quarta-feira, 12 de março de 2014

2º DOMINGO DA QUARESMA ANO A 16/03/2014

2º DOMINGO DA QUARESMA ANO A 16/03/2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Tema: “Levantai-vos e não tenhais medo!” Caminho do discípulo: ouvir e obedecer aos projetos do Pai para alcançarmos a felicidade plena e eterna.
Primeira leitura: Abraão é nosso exemplo de homem de fé, que sabe ler os sinais de Deus e responde com a obediência total.
Evangelho: A transfiguração de Jesus: Usando símbolos teofânicos, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, que vai concretizar o seu projeto libertador através do dom da vida.
Segunda leitura: O discípulo é chamado a dar testemunha, sem medo, do projeto de Deus ao mundo

5. PRIMEIRA LEITURA (Gn 12,1-4a) Leitura do Livro do Gênesis.
Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: “Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar. Farei de ti um grande povo e te abençoarei: engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!” E Abrão partiu, como o Senhor lhe havia dito.

AMBIENTE - É um texto das “tradições patriarcais sobre a vida dos clãs nômades durante o 2º milênio a.C. e reflexões teológicas posteriores destinadas a apresentar modelos de vida e de fé.
Abraão, Isaac e Jacob – tinham os seus sonhos e esperanças; terra fértil e possuir uma família forte e numerosa que perpetuasse a “memória” da tribo. O Deus aceito pelo grupo era o potencial concretizador.

MENSAGEM - Nos capítulos anteriores (cf. Gn 3-11), o autor descreveu uma humanidade que escolheu o pecado e que se afastou de Deus; agora, o autor vai apresentar um novo ponto de partida: Deus continua a querer construir uma história de salvação. Para isso, Deus chamou Abraão a deixar a sua terra e a sua família; ligado a este convite, aparece uma bênção e a promessa de a família de Abraão se tornar uma grande nação. Abraão, sem discutir, simplesmente, pôs-se a caminho, confiando na Palavra de Deus. Na promessa aqui formulada, a bênção concretiza-se como descendência numerosa (noutros textos também a promessa de uma terra). O Povo nascido de Abraão será uma fonte de bênção para todas as nações: inaugura-se, aqui, a ideia de que Israel é o centro do mundo e de que a sua “vocação” é ser testemunha da salvação de Deus diante de todos os povos da terra. Não se trata de um privilégio concedido a Israel, mas de uma responsabilidade.

ATUALIZAÇÃO
Abraão é o homem que encontra Deus, que está atento aos seus sinais e sabe interpretá-los, que responde aos desafios de Deus com uma obediência total.
A figura de Abraão questiona, também, o homem instalado e comodista, que prefere apostar na segurança do que já tem, em vez de arriscar na novidade de Deus.
Deus tem um projeto para os homens e esse projeto é de amor e de salvação… Deus continua a vir ao seu encontro com novas propostas.

6. SALMO RESPONSORIAL / Sl 32 (33)

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, venha a vossa salvação!
• Pois reta é a palavra do Senhor, / e tudo o que ele faz merece fé. /
  Deus ama o direito e a justiça, / transborda em toda a terra a sua graça.
• Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem / e que confiam esperando em seu amor, /
  para da morte libertar as suas vidas / e alimentá-los quando é tempo de penúria.
• No Senhor, nós esperamos confiantes, / porque Ele é nosso auxílio e proteção! /
  Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça / da mesma forma que em vós nós esperamos!

9. EVANGELHO (Mt 17,1-9) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!” Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”. Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.

AMBIENTE - A secção de Mt 16,21-20,34 é uma catequese sobre o discipulado, como seguimento de Jesus até à cruz. O relato da transfiguração é antecedido do anúncio da paixão e de uma instrução ao discípulo (convidado a renunciar a si mesmo, a tomar a sua cruz e a seguir Jesus no seu caminho de amor e de entrega da vida). Depois de terem ouvido falar do “caminho da cruz”, os discípulos estão desanimados, pois parece um fracasso; seguir um mestre que nada mais tem para oferecer do que a morte na cruz.
É neste contexto que Mateus coloca o episódio da transfiguração. A cena constitui uma palavra de ânimo para os discípulos, pois nela manifesta-se a glória de Jesus e atesta-se que Ele é – apesar da cruz que se aproxima – o Filho amado de Deus. Recebem, assim, a garantia de que o projeto que Jesus apresenta é um projeto que vem de Deus; e recebem esperança que lhes permite apostar nesse projeto.
Literariamente, a transfiguração é uma teofania – uma manifestação de Deus. O autor vai colocar todos os ingredientes que, no imaginário judaico, acompanham as manifestações de Deus (presentes nos relatos teofânicos do Antigo Testamento): o monte, a voz do céu, as aparições, as vestes brilhantes, a nuvem e mesmo o medo e a perturbação daqueles que presenciam o encontro com o divino. Isto quer dizer: não estamos diante de um relato fotográfico de acontecimentos, mas de uma catequese a ensinar que Jesus é o Filho amado de Deus, que traz aos homens um projeto de Deus.

MENSAGEM - Esta catequese está construída sobre elementos simbólicos tirados do Antigo Testamento: é sempre num monte que Deus Se revela; e, faz uma aliança com o seu Povo. A mudança do rosto e as vestes recordam o resplendor de Moisés, ao descer do Sinai. A nuvem indica a presença de Deus quando conduzia o seu Povo através do deserto. Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas. Além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva.
O temor e a perturbação são a reação de qualquer homem diante da majestade de Deus.
As tendas parecem aludir à “festa das tendas”, em que se celebrava o tempo do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em “tendas”, no deserto.
A mensagem pretende dizer quem é Jesus. O autor deixa claro que Jesus é o Filho amado de Deus e também o Messias libertador e salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas (Elias): ele é um novo Moisés através de quem o próprio Deus dá a nova lei e uma nova aliança.
Da ação libertadora de Jesus irá nascer um novo Povo de Deus. Com esse novo Povo, Deus vai fazer uma nova aliança; e vai conduzi-lo através do “deserto” que leva da escravidão à liberdade.
Esta apresentação tem como destinatários os discípulos de Jesus (grupo desanimado e frustrado porque no horizonte próximo do seu líder está a cruz e porque o mestre exige dos discípulos que aceitem percorrer um caminho semelhante).  Ela aponta para a ressurreição, aqui anunciada pela glória de Deus que se manifesta em Jesus, pelas vestes resplandecentes (que lembram as vestes resplandecentes dos anjos que anunciam a ressurreição – cf. Mt 28,3) e pelas palavras finais de Jesus (“não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do Homem ressuscitar dos mortos”): diz-lhes que a cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho de Jesus (e dos discípulos) está a ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte.
Pedro quer construir três tendas no cimo do monte, “assentar arraiais”. Os discípulos queriam deter-se nesse momento de revelação gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus. Jesus nem responde à proposta: Ele sabe que o projeto de Deus  tem de passar pelo amor até às últimas consequências.

ATUALIZAÇÃO
A transfiguração revela Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projeto salvador e libertador do Pai em favor dos homens através do dom da vida, da entrega total de si próprio por amor. Pela transfiguração de Jesus, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada – mesmo se termina na cruz. A vida plena e definitiva espera, no final do caminho, todos aqueles que, como Jesus, forem capazes de pôr a sua vida ao serviço dos irmãos.
A transfiguração de Jesus grita-nos, do alto daquele monte: não desanimeis, pois a lógica de Deus não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à felicidade sem fim.
Os três discípulos parecem não ter vontade de “descer” e enfrentar o mundo e os problemas. Representam todos aqueles que vivem de olhos postos no céu, alheios a realidade do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e transformar. Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar com o dom da vida; A religião não é um ópio, mas um compromisso com Deus, que se faz amor com o mundo.

7. SEGUNDA LEITURA (2Tm 1,8b-10) Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo.
Caríssimo, sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada em Cristo Jesus desde toda a eternidade. Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho.

AMBIENTE - Timóteo recebeu a “imposição das mãos” (cf. 1 Tim 4,14) que o designava como enviado para anunciar o Evangelho de Jesus. Estão começando as grandes perseguições; muitos estão desanimados e vacilam na fé. É preciso que os líderes – entre os quais está Timóteo – mantenham o ânimo e ajudem as comunidades.

MENSAGEM - Deus que, de forma gratuita, quer salvar os homens e chamá-los à santidade. Esse projeto manifestou-se em Jesus Cristo, o libertador, que destruiu a morte e o pecado e ofereceu a todos os homens a vida plena e definitiva, Mesmo no meio das perseguições e dificuldades, todos não podem desistir da missão que Deus lhes confiou… Têm de ser testemunhas vivas, entusiastas e corajosas do projeto amoroso de Deus.

ATUALIZAÇÃO
Deus tem um projeto de salvação para todos os homens. Deus está a velar pela nossa realização e pela nossa felicidade. Necessitamos mais serenidade, mais paz, mais esperança.
Nós somos, aqui e agora, as testemunhas vivas de Deus e do seu projeto para o mundo. O comodismo não pode distrair-nos dessa responsabilidade. Temos a missão de animar e orientar a comunidade – sinais vivos de Deus, do seu amor, da sua bondade e ternura, da sua preocupação com os homens.
As dificuldades não podem ser uma desculpa para fugirmos das nossas responsabilidades e de levarmos a sério a vocação a que Deus nos chama.

Pe. Joaquim G, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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Homilia de D. Henrique Soares da Costa
No Domingo passado, primeiro da Quaresma, meditamos sobre as tentações de Jesus. O Senhor no deserto, lutando contra o diabo, convidava-nos ao combate espiritual, próprio do deserto quaresmal. Sim, porque é isso que o tempo santo que estamos vivendo deseja ser: tempo de retiro no deserto do coração para combater nossos demônios interiores e, pela oração, a penitência, a caridade fraterna, a escuta da Palavra de Deus e a reconciliação sacramental, caminharmos para a santa Páscoa.
Na liturgia de hoje, ladeado por Moisés e Elias, que também enfrentaram durante quarenta dias e quarenta noites o combate no deserto para experimentarem o fulgor da glória de Deus, Jesus nos mostra qual a finalidade do nosso caminho quaresmal, Jesus nos revela aonde nos leva nosso combate espiritual. Qual o objetivo? Qual a finalidade? Ei-los: celebrar com ele a sua Páscoa, sendo com ele transfigurado em glória! Nosso objetivo, nosso escopo, o feliz e gozoso fim do nosso caminho é o Cristo envolto na sua glória pascal que nos transfigura também a nós! Mais que Moisés e Elias, nós seremos envolvidos da glória de Cristo, aquela glória que é o Espírito Santo que o Pai derramou sobre ele na sua ressurreição! Passaremos, portanto, do roxo quaresmal, tão sóbrio, para o esfuseante branco pascal, sinal da glória e da imortalidade, transfigurados em Jesus e por Jesus, o homem perfeito, modelo de todo ser humano que vem a este mundo. Um dia, meus caros em Cristo, passaremos do roxo das lágrimas desta vida, para o branco da glória eterna dos que, revestidos da glória do Cordeiro, haverão de segui-lo para sempre! De Quaresma em Quaresma e de Páscoa em Páscoa, passaremos da Quaresma deste mundo para a Páscoa da glória eterna!
Mas, detenhamo-nos um pouco no Tabor do Evangelho hodierno. Ele é prenúncio, uma misteriosa antecipação da ressurreição. Com sua bendita Transfiguração, Jesus deseja preparar o seus para as dores da paixão – do mesmo modo que a Igreja nos deseja alentar e motivar para as renúncias e observâncias quaresmais. Por isso mesmo, Pedro, Tiago e João, o três que estão no Tabor são os mesmos que estarão no Jardim das Oliveiras. Por isso também o Evangelho de hoje termina com uma alusão à ressurreição de Jesus dentre os mortos e, o relato da transfiguração em Lucas afirma que “Jesus falava de sua partida que iria consumar-se em Jerusalém” (9,30). Eis: Moisés e Elias, a Lei e os Profetas dão testemunho da paixão do Senhor: tudo estava no misterioso desígnio de Deus! Após a ressurreição, isso ficará claro: “’Não era preciso que o Cristo sofresse tudo isso e entrasse em sua glória?’ E começando por Moisés e por todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito” (Lc 34,26-27). Eis que mistério: a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias) dão testemunho de Jesus e aparecem iluminados por ele. Somente nele, na luz da sua cruz e ressurreição, o Antigo Testamento encontra sua plenitude e sua luz!
Sendo assim, levantemo-nos! Tornemos, generosos, nosso caminho quaresmal! Também nós somos chamados, como nosso pai Abraão o foi, a sair: sair de nós mesmos, sair de nós velhos para nós renovados, transfigurados à imagem do Cristo Jesus! Tenhamos a coragem de atravessar o deserto interior, enfrentar o deserto do nosso coração, como Moisés e Elias, como o povo de Israel, como o próprio Senhor Jesus, que por nós quis ser tentado no seu período de deserto! Somente assim chegaremos renovados e purificados ao nosso destino. Este destino não é um lugar, mas uma situação, uma realidade: é o homem novo, transfigurado à imagem do Cristo que, após o tormento imenso da cruz, foi glorificado pelo Espírito do Pai. Eis o caminho quaresmal: do homem velho ao homem novo, do pecado à graça, do vício à virtude, da preguiça espiritual à generosidade, da morte à vida, da tristeza à alegria… trazendo em nós, na nossa vida, o reflexo da glória do próprio Cristo Jesus! Não é este o significado das palavras de São Paulo, na segunda leitura de hoje? “Sofre comigo pelo Evangelho. Deus nos salvou e nos chamou a uma vocação santa… em virtude da graça que nos foi dada em Jesus Cristo. Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade”. Eis! Os sofrimentos e lutas desta vida não são pesados se compararmos com o objetivo tão alto que nos preparam!
Caríssimos, que as práticas quaresmais, vividas com generosa fidelidade, arrancando o pecado que nos torna opacos, possam revelar em nós o resplendor da glória de Cristo a que somos chamados e que já está presente em nós desde o nosso batismo!
Mais ainda: que a novidade de nossa vida transborde para o mundo, que tanto tem necessidade do testemunho dos cristãos. Nunca esqueçamos: este mundo mergulhado na violência (violência da injustiça, violência do desrespeito à dignidade humana, violência da fome, violência dos atentados à paz, violência das drogas e das mentiras, violência dos meios de comunicação, violência da negação de Deus)… este mundo precisa de nosso testemunho e de nossa palavra, mesmo quando nos rejeita, quando despreza o nome de Cristo, quando deseja esquecer o seu Senhor e pisar os valores do Evangelho!
Deixemo-nos, portanto, transfigurar pelo Senhor e sejamos luz para o mundo! Como pede a oração inicial da Missa hodierna: Senhor, “que purificado o olhar da nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória!” Por Cristo, nosso único Senhor. Amém. –
 D. Henrique Soares
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Homilia do Mons. José Maria Pereira

ENCONTRAR E OUVIR O FILHO!

O Evangelho (Mt 17, 1-9) relata-nos o que aconteceu no Tabor.
A caminho de Jerusalém, Jesus faz o primeiro anúncio da Paixão. Disse que iria sofrer e padecer em Jerusalém, e que morreria às mãos dos príncipes dos sacerdotes, dos anciãos e dos escribas. Os apóstolos tinham ficado aflitos e tristes com a notícia. O caminho da salvação esperado pelos discípulos é bem diferente! Para fortalecer o ânimo profundamente abalado dos discípulos, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e leva-os a um lugar à parte para orar. Aí, no Monte Tabor, revela-lhes a glória da divindade. “Enquanto orava, o seu rosto transformou-se e as suas vestes tornaram-se resplandecentes” (Lc 9, 29).
São Leão Magno diz que “a finalidade principal da Transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz.”
Pela Transfiguração, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada, mesmo quando termina na Cruz. Também nos revela que Jesus é “o Filho amado do Pai” e nos convida a escutar o que Ele diz.
A Transfiguração do Senhor antecipa a Ressurreição e anuncia a divinização do homem. Conduz-nos a um alto Monte para acolher de novo, em Cristo, como filhos do Filho, o dom da Graça de Deus: “Este é o meu Filho amado: Escutai-O.”
A Transfiguração foi uma centelha de glória divina que inundou os apóstolos de uma felicidade tão grande que fez Pedro exclamar: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas…” (Mt 17, 4). Pedro quer prolongar aquele momento. Mas, Pedro não sabia o que dizia; pois o que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali, mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-lo por trás das circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos com Ele, tanto faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou prostrados no leito de um hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é somente isto: vê-lo e viver sempre com Ele! Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante na vida presente e na outra. Desejo ver-te, Senhor, e procurarei o teu rosto nas circunstâncias habituais da minha vida!
São Beda diz que o Senhor, “numa piedosa autorização, permitiu que Pedro, Tiago e João fruíssem durante um tempo muito curto da contemplação da felicidade que dura para sempre, a fim de fortalecê-los perante a adversidade”. A lembrança desses momentos ao lado do Senhor, no Tabor, foi sem dúvida uma grande ajuda nas várias situações difíceis em que estes três Apóstolos viriam a passar.
A Transfiguração leva-nos a pensar no Céu, que é a nossa morada. O Senhor quer confortar-nos com a esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros ou quando se torna mais patente a fraqueza da nossa condição: “à hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade” (Caminho, 139).
O pensamento da glória que nos espera deve animar-nos na nossa luta diária. Nada vale tanto como ganhar o Céu. Ensina Santa Teresa: “E se fordes sempre avante com essa determinação de antes morrer do que desistir de chegar ao termo da jornada, o Senhor, mesmo que vos mantenha com alguma sede nesta vida, na outra, que durará para sempre, vos dará de beber com toda abundância e sem perigo de que vos venha a faltar.”
“Este é o meu Filho amado: ouvi-O”. Deus Pai fala através de Jesus Cristo a todos os homens, de todos os tempos. Ensinava o papa João Paulo II: “procura continuamente as vias para tornar próximo do gênero humano o mistério do seu Mestre e Senhor: próximo dos povos, das nações, das gerações que se sucedem e de cada um dos homens em particular” (Encíclica Redemptor Hominis, 7). A sua voz faz-se ouvir em todas as épocas, sobretudo através dos ensinamentos da Igreja.
Nós devemos encontrar Jesus na nossa vida corrente, no meio do trabalho, na rua, nos que nos rodeiam, na oração, quando nos perdoa no Sacramento da Penitência (Confissão), e sobretudo na Eucaristia, onde se encontra verdadeira, real e substancialmente presente. Devemos aprender a descobri-Lo nas coisas ordinárias, correntes, fugindo da tentação de desejar o extraordinário.
Mons. José Maria Pereira
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2º Domingo da Quaresma ano 2014   Do Tabor ao Calvário

A Vida cristã pode ser comparada a uma caminhada que deve ser percorrida na escuta atenta de Deus, na observância total aos seus planos.

Na 1a Leitura, vemos a Caminhada de Abraão: (Gen 12,1-4)

- Deus chama Abraão, convida-o a deixar a terra e a família e a partir ao encontro de uma outra terra, para ser um sinal de Deus no meio dos homens.
- Deus lhe oferece a sua bênção e a promessa de uma família numerosa, que será testemunha da Salvação de Deus diante de todos os povos.
- Diante do desafio de Deus, Abraão pôs-se a caminho.
  Abraão percebe o projeto de Deus e o segue de todo o coração.

Na 2ª leitura, Paulo exorta Timóteo a superar a sua timidez e a ser um modelo de fidelidade no testemunho da fé. (2Tm 1,8b-10)

No Evangelho, vemos a Caminhada de Jesus:  (Mt 17,1-9)

A caminho de Jerusalém, Jesus faz o primeiro anúncio da Paixão.
O caminho da salvação esperado pelos discípulos é bem diferente.
Por isso, ficam profundamente desanimados e frustrados.
A aventura parece encaminhar-se para um grande fracasso.
- Para fortalecer o ânimo profundamente abalado dos discípulos, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e revela-lhes no Monte Tabor a glória da divindade.
Após um momento de medo, eles reencontram a paz e a alegria.

Com a TRANSFIGURAÇÃO, Mateus quer duas coisas:
- Revelar: QUEM É JESUS: É "o Filho amado do Pai" e
- Convidar: "Escutem o que ele diz".

* Pela Transfiguração, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada, mesmo quando termina na cruz.
A vida plena e definitiva espera, no final do caminho, todos os que forem capazes de pôr sua vida a serviço dos irmãos, como Jesus.

A Nossa caminhada para Deus:
Também nós somos chamados a uma caminhada, que começa com o BATISMO.
No final dessa viagem, seremos envolvidos pela mesma "nuvem luminosa", que envolveu o Mestre e brilharemos como o sol no reino do Pai.
O Papa enviou uma linda Mensagem Quaresmal, que vou tentar resumir. Inicia com as palavras de Paulo (Cl 2,12):
"Sepultados com ele no BATISMO, foi também com ele que ressuscitastes".

 A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é um tempo litúrgico muito precioso e importante... para intensificar o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do mistério da Redenção a Vida nova em Cristo Senhor.
Essa vida já nos foi transmitida no dia do nosso Batismo, quando iniciou para nós a aventura jubilosa do discípulo.
Um vínculo particular liga o Batismo com a Quaresma, como momento favorável para experimentar a Graça que salva.
A Igreja associa sempre a Vigília Pascal à celebração do Batismo.
Os textos evangélicos da Quaresma nos guiam para um encontro intenso com o Senhor, fazendo percorrer as etapas do caminho da Iniciação cristã.

- O Primeiro domingo evidencia a nossa condição de homens nesta terra.
O combate vitorioso contra as Tentações é um convite a tomar consciência da própria fragilidade, para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo.
- A Transfiguração do Senhor antecipa a Ressurreição e anuncia a divinização do homem. Conduz-nos a um alto Monte para acolher de novo em Cristo, como filhos do Filho, o dom da Graça de Deus: "Este é o meu Filho amado: Escutai-o".
- O pedido de Jesus à Samaritana "Dá-me de beber" exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar em nosso coração o desejo dessa água que jorra para a vida eterna. É o dom do Espírito Santo, que faz dos cristãos verdadeiros "adoradores do Pai, em espírito e verdade..."
- A Cura do Cego de Nascença apresenta Cristo como Luz do Mundo.
O Evangelho nos interpela: "Tu crês no Filho do Homem?" "Creio, Senhor", afirmou com alegria o cego... fazendo-se voz de todos os crentes.
- No 5º domingo, a Ressurreição de Lázaro nos põe diante do último mistério da nossa existência: "Eu sou a ressurreição e a Vida... crês tu isto?"
A resposta de Marta deve ser a nossa: "Sim, eu creio que tu és o Filho de Deus".

Na grande Vigília Pascal, renovamos as promessas batismais e reafirmamos que Cristo é o Senhor de nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou no Batismo e reconfirmamos...

Mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do Jejum, da Esmola e da Oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Batismo.
Renovemos nessa Páscoa o acolhimento da graça, que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas ações.

                                      Pe. Antônio Geraldo












Para a Celebração da Palavra:





LOUVOR: (quando o Pão Sagrado estiver sobre o altar)
à O Senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor, o nosso Deus...
à Com Jesus, por Jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo Louvemos ao Pai:
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
à Pai! Nós Vos damos graças por Abraão, que escolhestes e chamastes para constituir um novo povo. Somos o vosso povo. Recebemos o Batismo e somos profetas em vosso Filho; Nós Vos pedimos por todas as famílias para que sejam abençoadas.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
à Deus de vida, nós Vos bendizemos, porque fizestes resplandecer a vida e a imortalidade pelo anúncio do Evangelho. Vós nos salvastes e nos destes a Dignidade de filhos vossos.  Vos pedimos pelos que sofrem no testemunho do Evangelho. Sustentai-os com a força do vosso Espírito.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
à Deus de luz, nós Vos damos graças pela transfiguração do vosso Filho, quando manifestes vossa glória. Nós Vos pedimos; curai os nossos corações para que acolhamos as palavras do Vosso Filho. Estabelecei a Vossa tenda nas nossas casas e em nossos corações.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
àPAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...


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