2º DOMINGO DA QUARESMA ANO A 16/03/2014 (Adaptado e postado
pelo Diácono Ismael)
Tema: “Levantai-vos e não tenhais medo!” Caminho do discípulo: ouvir e obedecer aos projetos do Pai para alcançarmos a felicidade plena e eterna.
Primeira leitura:
Abraão é nosso exemplo de homem de fé, que sabe ler os sinais de Deus e
responde com a obediência total.
Evangelho:
A transfiguração de Jesus: Usando símbolos teofânicos, o autor
apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, que vai concretizar o seu projeto
libertador através do dom da vida.
Segunda leitura:
O discípulo é chamado a dar testemunha, sem medo, do projeto de Deus ao
mundo
5. PRIMEIRA LEITURA (Gn 12,1-4a) Leitura do Livro do Gênesis.
Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão:
“Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai, e vai para a terra que
eu te vou mostrar. Farei de ti um grande povo e te abençoarei: engrandecerei o
teu nome, de modo que ele se torne uma bênção. Abençoarei os que te abençoarem
e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão abençoadas todas as famílias
da terra!” E Abrão partiu, como o Senhor lhe havia dito.
AMBIENTE - É um texto das “tradições patriarcais sobre a vida dos clãs nômades durante o 2º milênio a.C. e reflexões teológicas posteriores destinadas a apresentar modelos de vida e de fé.
Abraão, Isaac e Jacob – tinham os seus
sonhos e esperanças; terra fértil e possuir uma família forte e numerosa que
perpetuasse a “memória” da tribo. O Deus aceito pelo grupo era o potencial
concretizador.
MENSAGEM - Nos capítulos anteriores (cf. Gn 3-11), o autor descreveu uma humanidade que escolheu o pecado e que se afastou de Deus; agora, o autor vai apresentar um novo ponto de partida: Deus continua a querer construir uma história de salvação. Para isso, Deus chamou Abraão a deixar a sua terra e a sua família; ligado a este convite, aparece uma bênção e a promessa de a família de Abraão se tornar uma grande nação. Abraão, sem discutir, simplesmente, pôs-se a caminho, confiando na Palavra de Deus. Na promessa aqui formulada, a bênção concretiza-se como descendência numerosa (noutros textos também a promessa de uma terra). O Povo nascido de Abraão será uma fonte de bênção para todas as nações: inaugura-se, aqui, a ideia de que Israel é o centro do mundo e de que a sua “vocação” é ser testemunha da salvação de Deus diante de todos os povos da terra. Não se trata de um privilégio concedido a Israel, mas de uma responsabilidade.
ATUALIZAÇÃO
• Abraão é o homem que encontra Deus, que está atento aos seus sinais e sabe interpretá-los, que responde aos desafios de Deus com uma obediência total.
• A figura de Abraão questiona, também,
o homem instalado e comodista, que prefere apostar na segurança do que já tem,
em vez de arriscar na novidade de Deus.
• Deus tem um projeto para os homens e
esse projeto é de amor e de salvação… Deus continua a vir ao seu encontro com
novas propostas.
6. SALMO RESPONSORIAL / Sl 32 (33)
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, venha a vossa salvação!
• Pois reta é a palavra do Senhor, / e
tudo o que ele faz merece fé. /
Deus ama o direito e a justiça, / transborda em toda a terra a sua
graça.
• Mas o Senhor pousa o olhar sobre os
que o temem / e que confiam esperando em seu amor, /
para da morte libertar as suas vidas / e alimentá-los quando é tempo de
penúria.
• No Senhor, nós esperamos confiantes,
/ porque Ele é nosso auxílio e proteção! /
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça / da mesma forma que em vós nós
esperamos!
9. EVANGELHO (Mt 17,1-9) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus tomou consigo
Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta
montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol, e
as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e
Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é
bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra
para Moisés e outra para Elias”. Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem
luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu
Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!” Quando ouviram isto,
os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se
aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”. Os
discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus.
Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta
visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
AMBIENTE - A secção de Mt 16,21-20,34 é uma catequese sobre o discipulado, como seguimento de Jesus até à cruz. O relato da transfiguração é antecedido do anúncio da paixão e de uma instrução ao discípulo (convidado a renunciar a si mesmo, a tomar a sua cruz e a seguir Jesus no seu caminho de amor e de entrega da vida). Depois de terem ouvido falar do “caminho da cruz”, os discípulos estão desanimados, pois parece um fracasso; seguir um mestre que nada mais tem para oferecer do que a morte na cruz.
É neste contexto que Mateus coloca o
episódio da transfiguração. A cena constitui uma palavra de ânimo para os
discípulos, pois nela manifesta-se a glória de Jesus e atesta-se que Ele é –
apesar da cruz que se aproxima – o Filho amado de Deus. Recebem, assim,
a garantia de que o projeto que Jesus apresenta é um projeto que vem de Deus; e
recebem esperança que lhes permite apostar nesse projeto.
Literariamente, a transfiguração é uma teofania
– uma manifestação de Deus. O autor vai colocar todos os ingredientes que, no
imaginário judaico, acompanham as manifestações de Deus (presentes nos relatos
teofânicos do Antigo Testamento): o monte, a voz do céu, as aparições, as
vestes brilhantes, a nuvem e mesmo o medo e a perturbação daqueles que
presenciam o encontro com o divino. Isto quer dizer: não estamos diante de
um relato fotográfico de acontecimentos, mas de uma catequese a ensinar que
Jesus é o Filho amado de Deus, que traz aos homens um projeto de Deus.
MENSAGEM - Esta catequese está construída sobre elementos simbólicos tirados do Antigo Testamento: é sempre num monte que Deus Se revela; e, faz uma aliança com o seu Povo. A mudança do rosto e as vestes recordam o resplendor de Moisés, ao descer do Sinai. A nuvem indica a presença de Deus quando conduzia o seu Povo através do deserto. Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas. Além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva.
O temor e a perturbação
são a reação de qualquer homem diante da majestade de Deus.
As tendas parecem aludir à
“festa das tendas”, em que se celebrava o tempo
do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em “tendas”, no deserto.
A mensagem pretende dizer quem é Jesus.
O autor deixa claro que Jesus é o Filho amado de Deus e também o Messias libertador
e salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas
(Elias): ele é um novo Moisés através de quem o próprio Deus dá a nova lei
e uma nova aliança.
Da ação libertadora de Jesus irá nascer
um novo Povo de Deus. Com esse novo Povo, Deus vai fazer uma nova aliança; e
vai conduzi-lo através do “deserto” que leva da escravidão à liberdade.
Esta apresentação tem
como destinatários os discípulos de Jesus (grupo desanimado e frustrado porque
no horizonte próximo do seu líder está a cruz e porque o mestre exige dos
discípulos que aceitem percorrer um caminho semelhante). Ela aponta para a ressurreição, aqui anunciada
pela glória de Deus que se manifesta em Jesus, pelas vestes resplandecentes (que lembram as vestes resplandecentes dos anjos que
anunciam a ressurreição – cf. Mt 28,3) e pelas palavras finais de Jesus
(“não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do Homem ressuscitar dos
mortos”): diz-lhes que a cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho
de Jesus (e dos discípulos) está a ressurreição, a vida plena, a vitória sobre
a morte.
Pedro quer construir três tendas no
cimo do monte, “assentar arraiais”. Os discípulos queriam deter-se nesse
momento de revelação gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus.
Jesus nem responde à proposta: Ele sabe que o projeto de Deus tem de passar pelo amor até às últimas
consequências.
ATUALIZAÇÃO
• A transfiguração revela Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projeto salvador e libertador do Pai em favor dos homens através do dom da vida, da entrega total de si próprio por amor. Pela transfiguração de Jesus, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada – mesmo se termina na cruz. A vida plena e definitiva espera, no final do caminho, todos aqueles que, como Jesus, forem capazes de pôr a sua vida ao serviço dos irmãos.
• A transfiguração de
Jesus grita-nos, do alto daquele monte: não desanimeis, pois a lógica de Deus
não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à felicidade sem fim.
• Os três discípulos
parecem não ter vontade de “descer” e enfrentar o mundo e os problemas.
Representam todos aqueles que vivem de olhos postos no céu, alheios a realidade
do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e transformar. Jesus obriga a
“regressar ao mundo” para testemunhar com o dom da vida; A religião não é um
ópio, mas um compromisso com Deus, que se faz amor com o mundo.
7. SEGUNDA LEITURA (2Tm 1,8b-10) Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo.
Caríssimo, sofre comigo pelo Evangelho,
fortificado pelo poder de Deus. Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação
santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua
graça, que nos foi dada em Cristo Jesus desde toda a eternidade. Esta graça foi
revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só
destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do
Evangelho.
AMBIENTE - Timóteo recebeu a “imposição das mãos” (cf. 1 Tim 4,14) que o designava como enviado para anunciar o Evangelho de Jesus. Estão começando as grandes perseguições; muitos estão desanimados e vacilam na fé. É preciso que os líderes – entre os quais está Timóteo – mantenham o ânimo e ajudem as comunidades.
AMBIENTE - Timóteo recebeu a “imposição das mãos” (cf. 1 Tim 4,14) que o designava como enviado para anunciar o Evangelho de Jesus. Estão começando as grandes perseguições; muitos estão desanimados e vacilam na fé. É preciso que os líderes – entre os quais está Timóteo – mantenham o ânimo e ajudem as comunidades.
MENSAGEM - Deus que, de forma gratuita, quer salvar os homens e chamá-los à santidade. Esse projeto manifestou-se em Jesus Cristo, o libertador, que destruiu a morte e o pecado e ofereceu a todos os homens a vida plena e definitiva, Mesmo no meio das perseguições e dificuldades, todos não podem desistir da missão que Deus lhes confiou… Têm de ser testemunhas vivas, entusiastas e corajosas do projeto amoroso de Deus.
ATUALIZAÇÃO
• Deus tem um projeto de salvação para todos os homens. Deus está a velar pela nossa realização e pela nossa felicidade. Necessitamos mais serenidade, mais paz, mais esperança.
• Nós somos, aqui e agora,
as testemunhas vivas de Deus e do seu projeto para o mundo. O comodismo não
pode distrair-nos dessa responsabilidade. Temos a missão de animar e orientar a
comunidade – sinais vivos de Deus, do seu amor, da sua bondade e ternura, da
sua preocupação com os homens.
• As dificuldades não
podem ser uma desculpa para fugirmos das nossas responsabilidades e de levarmos
a sério a vocação a que Deus nos chama.
Pe. Joaquim G, Pe.
Barbosa, Pe. Carvalho
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Homilia de D. Henrique
Soares da Costa
No Domingo passado,
primeiro da Quaresma, meditamos sobre as tentações de Jesus. O Senhor no
deserto, lutando contra o diabo, convidava-nos ao combate espiritual, próprio
do deserto quaresmal. Sim, porque é isso que o tempo santo que estamos vivendo
deseja ser: tempo de retiro no deserto do coração para combater nossos demônios
interiores e, pela oração, a penitência, a caridade fraterna, a escuta da
Palavra de Deus e a reconciliação sacramental, caminharmos para a santa Páscoa.
Na liturgia de hoje,
ladeado por Moisés e Elias, que também enfrentaram durante quarenta dias e
quarenta noites o combate no deserto para experimentarem o fulgor da glória de
Deus, Jesus nos mostra qual a finalidade do nosso caminho quaresmal, Jesus nos
revela aonde nos leva nosso combate espiritual. Qual o objetivo? Qual a
finalidade? Ei-los: celebrar com ele a sua Páscoa, sendo com ele transfigurado
em glória! Nosso objetivo, nosso escopo, o feliz e gozoso fim do nosso caminho
é o Cristo envolto na sua glória pascal que nos transfigura também a nós! Mais
que Moisés e Elias, nós seremos envolvidos da glória de Cristo, aquela glória
que é o Espírito Santo que o Pai derramou sobre ele na sua ressurreição!
Passaremos, portanto, do roxo quaresmal, tão sóbrio, para o esfuseante branco
pascal, sinal da glória e da imortalidade, transfigurados em Jesus e por Jesus,
o homem perfeito, modelo de todo ser humano que vem a este mundo. Um dia, meus
caros em Cristo, passaremos do roxo das lágrimas desta vida, para o branco da
glória eterna dos que, revestidos da glória do Cordeiro, haverão de segui-lo
para sempre! De Quaresma em Quaresma e de Páscoa em Páscoa, passaremos da
Quaresma deste mundo para a Páscoa da glória eterna!
Mas, detenhamo-nos um
pouco no Tabor do Evangelho hodierno. Ele é prenúncio, uma misteriosa
antecipação da ressurreição. Com sua bendita Transfiguração, Jesus deseja
preparar o seus para as dores da paixão – do mesmo modo que a Igreja nos deseja
alentar e motivar para as renúncias e observâncias quaresmais. Por isso mesmo,
Pedro, Tiago e João, o três que estão no Tabor são os mesmos que estarão no
Jardim das Oliveiras. Por isso também o Evangelho de hoje termina com uma
alusão à ressurreição de Jesus dentre os mortos e, o relato da transfiguração
em Lucas afirma que “Jesus
falava de sua partida que iria consumar-se em Jerusalém” (9,30).
Eis: Moisés e Elias, a Lei e os Profetas dão testemunho da paixão do Senhor:
tudo estava no misterioso desígnio de Deus! Após a ressurreição, isso ficará
claro: “’Não era
preciso que o Cristo sofresse tudo isso e entrasse em sua glória?’ E começando
por Moisés e por todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o
que a ele dizia respeito” (Lc 34,26-27). Eis que mistério: a Lei
(Moisés) e os Profetas (Elias) dão testemunho de Jesus e aparecem iluminados
por ele. Somente nele, na luz da sua cruz e ressurreição, o Antigo Testamento
encontra sua plenitude e sua luz!
Sendo assim, levantemo-nos!
Tornemos, generosos, nosso caminho quaresmal! Também nós somos chamados, como
nosso pai Abraão o foi, a sair: sair de nós mesmos, sair de nós velhos para nós
renovados, transfigurados à imagem do Cristo Jesus! Tenhamos a coragem de
atravessar o deserto interior, enfrentar o deserto do nosso coração, como
Moisés e Elias, como o povo de Israel, como o próprio Senhor Jesus, que por nós
quis ser tentado no seu período de deserto! Somente assim chegaremos renovados
e purificados ao nosso destino. Este destino não é um lugar, mas uma situação,
uma realidade: é o homem novo, transfigurado à imagem do Cristo que, após o
tormento imenso da cruz, foi glorificado pelo Espírito do Pai. Eis o caminho
quaresmal: do homem velho ao homem novo, do pecado à graça, do vício à virtude,
da preguiça espiritual à generosidade, da morte à vida, da tristeza à alegria…
trazendo em nós, na nossa vida, o reflexo da glória do próprio Cristo Jesus!
Não é este o significado das palavras de São Paulo, na segunda leitura de hoje? “Sofre comigo pelo Evangelho.
Deus nos salvou e nos chamou a uma vocação santa… em virtude da graça que nos
foi dada em Jesus
Cristo. Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de
nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez
brilhar a vida e a imortalidade”. Eis! Os sofrimentos e lutas desta
vida não são pesados se compararmos com o objetivo tão alto que nos preparam!
Caríssimos, que as
práticas quaresmais, vividas com generosa fidelidade, arrancando o pecado que
nos torna opacos, possam revelar em nós o resplendor da glória de Cristo a que
somos chamados e que já está presente em nós desde o nosso batismo!
Mais ainda: que a
novidade de nossa vida transborde para o mundo, que tanto tem necessidade do
testemunho dos cristãos. Nunca esqueçamos: este mundo mergulhado na violência
(violência da injustiça, violência do desrespeito à dignidade humana, violência
da fome, violência dos atentados à paz, violência das drogas e das mentiras,
violência dos meios de comunicação, violência da negação de Deus)… este mundo
precisa de nosso testemunho e de nossa palavra, mesmo quando nos rejeita,
quando despreza o nome de Cristo, quando deseja esquecer o seu Senhor e pisar
os valores do Evangelho!
Deixemo-nos, portanto,
transfigurar pelo Senhor e sejamos luz para o mundo! Como pede a oração inicial
da Missa hodierna: Senhor, “que
purificado o olhar da nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória!”
Por Cristo, nosso único Senhor. Amém. –
D.
Henrique Soares
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Homilia do Mons. José Maria Pereira
ENCONTRAR E OUVIR O
FILHO!
O Evangelho (Mt 17, 1-9)
relata-nos o que aconteceu no Tabor.
A caminho de Jerusalém,
Jesus faz o primeiro anúncio da Paixão. Disse que iria sofrer e padecer em
Jerusalém, e que morreria às mãos dos príncipes dos sacerdotes, dos anciãos e
dos escribas. Os apóstolos tinham ficado aflitos e tristes com a notícia. O
caminho da salvação esperado pelos discípulos é bem diferente! Para fortalecer
o ânimo profundamente abalado dos discípulos, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e
João e leva-os a um lugar à parte para orar. Aí, no Monte Tabor, revela-lhes a
glória da divindade. “Enquanto orava, o seu rosto transformou-se e as suas
vestes tornaram-se resplandecentes” (Lc 9, 29).
São Leão Magno diz que “a
finalidade principal da Transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o
escândalo da Cruz.”
Pela Transfiguração, Deus
demonstra que uma existência feita dom não é fracassada, mesmo quando termina
na Cruz. Também nos revela que Jesus é “o Filho amado do Pai” e nos convida a
escutar o que Ele diz.
A Transfiguração do
Senhor antecipa a Ressurreição e anuncia a divinização do homem. Conduz-nos a
um alto Monte para acolher de novo, em Cristo, como filhos do Filho, o dom da
Graça de Deus: “Este é o meu Filho amado: Escutai-O.”
A Transfiguração foi uma
centelha de glória divina que inundou os apóstolos de uma felicidade tão grande
que fez Pedro exclamar: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui
três tendas…” (Mt 17, 4). Pedro quer prolongar aquele momento. Mas, Pedro não
sabia o que dizia; pois o que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali,
mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-lo por trás das
circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos com Ele, tanto faz que
estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou prostrados no leito de um
hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é somente isto: vê-lo e
viver sempre com Ele! Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante na
vida presente e na outra. Desejo ver-te, Senhor, e procurarei o teu rosto nas
circunstâncias habituais da minha vida!
São Beda diz que o
Senhor, “numa piedosa autorização, permitiu que Pedro, Tiago e João fruíssem
durante um tempo muito curto da contemplação da felicidade que dura para
sempre, a fim de fortalecê-los perante a adversidade”. A lembrança desses
momentos ao lado do Senhor, no Tabor, foi sem dúvida uma grande ajuda nas
várias situações difíceis em que estes três Apóstolos viriam a passar.
A Transfiguração leva-nos
a pensar no Céu, que é a nossa morada. O Senhor quer confortar-nos com a
esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros ou quando se torna
mais patente a fraqueza da nossa condição: “à hora da tentação, pensa no Amor
que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de
generosidade” (Caminho, 139).
O pensamento da glória
que nos espera deve animar-nos na nossa luta diária. Nada vale tanto como
ganhar o Céu. Ensina Santa Teresa: “E se fordes sempre avante com essa determinação
de antes morrer do que desistir de chegar ao termo da jornada, o Senhor, mesmo
que vos mantenha com alguma sede nesta vida, na outra, que durará para sempre,
vos dará de beber com toda abundância e sem perigo de que vos venha a faltar.”
“Este é o meu Filho
amado: ouvi-O”. Deus Pai fala através de Jesus Cristo a todos os homens, de
todos os tempos. Ensinava o papa João Paulo II: “procura continuamente as vias
para tornar próximo do gênero humano o mistério do seu Mestre e Senhor: próximo
dos povos, das nações, das gerações que se sucedem e de cada um dos homens em
particular” (Encíclica Redemptor Hominis, 7). A sua voz faz-se ouvir em todas
as épocas, sobretudo através dos ensinamentos da Igreja.
Nós devemos encontrar
Jesus na nossa vida corrente, no meio do trabalho, na rua, nos que nos rodeiam,
na oração, quando nos perdoa no Sacramento da Penitência (Confissão), e
sobretudo na Eucaristia, onde se encontra verdadeira, real e substancialmente
presente. Devemos aprender a descobri-Lo nas coisas ordinárias, correntes,
fugindo da tentação de desejar o extraordinário.
Mons. José Maria Pereira
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2º Domingo da Quaresma ano 2014 Do
Tabor ao Calvário
A Vida cristã pode ser comparada a uma caminhada que deve
ser percorrida na escuta atenta de Deus, na observância total aos seus planos.
Na 1a
Leitura, vemos a Caminhada de Abraão: (Gen 12,1-4)
- Deus chama Abraão, convida-o a deixar a terra e a família
e a partir ao encontro de uma outra terra, para ser um sinal de Deus no meio
dos homens.
- Deus lhe oferece a sua bênção e a promessa de uma família
numerosa, que será testemunha da Salvação de Deus diante de todos os povos.
- Diante do desafio de Deus, Abraão pôs-se a caminho.
Abraão percebe o
projeto de Deus e o segue de todo o coração.
Na 2ª leitura, Paulo exorta
Timóteo a superar a sua timidez e a ser um modelo de fidelidade no testemunho da
fé. (2Tm 1,8b-10)
No Evangelho, vemos a Caminhada de Jesus:
(Mt 17,1-9)
A caminho de Jerusalém, Jesus faz o primeiro anúncio da
Paixão.
O caminho da salvação esperado pelos discípulos é bem
diferente.
Por isso, ficam profundamente desanimados e frustrados.
A aventura parece encaminhar-se para um grande fracasso.
- Para fortalecer o ânimo profundamente abalado dos
discípulos, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e revela-lhes no Monte
Tabor a glória da divindade.
Após um momento de medo, eles reencontram a paz e a alegria.
Com a TRANSFIGURAÇÃO, Mateus quer duas coisas:
- Revelar: QUEM É JESUS: É "o Filho amado do Pai" e
- Convidar: "Escutem
o que ele diz".
* Pela Transfiguração, Deus demonstra que uma existência
feita dom não é fracassada, mesmo quando termina na cruz.
A vida plena e definitiva espera, no final do caminho, todos
os que forem capazes de pôr sua vida a serviço dos irmãos, como Jesus.
A Nossa caminhada para Deus:
Também nós somos chamados a uma caminhada, que começa com o BATISMO.
No final dessa viagem, seremos envolvidos pela mesma "nuvem luminosa", que envolveu
o Mestre e brilharemos como o sol no reino do Pai.
O Papa enviou uma linda Mensagem Quaresmal, que vou tentar resumir. Inicia com as
palavras de Paulo (Cl 2,12):
"Sepultados com ele no BATISMO, foi também com ele que
ressuscitastes".
A Quaresma, que nos
conduz à celebração da Santa Páscoa, é um tempo litúrgico muito precioso e
importante... para intensificar o seu caminho de purificação no espírito, para
haurir com mais abundância do mistério da Redenção a Vida nova em Cristo Senhor.
Essa vida já nos foi transmitida no dia do nosso Batismo,
quando iniciou para nós a aventura jubilosa do discípulo.
Um vínculo particular liga o Batismo com a Quaresma, como
momento favorável para experimentar a Graça que salva.
A Igreja associa sempre a Vigília Pascal à celebração do
Batismo.
Os textos evangélicos da Quaresma nos guiam para um encontro
intenso com o Senhor, fazendo percorrer as etapas do caminho da Iniciação
cristã.
- O Primeiro domingo evidencia a nossa condição de homens
nesta terra.
O combate vitorioso contra as Tentações é um convite a tomar consciência da própria
fragilidade, para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em
Cristo.
- A Transfiguração
do Senhor antecipa a Ressurreição e anuncia a divinização do homem. Conduz-nos
a um alto Monte para acolher de novo em Cristo, como filhos do Filho, o dom da
Graça de Deus: "Este é o meu Filho
amado: Escutai-o".
- O pedido de Jesus à Samaritana
"Dá-me de beber" exprime a
paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar em nosso coração o desejo
dessa água que jorra para a vida eterna. É o dom do Espírito Santo, que faz dos
cristãos verdadeiros "adoradores do
Pai, em espírito e verdade..."
- A Cura do Cego
de Nascença apresenta Cristo como Luz do Mundo.
O Evangelho nos interpela: "Tu crês no Filho do Homem?" "Creio, Senhor", afirmou com alegria o cego... fazendo-se
voz de todos os crentes.
- No 5º domingo, a Ressurreição
de Lázaro nos põe diante do último mistério da nossa existência: "Eu sou a ressurreição e a Vida... crês
tu isto?"
A resposta de Marta deve ser a nossa: "Sim, eu creio
que tu és o Filho de Deus".
Na grande Vigília
Pascal, renovamos as promessas batismais e reafirmamos que Cristo é o
Senhor de nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou no Batismo e
reconfirmamos...
Mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através
do Jejum, da Esmola e da Oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos
a redescobrir o nosso Batismo.
Renovemos nessa Páscoa o acolhimento da graça, que Deus nos
concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas ações.
Pe. Antônio
Geraldo
Para a Celebração da
Palavra:
LOUVOR: (quando o Pão Sagrado estiver sobre o
altar)
à O Senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor,
o nosso Deus...
à Com Jesus, por Jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo
Louvemos ao Pai:
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
à Pai! Nós Vos damos graças por Abraão, que
escolhestes e chamastes para constituir um novo povo. Somos o vosso povo.
Recebemos o Batismo e somos profetas em vosso Filho; Nós Vos pedimos por todas
as famílias para que sejam abençoadas.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
à Deus de vida, nós Vos bendizemos, porque
fizestes resplandecer a vida e a imortalidade pelo anúncio do Evangelho. Vós
nos salvastes e nos destes a Dignidade de filhos vossos. Vos pedimos pelos que sofrem no testemunho do
Evangelho. Sustentai-os com a força do vosso Espírito.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
à Deus de luz, nós Vos damos graças pela
transfiguração do vosso Filho, quando manifestes vossa glória. Nós Vos pedimos;
curai os nossos corações para que acolhamos as palavras do Vosso Filho.
Estabelecei a Vossa tenda nas nossas casas e em nossos corações.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade!
àPAI NOSSO... A Paz de
Cristo... Eis o Cordeiro...
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