quarta-feira, 26 de março de 2014

4º DOMINGO DA QUARESMA ANO A 2014

4º DOMINGO DA QUARESMA ANO A 2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Tema: O tema de hoje é a Luz; “E o fruto da luz de Deus, chama-se: bondade, justiça, verdade.”
Primeira leitura: A escolha de Davi para rei de Israel e a sua unção.
No Evangelho: Jesus apresenta-se como “a luz do mundo”. Tendo a luz podemos caminhar; Jesus é o caminho.
Segunda leitura: Paulo explica que viver na “luz” é praticar as obras de Deus (a bondade, a justiça e a verdade).

5. PRIMEIRA LEITURA (1Sm 16,1b.6-7.10-13a) Leitura do Primeiro Livro de Samuel.
Naqueles dias, o Senhor disse a Samuel: “Enche o chifre de óleo e vem para que eu te envie à casa de Jessé de Belém, pois escolhi um rei para mim entre os seus filhos”. Assim que chegou, Samuel viu Eliab e disse consigo: “Certamente é este o ungido do Senhor!” Mas o Senhor disse-lhe: “Não olhes para a sua aparência nem para a sua grande estatura, porque eu o rejeitei. Não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração”. Jessé fez vir seus sete filhos à presença de Samuel, mas Samuel disse: “O Senhor não escolheu a nenhum deles”. E acrescentou: “Estão aqui todos os teus filhos?” Jessé respondeu: “Resta ainda o mais novo que está apascentando as ovelhas”. E Samuel ordenou a Jessé: “Manda buscá-lo, pois não nos sentaremos à mesa enquanto ele não chegar”. Jessé mandou buscá-lo. Era Davi, ruivo, de belos olhos e de formosa aparência. E o Senhor disse: “Levanta-te, unge-o: é este!” Samuel tomou o chifre com óleo e ungiu a Davi na presença de seus irmãos. E a partir daquele dia o Espírito do Senhor se apoderou de Davi.

AMBIENTE - Na segunda metade do séc. XI a.C., os filisteus constituíam uma ameaça bastante séria para as tribos do Povo de Deus. A necessidade de uma liderança única e forte levou os anciãos das tribos a equacionar, pela primeira vez, a possibilidade da união política das tribos sob a autoridade de um rei.
A primeira experiência monárquica aconteceu com Saul. Essa experiência terminou, de forma dramática: Saul e seu filho Jônatas morreram na luta contra os filisteus, por volta do ano 1010 a.C. Era preciso encontrar um outro “herói”. A escolha dos anciãos – tanto das tribos do norte, como das tribos do sul – recaiu, então, num jovem chamado Davi.
O Livro de Samuel apresenta três tradições sobre a entrada de David em cena. A primeira apresenta David como um admirável guerreiro, cuja valentia chamou a atenção de Saúl, sobretudo após a sua vitória sobre o gigante filisteu Golias. A segunda tradição apresenta David como um poeta, que vai para a corte de Saul para cantar e tocar harpa. Aos poucos, o poeta/cantor foi ganhando adeptos na corte, tornando-se amigo de Jônatas, o filho de Saul, e casando com Mical, a filha do rei. A terceira tradição – a menos verificável historicamente, mas a de maior importância teológica – apresenta a realeza de David como uma escolha de Jahwéh. É esta terceira tradição que o nosso texto nos apresenta.

MENSAGEM - O autor do texto pretende mostrar que a lógica de Deus é bem diferente da lógica dos homens. David é apresentado como o eleito de Jahwéh. É sempre Jahwéh que escolhe aqueles a quem quer confiar uma missão. A eleição não resulta da iniciativa do homem, mas sim da iniciativa e da vontade livre de Deus. Samuel percebe que a escolha de Deus recai sobre David – o filho mais novo de Jessé. A eleição de David quer sublinhar a lógica de Deus, que escolhe sem ter em conta os méritos, qualidades humanas que impressionam os homens. Pelo contrário, Deus escolhe e chama, com freqüência, os pequenos, os mais fracos, aqueles que o mundo marginaliza e considera insignificantes; e é através deles que age no mundo. Fica, assim, claro que quem leva a cabo a obra da salvação é Deus; os homens são apenas instrumentos, através dos quais Deus realiza a sua obra.

ATUALIZAÇÃO • Somos convidados a olhar mais além e a ver Deus por detrás de cada gesto de amor, de bondade, de coragem, de compromisso com a construção de um mundo melhor. O nosso Deus continua a construir, dia a dia, a história da salvação; e chama homens e mulheres para colaborarem com Ele na salvação do mundo.
• Deus tem critérios diferentes dos critérios humanos. “O Senhor vê o coração”. É preciso entrar na lógica de Deus e aprender a ver, para além da aparência; ver com o coração e a descobrir a riqueza que se esconde por detrás daqueles que parecem insignificantes e sem pretensões… É preciso, sobretudo, aprender a respeitar a dignidade de cada homem e de cada mulher, mesmo quando não parecem pessoas importantes ou influentes.

6. SALMO RESPONSORIAL / Sl 22 (23)
O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.
• O Senhor é o pastor que me conduz; / não me falta coisa alguma. /
 Pelos prados e campinas verdejantes / ele me leva a descansar. /
Para as águas repousantes me encaminha / e restaura as minhas forças.
• Ele me guia no caminho mais seguro, / pela honra do seu nome. /
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, / nenhum mal eu temerei. /
Estais comigo com bastão e com cajado, / eles me dão a segurança!
• Preparais à minha frente uma mesa, / bem à vista do inimigo; /
com óleo vós ungis minha cabeça, / e o meu cálice transborda.
• Felicidade e todo bem hão de seguir-me, / por toda a minha vida; /
e, na casa do Senhor, habitarei / pelos tempos infinitos

9. EVANGELHO (Jo 9,1-41) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. Os discípulos perguntaram a Jesus: “Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele ou os seus pais?” Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso serve para que as obras de Deus se manifestem nele. É necessário que nós realizemos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia. Vem a noite, em que ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo”. Dito isto, Jesus cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego. E disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé” (que quer dizer: Enviado). O cego foi, lavou-se e voltou enxergando. Os vizinhos e os que costumavam ver o cego – pois ele era mendigo – diziam: “Não é aquele que ficava pedindo esmola?” Uns diziam: “Sim, é ele!” Outros afirmavam: “Não é ele, mas alguém parecido com ele”. Ele, porém, dizia: “Sou eu mesmo!” Então lhe perguntaram: “Como é que se abriram os teus olhos?” Ele respondeu: “Aquele homem chamado Jesus fez lama, colocou-a nos meus olhos e disse-me: ‘Vai a Siloé e lava-te’. Então fui, lavei-me e comecei a ver”. Perguntaram-lhe: “Onde está ele?” Respondeu: “Não sei”. Levaram então aos fariseus o homem que tinha sido cego. Ora, era sábado, o dia em que Jesus tinha feito lama e aberto os olhos do cego. Novamente, então, lhe perguntaram os fariseus como tinha recuperado a vista. Respondeu-lhes: “Colocou lama sobre meus olhos, fui lavar-me e agora vejo!” Disseram, então, alguns dos fariseus: “Esse homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado”. Mas outros diziam: “Como pode um pecador fazer tais sinais?” E havia divergências entre eles. Perguntaram outra vez ao cego: “E tu, que dizes daquele que te abriu os olhos?” Respondeu: “É um profeta”. Então, os judeus não acreditaram que ele tinha sido cego e que tinha recuperado a vista. Chamaram os pais dele e perguntaram-lhes: “Este é o vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como é que ele agora está enxergando?” Os seus pais disseram: “Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego. Como agora está enxergando, isso não sabemos. E quem lhe abriu os olhos também não sabemos. Interrogai-o, ele é maior de idade, ele pode falar por si mesmo”. Os seus pais disseram isso, porque tinham medo das autoridades judaicas. De fato, os judeus já tinham combinado expulsar da comunidade quem declarasse que Jesus era o Messias. Foi por isso que seus pais disseram: “É maior de idade. Interrogai-o a ele”. Então, os judeus chamaram de novo o homem que tinha sido cego. Disseram-lhe: “Dá glória a Deus! Nós sabemos que esse homem é um pecador”. Então ele respondeu: “Se ele é pecador, não sei. Só sei que eu era cego e agora vejo”. Perguntaram-lhe então: “Que é que ele te fez? Como te abriu os olhos?” Respondeu ele: “Eu já vos disse, e não escutastes. Por que quereis ouvir de novo? Por acaso quereis tornar-vos discípulos dele?” Então insultaram-no, dizendo: “Tu, sim, és discípulo dele! Nós somos discípulos de Moisés. Nós sabemos que Deus falou a Moisés, mas esse, não sabemos de onde é”. Respondeu-lhes o homem: “Espantoso! Vós não sabeis de onde ele é? No entanto, ele abriu-me os olhos! Sabemos que Deus não escuta os pecadores, mas escuta aquele que é piedoso e que faz a sua vontade. Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se este homem não viesse de Deus, não poderia fazer nada”. Os fariseus disseram-lhe: “Tu nasceste todo em pecado e estás nos ensinando?” E expulsaram-no da comunidade. Jesus soube que o tinham expulsado. Encontrando-o, perguntou-lhe: “Acreditas no Filho do Homem?” Respondeu ele: “Quem é, Senhor, para que eu creia nele?” Jesus disse: “Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo”. Exclamou ele: “Eu creio, Senhor!” E prostrou-se diante de Jesus. Então, Jesus disse: “Eu vim a este mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não vêem, vejam, e os que vêem se tornem cegos”. Alguns fariseus, que estavam com ele, ouviram isto e lhe disseram: “Porventura, também nós somos cegos?” Respondeu-lhes Jesus: “Se fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como dizeis: ‘Nós vemos’, o vosso pecado permanece”.

AMBIENTE - João procura apresentar Jesus como o Messias, Filho de Deus, enviado pelo Pai para criar um Homem Novo. No chamado “Livro dos Sinais” (Jo 4,1-11,56), o autor apresenta – recorrendo aos “sinais” da água (cf. Jo 4,1-5,47), do pão (cf. Jo 6,1-7,53), da luz (cf. Jo 8,12-9,41), do pastor (cf. Jo 10,1-42) e da vida (cf. Jo 11,1-56) – um conjunto de catequeses sobre a ação criadora do Messias.
O nosso texto é, exatamente, a terceira catequese (a da luz) do “Livro dos Sinais”: através do “sinal” da “luz”, o autor vai descrever a ação criadora e vivificadora de Jesus. Os “cegos” faziam parte do grupo dos excluídos da sociedade palestina de então. As deficiências físicas eram consideradas como resultado do pecado. Segundo a concepção da época, Deus castigava de acordo com a gravidade da culpa. A cegueira era considerada o resultado de um pecado grave: uma doença que impedisse o homem de estudar a Lei era considerada uma maldição de Deus por excelência. Pela sua condição de impureza notória, os cegos eram impedidos de servir de testemunhas no tribunal e de participar nas cerimônias religiosas no Templo.

MENSAGEM - O “cego” da história é um símbolo de todos que vivem na escuridão que os impedem de chegar à plenitude da vida. Jesus apresenta-se como “a luz do mundo”. Jesus nega qualquer relação entre pecado e sofrimento e aproveita para mostrar que a missão que o Pai lhe confiou é ser “a luz do mundo” e encher de “luz” a vida dos que vivem nas trevas. Jesus passa das palavras aos atos, cuspindo no chão, fazendo lodo com a saliva e ungindo com esse lodo os olhos do cego. O gesto de fazer lodo reproduz o gesto criador de Deus de Gn 2,7 (quando Deus modelou o homem). A saliva transmitia, pensava-se, a própria força ou energia vital (equivale ao sopro de Deus, que deu vida a Adão – Gn 2,7). Assim, Jesus juntou ao barro a sua própria energia vital, repetindo o gesto criador de Deus. A missão de Jesus é criar um Homem Novo, animado pelo Espírito. No entanto, a cura não é imediata: requer-se a cooperação do enfermo. “Vai lavar-te na piscina de Siloé” – diz-lhe Jesus. A disponibilidade do cego em obedecer à ordem de Jesus é um elemento essencial na cura e sublinha a sua adesão à proposta que Jesus lhe faz. A referência ao banho na piscina do “enviado” (o autor deste texto tem o cuidado de explicar que Siloé significa “enviado”) é, evidentemente, uma alusão à água de Jesus (o enviado do Pai), essa água que torna os homens novos, livres das trevas/escravidão. A comunidade joanina pretende, certamente, fazer aqui uma catequese sobre o batismo: quem quiser sair das trevas para viver na luz, como Homem Novo, tem de aceitar a água do batismo – isto é, tem de optar por Jesus e acolher a proposta de vida que Ele oferece.
Os fariseus sabem que Jesus oferece a “luz”; mas recusam-na. Para eles, interessa continuar com o esquema das “trevas”. Eles têm conhecimento da novidade de Jesus, mas não estão dispostos a acolhê-la. Sentem-se mais confortáveis nos seus esquemas de escravidão e autossuficiência e não estão dispostos a renunciar às “trevas”. Mais: opõem-se à “luz” que Jesus oferece e não aceitam que alguém queira sair da escravidão para a liberdade. Quando constatam que o homem curado por Jesus não está disposto a voltar atrás e a regressar aos esquemas de escravidão, expulsam-no da sinagoga.
Os pais do cego limitam-se a constatar o acontecimento (o filho nasceu cego e agora vê), mas evitam comprometer-se. Transparece o medo de quem é escravo e não tem coragem de passar das “trevas” para a “luz”. “tinham medo de ser expulsos da sinagoga”. A “sinagoga” designava o local do encontro da comunidade israelita; mas designava, também, a própria comunidade do Povo de Deus. Ser expulso da “sinagoga” significava o risco de ser declarado herege, de perder os pontos de referência comunitários, o cair na solidão, no descrédito e na marginalidade.
Referem à segurança da ordem estabelecida – embora injusta e opressora – do que os riscos da vida livre. Representam todos aqueles que, por medo, preferem continuar na escravidão, não provocar os dirigentes ou a opinião pública, do que correr o risco de aceitar a proposta transformadora de Jesus.
Antes de se encontrar com Jesus, é um homem prisioneiro das “trevas”, dependente e limitado. Depois, encontra-se com Jesus e recebe a “luz” (do encontro com Jesus resulta sempre uma proposta de vida nova para o homem). O homem vai sofrendo uma transformação progressiva. Nos momentos imediatos à cura, ele não tem ainda grandes certezas (quando lhe perguntam por Jesus, responde: “não sei”; e quando lhe perguntam quem é Jesus, ele responde: “é um profeta”); mas a “luz” que agora brilha na sua vida o vai amadurecendo progressivamente. Confrontado com os dirigentes e intimado a renegar a “luz” e a liberdade recebidas, ele torna-se, em dado momento, o homem das certezas, das convicções; argumenta com agilidade e inteligência, joga com a ironia, recusa-se a regressar à escravidão: mostra o homem adulto, maduro, livre, sem medo… É isso que a “luz”, que Jesus oferece, produz no homem. Finalmente, o texto descreve o estágio final dessa caminhada progressiva: a adesão plena a Jesus. Encontrando o ex-cego, Jesus convida-o a aderir ao “Filho do Homem” (“acreditas no Filho do Homem?”; a resposta do ex-cego é a adesão total: “creio, Senhor”. O título “Senhor” (“kyrios”) era o título com que a comunidade cristã primitiva designava Jesus, o Senhor glorioso. Diz, ainda, o texto, que o ex-cego se prostrou e adorou Jesus: adorar significa reconhecer Jesus como o projeto de Homem Novo que Deus apresenta aos homens para todos aderir a Ele e segui-lo.
A missão de Jesus é aqui apresentada como criação de um Homem Novo. Deus criou o homem para ser livre e feliz; mas o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência, dominaram o coração do homem, prenderam-no num esquema de “cegueira” e frustraram o projeto de Deus. A missão de Jesus consistirá em destruir essa “cegueira”, libertar o homem e fazê-lo viver na “luz”. Trata-se de uma nova criação… Assim, da ação de Jesus irá nascer um Homem Novo, liberto do egoísmo e do pecado, vivendo na liberdade, a caminho da vida em plenitude.

ATUALIZAÇÃO - • A catequese que João nos propõe hoje garante-nos: a realização plena do homem continua a ser a prioridade de Deus. Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao encontro dos homens e mostrou-lhes a luz libertadora: convidou-os a renunciar ao egoísmo e autossuficiência que geram “trevas”, sofrimento, escravidão e a fazerem da vida um dom, por amor. Aderir a esta proposta é viver na “luz”.
• Há aqueles que se opõem à proposta de Jesus porque estão instalados na mentira e a “luz” de Jesus só os incomoda; há aqueles que têm medo de enfrentar as  críticas, que se deixam manipular pela opinião dominante, e que, por medo, preferem continuar escravos do que arriscar ser livres; há aqueles que, apesar de reconhecerem as vantagens da “luz”, deixam que o comodismo e a inércia os prendam numa vida de escravos…
• A Palavra de Deus convida-nos, neste tempo de Quaresma, a um processo de renovação que nos leve a deixar tudo o que nos escraviza, nos aliena, nos oprime – no fundo, tudo o que impede que brilhe em nós a “luz” de Deus e que impede a nossa plena realização.
• Receber a “luz” que Cristo oferece é, também, acender a “luz” da esperança no mundo.

7. SEGUNDA LEITURA (Ef 5,8-14) Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios.
Irmãos, outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade. Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a nada; antes, desmascarai-as. O que essa gente faz em segredo, tem vergonha até de dizê-lo. Mas tudo que é condenável torna-se manifesto pela luz; e tudo o que é manifesto é luz. É por isso que se diz: “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá”.

AMBIENTE - Estamos por volta dos anos 60. Paulo sente ter terminado a sua missão apostólica na Ásia e não sabe o que o futuro próximo lhe reserva (ele está prisioneiro).
Nessa exortação, Paulo convida os crentes a deixarem a antiga forma de viver para assumirem a nova, revestindo-se de Cristo, imitando Deus e passando das trevas à luz.

MENSAGEM - A imagem da “luz” e das “trevas” é uma imagem frequente na catequese primitiva, sobretudo em João e Paulo. O símbolo “luz/trevas” aparece, também, nos escritos de Qûmran para definir o mundo de Deus (luz) e o mundo que se opõe a Deus (trevas).
Para Paulo, viver nas “trevas” é viver à margem de Deus, recusar as suas propostas, viver prisioneiro das paixões e dos falsos valores, no egoísmo e na autossuficiência. Ao contrário, viver na “luz” é acolher o dom da salvação que Deus oferece, aceitar a vida nova que Ele propõe, escolher a liberdade, tornar-se “filho de Deus”.
Os cristãos são aqueles que escolheram viver na “luz” como Homens Novos, e a praticarem as obras de bondade, justiça e verdade. O cristão não deve só escolher a luz, mas deve também desmascarar as obras das “trevas”, de forma aberta e decidida.

ATUALIZAÇÃO • O cristão é aquele que optou por “viver na luz” e dar testemunho da “luz”. É preciso denunciar as “trevas” que mantêm os homens escravos.
• O cristão não pode ficar de braços cruzados diante da maldade, do egoísmo, da injustiça, da exploração, dos contra-valores que enegrecem a vida dos homens. O cristão tem de manter uma atitude de vigilância atenta e de denúncia ousada e corajosa.
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

SUGESTÃO: FAZER UMA PROCISSÃO DA LUZ.
Para pôr em evidência a passagem das trevas à luz proclamada por todos os textos deste domingo, poder-se-á organizar uma procissão da luz para entrada da celebração e cantar um cântico com referência à Luz. Os portadores das luzes (velas acesas) poderão juntar-se à volta do Evangeliário para a PLOCLAMAÇÃO do Evangelho: Cristo é a Luz do mundo!
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Homilia de D. Henrique Soares da Costa

O Evangelho de hoje é mais uma belíssima catequese batismal que nos prepara para a santa Páscoa. Não esqueçamos que em muitas paróquias adultos estão terminando seus preparativos para o Batismo.
No Domingo passado, no Evangelho da Samaritana, vimos que Jesus é o Messias que dá a verdadeira água do Espírito Santo, água que jorra para a vida eterna.
Neste hoje, “ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença”. Esse homem simboliza os judeus; pode simbolizar também a humanidade toda. Os discípulos, apegados a uma crença popular antiga, tão combatida por Jeremias e Ezequiel, pensavam que o cego estava pagando pelos pecados seus ou dos seus antepassados. É a uma crença errada, semelhante à superstição da reencarnação: “Quem pecou para que nascesse cego: ele ou seus pais?” Não há resposta, não há explicação! Os segredos da vida pertencem a Deus! Se crermos no seu amor, se nos abandonarmos nas suas mãos, a maior dor, o mais inexplicável sofrimento pode ser confortado pela certeza de que Deus está conosco e nos fortalece: “Nem ele nem seus pais pecaram: isso serve para que as obras de Deus se manifestem nele!” Até na dor e no sofrimento Deus está presente quando somos abertos à sua presença. Pena que nosso mundo superficial e incrédulo não compreenda isso… Se se abrisse para Jesus, o Inocente crucificado e morto… Na sua luz, contemplamos a luz da vida: “Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo!” Mas, o nosso mundo se fecha na sua racionalidade cega e orgulhosa…
Jesus cospe no chão e faz lama. A saliva, para os judeus, continha o espírito; simboliza, então, como a água, o dom do Espírito. Depois, Jesus ordena: “Vai lavar-te na piscina de Siloé!” É a piscina do Enviado de Deus, do Messias, imagem da piscina do nosso Batismo, na qual somos iluminados pelo Senhor que é luz do mundo! Por isso o homem vai e retorna vendo. Eis o que é o cristão, o discípulo de Cristo: aquele que era cego, foi lavado na piscina batismal e voltou vendo. Porque ele vê, os judeus o expulsam da sinagoga, como o mundo também nos expulsa de sua amizade a apreço! Não somos do mundo, como o Senhor nosso não é do mundo; ele nos separou do mundo! Agora, curado da cegueira, aquele que foi iluminado pode ver Jesus; ver com a fé, ver a realidade mais profunda, ver que ele é o Senhor, Filho de Deus: “’Acreditas no filho do Homem?’ ‘Quem é, Senhor para que eu creia nele?’ Jesus disse: ‘Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo!’” Para isso te curei, para isso fiz-te enxergar! “’Eu creio, Senhor!’ E prostrou-se diante de Jesus!”
Também nós fomos iluminados pelo Cristo no Batismo. Para nós valem as palavras de São Paulo:“Outrora éreis treva, mas agora sois luz no Senhor! Vivei  como filhos da luz! Não vos associeis às obras das trevas!” Eis, caros irmãos: iluminados por Cristo não podemos pensar como o mundo, sentir como o mundo, agir como o mundo! Devemos viver na luz e ser luz para o mundo! Mas, não é fácil; não basta querer! Sem a graça do Senhor, nada conseguiremos, a não ser sermos infiéis! Por isso a necessidade dos exercícios quaresmais; por isso a oração, a penitência e a  caridade fraterna, por isso a necessidade da confissão de nossos pecados! Não nos esqueçamos: não poderemos zombar de Cristo: seremos julgados na sua luz: “Eu vim a este mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não vêem vejam e os que vêem se tornem cegos!” – Eu vim para revelar a luz aos humildes, aos que se abrem à minha Palavra e à minha Presença, e vim revelar a cegueira do mundo confiado na sua própria razão, na prepotência de seus próprios caminhos! Porque este mundo diz que vê, que sabe, que está certo, seu pecado permanece! Somente se abrir-se para a luz do Cristo, caminhará na luz e enxergará de verdade!
E nós, caminhamos na luz ou permanecemos nas trevas? Que o Senhor ilumine a nossa vida.
D. Henrique Soares

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Homilia do Mons. José Maria Pereira

Jesus e o Cego

Celebrando o 4º Domingo da Quaresma, o Evangelho (Jo 9, 1-41) nos apresenta o tema da Luz.
Jesus unge os olhos do cego de nascença com lama feita a partir da saliva. Jesus como que inicia com um rito. Toca os olhos do cego, concedendo-lhe a visão. E, aos poucos no diálogo com ele, vai-lhe despertando a fé. E o cego acaba vendo, à luz da fé, que Jesus é o Filho do Homem. Acaba dando testemunho dele.
A cura do cego descreve o processo da fé de um homem, que vai passando das trevas da cegueira, para a luz da visão, e desta para a Luz da fé em Cristo. O “Cego” é um símbolo de todos os homens que renascem pela fé, acolhendo Jesus (no Batismo) e deixando-se conduzir pela sua palavra.
Tudo começa por uma pergunta dos discípulos a Jesus: “Por que esse homem nasceu cego?” ”Quem pecou para que nascesse cego: ele ou seus pais?” (Jo 9,2). Jesus responde: “Nem ele, nem seus pais pecaram…” (Jo 9,3). Com essa resposta Jesus lembra o que os profetas já combatiam que era uma crença popular antiga que pensavam que o cego estava pagando pelos seus pecados ou dos seus antepassados. Trata-se de uma crença errada, semelhante ao absurdo da reencarnação. Esta é uma crença espírita, não é cristã. A Palavra de Deus nos diz: “os homens morrem uma só vez, depois vem o juízo” (Hb 9,27). A reencarnação é uma injustiça! É negar a obra redentora de Cristo e afirmar que é o próprio homem que se salva, por etapa, cada vez mais que se reencarna. É a onda do reciclável, como lixo.
“Nem ele, nem seus pais pecaram…”. Com isso Jesus quer nos ensinar que os segredos da vida pertencem a Deus! Se crermos no seu amor, se nos abandonarmos nas suas mãos, a maior dor, o mais inexplicável sofrimento pode ser confortado pela certeza de que Deus está conosco e nos fortalece. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Até na dor e no sofrimento Deus está presente.
O mundo hedonista, consumista e superficial não compreende isso! O cego é questionado pelas autoridades sobre a origem de Jesus. E ele mostra-se livre (diz o que pensa…); corajoso (não se intimida); sincero (não renuncia à verdade); suporta a violência (é expulso da Sinagoga). Antes de se encontrar com Jesus, o cego é um homem prisioneiro das “trevas”, dependente e limitado. “Não sabe quem o curou…” Finalmente, encontrando-se com Jesus, que lhe pergunta: “Acreditas no Filho do Homem”, manifesta a sua adesão total: “Creio, Senhor”. Prostra-se e O adora. O caminho de fé do cego é um itinerário para todo cristão! São Jose Maria Escrivá, em Amigos de Deus, nº 193, diz: “Que belo exemplo de firmeza na fé nos dá este cego! Uma fé viva, operativa. É assim que te comportas com os mandatos de Deus, quando muitas vezes estás cego, quando nas preocupações da tua alma se oculta a luz? Que poder continha a água, para que os olhos ficassem curados ao serem umedecidos? Teria  sido mais adequado um colírio desconhecido, um medicamento precioso preparado no laboratório de um sábio alquimista. Mas aquele homem crê, põe  em prática o que Deus lhe ordena e volta com os olhos cheios de claridade”. Nesta Quaresma, somos convidados a viver a experiência catecumenal, renovando o nosso Batismo, mediante o Sacramento da Penitência (Confissão).
Quanto mais buscamos Jesus como Luz, mais nossa vida terá sentido. O nosso comportamento de cristão deve ser testemunho do Batismo recebido; devemos testemunhar com as obras que Cristo é para nós, não apenas luz da mente, mas também luz da vida. Não são as obras das trevas – o pecado- as que correspondem a um batizado, mas sim as obras da luz.
Como o cego, após o encontro com Jesus, iluminado, manifestemos a alegria de sermos cristãos! “A alegria do discípulo não é um sentimento de bem estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus. Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é a nossa alegria” (DA, 29).
“ Ó Deus, luz de todo o ser humano que vem a este mundo, iluminai nossos corações com o esplendor da vossa graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração.”
Mons. José Maria Pereira

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Homilia do Pe. Françoá Costa

Fé mais profunda

As passagens do Evangelho que a Igreja oferece para esse ciclo litúrgico são uma verdadeira catequese. No primeiro domingo, escutamos o Evangelho das tentações e pensamos nas provas, lutas e dificuldades da vida. No segundo, o da Transfiguração, no qual fomos iluminados com a contemplação, na fé, do rosto do Senhor e meditamos na nossa filiação divina. No terceiro, aparecia a Samaritana pedindo a água que sacia sem saciar, o Espírito Santo. Hoje, quarto domingo, o cego que começa a ver por iniciativa de Jesus; no entanto, depois a iniciativa seria do cego, pois ele procuraria Jesus e o adoraria. Finalmente, no domingo que vem, escutaremos a narração da ressurreição de Lázaro e nos recordaremos tanto da nossa ressurreição espiritual no Batismo e na Confissão sacramental quanto da ressurreição da carne que experimentaremos na consumação dos últimos tempos nos quais vivemos.
O Papa Bento XVI dizia que “o domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: «Tu crês no Filho do Homem?». «Creio, Senhor» (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como «filho da luz»” (Bento XVI, Mensagem para a Quaresma de 2011).
Deus conceda que a nossa fé seja mais profunda. Nós, como aquele que fora cego, começamos a ver somente pela iniciativa e pelo poder de Jesus; também foi pela ação misteriosa da graça que nós continuamos a buscar a Cristo e a adorá-lo. Há uma antiga oração da Igreja que pede a Deus que as nossas ações sejam precedidas, ajudadas e terminadas com o auxilio divino mostrando, dessa maneira, a nossa dependência total do Senhor. Seria terrível se algum dia nos invadisse uma espécie de autossuficiência espiritual. Seria o momento no qual Jesus nos diria, como outrora aos fariseus, que a nossa pretensão é o que nos cega (cfr. Jo 9,41).
Não nos consideremos grande coisa só porque participamos de uma determinada pastoral ou de determinado grupo; nem pensemos que seremos salvos porque somos desse ou daquele movimento; tampouco nos apoiemos numas obras que sabemos que são boas, mas que frequentemente estarão manchadas pelo egoísmo e pelo orgulho. A caminhada junto ao Senhor, as contínuas quedas no caminho rumo à santidade, a aparente repetição das lutas interiores que nós não sabemos explicar, deveriam levar-nos a uma profunda humildade, a confiar sempre mais na iniciativa de Jesus, a combater os nossos próprios defeitos em total dependência da ação divina e a adorar a Deus com todo o nosso ser.
Livre-nos Deus de toda pretensão. Ao contrário, devemos reconhecer constantemente que Jesus é o nosso único Salvador. É esse reconhecimento que nos faz fortes e audaciosos, não por nossa própria virtude, mas confiando em Jesus. Aprofundar na fé nos fará ver, cada vez mais, a importância de sermos pequenos diante de Deus. Essa pequenez é totalmente compatível com a visão de águia, ampla e audaciosa, que nós devemos ter. Uma criança, deixada às suas próprias forças, cairá; verá pouco porque é de baixa estatura, ou seja, terá uma visão demasiado limitada da realidade. No caso de que essa criança seja levantada pelos braços poderosos do seu Pai do céu, terá outra visão das coisas. Nos braços de Deus e, portanto, das alturas, veremos diferente. Surgirá um panorama antes insuspeitável, um horizonte jamais contemplado e uns campos jamais ceifados. A profundidade da fé que nos leva à humildade, a cavar profundamente no nosso nada, nos leva também à magnanimidade, ao desejo de realizar grandes ações, ao desejo de “comer o mundo” por Deus, a ser apóstolo, a evangelizar, a trazer muitas pessoas à casa de Deus. Tudo isso é resultado de ir aprofundando cada vez mais na fé. Isso é graça, mas também é responsabilidade pessoal: rezar, fazer penitência, confessar-se, ler assiduamente o Evangelho, pedir a Nossa Senhora e a São José que nos ensinem a conviver com Jesus, lutar por extirpar defeitos e pecados. Esses são os meios que o Senhor coloca à nossa disposição para que alcancemos o fim.
Não podemos ficar lamentando-nos: “sou um pobre pecador”, “não posso nada”, “pobre de mim”. Não podemos paralisar-nos! Enquanto isso os inimigos de Deus e de sua Igreja trabalhariam para dominar. Não! Sabedores das nossas fraquezas, confiaremos na graça de Deus; conscientes da nossa pobreza, nos enriqueceremos com os tesouros imperecíveis do nosso Pai do céu. O cristão deve ser uma pessoa de fé cada vez mais profunda, humilde, simples; deve ser pequeno diante de Deus. Mas um filho de Deus deve ser também alguém que anda com a cabeça erguida, consciente da sua nobre condição e do seu dever de “comer o mundo”. Um maior crescimento na fé implica uma visão mais ampla das coisas e uma audácia antes não experimentada. Deus conta conosco!
Pe. Françoá Costa

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Filhos da Luz

A Liturgia de hoje continua a CATEQUESE BATISMAL da Quaresma.
- Vimos o símbolo da ÁGUA, com o episódio da Samaritana.
- Hoje prossegue o tema da LUZ, com a cura do cego.
- E veremos o tema da VIDA, com a ressurreição de Lázaro...

As Leituras nos lembram a Luz da fé recebida no Batismo com a vela acesa na mão, e também nos exortam a "viver na Luz".

Na 1ª leitura Davi é UNGIDO para rei de Israel. (1Sm 16,1b.6-7.10-13a)

* A Unção de Davi, eleito pessoalmente por Deus, é figura profética da Unção Batismal dos cristãos.

Na 2ª Leitura, Paulo salienta a necessidade de viver como filhos da "Luz", renunciando as obras das trevas e
produzindo frutos de bondade, justiça e verdade  (Ef 5,8-14)

No Evangelho, Jesus UNGE um cego com "Barro", revelando-se como a "Luz do Mundo", que veio libertar os
homens das trevas. (Jo 9,1-41)

São João costuma tomar um fato da vida de Jesus como ponto de partida para desenvolver um tema básico da mensagem cristã.
A cura do cego descreve o processo de fé de um homem, que vai passando das trevas da cegueira, para a luz da visão, e desta para a Luz da fé em Cristo.
O "Cego" é símbolo de todos os homens que renascem pela fé, acolhendo a Jesus (no Batismo) e deixando-se conduzir pela sua palavra.

+ Tudo começa com uma PERGUNTA dos discípulos a Jesus:
    - "Por que esse homem nasceu cego?" Seria castigo de Deus? Quem pecou?
    - Jesus RESPONDE: "Nem ele, nem seus Pais pecaram..."
      E continua a sua resposta, passando das palavras aos atos.

Na CURA, para dar a "Luz" ao cego, Jesus usa um método estranho:
Com saliva faz "barro" na terra, unge com esse barro os olhos do cego e manda lavar-se na piscina de Siloé.
A cura não é imediata: requer a cooperação do enfermo.
- A disponibilidade do cego sublinha a sua adesão à proposta de Jesus.
- O banho na piscina do "enviado" é uma alusão à "Água de Jesus".
- Lembra também a água do BATISMO para quem quiser sair das trevas para viver na luz, como Filhos de Deus...

Depois, o Evangelho coloca em cena vários PERSONAGENS:

- Os VIZINHOS percebem o dom da vida que vem de Jesus, mas não dão o passo definitivo para ter acesso à Luz.
Representam os que percebem a proposta libertadora de Jesus, mas não estão dispostos a sair da sua vidinha, para ir ao encontro da "Luz".

- Os FARISEUS conhecem a "luz", mas se recusam em aceitá-la.
Acusam-no de transgredir a lei do sábado e expulsam o cego da sinagoga.
Representam aqueles que conhecem a novidade de Jesus, mas não estão dispostos a acolhê-lo e até hostilizam os seus seguidores.

- Os PAIS constatam o fato, mas evitam comprometer-se...
É a atitude de MEDO dos que não tem coragem de passar das trevas para a Luz.
Preferem a segurança da ordem estabelecida, do que correr riscos...

- O CEGO é questionado pelas AUTORIDADES sobre a origem de Jesus.
E ele, como "pessoa iluminada", mostra-se: Livre (diz o que pensa...); corajoso (não se intimida); sincero (não renuncia à verdade); suporta a violência (é expulso da sinagoga).

- JESUS reaparece no fim: vai ao seu encontro, inicia um DIÁLOGO, que culmina com um belo ato de fé do cego: "Eu creio, Senhor".

+ A Transformação do cego é progressiva:
 - Antes de se encontrar com Jesus, é um homem prisioneiro das "trevas",    dependente e limitado. "Não sabe quem o curou"...
- Depois, a "luz" vai brilhando aos poucos na sua vida.
  Forçado pelos dirigentes a renegar a "luz" e a liberdade recebida,   recusa-se a regressar à escravidão...
- Finalmente, encontrando-se com Jesus, que lhe pergunta: "Acreditas no Filho do Homem", manifesta sua adesão total: "Creio, Senhor". Prostra-se e o adora. 

* O Caminho de fé do cego é um itinerário para todo cristão:
O Encontro com Jesus ... a Adesão à "Luz" e um progressivo amadurecimento no Conhecimento de Cristo.
Esse caminho desemboca na adesão total a Jesus, ao ser lavado pelas águas batismais.

Nesta Quaresma, somos convidados a viver a experiência catecumenal, renovando o nosso Batismo, mediante o Sacramento da Penitência.

Quanto mais buscamos Jesus como "Luz", mais nossa vida terá sentido.
Com Jesus, a Luz da Vida jamais perderá o seu brilho.


Pe Antônio Geraldo


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SINOPSE:  4º DOM. DA QUARESMA - (Diácono Ismael)

Tema: O tema de hoje é a Luz; “E o fruto da luz de Deus, chama-se: bondade, justiça, verdade.”
Primeira leitura: A escolha de Davi para rei de Israel e a sua unção.
No Evangelho: Jesus apresenta-se como “a luz do mundo”. Tendo a luz podemos caminhar; Jesus é o caminho.
Segunda leitura: Paulo explica que viver na “luz” é praticar as obras de Deus (a bondade, a justiça e a verdade).

Verdadeira catequese: I domingo, as tentações; Jesus o Novo Adão.
II, a Transfiguração; É o Filho amado; ouvi-o; Ele é a Verdade.
III, a Samaritana pedindo a água que sacia, o Espírito Santo: Jesus é a Fonte da vida.
Hoje, quarto domingo, o cego que começa a ver por iniciativa de Jesus e o adora: Jesus é a luz; o Caminho.
Finalmente, no domingo que vem, a narração ressurreição de Lázaro: Jesus é Deus libertador.

5. PRIMEIRA LEITURA 1 Sam 16,1b.6-7.10-13ª - Leitura do Primeiro Livro de Samuel.
AMBIENTE -No séc. XI a.C., os filisteus ameaça ao Povo de Deus. A necessidade de liderança única levou os anciãos a um rei. A primeira aconteceu com Saul, que morreu por volta do ano 1010 a.C. A escolha das tribos recaiu, num jovem chamado Davi.
O Livro de Samuel apresenta três tradições. A primeira David guerreiro, vitória sobre o Golias. A segunda David poeta, que canta e toca harpa e casa com Mical, a filha do rei. A terceira como uma escolha de Jahwéh. É esta terceira tradição que o nosso texto nos apresenta.
MENSAGEM - O autor mostra que a lógica de Deus é diferente da lógica dos homens. David é o eleito de Jahwéh; Deus escolhe sem ter em conta os méritos, qualidades humanas que impressionam os homens. Pelo contrário, Deus escolhe e chama, com freqüência, os pequenos, aqueles que o mundo marginaliza e considera insignificantes; e é através deles que age no mundo; os homens são apenas instrumentos, com os quais Deus realiza a sua obra.
ATUALIZAÇÃO • Ver Deus por detrás de cada gesto de amor na construção de um mundo melhor. Deus continua a construir a história da salvação e chama pessoas para colaborar.
• Deus tem critérios diferentes dos critérios humanos. O Senhor vê o coração. É preciso, respeitar a dignidade de cada um, mesmo quando não parecem pessoas importantes.

9. EVANGELHO (Jo 9,1-41) - S. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
perguntaram a Jesus: “Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele ou os seus pais?” “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso serve para que as obras de Deus se manifestem nele.... Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo”. Dito isto, Jesus cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego. E disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé” (Enviado). O cego foi, lavou-se e voltou enxergando. Perguntaram-lhe: “Onde está ele? ”Respondeu: “Não sei”. Levaram então aos fariseus. Novamente lhe perguntaram. Respondeu-lhes: “Colocou lama sobre meus olhos, fui lavar-me e agora vejo!” Disseram: “Esse homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado”. E havia divergências entre eles. Perguntaram outra vez ao cego: “E tu, que dizes daquele que te abriu os olhos?” Respondeu: “É um profeta”. ...não acreditaram que ele tinha sido cego. Chamaram os pais. Os seus pais disseram:  “é nosso filho e que nasceu cego. Como agora está enxergando, isso não sabemos. Os seus pais disseram isso, porque tinham medo das autoridades judaicas. os judeus chamaram de novo o homem que tinha sido cego. Disseram-lhe: “esse homem é um pecador”. Então ele respondeu: “Se ele é pecador, não sei. Só sei que eu era cego e agora vejo”. Perguntaram-lhe então: “Que é que ele te fez? Respondeu ele: “Eu já vos disse, e não escutastes. Por acaso quereis tornar-vos discípulos dele?” Então insultaram-no, dizendo: “Tu, sim, és discípulo dele! Nós somos discípulos de Moisés. Deus falou a Moisés, mas esse, não sabemos de onde é”. Respondeu-lhes o homem: “Espantoso! Vós não sabeis de onde ele é? No entanto, ele abriu-me os olhos! Sabemos que Deus não escuta os pecadores, mas escuta aquele que é piedoso e que faz a sua vontade. ...Se este homem não viesse de Deus, não poderia fazer nada”. Os fariseus disseram-lhe: “Tu nasceste todo em pecado e estás nos ensinando?” E expulsaram-no da comunidade. Jesus Encontrando-o, perguntou-lhe: “Acreditas no Filho do Homem?” Respondeu ele: “Quem é, Senhor, para que eu creia nele?” Jesus disse: “Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo”. Exclamou ele: “Eu creio, Senhor!” E prostrou-se. Então, Jesus disse: “Eu vim a este mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não vêem, vejam, e os que vêem se tornem cegos”. Alguns fariseus disseram: “Porventura, também nós somos cegos?” Respondeu-lhes Jesus: “Se fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como dizeis: ‘Nós vemos’, o vosso pecado permanece”.
AMBIENTE - João apresenta Jesus como o Messias, Filho de Deus, enviado pelo Pai para criar um Homem Novo.
Domingo passado usou o símbolo da água (a samaritana e o poço). Hoje usa o símbolo da luz com o cego de nascença para mostrar que ele é o enviado a ser a luz do mundo. Os “cegos” eram excluídos da sociedade e do templo.
MENSAGEM - O “cego” é um símbolo de todos que vivem na escuridão que os impedem de chegar à plenitude da vida. Jesus apresenta-se como “a luz do mundo”. Jesus nega qualquer relação entre pecado e sofrimento e mostra que a  sua missão é ser “a luz do mundo” e encher de “luz” a vida dos que vivem nas trevas. Jesus passa das palavras aos atos, cuspindo no chão, fazendo lodo com a saliva e ungindo com esse lodo os olhos do cego. O gesto de fazer lodo reproduz o gesto criador de Deus de Gn 2,7. A saliva, pensava-se, a força ou energia vital (equivale ao sopro de Deus, que deu vida a Adão – Gn 2,7). A missão de Jesus é criar um Homem Novo, animado pelo Espírito. a cura não é imediata: requer-se a cooperação do enfermo. “Vai lavar-te na piscina de Siloé” –A disponibilidade em obedecer à ordem de Jesus é um essencial na cura e sublinha a sua adesão à proposta que Jesus lhe faz. A referência ao banho na piscina do “enviado” é uma alusão à água de Jesus (o enviado do Pai), essa água que torna os homens novos, livres das trevas/escravidão. É uma catequese sobre o batismo: quem quiser sair das trevas para viver na luz, como Homem Novo, tem de aceitar a água do batismo – isto é, tem de optar por Jesus e acolher a proposta de vida que Ele oferece.
Os fariseus sabem que Jesus oferece a “luz”; mas recusam-na. Para eles, interessa continuar com o esquema das “trevas”. Eles têm conhecimento da novidade de Jesus, mas não estão dispostos a acolhê-la. Sentem-se mais confortáveis nos seus esquemas de escravidão e auto-suficiência e não estão dispostos a renunciar às “trevas”. Mais: opõem-se à “luz” que Jesus oferece e não aceitam que alguém queira sair da escravidão para a liberdade. Quando constatam que o homem curado por Jesus não está disposto a voltar atrás e a regressar aos esquemas de escravidão, expulsam-no da sinagoga.
Os pais evitam comprometer-se (medo de quem é escravo) “tinham medo de ser expulsos da sinagoga”. Preferem a segurança da ordem estabelecida – embora injusta e opressora – do que os riscos da vida livre. (preferem continuar na escravidão, não provocar os dirigentes ou a opinião pública, do que correr o risco de aceitar a proposta transformadora de Jesus).
Antes de se encontrar com Jesus, é um homem prisioneiro das “trevas”, dependente e limitado. Depois, encontra-se com Jesus e recebe a “luz” (proposta de vida nova). a transformação é progressiva. Questionado, responde: “não sei”; Depois responde: “é um profeta”); amadurecendo, o homem das certezas; argumenta com agilidade e inteligência, joga com a ironia, recusa-se a regressar à escravidão: mostra o homem adulto, maduro, livre, sem medo… É isso que a “luz” que Jesus oferece produz no homem. Finalmente: a adesão plena a Jesus. Encontrando Jesus o ex-cego é a adesão total: “creio, Senhor” e prostrou e adorou Jesus: adorar significa reconhecer Jesus como o projeto de Homem Novo que Deus apresenta aos homens para todos aderir a Ele e segui-lO.
A missão de Jesus é  a criação de um Homem Novo. Deus criou o homem para ser livre e feliz; mas o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, dominaram o coração do homem, prenderam-no num esquema de “cegueira” e frustraram o projeto de Deus. A missão de Jesus consistirá em destruir essa “cegueira”, libertar o homem e fazê-lo viver na “luz”. Trata-se de uma nova criação… Assim, da ação de Jesus irá nascer um Homem Novo, liberto do egoísmo e do pecado, vivendo na liberdade, a caminho da vida em plenitude.
ATUALIZAÇÃO - • A realização plena do homem continua a ser a prioridade de Deus. Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao encontro dos homens e mostrou-lhes a luz libertadora: convidou-os a renunciar ao egoísmo e autossuficiência que geram “trevas”, sofrimento, escravidão e a fazerem da vida um dom, por amor. Aderir a esta proposta é viver na “luz”.
• Há aqueles que se opõem à proposta de Jesus porque estão instalados na mentira e a “luz” de Jesus só os incomoda; há aqueles que têm medo de enfrentar as  críticas, que se deixam manipular pela opinião dominante, e que, por medo, preferem continuar escravos do que arriscar ser livres; há aqueles que, apesar de reconhecerem as vantagens da “luz”, deixam que o comodismo e a inércia os prendam numa vida de escravos…
• Quaresma é tempo de renovação que nos chama a deixar tudo o que nos escraviza, tudo o que impede que brilhe em nós a “luz” de Deus e que impede a nossa plena realização.
• Receber a “luz” que Cristo oferece é, também, acender a “luz” da esperança no mundo.

7. SEGUNDA LEITURA (Ef 5,8-14) - Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios.
Irmãos, outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade. Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a nada; antes, desmascarai-as. ....
AMBIENTE - anos 60. Paulo sente o fim da missão (ele está prisioneiro).
Paulo convida a assumirem a nova vida, revestindo-se de Cristo, e passando das trevas à luz.
MENSAGEM - A imagem da “luz” e das “trevas é uma imagem frequente na catequese de João e Paulo. Para Paulo, viver nas “trevas” é recusar propostas de Deus, viver prisioneiro das paixões e dos falsos valores, no egoísmo e na auto-suficiência. Ao contrário, viver na “luz” é escolher a liberdade, tornar-se “filho de Deus”.
O cristão escolhe a luz e desmascara as obras das “trevas”, de forma aberta e decidida.

ATUALIZAÇÃO • O cristão é aquele que optou por “viver na luz” e dá testemunho da “luz”.

  
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

  
MOMENTO DE LOUVOR (QUANDO O PÃO SAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
è O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS...   DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO DEUS...
à COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade.
è Nós Vos louvamos, ó Pai, porque nos julgais não segundo as aparências, mas olhais o coração.
Nós vos bendizemos pelo Espírito Santo que nos dais e que fazeis de nós um povo profético, real e sacerdotal.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade.
Vós que soubestes escolher vosso servo Davi, não olhando as aparências, mas o coração, nós vos pedimos pelos pais, pelos educadores E pelas autoridades na nossa sociedade.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade.
è Nós vos damos graças, Ó Pai, por nos enviar o Cristo, Luz do mundo. Nós vos pedimos: arrancai-nos das trevas do egoísmo, da injustiça e do ódio. Faça-nos viver como filhos da justiça, da verdade e do amor.   
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade.
è Nós vos bendizemos pela nova criação realizada pelo vosso Filho. Curai nossos olhos fechados ao amor ao irmão e ao vosso louvor.
T: Louvor e glória a vós, ó Pai de bondade.

è: PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO DE DEUS...

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