, no seu título, no seu reino, no
seu poder… e tem medo do Menino! Escravo de si e prisioneiro de suas paixões,
quer matar o Recém-nascido! A Igreja, na sua liturgia, zomba de Herodes e dos
herodes, e canta assim: “Por que, Herodes, temes/ chegar o Rei que é Deus?/ Não
rouba aos reis da terra/ quem reinos dá nos céus!”. Que bela lição, que
mensagem impressionante para nós: quem se deixa guiar pela luz do Menino, o
encontra e é inundado de grande alegria, e volta por outro caminho. Mas, quem
se fecha para esta luz, fica no escuro de suas paixões, na incerteza confusa de
suas próprias certezas, tão ilusórias e precárias… e termina matando e se
matando!
Que nós
tenhamos discernimento: não procuremos esta Estrela do Menino nos astros, nos
céus! Não perguntemos sobre ela aos astrônomos, aos cientistas, aos
historiadores. Sobre essa luz, sobre essa Estrela bendita, eles nada sabem,
nada têm a dizer! Procuremo-la dentro de nós: o Menino é a Luz que ilumina todo
ser humano que vem a este mundo! No século I, Santo Inácio de Antioquia já
ensinava: “Uma estrela brilhou no céu mais do que qualquer outra estrela, e
todas as outras estrelas, junto com o sol e a luz, formaram um coro, ao redor
da estrela de Cristo, que superava a todas em esplendor”. É esta luz que
devemos buscar, esta luz que devemos seguir, por esta luz devemos nos deixar
iluminar! São Leão Magno, no século V, já pedia aos cristãos: “Deixa que a luz
do astro celeste aja sobre os sentidos do teu corpo, mas com todo o amor do
coração recebe dentro de ti a luz que ilumina todo homem vindo a este mundo!”.
E, também no mesmo século V, São Pedro Crisólogo, bispo de Ravena, falava sobre
o mistério deste dia: “Hoje, os magos que procuravam o Rei resplandecente nas
estrelas, o encontram num berço. Hoje os magos vêem claramente, envolvido em
panos, aquele que há muito tempo procuravam de modo obscuro nos astros. Hoje,
contemplam, maravilhados, no presépio, o céu na terra, a terra no céu, o homem
em Deus, Deus no homem e, incluído no corpo pequenino de uma criança, aquele
que o universo não pode conter. Vendo-o, proclamam sua fé e não discutem,
oferecendo-lhe místicos presentes. Assim, o povo pagão, que era o último,
tornou-se o primeiro, porque a fé dos magos deu início à fé de todos os
pagãos!”
Quanta
luz, na festa de hoje! E, no entanto, é preciso que compreendamos sem
pessimismo, mas também sem ilusões diabólicas, que este mundo vive em trevas:
“Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos…”
Que tristeza tão grande, constatar que as palavras do Profeta ainda hoje são
tão verdadeiras… “Mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta
sobre ti”. Não são trevas as tantas trevas da realidade que nos cerca? Não são
trevas a violência, a devassidão, a permissividade, as drogas, a exacerbação da
sensualidade? Não são trevas a injustiça, a corrupção e a impiedade? Não é
treva densa o comércio de religiões, o coquetel de seitas, a perseguição à
Igreja, o uso leviano e interesseiro do Evangelho e do nome santo de Jesus? Não
é treva medonha a dissolução da família, a relativização e esquecimento dos
valores mais sagrados e da verdade da fé?
Deixemo-nos
guiar pela Estrela do Menino, deixemo-nos iluminar pela sua luz! Com os magos,
ajoelhemo-nos diante daquele que nasceu para nós e está nos braços da sempre
Virgem Maria Mãe de Deus: ofereçamos-lhe nossos dons: não mais mirra, incenso e
ouro, mas a nossa liberdade, a nossa consciência e a nossa decisão de segui-lo
até o fim. Assim, alegrar-nos-emos com grande alegria e voltaremos ao mundo por
outro caminho, “não em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem,
nem em rixas e ciúmes. Mas vesti-vos do Senhor Jesus e não procureis satisfazer
os desejos da carne. Deixemos as obras das trevas e vistamos a armadura da luz”
(Rm 13,13.12).
Terminemos
com o pedido que a Igreja fará na oração após a comunhão: “Ó Deus, guiai-nos
sempre e por toda parte com a vossa luz celeste, para que possamos acolher com
fé e viver com amor o mistério de que nos destes participar!” Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
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DEUS, HOMEM E
REI
Nalguns
países, é costume que o presente de Natal se receba não no dia 25 de dezembro,
mas no dia da Epifania. O presente, além do mais, é trazido não pelo Papai
Noel, mas pelos Reis Magos, que também trouxeram presentes ao Menino Jesus. Na
Espanha, por exemplo, é assim. É assaz famosa a chamada cavalgada dos reis.
Refiro-me à que acontece em Madri, trata-se de uma montagem espetacular: ruas enfeitadas,
carros decorados majestosamente para o evento e uma multidão composta de todas
as idades, ainda que, sem dúvida, as que mais esperam os reis são as crianças.
Na cavalgada, três homens se vestem de reis magos e vão distribuindo a todos os
que estão nas ruas madrilenas doces e presentes. Tudo é muito bem preparado e
as famílias que vão assistir a cavalgada se divertem à beça.
Vi pela
televisão esse espetáculo maravilhoso, ainda que com a má sorte de que
exatamente no dia eu que eu assistia o evento, uma jornalista me deixou um
pouco nervoso. A dita-cuja disse a bobagem de que era preciso acabar com as
diferenças machistas distribuindo bonecas aos meninos e carrinhos às meninas.
Mas não permiti que esse comentário de meio milímetro de inteligência roubasse
o meu entusiasmo pela cavalgada. Ademais, outra jornalista teve o acerto de
explicar com uma claridade meridiana o significado dos três presentes que os
reis levaram ao Menino Jesus: oro ao rei, incenso a Deus deitado no presépio,
mirra ao homem que morreria.
Jesus é
Deus, Homem e Rei. E, nessa sociedade que, entre outras coisas, quer dar
bonecas aos meninos e carrinhos às meninas, Jesus quer reinar, deseja a
adoração das suas criaturas, quer que os homens e as mulheres valorizem mais o
ser humano como tal, que a pessoa humana não pise a própria dignidade.
Como os
reis magos, tampouco nós iremos de mãos vazias ao encontro do Senhor; ao
contrário, levaremos presentes ao Menino Jesus: a nossa adoração já que ele é
Deus; as nossas reparações, que desejamos que estejam simbolizadas na mirra,
àquele que morrerá pelos nossos pecados; levaremos ainda os propósitos de viver
melhor como homens e como mulheres, como filhos e filhas de Deus, reconhecendo
a alta dignidade que recebemos e à qual somos chamados. Alegramo-nos com
“profunda alegria” (Mt 2,10) ao ver a estrela de Belém, isto é, ao ver esse
Menino que iluminou a nossa vida e nos deu a missão de iluminar a dos outros,
não com outra luz, mas com a sua. Efetivamente, com a vinda do Filho de Deus,
todos, sem distinção, podem caminhar segundo Deus. Todos somos filhos de Deus,
todos somos irmãos.
Nós, os
cristãos, temos que manifestar aos outros o sentido das suas próprias vidas a
través da consciência e da vivência do autêntico sentido da existência. Todos
precisam saber o porquê estão nesse mundo: para amar, adorar e glorificar a
Deus, para receber os grandes presentes que o Senhor quis trazer-nos, para
vivermos como irmãos. Nós fomos criados para a felicidade. Deus quer que
sejamos felizes também aqui na terra e, depois, no céu… para sempre!
São
Boaventura afirmava que a estrela que nos conduz a Jesus é triple: “a Sagrada
Escritura, que temos que conhecê-la muito bem. A outra estrela é a aquela que
sempre nos está facilitando andar pelas sendas de Deus fazendo-nos ver e
acertar o caminho, esta estrela é a Mãe de Deus, Maria. A terceira estrela é
interior, pessoal, e são as graças do Espírito Santo”. Maria é stella matutina,
estrela da manhã, que sempre está apontando para Jesus, para o seu querido
Filho.
Pe. Françoá Costa
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MOMENTO
DE LOUVOR
T: Louvor e glória a
Vós, ó Pai de bondade.
Deus, nosso Pai, nós vos bendizemos pelo
envio de salvadores, os profetas, os juízes e os reis, mas sobretudo pelo envio
do vosso Filho, que se manifestou como a luz das nações.
T: Louvor e glória a
Vós, ó Pai de bondade.
Pai, sois o Senhor de todos e através de
Jesus Cristo engrandecestes a nossa condição humana nos dando a dignidade de
Filhos. Nós vos bendizemos e agradecidos vos louvamos como o Deus de bondade
que por amor cumpriu as promessas feitas pelos profetas nos enviando o
Salvador.
T: Louvor e glória a
Vós, ó Pai de bondade.
Pai, nós vos damos graças pelo batismo
de Jesus no Jordão, porque nele nos revelaste a nova humanidade, da qual Jesus
é a cabeça. Fazei de nós também vossos filhos bem-amados e enchei-nos com o
vosso Santo Espírito.
T: Louvor e glória a
Vós, ó Pai de bondade.
Pai nosso... A Paz de Cristo... Eis o
Cordeiro
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